uma análise do discurso midiático sobre as representações de gênero: a consagração da...

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O discurso midiático nas relações de poder: um telejornalismo carismático, comunicador do senso comum nas representações sociais de gênero, legitimante do patriarcado. Nas relações de gênero, principalmente no imaginário religioso, só há duas formas de representação, ou masculino ou feminino, revelando-se elemento fundamental nas sociedades para a construção e manutenção das representações: “a crença no mundo sobrenatural, o controle da sexualidade, os arquétipos religiosos ditando normas de pureza e mansidão sempre normatizaram o comportamento social, com maior ênfase no sexo feminino.” (ALMEIDA, 1994, p.59). Identificando os interdiscursos de gênero, religião no que se transmite como informação , “podemos melhor compreender o jornalismo como prática que negocia cotidianamente com os demais atores sociais, inclusive na tentativa de fazer prevalecer pontos de vista.” (CARVALHO, 2010, p. 352 apud SILVEIRINHA, 2005). O apresentador do programa em análise frequentemente buscou sua legitimação em símbolos cristãos, expressões como “sangue de Jesus tem poder”, “deus me deu um dom”. Ele se caracteriza como um herói que pode se utilizar da violência, em defesa de seu povo: "eu tô aqui pra defender o povo da Paraíba - se não trabalhar certo... o cacete vai comer!", caracterizando o carisma de sua autoridade pessoal. Este carisma é carregado de afetividade, além do autoritarismo, estabelecendo seu domínio do discurso. No aspecto religioso isso pode se dar através da ideia de salvação por um representante do sagrado, de um líder carismático, segundo a tipologia weberiana de dominação: “obedece-se às regras e não à pessoa, ou então baseia-se o poder de mando em autoridade pessoal. Esta pode encontrar seu fundamento na tradição sagrada, isto é, no habitual, no que tem sido assim desde sempre, tradição que prescreve obediência diante de determinadas pessoas, ou, ao contrário, pode basear-se na entrega ao extraordinário; na crença no carisma, isto é, na revelação atual ou na graça concedida a determinada pessoa - em redentores, profetas e heroísmo de qualquer espécie.” (WEBER, 1991, p. 198). Em um estudo de caso emblemático (Família pede..., 2012), notou-se que o apresentador carismático interpõe em suas falas apelos à “toda a sociedade paraibana” se compadecer da dor de uma mulher, baleada pelo marido na cabeça, em uma “brincadeira”. A mulher sobreviveu, o marido foi preso, mas ela chorou copiosamente – imagem utilizada pelo apresentador como possível forma de pressionar por uma solidariedade das autoridades, e uma mobilização emotiva pelo público. O marido é apresentado também chorando ao ser preso, nas palavras do apresentador, ele apenas fez uma “brincadeira”. Reforça em seu discurso que a mulher foi quem pegou a arma, inclusive. Uma senhora atesta a idoneidade do marido e também pede sua liberdade: é a dona da casa em que morava o casal. O fundo musical nos momentos conclusivos da reportagem, expressa o interesse estratégico dos atores, sujeitos ou interlocutores do discurso analisado: “abençoa, senhor, as famílias, amém. Abençoa, senhor, a minha também.” Os agentes sociais prezam a família, o patriarcado matrimonial. O marido, mesmo um homem que cometa um ato violento, é quem traz o sustento da casa, é ele quem deve ter primazia, moralmente. De forma pragmática, a fim de resolver a situação- problema imediatamente, o apresentador induz para que se reflita muito mais sobre uma potencial culpabilidade da mulher(ela afirmou ter pegado a arma), a fim de que a continuidade da família seja assegurada. Ao dar maior relevância à falta afetiva da mulher pelo marido preso, apresentador e entrevistados amenizam o fato, e dentro do possível, mascaram uma violência ocorrida. Observamos que o discurso midiático é permeado por interdiscursos religiosos que legitimam as regularidades da violência de gênero nesta dinâmica social, utilizando-se do poder simbólico ancorado no imaginário da representação de família cristã; que, por meio do carisma e da afetividade, conferem significado e plausibilidade à violência contra a mulher – que “naturalmente” pode “morrer de amor”. O discurso midiático coaduna as relações de poder entre os sexos em seu interdiscurso simbólico-religioso, transfiguradas por uma alquimia ideológica que justifica a “natureza das coisas” (BOURDIEU, 2011). O Mapa da Violência 2012, (WIESELFISZ, 2011, p. 7), listou o estado da Paraíba no quarto lugar em uma classificação por unidade federativa: a média nacional é 4,4 homicídios em 100 mil mulheres, a Paraíba registrou 6,0, no ano 2010. Uma análise do discurso midiático sobre as representações de gênero: a consagração da família patriarcal e da violência contra a mulher na sociedade paraibana. Silvia Andrade da Silveira (Ciências das Religiões) Prof. Dra. Fernanda Lemos (Departamento de Ciências das Religiões – Centro de Educação – Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões ) Introdução. Segundo o entendimento socioantropológico (BERGER, 1985; BOURDIEU, 2001), as religiões são estruturadas por sistemas simbólicos capazes de prover sentidos e disposições às relações em sociedade, estruturantes na medida em