tv e cinema
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Áudio para TV e Cinema
Por: Tiago Alves Fernandes
Lobby Productions
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 2
Índice
1. Som e princípios de acústica ..................................................................................................... 3 1.1 | Propagação ............................................................................................................................................ 3 1.2| Amplitude ............................................................................................................................................... 4 1.3 | Frequência ............................................................................................................................................. 6 1.4 | Timbre ..................................................................................................................................................... 7
2. Microfones ...................................................................................................................................... 10 2.1 | Tipos de microfones ........................................................................................................................ 10 2.2 | Padrões polares ................................................................................................................................. 12 2.3 | Sensibilidade ...................................................................................................................................... 15 2.4 | Resposta de frequência .................................................................................................................. 15 2.5 | Impedância .......................................................................................................................................... 16 2.6 | Modelos de microfone .................................................................................................................... 17
3. Acessórios ...................................................................................................................................... 19
4. Misturadores ............................................................................................................................. 21
5. Monitorização ........................................................................................................................... 24
6. Gravadores digitais e Câmaras .......................................................................................... 28
7. Procedimentos e técnicas de microfonação ................................................................ 32 7.1 | A perche ................................................................................................................................................ 32 7.2 | Cabos, ruídos e posicionamento corporal .............................................................................. 33 7.3 | A colocação do microfone ............................................................................................................. 34 7.4 | Técnicas de captação ...................................................................................................................... 34 7.5 | Técnicas de captação estéreo ...................................................................................................... 36
8. Sincronismo de áudio e vídeo ............................................................................................ 40
9. Questões de escolha múltipla ............................................................................................ 41
10. Exercícios práticos ................................................................................................................... 45 10.1 – Comportamento dos padrões polares .................................................................................. 45 10.2 – Captação de um diálogo com perche em ambiente ruidoso ....................................... 46
Respostas correctas – Escolha Múltipla ................................................................................. 47
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1. Som e princípios de acústica
1.1 | Propagação
O som é definido como a propagação de uma frente de compressão
mecânica ou onda longitudinal que, para se propagar, precisa de um suporte
material, como por exemplo o ar ou qualquer outro gás, líquidos ou sólidos. As
ondas sonoras propagam-‐se de forma longitudinal e, para que se verifique a
propagação, é necessário acontecerem compressões e rarefações das partículas
no meio. Quando a onda sonora se movimenta não arrasta as partículas que
fazem parte do ar, mas sim, faz com que estas se movimentem em função da sua
posição de equilíbrio.
Fig.1 – A vibração do ar origina a compressão e a rarefação das partículas.
À medida que a onda longitudinal se propaga, as partículas do meio
vibram, de forma a produzir variações de pressão e densidade em função da
direcção de propagação. Este movimento resulta na formação de uma série de
zonas de altas pressões (Compressão) e de baixas pressões (Rarefação).
Para existir a propagação do som (vibração das partículas) é necessário
existir uma origem de propagação, a fonte sonora.
Exemplos de algumas fontes sonoras presentes no quotidiano:
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Fig.2 – Um altifalante, uma viola e as cordas vocais são apenas alguns exemplos
das milhares de fontes sonoras que nos rodeiam diariamente.
Após se propagar no meio, o som é percepcionado através de um
transdutor, que tem a capacidade de transformar as ondas sonoras noutro tipo
de sinal que possa ser processado. No caso do ouvido, as vibrações do ar são
convertidas em vibrações mecânicas, que posteriormente serão convertidas em
impulsos eléctricos a ser processados pelo cérebro.
A velocidade média de propagação do som no meio ambiente à pressão de
1 atm e 25°C é de 340 m/s. Na água, a velocidade média de propagação é 1480
m/s, na borracha 54 m/s, no alumínio 4420 m/s e no aço 6000 m/s.
Os seres humanos e vários animais percebem os sons através dos seus
dois ouvidos (sentido da audição), que lhes permite saber a distância e posição
da fonte sonora, se é um som grave ou agudo, forte ou fraco, etc.
1.2| Amplitude
A amplitude (ou intensidade) é a característica que permite distinguir um
som fraco de um som forte, ou seja, permite ter percepção do volume de um
determinado som. Quanto maior for a amplitude do som, mais elevado será o seu
volume; quanto mais reduzida for, mais reduzido será o volume (mais baixo). No
gráfico em baixo, pode ver-‐se a representação de três ondas sonoras com
diferentes amplitudes:
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Fig. 3 – Representação de 3 ondas sonoras sinusóides (compostas por uma única
frequência) com amplitudes diferentes. A azul corresponde à onda com
amplitude mais alta (logo volume mais alto) e a vermelha à amplitude mais baixa
(volume mais baixo).
A unidade de medida utilizada para medir a amplitude é o dB (décibel) e
como se pode ver na figura 3, enquanto que a onda azul atinge valores de por
exemplo 100 dB’s no momento em que atinge maior amplitude (se afasta mais
do ponto 0) a onda vermelha apenas atinge valores de 20 dB’s nos momentos
onde se regista maior amplitude. Apenas a visualizar este gráfico, pode concluir-‐
se que o som representado pela onda azul tem maior volume sonoro que o
representado pela onda vermelha.
Para perceber melhor esta questão, podem observar-‐se as amplitudes
médias de várias fontes sonoras comuns:
Fig. 4 – Intensidades sonoras médias expressas em dB de sons presentes no
nosso dia-‐a-‐dia.
Através da imagem, conclui-‐se que a intensidade do som de uma sirene
(entre 100 e 110 dB) é muito maior que, por exemplo, a de sussurros e risos
suaves (entre 10 a 20 dB).
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Para além de outras variantes, a amplitude de um som varia conforme a
distância entre o emissor e o receptor, dado que a propagação do som ocorre
com a transmissão de energia entre as moléculas do meio. Como este se propaga
omnidireccionalmente (em todas as direcções), a área de propagação aumenta
também exponencialmente com o aumento da distância em relação à fonte
sonora. Uma vez que a energia transmitida para uma molécula terá
progressivamente de ser transmitida para mais do que uma na próxima camada,
vai havendo um decréscimo da energia e, consequentemente, uma redução da
intensidade do som. Esta perda corresponde sensivelmente a uma redução de 6
dB sempre que a distância é duplicada, ou seja, se um som é percepcionado com
uma pressão acústica de 100 dB a 10 metros da fonte sonora, a 20 metros de
distância terá uma pressão de 94 dB, a 40 metros 88 dB e assim sucessivamente,
até chegar ao valor de 0 dB e à impossibilidade de percepcionar o som através
dos ouvidos.
1.3 | Frequência
A frequência corresponde à característica do som, através da qual o
ouvido humano distingue um som agudo de um som grave. Está relacionada com
a quantidade de ciclos completos (vibrações) de uma onda sonora que ocorrem
no período de um segundo e é expressa em Hz (Hertz). Sendo assim, uma
vibração por segundo corresponde a 1 Hz e 1000 vibrações por segundo
correspondem a 1000 Hz ou a 1 KHz (1 KHz = 1000 Hz). Observe-‐se a seguinte
imagem:
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Fig. 5 – Alta frequência (mais ciclos por segundo) e baixa frequência (menos
ciclos por segundo).
Sons com altas frequências (20 000 Hz por exemplo) são mais agudos que
sons com baixas frequências (20 Hz por exemplo), que representam sons mais
graves. Uma vez que o ouvido humano apenas percepciona em média sons que
variam entre os 20 Hz e os 20 000 Hz (com o passar da idade e problemas
relacionados com a audição, o intervalo de valores tende a ser mais reduzido,
verificando-‐se principalmente uma redução maior em relação às frequências
mais altas), os sons inferiores a 20 Hz são chamados infra-‐sons (Ex. som de
terramotos) e os que produzem frequências superiores a 20 000 Hz são os ultra-‐
sons (Ex. sons na Medicina para realizar exames).
1.4 | Timbre
O timbre é a característica do som que permite distinguir dois sons com a
mesma frequência e a mesma amplitude, produzidos por duas fontes sonoras
distintas.
Isto equivale a dizer que a nota musical Dó da terceira oitava de um piano
e a equivalente numa flauta, possuem a mesma frequência e podem possuir a
mesma amplitude mas, devido ao facto de cada instrumento vibrar de forma
distinta e produzir harmónicos (frequências adicionais que constituem o som de
determinada nota) estes sim com amplitudes e frequências diferentes, o som soa
de maneira diferente.
