um sistema de motor elÉtrico sem mancal mecÂnico 1

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UM SISTEMA DE MOTOR ELÉTRICO SEM MANCAL MECÂNICO A.Ortiz Salazar Depto. Eng. Elétrica Campus Universitário UFRN - Natal 59072-970 - RN Brasil R.M.Stephan Depto. Eng. Elétrica COPPElEElUFRJ Caixa Postal 68504 21945-970 -RJ Brasil W.Dunford Dept. of Elect. Engineering 23565 Main Mall University of British Columbia Vancouver, B.C. Canada V6T IW5 Desta forma, o sistema da figura 1 resulta como mostra a figura 2, reduzindo-se com isso o tamanho do sistema, devido à diminuição do número de acoplamentos e partes constituintes. Além disso, o sistema proposto apresenta as mesmas vantagens dos mancais magnéticos convencionais. O primeiro problema que surge ao sobrepor os efeitos de rotação e levitação é o aparecimento de efeito de frenagem oriundo das correntes necessárias para o posicionamento (Salazar et alii, 1990). Uma forma de minimizar este efeito consiste em trabalhar com o eixo do motor verticalmente, atenuando com isto o problema do peso, que é a maior força externa fixa. Não obstante, o sistema pode trabalhar em forma horizontal usando imãs permanentes para compensar o peso, ver figura 3. Os sistemas convencionais que usam mancais magnéticos em máquinas rotativas constituem-se basicamente por quatro partes, tal como é mostrado na figura 1 (Société de Mecanique Magnétique,1988). Comparativamente a estes mancais magnéticos, a novidade do projeto aqui proposto está na utilização dos próprios enrolamentos do estator do motor para produzir forças de posicionamento sobre o rotor (Salazar et alii, 1990, 1991), eliminando assim a necessidade de enrolamentos adicionais para mancaI magnético, como é usual neste tipo de solução (Studer, 1987; Isely, 1986; Chiba et alii, 1990). RESUMO - São apresentados fundamentos teóricos e resultados experimentais de uma proposta inovadora de máquina elétrica sem mancais mecânicos. Dois tipos de máquinas foram testadas: indução e relutância. O estator do motor é alimentado de modo a produzir os efeitos de rotação e posicionamento do rotor através da superposição de correntes convenientemente geradas em cinco inversores eletrônicos. Sensores de efeito Hall informam o afastamento do eixo do motor da sua posição central para processamento e atuação do sistema de controle. A proposta apresenta as mesmas características dos mancais magnéticos convencionais COIl). a vantagem adicional de menor espaço ocupado. ABSTRACT - This paper presents a theoretical analysis and experimental results of a new proposal for bearingless electrical machines. Two types of machines are tested: induction and reluctance. The main contribution of this work lies in the use of the same electromagnetic system to obtain forces for rotation and positioning through the superposition of currents generated by five electronic inverters that feed the stator windings. The rotor displacement is given by Hall effect sensors. This proposal has the same advantages of commercially available magnetic bearings and additionally calls for less space. 1. INTRODUÇÃO Os mancais magnéticos, devido às suas características de atrito mecânico nulo, ausência de lubrificação e sustentação em alta velocidade de rotação, encontram aplicação nas indústrias leve e pesada sempre que o emprego de mancais mecânicos convencionais torne-se inaceitável. A utilização desta tecnologia vem sendo pesquisada mais de 50 anos por diferentes grupos de pesquisadores (Haberman, 1979). mancall de posição radial máquina elétrica mancaI 2 de posição radial mancaI 3 de posição axial Artigo submetido em 02110/95 l' revisão 08/03/96 2' revisão 15/04/96 Artigo aceito sob recomendação do Ed.Cons. Prof.Dr. Edson H. Watanabe Figura-l Sistema convencional que usa mancais magnéticos. SBA Controle & Automação / Vol. 3/ Set., Dut., Nov. e Dezembro 1996 105

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Page 1: UM SISTEMA DE MOTOR ELÉTRICO SEM MANCAL MECÂNICO 1

UM SISTEMA DE MOTOR ELÉTRICO SEM MANCAL MECÂNICO

A.Ortiz Salazar

Depto. Eng. ElétricaCampus Universitário

UFRN - Natal59072-970 - RN

Brasil

R.M.Stephan

Depto. Eng. ElétricaCOPPElEElUFRJ

Caixa Postal 6850421945-970 -RJ

Brasil

W.Dunford

Dept. of Elect. Engineering23565 Main Mall

University of British ColumbiaVancouver, B.C.

