tudo o que você sobre quis saber, mas tinha medo de perguntar

491
TUDO QUE VOCÊ SEMPRE QUIS SABER SOBRE AS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ MAS TINHA MEDO DE PERGUNTAR

Upload: jf123tech

Post on 29-Nov-2015

133 views

Category:

Documents


8 download

TRANSCRIPT

  • TUDO QUE VOC

    SEMPRE QUIS SABER

    SOBRE AS TESTEMUNHAS

    DE JEOV MAS TINHA

    MEDO DE PERGUNTAR

  • 3

    Um indcio de que nos tornamos vtimas do auto-engano se ficamos irados quando nossas crenas so questionadas. Em vez de ficarmos irados, sbio manter a mente aberta e escutar com ateno o que outros dizem, mesmo quando temos certeza de que a nossa opinio est certa.

    A Sentinela de 15 de julho de 2003, pgina 22.

    O erro procura sempre a obscuridade; enquanto a verdade sempre realada pela luz. O erro nunca deseja ser investigado. A luz sempre procura uma perfeita e completa investigao.

    Milhes que Agora Vivem Nunca Morrero, 1920, pgina 16.

    Precisamos examinar no s o que ns mesmos cremos, mas tambm o que ensinado pela organizao religiosa com que talvez nos associemos. Esto os seus ensinos em plena harmonia com a Palavra de Deus? Se amarmos a verdade no precisaremos temer tal exame.

    A Verdade Que Conduz Vida Eterna, pgina 13.

    Quando algum replica a um assunto antes de ouvi-lo, tolice da sua parte e uma humilhao.

    Provrbios 18:13.

    Ora, estes ltimos eram de mentalidade mais nobre do que os de Tessalnica, pois recebiam a palavra com o maior anelo mental, examinando cuidadosamente as Escrituras, cada dia, quanto a se estas coisas eram assim.

    Atos 17:11.

  • 4

    ndice Captulo Pgina Nota do autor ................................................................................................................... 05 01 - Conhecendo melhor .................................................................................................. 09

    02 - O comeo de tudo ..................................................................................................... 38

    03 - Milhes que agora vivem jamais morrero ........................................................ 59

    04 - O tempo apropriado para Deus agir ..................................................................... 69

    05 - A gerao que no passar ..................................................................................... 83

    06 - A destruio de Jerusalm ocorreu realmente em 607 AEC? ............................ 100

    07 - O que diz a Bblia sobre os ltimos dias? ...................................................... 121

    08 - Quem a imagem da fera? ................................................................................ 133

    09 - A questo do sangue .............................................................................................. 145

    10 - Outros assuntos mdicos ...................................................................................... 181

    11 - Uma luz que clareia mais e mais ......................................................................... 206

    12 - Uma religio de sucesso ........................................................................................ 216

    13 - Watchtower S/A .................................................................................................... 236

    14 - O nome de Deus ...................................................................................................... 244

    15 - Probe Deus a celebrao de aniversrios natalcios? ..................................... 291

    16 - A Bblia e a desassociao ................................................................................... 308

    17 - Origens ocultistas .................................................................................................. 316

    18 - Jesus morreu numa estaca ou numa cruz? .......................................................... 371

    19 Lealdade a Deus ou a uma organizao? .......................................................... 383

    20 - H cristos que no so filhos de Deus? ........................................................ 397

    21 - Quem so os verdadeiros cristos? .................................................................... 422

    22 - Perguntas respondidas ......................................................................................... 442

    Apndice ......................................................................................................................... 465

  • 5

    NOTA DO AUTOR

    ste livro no se destina a fomentar a intolerncia religiosa nem a exaltar uma denominao religiosa em detrimento das demais. A liberdade de culto est prevista na Constituio do Brasil. Tampouco visa denegrir a imagem dos adeptos do movimento religioso sob enfoque. De fato, a maioria das Testemunhas de Jeov, enquanto indivduos, composta de pessoas decentes e sinceras, tendo sido a busca de Deus que motivou seu ingresso religio. Mas tambm verdadeiro que isto se aplica aos adeptos de quaisquer outras religies crists. E tambm verdade que em nossos dias, no intuito de manter a fidelidade de seus membros, faces religiosas ou seitas tm, a exemplo dos regimes totalitrios, feito uso de tcnicas de cerceamento de liberdade e informao, bem como isolamento psicolgico, mtodo este que alguns estudiosos classificam como lavagem cerebral, enquanto outros

    preferem usar um termo mais suave, como por exemplo tcnicas de seduo.

    Independentemente do termo que melhor descreva esta situao, o ponto em questo que tais tcnicas tem tido uma eficcia muito grande no processo de controle mental exercido em nome da religio.

    A Histria mostra que das tiranias que sobrevieram humanidade, as do tipo religiosas estiveram entre as piores. Assim, em nome da liberdade religiosa, de expresso e do direito informao (informao esta que freqentemente obscurecida ou ocultada aos membros de uma religio) que trago tais assuntos a pblico.

    Religio coisa sria e ao tomar o importante passo de ingressar em um novo credo, mister que a pessoa no o faa sob o impulso da emoo, mas que esteja ciente de todo o contexto histrico da f que est abraando, pois uma escolha equivocada poder ter (e amide, tem tido) conseqncias trgicas para ela e sua famlia.

    Em uma seo intitulada De nossos Leitores, na revista Despertai! de 22/12/1984, pg. 28 (publicada pelas Testemunhas de Jeov), respondendo pergunta de um leitor que protestava contra as severas crticas contra a Igreja Catlica, feitas em uma outra revista da organizao, a resposta foi:

    Qualquer organizao que assuma tal posio [ser o caminho da salvao] deve estar disposta a ser esmiuada e criticada. Todos os que criticam tem a obrigao de ser verdadeiros na apresentao dos fatos e justos e objetivos na avaliao dos mesmos.

  • 6

    Creio que tal regra aplica-se tambm religio das Testemunhas de Jeov e creio que os fatos que aqui apresento so demonstrados com honestidade e objetivamente por meio de evidncias documentais. Convido a prpria Testemunha de Jeov a averiguar por si mesma a veracidade e preciso das citaes que aqui fao, principalmente aquelas extradas da prpria literatura da religio (especialmente a mais antiga). Talvez descubra fatos inusitados que certamente teriam tido efeito significativo sobre sua deciso de dar o importante passo do batismo caso fossem de seu conhecimento tempos atrs. Penso que pessoas nesta situao tinham direito a tais informaes. Ocult-las ou minimizar sua importncia no me parece justo. Contudo, temo que a obedincia das Testemunhas de Jeov s instrues de seu Corpo Governante, no sentido de jamais examinar os argumentos em contrrio, as impea de fazer tal investigao.

    Na edio da revista A Sentinela de 15/05/1964, pg. 304 diz:

    No forma de perseguio religiosa algum dizer e mostrar que a religio de outrem falsa. No perseguio religiosa uma pessoa informada expor publicamente uma religio falsa, permitindo assim que outros vejam a diferena entre a falsa religio e a verdadeira.

    Da mesma forma, na edio da revista Despertai! 08/09/1997, pg. 6 declarado

    o seguinte:

    No errado a pessoa tentar refutar os ensinos e as prticas de um grupo

    religioso que ela julgue ser incorretos.

    Concordo com as palavras acima e creio que, com base nelas, estou absolvido de qualquer acusao de perseguio religiosa.

    Todavia, diversos artigos publicados pela Sociedade Torre de Vigia (rgo central representante das Testemunhas de Jeov) tm feito ataques morais s pessoas a quem classifica como apstatas, ou seja, aqueles que no concordam com seus ensinos e decidem deixar a religio, fechando-lhes a porta a qualquer sada honrosa e ao mesmo tempo fechando a mente de seus adeptos aos argumentos em contrrio, prprios de qualquer democracia. Por exemplo, na edio de 01/07/1994 da revista A Sentinela, pgs. 11-13, compara-se dar ouvidos aos argumentos dos dissidentes a comer mesa de demnios. Adicionalmente, acusa genrica e indistintamente os dissidentes de: (1) Esperteza; (2) Inteligncia arrogante; (3) Falta de amor e (4) Diversas formas de desonestidade. Apesar de no apresentar provas concretas de tais acusaes, rotula assim de inquas milhares de pessoas no mundo inteiro que simplesmente exerceram o direito humano de renunciar a uma religio. O preo pago por tal generalizao tem sido alto.

  • 7

    No sem razo que as Testemunhas de Jeov sinceras e desejosas de terem a aprovao da organizao recusem-se sequer a cumprimentar algum que deixa a religio. Isto mais aflitivo ainda quando existem laos familiares ou de amizade. Eu, pessoalmente, tenho testemunhado por anos diversos dramas desta natureza.

    A reao de uma Testemunha de Jeov, ao bater sua porta, leitor, sendo confrontada com esta matria que agora apresento, bastante previsvel. Dificilmente admitir os fatos aqui delineados, at porque, na verdade, no est a par de todos eles. Bastante surpresa, talvez busque abreviar a conversa ou dispersar a ateno para outro tema. Na melhor das hipteses, caso admita alguns dos fatos aqui expostos, dir se tratar de coisas passadas (costumeiramente chamadas de

    verdade passada ou "velha luz") e que nada tem a ver com o ensino presente da religio (costumeiramente chamado de verdade presente ou "nova luz"). Como base de sustentao para essa tese, as Testemunhas costumam recorrer a uma interpretao equivocada da passagem bblica em Provrbios 4:18, a qual, segundo o consenso dos telogos, faz meramente uma comparao entre as trajetrias de vida dos sbios e dos tolos, nada tendo que ver com mudanas doutrinais. A histria mostra que diversas mudanas desse tipo ocorreram entre as Testemunhas com o passar das dcadas e elas costumam evoc-las como evidncia de progresso espiritual em sua organizao. Todavia, entendo que tal juzo benevolente dever-se-ia estender igualmente s outras religies que tambm mudaram ao longo do tempo, mas cujo passado constantemente relembrado nas revistas A Sentinela e Despertai!

    Ainda concernente reao das Testemunhas de Jeov diante de denncias feitas contra sua religio, o leitor poder presenciar outra atitude bem tpica, a pessoa se mostrar espantada e indisposta a refutar as evidncias que aqui apresento com provas documentais oriundas da prpria literatura da religio, at por que a Testemunha estimulada a destruir, sem ler, toda literatura que traga idias contrrias s suas convices (A Sentinela de 15/03/1986, pg. 12 e 01/11/1984, pg. 32). A pessoa far acusaes genricas ou dir que se trata de uma campanha de perseguio religiosa por parte de apstatas mentirosos e amargurados, que as citaes esto fora de contexto ou adulteradas e que tudo no passa de mentiras ou meias-verdades. Atacando a fonte da informao, ao invs da prpria informao, talvez apele para o seu texto bblico predileto para estas ocasies, Provrbios 11:9 onde se diz: Pela boca que o apstata arruna seu prximo... (TNM) Ou, quem sabe, cite as passagens bblicas que mencionam os cristos como pessoas odiadas por

    todas as naes ou perseguidos (Mateus 24:9 e Joo 15:20). Esta, pelo menos, tem sido a poltica da Sociedade Torre de Vigia at o dia de hoje, conforme expressa em sua literatura. Sei que tais argumentos tem sido tpicos a diversas religies quando criticadas.

