um estudo sobre a tentação
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Exegese utilizando o método histórico-gramatical.TRANSCRIPT
EXEGESE DE TIAGO | 1:12-15
2013 UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
2
ÍNDICE
INTRODUÇÃO......................................................................4
1- ESTUDO HISTÓRICO......................................................7
AUTOR........................................................................7
EVIDÊNCIAS INTERNAS..................................8
EVIDÊNCIAS EXTERNAS...............................12
QUEM FOI TIAGO ?..........................................13
DATA, LOCAL E OCASIÃO DA ESCRITA...........19
DATA..................................................................19
LOCAL E OCASIÃO.........................................21
DESTINATÁRIO E MENSAGEM...........................24
2 – ESTUDO CONTEXTUAL.............................................27
CONTEXTO HISTÓRICO DA PASSAGEM.............27
CONTEXTO LITERÁRIO DA PASSAGEM.............29
CONTEXTO PRÓXIMO....................................29
CONTEXTO REMOTO.....................................33
EXTRUTURA DO CONTEXTO...............................40
3 – ESTUDO TEXTUAL......................................................42
ANÁLISE E TRADUÇÃO DO TEXTO......................43
GÊNERO LITERÁRIO DA PASSAGEM...................56
ESTRUTURA DO TEXTO.........................................64
PALAVRAS CHAVES...............................................65
ASPECTOS GRAMATICAIS....................................78
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MENSAGEM PARA A ÉPOCA DA
ESCRITA...............................................................................77
TEOLOGIA DO TEXTO......................................................87
APLICAÇÃO......................................................................111
CONCLUSÃO.....................................................................119
BIBLIOGRAFIA.................................................................121
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
4
Introdução
Tiago é uma das epístolas do Novo
Testamento, que mais tem sido questionada
no que se refere a sua canonicidade. O
silêncio dos primeiros “Pais da Igreja”, a
demora em seu reconhecimento, as dúvidas a
respeito de sua autoria, a dificuldade de se
determinar o destinatário e a famosa recusa
de Lutero que chegou a dizer que a mesma
era uma “epístola de palha” eram alguns dos
problemas que se levantavam e nos pareciam
insolúveis.
Contudo, com o auxílio dos Pais da
Igreja, com os recursos exegéticos, com as
opiniões dos especialistas, com a tradição da
Igreja e acima de tudo com o auxílio de Deus
e o padrão das Escrituras Sagradas, nos foi
possível avançar na compreensão do tema.
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A passagem escolhida aborda a
doutrina do pecado, suas causas e
conseqüências. Busca demonstrar que Deus
não é o autor moral do pecado e que é dever
dos cristãos, lutar contra o desejo dos seus
próprios corações para receber de Deus
aprovação final a “coroa da vida”. Portanto,
este texto também nos fala de perseverança,
que devemos lutar contra o mundo, contra a
carne e contra o diabo, confiando em Cristo e
nos seus méritos.
Com relação ao texto grego utilizado
para a tradução trabalhamos com o texto
grego de Westcort e Hort e com o aparato
crítico do “The Greek New Testament”. Além
de recursos exegéticos da “Bíblia on-line 3.0”
e “Bible Works 6.0”. A Versão padrão das
citações bíblicas em português é a João
Ferreira de Almeida, revista e atualizada.
Esperamos que com o material
disponível e o esforço empregado tenhamos
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
6
desenvolvido um trabalho que honre as
Escrituras Sagradas Glorifique a Deus.
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1 – Estudo histórico
Uma das epístolas que mais tem
despertado controvérsias no Novo
Testamento é a de Tiago. Ela tem gerado
dúvidas no que tange a sua autoria, a sua
data de composição, ao seu estilo literário,
quanto ao seu caráter doutrinário e até
mesmo quanto a sua canonicidade.
Muitas destas dúvidas são decorrentes
do aparente desconhecimento desta epístola
nos primeiros séculos da história da Igreja e
como demonstraremos a seguir, essas
dúvidas poderão ser explicadas à luz das
evidências internas e externas.
Autor
A autoria da epístola de Tiago é um dos
temas mais controversos que há, e essa
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
8
controvérsia gerou grande demora no seu no
seu reconhecimento canônico1.
Evidências internas
O autor desta carta apresenta-se como
“Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus
Cristo”. As Escrituras nos apresentam pelo
menos quatro homens com este nome no
Novo Testamento:
a. Tiago, filho de Zebedeu irmão de João,
um dos doze apóstolos (ver Mc 3.17;
1.19; 9.2;10.35...) ;
b. Tiago, filho de Alfeu, também um dos
doze (Mc 3.18; 15:40);
1 – Um dos cri térios para o reconhecimento dos l ivros do Novo Testamento é a sua autoria apostól ica. Como o autor é Tiago o i rmão do Senhor, houve dif iculdades na aceitação da mesma.
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c. Tiago, o Pai de Judas (Lc 6.16; At
1.13);
d. Tiago, o irmão do Senhor Jesus (Mt.
13.55; Mc.6.3; Gl 1.19; At. 12.17; 15.13;
21.18).
Embora as Escrituras não nos dêem uma
evidência definitiva de qual destes homens foi
o autor da epístola, há alguns eruditos que
defendendo semelhanças gramaticais entre a
epístola e o discurso de Tiago, o irmão do
Senhor (conforme Atos 15:13-21) o
consideram o autor da carta.
Com base no modelo apresentado por
J. Cantinat2 podemos dizer que:
O autor é um judeu:
O autor apresenta semitismos em seu
vocabulário (“tribos da dispersão” em 1:2 e
2 Introduções a Bíbl ia pág. 180
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
10
“sinagoga” em 2:2.) e estilo (veja, por
exemplo, o paralelismo em 1:9-10), apresenta
também referências ao Velho Testamento
(2:21-26) e demonstra pensamento concreto,
característica do pensamento judaico.
O autor é um cristão:
Também devemos afirmar que o autor é um
cristão, pois ele se apresenta como tal, suas
exortações apresentam um caráter
nitidamente cristão e não são poucos os
eruditos que encontram paralelismos entre o
Sermão do Monte e as exortações de Tiago3.
O autor se dirige aos judeu-cristãos:
Fortes evidências nos levam a crer que Tiago
é um judeu-cristão e que o mesmo escreveu
para judeus-cristãos. É isto que nos mostra o
primeiro verso da epístola quando ele a
destina às doze tribos da dispersão. Além do
3 VER BÍBLIA VIDA NOVA, pág. 4.276; BÍBLIA DE
GENEBRA; INTRODUÇÃO Á BÍBLIA, pág. 180.
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que a mesma não apresenta “problemas
gentílicos” típicos, tais como a idolatria,
imoralidade sexual, comidas, escravos.... Não
devemos ver nesta expressão uma referência
exclusiva aos judeus, pois:
1. Eles são servos do Senhor Jesus (1:1);
2. Aguardam a sua volta (5:7-9);
3. Nasceram de novo (1:18;1:21;2:7)
O autor é alguém que possui grande
autoridade sobre as pessoas para as quais
escreve (ver 1.2;1.22;2.1;3.1....):
Uma simples referência ao seu nome é
suficiente, para Tiago viesse a ser
reconhecido por seus contemporâneos, o que
demonstra que ele possuía grande
proeminência no período da redação desta
epístola. Os temas tratados, e o “tom
imperativo” também demonstram sua
autoridade como líder nos seus dias.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
12
Evidencias externas
No que se refere à autoria, a teoria
mais aceita no meio cristão é a de que Tiago,
o irmão do Senhor, tenha sido o autor desta
epístola.
Orígenes, o primeiro pai da Igreja a
citá-la, atribui a sua autoria a Tiago o irmão do
Senhor4 em seu comentário sobre João, como
em várias passagens de sua obra.
Eusébio de Cesaréa (260-340) em sua
famosa obra “História Eclesiástica”, após citar
o testemunho do historiador Hegésipo, de
Clemente e de Josefo sobre a vida de Tiago
irmão do Senhor, reconhece a sua provável
autoria da seguinte maneira:
São tais os relatos a respeito de
Tiago, de quem se diz que teria escrito a
primeira das epístolas gerais; mas deve-
se observar que é considerada espúria.
De fato não muitos dos antigos a
4 HERMISTEN M. P. Da Costa, A Inspiração e a inerrância
das Escri turas, pág. 47.
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mencionam nem a chamada epístola de
Judas, também uma das sete chamadas
epístolas universais. Entretanto sabemos
que estas cartas, e o restante têm sido
empregados publicamente na maioria
das igrejas”.5
Embora muitos pais da Igreja, deste
período, já reconhecessem a epístola como
canônica 6 nem todos reconheciam a autoria
de Tiago o irmão do Senhor, preferindo
afirmar a autoria do Apóstolo Tiago, como
Agostinho o faz em sua obra “A cidade de
Deus contra os pagãos”: “E que dizer de
Enoc, sétimo descendente de Adão”? Dele em
sua epístola não diz o Apostolo Tiago haver
profetizado77?
Assim fica evidente que para o “Bispo
de Hipona” a epístola é canônica, contudo, a
5 , HISTÓRIA ECLESIÁSTICA, vol. I I. Pág. 23.24 -25
6 HERMISTEN M. P. da Costa, A Inspiração e a Inerrância das Escri turas, pág. 48-49. 7 SANTO AGOSTINHO, A Cidade de Deus Contra os
Pagãos, vol. I I l ivro XXVIII , pág. 325.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
14
sua opção, no que se refere à autoria, é para
Tiago, o Apostolo. Contudo objeções fortes
são apresentadas quanto a este último,
principalmente devido a duas questões:
a. O autor não se apresenta como Apóstolo do
Senhor Jesus, mas sim como servo do Senhor
Jesus (ver 1.1);
b. A data apresentada para a morte de Tiago,
Filho de Zebedeu em 44 d.C. anterior a quase
todas as estimativas sobre a provável data de
composição desta epístola.
Por esta razão, a teoria de que Tiago o
Apóstolo é o autor desta epístola, tem sido
descartada pela atual crítica bíblica.
Existe ainda uma terceira hipótese que
visa explicar a autoria da epistola que
comumente tem sido chamada de Hipótese
Pseudo-Epigráfica8 segundo a qual o autor
da epístola deveria se apresentar como Tiago,
8 Ver HERMISTEN M. P. da Costa, A Inspiração e a
Inerrância das Escri turas, pág. 47; I ntrodução à Bíbl ia, pág. 183; CHAMPLIN, O Novo Testamento Interpretado vol. 6, pág. 5.
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o Irmão do Senhor, com o intuito de adquirir
reconhecimento e em consonância com um
suposto estilo literário daqueles dias,
apresentar-se como alguém de destaque.
Os argumentos principais contra esta
idéia de cunho liberal são os seguintes:
a. O autor não se apresenta como um
Apóstolo o que seria o mais lógico se tal fosse
a sua intenção;
b. O autor também não se apresenta como
Irmão do Senhor Jesus o que também seria
de esperar se o mesmo buscasse
reconhecimento imediato;
c. O autor não faz nenhuma referência
demasiado positiva de si mesmo como exigiria
tal argumento antes, apresenta a si mesmo
como “um servo do Senhor Jesus” posição
que o colocaria aparentemente em pé de
igualdade com os demais cristãos.
d. Poderíamos ainda apresentar a doutrina
da inspiração das Escrituras como um
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
16
argumento contrário às hipóteses pseudo-
epigráficas, uma vez que, estas hipóteses
pressupõem a mentira de um autor bíblico
e uma conseqüente doutrina da inspiração
heterodoxa.