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Veja-‐se a figura em baixo:
Fig. 6 -‐ Ondas sonoras com a mesma frequência e diferentes timbres, produzidas
por diversas fontes.
Como se pode ver na imagem, a forma de onda do diapasão é sinusóidal,
pois é constituída por apenas uma frequência. Já no caso da flauta, da voz e do
violino, o som é constituído por várias frequências e, ao somar a amplitude da
frequência fundamental com a amplitude dos harmónicos, a forma da onda é
irregular e repleta de variações.
Outro factor determinante na identificação de um som em determinado
instrumento musical é o envelope sonoro, em situações em que a forma de onda
de dois instrumentos pode ser demasiado semelhante para conseguir identificar
cada um deles. O envelope é caracterizado por quatro momentos distintos:
Ataque, Decaimento, Sustentação e Relaxamento.
Ataque: é o início por exemplo de determinada nota musical. Se se retirarem os
instantes de ataque de um instrumento, torna-‐se bastante complicado identificá-‐
lo concretamente.
Decaimento: alguns momentos após o Ataque, o som sofre um ligeiro decréscimo
de intensidade até estabilizar. Normalmente dura pequenas fracções de tempo e
é facilmente mais visível em instrumentos de percussão, em que o som perde
intensidade muito rapidamente após ser percutido.
Sustentação: é a duração da nota musical. Na maioria dos instrumentos é o
executante que pode controlar a duração que determinada nota tem (trompete,
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violino, etc.). No entanto, há alguns instrumentos em que não é possível
controlar essa duração, como por exemplo os instrumentos de percussão, em
que a duração de cada nota fica dependente em grande escala da pressão com
que a pele é percutida.
Relaxamento: É o final da nota, quando a intensidade sonora diminui, até que
desaparece por completo. Pode ser rápido (instrumento de sopro quando
paramos de soprar) ou lento (após tocar, o som do sino de uma igreja demora
alguns segundos a desaparecer).
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2. Microfones
2.1 | Tipos de microfones
O microfone é um transdutor extremamente conhecido, que converte a
energia acústica em impulsos eléctricos. Actualmente é um mecanismo utilizado
em inúmeros objectos, desde o telemóvel comum a um concerto ao vivo.
Na actualidade, há 6 tipos de microfone desenhados para responder a
vários tipos de aplicações:
-‐ Dinâmico
-‐ Condensador
-‐ Condensador – Eletreto
-‐ Carbono
-‐ Fita
-‐ Piezo-‐Eléctrico
Destes seis tipos, vamos falar dos dois mais utilizados em todo o mundo,
os microfones dinâmicos e de condensador.
Fig. 7 – Na esquerda, microfone Shure SM58 (dinâmico), extremamente usado
em todo o mundo para voz ao vivo em concertos. À direita, microfone Sennheiser
(condensador) MKH418S, desenhado para utilizar principalmente em televisão e
cinema.
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É preciso escolher sempre o tipo certo de microfone para cada finalidade
específica e devem ser sempre considerados os seguintes aspectos: tipo de
microfone, direccionalidade, sensibilidade, resposta de frequência e impedância.
Os microfones dinâmicos são os mais utilizados nos dias de hoje por
vários motivos. Para além de serem mais versáteis e resistentes a quedas, são os
que captam menos sons de ambiente (são ideais para captar a voz em concertos
ao vivo, ou por exemplo para uma entrevista em televisão).
Este tipo de microfones é constituído por um diafragma fino encaixado a
uma bobina de alumínio, imersa num campo magnético. Quando as ondas
sonoras atingem o diafragma, este movimenta-‐se para dentro e para fora ao
mesmo tempo que produz movimento na bobina, que, ao movimentar-‐se dentro
do campo magnético fixo, cria uma voltagem nos terminais da turbina
relacionada directamente com as condições de pressão de ar no diafragma.
Fig. 8 – Esquema de funcionamento de um microfone dinâmico.
Os microfones de condensador são mais sensíveis (captam mais
informação do meio ambiente), mais frágeis, e menos versáteis, principalmente
porque precisam de energia eléctrica (por exemplo o chamado Phantom Power)
para funcionar. Devido às suas características, e principalmente ao facto de
serem mais sensíveis (permitirem gravar som a distâncias maiores da fonte
sonora) são os mais utilizados na captação de som directo no cinema e em
televisão (Séries, telenovelas, etc.).
Este tipo de microfones funciona com uma placa colocada muito próxima
do diafragma e, neste pequeno espaço entre os dois elementos, é mantida uma
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carga eléctrica polarizada para que, quando o diafragma se movimenta devido à
pressão das ondas acústicas, a voltagem entre este e a placa varie da mesma
forma. Possuem um pré-‐amplificador localizado próximo do diafragma
(necessário para converter a alta impedância do elemento capacitivo variável
para um valor mais baixo, permitindo assim que o sinal possa ser transmitido
sem grandes perdas através de um cabo comum).
Para além de poderem ser alimentados a partir de baterias de 9 volts no
próprio corpo do microfone, a maioria dos microfones de condensador utiliza
uma fonte externa com corrente contínua de 12, 24 ou 48 Volts (o já referido
Phantom Power), que pode ser fornecida por vários equipamentos externos,
como uma mesa de mistura, um gravador digital, etc.
2.2 | Padrões polares
Outra característica importante num microfone é a sua direccionalidade,
ou seja, o seu padrão de captação, que será determinante para seleccionar que
microfone se deve usar para cada situação específica. De seguida, os padrões
mais comuns e uma breve explicação sobre cada um deles:
Fig. 9 – Na figura encontram-‐se os padrões polares das variações dos 3 formatos
básicos de captação (Omnidirecional, Direcional e Bidirecional).
-‐ Omnidirecional – Este microfone tem uma resposta de captação
semelhante nos 360° que rodeiam o microfone. Como não existe efeito
de proximidade (som com peso de graves, característico dos locutores
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da rádio, por exemplo) não conseguimos distinguir se a fonte sonora
se encontra muito próxima ou relativamente afastada. Se se pretender
captar um som específico, deve ser colocado bem próximo da fonte,
dado que capta com facilidade o som ambiente. É o microfone ideal
para captar ambiências.
-‐ Cardióide – Microfones cardióides captam sensivelmente menos 30%
de som ambiente que os Omnidirecionais. São utilizados quando se
pretende possuir alguma direccionalidade da captação e anular os
sons provenientes da região traseira do microfone, como por exemplo
ter alguém a falar numa rua movimentada, em que se deseja realçar a
voz da pessoa e anular o máximo possível o barulho do trânsito.
Abrangem sensivelmente 130° de cobertura na zona frontal do
microfone e a 180° do eixo existe a anulação (dependendo do
microfone, quase completa) da captação do som nessa área. É um bom
microfone para usar quando se pretende direccionalidade e anular
(teoricamente, a anulação nunca é total devido a inúmeros factores) o
som que afecta a parte de trás do microfone.
-‐ Supercardióide – Os microfones supercardióides têm uma zona de
captação que abrange sensivelmente 115° e ao invés dos cardióides, a
rejeição máxima do som ocorre sensivelmente nos 125°. Apesar de
possuir uma maior direccionalidade que o cardióide, a anulação do
som ocorre em zonas diferentes, uma vez que neste padrão há
captação na parte traseira do microfone. São interessantes na
captação de sons isolados, como por exemplo um instrumento e
anular os que se situam em redor.
-‐ Hipercardióide – Os microfones hipercardióides abrangem
sensivelmente zonas de captação que rondam os 105° e a rejeição
máxima do som ocorre próximo dos 110°. Como são bastante
semelhantes aos supercardióides, uma das principais maneiras de os
distinguir é mesmo verificar onde ocorre a rejeição máxima do som,
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que nos supercardióides se verifica nos 125°. São os que possuem
maior direccionalidade dentro dos 3 tipos de cardióides e, como tal,
são apelativos para usar quando se pretende isolar determinado som.
Pelas características da resposta de frequências, normalmente são
associados a bons resultados na captação de diálogos com algum som
ambiente à mistura.
-‐ Bidirecional – Este padrão permite total captação nos extremos 0° e
180 ° e rejeita sons provenientes das laterais a 90° e 270° e é
vulgarmente conhecido por “Figura de 8”. Uma vez que possuem duas
zonas de captação semelhantes, uma na zona frontal do microfone e
outra na zona traseira, podem ser a melhor opção para captar duas
pessoas a ter uma conversa em lados opostos, apenas com um
microfone.