  • 8

    Deixo ao esprito do leitor julgar se h aqui algum indcio de amargura ou desonestidade de minha parte. Convido-o a pesquisar as fontes bibliogrficas mencionadas. Todavia, preciso que se diga, a Testemunha no age assim por m f. Simplesmente age como foi treinada para agir e o faz crendo que est obedecendo a Deus. Peo a compreenso e benevolncia do leitor para com a Testemunha de Jeov sua porta. Ela no culpada. Ela julga estar cumprindo o dever sagrado de Mateus 24:14, a saber, pregar as boas novas. Ela representa o produto final de um insidioso e persuasivo processo de doutrinao que suprimiu gradualmente seu senso crtico e sua capacidade de pensar por si mesmo. Sugiro, na verdade insisto que a trate com bondade. Este o nico modo de ajud-la.

    No sou nem pretendo ser dono da verdade, atitude tpica de alguns lderes de seitas. Meu intuito revelar fatos desconhecidos maioria das pessoas, acontecimentos que tm forte repercusso sobre a vida de milhes de seres humanos. Minha responsabilidade para com eles. Estou aberto a crticas ou sugestes, desde que bem fundamentadas.

    Escrevi este livro, fruto de meses de pesquisa, com a conscincia reconfortada. Espero que ao terminar de l-lo voc possa entender com profundidade esta religio que tanto tem influenciado a vida de milhes de pessoas.

    Certo de que cumpri meu dever como cidado lembro as palavras que iniciam o filme JFK:

    Pecar pelo silncio, quando se

    deveria protestar, faz dos

    homens covardes.

  • 9

    Captulo 1

    CONHECENDO MELHOR

    o ser mencionado o nome Testemunhas de Jeov, comum vir mente da

    maioria de ns a imagem daquelas pessoas bem trajadas, geralmente gentis e sorridentes que batem s nossas portas nas manhs de domingo, dizendo-se proclamadores de boas novas, usualmente chamando nossa ateno para algum

    aspecto da problemtica mundial e oferecendo sua literatura, as revistas A

    Sentinela e Despertai!. provvel que voc, leitor, j tenha sido visitado por

    elas ou possua um parente prximo ou amigo que membro deste extico movimento religioso. igualmente digna de nota a persistncia com que as Testemunhas de Jeov nos convidam a conhecer melhor sua organizao e suas crenas, oferecendo aos moradores estudos bblicos domiciliares. Fora deste aspecto, as nicas outras coisas com que costumamos associar este grupo religioso so suas crenas incomuns, as quais, s vezes, ocupam espao na imprensa, tais como sua recusa em receber transfuses de sangue (a mais polmica de todas) mesmo ao custo de suas vidas, sua recusa em servir s foras armadas e a abstinncia de algumas celebraes populares, tais como o Natal ou aniversrios. parte deste panorama superficial, quase ningum tm acesso ao conhecimento do mecanismo de funcionamento interno da entidade, sua estrutura hierrquica, sua histria, evoluo doutrinria e a metodologia de seus lderes. O mais curioso que, caso se faa indagaes a uma Testemunha de Jeov sobre tais temas, as respostas sero superficiais e sob uma tica piedosa, contendo freqentemente termos estranhos ao leigo, tais como o escravo fiel e discreto, os ungidos ou a grande

    multido, que pouco acrescentam de realmente significativo ao que j se sabe. O objetivo deste livro tornar disponvel ao leitor, de forma sucinta e direta, uma sntese da histria deste movimento religioso e de seus ensinos ao longo dos anos, alguns dos quais causariam surpresa at aos prprios adeptos. De fato, algumas destas informaes no esto disponveis s prprias Testemunhas de Jeov sinceras em nossos dias. Acredito que, uma vez tendo acesso a estas informaes, o leitor passar a ter uma viso ampla da organizao. Cada informao fornecida neste livro ser, sempre que possvel, seguida da fonte bibliogrfica, obtida em sua maior parte, da prpria literatura da religio (com nome, data e pgina). Incrvel como possa parecer, aps esta leitura, o leitor provavelmente estar mais familiarizado com as contradies da instituio do que a prpria Testemunha de Jeov mediana. Primeiro haver uma seo de perguntas e respostas e depois um resumo das principais doutrinas e declaraes da religio, desde sua fundao at hoje. uma leitura deveras, fascinante.

  • 10

    Onde, quando e como se iniciou a religio?

    O movimento religioso comeou na cidade de Allegheny (Pensilvnia, Estados Unidos da Amrica) por volta de 1870. Seu criador chamava-se Charles Taze Russell, um comerciante, nascido naquela cidade a 16 de Fevereiro de 1852. Ele fora criado como Presbiteriano, mas afiliou-se Igreja Congregacional. Desapontado com as religies, perdeu sua f na Bblia. Uma noite, em 1869, assistiu a um culto em uma Igreja Adventista e recuperou sua f. Formou um grupo independente de estudo e em 1877 associou-se a Nelson Barbour, um Segundo Adventista, com o qual passou a produzir publicaes, separando-se dele (por divergncias de ponto de vista) cerca de dois anos depois. Em 1879, comeou a publicar a revista Watch Tower, a qual, mais tarde, se tornaria bem conhecida A Sentinela. O Pastor Russell, entre outras coisas, era adepto da piramidologia, simpatizante da maonaria e extraiu alguns de seus conceitos da astrologia e dos clculos de um ingls chamado John Acquila Brown sobre o fim do mundo. Ele escreveu diversos livros durante sua vida, entretanto, seus escritos no so recomendados para leitura e no so mais publicados pela prpria editora que ele fundou e aparelhou com seu prprio dinheiro. Os seguidores do Pastor Russell chamavam-se inicialmente Estudantes da Bblia, tendo adquirido o nome Testemunhas de Jeov apenas a partir de 1931. Estudiosos de religio consideram o movimento Testemunhas de

    Jeov como derivado do Segundo Adventismo e do Millerismo do sculo 19.

    Fonte: Testemunhas de Jeov Proclamadores do Reino de Deus (1993) pginas 42-60 e pgina 201; Apocalypse Delayed M. J. Penton (1985) parte I.

    Quantas so as Testemunhas Jeov no mundo?

    Apesar de a religio existir h mais de um sculo, conta com apenas 7.659.019 (sete milhes, seiscentos cinqenta nove mil, dezenove) membros no mundo inteiro, o equivalente a 3,5% da populao do Brasil e 0,1% da populao mundial, espalhados por umas 230 terras. So batizados por ano uma mdia de 260.000 novos adeptos, porm seu crescimento gira em torno de 2,5%, isto indica que em mdia 100.000 pessoas saem da religio todos os anos. Todavia, suas publicaes j atingiram 294 lnguas.

    Fonte: Anurio 2012 e Testemunhas de Jeov Proclamadores do Reino de Deus (1993), pg. 520.

  • 11

    Existem ramos dissidentes das Testemunhas de Jeov?

    Sim, desde o incio do movimento religioso at a dcada de 50, foram formadas mais de 30 seitas dissidentes, algumas existentes at o dia de hoje. Eis o nome de algumas: Russellitas, Rutherfordistas, Instituto de Piramidologia (1920), Movimento Missionrio da Casa do Leigo (1918), Associao dos Estudantes da

    Bblia da Epifania (1955), Vigias da Manh (1937), Movimento Missionrio da

    Casa Laodicense (1957), Associao dos Estudantes da Bblia da Aurora (1932),

    Associao dos Estudantes da Bblia Intransigentes (1918), Os Servos de Jah

    (1925), Sociedade do Anjo de Jeov de Bblias e Tratados (1917), Estudantes da

    Bblia Associados (1917, nome inicial das TJ), Testemunhas Crists de Jeov,

    Verdadeiras Testemunhas de Jeov e diversas outras.

    Fonte: http://www.geocities.com/osarsif/estudantes.htm

    Como uma pessoa se torna Testemunha de Jeov?

    Aps aceitar uma revisita em seu lar, a pessoa convidada a fazer um estudo bblico por meio da publicao O que a bblia realmente ensina (2005). Neste nterim, ela constantemente estimulada a freqentar as reunies nos chamados Sales do Reino e a participar delas e do servio de pregao de porta em porta. O batismo

    realizado por imerso em gua, por ocasio das chamadas Assemblias de

    Circuito ou do Congresso de Distrito, no caso so realizadas duas Assemblias e

    um Congresso por ano. Para habilitar-se ao batismo, a pessoa no precisa ser maior de 18 anos de idade, dever ter concludo, pelo menos, o estudo da publicao j mencionada e deve fazer certos ajustes em sua vida, como, por exemplo, recusar

    o servio militar (caso a pessoa seja do sexo masculino e tenha 18 anos) por meio de um documento de eximio (que no Brasil, causa perda [cassao] dos direitos polticos) e deixar o emprego, caso este tenha algum vnculo direto com as foras armadas ou instituies polticas e religiosas. Alm disso, a pessoa no poder participar de comemoraes de aniversrio, natal, pscoa, nem qualquer tipo de festa religiosa (a no ser as promovidas pelas prprias Testemunhas de Jeov) ou cerimnia patritica.

  • 12

    Que deveres a pessoa passa a ter aps o batismo?

    A pessoa dever freqentar 5 reunies semanais, alm do estudo pessoal e do servio de pregao, geralmente nos fins de semana. Deve, sempre que possvel, fazer proselitismo no trabalho, escola etc. Ela dever prestar um relatrio mensal organizao, informando o total de horas gastas na pregao a cada ms, bem como o total de revistas, livros e brochuras distribudos ao pblico. Alm disso, dever tomar parte regularmente em demonstraes e discursos. Os vares so incentivados a atingir os cargos de servo ministerial ou de ancio (pastor). Para

    ser um membro aprovado da religio, a pessoa deve aceitar sem questionar, todos os ensinamentos da organizao e evitar pensamentos independentes:

    A associao aprovada com as Testemunhas de Jeov requer a aceitao de toda a srie dos verdadeiros ensinos da Bblia, inclusive as crenas bblicas singulares das Testemunhas de Jeov.

    - A Sentinela de 1/4/1986, pg. 31

    Evite idias independentes....Como se manifestam tais idias independentes? Um modo comum questionar o conselho provido pela organizao visvel de Deus.

    - A Sentinela de 15/7/1983, pg. 22

    Como as Testemunhas de Jeov lidam com um membro

    transgressor ou com a pessoa que decide deixar a religio?