Reconhecendo que o autor é um judeu
cristão de destaque, que seu estilo tem sido
comparado ao discurso de atos 15:13-21, que
a tradição da Igreja fortemente o tem
defendido como seu autor e considerando que
os argumentos contrários são
satisfatoriamente combatidos, concluímos que
o autor desta epístola seja Tiago, o irmão de
Jesus. Homem de grande fé e indiscutível
liderança na Igreja primitiva. Sobre isto,
Macnab diz:
Tiago, por conseguinte, ocupava
uma posição de grande, se não
suprema autoridade na igreja mãe,
em Jerusalém, presidindo as
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assembléias e pronunciando com
autoridade a última palavra. O tom
autoritário desta epístola condiz
bem com a posição de primazia
atribuída a ele9.
Quem foi Tiago?
Tiago foi provavelmente10 filho de Maria
e irmão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Embora não fosse cristão durante o ministério
público de Jesus ele certamente foi uma
testemunha da ressurreição e estava entre
aqueles que aguardavam a descida do
Espírito Santo no Pentecostes. A tradição da
Igreja o chama de Tiago Joelhos de Camelo,
9 MACNAB, Comentário de Tiago em Novo Comentár io
Bíbl ico, disponível em Bíbl ia onl ine. 10
Robert H. Gundry entende que ele seria apenas meio irmão de Jesus uma vez que pa ra ele José poderia t ido f i lhos antes do seu casamento o seu argumento é o de que esta seria a melhor expl icação para Jesus haver conf iado os cuidados de Maria ao apostolo João e não a Tiago ou a Judas, contudo ele mesmo reconhece que tal interpretação não é necessária uma vez que o mesmo poderia ser expl icado pelo fato de os irmãos de Jesus ainda não serem convert idos nesta época.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
18
uma referência às várias horas por dia em que
se dedicava a oração de joelhos.
Ele certamente foi um grande líder da
Igreja de Jerusalém, se não o maior líder
desta Igreja. O livro de Atos nos conta que ele
foi presbítero da Igreja de Jerusalém e que ele
gozava de grande prestígio até mesmo entre
os apóstolos.
No Concílio de Jerusalém ele
desempenhou um importante papel11, pois
reconheceu que os gentios convertidos ao
cristianismo não precisavam se submeter à lei
mosaica, contudo vem dele a ênfase deste
Concílio sobre o abster-se da imoralidade e
das comidas sacrificadas a ídolos. Cremos
que o mesmo escreveu esta epístola num
período anterior ao Concílio como haveremos
de demonstrar a seguir e que esta sua
epístola mal compreendida possa ter
11
STOTT, Jhon A mensagem de Atos, pág. 277
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influenciado a controvérsia que gerou este
Concílio.
O seu martírio acontece no ano de 62
d.C.
Data, local e ocasião da escrita.
Data.
Uma vez que admitimos a autoria de
Tiago, irmão de Jesus devemos fazer algumas
asseverações sobre sua provável data.
Tendo em mente, no que se refere às
evidências externas, que o ano do martírio de
Tiago foi aproximadamente 62 d.C, e que por
conseqüência este é o limite máximo para
datarmos a epístola. No que se refere às
evidencias internas deve-se considerar que o
autor não faz referências a destruição de
Jerusalém (como gostariam aqueles que
defendem uma autoria posterior ao ano 70)
nem a epístola de Paulo aos Gálatas (a qual
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
20
alguns alegam contradizer Tiago) e nem ao
Concílio de Jerusalém (48-49
aproximadamente) o que pode sugerir algo
anterior a esta data.
Macnab ponderando sobre estas
questões expressa o seguinte:
O conteúdo da mesma certamente
parece indicar uma forma primitiva de
organização cristã na Igreja. Mayor e
outras autoridades apresentam
argumentos na defesa de uma data muito
afastada (cerca de 45 A. D.), baseados no
fato de a epístola omitir qualquer referência
ao Concílio de Jerusalém e à resolução
que lá fora tomada. Por outro lado,
Wordsworth, Farrar e Ewald defendem
uma data mais avançada (cerca de 62 A.
D.), fundamentados no fato de a epístola
ter sido escrita por Tiago pouco antes de
seu martírio, a fim de corrigir certas
interpretações errôneas da doutrina de
Paulo quanto à justificação pela fé. A data
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mais primitiva, de um modo geral, parece
ser preferível. 12
Com base nas considerações
supracitadas, concluímos que o período mais
provável para redação desta epístola seria o
que toma como ponto de partida o ano da
diáspora dos judeus (Atos 12) e como ponto
limite o ano do Concílio de Jerusalém (Atos
15). Devemos, portanto entender a data de
45-50 d.C. como o período da redação desta
epístola.
Local e ocasião
Uma vez que afirmamos a autoria de
Tiago, irmão de Jesus e reconhecemos que
esta epístola data de 45 a 50 d.C o que
implica nela ser um dos mais antigos, se não
o mais antigo escrito do Novo Testamento.
Devemos agora, postular Jerusalém como o
12
MACNAB, Comentário de Tiago em Novo Comentário Bíbl ico, disponível em Bíbl ia onl i ne.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
22
local mais provável de sua redação. Sendo
importante apresentar os principais
argumentos que favorecem a região da
Palestina, mais precisamente Jerusalém,
como o local da redação desta epístola.
a. Tiago era presbítero em Jerusalém;
b. O autor está familiarizado com a
vida a beira mar (Tg 1:6; 3:4);
c. Cita vinhas, figueiras e oliveiras (Tg
3:12);
d. Fala sobre a importância das
chuvas (Tg 3:17-18);
e. No período da redação da epístola o
autor residia em Jerusalém sendo
um dos presbíteros desta Igreja.
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Concluímos, portanto, que Jerusalém é
o local mais provável para a redação desta
epístola. A ocasião é a dispersão dos cristãos
de Jerusalém em virtude da perseguição do
período. Macnab, ao comentar sobre este
grupo diz:
As doze tribos; não aos judeus, como raça,
mas aos judeus cristãos que, havendo sido
postos diante do grande princípio da fé,
necessitavam de instruções práticas sobre
a arte de viver cristãmente. Empregando a
palavra doze, ele não distingue
necessariamente cada tribo de per si. É um
termo coletivo que alude a todos aqueles
que descendem de judeus. A carta dirige-
se especialmente aos que viviam entre
gentios, fora dos limites da Palestina13
.
Conectando a idéia de diáspora com o
texto de atos 11:19 teremos o pano de fundo
necessário para compreendermos a ocasião
13
MACNAB, Comentário de Tiago em Novo Comentário Bíbl ico disponível em Bíbl ia onl ine
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
24
em que tal epístola foi escrita. Assim, após o
apedrejamento de Estevão e a conseqüente
dispersão dos cristãos de Jerusalém para
Chipre, Fenícia e Antioquia seria
perfeitamente natural que Tiago líder da
“Igreja Mãe” se preocupasse pastoralmente
com estas comunidades dispersas e lhes
escreve-se esta epístola.
Como diz Moo14, não podemos provar
que as circunstâncias tenham sido
exatamente estas, mas podemos certamente
demonstrar que elas se encaixam
perfeitamente com as evidências disponíveis.
Destinatário e mensagem
O autor destina esta epístola “as 12
tribos da dispersão” e a escreveu num período
de perseguição fazendo diversas referências a
persistência, paciência em meio as provações
e tentações, descrevendo Abraão como
14
Douglas J.,Tiago Introdução e Comentário, pág. 33
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antepassado dele e das pessoas para as
quais escrevia (Tg. 2:20) e fazendo belas
referências aos costumes do povo hebreu
bem como a volta de Jesus.
Todas estas referências reforçam a
idéia anteriormente esboçada de que a
epístola de Tiago teria sido escrita para
cristãos, especificamente para judeus-cristãos
que teriam se dispersado por entre as nações.
Deve, portanto, ser considerada uma
epístola universal no sentido de que ela não é
endereçada a um local específico.
Vale ainda ressaltar que esta epístola
se encontra na antiga versão siríaca Peshito15.
Sendo a Síria, uma região que contava
com muitos judeus cristãos no período o que
poderia muito bem explicar a razão desta
epístola haver sido pouco citada nos primeiros
três séculos da história da Igreja.
15
CHAMPLIM, o Novo Testamento Interpretado, vol. 6, pág. 5
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
26
Com base nestes argumentos
concluímos que a epístola de Tiago foi
destinada aos cristãos de origem judaica que
estavam dispersos por entre as nações em
virtude da perseguição levantada contra eles
por Herodes.
Quanto a razão da mesma poderíamos
dizer com Macnab que:
O propósito da epístola é demonstrar que a
fé no Senhor Jesus Cristo deve ser
aplicada a todas as experiências e
relações dos discípulos cristãos. O que
Tiago visa é fé em ação, daí sua ênfase
marcante sobre o lugar das obras na vida
cristã. Parece, do ensino desta epístola,
que os judeus cristãos, aos quais ela se
dirige, estavam em risco de considerar
sem importância esta manifestação prática
da fé.16
16
MACNAB, Comentário de Tiago em Novo Comentário Bíbl ico, disponível em Bíbl ia onl ine .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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2 – Estudo contextual
O contexto histórico da passagem é
coincidente com o contexto histórico da
epístola, como demonstraremos no estudo do
gênero literário desta epístola. A epístola de
Tiago é um conjunto de sermões e passagens
constituindo assim o gênero epistolar
homilético. Os seus destinatários não estavam
em Jerusalém, antes estavam espalhados
pelas províncias do Império Romano. Talvez,
Tiago não tivesse informações do estado
espiritual deste rebanho disperso. Mas
certamente ele estava ciente da condição de
perseguidos por causa da fé que estes irmãos
se encontravam. Ele envia um conjunto de
suas mensagens, com temas voltados a
perseverança em meio a provação, da vitória
sobre as tentações (sendo este o caso desta
passagem), sobre a sabedoria para enfrentar
as mais diferentes situações, sobre como
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
28
demonstrar a fé por meio de uma vida santa.
Ele esperava com isto abordar a maior gama
de assuntos pertinentes a vida espiritual
daquele rebanho disperso.
A passagem em questão é parte de um
sermão de Tiago acerca da vitória sobre a
tentação, obviamente condensado, devido à
compilação17. O contexto desta passagem é o
de uma Igreja dispersa, que é advertida a
vencer o pecado, a vencer a tentação a
prosseguir na santificação, pois os que
perseverarem até o fim haverão de receber a
coroa da vida.
17
Este tema será abordado na análise do gênero l i terário desta obra.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Contexto literário da passagem.
Contexto próximo.
Tiago 1:9-11
“O irmão, porém, de condição humilde
glorie-se na sua dignidade,
e o rico, na sua insignificância, porque ele
passará como a flor da erva.
Porque o sol se levanta com seu ardente
calor, e a erva seca, e a sua flor cai, e
desaparece a formosura do seu aspecto;
assim também se murchará o rico em seus
caminhos.”
Considerações: A perícope acima
denominamos “transitoriedade da vida” uma
vez que ela demonstra o aspecto passageiro
da vida, é uma exortação para que ricos e
pobres entendam a sua condição a luz da
palavra de Deus. O pobre deve reconhecer o
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
30
seu valor a sua dignidade uma vez que o
mesmo é a imagem e semelhança do Criador
e um salvo e remido em Cristo. Por isto, ele
não deve buscar no dinheiro a sua dignidade,
mas em Deus. O rico por sua vez não deve se
vangloriar na sua riqueza, mas sim pensar na
sua insignificância uma vez que o poder da
riqueza não é nada comparado ao poder e a
majestade de Deus. Assim Tiago apresenta
um equilíbrio bíblico sobre o valor do homem.