Dentro do leque de microfones direccionais, existem ainda os apelidados
de Shot-‐Gun, que têm uma grande direccionalidade. Funcionam sob o princípio
de serem transdutores de interferência, já que possuem um tubo com cortes
longitudinais em frente à cápsula (zona do microfone que pode ser fixa ou
substituívele que altera as configurações do microfone, como por exemplo os
padrões polares), que provocam o cancelamento de alguns sons nas laterais,
através da anulação provocada pelo facto de chegarem à cápsula em tempos
diferentes.
Fig. 10 – Exemplo de microfone
Shot Gun (Rode NTG-‐2).
Observam-‐se os cortes
longitudinais referidos no corpo
do microfone.
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2.3 | Sensibilidade
A sensibilidade de um microfone é o factor que determina o nível de saída
de sinal do microfone quando excitado por uma determinada pressão sonora,
sendo esse valor dado em dB e exposto a uma pressão sonora de 94 ou 74 dB SPL
(Sound Pressure Level).
Uma vez que os microfones de condensador são geralmente muito mais
sensíveis que os microfones dinâmicos, como já referido, são mais utilizados
para gravar som a alguma distância da fonte sonora, geralmente na TV e no
cinema, quando o microfone não pode aparecer no plano. Os microfones
dinâmicos constituem uma opção válida quando é possível assumir a presença
do microfone e colocá-‐lo relativamente próximo da fonte sonora.
2.4 | Resposta de frequência
A resposta de frequência diz respeito ao intervalo de frequências que o
microfone consegue reproduzir. Enquanto que alguns microfones não
apresentam muitas variações quando existe desvio do eixo na gama de
frequências que conseguem captar (a resposta de frequência é por isso FLAT), há
outros que apresentam valores completamente diferentes, gerando o fenómeno
de coloração fora do eixo (que consiste numa variação da equalização do som
que se ouve no eixo do microfone e noutras posições em redor deste).
Fig. 11 – Exemplo de 2 corpos
de microfone e várias cápsulas
com padrões polares diferentes.
Para utilizar devem ser
encaixadas no corpo do
microfone (Shoeps).
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Apesar desta característica, a maior parte das vezes poder ser corrigida
com alguma equalização na mistura ou na pós-‐produção. No entanto, torna-‐se
relativamente complicada quando a fonte sonora ou o microfone estão em
movimento e a coloração fora de eixo ocorre de forma gradual. Na imagem
abaixo observa-‐se o gráfico típico usado para descrever a resposta de frequência
de um microfone:
2.5 | Impedância
A impedância é a oposição que um circuito eléctrico faz à passagem de
corrente quando é submetido a uma tensão. No caso dos pré-‐amplificadores de
microfones, estes devem apresentar uma impedância de entrada 10 a 20 vezes
maior que a impedância de saída do microfone. Actualmente, a impedância dos
microfones varia entre os 50 e 600 Ohms, o que quer dizer que os pré-‐
amplificadores devem ter uma impedância de entrada média de 3000 Ohms, de
maneira a ter a resposta em frequência o mais uniforme possível e provocando
uma transferência de tensão maior entre a fonte e a carga.
Uma impedância muito baixa faz com que o microfone disperse muita
potência quando a pressão sonora incide na membrana do microfone, podendo
provocar mais distorções. As impedâncias mais elevadas significam quase
sempre melhores resultados por parte dos microfones, mas podem perder-‐se
frequências mais altas, causa oscilações no circuito interno do microfone e o
ruído produzido pelos cabos é mais susceptível de ser captado.
Fig. 12 – Padrão polar com a
resposta de frequências de um
microfone (Sennheiser e 606).
Como podemos observar, há
coloração fora do eixo, com
respostas de captação
completamente diferentes no
eixo e a 120° por exemplo.
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O ideal é seguir as recomendações do fabricante do microfone, que
normalmente informa qual é o valor de carga ideal para o pré-‐amplificador a
utilizar.
2.6 | Modelos de microfone
Após esta breve explicação acerca das características gerais dos
microfones, de seguida são referidos exemplos de modelos de microfone
normalmente utilizados em diversas circunstâncias. Note-‐se que os exemplos
apresentados servem apenas de exemplo e cada microfone pode ter uma
diversidade enorme de aplicações, sendo necessário rever sempre caso a caso:
Fig. 13 – Microfone dinâmico Shoeps SM58.
Considerado um standard Mundial, usado
maioritariamente para captar voz em
concertos ao vivo. Na Televisão é uma boa
escolha para usar em entrevistas e sempre
que o microfone possa estar visível.
Fig. 14 – Microfone condensador (Shoeps
MK41) com possibilidade de alterar
cápsulas (e assim diferentes padrões
polares). Pela sua versatilidade de
utilizações, é um microfone extremamente
útil em cinema, em várias situações de
captação.
Fig. 15 – Microfone condensador Shot Gun
(Sennheiser MKH-‐70). Usado tanto em
cinema como em televisão, é um microfone
pensado para captar sons relativamente
distantes.
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Fig. 19 – Microfone Binaural e técnica de
gravação com 2 cápsulas (Neumann KU100).
Com uma cápsula em cada ouvido ligadas
por uma estrutura tubular, permite simular
a audição humana. Para além do controlo do
áudio em salas de gravação, é também
interessante para criar ambiências com
muita envolvência.
Fig. 16 – Microfone de lapela (Sennheiser
EW-‐112 G3). Pode ser uma boa opção em
cinema quando o plano é demasiado aberto
e não se possui nenhum Shot Gun. Tem a
desvantagem de ter que estar muito
próximo da fonte sonora e a vantagem de
ser facilmente escondido.
Fig. 17 – Microfone condensador Boundary
(Sennheiser e912-‐S BK). Este tipo de
microfone pode ser uma boa solução para
colocar em mesas de um debate televisivo,
por ser bastante discreto e por rejeitar os
sons que o afectam na parte inferior.
Fig. 18 – Microfone ORTF (Técnica para
gravar som em stéreo) Schoeps MSTC 64 Ug.
É uma boa opção para gravar som em stéreo
apenas com um microfone. Normalmente,
nas configurações para registar som em
stéreo são necessários 2 microfones (apesar
de também existirem microfones stéreo).
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Fig. 20 – Suporte para microfone (da marca
Rycote) que através dos elásticos que
seguram os apoios, serve para colocar o
microfone e garantir que não haverá ruídos
ao movimentá-‐lo. Mesmo num microfone
para colocar na câmara de filmar, é
indispensável ter um suporte deste género.
Fig. 21 – Vara extensível (Boom da Rycote)
que, usada em conjunto com o suporte para
microfone, tem o nome de “perche”. Devido
ao facto de poder ser extensível a vários
tamanhos, permite movimentar o microfone
no espaço com agilidade.
Fig. 22 – Protecção de vento (WindShield da
Rycote) para usar em suportes de
microfone. Ajuda a reduzir as interferências
do vento com o microfone. Há vários
modelos construídos com diferentes
materiais, o da esquerda suporta menos o
impacto do vento que o da direita. Podem
ser usados os dois em simultâneo.
3. Acessórios
Os acessórios de áudio são um elemento extremamente importante para
assegurar, em conjunto com microfones e suportes de gravação de qualidade, a
mais alta performance ao nível do som. Quando bem utilizados, podem corrigir
problemas acústicos e traduzir resultados excelentes. Apresentam-‐se, de
seguida, alguns exemplos:
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Fig. 23 – Filtro anti-‐pop (AKG) para
microfones. É utilizado para minimizar o
impacto do ar quando se fala na membrana
do microfone, principalmente nas
consoantes “p” e “b”, as mais susceptíveis de
provocar distorções na gravação. Também é
uma boa referência para manter a distância
correcta em relação ao microfone.
Fig. 25 – A parábola acústica é um
instrumento que permite conduzir as ondas
sonoras para um foco central, permitindo
assim uma grande direccionalidade do som
a grandes distâncias. É indispensável
monitorizar com atenção este equipamento,
pois um pequeno desvio do microfone do
foco central da parábola altera
imediatamente a captação.
