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UFRRJ INSTITUTO DE FLORESTAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E FLORESTAIS TESE Caracterização estrutural do complexo lignina-carboidrato-ácidos fenólicos da parede celular do caule de Euterpe oleracea Mart. (Arecaceae) Gisely de Lima Oliveira 2017

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UFRRJ

INSTITUTO DE FLORESTAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS

AMBIENTAIS E FLORESTAIS

TESE

Caracterização estrutural do complexo lignina-carboidrato-ácidos fenólicos da

parede celular do caule de Euterpe oleracea Mart. (Arecaceae)

Gisely de Lima Oliveira

2017

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FLORESTAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E

FLORESTAIS

CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL DO COMPLEXO

LIGNINA-CARBOIDRATO-ÁCIDOS FENÓLICOS DA

PAREDE CELULAR DO CAULE DE Euterpe oleracea Mart.

(Arecaceae)

Gisely de Lima Oliveira

Sob a orientação do Professor

Dr. Alexandre Monteiro de Carvalho

Dr. Heber dos Santos Abreu (in memoriam)

e Coorientação da Professora

Dra. Helena Regina Pinto Lima

Tese submetida como requisito parcial para

obtenção do grau de Doutor em Ciências, no

Programa de Pós-Graduação em Ciências

Ambientais e Florestais, Área de

concentração em Tecnologia e Utilização de

Produtos Florestais.

Seropédica, RJ

Maio de 2017

iii

Ficha catalográfica a ser elaborada pela Biblioteca Central

iv

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FLORESTAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS E

FLORESTAIS

GISELY DE LIMA OLIVEIRA

Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciências, no

Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais e Florestais, Área de Concentração em

Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais.

TESE APROVADA EM: 26/05/2017

____________________________________________________

Alexandre Monteiro de Carvallho. Prof. Dr. UFRRJ

(Orientador)

____________________________________________________

Fábio Akira Mori. Prof. Dr. UFLA

____________________________________________________

Juarez Benigno Paes. Prof. Dr.UFES

____________________________________________________

Fernando José Borges Gomes. Prof. Dr. UFRRJ

____________________________________________________

Gilmara Pires de Moura Palermo. Prof. Dr. UFRRJ

v

A Deus.

Ao meu marido Leandro Oliveira de Brito.

A minha mãe Maristela de Lima Oliveira.

Aos meus irmãos Vitor e Wagner de Lima Oliveira.

A minha avó Maria José de Cavalcante de Lima.

A todos os meus familiares.

DEDICO

vi

AGRADECIMENTOS

Nesta etapa tão importante da minha vida, não poderia deixar de agradecer primeiramente a

Deus por mais uma vez mostrar sua fidelidade em minha vida me ajudando a vencer com

sabedoria todos os obstáculos. Sinto-me verdadeiramente abençoada por Deus ter-me

concedido a oportunidade de concluir o Doutorado em Ciências Ambientais e Florestais na

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

A Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, ao Programa de Pós-graduação em Ciências

Ambientais e Florestais (PPGCAF), Instituto de Florestas pela oportunidade que me

concederam em participar no doutorado bem como a disponibilidade das instalações.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão

da bolsa durante todo o período de realização deste doutorado.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) pela infraestrutura

e aquisição de equipamentos do Laboratório de Química da Madeira do Departamento de

Produtos Florestais do Instituto de Florestas/ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Ao Prof. Dr. Heber dos Santos Abreu, que como orientador, colaborou em todos os aspectos

para a realização deste trabalho, demonstrando notável atenção perante minhas dúvidas

(mesmo diante de tantas obrigações e responsabilidade), paciência, interesse e amizade na

tarefa de orientação. Infelizmente, não foi possível que o senhor visse a conclusão deste

trabalho. É uma lástima que não esteja mais em nosso convívio, mas gostaria de deixar

registrado aqui meu agradecimento póstumo. Somos assim, despreparados para perda e

impacientes com o tempo, o qual deixamos responsável por apagar o nosso sofrimento. Eu

estou triste pela falta que o senhor me faz, mas ao mesmo tempo, grata a Deus por ter

conhecido o senhor um dia. Tê-lo como orientador (mais uma vez) foi um privilégio. Muito

obrigada por tudo!

Ao professor Alexandre Monteiro de Carvalho pela orientação, apoio e que tanta ajuda

forneceu para que este trabalho fosse concluído com o êxito esperado.

À professora Helena Regina Pinto Lima, do Departamento de Botânica, do Instituto de

Ciências Biológicas e de Saúde pela orientação, sobretudo pelo apoio, companheirismo e

amizade durante a realização deste trabalho. Obrigada por sua atenção e paciência em mostrar

quais os caminhos que deveria seguir, na hora em que ficava sem rumo e incentivando na

conclusão dessa tese.

Aos professores Mário Geraldo de Carvalho e Rosane Nora Castro pelo apoio, incentivo,

ensinamentos, colaboração e parceria, por todos os momentos em que necessitei da ajuda de

vocês. Mais uma vez minha sincera gratidão.

Ao Prof. Roberto Carlos Costa Lelis pela concessão do Laboratório de Tecnologia da Madeira

do Instituto de Florestas/ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

vii

Aos técnicos Vitor dos Santos Almeida e Maurício Lemos Mattos do Laboratório de Química

Orgânica do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas da Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro pelos registros dos espectros de RMN de 13

C.

Ao amigo José Carlos Ferreira Batista pelo carinho e pela valiosa colaboração que foi de

fundamental importância para o processo do desenvolvimento deste trabalho.

Ao meu marido Leandro, meu amigo e companheiro de todas as horas, meu sincero

agradecimento pelo apoio incondicional nos momentos difíceis, pela disponibilidade e

paciência ao longo deste período. Sou grata por cada gesto carinhoso e amoroso, sorriso e

lágrimas em que você esteve ao meu lado. Obrigada meu AMOR.

À minha amada avó Maria José Cavalcante de Lima, por quem serei eternamente grata, pelo

carinho, dedicação e ensinamentos; aos meus estimados tios pelo carinho, amizade e

colaboração que me apoiaram ao longo da minha jornada universitária, mas também ao longo

de toda minha vida.

À minha mãe Maristela de Lima Oliveira, aos meus queridos irmãos Vitor e Wagner de Lima

Oliveira, a minha cunhada Cíntia Martins de Lima pelo carinho, amor e dedicação e também

pela compreensão pelos momentos em que estive ausente.

Aos meus amados sobrinhos Laís e Davi Martins de Lima pelas brincadeiras, pelas risadas e

principalmente pelo apoio e por entender que muitas vezes foi necessário estar ausente. Vocês

sempre poderão contar com a tia!

A todos os colegas e amigos do Laboratório de Química da Madeira do Instituto de

Florestas/Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização desse sonho. Obrigada a

todos pelo carinho, amizade, companheirismo e principalmente pela paciência ao longo desta

jornada que ao mesmo tempo foi extremamente difícil e gratificante.

viii

RESUMO

OLIVEIRA, Gisely de Lima. Caracterização estrutural do complexo lignina-carboidrato-

ácidos fenólicos da parede celular no caule de Euterpe oleracea Mart. (Arecaceae). 2017.

84 f. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais e Florestais). Instituto de Florestas,

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2017.

Euterpe oleracea Mart. caracteriza-se como uma espécie importante pelo seu potencial

econômico e pela utilização, principalmente, de seus frutos. Esse trabalho teve como objetivo

caracterizar a lignina e ácidos fenólicos constituintes, bem como as ligações entre esses nas

paredes celulares do caule de Euterpe oleracea Mart. As análises foram realizadas com a base

do caule de palmeiras amostradas nas regiões externa (RE) e interna (RI) da secção tranversal,

sendo estas extraídas com solventes orgânicos e tratadas com NaOH 1%. Foram quantificados

os teores de holocelulose, α-celulose e lignina. Também foram realizadas análises

espectroscópicas (Espectroscopia Infravermelho com Transformada de Fourier e de

Ressonância Magnética Nuclear de 13

C no estado sólido) e cromatográficas com as amostras

do caule, com e sem tratamento com NaOH 1%. As ligninas das amostras RE e RI foram

isoladas pelo método de Björkman para a caracterização estrutural desta, pela da técnica de

RMN 1H e

13C no estado líquido. Para o estudo anatômico e avaliação do processo de

lignificação, as amostras RE e RI foram processadas de acordo com técnicas usuais de

microscopia óptica e microscopia de fluorescência. O caule extraído apresentou um teor de

74,40% (RE) e 74,42% (RI) de holocelulose e um teor 10,33% (RE) e 15,66% (RI) de lignina.

Após o tratamento com NaOH 1%, houve um aumento do teor de holocelulose de 6,08% e

4,73% (RE e RI, respectivamente) e uma redução do teor de lignina, resultando na dissolução

de 1,83% e 4,33% da lignina original das amostras RE e RI. Os resultados da espectroscopia

no infravermelho (FTIR) e RMN 13

C no estado sólido permitiram observar, que após o

tratamento com NaOH 1%, ocorreu uma redução de grupos funcionais ligados a lignina e as

hemiceluloses, indicando que o processo se mostrou favorável à hidrólise. Verificou-se que a

lignina das amostras RE e RI de E. oleracea é do tipo Guaiacila Siringila (GS) e incorporada

com ácido p-hidroxibenzoico e protocatecuico, os quais foram confirmados pela

cromatografia líquida de alta performance. Também foram observadas as principais unidades

estruturais presentes na lignina como ligação β-O-4, β-O-4’ ϒ-acetiladas, spiro-dienona,

unidade guaiacila, unidade siringila e p-hidroxibenzoato. As análises das dimensões das fibras

apresentaram valores médios de comprimento de 2570,82 e 2460,04 µm, diâmetro de 60,67 e

62,89 µm, diâmetro do lume de 43,28 e 35,93 µm, espessura da parede celular de 10,39 e

13,48 µm, respectivamente para as amostras RE e RI. Os testes histoquímicos e a microscopia

de fluorescência foram considerados eficientes e mostraram a localização e a composição da

lignina, revelando que as ligninas são do tipo GS e as unidades de guaiacila e surge

principalmente na lamela média e nos ângulos comuns as celulas.

Palavras chave: açaí, derivados do ácido benzóico, análises espectroscópicas.

ix

ABSTRACT

OLIVEIRA, Gisely de Lima. Structural characterization of the lignin-carbohydrate-

phenolic acids complex of the stem cell wall of Euterpe oleracea Mart. (Arecaceae). 2017.

84 f. Thesis (Doctor Science in Environmental and Forestry Sciences). Instituto de Florestas,

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2017.

Euterpe oleracea Mart. is characterized as an important species due to its economic potential

and the use, mainly, of its fruits. This work aimed to characterize the lignin and phenolic acids

constituents, as well as the connections between them in the cell walls of the stem of Euterpe

oleracea Mart. The analyzes were carried out with the base of the palm stem sampled in two

regions: external region (ER) and internal region (IR) of the cross section, which were

extracted with organic solvents and treated with 1% NaOH. The levels of holocellulose, α-

cellulose and lignin were quantified. We also performed spectroscopic (FTIR and 13

C NMR in

solid state) and chromatographic analyzes with stem samples, with and without 1% NaOH

treatment. The lignins from ER and IR samples were isolated by Björkman method for the

structural characterization of this by the 1H and

13C NMR in the liquid state. For anatomical

study and evaluation of the lignification process, ER and IR samples were processed

according to usual techniques under light microscopy and fluorescence microscopy. The

extracted stem had a content of 74.40% (ER) and 74.42% (IR) of holocellulose and a content

of 10.33% (ER) and 15.66% (IR) of lignin. After treatment with 1% NaOH, there was an

increase in the holocellulose content of 6.08% and 4.73% (ER and IR, respectively) and a

reduction of the lignin content of these, resulting in the dissolution of 1.83% and 4.33% of the

original lignin from samples ER and IR. The results of infrared spectroscopy (FT-IR) and 13

C

NMR in the solid state allowed to observe, after treatment with 1% NaOH, a reduction of

functional groups bound to lignin and hemicellulose, indicating which process was favorable

to the hydrolysis. The lignin of the E. oleracea ER and IR samples was found to be GS-type

and incorporated with benzoic derivatives, p-hydroxybenzoic and protocatecuic acid, in which

they were confirmed by high performance liquid chromatography. The main structural units

present in lignin as β-O-4, β-O-4'-acetylated, spiro-dienone, guaiacyl, syringyl and p-

hydroxybenzoate units were also observed. The analysis of the fiber dimensions presented

mean fiber length values of 2570.82 and 2460.04 μm, fiber diameter of 60.67 and 62.89 μm,

flame diameter of 43.28 and 35.93 μm, thickness of the cell wall of 10.39 and 13.48 μm,

respectively for the ER and IR samples. Histochemical tests and fluorescence microscopy

were considered efficient and showed the location and composition of the lignin corroborating

with the chemical analyzes, revealing that the lignins are of the GS type and the units of

guaiacil and arise mainly in the middle lamella and in the cellular corner.

Keywords: açaí, benzoic acid derivatives, spectroscopic analysis.

x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Teor de celulose, hemicelulose e lignina de diferentes materiais lignocelulósicos e

de alguns resíduos agrícolas (%). ............................................................................................... 6

Tabela 2. Relação de indivíduos, número de registros e parâmentros dendrométricos das

amostras de Euterpe oleracea estudados. ................................................................................. 11

Tabela 3. Teor de holocelulose e lignina das diferentes amostras do caule de Euterpe

oleracea. ................................................................................................................................... 18

Tabela 4. Valores de referência dos constituintes macromoleculares de diversas espécies

(adaptado de FONSECA, 2012). .............................................................................................. 19

Tabela 5. Atribuições dos sinais dos espectros das amostras de Euterpe oleracea (região

externa e interna). ..................................................................................................................... 24

Tabela 6. Sinais FTIR normalizados pela razão da intensidade em 1505 (RE) e 1503 cm-1

(RI) do caule de Euterpe oleracea. ........................................................................................... 25

Tabela 7. Atribuições aos deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN 13

C

(estado sólido) das amostras do caule de Euterpe oleracea (RE e RI). ................................... 26

Tabela 8. Atribuição dos sinais de hidrogênio em regiões do espectro de RMN 1H das

ligninas. .................................................................................................................................... 29

Tabela 9. Atribuição dos sinais dos espectros de RMN 2D-HSQC da lignina acetilada de

Euterpe oleracea (RE e RI). ..................................................................................................... 38

Tabela 10. Dimensões das fibras da região externa e interna do caule de Euterpe oleracea. . 45

xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Parede celular contendo microfibrilas de celulose, hemicelulose, pectina e proteínas

solúveis (STICKLEN, 2008). ..................................................................................................... 3

Figura 2. Camadas S1, S2 e S3 da parede celular (adaptado de STICKLEN, 2008). ............... 4

Figura 3. Álcoois precursores da lignina p-hidroxifenila (H), guaiacila (G) e siringila (S). ..... 4

Figura 4. Ligações inter-monoméricas comuns em uma molécula de lignina (adapatado de

LATIF et al., 2015). .................................................................................................................... 5

Figura 5. Principais ligações de CLC e subestruturas da lignina (adaptado de YOU et al.,

2015). .......................................................................................................................................... 7

Figura 6. Esquema representativo de uma ligação α éter (a) e β éter (b) formadas entre lignina

e hemicelulose por meio de um hidroxicinamato. (LAM et al., 2001)....................................... 8

Figura 7. Esquema do caule de Euterpe oleracea. (A) Região de coleta das amostras. (B)

Seção transversal do caule de Euterpe oleracea com a identificação das regiões estudadas. .. 12

Figura 8. Fluxograma de preparo das amostras da região externa (RE) e interna (RI) do caule

de Euterpe oleracea. ................................................................................................................. 13

Figura 9. Estrutura dos derivados benzóicos. (A) Ácido p-hidroxibenzóico e (B) ácido

protocatecuico. .......................................................................................................................... 20