Canada V6T IW5

Desta forma, o sistema da figura 1 resulta como mostra afigura 2, reduzindo-se com isso o tamanho do sistema, devidoà diminuição do número de acoplamentos e partesconstituintes. Além disso, o sistema proposto apresenta asmesmas vantagens dos mancais magnéticos convencionais.

O primeiro problema que surge ao sobrepor os efeitos derotação e levitação é o aparecimento de efeito de frenagemoriundo das correntes necessárias para o posicionamento(Salazar et alii, 1990). Uma forma de minimizar este efeitoconsiste em trabalhar com o eixo do motor verticalmente,atenuando com isto o problema do peso, que é a maior forçaexterna fixa. Não obstante, o sistema pode trabalhar em formahorizontal usando imãs permanentes para compensar o peso,ver figura 3.

Os sistemas convencionais que usam mancais magnéticos emmáquinas rotativas constituem-se basicamente por quatropartes, tal como é mostrado na figura 1 (Société de MecaniqueMagnétique,1988). Comparativamente a estes mancaismagnéticos, a novidade do projeto aqui proposto está nautilização dos próprios enrolamentos do estator do motor paraproduzir forças de posicionamento sobre o rotor (Salazar etalii, 1990, 1991), eliminando assim a necessidade deenrolamentos adicionais para mancaI magnético, como é usualneste tipo de solução (Studer, 1987; Isely, 1986; Chiba et alii,1990).

RESUMO - São apresentados fundamentos teóricos eresultados experimentais de uma proposta inovadora demáquina elétrica sem mancais mecânicos. Dois tipos demáquinas foram testadas: indução e relutância. O estator domotor é alimentado de modo a produzir os efeitos de rotaçãoe posicionamento do rotor através da superposição decorrentes convenientemente geradas em cinco inversoreseletrônicos. Sensores de efeito Hall informam o afastamentodo eixo do motor da sua posição central paraprocessamento e atuação do sistema de controle. A propostaapresenta as mesmas características dos mancais magnéticosconvencionais COIl). a vantagem adicional de menor espaçoocupado.

ABSTRACT - This paper presents a theoretical analysis andexperimental results of a new proposal for bearinglesselectrical machines. Two types of machines are tested:induction and reluctance. The main contribution of thiswork lies in the use of the same electromagnetic system toobtain forces for rotation and positioning through thesuperposition of currents generated by five electronic invertersthat feed the stator windings. The rotor displacement is givenby Hall effect sensors. This proposal has the sameadvantages of commercially available magnetic bearings andadditionally calls for less space.

1. INTRODUÇÃO

Os mancais magnéticos, devido às suas características de atritomecânico nulo, ausência de lubrificação e sustentação em altavelocidade de rotação, encontram aplicação nas indústrias levee pesada sempre que o emprego de mancais mecânicosconvencionais torne-se inaceitável. A utilização destatecnologia vem sendo pesquisada há mais de 50 anos pordiferentes grupos de pesquisadores (Haberman, 1979).

mancallde posição

radial

máquinaelétrica

mancaI 2de posição

radial

mancaI 3de posição

axial

Artigo submetido em 02110/95

l' revisão 08/03/96 2' revisão 15/04/96

Artigo aceito sob recomendação do Ed.Cons. Prof.Dr. Edson H. Watanabe

Figura-l Sistema convencional que usa mancaismagnéticos.

SBA Controle & Automação / Vol. mº 3/ Set., Dut., Nov. e Dezembro 1996 105

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mancaie motorradial I

mancaie motorradial 2

mancai 3de posição

axial

MáquinaSem Mancai

Figura-2 Sistema proposto com mancaismagnéticos com a função de levitaçãoe rotação.

Mancai Mecânico

Auxiliar

Figura-4 Sistema em estudo.