Fig. 24 – Vulgarmente chamada de “girafa”,
este acessório é um tripé para colocar
microfones. Devido à sua construção,
permite ajustar a posição do microfone
como pretendermos, com o inconveniente
de não poder ser movido enquanto estamos
a gravar áudio. É a melhor opção quando
pretendemos colocar o microfone numa
posição fixa durante um longo período.
Fig. 26 – Painel acústico portátil para
microfones (Viscoutic Flexi Screen).
Construído com material difusor e
absorvente é uma boa opção para gravar
elementos em salas sem preparação acústica
e quando pretendemos isolar um
determinado som.
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4. Misturadores
A misturadora, tal como o nome indica, permite combinar (misturar)
vários sinais de áudio, somando-‐os e formando um sinal de saída. Sendo assim,
são particularmente indispensáveis quando é necessário trabalhar com mais do
que um microfone e é preciso combinar os sinais a gravar. Desde modelos mais
pequenos e versáteis a modelos maiores e mais complexos, apresentam-‐se três
aparelhos diferentes:
Fig. 27 -‐ (SoundDevices 302) Possui 3
canais de entrada de sinal áudio e 2 de
saída, permitindo ligar 3 microfones em
simultâneo.
Devido à boa qualidade dos seus pré-‐
amplificadores, é um equipamento de
referência para quem pretende gravar som de qualidade para cinema ou
televisão, quando ligado a um gravador digital ou até a uma câmara de filmar. No
painel frontal dispõe de 3 controlos de volume, que permitem controlar cada
canal separadamente e a opção de fornecer “Phantom Power”, assim como uma
saída de áudio para usar como monitorização e um medidor em dB’s, com uma
luz forte visível em qualquer circunstância. A principal vantagem deste
equipamento é o facto de ser alimentado com bateria (pilhas comuns), tornando-‐
o uma opção perfeita para utilizar no terreno, inclusive quando não existe
corrente eléctrica.
Fig. 28 -‐ Outro tipo de misturadora analógica
(na imagem SoundCraft M12) normalmente
apelidada de “mesa de mistura” é mais utilizada
em estúdios em produção e pós produção do
que no terreno por vários motivos. Para além
de precisar de corrente eléctrica para
funcionar, o seu tamanho não permite muita
mobilidade. Na verdade, este tipo de mesas é o
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ideal para estúdio, já que possui 12 canais de entrada de microfone e permite
uma maior manipulação de cada canal de áudio, nomeadamente equalização e
várias saídas de áudio (monitorização, main out, auscultadores, etc.). Para além
deste tipo, existem também as misturadoras digitais aparentemente muito
semelhantes a estas, que com o mesmo princípio de utilização, fazem de forma
imediata a conversão do som em formato digital, facilitando a sua ligação ao
computador e permitindo a gravação multi-‐pistas, apesar de no fundo servir o
mesmo princípio: a mistura do som.
Fig. 29 – Placa de som externa Motu (MOTU 896HD).
Quando se fala de programas em estúdio, de várias câmaras e vários
microfones, torna-‐se mais uma vez necessário implementar uma solução que
permita misturar vários canais de áudio ao mesmo tempo e que permita que o
som seja gravado em simultâneo (e síncrone) com o suporte que também está a
gravar a imagem. Apesar de normalmente o som ser misturado em mesas de som
analógicas ou digitais, existe também a possibilidade de conectar directamente
os microfones a uma placa de som externa, como a que se vê na figura 29. Uma
vez que dispõe de 8 entradas de microfone e de um painel frontal para controlar
cada uma em tempo real (o volume, activar o phantom power, etc.) pode ser uma
boa opção. Como possui a opção de ser conectada a um computador através de
ligação FIREWIRE, fica assegurada uma rápida transmissão dos dados.
Mas não só na televisão se pode utilizar um equipamento deste tipo, já
que em cinema, quando conectada a um computador ou a uma gravadora digital,
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 23
pode ser uma boa opção quando é necessário misturr vários canais de áudio em
simultâneo.
Tal como qualquer equipamento deste género, possui uma saída de
monitorização no painel frontal com botão de volume. As principais vantagens
são o facto de permitir ligar vários microfones em simultâneo e a opção de
conectividade com um computador, por exemplo, aliado a uma boa qualidade de
áudio (este último dependendo dos modelos). As principais desvantagens são o
facto de não ser tão versátil devido ao tamanho e necessitar de outro
equipamento (por exemplo um notebook com software adequado) para efectuar
as gravações.
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 24
5. Monitorização
A monitorização é um elemento essencial em qualquer gravação de áudio,
seja no terreno, seja em estúdio. Enquanto no terreno a monitorização de áudio
serve essencialmente para monitorizar o som que está a ser gravado, em estúdio
pode ir além disso e servir como monitorização de referência, ou seja, como
instrumento indispensável na hora de efectuar a masterização dos conteúdos em
áudio, por ser a fonte mais fidedigna possível. Como qualquer outro componente
num esquema de áudio profissional, nunca deve ser deixado ao acaso, já que vai
traduzir o trabalho, tal qual um monitor de vídeo num set de filmagem para
assegurar a qualidade máxima da imagem.
À parte disso, ao usarmos o melhor sistema de som possível, é
salvaguardada a condição de que se consegue manter a qualidade, tanto para o
utilizador doméstico, que poderá usar equipamento com menos qualidade para
ouvir o trabalho produzido (televisores, computadores portáteis, etc.), como
utilizadores que possuam bons sistemas de áudio (sistemas de Home-‐Cinema, ou
até monitores de áudio equivalentes aos usados para trabalhar
profisisonalmente).
Retomando a comparação com o equipamento de imagem, os monitores
de áudio são tão importantes no som, como um monitor de vídeo com boa
definição, que permita ver se a imagem está demasiado escura/clara, ou se há
pormenores que não são desejáveis ver. No som, pode-‐se perceber se o som está
demasiado grave, demasiado agudo, se há elementos que não se desejam ouvir a
ser reproduzidos, a qualidade (traduzida principalmente a partir do intervalo de
frequências reproduzido pela monitorização, que obviamente quanto maior,
mais fidedigna), ou até coisas não menos importantes, como o próprio volume
(amplitude) do som.
Tipos de monitorização mais comuns:
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 25
Auscultadores
Fig. 30 – Os auscultadores fechados (neste caso
Sony MDR-‐7506) são um componente essencial,
tanto em trabalho de campo, como em estúdio.
Devido ao seu isolamento, permitem anular
bastante o som exterior num set de filmagem ou
noutro local, cingindo a atenção do ouvido ao som
transmitido pelos sistemas de gravação. É
também importante em estúdio, devido mais uma
vez ao seu isolamento, pois não transmite muito som para o exterior, o que, a
acontecer, poderia ficar registado na gravação. Como qualquer sistema de
monitorização, deve sempre transmitir, no mínimo, o intervalo de frequências
entre 20 e 20 000 Hz (como mencionado anteriormente, o correspondente à
média perceptível pelo ouvido humano).
Monitores áudio para stéreo
Fig. 31 – Embora os auscultadores sejam uma
óptima opção pela sua versatilidade e mobilidade,
nunca devem ser utilizados para efectuar mistura e
masterização por diversos factores (tendência em
alguns modelos para reforçar as frequências
graves, pela grande proximidade aos ouvidos e
principalmente porque quase nenhum conteúdo
em áudio é produzido para ouvir neste tipo de equipamento). Sendo assim,
torna-‐se necessário dispor de outro tipo de equipamento. Normalmente, numa
configuração para som em stéreo, o material utilizado são monitores de áudio
activos (na figura KRK6) que, em conjunto com um bom hardware de som (placa
de áudio, cabos, etc), com uma boa acústica (tratamento acústico do espaço) e
um posicionamento correcto (formar um triângulo equilátero entre o ouvinte e
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 26
Fig. 32 – Esquema de posicionamento
correcto, com dois monitores direccionados
para o ouvinte e com a mesma distância
entre eles e os ouvidos da pessoa. Devem
estar sempre em suportes independentes,
para evitar vibrações da secretária e
reflexões indesejadas.
os dois monitores, distância às paredes, etc.) se traduzem numa eficiente
monitorização.
Tal como no caso dos auscultadores, devem ser escolhidos monitores com
boa resposta de frequências e com selector de volume (preferencialmente
expresso em dB) para ser possível executar pequenos ajustes mediante o espaço.