Figura 10. Espectros de infravermelho das amostras extraídas, extraídas e tratadas com

NaOH 1%, lignina de Björkman e da lignina acetilada da região externa (RE) do caule de

Euterpe oleracea....................................................................................................................... 21

Figura 11. Espectros de infravermelho das amostras extraídas, extraídas e tratadas com

NaOH 1%, lignina de Björkman e da lignina acetilada da região interna (RI) do caule de

Euterpe oleracea....................................................................................................................... 22

Figura 12. Esquema do complexo lignina-carboidrato (CLC) reagindo com NaOH (HE et al.,

2008). ........................................................................................................................................ 25

Figura 13. Espectros de RMN 13

C (estado sólido) das amostras extraídas e amostras extraídas

e tratadas com NaOH 1% do caule de Euterpe oleracea (região externa e interna). ............... 28

Figura 14. Espectros de RMN 1H das ligninas acetiladas de Euterpe oleracea das regiões

(RE) e (RI). ............................................................................................................................... 30

Figura 15. Espectros de RMN 13

C DEPTQ (400 MHz, CDCl3) da lignina das amostras RE e

RI de Euterpe oleracea. ............................................................................................................ 32

xii

Figura 16. Espectro HSQC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região

externa de Euterpe oleracea (RE). ........................................................................................... 34

Figura 17. Espectro HSQC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região

externa de Euterpe oleracea (RI). ............................................................................................ 35

Figura 18. Espectro HMBC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região

externa de Euterpe oleracea (RE). ........................................................................................... 36

Figura 19. Espectro HMBC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região

externa de Euterpe oleracea (RI). ............................................................................................ 37

Figura 20. Principais unidades estruturais presentes na lignina das amostras RE e RI de

Euterpe oleracea....................................................................................................................... 39

Figura 21. Estrutura da lignina da palmeira Euterpe oleracea, obtida pelas informações (A)

do espectro de RMN 1H e (B) RMN

13C. ................................................................................. 39

Figura 22. Curvas de UV dos padrões contidos nas amostras RE e RI de E. oleracea

adquiridas pela análise por CLAE-DAD. ................................................................................. 41

Figura 23. Cromatogramas dos ácidos fenólicos encontrados nos extratos obtidos com acetato

de etila e metanol de Euterpe oleracea (RE e RI). ................................................................... 42

Figura 24. Cromatogramas dos ácidos fenólicos encontrados no caule de Euterpe oleracea

(RE e RI). .................................................................................................................................. 44

Figura 25. Seções transversais da região externa do caule de Euterpe oleracea. ................... 48

Figura 26. Seções transversais da região interna do caule de Euterpe oleracea.. ................... 49

xiii

LISTA DE ABREVIAÇÕES, SIGLAS E SÍMBOLOS

H p-Hidroxifenila

G Guaiacila

S Siringilaa

UDP Uridina Difosfato

β-O-4 Ligação Beta-O-4 formada por unidades fenilpropanóides

α-O-4 Ligação Alfa-O-4 formada por unidades fenilpropanóides

β-5 Ligação Beta-5 formada por unidades fenilpropanóides

5-5 Ligação 5-5 formada por unidades fenilpropanóides

4-O-5 Ligação 4-O-5 formada por unidades fenilpropanóides

β-1 Ligação Beta-1 formada por unidades fenilpropanóides

β-β Ligação Beta-Beta formada por unidades fenilpropanóides

CLC Complexo Lignina-Carboidrato

AF Ácido Ferúlico

APC Ácido p-cumárico

RE Região externa do caule de Euterpe oleracea

RI Região interna do caule de Euterpe oleracea

Km Quilômetro

cm Centímetro

ASTM American Society for Testing and Materials

NaOH Hidróxido de sódio

RMN Ressonância Magnética Nuclear

ppm Partes por milhão

mg/L Miligrama por litro

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

TAPPI Technical Association of the Pulp and Paper Industry

mL Mililitro

ºC Grau Celsius

mg Miligrama

rpm Rotação por minuto

mbar Milibar

L Litro

KOH Hidróxido de potássio

KBr Brometo de potássio

CP/MAS Cross Polarization Magic Angle Spinning

CDCl3 Clorofórmio deuterado

δ Deslocamento químico

HCl Ácido clorídrico

H2O Água

AcOH Ácido acético

MeOH Metanol

MHz Megahertz

Hz Hertz

HPLC High performance liquid chromatography

µL Microlitro

xiv

nm Nanômetro

IAWA International Association of Wood Anatomists

H2SO4 Ácido sulfúrico

FTIR Infravermelho por transformada de Fourier

IV Infravermelho

HSQC Heteronuclear single quantum correlation

HMQC Heteronuclear multiple quantum correlation

HMBC Heteronuclear multiple bond correlation

TR Tempo de retenção

xv

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 2

2.1 Parede Celular................................................................................................................... 2

2.2 Complexo Lignina-Carboidrato-Ácidos fenólicos ........................................................... 6

2.3 Família Arecaceae ............................................................................................................ 9

2.4 Euterpe oleracea Mart. ................................................................................................... 10

3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 11

3.1 Coleta do material ........................................................................................................... 11

3.2 Preparo das Amostras ..................................................................................................... 12

3.3 Análises Químicas .......................................................................................................... 13

3.4 Determinação do Teor de Holocelulose ......................................................................... 13

3.5 Determinação do Teor de α-Celulose ............................................................................. 14

3.6 Lignina de Klason ........................................................................................................... 14

3.7 Lignina de Björkman ...................................................................................................... 15

3.8 Acetilação ....................................................................................................................... 15

3.9 Espectroscopia no Infravermelho ................................................................................... 15

3.10 Ressonância Magnética Nuclear (RMN 13

C) no estado sólido do caule de Euterpe

oleracea ................................................................................................................................ 16

3.11 Ressonância Magnética Nuclear (RMN 1H e

13C) em solução da lignina de Euterpe

oleracea ................................................................................................................................ 16

3.12 Determinação de Ácidos Fenólicos da parede celular por Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência (CLAE) ........................................................................................................ 16

3.13 Microscopia Óptica de Campo Claro ........................................................................... 17

3.14 Testes Histoquímicos .................................................................................................... 18

3.15 Microscopia de Fluorescência ...................................................................................... 18

xvi

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 18

4.1 Determinação do teor dos constituintes macromoleculares ........................................... 18

4.2 Análise por espectroscopia de infravermelho (FTIR) do caule de Euterpe oleracea .... 20

4.3 Análises por espectrometria de Ressonância magnética nuclear de 13

C no estado sólido

do caule de Euterpe oleracea ............................................................................................... 26

4.4 Análises por espectrometria de Ressonância magnética nuclear de 1H

13C em solução da

lignina de Euterpe oleracea .................................................................................................. 29

4.5 Análises cromatográficas de ácidos fenólicos dos extratos e do caule de Eutepe

oleracea ................................................................................................................................ 40

4.6 Anatomia quantitativa das fibras caule de Euterpe oleracea ......................................... 44

4.7 Análises histológicas do caule de Eutepe oleracea ........................................................ 46

5 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 50

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 51

ANEXO ......................................................................................... Erro! Indicador não definido.

1

1 INTRODUÇÃO

A parede celular é um sistema multimolecular constituído por celulose, hemicelulose,

lignina e pelos ácidos p-hidroxicinâmicos que funcionam como âncora nesse sistema. A

lignina tem sido definida como macromolécula de origem fenilpropanoídica constituída

majoritariamente pelas subunidades de álcoois p-cumarílico, coniferílico e sinapílico que

incrustam a parede celular dos vegetais, que pelo acoplamento combinatório destes, formam

as ligninas do tipo p-hidroxifenila (H), guaiacila (G) e siringila (S).

As quantidades relativas das unidades de monolignóis diferem consideravelmente

entre as plantas. Em geral, a lignina das eudicotiledôneas é composta de unidades G e S e

vestígios de unidades H, enquanto a lignina de gimnospermas é principalmente composta por

unidades G, com quantidades menores de H. Em monocotiledôneas, a lignina contém níveis

semelhantes de ambas as unidades S e G e a quantidade de H relativamente mais elevada

(VANHOLME et al. 2010; CESARINO et al., 2012). Além disso, a lignina de gramíneas

contém quantidades significativas de ácido ferúlico e ácido p-cumárico (VOGEL, 2008;

CESARINO et al., 2012).

Em monocotiledôneas os ácidos p-hidroxicinâmicos são envolvidos no processo de

lignificação. Ésteres ferulatos-polissacarídeos são comuns nesse táxon e estão incorporados à

lignina via processos de acoplamento de radicais que caracterizam a lignificação, produzindo

fortes ligações entrecruzadas entre lignina e os polissacarídeos da parede celular (RALPH et

al., 1995, 1998a). Esse autor em 2010 tem divulgado diferentes ligações em ligninas de

espécies de monocotiledôneas, diferindo de outros grupos de plantas.

A composição química da parede celular de monocotiledôneas, nas últimas décadas,

tem recebido atenção considerável de pesquisadores que têm visado não somente a melhoria

dos processos de extração da lignina, mas também na elucidação da estrutura de ligninas, da

caracterização da reatividade química, das propriedades funcionais e do desenvolvimento de

novas aplicações.

A busca de tecnologia para à utilização de matéria-prima proveniente de fontes

renováveis e preservação do ambiente têm motivado centros de pesquisas a estudar a

utilização de recursos naturais e subprodutos agroindustriais (WAMBUA, IVENS e

VERPOEST, 2003; FROLLINI et al., 2004; KEENER, STUART e BROWN, 2004). O

interesse na utilização de fibras vegetais por diferentes segmentos da indústria é crescente,

assim como a demanda por novas fontes de fibras naturais. Neste contexto, o estipe de

palmeiras pode se tornar importante matéria-prima para diversas finalidades e um fator

importante é que esses são muitas vezes descartados em favor de outros produtos de interesse

(ISMAIL e MAMAT, 2002).

Dentre as palmeiras, a Euterpe oleracea Mart., conhecida como açaí, é considerada

uma matéria-prima importante, pelo aproveitamento de seus frutos e extensa comercialização.

Esta espécie tem um valor social e cultural na Região Norte do Brasil e isso pode ser

observada por sua aplicação na economia local, tais como, alimentação, produção de celulose,

fabricação de casas, ração animal, arborização, medicina caseira e corante natural (QUEIROZ

e MELÉM JUNIOR, 2001; GOUVÊA, 2007).

De acordo com dados estatísticos, o Brasil, em 2013, produziu 202.216 toneladas de

açaí, sendo a região Norte a maior produtora com 186.379 toneladas dessa produção,

respondendo por 94% do que é extraído no país, e o Pará é o estado que mais contribuiu para

a região Norte sendo responsável por 59 % do que é produzido na região (IBGE, 2015).

2

A cultura ao longo dos anos vem despertando interesse dos agroextrativistas,

produtores e pesquisadores, os quais têm procurado praticar diferentes formas de manejo

objetivando preservar a espécie e aumentar a produtividade. No entanto, faltam informações

sobre a composição química, principalmente sobre a lignina de palmeiras. A ênfase neste

componente da parede celular ocorre, pois esta é o fator limitante do valor nutritivo dos

materiais fibrosos como fonte de energia para os ruminantes, é um determinante importante

das propriedades mecânicas dos materiais e também por impedir a separação das células de

fibra que é o objetivo principal de polpação.

O conhecimento acerca da lignificação em palmeiras pode expandir os caminhos

futuros para uma melhor utilização do estipe, além da obtenção de produtos de maior valor

agregado como, por exemplo, biocombustíveis lignocelulósicos. Diante do exposto o presente

trabalho teve como objetivo geral verificar as seguintes hipóteses, a saber: i) como se

caracteriza a estrutura da lignina da parede celular das fibras de Euterpe oleracea? ii) Quais

são os ácidos fenólicos constituintes presentes na parede celular desta espécie? iii) Quais os

tipos de ligações ocorrem entre os monolignóis e os demais componentes da parede celular?

iv) Quais alternativas de utilização do estipe da Euterpe oleracea poderão ser sugeridas a

partir das avaliações realizadas?

O trabalho teve como objetivos complementares caracterizar a lignina e ácidos

fenólicos, constituintes da parede celular, a fim de se estudar as ligações cruzadas entre

lignina e o complexo carboidratos-ácidos fenólicos no caule de Euterpe oleracea Mart.;

avaliar os teores dos constituintes da parede celular em duas condições de pré-tratamento para

analisar possíveis alterações do gradiente de concentração de lignina, entre a região externa

(região periférica) e região interna (região central) do caule; caracterizar a lignina e derivados

cinâmicos e benzoicos das paredes celulares, estabelecer as ligações cruzadas entre estes por

de técnicas espectroscópicas e cromatográficas; analisar as características anatômicas e

histoquímicas por microscopia de campo claro e de fluorescência.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Parede celular

A parede celular é rígida e, portanto, limita o tamanho do protoplasto, evitando a

ruptura da membrana plasmática, quando o protoplasto amplia seu tamanho, em decorrência

da entrada de água e também determina o tamanho e a forma da célula, a textura do tecido e a

forma final de um órgão vegetal (EVERT e ESAU, 2013).

Todas as paredes das células provêm da placa equatorial formada durante citocinese,

para separar as células filhas. Cada protoplasto forma sua parede de fora para dentro, de modo

que a camada mais recente de uma determinada parede está em posição mais interna, próxima

do protoplasto (EVERT e ESAU, 2013). A região de união das paredes primárias de células

adjacentes é chamada lamela média ou substância intercelular (GUILLEMIN et al, 2005;

KNOX, 2008).

As primeiras camadas formadas constituem a parede primária, que são finas e

extensíveis (ALBERTS et al., 2002), na qual ocorre a deposição das microfibrilas por

intussuscepção, ou seja, por arranjo entrelaçado (GLÓRIA e GUERREIRO, 2003). Estas são

implantadas em uma matriz hidratada, e tal estrutura fornece resistência e flexibilidade à

célula (TAIZ e ZEIGER, 2004).

3

As paredes primárias contêm três classes principais de polissacarídeos. A primeira é a

celulose, um polímero não ramificado de subunidades de glicose que é sintetizada e

depositadas na parede por um complexo enzimático (celulose sintase) na membrana

plasmática. As microfibrilas de celulose da parede estão embebidas em uma matriz de

moléculas não celulósicas. Essas moléculas são os polissacarídeos conhecidos como

hemicelulose e pectinas, bem como as proteínas estruturais chamadas glicoproteínas (Figura

1) (SMITH, 2001; EVERT e ESAU, 2013).

Figura 1. Parede celular contendo microfibrilas de celulose, hemicelulose, pectina e proteínas

solúveis (STICKLEN, 2008).

As hemiceluloses são formadas por unidades básicas, chamadas de monossacarídeos

(arabinose, ramnose, galactose, xilose e manose). A biossíntese desses monômeros e a

incorporação dos mesmos na parede celular envolvem a atividade de várias enzimas e

substratos de nucleotídeo-açúcares, como, UDP-glicose, UDP-glucuronato, UDP-galactose,

UDP-xilose e UDP-arabinose (REITER e VANZIN, 2001).

As hemiceluloses constituem um grupo heterogêneo de polissacarídeos que se ligam

com firmeza à parede, apresentam conformação ramificada e não linear, constituindo uma

estrutura amorfa (TAIZ e ZEIGER, 2004).

Segundo Sticklen (2008), existem dois tipos de parede celular primária, que são

classificadas de acordo com o tipo de ligações cruzadas. Paredes Tipo I estão presentes nas

eudicotiledôneas e consistem em quantidades iguais de glucana e xiloglucana embebidas

numa matriz de pectina, enquanto as paredes do tipo II são encontradas em cereais e outras

gramíneas, tem glucuronoarabinoxilanas com suas glicanas de ligações cruzadas e carecem de

pectina e proteínas estruturais (CARPITA e McCANN, 2002).