    Tanto o transgressor moral como o dissidente so submetidos a uma audincia a portas fechadas (sem a presena de observadores, exceto se forem testemunhas do caso) perante um grupo composto normalmente por 3 ancios (pastores),

    denominado comisso judicativa, que tem poderes para 1) apenas admoestar privadamente 2) suspender certos privilgios (tais como proferir discursos) 3) censurar publicamente (o anncio feito diante de todos na reunio semanal) ou 4) desassociar a pessoa (excomunho). Aquele que desejar simplesmente deixar a

    religio sem ser desassociado, pode faz-lo por entregar uma carta de renncia ou por declarar publicamente no mais ser uma Testemunha de Jeov. A partir da, a pessoa considerada dissociada, um eufemismo na verdade, j que o tratamento

    dispensado pessoa o mesmo dos desassociados (A Sentinela, 15/12/1981, p. 19). Nos casos anteriores, a organizao mantm um registro documental com os dados sobre a pessoa e o motivo da desassociao, atravs dos formulrios S-77 e S-79, os quais so remetidos e arquivados na sede da instituio (no caso do Brasil, em Cesrio Lange-SP). Os demais membros da religio devem cortar relaes pessoais

  • 13

    tanto com o desassociado como com o dissociado, desaconselhando-se inclusive o simples cumprimento. Ainda que se trate de parente prximo (pais, filhos ou cnjuge), recomenda-se reduzir o contato ao mnimo possvel (A Sentinela, 15/4/1988, p. 28). Caso descumpra esta norma, este membro tambm estar sujeito a ser desassociado.

    "Se um publicador se recusa a fazer isto e ignora a proibio de se associar com o desassociado, esse publicador est a rebelar-se contra a congregao de Jeov, e rebelio o pecado de bruxaria, e teimosia como idolatria e terafins". Ele deve ser fortemente admoestado, ficando impressionado com os fatos de que, por se associar com o desassociado ele partcipe da iniqidade e que pelo seu modo de proceder ele est a separar-se da congregao para estar com o malfeitor. Se, depois de suficientes avisos, o publicador persistir em se associar com a pessoa desassociada, em vez de se alinhar com a organizao de Jeov, ele tambm deve ser desassociado".

    - A Sentinela, 1/10/1955, p. 607 (em ingls)

    Aquele que consultar literatura crtica s crenas das Testemunhas de Jeov ou der ouvidos aos argumentos dos dissidentes, poder igualmente receber a mesma disciplina. A edio de A Sentinela de 1/10/1993, pg. 19, referindo-se aos dissidentes (normalmente chamados 'apstatas') diz:

    "Alguns apstatas professam conhecer e servir a Deus, mas rejeitam ensinos ou requisitos delineados na Sua Palavra. Outros afirmam crer na Bblia, mas rejeitam a organizao de Jeov e tentam ativamente obstaculizar a sua obra. Quando eles deliberadamente escolhem tal maldade depois de conhecerem o que correto, quando o mal se torna to entranhado que se torna parte inseparvel de sua constituio, o cristo precisa odiar (no sentido bblico da palavra) os que se agarraram inseparavelmente maldade...sentem averso....

    Tal 'dio santo' fora definido cerca de 40 anos antes:

    "Temos de odiar no sentido mais verdadeiro, que encarar com extrema e ativa averso, considerar como uma abominao, odioso, nojento, detestar.

    - A Sentinela de 1/10/1952, pg. 599 (em ingls)

    Comisso Judicativa - Tribunal Eclesistico das Testemunhas de Jeov

    Fonte das informaes: Revista A Sentinela de 15/12/1981, pgs. 20, 21 e 25; 15/4/1988, pgs. 27 e 28; 1/7/1994, pgs. 11-13.

  • 14

    Resumo dos principais ensinos e declaraes

    Elas declaram ser profetas e porta-vozes de Deus

    "Assim como Jeov revelou suas verdades, por meio da congregao crist do 1 sculo, assim tambm ele o faz atualmente, por meio da atual congregao crist. Por meio desta agncia, faz com que se cumpra o profetizar em escala intensificada e sem paralelo. Toda esta atividade no feita por acaso. Jeov quem est por trs dela.

    - A Sentinela de 15/12/1964, pg. 749

    "L no ano de 613 AEC, Jeov... designou Ezequiel... para ser seu profeta...O mesmo se deu com as testemunhas ungidas e dedicadas de Jeov..."

    - As Naes Tero de Saber que Eu Sou Jeov, 1971, pg. 63

    "...Quem este profeta?... Este 'profeta' no era um s homem, mas um grupo de homens e mulheres. Era o grupo pequeno dos seguidores das pisadas de Jesus Cristo, conhecidos naquele tempo como Estudantes Internacionais da Bblia. Hoje so conhecidos como testemunhas crists de Jeov."

    - A Sentinela de 1/10/1972, pg. 581

    "... s a organizao de Jeov, em toda a terra, dirigida pelo esprito santo...Ela a nica para qual a Palavra Sagrada de Deus, a Bblia, no um livro lacrado... a nica organizao que compreende as 'coisas profundas de Deus'!"

    - A Sentinela de 1/1/1974, p. 18

    "...Ocupam uma posio similar a de Paulo e seus colaboradores, quando esse apstolo falou sobre as maravilhosas verdades que Deus revela ao seu povo: ' a ns que Deus tem revelado por intermdio de seu esprito'."

    - A Sentinela de 1/12/1982, pg. 13

    ...o 'profeta' suscitado por Jeov no tem sido um nico homem... mas uma classe. Os membros desta classe, iguais ao profeta-sacerdote Jeremias, esto plenamente dedicados a Jeov Deus... existe apenas um restante desta classe do 'profeta' ainda na terra."

    - A Sentinela de 1/5/1983, pg. 27

  • 15

    Elas previram o fim do mundo (Armagedom) para os anos de

    1914, 1915, 1918, 1925, 1941, 1975 e 2000

    "Ns apresentamos prova de que... a 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminar em 1914 A.D., com a vitria completa sobre o governo terrestre..."

    - Estudos das Escrituras III, 1905, editorial 26 (em ingls)

    "...a completa destruio dos poderes... deste mundo maligno - poltico, financeiro, eclesistico - por volta do fim do Tempo dos gentios, outubro de 1914."

    - Estudos das Escrituras IV, 1897, pgs. 604,622 (em ingls)

    "A 'batalha do grande dia do Deus Todo-Poderoso' (Rev. 16: 14)... terminar em 1915 A.D., com a vitria completa sobre o governo terrestre...... consideramos uma verdade estabelecida que o final dos reinos deste mundo, e o completo estabelecimento do reino de Deus, se cumpriro prximo do fim de 1915 A.D."

    - Estudos das Escrituras III, 1915, editorial 101 e 99 (em ingls)

    "Parece conclusivo que as 'dores de aflio' da Sio Nominal esto fixadas na passagem de 1918... h razes para crer que os anjos cados invadiro as mentes de muitos da igreja nominal, levando-os a uma conduta excessivamente tola e culminando com sua destruio s mos de massas enfurecidas... Tambm, no ano de 1918, quando Deus destruir as igrejas e seus membros aos milhes..."

    - O Mistrio Consumado, 1917, pgs. 128,129 e 485 (em ingls)

    "Seja como for, h evidncia de que o estabelecimento do Reino na Palestina ser provavelmente em 1925, dez anos mais tarde do que ns uma vez tnhamos calculado [isto , 1915]."

    - O Mistrio Consumado, 1917, pg. 128 (em ingls)

    "Por conseguinte, ns podemos esperar confiantemente que 1925 marcar o retorno de Abrao, Isaque, Jac e os profetas fiis da antiguidade... um clculo simples dos jubileus traz-nos a este importante fato."

    - Milhes que Agora Vivem Nunca Morrero, 1920, pgs. 88-90 (em ingls)

  • 16

    "... os meses que restam antes do Armagedom."

    - A Sentinela de 15/9/1941, pg. 288 (em ingls)

    "Devemos presumir, base deste estudo, que a batalha do Armagedom j ter acabado at o outono de 1975 e que o reinado milenar de Cristo, h muito aguardado, comear ento? Possivelmente... A diferena talvez envolva apenas semanas, ou meses, no anos."

    - A Sentinela de 15/2/1969, pg. 115

    "O apstolo Paulo servia de ponta de lana na atividade missionria crist. Ele tambm lanava o alicerce para uma obra que seria terminada em nosso sculo vinte."

    - A Sentinela de 1/1/1989, pg. 12; As naes tero de saber que eu sou Jeov, pg. 200

    Nota: Em 1929, as Testemunhas de Jeov construram uma manso em San Diego, Califrnia, EUA chamada Beth-Sarim destinada a servir de residncia aos patriarcas bblicos Abrao, Isaque e Jac, cuja ressurreio havia sido prevista para 1925. Mas eles no apareceram para tomar posse. Quem residiu l at 1942 ano de sua morte foi na verdade, o ento Presidente da organizao, J. F. Rutherford. Em 1939, foi construdo um abrigo antiareo secreto em uma propriedade vizinha chamada Beth-Shan. Pouco depois da II Guerra Mundial, a organizao silenciosamente vendeu os dois imveis. A publicao oficial das Testemunhas de Jeov, o livro Proclamadores, admite a existncia de Beth-Sarim (pg. 76) embora omita que a escritura da casa foi feita em nome dos patriarcas bblicos e silencia totalmente quanto existncia de Beth-Shan.

    Elas acreditam que S os membros de sua religio tm esperana

    de sobreviver ao fim do mundo

    "Nunca se esquea de que apenas a organizao de Deus que sobreviver ao fim deste sistema moribundo. Portanto, aja sabiamente e faa planos para a vida eterna por construir seu futuro em harmonia com a organizao de Jeov."

    - A Sentinela, 15/2/1985, pg. 31

    "Apenas as Testemunhas de Jeov, os do restante ungido e os da Grande Multido, qual organizao unida sob a proteo do Organizador Supremo, tm esperana bblica de sobreviver ao iminente fim deste sistema condenado, dominado por Satans, o diabo."

    - A Sentinela de 1/9/1989, pg. 19

  • 17

    Acreditam que Jesus Cristo NO o mediador de TODA a

    humanidade, mas APENAS de uma classe de 144.000 pessoas (os

    ungidos), dos quais s restam hoje cerca de 9.000 no mundo

    inteiro entre as fileiras das Testemunhas de Jeov (os nicos que

    vo para o cu). Os demais, chamados de Grande Multido

    (aqueles que esperam ter vida eterna na terra como seres de carne

    e osso) dependem da instituio, denominada O Escravo Fiel e

    Discreto, para se salvar

    De modo que, em estrito sentido bblico, Jesus o mediador apenas dos cristos Ungidos.

    - A Sentinela de 15/9/1979, pg. 32 Perguntas dos Leitores

    Conseqentemente, 1 Timteo 2:5, 6 no usa mediador no sentido amplo, comum em muitas lnguas. No est dizendo que Jesus mediador entre Deus e toda a humanidade... As pessoas de todas as naes que tm a esperana de vida eterna na terra se beneficiam mesmo agora dos servios de Jesus. Embora ele no seja seu Mediador legal...

    - A Sentinela de 15/8/1989, pg. 31 - Perguntas dos Leitores

    Jesus Cristo no o Mediador entre Jeov Deus e toda a humanidade. Ele o Mediador entre seu Pai Celestial, Jeov Deus, e a nao do Israel espiritual, a qual limitada a apenas 144.000 membros,...

    - Segurana Mundial sob o Prncipe da Paz (1986), pg. 10 par. 16

    Jeov e Cristo dirigem e corrigem o escravo [a organizao] quando necessrio, no a ns como indivduos... Ns devemos seguir junto com a organizao teocrtica do Senhor e esperar por mais esclarecimento...