É também importante adoptar um correcto posicionamento, de forma a
assegurar uma boa referência estéreo, principalmente em questões ligadas ao
áudio panorâmico (áudio no espaço, por exemplo ter a percepção de um carro a
passar do monitor esquerdo para o direito, como se se estivesse no local).
Monitores áudio para 5.1
Fig. 33 -‐ Mais utilizado para misturar e
masterizar filmes para cinema, o sistema de som
5.1 (ou vulgarmente conhecido como surround)
vulgarizou-‐se há algum tempo com a criação dos
sistemas de som home-‐cinema. É constituído por
6 canais de áudio: o esquerdo, o central e o
direito endereçados para os monitores em frente ao ouvinte, os surround
esquerdo e direito posicionados atrás e o LFE (normalmente conhecido por
subwoofer, pois é usado para as frequências graves correspondentes a efeitos
como explosões, trovões, etc.). Depende de cada espaço para o seu
posicionamento correcto (normalmente é colocado por baixo do monitor central,
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 27
mas há alguma margem de posicionamento, devido ao facto de reproduzir
apenas frequências graves e o ouvido humano não conseguir distinguir tão bem
a direcção de onde vêm). Exactamente como nos monitores para estéreo, é
necessário assegurar a boa qualidade de todos os demais constituintes (placa de
som, cabos, caso não se tratem de monitores activos, assegurar uma boa
amplificação, etc.), a fim de garantir os resultados mais fidedignos. Um bom
posicionamento dos monitores, é também indispensável para garantir uma boa
percepção do efeito surround (conceito de expansão da imagem do som a 3
dimensões). Outro formato muito utilizado para masterizar material em
surround para salas de cinema é o 7.1, que, apesar de ser composto por mais
monitores e, consequentemente, posicionamentos diferentes, obedece aos
mesmos princípios que o 5.1 para assegurar uma boa referência.
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 28
6. Gravadores digitais e Câmaras
Com o avanço da tecnologia nos últimos anos, o som analógico foi sendo
substituído pelo som digital. Para além da versatilidade e vantagens no
armazenamento e manuseamento dos ficheiros, o som digital veio para ficar. No
caso da televisão, o som ou é processado pela própria câmara (por exemplo
quando se está a filmar uma peça televisiva e se usa um microfone dinâmico para
captar o som de uma entrevista directamente para as entradas de áudio da
câmara) ou então para uma placa de som ligada directamente a um computador,
permitindo assim gravar a imagem juntamente com o vídeo, perfeitamente
sincronizada. Apesar de em estúdio existir, normalmente, muito mais
equipamento (equalizadores gráficos, processamento de sinal, etc.), o princípio
básico é existir uma boa placa de som, que possa comportar o sinal e enviá-‐lo
para o computador. No caso da entrevista no campo, com apenas um microfone e
uma câmara de filmar, a exigência é mais reduzida e o que mais interessa é a
mobilidade, sendo muitas vezes usado,s inclusive, microfones sem fios para
permitir mais liberdade de movimentos. No caso do cinema, a exigência a nível
de som é superior, sendo a opção mais comum gravar o áudio em equipamento
independente do material de vídeo. Como tal, geralmente é utilizado um
gravador digital de áudio em conjunto com uma misturadora, que no exterior
também permite uma grande mobilidade. Em situações de captação mais
complexas, podem ser utilizadas placas de som externas acopladas a
computadores, normalmente quando são necessários mais do que 2 canais de
entrada de áudio (ou seja, mais do que dois microfones) ou então efectuar
gravação em multi-‐pistas.
Exemplo de suportes de gravação e utilização mais comum:
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 29
Câmaras de filmar
Fig. 34 – Conexões de áudio de uma câmara de filmar
(SONY PMW-‐F3).
Quase todas as câmaras de filmar possuem entradas de
áudio para 2 canais (2 microfones ou 1 microfone stéreo),
como é o caso da que se pode visualizar na figura ao lado.
Em cada uma das entradas podem ser seleccionadas uma
das seguintes opções: LINE (Utilizada para conectar tudo
o que não seja microfone), MIC (Microfones dinâmicos ou
que não precisam de alimentação para funcionar) e MIC + 48V (Para microfones
de condensador que necessitam de 48 Volts para funcionarem). Logo por baixo
existe uma saída de som em stéreo RCA, para utilizar se pretendido.
À parte das ligações que se podem ver na imagem, há ainda uma saída de
monitorização para auscultadores (mini-‐jack) para poder ligar a monitorização.
Para ajustar o volume do som, sensibilidade de captação, qualidade de gravação,
etc., podem ser configurados os parâmetros no separador menu da câmara e de
seguida do áudio, onde estão todas as opções para conseguir o som desejado.
Existem também controles físicos, nomeadamente dois selectores de
volume que, para poderem ser utilizados, deve estar seleccionada a opção MAN
(ajuste manual) em vez da opção automática. No fundo, é esta a configuração
básica para registar som em qualquer câmara de filmar. Apesar de ser sempre
aconselhável o uso de uma misturadora de áudio (há vários modelos de
misturadoras pequenas que funcionam com bateria) devido ao facto de
normalmente os pré-‐amplificadores das câmaras não permitirem altas
performances, quando se trata de uma entrevista com um microfone dinâmico,
pode bastar uma configuração deste tipo. No caso do uso de microfones sem fios,
é necessário colocar o receptor conectado às entradas de áudio da câmara. A
maior vantagem deste esquema de gravação é a simplicidade e o facto de o som
ficar imediatamente sincronizado com a imagem. A maior desvantagem é a
qualidade dos pré-‐amplificadores (que varia de câmara para câmara).
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 30
Gravador digital Fig. 35 – Gravador digital de áudio
(Tascam HD-‐P2).
Quando se trata de cinema torna-‐se
necessário abordar um gravador
digital independente. Tendo em conta
o facto de o som ser gravado de forma
independente em relação ao vídeo, é necessário dispor de um suporte funcional
que permita fazer o registo do áudio e armazená-‐lo, para posteriormente ser
trabalhado. Neste gravador, o som é gravado em cartões de memória que, de
uma forma simples, podem ser retirados e utilizados em qualquer computador.
Com capacidade para conectar dois microfones, um ecrã para aceder ao menu e
medidor de som em dB, convém sempre utilizar um misturador (como por
exemplo o SoundDevices 302) principalmente pelo facto de possuirem pré-‐
amplificadores superiores e permitirem um melhor controlo dos volumes
individuais de som.
De qualquer das formas, este equipamento é o necessário para registar
som de forma simples e prática, ideal para o uso no terreno (sets de rodagem no
exterior, gravação de som de ambientes sonoros, etc.) já que funciona a bateria
(pilhas). Possui ainda a opção de fornecer Phantom Power, saída de áudio para
monitorização e vários controlos no menu e na parte superior do equipamento.
Este é um dos aparelhos mais utilizados em produções de médio orçamento no
meio cinematográfico. Em baixo, exemplos de outros dois aparelhos com as
mesmas qualidades (converter som analógico em digital e gravação em ficheiro
de áudio digital). O da esquerda é mais utilizado em pequenas produções e o da
direita em produções cinematográficas maiores:
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Fig. 36 – Gravadores digitais de áudio (na esquerda Tascam DR-‐100 e na direita
Tascam HS-‐P82).
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7. Procedimentos e técnicas de microfonação
7.1 | A perche
O tamanho ideal da perche depende em grande escala do tipo de trabalho
que se está a realizar. No caso do cinema em geral, das publicidades e das séries
de televisão, normalmente é necessário utilizar perches longas, entre os 3,5 e os
4,5 metros para conseguir assegurar a cobertura de todo o set de filmagens e dos
planos gerais (em que naturalmente o microfone terá de ficar mais afastado, mas
onde é necessário aproximá-‐lo o máximo possível).
No caso dos documentários ou peças jornalísticas, uma vez que os
enquadramentos são muito mais fechados sob a personagem ou jornalista que
está a falar (neste tipo de formatos interessa captar o som de entrevistas, etc.),
normalmente pode-‐se trabalhar com perches mais reduzidas, com tamanhos
entre os 1,5 e os 2,5 metros, dado que a equipa de imagem possui mais
mobilidade e é importante ter o máximo de agilidade possível.