Convidando os ricos e os pobres a não se
julgarem à
luz de suas propriedades ou falta delas, mas
sim a partir de Deus que é eterno e que
recompensa os que o buscam com bens que
durarão para sempre. Entendemos que esta
perícope se relaciona com a passagem por
nós estudada uma vez que a cobiça pelo
dinheiro, o orgulho, e a inveja são tentações
que o cristão precisa vencer em sua vida.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Tiago 1:2-8
“Meus irmãos, tende por motivo de toda
alegria o passardes por várias provações,
sabendo que a provação da vossa fé, uma vez
confirmada, produz perseverança. Ora, a
perseverança deve ter ação completa, para
que sejais perfeitos e íntegros, em nada
deficientes.
Se, porém, algum de vós necessita de
sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá
liberalmente e nada lhes impropera; e ser-lhe-
á concedida.
Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando;
pois o que duvida é semelhante à onda do
mar, impelida e agitada pelo vento.
Não suponha esse homem que alcançará do
Senhor alguma coisa;
homem de ânimo dobre, inconstante em todos
os seus caminhos.”
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
32
Considerações: Denominamos esta
perícope como “perseverança em meio a
provas” por entendermos que este é o tema
principal desta passagem. Tiago apresenta
que o passar por diversas provações (que
pelo original poderia ser traduzida como
tentações, testes) é bom e motivo de alegria
na medida em através destas situações nos
fortalecemos por meio da experiência por nós
adquirida, e pela confirmação da nossa fé por
meio da perseverança. Ele ainda afirma que a
perseverança deve ter ação completa para
que eles pudessem ser perfeitos, íntegros e
em nada deficientes, então ele, prevendo
alguma objeção, levanta “algum de vós
necessita de sabedoria? Então peça a Deus
que ele a dará contanto que o peçamos com
fé”. Pois a pessoa sem fé é incapaz de
perseverar e Tiago compara tal pessoa a onda
do mar impelida e agitada pelo vento para
qualquer direção, nos fazendo lembrar do dito
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do filósofo Sêneca: “Não há ventos favoráveis
para quem não sabe aonde vai”.
Ela se relaciona com a nossa
passagem por apresentar o tema da
perseverança dos santos que também
aparece na passagem por nós estudada e por
possuir uma referência a provações e
aprovação divina, fruto da perseverança.
Contexto próximo posterior
Tiago 1:16-18
“Não vos enganeis, meus amados irmãos.
Toda boa dádiva e todo dom perfeito são lá
do alto, descendo do Pai das luzes, em
quem não pode existir variação ou sombra
de mudança.
Pois, segundo o seu querer, ele nos gerou
pela palavra da verdade, para que
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
34
fôssemos como que primícias das suas
criaturas.”
Considerações: Se na passagem que
estudamos Tiago está preocupado em
demonstrar a origem do pecado e em
demonstrar que esta origem não pode ser
encontrada em Deus, mas sim na cobiça do
homem, agora ele, por assim dizer, está
preocupado em apresentar o outro lado da
moeda. Deus é origem do bem e de todas as
dádivas e de todos os dons perfeitos a
hendíades18 é utilizada para reforçar a idéia
de que tudo que é bom e perfeito no mundo
se origina e se sustenta no ser divino. Para
fortalecer o seu ponto ele apresenta salvação
como o seu exemplo de que Deus é quem
concede toda boa dádiva e todo o dom
perfeito. Na expressão “segundo o seu querer
18
Tanto “boa dádiva” como “dom perfeito” são termos que nos originais signif icam a mesma coisa. Esta f igura de l inguagem é chamada de hendiádes e pode ser def inida como uma f igura que tem por objet ivo expressar ênfase por meio da repetição de termos sinônimos.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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ele nos gerou pela palavra da verdade” o
sentido ali contido é o de demonstrar que até
mesmo a salvação não é uma obra humana
mas sim uma dádiva divina dada de acordo
com a vontade soberana do Criador.
Tiago 1:19-26
“Sabeis estas coisas, meus amados irmãos.
Todo homem, pois, seja pronto para ouvir,
tardio para falar, tardio para se irar. Porque a
ira do homem não produz a justiça de Deus.
Portanto, despojando-vos de toda impureza e
acúmulo de maldade, acolhei, com mansidão,
a palavra em vós implantada, a qual é
poderosa para salvar a vossa alma.
Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não
somente ouvintes, enganando-vos a vós
mesmos. Porque, se alguém é ouvinte da
palavra e não praticante, assemelha-se ao
homem que contempla, num espelho, o seu
rosto natural;
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
36
pois a si mesmo se contempla, e se retira, e
para logo se esquece de como era a sua
aparência.
Mas aquele que considera, atentamente, na
lei perfeita, lei da liberdade, e nela persevera,
não sendo ouvinte negligente, mas operoso
praticante, esse será bem-aventurado no que
realizar. Se alguém supõe ser religioso,
deixando de refrear a língua, antes,
enganando o próprio coração, a sua religião é
vã.
A religião pura e sem mácula, para com o
nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e
as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo
guardar-se incontaminado do mundo.”
Considerações: Aqui encontramos uma
progressividade lógica entre esta passagem e
a imediatamente anterior a ela. Uma vez que
eles foram gerados pela palavra da verdade
agora eles são desafiados a viver de acordo
com a verdade. A exortação é para que eles
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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sejam praticantes da palavra e não apenas
ouvintes para isto ele dá uma série de testes
para que eles saibam se estão de fato sendo
praticantes da palavra e não apenas ouvintes.
Relaciona-se com a nossa passagem na
medida em que, ao praticarmos a Palavra, nos
fortalecemos cada vez mais e somos
capacitados para vencer as tentações e o
pecado.
Contexto remoto
No VT.
No Velho Testamento vemos muitas
passagens que, a semelhança de Tiago, falam
do pecado como fruto do desejo:
“Se procederes bem, não é certo que serás
aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
38
pecado jaz à porta; o seu desejo será contra
ti, mas a ti cumpre dominá-lo.” Gênesis 4:7
“Pelo que o nome daquele lugar se chamou
Quibrote-Hataavá, porquanto ali enterraram o
povo que teve o desejo das comidas dos
egípcios.” Números 11:34
“Porque assim diz o SENHOR dos Exércitos, o
Deus de Israel: Não vos enganem os vossos
profetas que estão no meio de vós, nem os
vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos
vossos sonhadores, que sempre sonham
segundo o vosso desejo;” Jeremias 29:8
Além destas três, poderíamos citar
ainda: Os. 4:8; Jó20:20; Sl. 106:14;
Sl. 119:36; Ec.6:9; Is.57:17. Existem ainda
passagens que associam o pecado com a
depravação tais como : Ex 34:12; Sl.32:5; Pv
5:22; Is. 6:7; Jr. 16:18. O VT é repleto de
referências a purificação do pecado por meio
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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de sacrifícios rituais de animais tais como os
carneiros, bodes. Sendo tudo expresso de
maneira bem minuciosa nos livros de Levítico,
Números e Deuteronômio.
No NT.
No Novo Testamento, vemos estes
mesmos temas, porém sob a luz da obra
consumada de Cristo. Em passagens como as
Rm.7:8; Ef.5:3 e Hb. 12:1 vemos o papel da
cobiça-desejo como fator de origem do
pecado. E em diversas passagens, vemos a
associação dos pecados humanos à
corrupção herdada pelo gênero humano em
decorrência do pecado original. Rm.6:6;
Rm.6:13; Rm 7:20; Rm. 7:23. A purificação
dos pecados não está mais associada aos
sacrifícios de animais, mas sim ao sacrifício
de Cristo perfeito e realizado de uma vez por
todas na cruz do Calvário.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
40
Estrutura do contexto
A estrutura do contexto próximo poderia
assim ser resumida neste desenho que
mostra como estão dispostas as passagens e
os respectivos temas que poderíamos dizer
que estão unidos muito mais por justaposição,
do que por frases de ligação:
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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A estrutura dos textos contexto remoto,
pode ser resumida no gráfico a seguir:
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
42
3 – Estudo textual Passaremos agora ao estudo textual da
passagem analisando o texto no original e
fazendo os respectivos apontamentos do seu
sentido original.
Análise e tradução do texto
Tiago 1: 12-15
Maka,rioj avnh.r o]j u`pome,nei
peirasmo,n o[ti do,kimoj geno,menoj
lh,myetai to.n ste,fanon th/j zwh/j o]n
evphggei,lato toi/j avgapw/sin auvto,n
mhdei.j peirazo,menoj lege,tw o[ti VApo.
qeou/ peira,zomai\ o` ga.r qeo.j
avpei,rasto,j evstin kakw/n peira,zei de.
auvto.j ouvde,na
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e[kastoj de. peira,zetai u`po. th/j ivdi,aj
evpiqumi,aj evxelko,menoj kai.