IjlflJiI :imã permanente auxiliar

mancaie motorradial I

mancaie motorradial 2

mancai 3de posição

axialanteriormente, e o outro mecânico, conforme sugerido nafigura 4. Este mancai mecânico na parte inferior do eixo,conhecido como "mancaI de escora", permite 3 graus deliberdade, só impossibilitando o movimento nas direções x, y,z. Desta forma fica representado o mancal radial da posiçãoinferior e o mancaI axial. Assim é possível analisarexperimentalmente os principais aspetos da proposta deposicionamento e giro simultâneo de uma forma simplificadano extremo superior do eixo.

Figura-3 Sistema com imãs permanentes paracompensar forças externas fixas.

Neste trabalho, será usado um protótipo experimental de eixovertical, onde se utiliza um motor de indução ou de relutânciacomo mancaI magnético, com as características mencionadas

Bobina Ai

A estrutura do estator, tanto para o motor de indução comopara o motor de relutância, é mostrada na figura 5. O rotarpara o motor de indução é cilíndrico, tipo gaiola de esquilo, epara o motor de relutância a estrutura é de pala saliente comomostra a figura 6. Alguns resultados obtidos com o motor deindução já foram apresentados em outros artigos técnicos dosautores (Salazar e Stephan, 1993; Salazar, Stephan e Dunford,1993). Uma vantagem do matar de relutância sobre o motor de

FASE A

BobinaA2

FASE B

Figura-5 Estrutura do estator.

Ob.5: Para não sobrecarregar a figura. o retomo das bobinas não está indicado. Esteretomo ocorre sempre na ranhura adjacellte à ranhura onde inicia a bobina..

106 SBA Controle & Automação / Vol. 711° 3/ Set., Out., Nov. e Dezembro 1996

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indução, para esta aplicação, encontra-se no fato depraticamente não existir força de frenagem oriunda decorrentes induzidas no rotor.

ou menos o rotor. Colocando-se um par de bobinasdiametralmente opostas, será possível controlar a posição dorotor, ao longo de um eixo.

A máquina utilizada tem duas fases e quatro pólos. As fases"A" e "B" são alimentadas tal como numa máquina derelutância bifásica de quatro pólos convencional, i.e. comsinais senoidais defasados de 90° de uma fase para outra. Daenergia entregue ao sistema, parte será utilizada para girar orotor, como acontece nas máquinas convencionais. Uma outraparte será utilizada para manter o eixo do rotor centrado.

A fase "A", composta por quatro bobinas independentesconforme indicado na figura 5, será utilizada para o controledo posicionamento radial do rotor. A amplitude da corrente decada bobina desta fase será modulada em amplitude, sendo osinal modulador a posição relativa do eixo do rotor em relaçãoao estator. As quatro bobinas da fase "B" estão em série e estafase contribui apenas para a geração do torque de rotaçãojuntamente com as correntes da fase "A".

De acordo com o comportamento sincronizado da máquina derelutância, pode-se afirmar e comprovar experimentalmenteque a variação do entreferro, do campo magnético e daindutância de uma bobina AI (figura 7(a)) são representadaspela figura 8. Como se observa nesta figura, a saliência dorotor passa pela bobina AI quando a densidade de campo temsua máxima amplitude, assim o mesmo acontece com as outrassaliências do rotor. Modulando-se a amplitude deste campoatravés da injeção de maior ou menor corrente nas bobinas dafase A, neste instante, pode-se gerar forças que atraiam mais

Figura-6 Estrutura do rotor do motor derelutância

A máquina de relutância apresenta a desvantagem que asuperfície do rotor não é uniforme por causa das saliências.Por outro lado, na ausência de torque de carga, os pólos docampo magnético no entreferro estão sincronisados com estassaliências. Isto pode ser representado pela figura 7 onde omotor é mostrado em forma estendida. A figura 7(a) mostra osenrolamentos da fase "A", a figura 7(b) a posição dassaliências do rotor no entreferro. A figura 7(c) mostra adensidade de campo para um determinado instante de tempo.Quando os picos da densidade de campo magnético iniciam odeslocamento pelo entreferro, devido aos sinais alternados decorrente, as saliências do rotor tendem a acompanhá-los.