Quando o crescimento celular é finalizado, em algumas células, internamente à parede

primária ocorre à deposição de camadas adicionais (GLÓRIA e GUERREIRO, 2003),

iniciando-se a formação da parede secundária (RAVEN, EVERT e EICHHORN, 2001), onde

as microfibrilas são depositadas por aposição, ou seja, por um arranjo ordenado. Estas

camadas são designadas S1, S2 e S3, sendo delimitadas pela mudança de deposição, que varia

nas diferentes camadas (Figura 2) (GLÓRIA e GUERREIRO, 2003).

4

Figura 2. Camadas S1, S2 e S3 da parede celular (Adaptado de STICKLEN, 2008).

Timell et al. (1967) afirmam que o número de camadas nas paredes secundárias pode

mudar em resposta a estímulos ambientais, e as mesmas em algumas espécies de plantas

podem ter mais do que três camadas. Por exemplo, GRITSCH e MURPHY (2005)

observaram até seis camadas distintas nas paredes secundárias de fibras de bambu.

Durante a deposição da parede secundária inicia-se a lignificação, que consiste em um

processo bioquímico que abrange desde a formação dos monolignóis até a polimerização da

lignina na parede celular (GLÓRIA e GUERREIRO, 2003; MONTEIRO, PEREIRA e

ABREU, 2004). Quando depositada, a lignina estabelece ligações covalentes e não covalentes

com a matriz de carboidratos, formando o chamado complexo lignina-carboidratos (CLC)

(SARKANEN, 1998; LAWOKO, HENRIKSSON e GELLERSTEDT, 2005).

A lignina é um complexo composto por unidades de fenilpropanos não linearmente e

ligados aleatoriamente, formados por três monômeros principais que são os álcoois p-

cumarílico, coniferílico e sinapílico (Figura 3).

Figura 3. Álcoois precursores da lignina p-hidroxifenila (H), guaiacila (G) e siringila (S).

Esses monolignois constituintes das paredes secundárias variam consideravelmente em

estrutura nos diferentes grupos vegetais. Em eudicotiledôneas lenhosas e nas

monocotiledôneas contêm, predominantemente, unidades guaiacila (G) e siringila (S) com

5

vestígios de unidades p-hidroxifenila (H); as gramíneas, geralmente, contêm níveis mais

elevados de unidades H; e em gimnospermas as ligninas consistem principalmente em

unidades de G com menores quantidades de unidades H (PATTATHIL et al., 2015).

A abundância relativa dessas unidades principais varia entre as espécies de plantas,

tecidos, tipos celulares e estágios de desenvolvimento (STEWART et al., 2009) e pode

ocorrer ligações em qualquer um dos diferentes locais em cada unidade fenólica, fazendo com

que diferentes tipos de ligações possam ocorrer em uma molécula de lignina como, ligações

β-O-4, α-O-4, β-5, 5-5, 4-O-5, β-1, e β-β (Figura 4). Embora estas sejam as dominantes, pelo

menos 20 diferentes tipos de ligações foram identificados (WHETTEN, MACKAY e

SEDEROFF, 1998).

Del Río et al. (2007a) afirmam que ligninas de gramíneas incluem as três unidades

ligadas a ferulatos e p-cumaratos, no entanto, Dixit e Nair (2014), citam que outros

monômeros típicos também podem ser encontrados em ligninas naturais.

Figura 4. Ligações inter-monoméricas comuns em uma molécula de lignina (Adapatado de

LATIF et al., 2015).

Essas formas complexas de paredes representam a maior parte da biomassa vegetal e

um imenso reservatório de carbono sob a forma de lignoceluloses. Vários dados estão

disponíveis para demonstrar que a composição química de lignocelulose é variável,

dependendo da espécie, do estádio de desenvolvimento e as condições ambientais (BOUDET,

2003), conforme a Tabela 1.

6

Tabela 1. Teor de celulose, hemicelulose e lignina de diferentes materiais lignocelulósicos e

de alguns resíduos agrícolas (%).

Material lignocelulósico Celulose Hemicelulose Lignina

Caule de Eudicotiledôneas 40-55 24-40 18-25

Caule de Gimnospermas 45-50 25-35 25-35

Gramíneas 25-40 35-50 10-30

Casca de nozes 25-30 25-30 30-40

Espiga de milho 45 35 15

Palha de trigo 50 30 15

Fonte: Adaptado de SUN e CHENG (2002).

As paredes celulares são resistentes à desconstrução por catalisadores biológicos ou

químicos, e esta propriedade é, muitas vezes, referida como “recalcitrância” (HIMMEL et al.,

2007) e é considerada como a principal barreira para a produção de biocombustíveis

celulósicos de baixo custo (HIMMEL et al., 2007; CHUNDAWAT et al., 2011). Desta forma,

é indiscutível obter uma melhor compreensão da estrutura e da arquitetura da parede celular, a

fim de desenvolver abordagens racionais para superar tal problema.

Pattathil et al. (2015) citam que as informações sobre as características estruturais e a

composição das paredes celulares têm sido obtidas a partir de análises de todos os

componentes ou de polímeros isoladamente. Esses autores consideram desafiador o estudo da

parede celular, em função do grande número de espécies vegetais ocorrentes na natureza,

aliado à complexidade estrutural, heterogeneidade e diversidade dessas estruturas.

2.2 Complexo lignina-carboidrato-ácidos fenólicos

O conhecimento do monolignois formadores da lignina e o sistema complexo formado

a partir de outras unidades químicas constituem uma importante linha de pesquisa, para

compreensão do funcionamento e desenvolvimento de diferentes grupos vegetais ao longo da

evolução. Esta organização ocorre quando ligninas se tornam ancoradas à parede primária

(YAMAMOTO, BOKELMAN e LEWIS, 1989; TERASHIMA, 1993), ocorrendo uma

adcrustação sobre a parede primária (JUNG e DEETZ, 1993), e continua durante o

amadurecimento da parede celular.

Uma parte da estrutura da lignina está ligada quimicamente às hemiceluloses, ou seja,

existe um complexo lignina-carboidrato (CLC) na estrutura química da parede celular. A

formação desse complexo também pode ocorrer entre os polissacarídeos, componentes

fenólicos e a própria lignina (GRABBER, RALPH e HATFIELD, 2000; BARAKAT et al.,

2007).

Os ácidos fenólicos são incorporados à parede celular em resposta ao estresse biótico,

pela via dos fenilpropanóides, que resulta na síntese de ácido cinâmico e derivados de ácido

benzoico. Esses últimos são esterificados e incorporados na fração da parede celular (DE

ASCENSAO e DUBERY, 2003).

Diversos estudos demonstram que existem interações físicas e químicas como ligações

de hidrogênio, forças de Van der Walls, e ligações do tipo éster ou éter, que formam uma

espécie de “rede” entre os componentes da parede celular. Estas ligações covalentes formadas

entre a lignina e os polissacarídeos, contribuem ainda mais para “recalcitrância” da parede

celular (SCALBERT et al., 1985; ALÉN, 2000; EBRINGEROVÁ, 2005). Algumas dessas

7

ligações foram descritas por Balakshin, Capanema e Chang (2007), que descreveu ligações

fenol glicosídeo (FGlc), ésteres (Est) e éteres benzílicos (Eb) (Figura 5).

Em que: FGlc: fenol glicosídeo; Est: ϒ-éster; Eb: éter benzílico; (A) ligação β-O-4; (A’) ligação β-O-4 com γ-

carbono acetilado; (A’’) ligação β-O-4 com carbono γ ligado a p-cumaril; (B) Estrutura resinol formada por

ligações β-β’, α-O- γ’ e γ-O- α’; (C) Estruturas fenilcumaranas formada por ligações β-5’ e α-O-4’; (D)

Estruturas spiro-dienona formada por ligações β-1’ e α-O- α; (E) Subestruturas α, β-diaril-éter; (AF) Ácido

ferúlico; (APC) Ácido p-cúmarico; Glc: Ácido glucorônico; Man: Manose; Gal: Galactose; Ara:Arabinose; Xil:

Xilose.

Figura 5. Principais ligações de CLC e subestruturas da lignina (Adaptado de YOU et al.,

2013).

Vários monolignóis estão conjugados à lignina (LU e RALPH, 2008; RALPH e

LANDUCCI, 2010; RALPH, 2010). As Angiospermas lenhosas apresentam baixo nível de

lignina aciladas (SARKANEN, CHANG e ALLAN, 1967), enquanto ligninas das fibras de

Hibiscus cannabinus e lignina em várias outras plantas são amplamente aciladas (RALPH,

1996; RALPH e LU, 1998; LU e RALPH, 2004; DEL RÍO et al., 2007b; DEL RÍO et al.,

2008; MARTINEZ et al., 2008).

Essa complexidade da estrutura e das ligações da lignina com os outros componentes

da parede celular pode ser explicada por dois fatores. O primeiro é causado pela diversidade

de grupos funcionais associados aos polissacarídeos e à lignina, como álcoois primários e

secundários, carboxilas e carbonilas. No caso de gramíneas, as hidroxilas fenólicas de ácidos

fenólicos esterificados constituem um tipo de grupo funcional adicional. O segundo ocorre

pela ação de diferentes enzimas, como glicosil-transferases e peroxidases, que participam na

construção da arquitetura da parede celular (CORNU et al., 1994).

8

As Poaceae produzem a enzima p-cumaril-CoA: monolignol transferase (PMT)

(WITHERS et al., 2012; PETRIK et al., 2014), formando monolignóis com carbono γ ligado a

uma estrutura p-cumaril que é incorporada no polímero de lignina crescente, em geral nos

indivíduos adultos (RALPH et al., 1994a; CRESTINI e ARGYROPOULOS, 1997).

Algumas madeiras têm ligninas parcialmente p-hidroxibenzoiladas, como por

exemplo, salgueiros (Salix spp.- Salicaceae) (LANDUCCI, DEKA e ROY, 1992), choupos e

álamos (Populus spp. - Salicaceae) (VENVERLOO, 1971; TOMIMURA, 1992a; MORREEL

et al., 2004; LU et al., 2004) e Aralia cordata (Araliaceae) (HIBINO et al., 1994). As

palmeiras também apresentam ligninas com alguns grupos p-hidroxibenzoila (TOMIMURA,

1992b; SUN, FANG e TOMKINSON, 1999; KURODA, OZAMA e UENO, 2001;

RENCORET et al., 2013).

Em plantas herbáceas, o CLC é estruturalmente diferente das lenhosas, por causa da

incorporação de hidroxicinamatos na parede da célula. A formação da "lignina-ferulato-

polissacarídeo" foi bem estabelecida pela da ligação do ácido ferúlico esterificado aos

carboidratos e éter à lignina (IIYAMA, LAM e STONE, 1990; RALPH et al., 1998;

BURANOV e MAZZA, 2008).

Os ácidos p-cumárico e ferúlico são bifuncionais e capazes de formar ligações éster ou

éter por reação dos seus grupos carboxílicos ou fenólicos, respectivamente. O ácido p-

cumárico está associado, principalmente, à lignina; ácido ferúlico, por outro lado, é

principalmente esterificado com a hemicelulose (ATUSHI, AZUMA e KOSHIJIMA, 1984;

SCALBERT et al, 1985). Esta ligação pode ocorrer pela ligação do ácido à lignina na posição

α ou β (Figura 6) (LAM, KADOYA e IIYAMA, 2001).

(a) Ligação α-éter entre lignina e hidroxicinamatos

(b) Ligação β-éter entre lignina e hidroxicinamatos

R=H: p-cumarato, R=OCH3: ferulato

Figura 6. Esquema representativo de uma ligação α éter (a) e β éter (b) formadas entre lignina

e hemicelulose por meio de um hidroxicinamato (LAM, KADOYA e IIYAMA, 2001).

9

Os resultados de vários estudos de composição da parede celular e lignificação em

monocotiledôneas (HARTLEY et al., 1990; HATFIELD, 1993; RALPH et al., 1994a,b)

mostraram que o conteúdo e a composição dos ácidos hidroxicinâmicos são dependentes da

localização morfológica e a fase de diferenciação. Tem sido relatado que o ácido ferúlico

rapidamente se deposita nas paredes das células na sua fase inicial de lignificação,

subsequentemente o ácido p-cumárico, sendo o majoritário entre os ácidos hidroxicinâmicos

(MORRISON et al., 1998).

No campo teórico, tem havido debate sobre a estrutura do complexo lignina-

carboidrato (CLC), quanto o processamento de biomassa, a presença do CLC ou a sua

formação durante o processamento. Esse complexo parece dificultar o processamento químico

ou bioquímico de lignocelulose, como deslignificação durante a polpação química (GIERER e

WANNSTRÖM, 1986; IVERSON e WANNSTRÖM, 1986; CHOI, CHOI e FAIX, 2007) e

na fermentação de materiais lignocelulósicos para a produção de etanol (KIM et al., 2003;

AITA, SALVI e WALKER, 2011).

2.3 Família Arecaceae

Arecaceae é um grupo monofilético que inclui 183 gêneros e 2.364 espécies

(GOVAERTS e DRANSFIELD, 2005; DRANSFIELD et al., 2008). Grande número de

espécies de palmeiras se distribui nos trópicos e poucas nas regiões subtropicais

(HENDERSON, GALEANO e BERNAL, 1995).

McCann e Roberts (1991), Carpita e Gibeaut (1993) e Carpita (1996) realizaram uma

extensa revisão sobre as diferenças entre as espécies de monocotiledôneas e outras

angiospermas quanto à estrutura do polímero, arquitetura e biossíntese dos polissacárideos

não celulósicos e suas associações/ligações. Também foram analisados os tipos de substâncias

aromáticas e proteínas estruturais por meio de ligações covalentes à parede primária e

secundária.

Horn et al. (2009) estudaram os principais padrões evolutivos para Arecaceae com

base no estudo anatômico da lâmina foliar dos gêneros de palmeiras. Nos caules das

monocotiledôneas, o sistema vascular primário é formado por feixes dispersos no tecido

parenquimático formando um atactostelo (GLÓRIA e GUERREIRO, 2003).

As espécies de monocotiledôneas geralmente não possuem crescimento secundário a

partir de um câmbio, mas podem apresentar um aumento em diâmetro, como por exemplo,

nas palmeiras, por meio de um espessamento resultante da divisão e aumento das células do

parênquima fundamental sem que haja estabelecimento de uma faixa meristemática contínua

(GLÓRIA e GUERREIRO, 2003). Esse tipo de crescimento é chamado de secundário difuso,

porque a atividade meristemática não está restrita a determinada região do órgão.

As camadas secundárias consecutivas da parede celular com diferentes ângulos de

microfibrila (hélice Z) são depositadas durante o envelhecimento, resultando em uma

estrutura multilamelar da parede celular, o que permite uma adaptação contínua em nível

celular ao longo da vida útil da planta (PARAMESWARAN e LIESE, 1976; LIESE, 1987,

BHAT, LIESE e SCHMITT, 1990).

Recentemente, foi mostrado para Washingtonia robusta, que as palmeiras podem

seguir uma estratégia diferente de ajustar o desempenho mecânico nas calotas de fibras

vasculares (RÜGGEBERG et al., 2008), uma vez que as fibras da palmeira permanecem vivas

no corpo da planta, elas podem adicionar continuamente novas camadas de parede celular até

10

que o lume da célula inteira esteja cheio. Além disso, as fibras podem aumentar o grau de

lignificação da parede celular (RÜGGEBERG et al., 2008).

As palmeiras pertencem a uma família importante dentre as monocotiledôneas que

afetam significativamente a economia e o cotidiano de milhões de pessoas no mundo. A sua

contribuição para a economia mundial, as economias locais e os estilos de vida de pessoas são

enormes, por causa do surpreendente número de produtos que podem ser obtidos (RIVAS,

BARBIERI e MAIA, 2012). Estas contribuem para a alimentação, habitação, móveis, energia,

vestuário e jardins.