deleazo,menoj\
ei=ta h` evpiqumi,a sullabou/sa ti,ktei
amarti,an h` de. a`marti,a avpotelesqei/sa
avpoku,ei qa,naton
Denominando
1. Maka,rioj – Adjetivo, nominativo,
singular, masculino, raiz: Maka,rioj
tradução: feliz
2. avnh.r – substantivo, nominativo,
singular, masculino, raiz: avnh.r tradução:
o homem
3. o]j – pronome relativo, nominativo,
singular, masculino, raiz: o tradução:
que
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
44
4. u`pome,nei- - verbo, presente, ativo,
indicativo, 3ª pessoa do singular raiz:
u`pome,nw tradução: suporta
5. peirasmo,n – substantivo, acusativo,
singular, masculino raiz: peirasmoj
tradução: tentação
6. o[ti – conjunção, raiz: o[ti tradução: que
7. do,kimoj – adjetivo,nominativo, singular,
masculino, raiz: do,kimoj tradução:
aprovado
8. geno,menoj– verbo, aoristo, voz média,
particípio, nominativo, singular raiz:
ginomai tradução: torna-se
9. lh,myetai–verbo, futuro do indicativo, voz
média, 3ª pessoa do singular, raiz:
lambanw tradução: receberá
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10. to.n–artigo, acusativo, singular,
masculino raiz:to tradução: o a
11. ste,fanon– substantivo, acusativo,
singular, masculino, raiz: ste,fanoj
tradução: coroa
12. th/j– artigo, genitivo, singular, feminino,
raiz: h tradução: da
13. zwh/j– substantivo, genitivo,singular,
feminino, raiz: zwh/j tradução: vida
14. o]n– pronome relativo, acusativo,
masculino singular, raiz: oj tradução:
que
15. evphggei,lato– verbo aoristo, médio,
indicativo, 3ª pessoa do singular, raiz:
evphggellomai tradução: [Deus] prometeu
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
46
16. toi/j– artigo definido, dativo, plural,
masculino, raiz: o tradução: aos
17. avgapw/sin– verbo presente ativo,
indicativo, 3ª pessoa do plural, raiz:
avgapaw tradução:amam
18. auvto,n–Pronome pessoal
acusativo,singular, masculino, raiz:
auvtoj tradução: o
19. mhdei.j–Nominativo, singular, masculino,
raiz: mhdei.j tradução: ninguém
20. peirazo,menoj– verbo, presente passivo,
particípio, nominativo, singular,
masculino, raiz: peirazow tradução:
tentado
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21. lege,tw– verbo, presente ativo,
particípio,nominativo, singular,
masculino, raiz: legw tradução: diga
22. o[ti– conjunção, raiz: o[ti tradução: que
23. VApo – preposição, genitivo, singular,
masculino, raiz: VApo tradução: por
24. . qeou– substantivo, genitivo, singular,
masculino, raiz: qeoj tradução:Deus
25. / peira,zomai– verbo, presente passivo,
indicativo, 1ª pessoa do singular, raiz:
peira,zw tradução:sou tentado
26. \ o`– artigo, nominativo, singular,
masculino, raiz: o tradução:o
27. ga.r– conjunção pospositiva causal raiz:
ga.r tradução: pois
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
48
28. qeo.j–substantivo, nominativo, singular,
masculino, raiz: qeo.j tradução: Deus
29. avpei,rasto,j –adjetivo, nominativo,
singular, masculino raiz: avpei,rasto,j
tradução: incapaz de ser tentado
30. evstin– verbo, presente, voz ativa, 3ª
pessoa do singular, raiz: evimi tradução:
ele é
31. kakw/n–adjetivo, genitivo, plural neutro,
raiz: kakoj tradução: mau
32. peira,zei–verbo, presente, voz ativa,
indicativo, 3ª pessoa do singular, raiz:
peira,zw tradução: tenta
33. de– conjunção fracamente adversativa,
raiz: de tradução: mas
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34. . auvto.j–pronome pessoal, genitivo,
singular, masculino, raiz: auvto.j
tradução: mesmo
35. ouvde,na– pronome, raiz: ouvdeij tradução:
ninguém
36. e[kastoj– adjetivo, nominativo,
masculino, singular, raiz: e[kastoj
tradução: cada
37. de– conjunção fracamente adversativa,
raiz: de tradução: mas
38. . peira,zetai– verbo, presente do
indicativo, passiva, 3ª do singular raiz:
peira,zw tradução: é tentado
39. u`po– preposição com genitivo, raiz: u`po
tradução: por meio de
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
50
40. th/j– artigo definido, genitivo, singular,
feminino, raiz:h o tradução: da
41. ivdi,aj– adjetivo, genitivo, feminino
singular, raiz: ivdi,a tradução: próprio
42. evpiqumi,aj– substantivo,
acusativo,singular, feminino, raiz:
evpiqumi,a tradução: desejo
43. evxelko,menoj– verbo, presente, passiva,
particípio, nominativo, singular, raiz:
evxelkw tradução: é arrastado
44. kai– conjunção ilativa, raiz: kai
tradução: e
45. deleazo,menoj\–verbo, presente, passiva,
particípio, nominativo, singular,
masculino, raiz: deleazw tradução: é
seduzido
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46. ei=ta– advérbio, raiz: ei=ta tradução:
então
47. h–artigo, nominativo, singular, feminino,
raiz: h tradução: a
48. evpiqumi,a– substantivo, nominativo,
singular, feminino, raiz: evpiqumi,a
tradução: desejo
49. sullabou/sa– verbo aoristo, voz ativa,
particípio, nominativo, singular,
feminino, raiz: sullabanw tradução:
concebido
50. ti,ktei– verbo, presente, ativa,
indicativo, 3ª pessoa do singular, raiz:
ti,ktw tradução: gera
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
52
51. a`marti,an– substantivo, acusativo,
singular, feminino, raiz: a`marti,a
tradução: pecado
52. h - artigo, nominativo, singular,
feminino, raiz: h tradução: a
53. de– conjunção fracamente adversativa,
raiz: de tradução: mas
54. . a`marti,a– substantivo, nominativo,
singular, feminino, raiz: amarti,a
tradução: pecado
55. avpotelesqei/sa– verbo aoristo, particípio,
nominativo, singular, feminino, raiz:
avpotelew tradução: consumado
56. avpoku,ei– verbo, presente, ativo,
indicativo, 3ª pessoa do singular, raiz:
avpoku,ew tradução: dá à luz, gera
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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57. qa,naton– substantivo, acusativo,
singular, masculino, raiz: qa,natoj
tradução: morte
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
54
Tradução
Feliz o homem que suporta a tentação,
que se torna aprovado. Ele receberá a coroa
da vida que Deus prometeu aos que o amam.
Ninguém quando tentado diga que por
Deus foi tentado, pois, Deus não pode ser
tentado pelo mau e ele mesmo a ninguém
tenta, mas cada um é tentado por meio do
próprio desejo quando arrastado e seduzido.
Então o desejo concebido, gera o pecado, e o
pecado consumado dá à luz a morte.
Problema textual
No versículo 12 do primeiro capítulo de
Tiago vamos encontrar um problema textual
que os redatores do “The Greek New
Testament”19 classificam como de tipo {B} e
19
The Greek New Testament, pág. 780.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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que no comentário de R. N. Champlim20 ,
apresenta como sendo de tipo {C}.
Este problema se refere a uma
discordância dos manuscritos quanto ao
sujeito do verbo evphggei,lato.
Nos manuscritos: P23 , a , A, B, y , 81,
206, itff, cop sa.bo , arm Dydimospt //
evphggei,lato aparece sozinho. O que poderia
nos levar a crer que o nome de Deus
estivesse subentendido como em alguns
casos da tradição rabínica.
Já os seguintes manuscritos
apresentam evphggei,lato o ki,rioj :
( C794 1829 omitem o ) K, L, P, 049, 056,
0142, 0246, 88, 104, 181, 326, 330, 436, 451,
614, 629, 630, 1505, 1877, 2127, 2412, 2495,
Byz Lect, ( l680 omite o ), syrh , ( Jhon
Damascus) Ps-Oecumenios Theofilact.
20
CHAMPLIN, O Novo Testamento Interpretado, vol. 6, pág. 153.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
56
Enquanto que: 33vid, 322, 323, 547,
945, 1241, 1739, 2492,
it or,c,dem,div, p,s,t , syrp // apresentam
evphggei,lato o Qeo,j em sua redação.
O que dizer?
A consideração de que o primeiro grupo
possui manuscritos mais antigos e confiáveis
e que um dos princípios para a escolha de
variantes é que “deve-se escolher a variante
mais curta” parece favorecer este primeiro
grupo como o que está mais em sintonia com
os autógrafos originais e a partir daí explicar
os testemunhos mais recentes como uma
“complementação” por parte dos copistas do
sentido implícito da passagem, e que na
língua portuguesa a tradução exigiria
complementação similar.
Diante destas colocações concluímos
que o primeiro grupo de manuscritos é
correto. Portanto, o termo “Deus” está oculto
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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embora subentendido no sujeito elíptico da
sentença.
Gênero literário da passagem
Como diz Gundry: “É bastante difícil
traçar o esboço da epistola de Tiago. Pois ela
compartilha o estilo moralista e desconexo do
livro de Provérbios e de outra literatura de
sabedoria; porém os preceitos são proferidos
nos moldes de um sermão profético
embraseado.” 21
O que faremos é uma apresentação
dos diferentes gêneros literários que têm sido
apresentados para este livro, para assim
podermos nos posicionar acerca de qual deles
mais se aproxima do estilo do texto de Tiago.
a. Epistolar: O estilo epistolar tem sido
defendido por que a introdução tem uma típica
introdução epistolar com autor, saudações e
21
GUNDRY,Robert H., Panorama do Novo Testamento, pág. 387
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
58
destino. O que haveria de se encaixar
perfeitamente em uma epístola. Esta posição
têm recebido algumas críticas, sobretudo pela
dificuldade de se encontrar um tema
unificador contudo, eruditos como F. O.
Francis22 acreditam ter encontrado em Tiago
uma “estrutura literária” que seria a seguinte:
1:2-27 dupla declaração de abertura, 2:1-5:6 o
corpo da epístola, 5:7-20 o enceramento.
Há outros ainda que como Adamson,23
acreditam haver encontrado no texto de Tiago
uma “unidade uniforme” o que também
reforçaria a idéia de que se trata de uma
epístola.
b. Diatribe: Eruditos como Champlin24 e
Ropes25 entendem que se trata de uma
diatribe. A diatribe era um gênero coloquial
22
The Form and Funct ion of the opening and Closing Paragraphus of James and 1 Jhon, ZNW 61, 1970, pp. 110-126 23
MOO, Douglas J.,“Tiago Introdução e comentário” Série Cultura Bíbl ica, Edições Vida Nova e Ed. Mundo Cristão, pág. 38. 24
CHAMPLIN, O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, Vol. 06, pág. 08 25
Op cit , pág. 37.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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usado para instruir auditórios que se vale de
perguntas retóricas, repetição de material e
uso de sentenças curtas e imperativos.
Champlin, acrescenta que este estilo provém
da Grécia e foi muito usado pelos filósofos
como Sócrates, Platão, Sêneca e Epicteto,
sendo que para ele, nem um dos Apóstolos,
ou ainda um dos irmãos de Jesus poderia
usar este estilo ou haver escrito esta epístola
de Tiago, uma vez que, eles eram rudes
palestinos sem cultura e vocabulário
necessário para fazê-lo. Para defender o seu
ponto de vista ele apresenta algumas
evidências deste estilo sendo a primeira a
grande quantidade de expressões retóricas
tais como: “vedes”; “Não vos enganeis”; “Que
proveito” ; “Queres saber?” todas estas
encontradas na epístola de Tiago. Em
segundo lugar ele apresenta como argumento
que nos cento e oito versículos da epístola de
Tiago há sessenta imperativos, o que para ele
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
60
define a questão do gênero como uma
diatribe.
c. Exortação: Há outros ainda como
Martinho Dibelius26, que defendem o “estilo
parenético” ou exortativo. Para isto, ele vê
quatro evidências fundamentais no texto que
corroborariam para esta posição: Primeiro o
ecletismo encontrado na epístola; segundo o
alinhamento de exortações morais sem uma
estrutura unificadora; terceiro a repetição de
idéias chaves, e em quarto lugar a
aplicabilidade de todo o material. Para
Dibelius, este mesmo estilo pode ser
encontrado em Romanos 12-13 e Hebreus 13.
d. Homilias: Há ainda aqueles que
vêem Tiago como um sermão em forma de
carta, ou ainda, como um extrato de sermões
que ele haveria mandado àquelas Igrejas. De
acordo com esta posição a epístola de Tiago
seria uma homilia no estilo daquelas que eram
26
Op cit , pág. 37.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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pregadas nas sinagogas da época, assim
Tiago que era familiarizado a este estilo
haveria de ter-se-ia valido dele para exortar,
instruir e confortar aos irmãos da dispersão tal
como se ele ali estivesse pregando a eles.
Fica difícil, contudo dizer que se trata
de um único sermão uma vez que diferente,
por exemplo, da epístola de Paulo aos
Romanos não há um tema unificador. Como já
foi apresentado anteriormente, o estilo lembra
muito o do Sermão do Monte ou ainda o livro
de Provérbios.
Com base em toda esta discussão,
poderíamos dizer que Tiago enviou aos
irmãos da dispersão uma epístola com
algumas de suas homilias a fim de encorajar,
exortar, e fortalecer a fé dos seus irmãos.