que, durante sua socialização, os indivíduos agentes em uma dialética social objetivam e internalizam suas ações por meio de um capital cultural de bens religiosos, materiais e simbólicos. O campo religioso constitui um universo simbólico, logo, um veículo de poder capaz de construir e manter a realidade social. O poder estruturado e estruturante do símbolo age como instrumento de dominação, integra socialmente por meio da comunicação e do conhecimento, e ainda mantém a reprodução da ordem social. “A religião representa o ponto nevrálgico para onde convergem as relações de poder estabelecidas no nível simbólico e imaginário, por aglutinar a essencialidade da existência humana.” (ALMEIDA, 1994, p.59). Busca-se aqui, por meio da análise de discurso de programa popular veiculado pela TV paraibana, apresentar as representações sociais de gênero reproduzidas por este veículo de transmissão cultural. Entre imagens e opiniões que revelam as históricas relações de poder entre os sexos, recortamos do discurso midiático amostras em que se conferem a normalização e plausibilidade à violência simbólico- religiosa de gênero e, mais especificamente, à violência contra a mulher na sociedade paraibana. Referências ALMEIDA, Jane Soares de. Mulheres, educação e religião: as interfaces do poder numa perspectiva histórica. Mandrágora / Núcleo de Estudos Teológicos da Mulher na América Latina (UMESP), v.1, n.1, p. 52-63, 1994. BERGER, Peter. O dossel sagrado. São Paulo: Paulus, 1985. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Tradução Fernanda Tomaz. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. __________. Estrutura, Habitus e Prática. In: MICELI, Sergio (org.). A economia das trocas simbólicas. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011. p. 337-361. CARVALHO, Carlos Alberto de. Premissas para o tratamento teórico-metodológico do acontecimento apanhado pela trama noticiosa. In: BRAGA, José Luiz; LOPES, Maria Immacolata Vassalo de; MARTINO, Luiz Claudio (orgs.). Pesquisa empírica em comunicação. São Paulo: Paulus, 2010, p. 341-359. Família pede liberdade do homem preso por atirar acidentalmente na mulher. Correio Verdade: João Pessoa, 24 setembro, 2012. Programa de TV. LEMOS, Fernanda. Discurso religioso e violência de gênero – uma análise da linguagem episcopal no periódico Conexão. Mandrágora / Núcleo de Estudos Teológicos da Mulher na América Latina (UMESP), v.1, n.7/8, p. 109-115, 2001/2002. MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. 2ª.edição. São Paulo: Edições Loyola, 2005. JODELET, Denise. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (Org). As representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. RESENDE, Viviane de Melo; RAMALHO, Viviane C. Vieira Sebba. Análise de discurso crítica, do modelo tridimensional à articulação entre práticas: implicações teórico-metodológicas. Linguagem em (Dis)curso - LemD, Tubarão, v. 5, n.1, pp. 185 - 207, jul./dez. 2004. WIESELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012: Os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, 2011. WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Trad. Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. Figura 1, Figura 2 e Figura 3. Mafalda. Autor: Quino. Fonte: http://tirasdemafalda.tumblr.com/. Aceso: 21 Nov. 2013. Figura 4. Calvin e Hobbes. Autor: Bill Waterson. Fonte: http://sofista.zip.net/arch2005-10-02_2005-10-08.html. Acesso: 21. Nov. 2013. Agradecimentos A tod@s @s agentes envolvid@s, aos pais e amig@s, que contribuíram direta ou indiretamente com esta pesquisa. Metodologia. Já se observou que “o discurso religioso se torna mantenedor e legitimador das diferenças nas relações sociais de sexo, construídas no decorrer do processo histórico.” (LEMOS, 2001, p. 114). Nosso estudo analisa o discurso midiático jornalístico da TV regional, atividade supostamente imparcial, comumente entendida fora do complexo campo religioso. Entre Setembro e Outubro de 2012, trinta horas foram analisadas do programa Correio Verdade, transmitido pelo grupo midiático Record, rede aberta de televisão, adquirida em 1989 por Edir Macedo, bispo na Igreja Universal do Reino de Deus, transformada em “rede nacional em expansão, cujas programação e administração foram reestruturadas com os recursos da igreja” (MARIANO, 2005, p.67). Aqui, representações sociais simbólico-religiosas de gênero apresentadas além do ambiente institucional de igreja, refletem o cotidiano do senso comum, que é também uma: “forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social [...] tida como um objeto de estudo tão legítimo quanto este, devido a sua importância na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das interações sociais.” (JODELET, 2001, p.22). O modelo teórico-metodológico, utilizado foi a análise crítica do discurso, a fim de “mapear a conexão entre relações de poder e recursos linguísticos selecionados por pessoas ou grupos sociais.” (RAMALHO; RESENDE, 2004, p. 185-186). Figura 3. As significações criadas culturalmente para as relações sociais. Figura 4. Calvin e o deus-TV: rapidez da informação, sem coerência. Figura. 1. Indicação de um habitus matrimonial Figura 2. As soluções instantâneas pragmáticas Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões Centro de Educação – CE

