um dia no parque

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DIA UM QUE NO PAR

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Book for OPorto City Park

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DIAUM

QUE

NOPAR

Aopiniãopúblicaportuensemobilizou-separadiscu-tirumprojectodeconstruçãodeumafrenteurbana juntoàCircunvalação,numadasperiferiasdoParquedaCidade,aqual,segundoalgumasvozes-entreasquaisasdoMovi-mentopeloParquedaCidade-,éconsideradaumautênti-co“monstro”debetão,queoinvadiriae,emúltimaanálise,acabariaporaniquilar. Numpaísemque,deummodogeral,ascidadeslutamcomumaenormecarênciadeespaçosverdes,aexistênciadeáreasdelazereconvívio,ondesepodelivre-mentefruiranatureza,representaumbempreciosoqueim-portasalvaguardar. O Parque da Cidade do Porto constitui, precisamen-te, uma dessas poucas áreas de ambiente natural, impres-cindíveisàqualidadedavidaurbana,sendonaturalqueoscidadãos se mobilizem pela preservação dessa riqueza tãoescassa,questionandoosprojectos imobiliáriosquenasuaopiniãoconstituemameaçasàintegridadedaquelesespaços.E,nocasodoPorto,essamobilizaçãoétantomaiscompre-ensíveldadoqueosprojectosdeimplantaçãodaqueleespa-çonaturalconstituemumavelhaaspiração,registandoumalongahistória.

PorJOSÉMANUELLOPESCORDEIRO

ALongaHistóriadoParquedaCidade

Embora já em 1926,numa planta cadastral en-tãoelaborada,tenhasurgidoumaprimeiradelimitaçãodaáreaqueemgrandepartevi-riaaserocupadapeloParquedaCidade,entreaEstradadaCircunvalaçãoeaentãoRuado Castelo do Queijo, só em1932, no “Prólogo ao Planoda Cidade do Porto”, da au-toriadeEzequieldeCampos,é definido um programa deordenamento urbano, pre-vendo um desenvolvimentoequilibrado da cidade, ondeestava contemplada a exis-tência de grandes espaçosverdesimplantadosnaspro-ximidadesdaAvenidadaBo-avista e a Noroeste, junto àCircunvalação. As ideias de Ezequielde Campos não encontra-ram, infelizmente, grandereceptividade por parte dosresponsáveis da época. Nãoobstante, prosseguiu-se nastentativas de elaboração deumplanodeurbanizaçãodacidade - correspondendo àlegislação promulgada em1934 que obrigava os muni-cípios a dotarem-se daqueletipodeinstrumentosdepla-

neamento -, pelo que a par-tirde1938iráserentregueaarquitectositalianosatarefadeelaboraremumplanoge-raldeurbanização. Embora as propostasentãoapresentadaspelosar-quitectositalianos,emparti-cularasdeGiovanniMuzio-que, entre outras, propunhaacriaçãodeum“estádioparagrandes competições, talveznoparquedacidade”-,tam-bémnãotivessemconhecidoo correspondente desenvol-vimento,começavamaficardefinidas as característicasfuncionaisdealgumaszonasda cidade, e desenhadas di-versasligaçõesviárias.Destemodo,nareuniãodaCâmaraMunicipaldoPortorealizadaem8deOutubrode1942fo-ramaprovados,entreoutros,o Projecto de UrbanizaçãodaZonaIndustrialdeRamal-de e a via que estabeleceriauma ligação rápida da cida-de com o porto de Leixões.Este último projecto serialigeiramente modificado nareuniãodacâmararealizadaem11deOutubrode1945,naqual,porsuavez,foiaprova-da a planta de demarcação

dosterrenosqueiriamcons-tituir a então denominadazonadesportiva,eprimitiva-mente destinados ao ParquedaCidade. O projecto detalhadodesta zona desportiva viriaaseraprovadonareuniãodaCâmara Municipal do Por-to realizada em 12 de Outu-brode1948.Deacordocoma documentação distribuídana Sessão de Esclarecimen-to e Debate Público sobre oParque da Cidade, promovi-da pela autarquia no Rivoli,no passado dia 4 de Julho,estavaprevistoqueestazonadesportivaficassedotadade“umhotelecasinonogavetocom a Avenida da Boavista,frente ao Castelo do Queijo,um pavilhão de desportos,instalações para basquete-bol e patinagem com frenteparaaavenidamarginal,umedifício juntoàPraçadaCi-dade do Salvador, incluindopiscina, um hipódromo, einstalaçõesparaapráticadeténis, as quais ocupariam arestante área compreendidaentreaEstradadaCircunva-lação,aAvenidadaBoavistae a projectada Avenida de

Nun’Álvares.Nazonaquesedesigna por 1.ª fase do Par-que da Cidade, estava pre-visto um campo de golfe de18 buracos cujas instalaçõesdeapoiosesituavamjuntoàEstradadaCircunvalação”. Esteambiciosoprojec-toveio,noentanto,aserpos-todeparte,masaquelaáreadestinada a zona desportivaacabou por conservar a de-finição anteriormente apro-vada,dadoquenoPlanoRe-gulador da Cidade do Porto,apresentado por Antão deAlmeida Garrett em 1952,é considerada como “zonadesportivamunicipal”. Uma das etapas maisimportantes na definiçãodo futuro Parque da Cidaderegistou-se na reunião ca-marária de 21 de Novembrode1961,naqualéaprovadooPlanoParcialdeUrbanizaçãodaZonadoCastelodoQueijo.Nesta reunião, coube ao ve-readorManuelRosasatarefadeexplicarefundamentaroprojectoqueentãoeraapre-sentado para aprovação. Deacordocomassuaspalavras,“omuitoapregoadolema-oPorto, a cidade do trabalho