    - A Sentinela de 1/2/1952, pgs. 79, 80 (em ingls)

    Nota: Para maiores informaes sobre a equivocada doutrina das Testemunhas de Jeov de que os 144.000 descritos em Revelao (Apocalipse) 7:1-6 e 14:1-3 descrevem um nmero literal (na realidade trata-se de um nmero simblico como todo o restante do livro) e de que a Grande Multido simboliza uma classe terrestre (as evidncias mostram que se trata de uma classe celestial) veja o Captulo 18 deste livro na pg. 326 com o tema H cristos que no so filhos de Deus?.

  • 18

    Acreditam que, em 1919, Jesus Cristo entronizado desde 1914

    rejeitou TODAS as outras religies e escolheu as Testemunhas

    de Jeov (ento Estudantes da Bblia) como o nico canal de

    comunicao entre Deus e os homens

    Os fatos histricos mostram que 1919 foi o ano em que o remanescente terrestre dos 144.000 herdeiros do Reino comearam a ser libertados de Babilnia, a Grande. Naquele ano, a mensagem do Reino de Deus estabelecido comeou a ser pregada de casa em casa e divulgado pelas Testemunhas crists de Jeov de um modo destemido. Esta pregao do Reino como estabelecido em 1914 foi em cumprimento da profecia de Jesus em Mateus 24: 14.

    - Caiu Babilnia, a Grande! (1963), pg. 515 (em ingls)

    "Assim como as profecias bblicas apontavam para o Messias, elas tambm nos encaminham ao unido corpo de cristos ungidos das Testemunhas de Jeov, que serve atualmente qual escravo fiel e discreto. Todos os que desejam entender a Bblia devem reconhecer que a 'grandemente diversificada sabedoria de Deus' s pode ser conhecida atravs do canal de comunicao de Jeov, o escravo fiel e discreto. - Joo 6:68"

    - A Sentinela de 01/10/1994, pg. 8

    "A menos que estejamos em contato com este canal de comunicao usado por Deus, no avanaremos na estrada da vida, no importa o quanto leiamos a Bblia."

    - A Sentinela de 01/08/1982, pg. 27

  • 19

    Ataques s Igrejas Catlica e Protestante

    "As igrejas Catlica, Ortodoxa e, mais tarde, as Protestantes... tornaram-se parte de Babilnia a Grande, o imprio mundial da religio falsa do diabo."

    - A Sentinela de 01/12/1991, pg. 13

    De modo que catlicos mataram outros catlicos com aprovao de seus lderes religiosos, e os protestantes fizeram o mesmo.

    - Poder Viver para Sempre no Paraso na Terra (1982), pg. 28

    Em vez de ajudar as pessoas na sua busca do Deus Verdadeiro, as numerosas seitas e denominaes que surgiram em resultado do livre esprito da Reforma Protestante apenas as dirigiram a muitas diferentes direes. De fato, a diversidade e a confuso levaram muitos a questionar a prpria existncia de Deus.

    - O Homem em Busca de Deus (1990), pg. 328

    Racismo

    ... verdade que a raa branca exibe algumas qualidades de superioridade sobre qualquer outra...

    - Zions Watch Tower de 15/7/1902, pg. 3043 (reimpresso)

    Deus pode mudar a pele etope [negra] no seu devido tempo.

    - Zions Watch Tower de 15/7/1904, pg. 3320 (reimpresso)

    "Eles [os negros] tm sido e so uma raa de serviais... No h no mundo um servial to bom quanto um bom servial de cor, e a satisfao que ele obtm por prestar um fiel servio uma das mais puras satisfaes que h no mundo."

    A Idade de Ouro de 24/7/1929, pg. 207 (em ingls)

  • 20

    "Deus... evidentemente tem sido um respeitador das raas, e tem abenoado especialmente certos ramos da raa Ariana na Europa e Amrica... a raa branca tem sido mais abundantemente abenoada com a luz das boas novas do que outras... a Igreja eleita provavelmente ser composta principalmente da altamente favorecida raa branca.."

    A Bblia versus a Teoria da Evoluo (1898), pgs. 30,31 (em ingls)

    "As raas negra e latina provavelmente sempre sero inclinadas superstio."

    Zion's Watch Tower de 1/4/1908, pg. 99

    "...as diversas raas da humanidade provavelmente tero seus interesses espirituais como Novas Criaturas melhor preservados por alguma medida de separao."

    Estudos das Escrituras - Vol III (1904), pg. 490 (em ingls)

    "EDUCAO DE NEGROS EM CINCINNATI - Negros por toda a cidade vo a esta escola por opo. Eles sentem que podem ter melhores oportunidades permanecendo em seu prprio grupo, e esto provavelmente certos... sob as condies imperfeitas presentes, uma sbia segregao provavelmente uma vantagem para todos os envolvidos."

    A Idade de Ouro de 1/10/1919, pg. 8 (em ingls)

    "Hispnicos.. e outras raas retrgradas..."

    A Idade de Ouro de 30/11/1927, pg. 141 (em ingls)

    "Cuidadosas observaes em uma escola em Londres mostraram que as crianas davam suas melhores risadas, no com comdias 'pastelo', mas...olhando um mineiro negro comer um prato cheio."

    A Idade de Ouro de 1928, pg. 684 (em ingls)

    Nota: No seria correto afirmar que as Testemunhas de Jeov, hoje, constituem uma comunidade racista (pelo menos, no mais do que outras religies ou culturas o so). No obstante, no se pode deixar de perceber em seus artigos, tais como os acima transcritos, a representao do pensamento tradicional da poca em que foram escritos, os quais no conseguem disfarar, em seu teor, uma forma, por assim dizer, sutil e 'piedosa' de racismo.

  • 21

    Anti-semitismo

    "Seja sabido, de uma vez por todas, que aqueles homens gananciosos, sem conscincia e egostas que se chamam Judeus, e que controlam a maior parte das finanas do mundo e os negcios do mundo, nunca sero dirigentes desta nova terra. Deus no correria o risco com tais homens egostas em uma posio to importante."

    A Idade de Ouro de 23/2/1927, pg. 343 (em ingls)

    Os Judeus receberam mais ateno do que realmente mereciam.

    - Vindicao (1932), pg. 258 (em ingls)

    ...O Clero Protestante... com os rabis da organizao religiosa judaica, seguem as direes da organizao Catlica Romana... todos eles praticam a religio, da qual o diabo o autor.

    - Inimigos (1937), pg. 212 (em ingls)

    Atualmente, os assim chamados Protestantes e o clero Yiddish [judeu] cooperam abertamente e so controlados pelas mos da Hierarquia Catlica Romana, como simplrios palermas...

    - Inimigos (1937), pg. 222 (em ingls)

    Entre os instrumentos que ela (a Prostituta de Babilnia) usa, esto os homens ultra-gananciosos chamados Judeus que s procuram o lucro pessoal.

    - Inimigos (1937), pg. 281 (em ingls)

    Nota: De modo semelhante s questes sobre racismo, no seria correto atribuir s Testemunhas de Jeov, hoje, uma filosofia anti-semita. Por outro lado, tambm no podem passar despercebidas certas oscilaes de pensamento da entidade com relao ao povo judeu, em funo da poca. Por exemplo, nas publicaes Conforto para os Judeus (1925) e Vida (1929), a organizao defende, a exemplo de seu fundador, idias claramente sionistas. Subitamente, a partir da dcada de 30, poca em que o anti-semitismo ganhou novo impulso mundial, ntida a mudana no teor das publicaes da Sociedade Torre de Vigia. Queira o leitor atentar para as datas em que as declaraes acima foram feitas, coincidentes com a ascenso do nazi-fascismo na Europa.

  • 22

    Piramidologia

    Quadro da pelcula "Fotodrama da Criao" (1914), de C.T. Russell

    ...refere-se Grande Pirmide, cujas medidas confirmam o ensino bblico de que 1878 marcou o comeo da colheita...

    - A Sentinela de 1/10/1917, pg. 6149 (em ingls)

    ...a Pirmide do Egito, permanecendo como uma testemunha silenciosa e inanimada do Senhor...

    - A Sentinela de 15/5/1925, pg. 148 (em ingls)

    "...quando se lanou a idia segundo a qual a grande pirmide a 'Testemunha' de Jeov, cujo testemunho de igual importncia tanto para a verdade divina quanto para a cincia pura..."

    Thy Kingdom Come (1897), cap. 10, pg. 320

    "...[a pirmide] converteu-se em objeto de interesse crescente para cada cristo maduro no estudo da palavra de Deus; pois ela parece dar-nos de uma maneira notvel, e de acordo com todos os profetas, um esquema do plano de Deus para o passado, presente e futuro."

    Thy Kingdom Come (1897), cap. 10, pg. 314

  • 23

    "Ento Satans colocou o seu conhecimento na pedra morta [a pirmide], que pode ser chamada Bblia de Satans, e no testemunha ptrea de Deus."

    - A Sentinela de 15/11/1928, pg. 344 (em ingls)

    E mais: O livro Testemunhas de Jeov Proclamadores do Reino de Deus (1993), pg. 201, admite a piramidologia como parte de seus ensinos primitivos, embora justifique isto por dizer que se tratava apenas de um pensamento do Pastor Russell, por cerca de 35 anos.

    O pastor Russell em uma de suas visitas pirmide do Egito

    Nota: Em 1912 - durante uma de suas visitas pirmide de Giz o pastor Russell proferiu o clebre discurso "Uma Testemunha de Deus - A Grande Pirmide do Egito". Uma evidncia adicional do envolvimento da religio com piramidologia existe at hoje, na forma de um enorme monumento de pedra, em forma de pirmide, que fica ao lado do sepulcro de Russell, no Cemitrio Rosemont United (Pittsburgh, Pensilvnia, EUA). Recentemente no primeiro nmero de A Sentinela do ano 2000 (1/1/2000, pginas 9 e 10) a religio fez uma confisso mais pormenorizada de seu envolvimento com a piramidologia, embora no mencionasse que este envolvimento perdurou at 1928, durante a 2 presidncia da entidade e 9 anos aps a suposta aprovao do Escravo Fiel e Discreto, em 1919, por Jesus Cristo.

  • 24

    Astrologia

    Quadro do "Fotodrama da Criao" (1914), de C.T. Russell

    Ns questionamos seriamente todas as declaraes da astrologia; ainda assim, o que se segue, qualquer que seja a fonte das sugestes, at mesmo do prprio adversrio, parece marcadamente verdadeiro quanto s nossas expectativas baseadas na Palavra do Senhor. Apenas por essa razo ns o publicamos como segue: Saturno o representante do grande poder motivador que tem dominado a mente humana at o presente momento... Jpiter, representando a lei, religio e a moralidade... Jpiter tambm deve transferir sua anterior lealdade ao ganancioso Saturno para o recentemente descoberto fator que defende a irmandade universal, isto , Urano. Quando Urano e Jpiter se encontrarem no signo benigno de Aqurio em 1914, a era h muito prometida ter tido um belo comeo na obra de libertar os homens na busca de sua prpria salvao e assegurar a realizao final dos sonhos e ideais de todos os poetas e sagas da Histria... Urano est preparando o caminho para Netuno, o qual simboliza o amor em sua forma mais elevada - o cumprimento da lei. Em 1903, Jpiter estar no signo de Peixes..."