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Painel apresentado no XXI Encontro de Iniciação Científica - Universidade Federal da Paraíba - 2013

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Page 1: Uma análise do discurso midiático sobre as representações de gênero: a consagração da família patriarcal e da violência contra a mulher na sociedade paraibana

O discurso midiático nas relações de poder: um telejornalismo carismático, comunicador do senso comum nas representações sociais de gênero, legitimante do patriarcado.

Nas relações de gênero, principalmente no imaginário religioso, só há duas formas de representação, ou masculino ou feminino, revelando-se elemento fundamental nas sociedades para a construção e manutenção

das representações: “a crença no mundo sobrenatural, o controle da sexualidade, os arquétipos religiosos ditando normas de pureza e mansidão sempre normatizaram o comportamento social, com maior ênfase no

sexo feminino.” (ALMEIDA, 1994, p.59). Identificando os interdiscursos de gênero, religião no que se transmite como informação , “podemos melhor compreender o jornalismo como prática que negocia

cotidianamente com os demais atores sociais, inclusive na tentativa de fazer prevalecer pontos de vista.” (CARVALHO, 2010, p. 352 apud SILVEIRINHA, 2005).

O apresentador do programa em análise frequentemente buscou sua legitimação em símbolos cristãos, expressões como “sangue de Jesus tem poder”, “deus me deu um dom”. Ele se caracteriza como um herói que

pode se utilizar da violência, em defesa de seu povo: "eu tô aqui pra defender o povo da Paraíba - se não trabalhar certo... o cacete vai comer!", caracterizando o carisma de sua autoridade pessoal. Este carisma é

carregado de afetividade, além do autoritarismo, estabelecendo seu domínio do discurso. No aspecto religioso isso pode se dar através da ideia de salvação por um representante do sagrado, de um líder carismático,

segundo a tipologia weberiana de dominação: “obedece-se às regras e não à pessoa, ou então baseia-se o poder de mando em autoridade pessoal. Esta pode encontrar seu fundamento na tradição sagrada, isto é, no

habitual, no que tem sido assim desde sempre, tradição que prescreve obediência diante de determinadas pessoas, ou, ao contrário, pode basear-se na entrega ao extraordinário; na crença no carisma, isto é, na

revelação atual ou na graça concedida a determinada pessoa - em redentores, profetas e heroísmo de qualquer espécie.” (WEBER, 1991, p. 198).