Entre os produtos alimentares podem ser destacados os frutos, sementes, o "palmito",

méis, 'sagu' (material com amido extraído a partir do centro dos troncos), diferentes bebidas

obtidas a partir da seiva ou os frutos e açúcar cristalizada a partir da seiva. Outros tipos de

produtos são as fibras, óleos e ceras (JONES, 1995).

Em decorrência dos usos citados, os caules muitas vezes são cortados e não são

utilizados (ISMAIL e MAMAT, 2002). A fim de utilizar estes resíduos eficientemente,

muitos estudos têm sido realizados sobre usá-los como matéria-prima para produtos à base de

resíduos ligno-celulósicos, incluindo painel de média densidade, celulose e papel (WANG et

al., 2014; TLIJANI et al., 2014; MURATA et al., 2015; DERROUICHE et al., 2015; LU et

al., 2015).

2.4 Euterpe oleracea Mart.

Euterpe oleracea Mart. (açaizeiro) é uma palmeira delgada e alta que pode atingir uma

altura de 20 a 25 m e apresenta farta perfilhação e alcança, no estado nativo, cerca de 20

palmeiras por “touceira” (das quais pelo menos três em produção). Cada touceira produz entre

6 a 8 cachos com 2,5 kg cada um, representando de 15 a 20 kg de frutos por palmeira (em

duas safras). Os troncos são lisos, roliços, longos, de cor clara, sem espinhos (MATTOS,

1993). É uma espécie florestal típica da região que compõe o estuário do Amazonas, com

características de cultura permanente, o que a torna indicada para as condições tropicais de

grande precipitação pluviométrica (superior a 2.300 mm anuais), elevada temperatura e

umidade relativa do ar e lençol freático superficial (MIRANDA et al., 2001).

É uma das espécies mais abundantes e frequentes nas áreas de várzea, constituindo-se

na espécie nativa de maior importância econômica para a região do estuário amazônico.

Estudos realizados na região têm demonstrado que a concentração de açaizeiros pode atingir

até 25% da população botânica das áreas de várzea (ANDERSON et al., 1985). As maiores

áreas ocupadas com essa espécie, encontram-se na Amazônia Oriental Brasileira, mais

precisamente na região do estuário do rio Amazonas, considerada como seu centro de origem

e onde existem densas e diversificadas populações, que segundo Calzavara (1972) e

Cavalcante (1991), ocupavam em torno de 1 milhão de hectares.

Em 2002, observou-se o aumento da área colhida com açaí de 16.115 ha (2002) para

26.671 ha (2004), ou seja, uma taxa de crescimento de 65,50% num período de três anos. Essa

significativa taxa média de crescimento da área colhida do açaí é uma resposta do crescimento

da demanda regional, nacional e mesmo internacional do açaí, que pode estar induzindo os

produtores rurais a aumentarem área plantada do açaí. A expansão da área colhida indica o

grande interesse dos produtores rurais quanto à necessidade da formação de uma base

produtiva de cultivo do açaí como condição básica para a atração de agroindústrias de

processamento (SANTANA, CARVALHO e MENDES, 2006).

11

O açaizeiro inicia seu ciclo de produção de frutos 4 anos após o plantio, podendo

eventualmente, algumas plantas, entrarem em fase de produção aos 3 anos de idade. A

produção máxima ocorre entre 5 e 6 anos de idade, por terem atingido a estabilidade

produtiva e, consequentemente, um percentual de frutificação mais elevado (NOGUEIRA et

al., 1998).

Essa é uma espécie que tem multiplicidade de usos, dentre os quais se destacam as

folhas para cobertura de casas, fibras, celulose, ração animal, adubo e proteção de plantações;

os frutos para bebida, alimento, adubo, curtimento de couro, álcool, remédio anti-diarréico e

ração animal; o palmito para alimento; as inflorescências para adubo, vassouras e proteção de

plantações; os estipes para construções, celulose, lenha e isolamento elétrico e as raízes são

usados como vermífugo (JARDIM, 2005).

A exploração e o aproveitamento dos frutos e palmito do açaizeiro são as atividades

mais importantes e lucrativas praticadas nas várzeas do estuário amazônico. A produção de

frutos e de palmito depende da relação entre o número de touceiras de açaizeiros por hectare,

demais palmeiras e espécies lenhosas e os produtores ribeirinhos já perceberam que a

exploração madeireira contribui para o surgimento e ampliação dos açaizais (QUEIROZ e

MOCHIUTTI, 2002).

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Coleta do material

Para as análises foram utilizados três indivíduos de Euterpe oleracea Mart. com 15

anos, coletados no Bairro de Patrimônio, próximo à divisa com o estado de São Paulo,

localizado no Km 586 da Rodovia Rio-Santos, munícipio de Paraty (23°11'41" latitude Sul e

44°43'41" longitude oeste), estado do Rio de Janeiro. Os indivíduos foram coletados,

processados e registrados na xiloteca do Departamento de Produtos Florestais, Instituto de

Florestas, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica (Tabela 2).

Tabela 2. Relação de indivíduos, número de registros e parâmentros dendrométricos das

amostras de Euterpe oleracea estudados.

Amostra Número do Registro Diâmetro da base

(cm)

Altura (m)

1 7639 16 12

2 7640 18 14

3 7641 16,5 12

Para o estudo da química lignoídica e da anatomia de E. oleracea, foram retiradas

amostras da base da palmeira (Figura 7A), por ser a parte mais desenvolvida do caule, de duas

regiões: externa (RE - mais próxima à casca) e interna (RI - mais central do disco) (Figura

7B).

12

Figura 7. Esquema do caule de Euterpe oleracea. (A) Região de coleta das amostras. (B)

Seção transversal do caule de Euterpe oleracea com a identificação das regiões estudadas (RE

– Região externa; RI – Região interna).

3.2 Preparo das amostras

Fragmentos do caule de E.oleracea das regiões externa e interna, foram secos ao ar e

moídos em moinho de facas do tipo Wiley, classificadas e utilizadas a fração que ficou retida

na peneira número 24 internacional (malha 60 ASTM). Após o preparo das amostras, as

partículas foram submetidas à extração com cicloexano, acetato de etila e metanol em um

extrator do tipo soxhlet, por um período de 24 horas para cada solvente (ABREU et al., 2006).

Com o material extraído foi realizado também um tratamento alcalino ao utilizar

NaOH 1% (TAPPI, 1979), totalizando quatro tratamentos:

1) Amostra RE extraída

2) Amostra RE extraída e tratada com NaOH 1%

3) Amostra RI extraída

4) Amostra RI extraída e tratada com NaOH 1%

13

3.3 Análises químicas

Com o material obtido das amostras RE e RI extraídas com cicloexano, acetato de etila

e metanol, e amostras RE e RI extraídas e tratadas com NaOH 1%, foram obtidos a lignina

Klason, teor de holocelulose e teor de α-celulose (ABREU et al., 2006). Também foi realizada

a determinação de ácidos fenólicos por meio de cromatografia líquida de alta eficiência

(CLAE) das amostras proveniente s da região externa e interna do caule e dos extratos obtidos

com o solvente acetato de etila e metanol (GEETHA et al., 2011).

Para a caracterização da estrutura da lignina das amostras RE e RI, esta foi isolada

pelo método de Björkman, nos quais foram realizadas as análises no infravermelho, RMN 1H

e 13

C no estado líquido e sólido.

Um fluxograma da parte experimental, consta na Figura 8.

Figura 8. Fluxograma de preparo das amostras da região externa (RE) e interna (RI) do caule

de Euterpe oleracea.

3.4 Determinação do teor de holocelulose

Para determinação do teor de holocelulose foi utilizado o método de cloração. Foram

utilizadas amostras extraídas e extraídas e tratadas com NaOH 1% da região externa (RE) e

interna (RI) de E. oleracea. Para tanto, foram utilizadas 2,5 g de amostra seca e adicionaram-

14

se 8 mL de água destilada quente, 0,5 mL de ácido acético e 1g de clorito de sódio. Depois,

essas amostras foram mantidas em banho-maria a 70°C, sendo a cada 1 h adicionado mais 0,5

mL de ácido acético e 1g de clorito de sódio até as fibras ficarem completamente separadas. A

amostra foi mantida em repouso sem adição de qualquer reagente, durante 24 horas.

A amostra foi filtrada sob vácuo, e lavada com água destilada até a cor amarela e o

odor de cloro desaparecer completamente. O material foi seco em uma estufa a 103 ± 2ºC

durante 24 horas e depois foi pesado (ABREU et al., 2006). A porcentagem de holocelulose

foi calculada pela Equação 1.

olocelulose eso seco do resíduo (mg)

eso da amostra de madeira 1 (1)

3.5 Determinação do teor de α-celulose

Foram utilizadas amostras extraídas e extraídas e tratadas com NaOH 1% das regiões

externa (RE) e interna (RI) de E. oleracea para determinação do teor de α-celulose. Para isto,

dois gramas de holocelulose seca foram transferidos para um recipiente fechado e adicionados

10 mL da solução de NaOH 17,5% mantendo a temperatura a 20 ºC, em um banho-maria.

Depois foram adicionados, em intervalos de 5 minutos, mais 5 mL da solução de NaOH

17,5%, agitando-se cuidadosamente. A amostra foi mantida a 20 ºC por 30 minutos,

perfazendo um total de tempo de tratamento de 45 minutos. Foram adicionados 33 mL de

água destilada a 20ºC, permanecendo em repouso em repouso durante 1 hora, antes de

filtragem.

O material foi filtrado sob vácuo, em um filtro de porosidade média, previamente

tarado e lavado com 100 mL de NaOH 8,3%. Posteriormente foi lavado duas vezes com água

destilada. No próprio filtro foram adicionados 15 mL de ácido acético 10%, aguardando 3

minutos e foi retirado todo ácido acético sob vácuo. O resíduo celulósico foi lavado

novamente com 250 mL de água destilada e seco em uma estufa a 103 ± 2ºC, durante 24

horas. O material foi resfriado em um dessecador por 1 hora. A porcentagem de α-celulose foi

calculada pela Equação 2.

α celulose eso seco do resíduo celulósico

eso da amostra holocelulósica 1 (2)

3.6 Lignina Klason

Para determinação do teor da lignina Klason foi utilizado amostras extraídas e

extraídas e tratadas com NaOH 1% da região externa (RE) e interna (RI) de E. oleracea.

Foram utilizadas aproximadamente 300 mg de amostra que foram digeridas com ácido

sulfúrico 72%, sendo homogeneizada por agitação contínua durante 1 minuto e conservada

por 1 hora entre 25 e 30°C em banho-maria. O material obtido foi diluído a 84 mL de água

destilada, permanecendo em refluxo por 4 horas.

O produto obtido foi lavado com 500 mL de água destilada quente em um funil de

placa sinterizada e seco em estufa a 103 ± 2ºC durante 24 horas (EFFLAND, 1977). A

porcentagem de lignina foi calculada pela Equação 3.

Lignina eso seco do resíduo (mg)

eso da amostra de madeira 1 (3)

15

3.7 Lignina de Björkman

As amostras extraídas e tratadas com NaOH 1% de E. oleracea (RE e RI) foram

trituradas em um moinho de bolas de aço inoxidável para a redução da granulometria até

apresentar nível coloidal ao utilizar a velocidade de 310 rpm durante 36 horas. O material foi

transferido para um erlenmeyer e extraído com dioxano (96:4) por 4 dias sob agitação

constante. A solução de dioxano obtida foi filtrada por duas vezes em um funil de Büchner ao

utilizar papel de filtro. A solução de dioxano:água foi evaporada em um evaporador rotatório

a 40°C em 55 mbar de pressão negativa.

O material concentrado foi dissolvido com uma solução de ácido acético:água (9:1) e

filtrado com um funil de placa sinterizada n° 3 e com placa sinterizada n° 2. O material

filtrado foi transferido para um funil de separação, no qual foi gotejado em 1 L de água

bidesionizada sob agitação. Foi realizada uma nova filtragem da solução aquosa em um funil

de Büchner com papel de filtro e ao término desse procedimento o produto permaneceu em

um dessecador contendo anidrido fosfórico.

Após a secagem, o material foi dissolvido com uma solução de 1,2-dicloroetano e

etanol absoluto (2:1), e o material dissolvido foi gotejado em éter etílico por duas vezes,

alternada por duas operações de centrifugação. A lavagem constituiu a última etapa e foi

realizada com éter de petróleo.

3.8 Acetilação

Após a obtenção da lignina de Björkman, 50 mg desse material foram dissolvidos em

1 mL de piridina e adicionado 1 mL de anidrido acético na proporção 1:1 e permaneceu na

solução reacional sob agitação a frio durante 72 horas. Depois, a lignina foi recuperada pela

precipitação da solução reacional em éter etílico e lavada por 3 vezes com este mesmo

solvente sob centrifugação. Posteriormente, o material foi seco em dessecador de vidro sob

pressão reduzida, na presença de KOH durante 3 dias.

3.9 Espectroscopia no infravermelho

Foi realizada análises de espectroscopia no infravermelho do caule (região interna e

externa) de E. oleracea nas seguintes condições de tratamento:

1) amostras extraídas conforme metodologia descrita no item 3.2;

2) amostras extraídas e tratadas com NaOH 1%;

3) amostras obtidas da lignina de Björkman;

Os espectros de infravermelho foram registrados em um espectrômetro (VARIAN

640-IR FT-IR spectrometer) ao utilizar 1mg de amostra e 100mg de KBr para confecção das

pastilhas para análise e realizadas no modo experimental de transmitância com 4 cm-1

de

resolução, 32 varreduras, amplitude espectral entre 4000-400cm-1

.

Com a intenção de comparar as alterações dos grupos funcionais com as mudanças dos

espectros, após o tratamento alcalino, foram calculadas as absorbâncias relativas (AR) para os

principais sinais de absorção de acordo com a Equação 4.

A Aab

A15 5-15 3

1 (4)

16

Em que: AR é a absorbância relativa da banda de absorção; Aab é a absorbância da

banda de absorção AB; A1505-1503 é a absorbância do sinal de referência a 1505-1503 cm-1

.

As absorbâncias relativas foram calculadas relativamente à absorbância do sinal de

absorção em 1505 e 1503 cm-1

para as amostras RE e RI, respectivamente. Este sinal foi

escolhido como referência, pois se admite que o número de anéis aromáticos seja constante

durante o tratamento e, portanto, a intensidade do sinal em 1505 e 1503 cm-1

causado pelas

vibrações C=C do anel aromático, deve ser constante. Foi realizada a correção de linha de

base para calcular a absorbância de determinado sinal de absorção, e esta foi determinada

como a altura do pico (SMITH, 1982; BYKOV, 2008).

3.10 Ressonância magnética nuclear (RMN 13

C) no estado sólido do caule de Euterpe

oleracea

As amostras RE e RI extraídas e extraídas e tratadas com NaOH 1% foram

processadas em um moinho de bolas para redução da granulometria. Após moagem o material

foi seco e em um dessecador contendo anidrido fosfórico. Foram utilizados 500 mg para

análise de RMN 13

C no estado sólido (ABREU et al., 2006). Os espectros foram obtidos em

um aparelho Bruke Avance II 400 MHz, com rotor de 4 mm, com a técnica CP/MAS com

giro de 8000 Hz com polarização cruzada.

3.11 Ressonância magnética nuclear (RMN 1H e

13C) em solução da lignina de Euterpe

oleracea

A elucidação estrutural da lignina das amostras RE e RI de E. oleracea foi realizada

por técnica espectroscópica de ressonância magnética nuclear (RMN) para os átomos de

carbono (RMN de 13

C) e prótons (RMN de 1H) uni e bidimensionais.

Os espectros foram obtidos na Central Analítica da Universidade Federal Rural do Rio

de Janeiro (Instituto de Ciências Exatas/Departamento de Química) e registrados em um

aparelho Bruker Advance II 400 MHz. As amostras das ligninas acetiladas RE e RI (item 3.8)

foram dissolvidas em CDCl3 (clorofórmio deuterado) e os deslocamentos químicos (δ) foram

expressos em partes por milhão (ppm).