Assim a perícope que por agora estudamos
seria originalmente um sermão proferido por
Tiago em Jerusalém e posteriormente
condensado com outros sermões na sua
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
62
epístola que agora temos em mãos. Alguns
aspectos proeminentes desta epístola
segundo Douglas J. Moo27:
1º Exortação pastoral: Este sem dúvida
é um elemento de destaque desta epístola. É
o livro do Novo Testamento que possui a
maior freqüência de imperativos o que
demonstra não um caráter autoritário, mas um
caráter pastoral de um presbítero que estava
preocupado com as suas ovelhas dispersas
entre as nações.
2º Desprendimento da estrutura: Este
também é um dos aspectos mais visíveis do
texto de Tiago uma vez que o mesmo tem
sentenças isoladas que estão literalmente
soltas na epístola, mas que são inseridas por
possuírem importância no contexto em que
ele escreve. É como se ele quisesse cobrir a
27
Op cit , pág.38-39
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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maior quantidade de áreas possíveis para
assim pastorear o seu rebanho.
3º Uso de metáforas e ilustrações: As
metáforas e as ilustrações são muitas e tem a
característica de prender a atenção do leitor,
tratando-se de um recurso característico da
expressão oral e que possui grande apelo
popular.
4º O uso de outras fontes: Este é o
aspecto menos evidente para o leitor comum.
Mas uma leitura cuidadosa de Tiago
demonstrará a grande quantidade de citações
do Velho Testamento, dos ensinos de Jesus e
de outros textos das Escrituras e de livros da
literatura Judaica tais como: I Pedro;
Eclesiástico, O Testamento dos doze
Patriarcas entre outros.
Todas estas características se
encaixam perfeitamente no gênero que
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
64
entendemos ser o que Tiago utilizou, o
“epistolar homilético”. Assim a passagem em
questão se trata de uma homilia que foi
compilada por Tiago nesta epístola.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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3.3 – Estrutura do texto
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
66
Palavras chaves
Feliz - Maka,rioj
Forma prolongada do poético Makar.
Segundo Strong28, pode ser melhor traduzida
por Feliz, ou Bem-aventurado sendo a
segunda opção a mais usada pela versão
João Ferreira de Almeida.
Este termo ocorre 16 vezes no Novo
Testamento grego29, predominantemente nos
discursos de Jesus. A Septuaginta30 traduziu o
termo rva por Maka,rioj 25 vezes quase
todas como referência a felicidade d’aquele
que agrada à Deus. A idéia é de uma
interjeição que abre uma sentença. Nos
28
STRONG, James. Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong. Barueri, Sociedade Bíbl ica do Brasi l , 2002. Disponível em Bíbl ia Online 29
CANNE, BROWNE, BLAYNEY, SCOTT et al l i . Concordância Exaust iva do Conhecimento Bíbl ico. Barueri, Sociedade Bíbl ica do Brasi l , 2002. D isponível em Bíbl ia Online. 30
–“The Greek Septuagint”. Texto preparado e corr igido por Dr. Maurice Robinson. Verso sincronizado por Stephen Long. Dsiponível em Bíbl ia Online.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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escritos proféticos do Velho Testamento e nos
ensinos de Jesus e na linguagem profética do
Apocalipse, Feliz é a interjeição que abre os
discursos de aprovação divina e Ai é o termo
que principia os decretos de reprovação
divina.
Tentação - peirasmo,n
Este substantivo que ocorre 11 vezes
no texto grego31, bem como os demais termos
que são derivados da mesma raiz
(peirazo,menoj - tentado; peira,zomai – tentado;
avpei,rasto,j - incapaz de ser tentado; peira,zei –
tenta; peira,zetai – tentado). Possuem num
certo sentido o mesmo significado de provar,
tentar.32 Contudo, é importante que façamos
uma distinção entre a provação divina que
31
Op cit . 32
32De acordo com o Léxico do N.T. grego/português de
F. Wilbur e Frederick W. Danker existem apenas dois sent idos possíveis para este termo no Novo Testamento: 1. Prova/Teste; 2. Tentação/ Incitação ao pecado sendo o últ imo o termo predominante.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
68
visa o crescimento do seu povo e a tentação
que consiste no estímulo ao pecado por meio
de um agente externo ou ainda por meio das
inclinações interiores. Deus como a própria
passagem nos mostra é incapaz de ser
tentado pelo mal e a ninguém tenta. Se
entendermos que este termo se refere a
tentação, e parece que o é33, devemos ter em
mente que esta tentação está relacionada às
inclinações interiores e que, portanto o verso
12 ao invés de se referir a uma sentença
isolada sobre a provação representa uma
unidade semântica com os termos
supracitados se referindo a tentação; e a
provação apenas no sentido de que Deus
pode se valer destas ocasiões de tentação
para provar o seu povo.
33
Esta parece ser a melhor opção, uma vez que a perícope vai do verso 12 até o verso 15, e que é mui to dif íc i l que o termo se ref ira a “teste” no verso 12 e a “tentação” em todas as outras ocorrências do verso13 até o verso 15. Ver ainda Ederson Lourenço Gonçalves em sua Síntese do NT. Pág 99.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Desejo - evpiqumi,aj
Este termo que ocorre 20 vezes no
Novo Testamento grego e34 ocorre 2 vezes
nesta perícope (confira versos 14 e 15) e está
relacionado às inclinações pecaminosas que
levam os homens a pecar.
Notemos que possuir um desejo em si
mesmo não constitui um pecado, ninguém
poderá vir a ser culpado por desejar um bom
alimento (fome) ou por desejar a felicidade
dos seus filhos.
Contudo o termo aqui não pode ser
visto apenas como uma disposição favorável,
pois, este é indissociável das inclinações e
dos desejos do coração humano. Assim sendo
devemos entender este desejo, como aquela
inclinação depravada, que leva os seres
34
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
70
humanos a desejarem o que é mau podendo
desembocar em atitudes pecaminosas.
Concebido - sullabou/as
Ocorre uma única vez no Novo
Testamento grego35 vem de sun36 que
significa com e lambanw37 que pode ser
traduzido por receber, pegar, tomar a tradução
mais provável é conceber.
Neste sentido, a expressão se refere a
alguém que gera dentro de si o desejo, de
modo semelhante a uma mulher que ao
engravidar gera dentro de si um feto.É uma
figura interessante, pois a gravidez não é
percebida no momento da concepção, mas só
mais tarde, com o desenvolvimento da criança
no interior da mulher. Da mesma forma, o
desejo a princípio age apenas interiormente,
mas depois ele se exterioriza no pecado.
35
Op cit . 36
Op cit . 37
Op cit .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Dá á luz - ti,ktei
Este termo também só ocorre nesta
passagem em todo o Novo Testamento
grego38. O sentido de acordo com Strong39:
a. O do parto de uma mulher;
b. O da Terra que produz o seu fruto;
c. Como metáfora/gerar, dar à luz.
Fica evidente, que Tiago está
estabelecendo uma figura para comparar a
tentação, o pecado e a morte, com a
concepção, a gravidez e o parto. Figura esta,
cujo significado haveremos de oportunamente
estudar. Citando uma paráfrase da Bíblia
sobre estes dois últimos termos poderíamos
dizer: "O pecado, filho de desejo incontrolado,
cresce e, por seu turno, dá à luz um filho, a
morte"40
38
Cam. Bible – Novo Comentário da Bíbl ia, disponível em Bíbl ia on-l ine 39
Op cit . 40
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
72
Aprovado – do,kimoj
Este termo ocorre 3 vezes no Novo
Testamento Grego41. Os sentidos possíveis de
acordo com Gingrich e Dancker42 são de: 1.
aprovado/ genuíno; 2.testado e verdadeiro,
respeitado e estimado. Sendo que para os
mesmos, as melhores traduções de do,kimoj
em Tiago 1:12 são aquelas que o identificam
ao primeiro sentido.
Em Strong43,encontramos uma
interessante citação sobre a origem
deste termo na língua grega:
No mundo antigo não havia sistema
bancário como nós o conhecemos
hoje, e nem dinheiro em papel. Todo
dinheiro era feito de metal, aquecido
até se tornar líquido, despejado em
41
Op cit . 42
GINGRICH, F. Wilbur e DANKER, Frederick W. Léxico do N.T. Grego/Português., Sociedade Religiosa Edições Vida Nova,primeira edição, São Paulo 1993, pág.59 . 43
Op cit .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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moldes e deixado para esfriar. Quando
as moedas estavam frias, era
necessário polir os cantos irregulares.
As moedas eram comparativamente
brandas e, é claro, muitas pessoas
cortavam pequenas fatias do metal.
Em um século, mais que oitenta leis
foram promulgadas em Atenas, para
parar a prática de cortar as moedas
que estavam em circulação. No
entanto, algumas da pessoas que
cambiavam o dinheiro eram homens
íntegros, que não aceitariam dinheiro
falsificado. Eram pessoas honradas
que colocavam em circulação apenas
dinheiro genuíno e com o peso correto.
Tais homens eram chamados de
"dokimos" ou "aprovados". (Donald
Barnhouse)
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
74
Coroa da Vida – ste,fanon th/j
zwh/j
Esta expressão só ocorre duas vezes
no Novo Testamento grego44. E nas duas o
sentido é o mesmo: O de premio ao cristão
que perseverou até o fim da vida. Em
Apocalipse capítulo 2 versículo 10, na carta
que o Senhor Jesus enviou a Igreja de
Esmirna, lemos: “Nada temas das coisas que
hás de padecer. Eis que o diabo lançará
alguns de vós na prisão, para que sejais
tentados; e tereis uma tribulação de dez dias.
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da
vida.”45
Coroa da vida, portanto, é o símbolo da
vida eterna46. No caso dos membros da Igreja
de Esmirna, alguns deles poderiam até
44
Op cit . 45
Optamos pela versão revista e corrida aqui, por entendermos que a mesma expressa melhor o sent ido dos originais. 46
Sobre isto ver: HENDRIKSEN, Wil l iam, Mais que vencedores, Cultura Cristã,São Paulo, SP. Pág. 96
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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mesmo sofrer o martírio. Mas os mesmos não
deveriam ceder as tentações do diabo. Pois
se os mesmos perseverassem até o fim
haveriam de receber a coroa da vida e não
desfrutariam o dano da segunda morte
(yanatou tou deuterou).
Morte – qa,naton
Este termo ocorre 23 vezes no Novo
Testamento grego47. De acordo com Strong48,
este termo tem os seguintes sentidos no Novo
Testamento:
1- a morte do corpo;
1a - aquela separação (seja natural ou
violenta) da alma e do corpo pela qual a
vida na terra termina;
1b - com a idéia implícita de miséria futura
no inferno;
1b1- o poder da morte;
47
Op cit . 48
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
76
1c - como o mundo inferior, a habitação
dos mortos era concebida como sendo
muito escura, equivalente \a região da
mais densa treva, i.e., figuradamente, uma
região envolvida em trevas de ignorância e
pecado;
2 - metáfora., a perda daquela única vida
digna do nome;
2a - a miséria da alma que se origina do
pecado, que começa na terra, mas
continua e aumenta, depois da morte do
corpo, no inferno;
3 - o estado miserável do ímpio no inferno;
4 - no sentido mais amplo, a morte,
incluindo todas as misérias que se
originam do pecado, e inclui a morte física
como a perda de um vida consagrada a
Deus e abênçoada por ele na terra, é
seguida pela desdita no inferno;
O sentido nesta passagem de Tiago
é o segundo, o da miséria que se origina
no pecado e aumenta, depois da morte
do corpo no inferno. Sendo este o
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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sentido que melhor contrasta com a
expressão “coroa da vida”.