Ao “esticar” a perche, nunca se deve bloquear cada anel com os tubos
esticados ao máximo, mas sim permitir uma ligeira sobreposição dos tubos, já
que a mesma (não precisa ser em demasia, apenas alguns centímetros) vai
traduzir-‐se numa perche mais rígida e robusta (sem esforçar tanto os anéis de
bloqueamento) e menos microfónica.
É conveniente esticar a perche um pouco mais do que o necessário, para
salvaguardar algum movimento repentino do actor e para a poder agarrar mais
próxima do seu centro de gravidade, em que não será necessário exercer tanta
força (durante um dia de trabalho isto faz toda a diferença).
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 33
7.2 | Cabos, ruídos e posicionamento corporal
O cabo de áudio deve estar sempre nas melhores condições, limpo e
enrolado cuidadosamente. Os ruídos podem ser originados por vários motivos,
desde cabos de fraca qualidade e não balanceados, até aos ruídos provocados
pelo cabo a bater contra os tubos da perche. Uma vez que as perches são
instrumentos telescópicos, só é possível isolar com espuma o tubo mais fino (no
caso de perches com cabo interno). O melhor método consiste em controlar os
ruídos provocados pelo choque, esticando o cabo. No entanto, no caso de perches
com cabo interno e ligação XLR na base, torna-‐se impossível esticar o cabo e,
como tal, devem ser manuseadas com muito cuidado.
Ao utilizar perches mais usuais em que o cabo é passado por fora, uma
solução utilizada habitualmente consiste em fazer um anel em torno do polegar
da mão de apoio (qualquer método é válido, desde que estique o cabo), nunca
permitindo que o cabo caia no chão desde o final da perche.
Outra causa de ruído possível está relacionada com a ligação do
microfone, já que as fichas XLR têm tendência a produzir ruídos com o desgaste.
Pode colocar-‐se um pouco de “tape” em redor da junção, ficha e microfone para
assegurar uma conexão mais eficiente entre os dois elementos. Também se deve
manter sempre um intervalo de cabo suficiente na ligação entre o suporte de
microfone e a perche, de maneira a possuir uma extensão conveniente para
orientar a suspensão, mas curta o suficiente para não bater nos elementos da
perche.
Para evitar ruídos derivados do manuseamento da perche, esta deve ser
mantida de forma firme, com uma postura corporal do perchista descontraída,
evitando movimentos excessivos das mãos ou dos dedos (a utilização de luvas é
sempre uma opção a ter em conta).
A perche deve ser sempre mantida paralela ao solo, apoiada pelos dois
braços e bem acima da cabeça, já que no caso de ser apoiada por baixo na
diagonal, torna-‐se mais susceptível de entrar no plano. Embora o microfone
esteja suficientemente alto, o corpo da perche pode sempre, numa distração,
entrar na esquina do enquadramento.
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Os braços devem ser esticados de maneira a criar um “H” imaginário.
Nesta posição há menos fadiga do que com os braços esticados na horizontal e
permite manipular mais facilmente a perche no espaço (ao ter os braços
esticados, os movimentos ficam muito mais limitados). O braço da frente deve
ser utilizado como ponto de apoio e de equilíbrio para suster a perche por cima
do corpo e, se possível, a perche deve ser apoiada no seu ponto de equilíbrio
natural. O braço que fica no extremo da perche deve ser o responsável por
direccioná-‐la e, na proximidade de obstáculos, deve-‐se manter um dedo esticado,
de maneira a servir como avisador de quando se está próximo de embater em
algum objecto.
7.3 | A colocação do microfone
Já foi referido que o microfone deve ser colocado o mais próximo possível
da fonte sonora que se pretende gravar, já que desde o tipo de captação que se
deseja até às características do microfone, a distância à fonte de captação é factor
primordial. É importante não interferir na iluminação das cenas, mas procurar
ao máximo o rigor, tentando sempre chegar a um acordo válido para as duas
partes (iluminação e som), evitando sombras e mantendo a qualidade sonora
desejável.
Antes de começar a gravação, é importante estabelecer os limites
começando com a perche em plano e solicitando ao operador de câmara que lhe
indique quando sai de plano. Uma maneira de salvaguardar o limite de segurança
é arranjar um elemento do cenário como referência.
7.4 | Técnicas de captação
Ao contrário dos microfones montados sob a câmara de filmar (que até
podem funcionar se o objectivo for apenas captar ambiências gerais) o microfone
montado na perche permite ao operador a movimentação no espaço conforme a
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 35
sua necessidade, possibilitanto o posicionamento mais indicado para proceder à
gravação do som.
Os microfones colocados sob a câmara estão também susceptíveis a
captar ruídos externos produzidos pelo operador e pelo funcionamento
mecânico do aparelho. Para além disso, devido à sua posição paralela ao solo
(mesmo tratando-‐se de um shot gun e como tal poder estar relativamente
afastado do som que pretendemos gravar), vai fundir demasiado o som,
traduzindo-‐se numa perda de noção de distâncias entre as personagens, ou
comprometendo irremediavelmente alguns diálogos.
A forma quase sempre ideal de captar diálogos de uma personagem,
isolando-‐a em relação ao fundo sonoro, é posiconar a perche por cima da pessoa,
orientando o eixo do microfone em direcção à boca da personagem. Como é
óbvio, é necessário analisar cada situação específica, pois por exemplo numa
situação em que se tem uma fonte sonora a emitir ruído (uma pequena ponte
com um riacho, por exemplo) por debaixo da personagem, este tipo de captação
pode não funcionar e pode ser necessário utilizar outro método. Uma vez que o
microfone não possui zoom, deve ser sempre colocado o mais próximo possível
da fonte sonora a gravar. Geralmente, para gravar diálogos no som directo de
uma publicidade, para televisão ou cinema, a técnica mais usual é mesmo colocar
a perche por cima das personagens, o mais próximo que o plano de imagem
permita, tendo as vantagens de conseguir diálogos com uma sonoridade mais
natural e uma maior facilidade na fase de pós-‐produção do som, o que se traduz
em maior rentabilização do tempo. Esta é também uma opção válida e viável
para situações em que existem vários personagens que falam ao mesmo tempo e
apenas um microfone a gravar. Dependendo da experiência do perchista, podem
conseguir-‐se bons resultados. Existe ainda a vantagem de desimpedir o campo
de acção do actor, já que o deixa livre para se movimentar plenamente, o que não
aconteceria, por exemplo, com um microfone de lapela, em que o microfone e o
emissor teriam que estar colocados no actor, o que exigiria outro tipo de cuidado
e preocupação acrescida.
Para além do referido, a captação por cima tem ainda a vantagem de
captar efeitos sonoros suficientes para criar uma banda sonora satisfatória, como
por exemplo o som dos passos ou dos movimentos do actor, com a vantagem de
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 36
que, como a voz se encontra em primeiro plano, a mistura de sons que chega ao
microfone ser o que na maior parte das vezes se pretende (voz a sobressair em
relação aos demais elementos sonoros). Outra vantagem está relacionada com o
facto de os limites serem impostos pela parte superior do plano. Enquanto que
nos grandes planos o microfone pode estar muito próximo e dar a noção de
proximidade da personagem em relação à câmara, num plano geral terá que se
manter mais afastado, dando a sensação que o som realmente se encontra mais
distante (uma questão de perspectiva áudio).
Apesar de todas as vantagens referidas, por vezes, por entraves físicos ou
de outra ordem, torna-‐se necessário recorrer a outro método, como por exemplo
colocar a perche por baixo. Neste método, o microfone deve ser apontado para
cima, para a boca do actor o mais próximo possível que o enquadramento de
imagem permita. Uma vez que a caixa torácica está em primeiro plano, o som vai
ser mais rico em graves do que quando se aplica a perche por cima. Contudo,
com alguma equalização na pós-‐produção do áudio, é uma questão geralmente
fácil de corrigir.
Apesar de por vezes ser a única solução, é sugerido colocar a perche por
cima sempre que possível, principalmente quando ainda não se domina a fase de
pós-‐produção.