3.12 Determinação de Ácidos Fenólicos da parede celular por Cromatografia Líquida de

Alta Eficiência (CLAE)

Para a determinação do teor de ácido fenólicos na parede celular foi utilizada a

metodologia descrita por Geetha et al. (2011). Esta análise foi realizada com as amostras

extraídas e extraídas e tratadas com NaOH 1% de E.oleracea (RE e RI). Além da análise dos

ácidos fenólicos presentes na parede celular também foi realizada a análise cromatográfica

destes no estado livre, nos quais foram utilizados os extratos obtidos com acetato de etila e

metanol conforme metodologia descrita no item 3.2.

As amostras (100 g) do caule foram extraídas num aparelho de soxhlet com metanol

(300 mL x 3), até o material vegetal ficar incolor. O extrato metanólico combinado foi

concentrado à vácuo em um evaporador rotativo sob vácuo. O resíduo obtido foi dissolvido

em 50 mL de água e submetido a hidrólise ácida com HCl a 5% (10 mL). A solução

hidrolisada foi extraída com acetato de etila (50 mL x 3) e a camada orgânica combinada foi

17

seca sobre sulfato de sódio anidro. A solução foi concentrada e o resíduo resultante dissolvido

em metanol para análise cromatográfica (GEETHA et al., 2011).

A determinação do perfil químico nas amostras foi realizada por um cromatógrafo

líquido Prominence (Shimadzu) equipado com duas bombas (LC-20AT), detector de

fotodiodos (SPD-M20A), injetor automático (SIL-10A) e forno para coluna (CTO-20A) foi

utilizado para determinação das substâncias.

A separação cromatográfica foi realizada em uma coluna analítica de fase reversa C-

18 (25cm 4,6 mm, 5 μm de partícula, Luna-Phenomenex), tendo como fase móvel água

Mill-Q com 1% de ácido acético (solvente A) e metanol (solvente B), fluxo constante de 1,0

mL/min e temperatura de 28 ºC. O volume de injeção foi de 2 μL e a detecção foi realizada a

280nm. O gradiente de eluição iniciou-se com 35% do solvente B até 80% em 2 minutos, 80 a

92% de B em 4 min, 92 a 35% B em 2 min, em que foi mantido a 35% de B por 3 minutos.

Os cromatogramas foram adquiridos e processados pelo “software” LcSolution (Shimadzu).

3.13 Microscopia óptica de campo claro

Foram coletados fragmentos dos caules dos três indivíduos e fixados em FAA 70% -

formaldeído 40%, ácido acético glacial e álcool 70%, na proporção 1:1:18 (JOHANSEN,

1940), por 3 dias e conservados em álcool 70%.

As amostras foram incluídas em polietileno glicol (PEG) 1500 e seções transversais

obtidas em micrótomo de deslize, na espessura média de 20 μm. Essas seções foram

clarificadas com hipoclorito de sódio a 50%, neutralizadas em água acética (1:500), coradas

com uma mistura de azul de astra 2% e safranina 0,5% em solução aquosa e montadas em

lâminas semipermanentes (BUKATSCH, 1972).

Para a dissociação dos elementos traqueais das amostras das regiões interna e externa do

caule foi utilizada o método modificado de Franklin (1945), que consiste na mistura de

peróxido de hidrogênio 30% e ácido acético glacial, na proporção 1:1. Os fragmentos obtidos

foram corados com safranina aquosa 1% e depois montados em lâminas semipermanentes.

Foram realizadas 25 mensurações das fibras de cada indivíduo segundo as

recomendações das normas IAWA Committee (1989). A partir dos valores dos diâmetros total

e do lume das fibras, foram obtidos os parâmetros anatômicos espessura da parede (μm) e

fração parede (%), conforme Equações 5 e 6.

E (μm) Dt-Dl

2 (5)

F ( ) 2 E

Dt 1 (6)

Em que: EP é espessura da parede (μm); Dt é Diâmetro total (μm); Dl é Diâmetro do

lúmen (μm); FP é a fração parede (%).

Na análise dos dados, foi utilizada estatística descritiva, em que os resultados obtidos

para as propriedades anatômicas que foram tabulados e interpretados por meio dos valores

mínimos, máximos, média e desvio padrão.

18

3.14 Testes histoquímicos

Para a realização dos testes histoquímicos foram obtidas seções transversais do

material fresco de E. oleracea (RE e RI). O teste de Wiesner confirma a presença de lignina

com grupos cinamaldeído, com a cor variando de rosa a vermelho (VALLET et al., 1996); e

Maüle que consiste em três tratamentos sequenciais do tecido lignificado com permanganato

de potássio 1%, ácido clorídrico 3% e hidróxido de amônio concentrado, para identificação da

lignina do tipo guaiacílica (G) pela cor marrom e siringílica (S) pela cor vermelha (LIN e

DENCE, 1992).

3.15 Microscopia de fluorescência

Para a microscopia de fluorescência, seções transversais do caule (regiões interna e

externa) foram transferidas para uma solução de auramina 0,01% por 15 segundos, no qual

esse fluorocromo fluoresce amarelo quando ligado a lignina (HALL et al., 1989), e em

seguida lavadas com água bidesionizada. As mesmas foram observadas em microscópio de

fluorescência utilizando cubo de excitação azul em 450-480 nm e filtro FITC (U-MWB2)

(BARROS e MIGUENS, 1998) e as fotomicrografias foram obtidas com um microscópio

óptico (Olympus BX 51) com um sistema digital de processamento de imagens (cellf imaging

software).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Determinação do teor dos constituintes macromoleculares

Os resultados das análises da composição química das amostras do caule de E.

oleracea e das amostras tratadas com NaOH 1% estão apresentados na Tabela 3. O teor de

celulose, hemicelulose e lignina correspondem a 90% da massa total do caule. Os 10%

restante são ceras, taninos, goma e algumas substâncias inorgânicas, conhecidas como

extrativos.

O teor de α-celulose e de holocelulose das amostras RE e RI do caule apresentou

valores médios bastante similares entre estas. Estes valores foram semelhantes aos

encontrados em fibras do estipe dos palmiteiros branco e macho (IPT, 1988). No entanto,

quando comparado, esses resultados foram superiores aos encontrados em diversas espécies

de madeiras e também de várias monocotiledôneas como consta na Tabela 4.

Tabela 3. Teor de holocelulose e lignina das diferentes amostras do caule de Euterpe

oleracea.

Amostras Holocelulose (%) α-Celulose (%) Lignina (%)

RE extraída 74,40 64,08 10,33

RE extraída + NaOH 1% 80,48 64,92 8,50 RI extraída 74,42 63,08 15,66

RI extraída + NaOH 1% 79,15 68,17 11,33 RE – Região externa; RI – Região interna do caule de E. oleracea.

19

Tabela 4. Valores de referência dos constituintes macromoleculares de diversas espécies

Espécie Teor dos constituintes (%)

Referência Celulose Hemicelulose Lignina

Calamus manan 39,05 - 22,22 Kalima e Jasni (2004)

Calamus occidentalis 49,95 22,39

Bambu 57-66* 21-31 García Hortal (2007)

Saccharum sp.

- - 20,88 Paula et al. (2011)

54,3-55,2 16,8 25,3-24,3 Satyanarayana, Guimarães e

Wypych (2007)

49-62 - 19-24 García Hortal (2007)

Agave sisalana 59,18 24,58 6,97 Salazar e Leão (2006)

Cocos nucifera 45,47 20,36 31,83

Agave sisalana 74-75,2 10-13,9 7,6-8

Satyanarayana, Guimarães e

Wypych (2007)

Juta 60 22,1 15,9

Curauá 70,7 21,1 7,5-11,1

Piaçava 31,6 - 48,4

Açai 57,3* - 19,8

IPT (1988) Palmiteiro branco 61,2* - 15,7

Palmiteiro macho 65,9* - 18,9

Fonte: Adaptado de FONSECA (2012).

Foi obtido um teor de lignina de 10,33% e 15,66% para amostras RE e RI extraídas,

respectivamente. Essas variações observadas podem ser atribuídas ao estágio de maturação.

Os valores observados foram inferiores a outras biomassas, como o endocarpo de babaçu

(27,9%), bambu gigante (22,7%) e madeiras de Eucalyptus grandis (23,9%) e Pinus oocarpa

(25,1%), obtidos por Silva, Barrichelo e Brito (1986), Marinho et al. (2012), Pereira et al.

(2000) e Moraes, Nascimento e Melo (2005), respectivamente.

O baixo teor de lignina de um material lignocelulósico reduz o tempo de produção de

polpa e a carga química em comparação com as de outras matérias-primas não madeireiras

(DIAZ et al., 2007; LOPEZ et al., 2008).

Após o tratamento com NaOH 1%, ocorreu um aumento do teor de holocelulose de

6,08% e 4,73% (RE e RI, respectivamente), porém houve uma redução do teor de lignina,

resultando na dissolução de 1,83% e 4,33% da lignina original das amostras RE e RI,

respectivamente, permitindo propor que parte do material incrustante foi solubilizada. Tal fato

se relaciona à ligação da lignina da amostra RI e polissacarídeos, que são relativamente mais

lábeis entre os monômeros da lignina, ou ainda entre lignina e polissacarídeos.

Esses resultados podem ser explicados pelo tratamento alcalino que pode promover a

solubilização de hemiceluloses por ruptura e quebra de ligações de hidrogênio. Essas

substâncias, quando ligadas por meio de grupamento do tipo éster, podem ser quebradas por

uma base (XIAO, SUN e SUN, 2001).

O pré-tratamento alcalino é uma das várias tecnologias que têm sido investigadas, no

qual se utilizam reagentes como hidróxido de sódio (CARRILLO et al., 2005; SILVERSTEIN

et al., 2007) e o álcali cliva ligações hidrolisáveis em ligações de lignina e de polissacarídeos,

o que provoca uma redução no grau de polimerização e cristalinidade, inchaço das fibras, bem

como a ruptura da estrutura da lignina (HSU, 1996).

Gierer (1985) e Scalbert e Monties (1986) afirmam que as partes ácidas, como grupos

carboxílicos ionizados ou fenólicos, em solução alcalina, podem promover a solubilização da

lignina. Xiao, Sun e Sun (2001) afirmam que essa elevada solubilidade da lignina e

20

hemiceluloses também pode ser atribuída à quebra de ligações éster entre os ácidos

hidroxicinâmicos, como os ácidos p-cumárico e ferúlico.

No entanto, o caule de E. oleracea, ao ser analisado por técnica espectroscópica

(infravermelho e RMN 1H e

13C) e por CLAE-DAD permitiu observar a presença do ácido p-

hidroxibenzóico e ácido protocatecuico (Figura 9), formando ligações entre esses e a lignina.

Além disso, as palmeiras também têm parcialmente p-hidroxibenzoil conectado à lignina

(TOMIMURA, 1992a, b; SUN et al., 1999b; KURODA, OZAMA e UENO, 2001;

RENCORET et al., 2013).

Figura 9. Estrutura dos derivados benzóicos. (A) Ácido p-hidroxibenzóico e (B) ácido

protocatecuico.

4.2 Análise por espectroscopia de infravermelho (FTIR) do caule de Euterpe oleracea

A espectroscopia de infravermelho (IV) com transformada de Fourier é comumente

utilizada para identificar os grupos funcionais de biomassa lignocelulósica e as alterações

causadas por diferentes tratamentos.

Nesse estudo, as amostras extraídas e extraídas e tratadas com NaOH 1% de E.

oleracea (RE e RI) foram submetidas à análise por FTIR e apresentaram espectros similiares,

apresentando importates regiões de absorção das amostras RE e RI (Figuras 10 e 11).

Também foram submetidas à análise por FTIR as amostras RE e RI das ligninas de Björkman

para uma melhor análise da lignina dessa espécie.

A caracterização dos sinais de absorção no IV das amostras foi realizada

principalmente de modo qualitativo por comparação com dados da literatura, conforme

descrito por Lin e Dence (1992), Boeriu et al. (2004), Schwanninger et al. (2004), Kubo e

Kadla (2005), Yan et al. (2009), Gwon et al. (2010), Xu et al. (2013); Latif et al (2015).

21

Figura 10. Espectros de infravermelho das amostras extraídas, extraídas e tratadas com

NaOH 1% e lignina de Björkman e da região externa (RE) do caule de Euterpe oleracea.

22

Figura 11. Espectros de infravermelho das amostras extraídas, extraídas e tratadas com

NaOH 1% e lignina de Björkman da região interna (RI) do caule de Euterpe oleracea.

23

Os espectros de ambas as amostras (RE e RI) extraídas foram similares, e

apresentaram um sinal forte de estiramento de O-H em 3271-3270 cm-1

. A absorbância em

2904-2850 cm-1

foi decorrente do estiramento de C-H em grupos metoxílicos aromáticos e em

grupos metílicos e metilênicos das cadeias laterais da lignina.

Também foi observado o sinal em 1737-1735 cm-1

nos espectros e foi atribuída ao

estiramento de C=O de éster certamente derivados dos grupos acetilicos ligados às

hemiceluloses.

Os sinais a partir de 1600 a 1450 cm-1

foram devido à vibração do esqueleto aromático

da lignina. Os sinais em 1596, 1505-1503, 1427-1426 cm-1

surgem a partir das vibrações do

esqueleto aromático da lignina (-C=C-C- e -C=C-C=C- ou ligação dos monômeros da lignina

β-1, β-β, 5-5, e β-5).

A absorção em 1462-1456 cm-1

foi atribuído à deformação angular assimétricas de C-

H de grupamento metila e metilenos. Estes sinais podem ser observados com mais clareza

após o isolamento da lignina pelo método de Björkman das amostras de E.oleracea (RE e RI).

O sinal em 1382-1375 cm-1

foi atribuído ao dobramento de C-H de grupos CH3 da

celulose e hemicelulose e em 1225 cm-1

ao estiramento C-O do grupo hidroxílico fenólico na

lignina. Além destes sinais, a lignina é composta por unidades guaiacila propano (G) e

unidades de siringila propano (S) que contêm um e dois grupos metoxílicos, respectivamente.

Os espectros, Figuras 10 e 11, mostram sinais característicos de lignina que são

observados em 1272 cm-1

para as unidades de guaiacila propano (G) ligado a C=O e 1329-

1328 cm-1

para unidades de siringila propano (S) acrescido do anel G condensado (isto é, anel

G substituído na posição 5), e em torno de 1225 cm-1

atribuído ao estiramento de C-C mais C-

O mais C-C(=O)-C; G condensado > G eterificado (FAIX, 1991).

De acordo com o sistema de classificação de lignina com espectros infravermelhos por

Faix (1991), ao se analisar os espectros das ligninas de Björkman das amostras RE e RI de E.

oleracea, pode-se concluir que as mesmas pertencem aos tipos típicos de lignina guaiacila

siringila (GS) pelas seguintes características: a absorbância em 1462 cm-1

superior a

absorbância do sinal de referência a 1505-1503 cm-1

; o sinal em 1329-1328 cm-1

superior ao

sinal em 1272 cm-1

; o sinal em 1272 cm-1

baixo (algumas vezes aparece apenas um ombro); o

sinal em 1125 cm-1

muito alto e o sinal em 835 cm-1

pronunciado.

Os sinais em 1160 cm-1

e 1049 cm-1

foi atribuído, respectivamente, ao estiramento de

C-O-C da celulose ou hemicelulose e estiramento C-O da celulose, hemicelulose ou lignina.

Sun, Lawther e Bank (1996) e Sun et al. (2002) afirmam que o sinal em 1044 cm-1

que é

atribuído ao C-O e C-C é característico para xilanas e com contribuição da ligação glicosídica

(C-O-C). O sinal em 898 cm-1

corresponde ao C1 do anel e é atribuída às ligações glicosídicas

(1→4) entre unidades de xilose em hemicelulose. As atribuições típicas dos sinais de

infravermelho FT-IR que representam os principais componentes da parede celular, constam

na Tabela 5.