Em um estudo de caso emblemático (Família pede..., 2012), notou-se que o apresentador carismático interpõe em suas falas apelos à “toda a sociedade paraibana” se compadecer da dor de uma mulher, baleada pelo

marido na cabeça, em uma “brincadeira”. A mulher sobreviveu, o marido foi preso, mas ela chorou copiosamente – imagem utilizada pelo apresentador como possível forma de pressionar por uma solidariedade das

autoridades, e uma mobilização emotiva pelo público. O marido é apresentado também chorando ao ser preso, nas palavras do apresentador, ele apenas fez uma “brincadeira”. Reforça em seu discurso que a mulher

foi quem pegou a arma, inclusive. Uma senhora atesta a idoneidade do marido e também pede sua liberdade: é a dona da casa em que morava o casal. O fundo musical nos momentos conclusivos da reportagem,

expressa o interesse estratégico dos atores, sujeitos ou interlocutores do discurso analisado: “abençoa, senhor, as famílias, amém. Abençoa, senhor, a minha também.” Os agentes sociais prezam a família, o

patriarcado matrimonial. O marido, mesmo um homem que cometa um ato violento, é quem traz o sustento da casa, é ele quem deve ter primazia, moralmente. De forma pragmática, a fim de resolver a situação-

problema imediatamente, o apresentador induz para que se reflita muito mais sobre uma potencial culpabilidade da mulher(ela afirmou ter pegado a arma), a fim de que a continuidade da família seja assegurada. Ao

dar maior relevância à falta afetiva da mulher pelo marido preso, apresentador e entrevistados amenizam o fato, e dentro do possível, mascaram uma violência ocorrida.

Observamos que o discurso midiático é permeado por interdiscursos religiosos que legitimam as regularidades da violência de gênero nesta dinâmica social, utilizando-se do poder simbólico ancorado no imaginário da

representação de família cristã; que, por meio do carisma e da afetividade, conferem significado e plausibilidade à violência contra a mulher – que “naturalmente” pode “morrer de amor”. O discurso midiático coaduna

as relações de poder entre os sexos em seu interdiscurso simbólico-religioso, transfiguradas por uma alquimia ideológica que justifica a “natureza das coisas” (BOURDIEU, 2011). O Mapa da Violência 2012,

(WIESELFISZ, 2011, p. 7), listou o estado da Paraíba no quarto lugar em uma classificação por unidade federativa: a média nacional é 4,4 homicídios em 100 mil mulheres, a Paraíba registrou 6,0, no ano 2010.

Uma análise do discurso midiático sobre as representações de gênero: a consagração da família patriarcal e da violência contra a mulher na sociedade paraibana. Silvia Andrade da Silveira (Ciências das Religiões)

Prof. Dra. Fernanda Lemos (Departamento de Ciências das Religiões – Centro de Educação – Programa de Pós Graduação em Ciências das Religiões )

Introdução.

Segundo o entendimento socioantropológico (BERGER, 1985; BOURDIEU, 2001), as religiões são

estruturadas por sistemas simbólicos capazes de prover sentidos e disposições às relações em

sociedade, estruturantes na medida em que, durante sua socialização, os indivíduos agentes em uma

dialética social objetivam e internalizam suas ações por meio de um capital cultural de bens religiosos,

materiais e simbólicos.

O campo religioso constitui um universo simbólico, logo, um veículo de poder capaz de construir e

manter a realidade social. O poder estruturado e estruturante do símbolo age como instrumento de

dominação, integra socialmente por meio da comunicação e do conhecimento, e ainda mantém a

reprodução da ordem social. “A religião representa o ponto nevrálgico para onde convergem as relações

de poder estabelecidas no nível simbólico e imaginário, por aglutinar a essencialidade da existência

humana.” (ALMEIDA, 1994, p.59).

Busca-se aqui, por meio da análise de discurso de programa popular veiculado pela TV paraibana,

apresentar as representações sociais de gênero reproduzidas por este veículo de transmissão cultural.

Entre imagens e opiniões que revelam as históricas relações de poder entre os sexos, recortamos do

discurso midiático amostras em que se conferem a normalização e plausibilidade à violência simbólico-

religiosa de gênero e, mais especificamente, à violência contra a mulher na sociedade paraibana.