DE FUNCIONAMENTOCOM MÁQUINA DE

2. PRINCípIODO SISTEMARELUTÂNCIA

e

e

Bobina AIBobinaA3

(c) Densidade e campo B.

Figura-7 Variação do entreferro e densidade de campo magnético

ao longo do entreferro do rotor

SBA Controle & Automação 1Vol. 7112 31 Selo, Out., Nov. e Dezembro 1996 107

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~rrl-_o_---1t--_--/__-t__-+__-1-__--I-__--I-__-+- -'"~ I c)~, (.) ~t,

~ wt

JI-----+---+--+----+--+--I--+--+-----I-----I---~)(c) w t

Figura-8 Variações para a situação sem carga:(a) entreferro,

(b) densidade de campo,(c) indutância da bobina A1.

3. PRINCípIODO SISTEMAINDUÇÃO

DE FUNCIONAMENTOCOM MÁQUINA DE

a) O material ferromagnético não trabalha na região desaturação.

b) O rotor tem pequenos desvios em relação ao centro doestator (10% de Imm).

c) A máquina não está carregada (i.e. as correntes do rotorsão aproximadamente zero).

Figura-9 Representação das bobinas da fase "A" no plano x-y,na presença de uma força externa.

d) Os eixos das bobinas estão defasados de 90° elétricos, comisto, as equações em cada um deles serão independentes,porém similares.

(1)[

FX ] [àWm/àX]Fy == - àW/1/ / à.li

As forças radiais Fx e Fy que atuam sobre o rotor nas direçõesx- and y-, respectivamente, podem ser determinadasconsiderando a energia magnética armazenada no sistema,equação (1):

i = (iAHLu+iA3+ iA4)

Para a determinação da expressão das forças radiais, asseguintes hipóteses são inicialmente consideradas:

As correntes injetadas produzem um campo girante àvelocidade síncrona com amplitude variável, que depende dapresença de forças que desloquem o rotor do centro. A figura 9ilustra as quatro bobinas que formam a fase "A" na situaçãoem que existe uma força externa sobre o rotor na direção y.Para compensar esta força, são moduladas as amplitudes dascorrentes que alimentam as bobinas associadas ao eixo y("AI" e "A3"). A amplitude da corrente da bobina "AI" éaumentada e a amplitude da corrente da bobina oposta "A3" éigualmente diminuída.

4. FORÇAS PRODUZIDAS SOBRE OROTOR

A fase "B" não produz força sobre o rotor tendo em vista que acorrente que circula por este enrolamento tem amplitudeconstante e o deslocamento do rotor em relação ao centro édesprezível.

Caso similar pode ser feito se for necessário gerar uma forçana direção do eixo x.

Com a máquina de indução não é necessário o sincronismo dasinal do inversor com a posição do rotor, uma vez que esteapresenta uniformidade em relação à posição angular. Nesteaspecto reside a principal diferença no sistema de controlepara os dois tipos de máquina.

o estator do motor de indução é idêntico ao do motor derelutância. De modo semelhante ao caso anterior, para seatingir o controle de posicionamento e rotação no motor deindução, as amplitudes dos sinais senoidais de corrente dasquatro bobinas da fase "A" são moduladas em função daposição do rotor em relação ao estator. As bobinas da fase "B"são alimentadas por uma mesma corrente cossenoidal deamplitude constante.

108 SBA Controle & Automação / Vol. 7nº 3/ Set., Out., Nov. e Dezembro 1996

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Se a máquina não esta saturada, a expressão da energia é dadapor:

(2)

o vetor corrente r inclui tanto as correntes de fase "A" quanto

as da fase "B". A matriz de indutâncias L só considera ostermos da diagonal principal, dado que os outros termos damatriz ou não dependem da posição radial ou sua dependênciaé secundária quando se tem o mtor centrado ou com poucodeslocamento.