24

Tabela 5. Atribuições dos sinais dos espectros das amostras de Euterpe oleracea (região

externa e interna).

Para analisar as diferenças dos espectros das amostras do caule de E.oleracea após

tratamento com NaOH 1%, os sinais foram normalizados pela razão da intensidade da

absorção de cada sinal pela da intensidade da absorção do sinal em 1505-1503 cm-1

para

amostras RE e RI, respectivamente. Este sinal corresponde ao estiramento de anéis

aromáticos, que foi selecionado como uma referência interna, uma vez que tem uma

Número

de ondas

(cm-1

)

Referências Atribuição Polímero

3417-3445

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004); KUBO e KADLA (2005); YAN et al.

(2009); XU et al. (2013)

Estiramento de O-H Celulose,

Lignina

2903-2904

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004); KUBO e KADLA (2005); YAN et al.

(2009); XU et al. (2013)

Estiramento de C-H Celulose,

Lignina

1736

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004); YAN et al. (2009); SILLS e

GOSSETT (2012); XU et al. (2013)

Estiramento de C=O de éster Hemicelulose

1595

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004); YAN et al. (2009); SILLS e

GOSSETT (2012)

Vibrações do esqueleto

aromático; S>G;

G Condensado > G eterificado

Lignina

1500-1510

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004); YAN et al. (2009); SILLS e

GOSSETT (2012); XU et al. (2013)

Vibração do esqueleto aromático Lignina

1457-1459 FAIX (1991); YAN et al. (2009); SILLS e

GOSSETT (2012); XU et al. (2013) Deformações angular de C-H Lignina

1425-1427 KUBO e KADLA (2005) Deformação de C-H no plano Lignina

1376-1377 SCHWANNINGER et al. (2004); SILLS e

GOSSETT (2012); XU et al. (2013)

Deformação angular de C-H de

CH3

Celulose,

hemicelulose,

lignina

1322-1329

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004) ; KUBO e KADLA (2005);YAN et al.

(2009); XU et al. (2013)

C-O em anel siringílico Lignina

1280 SILLS e GOSSETT (2012); XU et al. (2013) Deformação angular de C-H Celulose

1272

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004); SILLS e GOSSETT (2012); XU et al.

(2013)

Vibração do anel guaiacil,

influenciada por estiramento

C=O

Lignina

1226-1227

FAIX (1991); SCHWANNINGER et al.

(2004); YAN et al. (2009); SILLS e

GOSSETT (2012); XU et al. (2013)

Estiramento de C-C e C-O Lignina

1160-1161 SCHWANNINGER et al. (2004); SILLS e

GOSSETT (2012); XU et al. (2013) Estiramento assimétrico C-O-C

Celulose,

hemicelulose

1049-1051 BOERIU et al. (2004) Estiramento C-O, C-C, C-OH

Celulose,

hemicelulose,

lignina

1024-1026 SILLS e GOSSETT (2012) Estiramento C-O e C-C-O

Celulose,

hemicelulose,

lignina

898 SCHWANNINGER et al. (2004)

Deformação de C-H de anel

aromático; Deformação de

grupos de C1-H

Celulose,

hemicelulose,

lignina

25

intensidade relativamente constante. Os resultados dessas diferenças podem ser observados na

Tabela 6.

A maioria dos sinais característicos de absorção da lignina e hemicelulose nas

amostras tratadas com NaOH 1% foi significativamente enfraquecido quando comparado aos

sinais das amostras extraídas do caule de E. oleracea (Tabela 6) sugerindo que a lignina e

hemicelulose foram parcialmente degradadas durante o pré-tratamento.

Tabela 6. Sinais FTIR normalizados pela razão da intensidade em 1505 (RE) e 1503 cm-1

(RI) do caule de Euterpe oleracea.

Número de onda

(cm-1

)

Razão das intensidades dos

sinais

da amostra RE Número de onda

(cm-1

)

Razão das intensidades dos

sinais

da amostra RI

Extraídas

Extraídas e

tratadas com

NaOH 1%

Extraídas

Extraídas e

tratadas com

NaOH 1%

3272-3273 2,67 2,22 3270-3285 1,45 1,73

2900-2911 1,72 1,87 2900-2901 1,29 1,31

1736 1,64 - 1737 1,18 -

1649-1650 1,43 1,41 1657-1659 1,03 0,85

1457-1461 1,74 1,50 1462-1463 1,17 1,04

1426-1428 1,88 1,75 1426-1427 1,20 1,06

1374-1383 1,88 1,74 1375-1380 1,24 1,06

1320-1332 1,58 1,64 1330-1331 1,19 0,91

1242-1253 1,89 1,29 1243-1252 1,27 0,91

1161-1162 2,12 1,93 1162 1,31 1,21

1112-1114 2,44 2,15 1112-1115 1,40 1,26

1053-1059 2,78 2,30 1057-1059 1,49 1,35

898-899 0,53 0,61 897-898 0,92 0,58

O símbolo (-) refere-se à ausência do sinal após o tratamento com NaOH 1%.

As alterações mais significativas após tratamento com NaOH 1% foram observadas

em 1737-1736 cm-1

no qual o sinal desapareceu tanto nas amostras RE e RI; em 1162-1161

cm-1

(estiramento assimétrico de C-O de grupos ésteres) e em 1059-1053 cm-1

(estiramento C-

O, C-C, C-OH) que apresentaram uma redução das intensidades nas amostras RE e RI. Este

resultado permite entender que ocorreu uma reação de saponificação durante o pré-tratamento

alcalino (Figura 12). Tal reação quebra a ligação éster entre lignina e carboidratos e libera a

celulose a partir do encapsulamento de lignina, tornando mais exposta a celulose (HE et al.,

2008).

Figura 12. Esquema do complexo lignina-carboidrato (CLC) reagindo com NaOH (HE et al.,

2008).

26

Koullas et al. (1992) afirmam que o mecanismo de hidrólise alcalina ocorre pela

saponificação de ligações de ésteres intermoleculares, que reticulam hemiceluloses de xilanas

e outros componentes, por exemplo, lignina e outra hemicelulose. Durot, Gaudard e Kurek

(2003) destacam que o tratamento alcalino pode liberar um pouco de celulose e hemicelulose

por hidrólise das ligações éster entre lignina e celulose ou hemicelulose.

4.3 Análises por espectrometria de ressonância magnética nuclear de 13

C no estado sólido

do caule de Euterpe oleracea

A anisotropia do material lignocelulósico conduz a espectros com sinais muitos largos,

visto que os sinais estão concentrados na região entre 50 e 110 ppm, no qual a grande parte é

atribuído a carbonos da estrutura da celulose, com contribuição de sinais de hemicelulose e

lignina (REZENDE et al., 2011). Nesse trabalho, essa técnica foi utilizada para avaliar do

efeito do tratamento alcalino com NaOH 1% com as amostras do caule (RE e RI) de

E.oleracea e conhecer quais as estruturas dos grupos aromáticos no material.

Os espectros de RMN de 13

C e suas atribuições estão apresentados na Tabela 7. As

amostras de E. oleracea (RE e RI) extraídas apresentaram um perfil similar. No entanto, após

o tratamento alcalino com NaOH 1%, ocorre o desaparecimento dos sinais de carbono do

esqueleto lignoídico e diferenciando dos sinais δH 173 e 22 causado pela a hidrólise dos

ésteres e acetatos.

Tabela 7. Atribuições aos deslocamentos químicos observados nos espectros de RMN 13

C

(estado sólido) das amostras do caule de Euterpe oleracea (RE e RI).

Deslocamento químico (ppm) Atribuições

RE

extraído

RE

extraído +

NaOH 1%

RI extraído

RI extraído

+ NaOH

1%

173,45 - 173,81 - COOR, ésteres de glicosídeos e de acetato

154,24 153,51 153,87 154,24 Siringil éter ligada, C-3/C-5

133,80 133, 80 C-4 de Siringil

121,59 122,34 C-1 de Guaiacil, C-4 de Siringil

106,50 106,64 106,64 106,57 C-5 de Guaiacil

105,92 105,92 105,99 105,70 C-1 Arabinofuranosil

89,74 89,81 89,74 89,71 C-1 de celulose, C-1 de xilanas

85,19 85,05 85,05 85,12 C-4 de celulose cristalina

75,80 75,80 75,80 75,80 C-4 de celulose amorfa, C-4 de xilanas

73,35 73,28 73,20 73,20 Celulose e xilanas, C-2/C-3/C-5

65,62 65,76 65,84 65,76 C-6 de celulose cristalina, C-5 de xilanas

63,24 63,09 63,53 63,09 C-6 de celulose amorfa

56,66 57,03 56,81 56,74 Metoxilas aromáticas

21,78 - 22,07 - Grupos metileno alifáticos; acetatos

27

Nas amostras RE e RI extraídas pode-se observar que os sinais mais intensos foram de

carbonos de celulose e da cadeia C3 da lignina que aparecem entre 60 a 110 ppm. Os sinais

em torno de 60 ppm foram atribuídos a C6, de 70 a 80 ppm para C2-C5 (Figura 13).

Os sinais de carbonos de metilas e carboxilas de grupos acetílicos ligados a

hemiceluloses estão indicadas em 21,78 – 22,07 e 173,45 – 173,81 ppm, para amostra RE e

RI, respectivamente (Figura 13).

Os sinais menos intensos em 56,66 – 56,38 ppm foram atribuídos respectivamente a

grupos metoxílicos ligados a sistemas aromáticos de lignina. O sinal intenso em δH 154,23 –

153,87 foi atribuído a carbonos originados em sistema aromático, podendo estar sustentando

grupos -OCH3, –OH ou OR. Segundo Lin e Dence (1992), os sinais em torno de 180 ppm

correspondem a carboxilas conjugadas de ácidos p-hidroxicinâmicos e de segmentos

moleculares da lignina.

Para as amostras RE e RI extraídas e tratadas com NaOH 1%, pode-se obsevar que os

sinais a 21,78 – 22,07 e 173,45 – 173,81 ppm, atribuídos a grupos acetil de hemiceluloses,

desapareceram, confirmando a remoção de hemiceluloses em ambas as amostras (Figura 13).

Os sinais em 130-140 ppm e 154-158 ppm podem estar representando os carbonos do

anel siringil sendo 136-138 ppm do C-4 e 152-158 ppm dos carbonos C-3 e C-5. Apesar de

serem carbonos originados sp2, o carbono C-4 está vizinho a dois grupos originados em orto

que, desta forma, exerce efeito mesomérico de proteção. Na faixa de 130-140 ppm estão

também representando os carbonos C-1 do anel guaiacila com o deslocamento do carbono em

aproximadamente 130 ppm.

Da mesma forma, os sinais em δH 130-136 e de 154-158 foram reduzidos

gradualmente, o que indica a remoção parcial do teor de lignina das amostras RE e RI (Figura

13). Esses resultados também foram encontrados por Karnaouri, Rova e Christakopoulos

(2016) que estudaram diferentes formas de pré-tratamento em cascas de bétula visando

fracionamento de seus componentes. Essas observações também estão de acordo com os

trabalhos de Stewart et al. (1997), Wikberg e Mannu (2004) e Martins et al. (2006).

28

Figura 13. Espectros de RMN 13

C (estado sólido) das amostras extraídas e amostras extraídas

e tratadas com NaOH 1% do caule de Euterpe oleracea (região externa e interna).

29

4.4 Análises por espectrometria de ressonância magnética nuclear de 1H

13C em solução da

lignina de Euterpe oleracea

As técnicas analíticas de RMN 1H e

13C têm sido amplamente aplicadas para a

identificação da estrutura da lignina e podem ser utilizadas para atribuir estruturas diferentes a

várias fontes de lignina. Nimz et al. (1981) compararam as diferenças estruturais entre as

ligninas de folhosas, coníferas e gramíneas com análise de espectros RMN 13

C de lignina

acetilada, revelando as características estruturais das ligninas e justificando a sua classificação

como ligninas G (coníferas), ligninas GS (folhosas), ligninas HGS (gramíneas) ou ligninas

HG (madeira de compressão).

Os espectros de RMN 1H das amostras de lignina acetilada de E. oleracea (RE e RI)

foram similares e os resultados das análises foram realizados por comparação com os dados

da literatura e estão apresentados na Tabela 8, cujas frequências estão agrupadas em regiões

principais do espectro das ligninas.

Tabela 8. Atribuição dos sinais de hidrogênio em regiões do espectro de RMN 1H das

ligninas.

Região Deslocamento químico

( Grupos funcionais contendo hidrogênios responsáveis pelo

sinal

1 7,00-8,00 Hidroxila fenólica

2 6,00-7,00 Ar-H; Olefínico

3 4,00-5,00 H-C=O; Ar-CH-O

4 3,7 OCH3; OCH2

5 1,7-2,5 Metoxílico e H-C-Ar; H3-C-C

Referências: (MORAIS, 1992; ABREU e OERTEL, 1999; GONÇALVES et al., 2000; SALIBA et al., 2001;

YAN, XU e YU, 2009).

Os sinais entre 6,0 e 8,0 ppm são atribuídos aos hidrogênios de anéis aromáticos em

unidades G e S, nos quais os sinais em 6,7 e 6,8 ppm representam os hidrogênios aromáticos

em unidades G, enquanto 6,6 ppm originam-se das unidades S (FAIX, GRUNWALD e

BEINHOFF, 1992).

A maior intensidade do sinal em H 6,60 do que em H 6,90 (Figura 14), permite

sugerir que a lignina foi composta por uma proporção relativamente elevada de núcleos

siringílicos do que de guaiacilicos, tanto das amostras RE e RI de E. oleracea. Esses

resultados também foram encontrados por Jin, Jin e Shao (2012) ao estudarem a lignina

isolada pela metodologia de Björkman das fibras de Hibiscus cannabinus (Kenaf).

Os sinais em H 2,0, 2,1 e 2,2 correspondem a absorção de metilas adjacentes a

ligações duplas ou a grupos carboxílicos (MARCHESSAULT et al., 1982) e os sinais fortes

em H 3,4 e 3,7 podem ser atribuídos às metoxilas (-OCH3). Os sinais de H 4,1-4,5 são

compatíveis aos Hα, Hβ e Hγ da unidade C3 da lignina (Figura 14).

Lapierre, Lallemand e Monties (1982) afirmam que o sinal em torno de 4,9 ppm

representa Hα em ligações β-O-4 e os sinais na região de H 4,6-4,7 e 4,0-4,5 são originados

de Hβ e Hγ de estruturas β-O-4', respectivamente.

Um sinal acentuado em H 7,29 é dos hidrogênios do clorofórmio não deuterado que

aparece como impureza do solvente deuterado utilizado ou como resíduo de solvente

30

proveniente da extração do produto na acetilação. O pequeno sinal em H 7,9 foi atribuído aos

hidrogênios de aldeídos como nas estruturas de cinamaldeído e benzaldeído (Figura 14).

Figura 14. Espectros de RMN 1H das ligninas acetiladas de Euterpe oleracea das regiões

(RE) e (RI).

31

As amostras de lignina de E. oleracea (RE e RI) também foram analisadas com

espectros de RMN 13

C em solução com experimentos de sequência de pulso DEPTQ. Esses

espectros representam sinais em duas fases, diferenciando de acordo com a multiplicidade. No

caso da Figura 15, os sinais que aparecem na fase superior são C e CH2 e os sinais na fase

inferior representam os carbonos e metílicos (CH3) e metinicos (CH).

Os espectros das amostras apresentaram sinais em 20-30 ppm que foram atribuídos a

átomos de carbono saturados em cadeias alifáticas. Sun et al. (1997) afirmam que os sinais

que apareceram no espectro entre 22,2-33,8 ppm para –CH2- foram atribuídos aos grupos α e

β- ou γ-metilenos não oxigenados das cadeias laterais n-propil ou, mais certamente, de

hidrocarbonetos como impureza no processamento de acetilação. Xiao, Sun e Sun (2001)

afirmam que os sinais entre 13 e 33 ppm podem ser atribuídos a grupos metil na cadeia

propílica ou a algumas impurezas alifáticas.