7.5 | Técnicas de captação estéreo
Normalmente, os suportes de microfone fixos são utilizados para gravar
fontes sonoras fixas (um diálogo, uma dobragem, um actor parado em cena) ou
ambiências. No plano da gravação de som ambiente ou outros elementos, ganha
especial relevância a gravação estéreo. Apesar de haver suportes para dois
microfones (ou apenas utilizando um microfone estéreo) para perche,
normalmente utiliza-‐se um tripé fixo e um dos seguintes esquemas na captação
de som estéreo:
Par Coincidente (X-‐Y, M-‐S e Blunlein)
Pares espaçados (A/B, 3x1, Deca Tree)
Par quase Coincidente (ORTF)
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 37
Cabeça Artificial (Dummy Head)
Par coincidente
X-‐Y
Esta técnica requer dois microfones direccionais idênticos, normalmente
cardióides. As cápsulas devem estar muito próximas -‐ de preferência
sobrepostas -‐ formando ângulos que podem virar entre 90 e 130°. Quando
montados de maneira correcta, o resultado da sua soma em mono deve sofrer
um acréscimo de até 6 dB na amplitude do sinal, sem cancelamento de fase.
M-‐S
Consiste também em dois microfones, um direccional apontado para o centro em
direcção à fonte sonora e outro bidirecional (também chamado figura de 8), com
seu eixo rotacionado 90° em relação ao microfone do centro. O microfone
bidirecional deve ter o seu sinal duplicado com os controles de PAN
completamente opostos, um 100% para a esquerda e o outro 100% para a
direita. O canal que tiver o PAN totalmente virado para a direita deve sofrer uma
inversão de polaridade para que haja imagem estéreo quando somado ao
microfone central. Assim, a codificação MS ficará: M+S= L, enquanto que M-‐S=R.
Blumlein (Duplo 8)
Blumlein foi o precursor de todas as técnicas de captação que conhecemos nos
dias de hoje. Foi o primeiro a realizar experiências com a captação quadrifónica
que, por sua vez, é a antecessora do surround. A técnica do Duplo 8 utiliza
obviamente dois microfones bi-‐direcionais no mesmo ponto, só que rotacionados
90°entre si. Usa-‐se a mesma condição de sinais do M-‐S só que para dois
microfones. Esta técnica tem bons resultados quando usamos distâncias muito
próximas. Tem uma separação de canais maior do que a técnica X-‐Y.
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 38
Pares espaçados
A-‐B
Dois microfones idênticos são posicionados a uma mesma distância do centro da
imagem. A imagem estéreo vem da desfasagem e das diferenças de amplitude e
resposta de frequência dos sinais que chegam aos dois microfones. Não são
compatíveis em mono, mas podem produzir imagens grandiosas, de acordo com
a interacção com a fonte sonora.
3x1
Usa basicamente o mesmo princípio do A-‐B só que com uma regra de
posicionamento e distância entre as cápsulas. Se um dos microfones estiver a 1
metro da fonte sonora, o outro também deverá estar, mas entre eles a distância
deve corresponder a 3 vezes esse valor; neste caso, 3 metros (regra utilizada
para evitar cancelamentos de fase).
Deca Tree
Criado pelos estúdios Deca, utiliza microfones direccionais numa combinação de
distâncias e posicionamento, que oferecem ao mesmo tempo as sensações de
estereofonia e profundidade. É a técnica que mais se aproveita para as captações
surround e guarda a mesma distância entre os microfones num arranjo em
"árvore".
Par quase Coincidente
ORTF (Office de Radiodiffusion -‐ Television Française)
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 39
Desenvolvida pela ORTF especialmente para a transmissão de concertos de
música clássica, esta técnica utiliza normalmente dois microfones cardióides que
podem ser angulados entre 70° e 140° e espaçados de 17 cm a 21 cm. A ideia é
reproduzir a desfasagem existente entre os nossos ouvidos.
Cabeça artificial
(Dummy Head)
O objectivo é tentar simular ao máximo o processo que envolve a nossa audição,
com a maquete de uma cabeça humana e colocando microfones nos seus
"ouvidos". A cabeça artificial simula, inclusivamente, os cancelamentos de fase
causados pelas reflexões da orelha. Na resposta de frequência deste tipo de
microfone, nota-‐se um forte cancelamento na região dos agudos. Quando
ouvimos com auscultadores, esta técnica apelidada de “Binaural” possui
resultados impressionantes.
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 40
8. Sincronismo de áudio e vídeo
O sincronismo do áudio diz respeito ao som ficar perfeitamente alinhado
com a imagem que se está a ver. Enquanto que na televisão, normalmente o som
directo da cena é gravado logo em simultâneo com a imagem, não necessitando
por isso de ser sincronizado, no caso do cinema é diferente. Uma vez que o som é
gravado noutro suporte que não o suporte que está a efectuar a gravação do
vídeo, tornou-‐se necessário criar um método para posteriormente sincronizar o
som com a imagem. A solução passou por inventar um mecanismo que pudesse
dar uma referência ao som e à imagem em simultâneo e apareceu a icónica
“claquete” que, para além dessa função, ainda permite identificar planos, cenas e
outros elementos desejáveis.
O funcionamento deste objecto é extremamente simples, pois consiste
basicamente em “bater” a claquete no início de cada cena (ou no final, caso no
início não seja possível devido ao plano, foco, etc.), ao mesmo tempo que se cita
a cena e o plano, para que estes fiquem registados no áudio. Uma vez que a
claquete produz um pico de som elevado quando as duas partes entram em
contacto, posteriormente na fase de edição da imagem e do som, é apenas
necessário colocar os dois ficheiros juntos (normalmente basta seguir a
anotação, já que o anotador regista cada take de imagem e som correspondente).
O ponto de sincronia da imagem é o frame exacto em que as duas peças da
claquete se tocam. É o momento em que se ouve o som da claquete a bater
(normalmente é um som bastante audível e facilmente identificável no software
de som). Com os dois pontos de sincronia alinhados, basta alinhá-‐los
minuciosamente e obtém-‐se o som sincronizado.
Apesar de, nos dias de hoje, já existirem softwares que sincronizam o som
automaticamente (caso a câmara tenha registado som juntamente com a imagem
durante as filmagens e este possua qualidade suficiente para o computador
comparar os dois ficheiros), a claquete continua a ser um símbolo incontornável
do cinema e usada todos os dias em todo o mundo, seja digital (possui várias
informações e ponto exacto de sincronia), de madeira, de plástico, etc.
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 41
9. Questões de escolha múltipla
1-‐ O som é uma onda:
£ Paralela
£ Transversal
£ Longitudinal
2 -‐ O som propaga-‐se num meio líquido.
£ Verdadeiro
£ Falso
3 -‐ A velocidade média de propagação do som no meio ambiente (à pressão
de 1 atm e uma temperatura média de 25°C) é:
£ 3400 m/s
£ 340 m/s
£ 34 m/s
4 -‐ Uma onda sinusóide é composta por:
£ Várias frequências
£ Frequências acima de 15 KHz
£ Uma única frequência
5 -‐ A unidade utilizada para medir a amplitude é:
£ Hertz
£ Volt
£ Décibel
6 -‐ Os sons com frequências inferiores a 20 Hz são chamados:
£ Infra-‐sons
£ Super-‐sons
£ Ultra-‐sons
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 42
7 -‐ O envelope sonoro é constituído por 4 momentos distintos, com a
seguinte ordem:
£ Ataque, Decaimento, Agitação e Relaxamento (ADAR)
£ Ataque, Decaimento, Sustentação e Relaxamento (ADSR)
£ Agitação, Sustentação, Decaimento e Relaxamento (ASDR)
8 -‐ Qual o tipo de microfone mais utilizado na captação de som para cinema
e televisão (séries, telenovelas)?