    - A Sentinela de 1/5/1903, pgs. 127-131 ou pgs. 3183 na reimpresso (em ingls)

    Por esta razo tem sido feita a sugesto de que [a constelao de] Pliades pode representar a residncia de Jeov, o lugar de onde ele governa o universo.

    - A Sentinela de 15/6/1915, pg. 5710 (em ingls)

    Mas a grandeza em tamanho de outras estrelas ou planetas pequena quando comparada com Pliades em importncia, porque Pliades o lugar do trono eterno de Deus....Tem sido sugerido, e com bastante peso, que uma das estrelas do grupo [Alcyone] o local de habitao de Jeov.

    - Reconciliao (1928), pg. 14 (em ingls)

  • 25

    E mais: Zions WT de 15/05/1895, pg. 1814 e Criao (1927), pg. 94 (em ingls)

    Nota: O entendimento sobre a estrela Alcyone e a constelao de Pliades

    perdurou por 62 anos, de 1891 a 1953, 35 anos aps uma suposta inspeo de Cristo organizao e 34 anos aps a dita aprovao dele organizao, em 1919. (A Sentinela de 15/04/89, pgina 7, pargrafo 9 e A Sentinela de 15/03/90, pgina 15, pargrafo 4)

    Comunicao com o mundo espiritual

    Uma verdade apresentada pelo prprio Satans to verdadeira quanto uma verdade declarada por Deus.... Aceite a verdade onde quer que a encontre, no importa o que ela contradiga.

    - Zions Watch Tower, Julho de 1879, pgs. 8 e 9

    Este verso (Revelao 8:3) mostra que, embora o Pastor Russell tenha transposto a cortina [ou morrido], ele ainda est dirigindo cada aspecto do trabalho de colheita... Ns sustentamos que ele supervisiona... o trabalho a ser feito

    - O Mistrio Consumado (1917), pgs. 144, 256 (em ingls)

    Ento nosso querido Pastor, agora em glria [morto], est, sem dvida alguma, manifestando profundo interesse no trabalho de colheita, e Deus lhe permite exercer uma forte influncia em razo disso.

    - A Sentinela de 1/11/1917, pg. 6161 (reimpresso)

    Nota: O Pastor Russell faleceu em 1916 cerca de um ano antes do lanamento destes dois ltimos artigos. Alm disso, a religio j fez uso como fonte de apoio para a sua traduo do texto bblico de Joo 1:1 dos escritos de dois mdiuns espritas: Johannes Greber e John S. Thompson Ajuda ao entendimento da Bblia (1969), pg. 1245, e Kingdom Interlinear Translation (1985), pgs. 1139 e 1140

  • 26

    Ocultismo

    Em 1914, o 'pastor' Russel lanou o clebre "Fotodrama da Criao" - um ambicioso projeto que combinava pelculas cinematogrficas, slides e trilha sonora (Livro Proclamadores, pgs. 56 a 60). As imagens destacavam, entre outras coisas, os signos do zodaco, a pirmide e a esfinge do Egito e, conforme se v abaixo, o emblema dos Estudantes da Bblia, o smbolo da cruz e da coroa - o mesmo que apareceria na capa das publicaes da Sociedade Torre de Vigia at os anos 30.

    Todos os volumes de Studies in the Scriptures (1886 1917) estampavam, na capa, o disco alado egpcio, smbolo pago do deus-sol Rah.

  • 27

    A capa da revista A Sentinela (em ingls) apresentava, at 1931, o smbolo mstico de cruz e coroa (no alto, esquerda), smbolo da Igreja da 'Cincia Crist' e o elmo da armadura dos Cavaleiros Templrios, 33 Grau da Maonaria (no alto, direita).

    Fonte: Testemunhas de Jeov Proclamadores do Reino de Deus (1993), pgs. 88 e 201

    Proibio e liberao das vacinas

    A vacinao uma violao direta do pacto eterno que Deus fez com No aps o dilvio.

    - A Idade de Ouro de 4/2/1931, pg. 293 (em ingls)

    Pessoas ponderadas prefeririam ter varola em vez de serem vacinadas, porque as vacinas propagam as sementes da sfilis, cancros, eczema, erisipelas, scrofula, tuberculose, at a lepra e muitas outras doenas nojentas. Portanto, a prtica da vacinao um crime, um ultraje, e um engano.

    - A Idade de Ouro de 1/5/1929, pg. 502 (em ingls)

    As vacinas nunca salvaram uma vida humana. No previnem a varola.

  • 28

    - A Idade de Ouro de 4/2/1931, pg. 294 (em ingls)

    "Usem seus direitos como cidados Americanos para abolir para sempre a prtica demonaca das vacinas."

    - A Idade de Ouro de 12/10/1921, pg. 17 (em ingls)

    "J se demonstrou conclusivamente que no existe tal coisa como a hidrofobia [raiva]!"

    - A Idade de Ouro de 1/1/1923, pg. 214 (em ingls)

    "Nunca se provou que uma nica doena seja devida a germes."

    - A Idade de Ouro de 16/1/1924, pg. 250 (em ingls)

    "As doenas so causadas por fermentao e calor... no por germes."

    - A Idade de Ouro de 25/8/1926, pg. 751 (em ingls)

    "Evite inoculaes de soro e vacinas, pois elas poluem a corrente sangunea com seu pus nojento."

    - A Idade de Ouro de 13/11/1929, pg. 106,107 (em ingls)

    "A questo da vacinao algo que o indivduo deve encarar e decidir por si prprio."

    - A Sentinela de 15/12/1952, pg. 764 (em ingls)

    "As vacinas parecem ter causado uma drstica reduo das doenas.."

    - Despertai! de 22/8/1965, pg. 20 (em ingls)

    Nota: A revista A Idade de Ouro [Golden Age] publicada de 1919 a 1937, pelas Testemunhas de Jeov considerada por certos autores como uma das fontes literrias mais prolficas em aberraes cientficas, ataques medicina tradicional, endosso de terapias folclricas s vezes fatais e charlatanismo em assuntos mdicos. Os trechos extrados acima - provavelmente originrios da mente do editor da revista, Clayton Woodworth - parecem confirmar esta opinio.

  • 29

    Proibio e liberao dos transplantes de rgos ou tecidos

    "H alguma coisa na Bblia contra se doar os olhos (aps a morte) para serem transplantados numa pessoa viva? A questo de se colocar o corpo ou parte do corpo disposio dos homens da cincia ou dos mdicos, aps a morte, para experincias cientficas ou para transplantao em outros, no vista com bons olhos por certos grupos religiosos. Entretanto, no parece haver nenhum princpio ou lei bblica envolvida. , portanto, algo que cada pessoa deve decidir por si mesma."

    - A Sentinela de 1/2/1962, pg. Pg. 96

    "Ser que h alguma objeo bblica a que se doe o corpo para uso na pesquisa mdica ou que se aceitem rgos para transplante de tal fonte?... Aqueles que se submetem a tais operaes vivem s custas da carne de outro humano. Isso canibalesco...Jeov no deu permisso para os humanos tentarem perpetuar suas vidas por receberem canibalescamente em seus corpos a carne humana, quer mastigada quer na forma de rgos inteiros ou partes do corpo, retirados de outros."

    - A Sentinela de 1/6/1968, pg. 349,350

    "Embora milhares de transplantes de crnea sejam realizados cada ano...H aqueles, como as testemunhas crists de Jeov, que consideram todos os transplantes entre humanos como canibalismo..."

    - Despertai! de 8/12/1968, pgs. 21,22

    "...as Testemunhas de Jeov se opem em s conscincia a todos os transplantes como sendo mutilao desnecessria de seus corpos criados por Jeov, e puro canibalismo."

    - Despertai! de 8/12/1968, pg. 30

    "Deve a congregao tomar ao quando um cristo batizado aceita o transplante dum rgo humano, tal como a crnea ou um rim? No que se refere ao transplante de tecido ou osso humano para outro, um caso de deciso conscienciosa de cada uma das Testemunhas de Jeov... um assunto para deciso pessoal."

    - A Sentinela de 1/9/1980, pg. 31

    Nota: Entre os anos de 1968 e 1980, vrios casos de morte por recusa religiosa de transplante foram registrados entre os membros das Testemunhas de Jeov. Entre esses se encontra o caso de Arvid Moody, 68 anos de idade, em Massachusetts EUA, que por volta de Junho de 1978, faleceu aps recusar um transplante de rim.

  • 30

    Liberao e proibio das transfuses de sangue

    ...um dos mdicos na emergncia principal doou um quarto de seu sangue para transfuso, e hoje a mulher vive e sorri alegremente...

    - Consolao (25/12/1940), pg. 19 (em ingls)

    ...se, no futuro, ele persistir em aceitar transfuses de sangue ou em doar sangue...ele mostra que no se arrependeu realmente...e deve ser cortado [da congregao] por ser desassociado.

    - A Sentinela 1/12/1961, pg. 736

    Nota: A edio de 15/06/2000 da revista A Sentinela (pgs. 29-31) traz um curioso artigo, no qual agora se autoriza, por parte das Testemunhas, o uso de "fraes" dos componentes "maiores" do sangue - plasma, hemceas, leuccitos e plaquetas - os quais requerem doao, estocagem e processamento de grandes quantidades de sangue. Paradoxalmente, as Testemunhas continuam proibidas tanto de doar o sangue para a obteno destas "fraes" permitidas como de receber tais componentes "maiores" integralmente.

    Proibio do voto

    As Testemunhas so neutras nas guerras e lutas entre as naes, e mantm-se livres de todo envolvimento poltico, nem mesmo votando...

    - A Sentinela 15/06/1978, pg. 14

    ...Testemunhas de Jeov mantm-se separadas de toda poltica, nem mesmo votando...

    - A Sentinela (WatchTower) 15/10/1973, pg. 627 (em ingls)

    As Testemunhas... no tomam parte em votar nas eleies. No transigem na sua posio de neutralidade em assuntos de poltica...; se forem s sees eleitorais e anularem o seu voto de algum modo, quer riscando-o quer anotando nele, por exemplo, as palavras 'Para o Reino de Deus' .

    - A Sentinela 15/11/1964, pg. 692

  • 31

    Nota: a posio intransigente da religio proibindo a aquisio da carteira de identidade do partido nico do governo do pas africano Malau resultou, durante as dcadas de 60 e 70, em perseguio, assassinatos e estupros de milhares de Testemunhas de Jeov naquele pas. (Livro Proclamadores, pgina 674) Curiosamente, durante o mesmo perodo, a religio autorizava seus adeptos no Mxico pas onde se registrou como entidade cultural e no religiosa a pagar uma propina a funcionrios pblicos para receberem um documento militar (cartilla), no qual constava falsamente que a pessoa j havia prestado o servio militar e agora fazia parte da primeira reserva do Exrcito.

    Proibio e liberao do Servio Militar Alternativo

    "No deveria haver nada contra nossa conscincia em entrar para o exrcito."

    - A Sentinela (WatchTower) 15/4/1903, pg. 120 (em ingls)

    Um exame dos fatos histricos mostra que as Testemunhas de Jeov no somente recusaram vestir uniformes militares e pegar em armas, durante o ltimo meio sculo, ou mais, mas que tambm recusaram fazer servios no-combatentes ou aceitar outro servio militar.