Os sinais dos Cγ, Cα e Cβ das ligações éter β-O-4 aparecem em 62, 74 e 80 ppm,

respectivamente. Estes resultados também foram encontrados por Sun et al. (1997) ao estudar

lignina das fibras do fruto de palmeira.

Os átomos de carbono de sistemas aromáticos em ligninas apresentam sinais na faixa

entre 104 a 160 ppm (NIMZ et al., 1981; SUZUKI et al., 1998). O espectro de RMN 13

C das

ligninas de E. oleracea (RE e RI) foi relativamente simples na região de sistema aromático

mostrando sinais de CH em 104 e 153, que podem ser atribuídos ao C2/6 e C3/5 em unidades

de siringila (Figura 15), respectivamente. Esta análise confirma as observações da

espectroscopia no IV de que a lignina do caule de E. oleracea é do tipo guaiacila-siringila

(GS).

As unidades siringila (S) têm simetria, seus carbonos 2/6 dos anéis aromáticos

apresentaram deslocamento químico em torno de 104 ppm e os seus carbonos quaternários

oxigenados 3/5 estão a 153 ppm (Figura 15). Esta simetria separa-os dos seus homólogos

guaiacila (G), nos quais os carbonos protonados 2, 5 e 6 variam entre 110 a 125 ppm, embora

se verifique alguma sobreposição com os carbonos quaternários 3 e 4, que variam de 145 a

147 ppm (NIMZ et al., 1981; SUZUKI et al., 1998; JIN, JIN e SHAO, 2012).

Com base em estudos de modelo de compostos de lignina, o sinal do C5 em unidades

guaiacila substituídas (condensadas) é protegido (menor deslocamento químico) e os valores

do deslocamento químico (δ) nas estruturas em que C5-5 e C5-O-4 variam em grande medida

dependendo dos seus substituintes no C1 sendo eterificados em seus grupos fenólicos (NIMZ

et al., 1984; MIYAKOSHI e CHEN, 1991).

Os sinais amplos de 169-170 ppm nos espectros de 13

C das ligninas de E.oleracea (RE

e RI) sugerem a presença de carbonos de carboxilas de éster alifáticos ou de sistema

aromático (Figura 15). Esses resultados foram semelhantes aos encontrados por Lüdemann e

Nimz (1973) ao estudarem a madeira de Fagus silvatica e Picea excelsa e por Jin, Jin e Shao

(2012) para a lignina das fibras de Hibiscus cannabinus (Kenaf).

A maioria dos sinais observados para a lignina de E. oleracea (RE e RI) são

semelhantes aos previamente observados em espectro de lignina de bagaço de cana-de-açúcar

(RAMIRES et al., 2010; MANCERA et al., 2010), de bambu (SUN et al., 2013), de palha de

centeio (SUN et al., 2000), de cevada (SUN et al., 2002), de trigo (SUN, FANG e

TOMKISON, 2000) e da palmeira Elaeis guineensis (LU et al., 2015).

Os espectros de RMN 13

C das amostras RE e RI também apresentaram sinais em 111,

113 e 123 ppm (Figura 15), nos quais podem ser atribuídos a presença da estrutura de

derivados de ácidos benzoicos na parede celular de E. oleracea. Lu et al. (2015) afirmam que

estas estruturas são utilizadas como "monômeros" no processo de lignificação nas palmeiras

32

(bem como em salgueiros, choupos e álamos) e que este processo ocorre pelas transferases

que são responsáveis pela produção de conjugados de monolignois p-hidroxibenzoatos.

Figura 15. Espectros de RMN 13

C DEPTQ (400 MHz, CDCl3) da lignina das amostras RE e

RI de Euterpe oleracea.

33

Também foram realizados experimentos de RMN 2D (1Hx

13C-COSY) que foi bastante

útil para elucidar a estrutura química da lignina analisada. Os espectros de RMN 2D (1Hx

13C-

COSY) podem ser obtidos com diferentes sequencias de pulsos conduzindo a obtenção de

sinais de interação de acoplamento a uma ligação [JH-C (HSQC)] e a duas outras ligações

[2,3

JH-C (HMBC)]. Esta técnica tem sido utilizada, por vezes em conjunção com a RMN 13

C

quantitativa para identificar novas estruturas da lignina e/ou reticulação de interpolímeros,

como por exemplo, no caso dos chamados complexos lignina-carboidrato que resultam do

acoplamento da lignina-polissacárideos (BALAKSHIN, CAPANEMA e CHANG, 2007,

BALAKSHIN et al., 2011, CHEN et al., 2012, KIM e RALPH, 2010, MANSFIELD et al.,

2012).

Os espectros HSQC de RE e RI mostraram sinais de interação a uma ligação H2,6 e

C2,6 (δH 6,8 com δc 104) e os espectros MBC dos hidrogênios 2,6 (δH 6,8) com C-3,5 (δH

153); C-1 (δC 134) e C-α (δCH 74). A intensidade dos sinais de δH 2,6 e as interações

facilmente observados mesmo com pouca acumulação, realizado nos experimentos dos

espectros 2D, que o material analisado tem grande quantidade de siringila na estrutura

(Figuras 16, 17, 18 e 19). Os espectros HSQC mostraram mais correlações 1H-

13C (

1JHC) entre

os respectivos núcleos de cadeias alifáticas laterais, oxigenadas e não oxigenadas, e de anéis

aromáticos (Figuras 16 e 17).

Os sinais de interação 1JH-C, observados na frequência de núcleos de sistema alifático

oxigenado (δH/δC 3,9/6,2/62-80 ppm), e nas regiões de núcleos de sistemas aromáticos (δH/δC

6,6-7,8/104-132 ppm) são compatíveis com frequências de núcleos de ligninas nas amostras

analisadas (Figuras 16 e 17). O sinal de interação 1JH-C em δH/δC 3,7/56 ppm observado nos

espectros das amostras de lignina de E. oleracea (respectivamente RE e RI) corresponde à

correlação dos sinais de grupos metoxilas nas estruturas (DEL RÍO et al., 2009).

Também foram observados sinais das correlações 1JH-C entre os hidrogênios de CH2-ϒ

livre (δH/δC 3,9/61) e de CH2 sustentando grupo aceto ila (δH 4,1 e δH/δC 4,4/62-64), cujos

valores são compatíveis com a presença desses grupos nesta posição. Os sinais de 1JHC em

δH 4,4-4,8 com δC 74 e 8 podem ser atribuídos aos carbonos Cα e Cβ da unidade C3 da

lignina.

Os principais sinais de interação 1JH-C na região de absorção de núcleos de sistemas

aromáticos dos espectros HSQC correspondem aos anéis benzênicos das diferentes unidades

de lignina. As unidades S apresentaram um sinal para correlação H2,6/C2,6 em δH/δC 6,6/104

ppm e as unidades G em 7,2/120 para a correlação H6–C6, 6,9/113 de H-2/C-2 e 6,8/112 de H-

5/C-5. A intensidade do sinal 7,6/104 revela a grande quantidade de unidades S na estrutura

da lignina.

Outro sinal significativo na região de absorção de núcleos de sistema aromático foi

observado nas correlações H2,6-C2,6 em 7,9/131 que foi atribuído às subestrutura de p-

hidroxibenzoato de sinapila (PB).

34

Figura 16. Espectro HSQC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região externa de Euterpe oleracea (RE).

35

Figura 17. Espectro HSQC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região externa de Euterpe oleracea (RI).

36

Figura 18. Espectro HMBC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região externa de Euterpe oleracea (RE).

37

Figura 19. Espectro HMBC (400/100 MHz, CDCl3) da fração da lignina acetilada da região externa de Euterpe oleracea (RI).

38

As atribuições das principais correlações das amostras das ligninas acetiladas RE e RI

estão listadas na Tabela 9. Estes resultados foram comparados com os resultados encontrados

na literatura obtidos na análise de RMN com valores tabelados para lignina.

Tabela 9. Atribuição dos sinais dos espectros de RMN 2D-HSQC da lignina acetilada de

Euterpe oleracea (RE e RI).

Sigla δH/δC (ppm) Atribuições Referências

-OMe 3,7/56 H-C em metoxilas

SUN et al., (2010); SHE et al.,

(2012); WEN et al., (2014);

OLIVEIRA (2015)

Aϒ 3,9/61 e 3,7/59 Hϒ-Cϒ em subestruturas β-O-4

SUN et al., (2010); WEN et al.,

(2014)

A’ϒ 4,1 e 4,4/64 Hϒ-Cϒ em subestruturas β-O-4’

ϒ-acetiladas

SUN et al., (2010); SHE et al.,

(2012)

Dβ 5,9/75 Hα-Cα em subestruturas spiro-

dienona OLIVEIRA (2015)

Dα 4,5/80 Hβ-Cβ em spiro-dienona OLIVEIRA (2015)

S2,6 6,6/104 H2,6 -C2,6 em unidades siringila SUN et al., (2010); SHE et al.,

(2012); WEN et al., (2014)

G6 7,2/120 H6–C6 em unidades guaiacila SUN et al., (2010); SHE et al.,

(2012); WEN et al., (2014)

PB2,6 7,9/131 H2,6 -C2,6 em ácido p-

hidroxibenzoico WEN et al., (2014)

Esses resultados também foram obtidos por Yuan et al. (2011) ao analisarem a lignina

da madeira de Populus tomentosa Carr. (choupo) de crescimento rápido que é parcialmente

acilada no carbono γ nas ligações aril éter de β-O-4’ das cadeias laterais. No entanto, alguns

grupos esterificados naturais presentes na lignina podem ter sido hidrolisados e removidos

quando se utilizou o presente método de isolamento.

Esse resultado é compatível com as análises estruturais da lignina de Populus tremula

(SMITH, 1955), clones híbridos de Salix (LANDUCCI, DEKA e ROY, 1992), Elaeis

guineensis (SUN et al., 1999), Populus tremula x Populus alba (MEYERMANS et al. 2000),

Populus tremula x Populus alba (MORREEL et al., 2004) que mostraram que os ésteres de γ-

p-hidroxibenzoato estão presentes.

As análises dos sinais na região de núcleos de anéis aromáticos dos espectros

revelaram que a fração da lignina das amostras RE e RI de E. oleracea pode ser considerada

como uma lignina do tipo GS contendo unidades de ácidos p-hidroxibenzoico e

protocatecuico, nos quais a presença destes foram confirmados por meio da análise

cromatográfica. As principais subestruturas da lignina estão apresentadas na Figura 20 e a

proposta para lignina de E.oleracea (RE e RI) está apresentada na Figura 21.

39

Figura 20. Principais unidades estruturais presentes na lignina das amostras RE e RI de

Euterpe oleracea. A – Ligação β-O-4; A’ – Subestrutura β-O-4’ ϒ-acetiladas; D –

Subestrutura spiro-dienona; G- Unidade guaiacil; S- Unidade siringil; PB – Subestrutura p-

hidroxibenzoato.

Figura 21. Estrutura da lignina da palmeira Euterpe oleracea, obtida pelas informações (A)

do espectro de RMN 1H e (B) RMN

13C.

40

A lignina siringila é mais reativa em sistemas alcalinos que a guaiacila (DEL RIO et

al., 2005) e pode ser justificado pelas unidades guaiacila terem um carbono na posição C-5

disponível para realizar ligação carbono-carbono muito forte, contribuindo para um grau de

condensação mais alto da lignina e consequentemente dificultando a remoção desta

macromolécula.

Chiang (2005) relata que a reatividade da lignina depende da frequência de suas

unidades monoméricas guaiacila (G) e siringila (S). Mais unidades dos monômeros siringila,

ou elevadas relações S/G proporcionam elevada reatividade da lignina, facilitando a sua

retirada em processos que possuem este objetivo, como na produção industrial de polpa de

celulose. O índice de deslignificação é diretamente proporcional à relação S/G e não depende

apenas da acessibilidade da lignina, mas de sua estrutura química (RODRIGUES et al., 1999).

Desta forma, a compreensão da estrutura da lignina pode fornecer informações importantes

quanto à recalcitrância e desta maneira auxiliar na estratégia para um melhor aproveitamento

da matéria prima (PATTATHIL et al., 2015).

4.5 Análises cromatográficas de ácidos fenólicos dos extratos e do caule de Eutepe oleracea

A determinação de ácidos fenólicos na parede celular pode oferecer informações

importantes para a compreensão de como estes estão envolvidos na parede celular e na

conexão entre a lignina e os carboidratos, bem como a influência destes na recalcitrância da

lignina.

Os ácidos fenólicos ocorrem nas plantas nas formas livres que são extraídos da matriz

utilizando solventes orgânicos e ligados que se encontram conjugados a parede celular e estão

associados por ligação éster ou éter. A hidrólise ácida ou básica é necessária para liberar estes

compostos ligados a matriz celular. A identificação dos ácidos foi realizada pela comparação

dos tempos de retenção (TR) em minutos, juntamente com as análises dos respectivos

espectros de absorção no UV em comparação com padrões autênticos (Figura 22).

41

Figura 22. Curvas de UV dos padrões contidos nas amostras RE e RI de E. oleracea

adquiridas pela análise por CLAE-DAD.

As análises cromatográficas dos extratos de E.oleracea das amostras RE e RI obtidos

com acetato de etila mostraram dois picos (Figura 23A e B), e com metanol mostraram dois

picos para a amostra RE (Figura 21C), porém a amostra RI apresentou cinco picos (Figura

21D), dos quais estes foram identificados como ácido protocatecuico (TR 4,060 min) e ácido

p-hidroxibenzóico (TR 5,543 min).

Ao observar a área dos picos é possível visualizar as diferentes concentrações desses

ácidos fenólicos presentes em cada amostra (Figura 23). Foi constatada a presença dos ácidos

protocatecuico e p-hidroxibenzoico em todas as amostras, sendo o ácido protocatecuico

predominante nos extratos obtidos com acetato de etila e o ácido p-hidroxibenzoico

predominante nos extratos metanólicos.

Shein et al. (2001) afirmam que a acúmulo de ácido p-hidroxibenzoico desempenha

um papel importante na proteção de células de coníferas agindo como um agente fungicida no

estágio de penetração fúngica do citosol e o ácido protocatecuico representa um dos principais

compostos antioxidantes, que foram extraídos da casca de pinheiro (SALLEEM, KIVELA e

PIHLAJA, 2003).

42

Vários compostos fenólicos simples ocorrem em plantas. Os derivados do ácido

cinâmico são os mais abundantes, enquanto os de ácido benzóico e aldeídos estão restritos a

alguns grupos (JUNG, DEETZ e GARST, 1983; HARTLEY e KEENE, 1984). Foi sugerido

que as substâncias fenólicas limitam a digestão dos carboidratos; a digestibilidade dos

carboidratos das paredes celulares é aumentada quando as substâncias fenólicas são liberadas

das plantas forrageiras por tratamento com álcali (HARTLEY e JONES, 1978).

Muitos ácidos benzóicos e cinâmicos servem como precursores de compostos mais

complexos, enquanto alguns deles desempenham papéis reguladores e metabólicos. Apenas

uma fração menor existe como ácidos livres. Ao invés disso, a maioria está ligada por

ligações glicosídicas, éster, éter ou acetal a componentes estruturais de plantas, como a

lignina e celulose, ou a polifenóis maiores, como flavonoides e taninos (WÓJCIAK-KOSIOR

e ONISZCZUK, 2008).

Figura 23. Cromatogramas dos ácidos fenólicos encontrados nos extratos obtidos com acetato

de etila e metanol de Euterpe oleracea (RE e RI); A- amostra RE acetato de etila; B- Amostra

RI acetato de etila; C- Amostra RE metanol; D- Amostra RI metanol.