Desta forma, a expressão da força de uma bobina da fase A,que está sobre o eixo x, será função do quadrado da correnteque passa por ela e da derivada da indutância com relação àposição:

(3)

Tabela 2 Forças Radiais

MÁQUINA FORÇA DE CADA BOBINA(F)

Indução

~ I~" (1- 2cos20lt{;-&_x2)]

Relutância

.'cI~.. (1- 2cos2<ot - cos4wt{ L, 2]8 (g - x)

A equação(4) representa a força sobre o rotor devido a umabobina do estator. O sistema proposto tem quatro bobinas quecontrolam a posição do rotor. Duas sobre o eixo-x e outrasduas sobre o eixo-y. As variações das forças sobre os dois eixossão independentes porém similares. Considerando FI e F3comoas forças das duas bobinas sobre eixo-x:

Tabela 1. Indutância própria de cada bobina dePOSIcIonamento.

TIPO DE MÁQUINA INDUCTÂNCIA(L)

Indução LO + Ll/(g+x)

Relutância LO + [Ll/(g+x)]cose

A indutância própria de uma bobina de posicionamento vaidepender do tipo de máquina como mostra a tabela 1; onde Loe LI são constantes, g é o entreferro quando o rotor estácentrado e x é o deslocamento do rotor com relação à origemde coordenadas. Na máquina de relutância, e é a posiçãoangular do polo do rotor. A velocidade do rotor (co) é igual aderivada da posição angular do mtor de/dto

~. 2 [LI ]FI (x) =k . l max I . 2 .(g-x)

onde Imax 1 e Imax3 são dados por:

(5)

(6)

(7)

(8)

Substituindo a indutância própria da tabela 1 na expressão daequação(3) e assumindo correntes senoidais[i(t) = I max cosrot], obtém-se a expressão da força de

posicionamento gerada por uma bobina e para cada tipo demáquina, como mostra a tabela 2, onde pode-se apreciar queas forças tem um valor médio diferente de zero. Esta forçamédia é usada para produzir fôrças de posicionamento. Osegundo harmônico é gerado p~~la característica alternada dacorrente e o quarto harmônico (para o motor de relutância) égerado pelas saliências do rotor. Estes harmônicos nãoproduzem forças médias de posicionamento e são absorvidospela massa do motor. Assim, o pico da força deposicionamento radial pode ser determinado pela expressão:

A 2[ 4 ]F(x)=k·ll1Ja'C 2 '(g-x)

onde k é uma constante determinada pelo tipo de máquina.

(4)

Imaxo é a amplitude de corrente quando o rotor esta centradoe não existem forças que perturbem sua estabilidade. ~Ix é avariação de corrente que gera forças que compensam forçasexternas presentes sobre o eixo-x.

Um conjunto idêntico de equações é válido para o eixo-yquando as correntes das bobinas 2 e 4 são consideradas.

A equação que descreve o comportamento dinâmico dosistema é:

(9)

onde m é a massa do rotor e Fext é uma força de perturbaçãoexterna ao sistema. Linearizando em torno do ponto deequilíbrio e aplicando a transformada de Laplace, obtém-se afunção de transferência da planta:

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*XREF+~ PD

PD

I~axo

i 4a i2a

x

ita

direito de Laplace. Isto é comum para sistemas deposicionamento magnético. Considera-se um controladorProporcional Derivativo (PD) para a estabilização do sistema,com uma função de transferência dada por:

X(s)

~Ix(s)

Figura-lO Diagrama de blocos do sistema.

(10)

Gc = Kp + Kd s, (11)

onde Ki e Kx são constantes que dependem dos parâmetros edo ponto de operação do sistema, influindo diretamente aamplitude da corrente e a posição em que se encontra o rotor.

5. DIAGRAMA DE BLOCOS DOSISTEMA

o diagrama de blocos do sistema com a máquina sem mancaisé mostrado na figura 10. Ele se aplica tanto para a máquina deindução como para a máquina de relutância, com a adição deuma malha que realimenta a posição angular do rotor noúltimo caso. Esta malha tem a finalidade de assegurar osincronismo da posição do rotor com o campo girante doentreferro. As quatro bobinas das fase "A" são alimentadas porquatro inversores de corrente e um quinto inversor alimenta asbobinas da fase "B". Estes inversores de corrente sãocomandados por sinais senoidais: os da fase "A" sãomodulados pelos sinais fornecidos pelo laço de controle deposição, enquanto que o amplificador da fase "B" écomandado por um sinal cossenoidal sem nenhum tipo decontrole.