    - Unidos na Adorao do nico Deus Verdadeiro (1983), pg. 167

    "Um irmo talvez ache agora que pode prestar conscienciosamente este servio sem violar sua neutralidade crist..."

    - A Sentinela de 15/8/1998, pg. 17

    Nota: por cerca de 50 anos, a religio proibia a seus adeptos no s o servio militar, como tambm o servio alternativo, at 1996, ano em que a posio anterior foi revista somente para aqueles pases em que tal servio coordenado por alguma entidade civil no religiosa. Vale ressaltar que esta equivocada postura anterior representou, para muitas Testemunhas de Jeov no mundo inteiro, o encarceramento ou a morte. No Brasil, os jovens so instrudos a solicitar s foras

  • 32

    armadas um ATESTADO DE EXIMIO, o qual custa-lhes seus direitos polticos cassao o que, na prtica, significa que o jovem no ter ttulo de eleitor ou carteira de reservista, estando, por este motivo, impedido de prestar concurso pblico ou de adquirir passaporte. Todavia, diversas Testemunhas de Jeov (inclusive 'ancios') exercem hoje cargos em reparties pblicas e rgos do governo, mesmo sendo eximidos, o que constitui uma violao clara das leis do pas (passvel de denncia s autoridades), as quais s concedem este privilgio queles em pleno gozo de seus direitos polticos. Estranhamente, a Sociedade Torre de Vigia, com seu silncio diante desta situao, tem se mostrado, no mnimo, conivente com a ilegalidade, a despeito de recomendar seus membros ao pblico como "os cidados mais leais... que no procuram esquivar-se de leis inconvenientes a seus prprios lucros" e de afirmar que as Testemunhas precisam se "comportar honestamente em todas as coisas" (livro Proclamadores, pg. 196, linha 7 e pg. 178, pargrafo 4). Como prova documental da cassao a que os jovens esto sujeitos, publico esta cpia de um trecho do Atestado de Eximio, onde se declara expressamente que o jovem perdeu seus direitos polticos, em razo de convico religiosa.

  • 33

    Violao da 'Neutralidade Crist'

    "De acordo com a resoluo do Congresso em 2 de Abril, e com a proclamao do Presidente dos Estados Unidos em 11 de Maio, sugere-se que o povo do Senhor em todos os lugares, faa de 30 de Maio um dia de orao e splica. A Deus aprouve graciosamente fazer com que esta nao fosse formada e se desenvolvesse sob as mais favorveis condies no mundo para a preservao da liberdade civil e religiosa."

    - A Sentinela de 1/6/1918, pg. 174 (em ingls)

    "Um cristo, no desejando matar, talvez no tenha sido conscienciosamente capaz de comprar bnus [de guerra] do governo; mais tarde ele considera que grandes bnos recebeu sob este governo, e percebe que a nao est em apuros e encarando o perigo quanto a sua liberdade, e ele se sente conscienciosamente capaz de enviar algum dinheiro ao pas, simplesmente do mesmo modo que ele o enviaria a um amigo em dificuldades."

    - A Sentinela de 1/6/1918, pg. 6268 (reimpresso em ingls)

    "Desde que a Casa de Betel foi fundada, num canto da sala de visita tem sido preservado um pequeno busto de Abraham Lincoln, com duas bandeiras americanas hasteadas sobre ele...Nada vemos de imprprio para com o dever de um cristo."

    - A Sentinela de 15/5/1917, pg. 150 (em ingls)

    "Todos na Amrica deveriam ter satisfao em mostrar a bandeira Americana..."

    - A Idade de Ouro de 4/2/1931, pg. 293 (em ingls)

    Nota: o lanamento dos dois primeiros artigos acima, em 1918, causou uma imediata reao de repdio entre muitos membros da Sociedade Torre de Vigia na poca, ocasionando uma ruptura no movimento, da qual nasceu uma entidade de dissidentes - "Associao dos Estudantes da Bblia Intransigentes" - os quais ficaram conhecidos como Standfasters. A prpria Sociedade admite a quebra da 'neutralidade poltica' em seu livro Proclamadores, pg. 191, muito embora no transcreva o artigo sobre o "dia de orao e splica" e tampouco mencione a questo da compra de bnus de guerra. Karl Klein, antigo membro do Corpo Governante, em seu depoimento pessoal sobre aquela poca - Despertai! de 22/9/1987, pg. 17 - admite que os dissidentes Standfasters "viam esta questo com clareza", mas ao mesmo tempo, por uma questo de "lealdade aos co-Estudantes da Bblia", decidiu "correr o risco" e permanecer ao lado da Sociedade, mesmo diante de tal violao clara do princpio da neutralidade.

  • 34

    Comprometimento com o Nazismo

    Em 25 de Junho 1933, na Alemanha, em pleno regime nazista aps ataques do governo sede das Testemunhas de Jeov (Estudantes da Bblia), em Magdeburg uma conferncia de cerca de 5000 adeptos da religio foi secretamente realizada em Berlim. Nesta conferncia foi redigida aquela que ficou conhecida como Declarao de Fatos (Erklrung) , bem como uma carta pessoal a Adolf Hitler, ambas contendo expresses de elogio aos princpios do governo nazista e ataques

    ao povo judeu, aos Estados Unidos e Gr-Bretanha. A prpria Sociedade Torre de Vigia no nega a existncia da Declarao de Fatos . Uma transcrio da mesma foi publicada, em ingls, no ano seguinte ao de sua escrita, no Anurio das Testemunhas de Jeov de 1934, com contedo idntico aos originais em alemo.

    Ainda hoje, podem-se encontrar cpias de tais documentos no Museu do Holocausto (EUA). Cerca de 40 anos depois, no Anurio de 1974 (1975 em portugus, pg. 110), a religio admite que o documento provocou um srio mal estar em muitos dos presentes reunio. De modo lacnico, o artigo diz que o contedo da declarao havia sido "amainado" - um eufemismo, se considerarmos o seu teor anti-semita e o apoio expresso aos princpios nazistas. Mesmo assim, a declarao foi distribuda aos milhes. O artigo prossegue acusando o representante da sede alem na poca (Paul Balzereit) de ser o responsvel por uma alterao no contedo dos documentos, o que, na prtica, corresponde a uma admisso de que seu contedo era, de fato, comprometedor.

    Mais recentemente, na revista Despertai! 8/7/1998 pg. 10-14, a religio admite que a acusao era inverdica, absolve o acusado e adota agora outra linha de defesa. Por mais incrvel que parea, eles tentam justificar o contedo destes dois documentos. Alm disso, mais de cinco dcadas de separao entre este embaraoso documento e a vasta maioria das Testemunhas de Jeov na atualidade certamente contribuem para o obscurecimento da gravidade de seu contedo na mente delas.

    Assim sendo, transcreverei alguns dos trechos mais chocantes da Declarao de Fatos, precisamente aqueles que as publicaes recentes das Testemunhas de Jeov normalmente omitem ou tentam justificar. Queira o leitor prestar ateno ao modo como a organizao fala do povo judeu e de que forma ela se posiciona diante dos princpios do governo nazista:

  • 35

    O governo atual da Alemanha declarou-se enfaticamente contra os opressores do Grande Comrcio e em oposio influncia religiosa errada nos assuntos polticos da nao. Essa exatamente a nossa posio: ...Longe de estarmos contra os princpios advogados pelo governo da Alemanha, ns apoiamos sinceramente esses princpios e sublinhamos que Jeov Deus atravs de Jesus Cristo causar a realizao completa destes princpios...

    Somos falsamente acusados pelos nossos inimigos de termos recebido dos judeus apoio financeiro para o nosso trabalho. Nada est mais longe da verdade. At este momento, nunca houve a mnima quantia de dinheiro contribuda para o nosso trabalho pelos judeus. Ns somos os seguidores fiis de Cristo Jesus e acreditamos Nele como sendo o Salvador do mundo, enquanto os judeus rejeitam inteiramente Jesus Cristo e negam enfaticamente que ele seja o Salvador do mundo enviado por Deus para o bem do homem. Por si s, isto devia ser prova suficiente em como ns no recebemos nenhum apoio dos judeus e portanto as acusaes contra ns so maliciosamente falsas e s podiam vir de Sat, o nosso grande inimigo.

    Foram os homens de negcios Judeus do Imprio Anglo-Americano que estabeleceram e tm mantido os Grandes Negcios como um meio de explorar e oprimir os povos de muitas naes.... Este fato to manifesto na Amrica que existe um provrbio a respeito da cidade de Nova Iorque que diz: os Judeus so donos dela, os Catlicos Irlandeses governam-na, e os Americanos pagam os impostos.

    [Os] Estudantes da Bblia esto lutando pelos mesmos objetivos e ideais elevados e ticos que o Reich alemo nacional proclamou a respeito do relacionamento do Homem com Deus.... no existem pontos de vista conflitantes... mas antes, pelo contrrio, no que diz respeito aos objetivos puramente religiosos e apolticos... estes esto em harmonia

    completa com... o Governo Nacional do Reich alemo.

    O livro The Nazi State and the New Religions [O Estado Nazista e as Novas Religies] de Christine King (1982), diz o seguinte sobre a Declarao de Fatos:

    O documento uma obra prima no gnero e digna das outras quatro seitas [os Cientistas Cristos, os Santos dos ltimos Dias, os Adventistas do Stimo Dia e os membros da Nova Igreja Apostlica], tendo todas elas apoiado, de uma maneira ou de outra, o estado Nazista. Tendo tentado assegurar s autoridades, pela Declarao de Fatos, que eram bons cidados, tendo interpretado e explicado os seus ensinos de um modo que, dadas as preocupaes do regime, pretendia acalmar medos e oferecer uma certa medida de compromisso, as Testemunhas parecem ter esperado que da em diante no teriam mais incmodos. No tinham na declarao juntado aos Nazistas na condenao da Liga das Naes, no tinham descrito o Nacional Socialismo como estando contra as injustias que os alemes tinham sofrido desde 1919 e no tinham terminado com um apelo pessoal ao fhrer?

  • 36

    Veja uma fotocpia da Declarao de fatos:

  • 37

    O episdio em questo mencionado na prpria publicao de Histria Oficial das Testemunhas de Jeov, o livro Proclamadores, pg. 693. Curiosamente, o livro nada diz sobre o contedo destes documentos, embora mostre na ntegra diversos outros que lhe so favorveis como o documento de renncia f, redigido pelos nazistas. Recentemente, a entidade tem estado empenhada em uma campanha de saneamento deste embaraoso captulo de sua histria, por meio de sua literatura

    e de um site na Internet, intitulado tringulos roxos, onde descreve a bravura com que muitos Estudantes da Bblia enfrentaram o confinamento nos campos de concentrao.

    Embora, de fato, a maioria dos fiis na Alemanha, durante a II Guerra Mundial (de modo semelhante aos membros de diversas outras religies, cujo suplcio o livro Proclamadores no menciona) tenham individualmente resistido opresso nazista, tambm fato que o lder da entidade poca, J. F. Rutherford (2 presidente e autor de diversos livros da religio) empreendeu, por meio da Declarao de Fatos e de uma carta pessoal, uma tentativa de compromisso com o fhrer Adolf Hitler. Todavia, diversas publicaes das Testemunhas de Jeov fazem pesadas crticas s lideranas de outras denominaes religiosas por terem tentado a mesma coisa.