Identificação dos picos pelo tempo de resposta: 1- ácido protocatecuico; 2- ácido p-

hidroxibenzoico.

43

As análises cromatográficas das amostras do caule de E. oleracea das regiões externa

e interna mostraram cinco picos para a amostra RE extraída e sete picos para a amostra RI

extraída (Figura 24A e B), sendo identificados o ácido protocatecuico em ambas as amotras,

no entanto, apenas a amostra RE extraída foi verificada a presença de ácido p-

hidroxibenzóico. A presença desses ácidos na parede celular corrobora com a análise

espectrométrica de RMN.

O envolvimento de ácidos fenólicos ligados à parede celular no mecanismo de

resistência foi relatado em várias interações hospedeiro-patógeno (BOLWELL, MATERN e

KNEUSEL, 1985; MATERN e KNEUSEL, 1988). O acúmulo desses nas paredes celulares

tem sido frequentemente discutido, não somente como uma parte importante de resposta de

defesa, mas também em relação à lignificação e suberização (BOUDET et al., 1995;

ASCENSAO e DUBERY, 2003).

Lam, Iiyama e Stone (1992) citam que os ácidos fenólicos podem funcionar como

pontos de “ancoragem” para deposição de polímeros de lignina. Ascensao e Dubery (2003)

afirmam que o reforço das paredes celulares com ésteres hidroxicinamoil pode representar

proteção imediata contra fungos e estes podem se conectar a parede celular pela ação de

peroxidases e fornecer uma matriz para posterior lignificação.

Sun, Fang e Bolton (1999) apontaram que 58% de ácido p-hidroxibenzóico foram

esterificados na lignina das paredes celulares do estipe e dos frutos da palmeira Elaeis

guineensis. Kim et al. (1995) relataram uma abundância significativa de ácido p-

hidroxibenzóico éster e éter ligado na lignina de Björkman de Populus maximowiczii Henry

usando a diferença entre os rendimentos de ácido em hidrolisados alcalinos à temperatura

ambiente e a 170ºC.

O aumento na quantidade de ácidos fenólicos ligados às paredes celulares

correlacionou-se com a deposição de lignina em Picea abies. O envolvimento destes ligados à

parede celular no mecanismo de resistência foi relatado para várias outras interações

hospedeiro-patógeno (BOLWELL, ROBINS e DIXON, 1985; MATERN e KNEUSEL,

1988).

Após o tratamento alcalino foi possível observar que os picos dos ácidos

protocatecuico e p-hidroxibenzoico da amostra RE desapareceram (Figura 24C), porém não

foi observada esta perda na amostra RI (Figura 24D). Possivelmente esta perda pode ser

explicada por uma maior quantidade de ligações do tipo éster na região externa do que na

interna, que podem ser confirmados pela razão do sinal de estiramento de C=O nos espectros

de infravermelho, nos quais a região externa apresentou uma maior razão do que a interna.

Os tratamentos alcalinos dissolvem a lignina e liberam ácidos fenólicos das paredes

celulares por clivagem de ligações éster no complexo de lignina. Sabe-se que a lignina torna

os polissacarídeos resistentes à hidrólise ácida ou por enzima. A solubilização da lignina por

meio de produtos alcalinos aumenta a biodegradabilidade dos polissacarídeos da parede

celular (PAN, BOLTON e LEARY, 1998).

44

Figura 24. Cromatogramas dos ácidos fenólicos encontrados no caule de Euterpe oleracea

(RE e RI); A- amostra RE extraído; B - Amostra RI extraído; C - Amostra RE extraído +

NaOH 1%; D - Amostra RI extraído + NaOH 1%.

Identificação dos picos pelo tempo de resposta: 1- ácido protocatecuico; 2- ácido p-

hidroxibenzoico.

4.6 Anatomia quantitativa das fibras caule de Euterpe oleracea

Os resultados das análises das dimensões das fibras de E. oleracea das regiões externa

e interna, como o comprimento, espessura da parede e fração da parede celular estão

apresentadas na Tabela 10.

No estudo do estipe da palmeira, sendo este considerado um material heterogêneo, é

necessário o conhecimento detalhado de sua constituição química e anatômica para subsidiar

sua melhor aplicação. Desta forma, características como o teor de lignina, morfologia das

fibras, a proporção em que os diversos tecidos ocorrem, sua organização e distribuição

exercem papel fundamental na definição de suas propriedades.

45

Tabela 10. Dimensões das fibras da região externa e interna do caule de Euterpe oleracea.

Amostras Variáveis

Comprimento das

fibras (µm)

Diâmetro

total (µm)

Diâmetro

do lúmen

(µm)

Espessura

da parede

(µm)

Fração

parede

(%)

Região externa

Indivíduo

1

Min. 1507,63 35,17 14,67 6,69 15,21

Max. 3394,62 87,88 74,51 18,69 67,11

Média 2616,16 58,18 33,03 12,57 44,33

Desvio

Padrão 489,09 10,62 12,51 3,64 13,16

Indivíduo

2

Min. 1261,84 9,89 8,13 0,47 7,85

Max. 3718,57 122,26 99,93 15,94 39,91

Média 2211,19 55,39 43,18 6,10 19,71

Desvio

Padrão 727,95 41,96 33,52 5,14 8,81

Indivíduo

3

Min. 1778,34 12,33 10,00 0,71 10,08

Max. 4291,92 108,32 94,57 33,08 77,74

Média 2912,43 68,44 43,46 12,49 36,60

Desvio

Padrão 717,79 29,48 26,83 8,20 20,90

Região interna

Indivíduo

1

Min. 959,13 16,02 15,9 1,92 11,12

Max. 3222,38 96,11 77,21 41,96 96,39

Média 2244,98 67,10 35,20 15,95 46,72

Desvio

Padrão 526,56 23,16 22,91 11,37 26,49

Indivíduo

2

Min. 1154,06

10,55 4,25 0,79 15,04

Max. 4007,03 102,45 76,90 27,52 92,83

Média 2289,63 55,04 27,96 13,54 50,53

Desvio

Padrão 704,74 24,37 22,29 7,171 24,90

Indivíduo

3

Min. 1335,22 38,72 8,11 6,18 16,07

Max. 4075,26 99,47 83,49 16,87 80,62

Média 2845,51 66,52 44,63 10,94 36,10

Desvio

Padrão 789,50 18,87 20,73 3,29 16,98

O comprimento, as fibras da região externa e interna apresentaram valores médios de

2570,82 µm e 2460,04 µm, respectivamente e foram classificadas como muito longas de

acordo com as normas da IAWA (1989). O comprimento médio acima de 2 mm da região

externa e interna do caule de E. oleracea, classifica as fibras dessa espécie em uma posição

intermediária entre as fibras curtas de Eucalyptus (média de 1mm) e as longas de Pinus (3,5

mm).

Para Manimekalai, Pavichandran e Balasubramanian (2002) as fibras de maior

comprimento são melhores aproveitadas para a fabricação de papel, pois estão diretamente

relacionadas à resistência tensora e elasticidade. Em todas as variedades de Sorghum bicolor

estudadas por esses pesquisadores, as fibras periféricas apresentaram maior comprimento em

relação à central.

46

Em relação ao diâmetro da fibra foi encontrado um valor médio de 60,67 e 62,89 µm e

do lume de 43,28 e 35,93 µm, para RE e RI, respectivamente. O parâmetro diâmetro do lume

apresenta significância como o comprimento, estando estritamente correlacionado com as

propriedades mecânicas, especialmente tensão, elasticidade e ruptura.

Manimekalai, Pavichandran e Balasubramanian (2002) constataram para cinco

variedades de Sorghum bicolor L., constataram que as fibras periféricas, que possuem lume

menor, apresentaram propriedades mecânicas favoráveis à utilização como suprimento de

matéria-prima em indústrias de celulose.

Os valores médios de espessura de parede das fibras para RE e RI foram de 10,39 e

13,48 µm, respectivamente. Este resultado é interessante, pois é um dos fatores que mais se

relaciona com a resistência da celulose, e conforme Foelkel (1977), fibras com paredes mais

espessas possuem maior teor relativo de celulose que as de paredes mais delgadas.

O espessamento da parede das fibras está relacionado à resistência mecânica, quanto

menor a espessura da parede da fibra maior será o coeficiente de flexibilidade,

consequentemente será menor o grau de colapso em função da maior flacidez

(MANIMEKALAI, PAVICHANDRAN e BALASUBRAMANIAN 2002).

Quando se realizam estudos visando a produção de celulose as características

anatômicas como, comprimento, largura, diâmetro de lume e espessura da parede celular dos

traqueídeos ou fibras são importantes, pois, conhecendo essas dimensões pode-se

correlacionar com as propriedades físico-mecânicas da polpa celulósica e papel (COSTA,

2011).

As amostras RE e RI apresentam s valores médios da fração parede das fibras de 33,55

e 44,45 µm. Estes resultados indicam, percentualmente, a quantidade de celulose,

hemiceluloses e lignina existentes nas paredes das fibras, demonstrando que, quanto mais

espessa é a parede, menos espaços vazios e mais componentes químicos estruturais terão as

fibras (PAULA e SILVA JÚNIOR, 1994).

4.7 Análises histológicas do caule de Eutepe oleracea

Nas seções transversais do caule de E. oleracea foi observado uma estrutura

anatômica padrão das monocotiledôneas, exibindo feixes vasculares distribuídos de maneira

aleatória no tecido fundamental e permitindo verificar uma maior quantidade de feixes

vasculares na região externa (RE) do que na interna (RI), circundados por calotas de fibras

conspícuas.

Tomlinson (1990) relatou que esses feixes fibrovasculares constituídos de grande

proporção de fibras, localizados próximo à epiderme, são os responsáveis pelo aumento da

resistência mecânica do caule. Já que o centro do estipe é altamente lacunoso, apresentando

muitos feixes vasculares separados pelo tecido fundamental.

Foram observados, nas amostras RE e RI, dois tipos de fibras associados aos

elementos condutores do floema, sendo o primeiro mais interno com células com paredes

espessas e lume reduzido e o segundo formado por células com lume mais amplo e paredes

menos espessas, que apresentam uma lignificação gradual.

Tomlinson e Huggett (2012) descreveram esse processo de espessamento e

lignificação das fibras para espécies da família Arecaceae, no qual ocorre a maturação gradual

dessas células, a partir dos elementos condutores do floema, com uma progressão radial, que

finaliza na porção mais externa da calota.

47

Para obter uma indicação na localização e na composição da lignina, as seções

transversais foram submetidas aos testes de Wiesner e de Maüle, respectivamente. O teste de

Wiesner revelou unidades de cinamaldeídos por meio de uma cor avermelhada observada nas

paredes das fibras (Figuras 25A e B; 26A e B), indicando uma maior intensidade de cor na

lamela média das células e ângulos comuns as células. Também foi observada uma variação

de intensidade de cor nas calotas de fibras floemáticas, sendo mais intensa nas paredes das

fibras próximas ao floema, tanto nas amostras RE, quanto nas amostras RI (Figuras 25A e B;

26A e B).

De acordo com Wu, Fukazama e Ohtani (1990) a intensidade da cor pela reação de

Wiesner é causada pela presença de grupos coniferaldeído na lignina guaiacila. Pomar,

Merino e Barceló (2002) afirmam que este teste também pode revelar os grupos terminais p-

hidroxicinamaldeído e p-hidroxi-benzilaldeído 4-O ligado. A presença dessas substâncias na

parede celular corrobora com as análises espectroscópicas (IV e RMN).

Segundo Fukushima e Terashima (1991) a lignina é formada na lamela média e nos

ângulos comuns as demais células, nos estágios iniciais da lignificação. A lignina G é

primeiramente depositada na região da lamela média e depois na parede secundária, enquanto

lignina S é depositada em quantidades menores durante o estágio final da lignificação da

parede secundária.

A formação e a distribuição da lignina, na espécie estudada, ocorreram de forma

semelhante ao descrito pelos autores, reveladas respectivamente, pelo teste de Wiesner e

microscopia de fluorescência. Estes também permitiram observar nas amostras RE e RI fibras

com paredes polilameladas (Figuras 25 e 26).

De acordo com Itoh (1990) e Weiner, Liese e Schmitt (1996), as paredes das fibras de

palmeiras e bambus podem mostrar uma polilamelação resultante de variações no depósito da

lignina em cada camada da parede celular. Segundo estes autores tais fibras permanecem

vivas por um longo período e por isso continua a desenvolver novas lamelas. Donaldson e

Lausberg (1998) afirmam que as diferenças na intensidade da fluorescência também podem

fornecer indícios quanto à distribuição de lignina na fibra, ou seja, a concentração de lignina

reflete no aumento ou na diminuição da intensidade da fluorescência. Em Euterpe oleracea

foram observadas também pequenas variações de intensidade nas fibras.

A localização e a composição da lignina são propriedades importantes dos materiais

lignocelulósicos, porque as ligninas do tipo guaiacila (G) são mais fortemente reticuladas e,

portanto, mais resistentes a degradação química do que as ligninas com alto teor de unidades

siringila (S) (NUOPPONEN et al., 2006). Higuchi (1990) relatou que as características da

macromolécula de lignina podem prevenir a hidrólise de celulose "in situ" por vários

organismos.

48

Figura 25. Seções transversais da região externa do caule de Euterpe oleracea. A, B, C e D –

Testes histoquímicos aplicados em seção transversal das amostras RE; E e F – Microscopia de

fluorescência aplicada em seção transversal das amostras RE. A e B- Detalhe da lignificação

das fibras do floema evidenciado pelo teste de Wiesner. B- Lignina evidenciada pelo teste de

Wiesner na lamela média e nos ângulos das células. C e D - Lignina evidenciada pelo teste de

Wiesner na lamela média e nos ângulos das células. E e F - Fluorescência da lignina,

mostrando processo de lignificação nos cantos das células e na lamela média.

Barras: A, C e E= 200 µm; F= 100 µm; B e D= 50 µm.

49

Figura 26. Seções transversais da região interna do caule de Euterpe oleracea. A, B, C e D –

Testes histoquímicos aplicados em seção transversal das amostras RI; E e F – Microscopia de

fluorescência aplicada em seção transversal das amostras RI. A e B- Detalhe da lignificação

das fibras do floema evidenciado pelo teste de Wiesner. B- Lignina evidenciada pelo teste de

Wiesner na lamela média e nos ângulos das células. C e D - Lignina evidenciada pelo teste de

Wiesner na lamela média e nos ângulos das células. E e F – Fluorescência da lignina,

mostrando processo de lignificação nos cantos das células e na lamela média.

Ac= Ângulo comum às células; Lm= Lamela média.

Barras: A, C e E= 200 µm; F= 100 µm; B e D= 50 µm.

50

5 CONCLUSÕES

A caracterização química da parede celular de amostras do caule de Euterpe oleracea

mostrou que o pré-tratamento com NaOH 1% possibilitou aumento no teor de holocelulose

das regiões externa e interna, e redução no teor de lignina.

O pré-tratamento com NaOH 1% mostrou efeito favorável à hidrólise, concluindo-se

que parte do material incrustante foi solubilizada.

Nas análises realizadas, as amostras RE e RI tratadas com NaOH 1% apresentaram

uma redução de grupos funcionais ligados a lignina e a hemicelulose, indicando que o

processo se mostrou favorável à hidrólise.

Verificou-se que a lignina das amostras RE e RI de E. oleracea é de tipo GS e

incorporada com os ácidos p-hidroxibenzoico e protocatecuico. As análises também

indicaram as principais unidades estruturais presentes, ligação β-O-4, β-O-4’ ϒ-acetiladas,

spiro-dienona, unidade guaiacila, unidade siringila e p-hidroxibenzoato.

Os resultados das análises anatômicas do estipe de Euterpe oleracea, juntamente com

os resultados da caracterização química, indicaram que este material, geralmente

caracterizado com um resíduo após a utilização dos frutos e folhas dessas palmeiras, pode ser

convertido em produtos de maior valor agregado e químicos.

51

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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