Suportar - u`pome,nei
Este verbo ocorre apenas 2 vezes com
esta declinação no Novo Testamento
grego49.A primeira em 1 Corintios capítulo 13
versículo 7 no qual o Apostolo Paulo diz que o
amor: “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta.” E a segunda ocorrência desta
declinação do verbo u`pome,nei se dá nesta
perícope.
De acordo com Gringich e Danker 50
este verbo pode ser traduzido por suportar,
permancer, perseverar, ficar atrás.O modo
49
Op cit . 50
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
78
indicativo demonstra que este suportar é uma
ação certa.
Aspectos gramaticais
Verso 12
Maka,rioj avnh.r o]j u`pome,nei peirasmo,n o[ti
do,kimoj geno,menoj lh,myetai to.n ste,fanon th/j
zwh/j o]n evphggei,lato toi/j avgapw/sin auvto,n
Feliz o homem que suporta a tentação, que se
torna aprovado. Ele receberá a coroa da vida
que Deus prometeu aos que o amam.
A expressão Maka,rioj avnh.r pode ser
traduzida como “feliz o homem”51 pois o
adjetivo Maka,rioj que está no caso
nominativo se refere ao sujeito da frase que é
avnh.r que pode ser entendido como homem no
sentido de um representante do gênero
humano.
51
Op cit .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Esta expressão vem ligada ao pronome
o]j que liga o sujeito ao predicado da frase,
que liga o homem a ação que ele realiza. E o
que ele faz?
Ele resiste a tentação. u`pome,nei é um
verbo que pode ser traduzido tanto por
perseverar quanto por suportar52 . À luz do
contexto desta perícope, entendemos que a
melhor tradução aqui é suportar, uma vez que
o mesmo está ligado a peirasmo,n que no caso
acusativo indica uma ação diretamente
recebida pelo objeto53, assim podemos
entender que a tentação é suportada
diretamente pelo homem.
Este homem que suporta a tentação é
o[ti do,kimoj geno,menoj - que se torna
aprovado.54 A conjunção o[ti passa a introduzir
a conseqüência desta ação de suportar a
tentação.
52
Op cit . 53
Op cit . 54
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
80
A conseqüência para o homem é que
ele se torna aprovado e que por esta razão ele
recebe a coroa da vida - lh,myetai to.n ste,fanon
th/j zwh/j. A voz média do verbo lh,myetai55
indica que receber a coroa da vida é uma
conseqüência da ação de suportar a tentação.
Ao fazer isto, o homem recebe a coroa da vida
que Deus Prometeu à aqueles que o amam.
Embora o termo Deus não conste nos
originais56 (ver no capítulo III a discussão
sobre problema textual) podemos certamente
inferir que o mesmo é o sujeito oculto do
verbo evphggei,lato e por esta razão, optamos
por deixa-lo em nossa tradução para o
português uma vez que assim, o sentido da
frase fica mais claro. O dativo nesta ultima
parte indica que a coroa da vida é um
benefício daqueles amam à Deus. Assim
sabemos que “homem” não se trata de
qualquer pessoa do gênero humano, mas sim
55
Op cit . 56
Op cit .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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àquele que ama a Deus e que por esta razão
suporta a tentação recebendo a coroa da vida.
Verso 13
mhdei.j peirazo,menoj lege,tw o[ti VApo. qeou/
peira,zomai\ o ga.r qeo.j avpei,rasto,j evstin kakw/n
peira,zei de. auvto.j ouvde,na
Ninguém quando tentado diga que por Deus
foi tentado, pois, Deus não pode ser tentado
pelo mau e Ele a ninguém tenta.
Tiago continua o assunto dizendo agora
que “ninguém” mhdei.j quando tentado diga que
por Deus foi tentado. O verbo peirazo,menoj que
está na voz passiva indica que o sujeito é
quem recebe a ação57.
No caso, ninguém que estiver sendo
tentado, ou melhor, quando tentado deverá
57
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
82
dizer (lege,tw voz ativa ) que esta ação provém
de Deus, ou que por Deus - VApo. qeou é
tentado.
Deus não é a origem da ação sofrida. A
origem é outra de acordo com Tiago, isto pode
ser visto nestes três verbos pela forma como
as vozes deles se relacionam.
Assim, agora ele vai apresentar por que
Deus não pode ser o autor da ação de tentar.
Pois Deus - o` ga.r qeo.j é :
1º Não pode ser tentado pelo mau. O termo
avpei,rasto,j foi aqui traduzido pela expressão
“não pode ser tentado”58 uma vez que era
difícil escolher uma única palavra em nossa
língua que esgotasse o significado e que
ainda fosse acessível as pessoas. Por isto,
optamos por esta expressão por que
entendemos que ela faz justiça ao sentido
original desta palavra. Assim o primeiro
58
Op cit .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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argumento de Tiago é que Deus não pode ser
tentado pelo mau.
2º Ele a ninguém tenta .O acusativo de ouvde,na
que também pode ser traduzido por
ninguém59, indica que Deus não tenta a
nenhuma pessoa isto não faz parte do seu
modo de agir. Por esta razão, a Deus não
pode ser atribuída a tentação de que Tiago
fala.
Verso 14
e[kastoj de. peira,zetai upo. th/j ivdi,aj evpiqumi,aj
evxelko,menoj kai. deleazo,menoj\
Mas cada um é tentado por meio do próprio
desejo quando arrastado e seduzido.
Surge agora então o causador desta
ação sofrida pelo homem, os seus próprios
59
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
84
desejos. e[kastoj de. peira,zetai traduzido por:
mas cada um é tentado.
A idéia de e[kastoj é de individualidade
cada um é tentado60, ou seja, não se trata de
uma ação recebida corporativamente antes
uma ação que é recebida individualmente pois
cada um é tentado.
E pelo que ele é tentado? A resposta é
pelos seus próprios desejos - upo. th/j ivdi,aj
evpiqumi,aj. O genitivo61 nestas sentenças
reforça a idéia de que os desejos pertencem à
pessoa desejada. evpiqumi,aj é uma palavra que
nas Escrituras tem o sentido de desejos da
carne, cobiça pelo proibido62 .
Uma vez que Tiago define a origem da
tentação que é o desejo ele passa agora a
ensinar como é que o desejo nos tenta. E para
isto ele define duas formas pelas quais o
desejo nos tenta:
60
Op cit . 61
Op cit . 62
Op cit .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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1º Quando arrastado (evxelko,menoj). A raiz desta
palavra é evxelkw que por sua vez é composta
por duas outras palavras a preposição evx que
pode ser traduzida por “de” ou “de dentro de”
e por elkw que literalmente pode ser traduzido
por “puxar”, “arrancar”, “arrastar” “impelir”.
Assim poderíamos dizer que a melhor
tradução desta palavra seria arrastar,
impelir.63 Assim o desejo nos arrasta, nos
impele ao pecado como haveremos de ver. A
segunda ação do desejo é semelhante a esta.
2ºQuando seduzido (deleazo,menoj). De dolov
que por sua vez vem de um termo arcaico
delov que provavelmente significa “atrair
com engano”64
Com base nisto, podemos dizer que a
sedução em questão é uma espécie de
atração enganosa que o desejo gera na
pessoa, o arrastando ao pecado.
63
Op cit . 64
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
86
Verso 15
ei=ta h evpiqumi,a sullabou/sa ti,ktei a`marti,an h` de.
a`marti,a avpotelesqei/sa avpoku,ei qa,naton
Então o desejo concebido, gera o pecado, e o
pecado consumado dá à luz a morte.
O advérbio ei=ta traduzido por “então”65
introduz a sentença do verso 15 que diz
aonde, nos leva o desejo concebido. A figura
que Tiago usa aqui é interessante.
Para Tiago o desejo quando começa
em nós gerando o pecado pode ser
comparado a uma mulher que engravida
gerando um filho. Isto pode ser visto pela
expressão evpiqumi,a sullabou/sa ti,ktei amarti,na
que pode ser traduzida por o “desejo
concebido gera o pecado”66 .
Mas este paralelo, que Tiago faz, não
termina aí, uma vez que ele introduz uma
65
Op cit . 66
Op cit .
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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nova sentença, dando assim, uma progressão
ao seu raciocínio.
h` de. a`marti,a avpotelesqei/as - e o pecado
consumado. A idéia de Tiago aqui é a de um
desejo desdobrado em uma ação.67
Isto não quer dizer que o próprio
desejo para ele não fosse um pecado, mas
sim, que este desejo levado a uma ação
certamente desembocará em tragédia.
É por isto, que ele diz: h` de. a`marti,a
avpotelesqei/sa avpoku,ei qa,naton - e o pecado
consumado dá a luz a morte.68 Aqui ele
termina a figura da gravidez. O pecado já foi
gerado por aquele concebeu um desejo
pecaminoso, mas se ele for exteriorizado em
atitudes (consumado) ele desembocará
(avpoku,ei- - dará a luz a) na morte.
67
Op cit . 68
Op cit .
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
88
Mensagem para a época da escrita
FIG.1 - UMA VISTA DO COLISEU LOCAL DO
MARTÍRIO DE MUITOS CRISTÃOS
A passagem que temos aqui é uma
exortação de Tiago para que os cristãos
dispersos suportassem as tentações. Tiago
escreve esta epístola nos dias do Imperador
Cláudio período em que a Igreja sofreu forte
perseguição.
Diversas situações daquele período
poderiam se tornar verdadeiras ocasiões para
que a tentação interior se manifestasse. Por
isto, feliz seria aquele uma vez que
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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suportassem tais desejos logo que eles se
manifestassem.69
A seguir mostraremos quais são as
possíveis tentações interiores que poderiam
aflorar em meio às possíveis situações
adversas do período:
A Tentação de negar a fé.
Era certo que em meio à perseguição,
em meio a hostilidade do império sob o perigo
constante do martírio a fé destes cristãos
primitivos fosse constantemente ameaçada.
Tiago, portanto os exorta a permanecerem
firmes na sua fé até o fim para que eles
recebam a coroa da vida que neste contexto
poderia literalmente significar a coroa do
martírio.
69
Veja o pensamento de Douglas J. Moo.Op cit . Pág.70 -74
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
90
A Tentação do antinomismo.
Tiago em sua epístola combate
claramente o antinomismo. O antinomismo é
esta tendência de encarar a graça mediante a
fé como oposta a uma vida de submissão a
Deus e obediência a Cristo. Tiago nesta
passagem exorta estes cristãos à não
sucumbirem aos seus desejos pecaminosos
antes os exorta a resisti-los, e um desses
desejos poderia ser esta tentação de dissociar
a fé e as obras.
A Tentação de perverter a fé.
Estes cristãos estavam inseridos em
meio aos gentios, e havia muitos falsos
mestres se levantando nestes dias. Eles
poderiam ser tentados a corromper a sua fé
aderindo aos valores do mundo daqueles dias
ou ainda caindo no ensino errado dos falsos
mestres.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Teologia do texto.
Existem pelo menos quatro doutrinas
que podem ser levantadas a partir da
passagem por nós estudada da Epístola de
Tiago. O que faremos a seguir é apresentar
cada uma delas e expondo o seu significado e
tomando como base o próprio texto da
Epístola, mas a sustentando com outras
passagens correlatas da escritura usando o
princípio da analogia da fé.
Doutrina da perseverança dos
santos.
“Feliz o homem que resiste a tentação, que se
torna aprovado. Ele receberá a coroa da vida
que Deus prometeu aos que o amam.”