6. CONTROLADOR

A dinâmica natural do sistema é instável, como visto naequação(lO), devido à presença de um polo no semi-plano

onde Kp é o ganho do elemento proporcional e Kd da partederivativa.

7. RESULTADOS EXPERIMENTAIS

Os parâmetros do sistema experimental são apresentados natabela 3.

A figura 11 mostra a força radial teórica e experimental em

função da variação de corrente (~I x) para posicionamento. Épossível apreciar que o resultado teórico (equação(4)) e oexperimental são aproximadamente os mesmos para baixosníveis de corrente, enquanto a saturação é desprezível.

A figura 12 compara a resposta orbital com e sem controle deposição. O sistema mostra um pequeno erro quandofuncionando a malha fechada «10 %). A trajetória circularexterna representa a máxima trajetória que o eixo do motordescreve quando o rotar encosta ligeiramente no estator.

110 SBA Controle & Automação 1Vol. 7nQ 31 Set., Out., Nov. e Dezembro 1996

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1.0

L'!. Irms 05(A) .•

0.0

1.0

L'!. Irms(A) 0.5

0.0

0.0

0.0

;~OO

Forç:a Radial (gt)

Máquina de Indução.

100

Força Radial (gt)

Máquina de Relutância.

400

200

(a)

(b)

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~·~Lo. ~~~~

"'"'".".- .l... ~I.u-l: ... ,.J ~. ~_:~ '1"

(a) Máquina de Indução.

(b) Máquina de Relutância.

Figura-lI Corrente de posicionamento (~Ix) em função daforça radial.

A figura-13 apresenta a Transformada Rápida de Fourier(FFT) da posição (x) para operação na máxima velocidadeatingida (6000 RPM) no motor de relutância. O espectromostra a presença de duas harmônicas. A primeira devido acaracterísticas pulsante da força de posicionamento, está emsincronismo com a frequência de alimentação do motor. Asegunda se deve à presença das irregularidades na superficiedo rotor. Estes resultados estão de acordo com o que sugere atabela 2.

8. CONCLUSÕESNeste trabalho, analisou-se um novo sistema de máquinaelétrica sem mancais mecânicos, O método proposto empregaa modulação das correntes de estator e dispensa enrolamentosespeciais para o posicionamento do rotor separados dos

Figura-12 Variação da posição no plano x-y. Escala vertical ehorizontal: 0.5 mm/ div

enrolamentos para produção de torque de rotação. Pretende-secom isto otimizar espaço e energia. O método foi testado paramotores de relutância e indução com um protótipo delaboratório até velocidades de 6000 RPM. Atualmente, osistema está sendo aperfeiçoado para atender requisitos deaplicação industrial.

AGRADECIMENTO

Ao CNPq e à GTZ pelo apoio financeiro. Os autores desejamagradecer aos Drs. A. Falcone e I. Shabu da EQUACIONALS.A. pela ajuda no projeto e construção das máquinas e aoProf. E. Watanabe pelas sugestões apresentadas. Ascontribuições dadas pelo M.Sc. 1.A. Santisteban foramtambém de grande valia.

40 J.LID.

150 I-'I'z 200Fl:z 250 FI:z 300Fl:z 350 FI:z 400 FI:z

Figura-13 FFT da posição (x).

SBA Controle & Automação / VaI. 7hº 3/ SeI., Qut.. Nov. e Dezembro 1996 111

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REFERÊNCIAS

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Kaplan, B.Z (1976). An estimation of mechanical transientin tuned-circuit levitator by employing steady-stateimpedance. Journal of Applied Physics, voI. 47, No.1,pp 78-84.

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Studer, P. (1987). Radial and torcionalfv controlledmagnetic bearing. United States Patent, No4,634,191.

TABELA 3. PARÂMETROS DO SISTEMA

TIPO DE MÁQUINA INDUÇÃO RELUTÃNCIA

Massa do rotor(m) 3.8 kg 2.7kg

Potência 250W 250W

Faixa de velocidade 3000-6000 RPM

J:p/Kd 40 30

K, 134N/m 210N/m

Ki 53 N/A 67N/A

Lo 8.7mB 8.7mB

112 SBA Controle & Automação 1Vol. 7hQ 31 Set., Out., Nov. e Dezembro 1996