    Por exemplo, a revista A Sentinela de 1/1/1989 (pg. 21, par. 13) acusa outras religies de terem se comprometido de forma lamentvel com o nazismo. Porm

    o Corpo Governante das Testemunhas de Jeov prefere esquecer tais fatos com relao sua prpria organizao. Repare o leitor o que afirma um trecho da referida revista:

    As religies principais, tanto catlica como protestante, comprometeram-se de forma lamentvel em prestar honra ao nazismo, idolatrando o fhrer, saudando sua bandeira sustica e abenoando suas tropas enquanto estas partiam para massacrar seus irmos de f de naes vizinhas. Os assim chamados cristos de todos os credos exceto as Testemunhas de Jeov foram apanhados em fervor patritico.

    Em vista dos documentos aqui apresentados, fica evidente que os lderes das Testemunhas de Jeov na poca tentaram de todas as formas algum tipo de comprometimento com os nazistas. Obviamente, depois que todas estas tentativas de aproximao fracassaram e o nazismo comeou a atac-los, os dirigentes da Sociedade Torre de Vigia no tiveram alternativa, a no ser se voltar contra o nazismo. Apesar do Corpo Governante tentar de todas as formas ocultar ou minimizar estes fatos, provas documentais como Declarao dos Fatos e a carta

    pessoal a Hitler deixam isso bem claro.

  • 38

    Captulo 2

    O COMEO DE TUDO

    o princpio do sculo 19, um pastor batista de Nova Iorque, EUA, William Miller (nascido em Massachussets, 1782) dedicou-se ao estudo da escatologia - estudo das profecias sobre o 'fim do mundo' - buscando prever a data da segunda vinda de Cristo. A partir da leitura de Daniel 8: 14, onde se diz, "...At duas mil e trezentas tardes e manhs; e o santurio ser purificado", Miller reacendeu a discusso de um tema j bastante controvertido - a habilidade, com base na interpretao das Escrituras, de prever eventos futuros, iminentes e espetaculares. Estavam assim lanadas as sementes do que se convencionou chamar Segundo Adventismo. O movimento das Testemunhas de Jeov guarda estreita relao com esta corrente, de modo que temos de estabelecer aqui nosso ponto de partida.

    A interpretao dos livros bblicos de Daniel e Apocalipse no era algo novo nos dias de Miller. Na verdade, estes textos tinham despertado o interesse de estudiosos de religio por sculos antes de ele ter nascido, o que acabou por gerar toda uma corrente (quase contnua) de teorias interpretativas, comeando com aquelas do Judasmo do primeiro sculo, na pessoa do rabino Akibah Ben Joseph (50 - 132 DC), e passando pelo Catolicismo medieval, a Reforma e, finalmente, o Protestantismo anglo-americano do sculo 19. O primeiro estudioso cristo a fazer especulaes profticas sobre a vinda do Messias, servindo-se dos mesmos mtodos de clculo dos rabinos do primeiro sculo, foi Joachim de Flora, no ano de 1195 DC. No seria o nico - do incio sculo 12 ao incio do sculo 19, cerca de 35 autores continuariam a especular e propor datas para o cumprimento das profecias bblicas.

    De modo que Miller foi um continuador, no o criador do milenarismo - a corrente religiosa cujo cerne consiste nos preparativos para o Reino de mil anos de Nosso Senhor, mencionado em Apocalipse 20: 4. Um longo desfile de especuladores sobre o "fim do mundo" - entre eles, Charles T. Russell - ainda se seguiria a Miller , anos no futuro, juntando-se a outras dezenas, antes dele. O conhecimento deste panorama histrico nos ajuda a compreender aquele que talvez seja o aspecto distintivo das Testemunhas de Jeov - a nfase na escatologia milenarista - pois foi na efervescente atmosfera do perodo ps-millerismo do sculo 19 que o movimento teve seu bero.

  • 39

    No objetivo deste livro descrever pormenorizadamente a histria das Testemunhas de Jeov e as interpretaes de profecias bblicas quanto 'Segunda Vinda de Cristo'. Mencionarei apenas aquilo que julgar relevante na nossa reconstituio do panorama histrico-religioso onde floresceu a entidade que o alvo de nosso estudo.

    Para mais detalhes sobre o tema 'escatologia', inclusive aquela sustentada at hoje pelas Testemunhas de Jeov, e a histria das Testemunhas de Jeov, recomendo a leitura das obras The Gentile Times Reconsidered [Os Tempos dos Gentios Reconsiderados], de autoria de Carl Olof Jonsson e Apocalypse Delayed [Apocalipse Adiado], de autoria de James Penton. Trata-se de obras srias e profundas, produtos de mais de uma dcada de pesquisas. Submete tais temas ao escrutnio histrico e pe por terra mitos.

    De volta aos trabalhos de Miller, ele utilizou o princpio do "dia-ano", mencionado explicitamente na Bblia com referncia apenas aos textos de Nmeros 14: 34 e Ezequiel 4: 6. Tal mtodo comeou a ser aplicado por rabinos judeus a outras passagens e foi formalmente estabelecido como princpio pelo rabino anteriormente mencionado, Ben Joseph. Assim, Miller "calculou" que os 2.300 dias de Daniel 8: 14 representavam 2.300 anos. Tudo de que precisava, ento, era um ponto de partida. Ele adotou como tal o ano de 457 AC, data do regresso de Esdras do cativeiro. Contando, pois, 2.300 anos a partir desta data, Miller chegou ao ano de 1843 como aquele que veria o retorno de Cristo a terra. A previso fora feita no ano de 1818. Posteriormente (em 1842) ele publicaria um clculo diferente, contando 2.520 anos, mas preservando a data-chave de 1843. Restava, portanto, pouco tempo antes que tal acontecimento extraordinrio tivesse lugar. Qual o efeito de tais previses sobre os contemporneos de Miller?

    O impacto de tal revelao foi bem alm do que Miller poderia prever. Crentes de diversas igrejas levaram tal previso por demais a srio, sendo que muitos doaram suas propriedades, abandonaram suas atividades cotidianas e prepararam-se para recepcionar Jesus Cristo. No entanto, a data chegou e o to aguardado evento no

  • 40

    se deu. Miller, ento, revisou seus clculos e concluiu que errara em um ano, marcando o acontecimento para o ano seguinte, ou seja, 1844, mais especificamente para o ms de maro. Tendo novamente decepcionado a si prprio e a seus seguidores (cerca de cem mil) Miller ainda faria uma ltima tentativa, marcando a vinda de Cristo para outubro daquele ano. Todavia, um novo desapontamento demoveu-o definitivamente da idia de antever tal portentoso evento. Sobre isso, o prprio Miller escreve:

    "Acerca da falha da minha data, expresso francamente o meu desapontamento... Esperamos naquele dia a chegada pessoal de Cristo; e agora, dizer que no erramos, desonesto! Nunca devemos ter vergonha de confessar nossos erros abertamente."

    (A Histria da Mensagem Adventista, pg. 410)

    No se pode deixar de reconhecer humildade e candura nas palavras de Miller, ainda mais considerando que sua conduta, a partir de ento, veio a corroborar suas palavras. Entretanto, involuntariamente, ele, por assim dizer, 'fez escola'. Miller acendeu um pavio que no podia apagar. Apesar de ter reconhecido seu erro, diversos de seus anteriores seguidores insistiram em marcar o dia para a vinda de Cristo, entre eles, os grupos liderados por Joseph Bates, Helen White e Hiram Edson, de cuja fuso nasceu a Igreja Adventista do 7o. Dia. Como passou Miller a encarar a escatologia que se seguiu ao seu trabalho? Ele diz:

    "No tenho confiana alguma nas novas teorias que surgiram no movimento..."

    (A Histria da Mensagem Adventista, pg. 412)

    Por fim, morreu Miller, no ano de 1849, aos 68 anos de idade. Apenas trs anos depois, em 16 de Fevereiro de 1852, em Allegheny-Pensilvnia, nascia Charles Taze Russell, filho do casal Joseph L. Russell e Anna Eliza Russell. O jovem Charles foi criado como presbiteriano e passou a maior parte de sua infncia entre as cidades de Allegheny e Pittsburgh, no estado onde nasceu. Sua me o encorajou, na infncia, a considerar o ministrio Cristo, mas faleceu quando ele tinha apenas 9 anos de idade. Sua educao foi modesta, a partir de escolas pblicas e suplementada por estudos com tutores particulares. Seu pai, um comerciante experiente, treinou o filho para ser seu scio nos negcios, funo esta que Charles passou a desempenhar j aos 11 anos, em uma loja de confeces masculinas. Nesta poca, parecia demonstrar mais talento para o comrcio do que para a religio. Por fora das obrigaes de trabalho, ele acabou abandonando os estudos aos 14 anos e tornou-se, nos prximos anos, um prspero empresrio no ramo de confeces, ampliando o negcio do pai at tornar-se uma cadeia de lojas. Apesar de sua criao como presbiteriano, veio a filiar-se Igreja Congregacional, por esta estar mais de acordo com seus conceitos na poca.

  • 41

    A despeito de seu sucesso como comerciante, o jovem Russell manifestava fortes pendores para a religiosidade. Ainda garoto, era um devoto Calvinista, tendo chegado a ponto de afixar panfletos em lugares pblicos, advertindo os infiis sobre o fogo do inferno. Esperava, com isso, induzir os trabalhadores a mudarem seu estilo de vida. Agora, ao passo que Russell pertencia Igreja Congregacional, seu pai voltara-se para o Adventismo. Aos 16 anos de idade, Russell passou a inquietar-se com relao a diversas doutrinas comumente aceitas em seu tempo. Ante a ineficcia de suas tentativas em converter 'infiis' s suas crenas, acabou por perder a f na Bblia. Contudo, no conseguiria fugir por muito tempo daquilo que parecia ser seu talento natural. Uma certa noite, no ano de 1869, um acontecimento deu novo impulso em sua vida. Caminhando pela rua de uma de suas lojas, ouviu o som de um canto, um hino religioso, o qual atraiu-lhe a ateno. De onde provinha? De um culto Adventista. O pregador nesta noite era o pastor Jonas Wendell. O prprio Russell descreve o encontro assim:

    "Como que por acaso, certa noite visitei uma sala poeirenta e mal-iluminada, onde eu ouvira dizer que se realizavam cultos religiosos, para ver se o punhado de pessoas que se reunia ali tinha algo mais sensato a oferecer do que as crenas das grandes religies. Ali, pela primeira vez, ouvi algo sobre os conceitos dos Adventistas [Igreja Crist do Advento], sendo o Sr. Jonas Wendell o pregador...Assim, reconheo estar endividado com os adventistas e com outras denominaes. Embora a exposio bblica feita por ele no fosse inteiramente clara,... foi o suficiente, sob a orientao de Deus, para restaurar minha abalada f na inspirao divina da Bblia..., embora o Adventismo no me tenha ajudado em nenhuma verdade especfica, ajudou-me grandemente a desaprender erros, e assim me preparou para a Verdade."