Tiago 1:12
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
92
A doutrina da perseverança dos santos
é uma das doutrinas mais importantes e belas
das Escrituras Sagradas. Ela ensina que
aqueles que uma vez foram salvos jamais
perderão a salvação e haverão de perseverar
na fé e na santificação até o final de suas
vidas.
Os Cânones de Dort no seu capítulo 5
que versa sobre a perseverança dos santos e
a relação dela com a doutrina da tentação,
dizem o seguinte:
1. Aqueles que, de acordo com o seu
propósito, Deus chama à comunhão do
seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e
regenera pelo seu Santo Espírito, Ele
certamente os livra do domínio e da
escravidão do pecado. Mas nesta vida,
Ele não os livra totalmente da carne e do
corpo de pecado (Rom 7:24).
2. Portanto, pecados diários de fraqueza
surgem e até as melhores obras dos
santos são imperfeitas. Estes são para
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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eles constante motivo para humilhar-se
perante Deus e refugiar-se no Cristo
crucificado. Também são motivo para
mais e mais mortificar a carne através do
Espírito de oração, e através dos santos
exercícios de piedade, e ansiar pela
meta da perfeição. Eles fazem isto até
que possam reinar com o Cordeiro de
Deus nos céus, finalmente livres deste
corpo de morte.
3. Por causa dos seus pecados
remanescentes e também por causa das
tentações do mundo e de Satanás,
aqueles que têm sido convertidos não
poderiam perseverar nesta graça, se
deixados ao cuidado de suas próprias
forças. Mas Deus é fiel:
misericordiosamente os confirma na
graça, uma vez conferida sobre eles, e
poderosamente preserva a eles na sua
graça até o fim. 70
70
Cânones de Dort, disponível em www.monergismo.com , acessado em janeiro de 2006.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
94
Com base nesta belíssima declaração
e com base no ensino da passagem sobre o
assunto poderíamos fazer as seguintes
considerações sobre a doutrina da
perseverança no livro de Tiago.
Primeiro, Tiago está escrevendo para
crentes que enfrentavam o problema da
tentação interna, segundo, ele os desafia a
suportarem, a resistirem esta tentação e
terceiro, o resistir, ou suportar à tentação é
fruto da graça de Deus e da mortificação da
carne.
Isto posto gostaríamos de fazer com
base nestes versos duas perguntas acerca
desta resistência a tentação:
Quem são os que resistem?
Em primeiro lugar os que resistem são
chamados pelas Escrituras de “felizes”, de
“bem aventurados”. Esta alegria que eles
possuem não tem origem humana, mas, elas
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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provem de Deus. É uma alegria daqueles que
tem as consolações divinas, que esperam em
Deus.
No sermão do monte o Senhor Jesus
nos fala sobre este grupo. Bem aventurados
são aqueles a quem o Senhor aprova. A
linguagem de Tiago é semelhante à de Jesus
no Sermão do Monte a qual diz:
“Bem-aventurados os humildes de
espírito, porque deles é o reino dos
céus”.
Bem-aventurados os que choram,
porque serão consolados.
Bem-aventurados os mansos, porque
herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e
sede de justiça, porque serão fartos.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os limpos de coração,
porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores,
porque serão chamados filhos de Deus.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
96
Bem-aventurados os perseguidos por
causa da justiça, porque deles é o reino
dos céus.
Bem-aventurados os perseguidos por
causa da justiça, porque deles é o reino
dos céus.
Bem-aventurados os perseguidos por
causa da justiça, porque deles é o reino
dos céus.
Bem-aventurados sois quando, por
minha causa, vos injuriarem, e vos
perseguirem, e, mentindo, disserem todo
mal contra vós.
“Regozijai-vos e exultai, porque é grande
o vosso galardão nos céus; pois assim
perseguiram aos profetas que viveram
antes de vós”.Mateus 5:1-12
Em segundo lugar, os que resistem são
os que amam a Deus. Eles resistem por que o
seu amor a Deus é maior do que o seu desejo
pelo pecado.
Da onde vem este amor? O apostolo
Paulo em sua carta aos romanos nos diz que
o amor de Deus é derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo, que nos foi
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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outorgado. Sendo assim sabemos que este
amor “ágape” é um amor que se origina em
Deus.
É acerca deste amor que se refere o
apóstolo João quando afirma que Deus é
amor. Ele é derramado em nossos corações
pelo Espírito Santo. Por isto, podemos dizer
que tal amor é um dom, no sentido de que ele
é a principal das dádivas e dos dons perfeitos
que Tiago se refere em sua Epístola.
Este amor que nos é dado por Deus,
deve retornar a sua fonte, pois ele mesmo nos
diz: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração com todas as tuas forças e com todo
o teu entendimento”. Logo, para cumprirmos
os mandamentos de amar a Deus e ao
próximo precisamos ser agraciados com esta
capacidade de amar, o que só será possível
se primeiro o Espírito Santo tenha nos
regenerado, gerando em nós uma nova
disposição.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
98
Sobre o valor de amarmos a Deus sobre
todas as coisas C.S.Lewis diz:
Existe um método para dissuadir-nos
de amar imoderadamente nosso
semelhante que me acho rejeitando
desde o princípio. Faço isso com
tremor, pois o encontrei nas páginas
de um grande santo e pensador a
quem muito devo. Em palavras que
ainda podem provocar lágrimas,
Agostinho descreve a desolação em
que a morte de seu amigo Nebridius o
mergulhou (Confissões IV, 10). E extrai
então uma moral. Isto é o que
acontece, diz ele, quando entregamos
nosso coração a qualquer coisa além
de Deus. Todos os seres humanos
morrem. Não permita que sua
felicidade de penda de algo que se
pode perder. Caso o amor deva ser
uma bênção e não uma maldição, deve
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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dirigir-se ao único Amado que jamais
partirá.71
O que eles recebem por resistir ao
desejo de pecar?
Em primeiro lugar, os que resistem ao
pecado recebem aprovação divina. O termo
do,kimoj se refere a aquele que é aprovado
depois de posto a prova. E embora o Senhor
não nos tente, ele pode, contudo se valer de
tais situações de tentação, para provar os
seus filhos, uma vez que, todas as coisas
cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus.
Assim, aqueles que resistem aos
apelos interiores do pecado, e que não
sucumbem às tentações são aprovados por
Deus que os confirma a fé.
Em segundo lugar, vemos que aqueles
que resistem ao pecado são aqueles amam a
71
Os Quatro Amores, C. S. Lewis, disponível em www.monergismo.com acessado em Janeiro de 2006
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
100
Deus. Um grupo que está destinado a receber
a coroa da Vida que Deus prometeu àqueles
que o amam.
Este termo “coroa da vida” significa o
prêmio da perseverança dos santos, a glória
destinada aos filhos de Deus, a herança
prometida para todos aqueles que estão em
Cristo (Ap.2.10) 72
A glorificação que eliminará de nós toda
a presença do pecado, todas as tentações e
provas, e nos dará o tão esperado prêmio
daqueles que são salvos em Cristo Jesus.73
72
Consulte palavras-chaves desta obra. 73
BERKHOF, Louis, Teologia Sistemática, Cultura Cristã pág. 77
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Doutrina da impecabilidade de
Deus.
“Ninguém quando tentado diga que por Deus
foi tentado, pois, Deus não pode ser tentado
pelo mau e ele a ninguém tenta, mas cada um
é tentado por meio do próprio desejo quando
arrastado e seduzido.”
Tiago 1:13-14
O trecho que agora transcrevemos,
apresenta esta questão: Uma vez que Deus é
Santo, que Ele é justo em todos os seus
caminhos, que Ele é bom o mesmo não pode
pecar.
Este “não poder pecar”, em sentido
nenhum,anula sua onipotência, ou soberania,
antes o que estamos dizendo é que é uma
impossibilidade lógica um Deus que é bom, e
que é santo e que é Justo cometer qualquer
pecado.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
102
A doutrina da Impecabilidade de Deus
pode ser encontrada nesta passagem de
Tiago quando é dito “que Deus não pode ser
tentado pelo mau”, o que está implícito aqui,
é a idéia de que Deus no seu ser não pode
desejar o mau por que Ele mesmo é
essencialmente bom.
Doutrina da tentação interna.
“O alvo da tentação é desonrar a Deus e
abater a alma.”
John Owen
“Se procederes bem, não é certo que serás
aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o
pecado jaz à porta; o seu desejo será contra
ti, mas a ti cumpre dominá-lo.”
Gênesis 4:7
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Uma outra doutrina que pode ser
levantada desta perícope de Tiago é a
doutrina da tentação interna. Sabemos que o
homem pode ser tentado externamente pelo
mundo que nos assedia, pelo Diabo, o nosso
adversário, que está sempre ao nosso redor
como um “leão que ruge” procurando uma
razão para nos devorar.
Mas todas estas tentações acontecem
por assim dizer, fora de nós, o mundo que é
este sistema de valores, que jaz no maligno,
pode nos oferecer muitas coisas, mas ele não
tem poder de nos fazer aceitá-las. O diabo
com toda a sua astúcia e poder pode, assim
como ele fez a Cristo no deserto, nos oferecer
“todos os reinos deste mundo” se pecarmos,
mas ele não pode gerar em nós este desejo e
o pecado não ocorrerá sem primeiro e
internamente sejamos tentados.
Esta passagem de Tiago é fecunda de
referências acerca da tentação interna.
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
104
Poderíamos até dizer que este é o principal
assunto abordado por esta pericope. Nesta
passagem que estudamos lemos que “Feliz o
homem que suporta a tentação” numa
referência a pessoa que resiste a tentação
interna e que por amor a Deus, mortifica a
carne, obtendo vitória sobre o pecado que o
assedia.74
Esta perícope ensina que Deus não
pode ser responsabilizado pela tentação “pois,
Deus não pode ser tentado pelo mau e ele a
ninguém tenta”.
Por isto, a origem da tentação interna
está nos nossos desejos em nossas cobiças
como Tiago nos ensina neste trecho: “mas
cada um é tentado por meio do próprio desejo
quando arrastado e seduzido.” Então é o
desejo que nos arrasta e nos seduz e nos
inclina ao pecado. Esta tentação interna,
74
De acordo com Robertson, o termo peirasmon em Tiago 1:13 se refere a uma tentação real (Real temptat ion), em contraposição a uma prova, ou teste ( tr ials), do verso 2. Ver ROBERTSON, NT Word Pictures, disponível em Bíbl ia onl ine.
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muito embora possa ser estimulado pela
tentação externa, não pode ser atribuída nem
ao mundo e nem ao Diabo. Sendo assim não
há nenhum responsável pela tentação interna
além de nós mesmos.
É importante frisar ainda que o “cada
um” significa que a tentação interna é
individual e a origem dela está exclusivamente
em nossos desejos. Sobre isto, Herminsten
Maia Pereira da Costa diz o seguinte:
“O homem com demasiada freqüência é
tentado por sua própria cobiça; pelo desejo
de ter, possuir”. A sutileza desta questão
encontra-se no fato de que muitas vezes a
tentação vem acompanhada de desejos e
necessidades legítimos; a armadilha se
oculta no fato de o homem querer atingir
os seus propósitos de modo contrário à
palavra de Deus, colocando sua vontade
sobre a de Deus. Somos tentados a achar
que o nosso método é melhor do que o de
Deus, que nossos caminhos são mais
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
106
eficazes... Assim pensando procuramos
atalhos que terminam por nos meter em
grande perigo. Por isto a constatação de
Tiago: “Cada um é tentado pela sua
própria cobiça”75
Não poderíamos encerrar esta
passagem sem dizer ainda que para Tiago é
nossa obrigação suportar a tentação interna,
resistir a nossa cobiça, resistir aos nossos
desejos pecaminosos. Mesmo sabendo que o
desejar o pecado já é pecar, ainda assim o
praticar o pecado é muito pior do que o
desejar.