£ Dinâmico
£ Piezo-‐Eléctrico
£ Condensador
9 -‐ Os microfones conhecidos vulgarmente por "Figura de 8" correspondem
ao padrão polar:
£ Omnidirecional
£ Bidirecional
£ Direcional
10 -‐ Um microfone Shot Gun é útil principalmente quando:
£ A fonte sonora a captar se encontra afastada
£ A fonte sonora a captar se encontra próxima
£ Se pretende captar ambiências sem efeito de proximidade
11 -‐ O filtro anti-‐pop é útil para:
£ Filtrar as frequências
£ Minimizar o impacto do ar no microfone
£ Alterar o timbre
12 -‐ As mesas de mistura são ideais para usar:
£ No exterior, onde não exista corrente eléctrica
£ Na gravação no interior de automóveis e outros veículos
£ Em estúdios de televisão, onde sejam necessários vários microfones
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 43
13 -‐ O ouvido humano consegue ouvir, em média, frequências entre:
£ 30 e 30 000 Hz
£ 10 e 10 000 Hz
£ 20 e 20 000 Hz
14 -‐ O Phantom Power é preciso para:
£ Alimentar os microfones dinâmicos
£ Alimentar os microfones de condensador
£ Alimentar o gravador digital
15 – Utiliza-‐se normalmente a gravação independente do som em relação à
imagem (posteriormente é necessário sincronizar):
£ Em entrevistas para a televisão
£ Em cinema
£ Numa reportagem em directo
16 -‐ Na captação de som directo para cinema, publicidade e séries de
televisão, é conveniente utilizar perches:
£ Longas, entre 3,5 e 4,5 metros
£ Curtas, entre 1,5 e 2,5 metros
£ Médias, de 3 metros
17 -‐ Dos três métodos seguintes, seleccione o melhor para a captação de
um diálogo de uma pessoa:
£ Utilizar um microfone dinâmico colocado sob a câmara
£ Utilizar um microfone dinâmico a 2 metros de distância da pessoa
£ Utilizar um microfone de condensador com uma perche por cima da pessoa
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 44
18 -‐ A técnica de gravação estéreo M-‐S utiliza um microfone direccional e
outro:
£ Bidirecional
£ Omnidirecional
£ Unidirecional
19 – Utiliza-‐se uma cabeça artificial (Dummy-‐Head) para gravação:
£ ORTF
£ XY
£ Binaural
20 -‐ A claquete é utilizada para:
£ Estabelecer elementos para sincronizar o som com a imagem
£ Medir a luz e a reflexão
£ Fazer silêncio e indicar quando o realizador manda cortar
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10. Exercícios práticos
10.1 – Comportamento dos padrões polares
Para este exercício são necessárias duas pessoas e o máximo possível de
microfones com padrões polares diferentes (omnidirecionais, direcionais e
bidirecionais).
Os microfones devem ser colocados num tripé no interior de um local
relativamente isolado e com espaço e devem estar ligados a um suporte de
gravação (pode ser um gravador digital portátil) com uns auscultadores. O ideal
é uma das pessoas estar numa sala separada (é conveniente usar a transmissão
de sinal sem fios neste caso), mas com um vidro para poder visualizar a outra
(formato típico de um estúdio de gravação).
Uma das pessoas deve estar na sala de gravação e deve movimentar-‐se
em redor do microfone cantando uma música, sempre em movimento, afastando-‐
se e aproximando-‐se o máximo possível do microfone. Estes devem ser
substituídos e todo o processo deverá ser repetido, para que no final todas as
gravações possam ser comparadas.
Objectivo do exercício
O objectivo do exercício é perceber as diferenças entre os vários padrões
de microfone, a sensibilidade e outras questões relacionadas com a coloração
fora do eixo, efeito de proximidade, etc.
Só conhecendo bem todas as características de um microfone, é possível
seleccionar o melhor para cada situação.
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 46
10.2 – Captação de um diálogo com perche em ambiente ruidoso
Para este exercício é necessário um microfone cardióide e um
omnidireccional, uma perche com protecção de vento, um cabo XLR, um
gravador digital (e se possível uma misturadora), uns auscultadores e 2 pessoas.
Após conectar tudo devidamente, deve dirigir-‐se para um local movimentado ou
onde haja uma fonte sonora ruidosa (para ao pé do trânsito, de um repuxo de
água, etc.) e colocar uma das pessoas relativamente próxima. O microfone deve
ser colocado entre a pessoa e a fonte de ruído, com a parte frontal orientada para
quem vai falar. A distância média entre o microfone e o orador deverá ser de 50
centímetros. Após efectuar a gravação com este tipo de microfone, deve-‐se
repetir o mesmo processo com o omnidirecional. De seguida, devem-‐se ouvir os
resultados em ambiente controlado, preferencialmente em monitores de áudio e
num local com bom isolamento acústico.
Objectivo do exercício
O objectivo do exercício é perceber até que ponto se pode atenuar um
ruído utilizando um microfone cardióide e perceber que, numa situação deste
tipo, o microfone omnidirecional não é a melhor opção, a não ser que não exista
diálogo e se deseje registar apenas a ambiência.
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 47
Respostas correctas – Escolha Múltipla Assinaladas a vermelho
1-‐ O som é uma onda:
-‐ Paralela
-‐ Transversal
-‐ Longitudinal
2 -‐ O som propaga-‐se num meio líquido.
-‐ Verdadeiro
-‐ Falso
3 -‐ A velocidade média de propagação do som no meio ambiente (à pressão
de 1 atm e uma temperatura média de 25°C) é:
-‐ 3400 m/s
-‐ 340 m/s
-‐ 34 m/s
4 -‐ Uma onda sinusóide é composta por:
-‐ Várias frequências
-‐ Frequências acima de 15 KHz
-‐ Uma única frequência
5 -‐ A unidade utilizada para medir a amplitude é:
-‐ Hertz
-‐ Volt
-‐ Décibel
6 -‐ Os sons com frequências inferiores a 20 Hz são chamados:
-‐ Infra-‐sons
-‐ Super-‐sons
-‐ Ultra-‐sons
Áudio para TV e Cinema – Tiago Fernandes | Lobby Productions 2013 48
7 -‐ O envelope sonoro é constituído por 4 momentos distintos, com a
seguinte ordem:
-‐ Ataque, Decaimento, Agitação e Relaxamento (ADAR)
-‐ Ataque, Decaimento, Sustentação e Relaxamento (ADSR)
-‐ Agitação, Sustentação, Decaimento e Relaxamento (ASDR)
8 -‐ Qual o tipo de microfone mais utilizado na captação de som para cinema
e televisão (séries, telenovelas)?
-‐ Dinâmico
-‐ Piezo-‐Eléctrico
-‐ Condensador
9 -‐ Os microfones conhecidos vulgarmente por "Figura de 8" correspondem
ao padrão polar:
-‐ Omnidirecional
-‐ Bidirecional
-‐ Direcional
10 -‐ Um microfone Shot Gun é útil principalmente quando:
-‐ A fonte sonora a captar se encontra afastada
-‐ A fonte sonora a captar se encontra próxima
-‐ Se pretende captar ambiências sem efeito de proximidade
11 -‐ O filtro anti-‐pop é útil para:
-‐ Filtrar as frequências
-‐ Minimizar o impacto do ar no microfone
-‐ Alterar o timbre
12 -‐ As mesas de mistura são ideais para usar:
-‐ No exterior onde não exista corrente eléctrica
-‐ Na gravação no interior de automóveis e outros veículos
-‐ Em estúdios de televisão onde sejam necessários vários microfones
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13 -‐ O ouvido humano consegue ouvir, em média, frequências entre:
-‐ 30 e 30 000 Hz
-‐ 10 e 10 000 Hz
-‐ 20 e 20 000 Hz
14 -‐ O Phantom Power é preciso para:
-‐ Alimentar os microfones dinâmicos
-‐ Alimentar os microfones de condensador
-‐ Alimentar o gravador digital
15 – Utiliza-‐se normalmente a gravação independente do som em relação à
imagem (posteriormente é necessário sincronizar):
-‐ Em entrevistas para a televisão
-‐ Em cinema
-‐ Numa reportagem em directo
16 -‐ Na captação de som directo para cinema, publicidade e séries de
televisão, é conveniente utilizar perches:
-‐ Longas, entre 3,5 e 4,5 metros
-‐ Curtas, entre 1,5 e 2,5 metros
-‐ Médias, de 3 metros
17 -‐ Dos três métodos seguintes, seleccione o melhor para a captação de
um diálogo de uma pessoa:
-‐ Utilizar um microfone dinâmico colocado sob a câmara
-‐ Utilizar um microfone dinâmico a 2 metros de distância da pessoa
-‐ Utilizar um microfone de condensador com uma perche por cima da pessoa
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18 -‐ A técnica de gravação estéreo M-‐S utiliza um microfone direccional e
outro:
-‐ Bidirecional
-‐ Omnidirecional
-‐ Unidirecional
19 – Utiliza-‐se uma cabeça artificial (Dummy-‐Head) para gravação:
-‐ ORTF
-‐ XY
-‐ Binaural
20 -‐ A claquete é utilizada para:
-‐ Estabelecer elementos para sincronizar o som com a imagem
-‐ Medir a luz e a reflexão
-‐ Fazer silêncio e indicar quando o realizador manda cortar