- é realmente uma verdade,mas criou uma ideia de queoPortonãosabenemtemdi-reitoadivertir-se!Ora,parafixarasuapopulaçãoeatrairos novos, é necessário que avida na cidade seja agradá-vel, tanto dentro das horasdetrabalhocomoforadelas! É preciso criar essasfacilidades de recreio paratodos, não só no capítulodesportivo, mas também nodesimplespasseio,ounadefrequência das praias e par-ques de diversões. Temos deter mais jardins, mais cam-pos de jogos, piscinas, ma-nifestações culturais, comoconcertos e espectáculos aoar livre. Por isso é que esteprojecto é tão importantepara a cidade do Porto. Ali,nazonadoCastelodoQueijoprojecta-se criar um grandeparque, limitado pela Estra-dadaCircunvalação,RuadeAntónio Aroso, Avenida daBoavistaeEsplanadadoRiodeJaneiro. Nesse parque haveráum lago, servindo de praiapopular, piscina coberta,campo para diversos des-portos, um recinto para di-

versões no género da feirapopular, um grande hotel,pavilhõesparaexposições”.Apesardoardorcomqueen-tãofoiapresentado,tambémesteambiciosoplanoacaboupornãoserconcretizado.Noentanto, aquela zona da ci-dade passou, a partir de en-tão, a ser considerada comoumaáreadeespaçosverdes,nomeadamente no PlanoDirector da Cidade do Por-to apresentado por RobertAuzelle em 1962. Seria ne-cessário, contudo, aguardarainda cerca de três décadaspara que o almejado ParquedaCidadeviesseaconstituirumarealidade.Efectivamen-te,combasenumprojectodeSidónioPardal,desenvolvidoao longodadécadade1980,concretizou-se no início daseguinteavelhaaspiraçãodacidade em possuir um espa-ço verde e tranquilo que, deimediato, conquistou a pre-dilecçãodosportuensesparao usufruto dos seus temposlivres.

ACTIVIDADES

ARQUITECTURA

O Parque da Cidadeé o maior parque urbano dopaís, com uma superfície de83 hectares de áreas verdesnaturalizadas que se esten-dem até ao Oceano Atlânti-co, conferindo-lhe este fac-to,umaparticularidaderaraanívelmundial. Previsto no Plano deUrbanização do ArquitectoRobert Auzelle nos anos 60,

foiprojectadopeloarquitec-topaisagistaSidónioPardal,tendo sido inaugurado em1993 (1ª fase) e finalizadoem 2002, com a construçãoda Frente Marítima. Na suaconcepçãopaisagísticautili-zam-se muitas das técnicastradicionais da construçãorural, o que confere ao par-que uma expressão intem-poral, naturalista e uma es-

truturacomgrandepoderdesobrevivência.Apresençadapedraprovenientededemo-liçõesdeedifíciosedeoutrasestruturas, assume uma ca-racterística preponderantedeste parque, onde a cons-trução de muros de suportede terras, estadias, charcosdrenantes para a retençãodeáguasdaschuvas,descar-regadores de superfície dos

O Núcleo Rural deAldoar foi inaugurado em2002, após três anos de ob-ras de restauro e recupera-ção das suas quatro quintasrurais.Osespaçosrecupera-dos sob a autoria dos arqui-tectosJoãoRapagãoe

lagos, tanques, abrigos, bor-dadurasdecaminhosepavi-mentos,criamumaideiaru-ralecampestre.

MORFOLOGIADO TERRENO

CésarFernandes,perpetuama memória do Porto Rurale das suas característicasedificadoras, respeitandoa identidade patrimonial eculturaldasconstruções.Aí,podemos encontrar váriosequipamentos – um restau-rante, um salão de chá comesplanada e um picadeiropara o uso do Clube de Pó-neis e um Centro de Educa-çãoAmbiental,ondesãore-alizadas várias actividades

no âmbito da protecção domeio ambiente, dirigidas aopúblicoescolaremgeral. Na quinta 66, existemvárias lojas de associaçõessem fins lucrativos que, noâmbitodo“ComércioJusto”,promovem e comercializamos seus produtos oriundosprincipalmente da activi-dade artesanal e da agricul-tura biológica. A dinamiza-ção deste espaço permite atodos os utentes que quo-

tidianamente frequentemo parque, usufruírem dumpólodeatracçãonumambi-enteruralenaturalúniconacidade. Ao longo do Parqueda Cidade é possível cami-nharmosporumalongaredede caminhos (cerca de 10km) intervalados por diver-sasestadias,quecontrastamcom a expressão natural davegetaçãoenvolventequeas-sumeumpapelfundamentalnojogodeespaços.

As estadias surgemintegradas na paisagem re-presentando vários aconte-cimentos com motivos dife-rentes, onde é possível aosutentes encontrarem locaisisoladosdecontemplaçãooude descanso, com contactodirectoaosrelvadoseàsáre-asarborizadas. Ao vaguearmos peloParque é possível observar-mos e desfrutarmos de umavasta diversidade da fauna

FLORA

existente, que ao longo dosanos se tem vindo a crescere a fixar de forma natural,(por exemplo: patos bravos,cisnes, gansos, galinhas deágua, peixes, sapos, rãs, co-elhos vários repteis, etc.)Actualmente, este espaçoé palco de vários percur-sos migratórios de aves, dasquaissedestacaagarça. AfloradoParqueéricae diversificada, estando li-mitada pela proximidade domar.Existem74espéciesar-bóreas, 42 espécies arbusti-vas,15espéciesdeárvoresdefrutoe10espéciesaquáticas,num total de várias dezenasdemilharesdeexemplares.

FAUNA

TEXTURAS

ELEMENTOS

DE CORESPALETA

DIAUM

QUE

NOPAR