Então mesmo que em nós ainda exista
este tipo desejo como conseqüência da queda
somos chamados pela palavra de Deus a
mortificar os desejos da carne e a viver
guiados e conduzidos pelo Espírito de Deus
(Rm. 8:9-12)
75
COSTA, Herminsten Maia Perei ra da, O Pai Nosso, São Paulo, SP. 2001,Cultura Cristã, pág. 73
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Esta também foi a ordem dada a Caim
no livro de Gênesis ele já tinha um desejo
pecaminoso em seu coração, mas Deus o diz
para dominar este desejo. O Senhor lhe disse:
“o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre
dominá-lo.”
Doutrina do pecado.
“Então o desejo concebido, gera o pecado, e o
pecado consumado dá à luz a morte.”
Tiago 1:15
“E todo aquele que tem essa esperança em
Cristo purifica-se a si mesmo, assim como
Cristo é puro. Quem peca é culpado de
quebrar a lei de Deus, porque o pecado é a
quebra da lei.”
1Jo 3:4
O que é pecado? De acordo com o
Breve Catecismo de Westminster: “Pecado é
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
108
qualquer falta de conformidade com a lei de
Deus, ou qualquer transgressão desta lei.”76
Passaremos mais adiante a analisar esta
definição dos reformadores de Westminster e
como ela se relaciona com ensino de Tiago.
Pecado pode ser definido como a
violação da vontade revelada de Deus que se
acha nas Escrituras Sagradas e que está
gravada nos corações humanos por meio da
revelação geral de Deus. O pecado atinge
todos os seres humanos, em todas as regiões,
em todas as épocas, por que as Escrituras
nos ensinam que todos pecaram e carecem
da glória de Deus. O pecado então é um
fenômeno universal.
O pecado é o desvio do propósito
revelado de Deus para Suas criaturas. O
propósito de Deus para Suas criaturas está
revelado em suas leis e estas leis revelam sua
natureza santa e gloriosa. E nisto, está à
76
Breve Catecismo de Westminster, www. monergismo.com // acessado 03/04/06
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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gravidade do pecado: todo pecado é uma
ofensa a natureza santa de Deus, uma afronta
a Sua glória.
Por esta razão, o pecado é tão
repugnante para Deus. Ele é Santo e exige
santidade de todas as suas criaturas, e
qualquer transgressão de sua lei será alvo de
Sua ira eterna e justa.77
Só há esperança de purificação em
Jesus Cristo. Pois, Ele é a propiciação pelos
nossos pecados78, Ele é o nosso substituto.
Através de Seu sangue podemos ter
esperança de purificação. É através da pureza
de Cristo que nós somos purificados dos
nossos pecados.
Nesta passagem Tiago define o pecado
como fruto do desejo concebido, o que nos faz
entender que o pecado origina-se na cobiça
77
OP Cit . pag.. 205 78
BOICE, James Motgomery, O Evangelho da Graça, Cultura Cristã, pág. 100 –101, ver ainda STOTT, Jhon, A Cruz de Cristo, Vida pág. 156 - 162
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
110
de coisas que nos são proibidas pela palavra
de Deus.
Uma outra idéia acerca do pecado que
Tiago expõe aqui é a de que todo pecado tem
conseqüências trágicas, em outras palavras
que o salário do pecado é a morte.
É provável que ao falar que o salário do
pecado é a morte aqui nesta passagem Tiago
esteja fazendo um contraste com a “coroa da
vida” que é apresenta no verso 12.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Aplicação.
“Feliz o homem que suporta a
tentação, que se torna aprovado. Ele
receberá a coroa da vida que Deus
prometeu aos que o amam.
Ninguém quando tentado diga
que por Deus foi tentado, pois, Deus
não pode ser tentado pelo mau e ele a
ninguém tenta, mas cada um é tentado
por meio do próprio desejo quando
arrastado e seduzido. Então o desejo
concebido, gera o pecado, e o pecado
consumado dá à luz a morte.”
Tiago 1:12-15
Vivemos em um mundo em que o apelo
para pecarmos é muito grande. Somos
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
112
constantemente tolhidos e atacados em nossa
fé. Somos assediados pelo mundo, este
sistema de valores corrompidos que nos
assedia. Não podemos andar muito tempo
sem que sejamos abordados por alguma
proposta para pecarmos, desviarmos,
corrompermos. Os meios de comunicação, as
relações de trabalho, as pessoas com quem
nos relacionamos, de todos os lugares, pode
vir algum ataque contra tudo aquilo que
amamos, a que damos valor. Isto ocorre por
que o mundo “jaz no maligno”.
Além do mundo, temos outro grande
inimigo o Diabo. O adversário de Deus. Ele já
declarou suas intenções a nosso respeito. Ele
veio para matar, roubar e destruir e sem
dúvida, ele é um grande adversário para
aqueles que amam a Deus.
Sabemos que ele é um estrategista
perigoso, que estuda as nossas fraquezas, e
arma cenários, que nos induzem ao erro. Ele
tem grande força, e ao seu comando estão
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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uma grande quantidade de anjos caídos.
Sabemos que Deus limita a sua atuação bem
como o seu poder, contudo, ele ainda é um
grande adversário dos filhos de Deus.
Mas todos estes inimigos estão fora de
nós. O diabo por mais que deseje não pode
nos obrigar a pecar, ou ainda nos fazer ceder
aos seus apelos para o pecado. O mundo por
mais que nos assedie não pode, em absoluto,
nos fazer aceitar o que ele oferece.
Mas, naquilo que concerne à carne,
nosso terceiro inimigo, aí sim temos um
grande problema. A tentação da carne ocorre
dentro de nós, em nossos corações, é quando
o nosso velho homem deseja aquilo que lhe é
peculiar; o pecado, a depravação. Enquanto
os outros combates acontecem fora de nós,
este combate acontece em nosso interior.
Tiago nesta passagem nos adverte a
suportar esta tentação da carne, a lutarmos
contra ela, uma vez que não estamos mais
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
114
sujeitos ao pecado e que Deus por meio do
seu Espírito nos regenerou e nos conclama a
viver em novidade de vida. O tema desta
mensagem poderia ser: O homem que suporta
a tentação. Gostaríamos de falar quais são as
características deste homem lembrando que
homem aqui é uma referência a todos aqueles
que suportam o pecado.
Então, o homem que suporta a tentação:
1º É feliz.
Tiago nos ensina que quem suporta a
tentação é feliz, bem aventurado. É alguém
que pode se alegrar com Deus e com as
coisas de Deus. É alguém que tem uma
felicidade permanente e oriunda dos céus. O
homem feliz aqui é aquele que conseguiu
vencer as suas tentações com os meios de
graça que Deus lhe concedeu. Ele se alegra
em Deus e não nos seus pecados, ou no
apelo das paixões, e dos desejos deste
mundo. Ele compreendeu que este mundo
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passa. Ele não se submete a concupiscência
da carne, concupiscência dos olhos, ou a
soberba da vida. Antes, quando tentado pelos
seus próprios desejos pecaminosos, ele está
disposto a esmurrar o seu próprio corpo tal
como o apóstolo Paulo. Ele aprendeu a ter
fome e sede de Justiça e a se alegrar com o
reino de Deus e com a sua justiça. Ele é feliz
por que ele aguarda um novo céu e uma nova
terra nos quais habita a justiça.
2º É aprovado.
Em segundo lugar, o homem que
suporta a tentação é alguém aprovado por
Deus. Ele sabe que Deus não o tenta, mas
que aquela tentação é fruto dos seus desejos
maus. Mas ele também sabe que Deus lhe
concedeu os meios necessários para resistir a
aquela situação, e ele sabe que nele habita o
Espírito Santo, e que o Pai lhe concedeu os
meios de graça para que ele cresça na fé e
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
116
mortifique os desejos da carne, ele tem a
Jesus Cristo a quem ele pode recorrer em
momentos assim, por que Cristo é o seu sumo
sacerdote a interceder pelos seus irmãos
diante do Pai. Ele se vale de todos estes
meios, persevera na fé, na oração, leitura da
Palavra e Deus lhe concede a vitória sobre
estes males e lhe dá a sua aprovação pelos
frutos de santificação que ele está dando.
3º Recebe a coroa da vida.
Por que ele suporta até o fim. Ele
recebe como prêmio à coroa da vida. A coroa
é um símbolo de vitória. Este homem, é
aquele que em Cristo vence o mundo a carne
e o diabo. Que prossegue dia a dia em
direção ao alvo. É o servo bom e fiel ao qual
Cristo se refere. É aquele que pelos méritos
de Cristo, haverá de entrar na festa das bodas
do Cordeiro. É a noiva ataviada com a suas
vestes brancas que se encontra com o seu
noivo que a espera. É o peregrino deste
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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mundo, que chega a sua pátria, Jerusalém
Celeste.
Quão oposto a tudo isto é o caminho
daquele que se entrega ao pecado, que
sucumbe aos desejos da carne que gera a
morte no seu coração. Se bem aventurado é o
caminho do primeiro ai do caminho deste
último.
4º Demonstra em atos, que o seu amor a
Deus, é maior que o seu desejo pelo
pecado.
E em quarto lugar é aquele que
demonstra que o seu amor a Deus é maior do
que seu amor ao mundo. Que mostra que o
seu tesouro maior é Deus por que é Nele que
o seu coração está.
No momento da decisão ele optou por
Cristo, e abandonou o mundo e os seus
prazeres, decidiu trilhar o caminho estreito
que conduz a vida. Ao invés do caminho largo
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
118
que conduz a morte. Ele é alguém que
aprendeu a amar a Deus acima de todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo. Este
vence o pecado, por que amor de Deus
revelado em Cristo cobre uma multidão de
pecados.
Nós somos chamados a ser em nossa
geração aqueles que buscam primeiro o reino
de Deus e a sua Justiça sabendo que todas
as coisas haverão de nos ser acrescentadas
no tempo devido.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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Conclusão
Chegamos ao término deste trabalho e
diante de todas as considerações históricas e
textuais já realizadas existe uma verdade que
se impões para nós Cristãos. A epístola de
Tiago é uma das mais belas e das mais ricas
e das mais edificantes porções da Palavra de
Deus.
Suas asseverações sobre o resistir em
condições adversas, seus paralelos com os
ensinos de Jesus, o caráter simples e prático
de seus ensinamentos faz com que mediante
o testemunho interno do Espírito exultemos
com a grandeza da Palavra de Deus.
O caráter autêntico e divino desta
epístola se impõe e o simples meditar nela já
deveria nos fazer perceber ela é inspirada por
Deus.
Buscamos ao longo deste trabalho
demonstrar que a tradução feita aqui é
UM ESTUDO SOBRE A TENTAÇÃO
120
exegeticamente possível, e que o ensino
contido nesta perícope sobre o suportar a
tentação interna é de fundamental importância
para a nossa vida cristã.
Para este trabalho, empregamos a
metodologia histórico-gramatical sob uma
perspectiva exegético-confessional.
EXEGESE DE TIAGO 1:12-15
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