Referências ALMEIDA, Jane Soares de. Mulheres, educação e religião: as interfaces do poder numa perspectiva histórica. Mandrágora / Núcleo de Estudos Teológicos da Mulher na América Latina (UMESP), v.1, n.1, p. 52-63, 1994. BERGER, Peter. O dossel sagrado. São Paulo: Paulus, 1985. BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Tradução Fernanda Tomaz. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. __________. Estrutura, Habitus e Prática. In: MICELI, Sergio (org.). A economia das trocas simbólicas. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011. p. 337-361. CARVALHO, Carlos Alberto de. Premissas para o tratamento teórico-metodológico do acontecimento apanhado pela trama noticiosa. In: BRAGA, José Luiz; LOPES, Maria Immacolata Vassalo de; MARTINO, Luiz Claudio (orgs.). Pesquisa empírica em comunicação. São Paulo: Paulus, 2010, p. 341-359. Família pede liberdade do homem preso por atirar acidentalmente na mulher. Correio Verdade: João Pessoa, 24 setembro, 2012. Programa de TV. LEMOS, Fernanda. Discurso religioso e violência de gênero – uma análise da linguagem episcopal no periódico Conexão. Mandrágora / Núcleo de Estudos Teológicos da Mulher na América Latina (UMESP), v.1, n.7/8, p. 109-115, 2001/2002. MARIANO, Ricardo. Neopentecostais: Sociologia do novo pentecostalismo no Brasil. 2ª.edição. São Paulo: Edições Loyola, 2005. JODELET, Denise. Representações sociais: um domínio em expansão. In: JODELET, D. (Org). As representações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2001. RESENDE, Viviane de Melo; RAMALHO, Viviane C. Vieira Sebba. Análise de discurso crítica, do modelo tridimensional à articulação entre práticas: implicações teórico-metodológicas. Linguagem em (Dis)curso - LemD, Tubarão, v. 5, n.1, pp. 185 - 207, jul./dez. 2004. WIESELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violência 2012: Os novos padrões da violência homicida no Brasil. São Paulo: Instituto Sangari, 2011. WEBER, Max. Economia e sociedade: fundamentos da sociologia compreensiva. Trad. Regis Barbosa e Karen Elsabe Barbosa. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1999. Figura 1, Figura 2 e Figura 3. Mafalda. Autor: Quino. Fonte: http://tirasdemafalda.tumblr.com/. Aceso: 21 Nov. 2013. Figura 4. Calvin e Hobbes. Autor: Bill Waterson. Fonte: http://sofista.zip.net/arch2005-10-02_2005-10-08.html. Acesso: 21. Nov. 2013.

Agradecimentos

A tod@s @s agentes envolvid@s, aos pais e amig@s, que contribuíram direta ou indiretamente com esta pesquisa.

Metodologia.

Já se observou que “o discurso religioso se torna mantenedor e legitimador das diferenças nas relações

sociais de sexo, construídas no decorrer do processo histórico.” (LEMOS, 2001, p. 114). Nosso estudo

analisa o discurso midiático jornalístico da TV regional, atividade supostamente imparcial, comumente

entendida fora do complexo campo religioso. Entre Setembro e Outubro de 2012, trinta horas foram

analisadas do programa Correio Verdade, transmitido pelo grupo midiático Record, rede aberta de

televisão, adquirida em 1989 por Edir Macedo, bispo na Igreja Universal do Reino de Deus,

transformada em “rede nacional em expansão, cujas programação e administração foram

reestruturadas com os recursos da igreja” (MARIANO, 2005, p.67). Aqui, representações sociais

simbólico-religiosas de gênero apresentadas além do ambiente institucional de igreja, refletem o

cotidiano do senso comum, que é também uma: “forma de conhecimento, socialmente elaborada e

partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um

conjunto social [...] tida como um objeto de estudo tão legítimo quanto este, devido a sua importância

na vida social e à elucidação possibilitadora dos processos cognitivos e das interações sociais.”

(JODELET, 2001, p.22). O modelo teórico-metodológico, utilizado foi a análise crítica do discurso, a fim

de “mapear a conexão entre relações de poder e recursos linguísticos selecionados por pessoas ou

grupos sociais.” (RAMALHO; RESENDE, 2004, p. 185-186).

Figura 3. As significações criadas culturalmente para as relações sociais. Figura 4. Calvin e o deus-TV: rapidez da informação, sem coerência. Figura. 1. Indicação de um habitus matrimonial Figura 2. As soluções instantâneas pragmáticas

Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões

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