    (Watchtower, 1906, reimpresso)

    No se pode deixar de notar um certo paradoxo em que um sermo "no inteiramente claro" e que no continha "nenhuma verdade especfica" pudesse servir de alicerce para a restaurao da f de algum. A partir da, Russell, com apenas 18 anos, formou seu prprio grupo independente de estudos, o qual acabou por formar um movimento parte, elegendo-o, seis anos depois, como seu "pastor". Contudo, ele contou com a contribuio de outros dois adventistas, George Stetson e George Storrs. O primeiro era ministro do Adventismo Cristo e o segundo, ex-ministro da Igreja Episcopal e um dos fundadores do movimento 'Unio da Vida e do Advento' (com o qual veio a romper, tempos depois) e autor do peridico Bible Examiner [Examinador da Bblia]. Destes dois, indubitavelmente foi Storrs o que mais influenciou as idias de Russell.

    George Storrs tinha estado envolvido com o movimento de William Miller, j mencionado anteriormente, mas dele afastou-se aps os sucessivos fracassos nas previses para a volta de Cristo. A partir da leitura de um tratado, em 1837, elaborado por um ex-pastor batista, Storrs veio a tornar-se adepto do

  • 42

    'condicionalismo', a saber, a tese segundo a qual o homem no possui uma alma imortal, mas os mortos esto inconscientes e espera de ressurreio, sendo que imortalidade um dom adquirido, sob a condio de que o ser humano o obtenha de Deus por meio de Cristo. Ele tambm advogava o ensino de que os mortos em ignorncia, teriam uma oportunidade de se redimirem diante de Cristo por meio de uma ressurreio terrestre. No difcil, pois, saber de onde Russell obteve a matria-prima para suas doutrinas da mortalidade da alma e da restaurao do paraso terrestre. bem provvel que Russell tambm tenha herdado de Storrs sua averso por igrejas e organizaes religiosas. Russell no seria o nico a ser influenciado por Storrs. H indcios que sua associao com diversos grupos religiosos - em especial, adventistas - tenha contribudo para que estes tambm tenham adotado a doutrina do 'condicionalismo'. De fato, ela est presente, at hoje, nas doutrinas da Unio da Vida e do Advento - fundada pelo prprio Storrs - da Igreja Crist do Advento, da Igreja Mundial de Deus e, naturalmente, das Testemunhas de Jeov.

    No se deve subestimar o grau de influncia de Storrs sobre o movimento Adventista, pois, alm dos aspectos mencionados, h ainda um ltimo legado dele a Russell - a piramidologia. Em 1876, o professor C. Piazzi Smyth - um astrnomo e piramidlogo anglo-israelita - publicou um artigo sobre este tema no peridico de Storrs, Bible Examiner. Algum tempo depois, o prprio Storrs escreveu artigos sobre piramidologia no peridico Herald of Life and the Coming Kingdom [Arauto da vida e da Vinda do Reino]. Na seqncia, o "pastor" Russell, dedicaria, em 1897, um captulo inteiro de uma de suas obras - o volume III de Studies in the Scriptures [Estudos das Escrituras] - ao significado das medidas da Pirmide de Giz quanto ao cumprimento das profecias bblicas. No seria o nico. Por esta poca, tais crenas grassavam entre diversos seguimentos do Segundo Advento.

    tambm digno de nota que o prprio Russell fala da convivncia com George Storrs e Stetson como o tendo conduzido "passo a passo, a esperanas para o mundo, mais verdes e brilhantes" (Watchtower, 1906, pg. 3821). Em 9 de outubro de 1879, Stetson morreu e foi Russell quem realizou, a pedido, o sermo fnebre. Seu falecimento mereceu, inclusive, meno na principal publicao de Russell, na qual ele se refere a seu colaborador e instrutor como "irmo de notvel habilidade".

    Em 1876, Russell faria um derradeiro e decisivo contato, do qual importaria mais alguns conceitos-chave que, somados aos anteriores, formariam o arcabouo de sua teoria doutrinria e a bandeira de sua cruzada missionria. Trata-se de Nelson Barbour, que, assim como George Storrs, tambm fora um seguidor de William Miller, e que, agora, liderava um grupo independente em Rochester, Nova Iorque. Sua publicao, Herald of the Morning [Arauto da manh], chegou s mos de Russell numa manh de Janeiro daquele ano. Os conceitos ali expressos eram:

  • 43

    a) A vinda de Cristo seria invisvel.

    b) Cristo j estava presente.

    c) Esta presena havia acontecido em 1874.

    Nenhum dos conceitos era novo. J no sculo dezessete, Sir Isaac Newton lanou a idia de uma "vinda invisvel". Em 1856, Joseph Seiss - um pastor luterano da Pensilvnia, adepto da piramidologia - "burilou" estes conceitos, dividindo a vinda de Nosso Senhor em duas etapas, uma visvel e uma invisvel - idia defendida at hoje pelas Testemunhas de Jeov. Em continuao, o cristadelfiano Benjamin Wilson, em 1844, passou a traduzir "vinda" [parousia] por "presena", em sua traduo da Bblia, conhecida como Emphatic Diaglott. Um leitor das publicaes de Barbour chamou-lhe a ateno para este fato e, a partir da, ele adotou esta doutrina definitivamente.

    Quanto a 1874, Barbour no deduziu tal data sozinho, mas com base em um artigo da obra Horae Apocalypticae, de autoria de Elliot, encontrada na biblioteca do Museu Britnico, em 1860. Mais adiante, examinaremos alguns pormenores deste assunto.

    Assim sendo, em 1876, Barbour, quase 30 anos mais velho - com a mente repleta de idias aparentemente herdadas de seu antigo mestre, Miller - foi convidado a um encontro com Russell, o qual aconteceu pouco depois em Filadlfia. Sobre este encontro, Russell falaria, mais tarde: "... Ele veio e a evidncia me satisfez". Assim, ao final da reunio, o mais velho, Barbour, conseguiu convencer o mais moo, Russell, da correo de seus clculos escatolgicos. A partir da, Russell, que tinha - segundo suas prprias palavras - "desprezado a cronologia por causa do uso errado dela pelos adventistas", ironicamente assumiu ele prprio, com base nas idias de um adventista - Nelson Barbour - o "timo" do velho barco pilotado por William Miller, quase 60 anos antes dele, e naufragado h mais de 30 anos.

    G. Storrs e N. Barbour - As maiores influncias de Russell

  • 44

    1799, 1874 e 1914 - As Datas Marcadas

    O encontro com Nelson Barbour constituiu, sem dvida, um divisor de guas na carreira do jovem Russell. Anteriormente voltado para a questo doutrinria sobre o sacrifcio de Jesus Cristo e algumas crenas bsicas secularmente aceitas pelas igrejas "organizadas", como ele dizia, as quais supostamente impediam o retorno ao Cristianismo simples do primeiro sculo, Russell, a partir deste ponto, enveredou pela mesma trilha de tantos outros, antes e depois dele. Paradoxalmente, talvez esta mudana tenha sido a maior fora e, ao mesmo tempo a maior fraqueza de seu ministrio. Debruando-se sobre trechos distintos das Escrituras e aproveitando clculos escatolgicos j publicados - entre eles, o de John Acquila Brown, em 1823 e o de Nelson Barbour, em 1875 - Russell adotou o mesmssimo princpio "dia-ano" dos rabinos do primeiro sculo, aplicando-os arbitrariamente a certas passagens bblicas, at chegar a sua trade de datas: 1799, 1874 e 1914.

    A esta altura, til reconstituir a trajetria de Nelson Barbour, posto que fora ele que, por assim dizer, "passara o basto" da escatologia a Charles Russell. Como j vimos, ele fizera parte do movimento millerista, tendo dele se afastado aps o fiasco de 1844. De modo que, desapontado, passou a buscar outros alvos em sua vida. Viajou para a Austrlia, onde trabalhou por algum tempo como mineiro. Em 1859, durante uma viagem martima para os E.U.A. - no resistindo sua inclinao natural - comeou a reler as profecias bblicas e pensou ter descoberto o erro de Miller, ou seja, o ponto de partida para a contagem dos "dias" da profecia de Daniel estaria errado em 30 anos. A data correta para a volta de Jesus Cristo seria 1874, e no 1844. Chegando a Londres em 1860, visitou a biblioteca do Museu de Londres e, l, encontrou a obra Horae Apocalypticae e, nela, uma tabela com os clculos do Reverendo Christophen Bowen, os quais levariam ao ano de 1874 como aquele que marcaria os 6.000 anos de criao do homem. Isto s reforou as convices de Barbour, no sentido de que seus clculos, agora sim, seriam os corretos. Indiferente aos sucessivos fracassos daqueles que o antecederam, ele comeou a divulgar seus achados, a partir de 1868 - poca em que o jovem Russell vagava sem f, um ano antes de assistir o sermo do pastor Jonas Wendell, o qual mudaria sua vida, e dois anos antes dele formar seu grupo de estudos.

    Barbour publicou, ento, diversos panfletos sobre sua teoria, incluindo o Evidences for the Coming of the Lord in 1873 [Evidncias da Vinda do Senhor em 1873] , publicado em 1870, at o lanamento de uma publicao mensal, The Midnight Cry [O Grito da Meia-noite], em 1873, ou seja, apenas cerca de um ano antes da to esperada data. S que, assim como foi para William Miller e muitos que o antecederam, a chegada de 1874 nada trouxe, alm de desapontamento.

  • 45

    Todavia, o obstinado Barbour no se daria por vencido. Valendo-se da forma com que Benjamin Wilson vertia a palavra parousia (Mateus 24 : 37,39), referindo-se a Jesus Cristo, por "presena", e no "vinda", Barbour insistiu na correo de seus clculos, no abrindo mo da data de 1874, mas mudando apenas a forma com que Cristo retornaria - invisivelmente. Deste modo - sustentava ele - Cristo j estava "presente" desde 1874. Convicto da veracidade de tal evento, ao mesmo tempo espetacular e, paradoxalmente, despercebido pelo mundo inteiro, no ano seguinte, 1875, Barbour mudaria o nome de sua publicao The Midnight Cry [O Grito da Meia-noite] para outro mais apropriado, Herald of the Morning [Arauto da manh], o mesmo que - no ano de 1876 - chegaria s mos de Russell e motivaria o encontro entre os dois. No se pode negar que, vistas por este ngulo, as coisas ficariam mais convenientes, afinal, uma presena "invisvel" algo difcil de se atestar ou contestar...

    Assim, ainda no ano de 1876, aps o encontro com Barbour, Russell escreveu um artigo que foi publicado no peridico de George Storrs, ou seja, Bible Examiner, sob o ttulo "Tempo dos Gentios: Quando Eles Terminam?". Neste artigo, ele defendia a tese de que os 2.520 "dias" da profecia de Daniel iam de 606 AC a 1914 DC, data em que findariam os assim chamados "Tempos dos Gentios" (Lucas 21: 24). Tratava-se de uma previso indita? Absolutamente no. Nelson Barbour j havia publicado a mesmssima previso no ano anterior, em seu peridico Herald of the Morning [Arauto da Manh].

    O ano de 1877 assistiu fuso dos grupos de Pittsburgh - liderado por Russell - e de Rochester - liderado por Barbour. Os dois, com a cooperao de outro associado de Barbour - John Paton - iniciaram um trabalho de divulgao ombro-a-ombro, o qual se materializou na obra Three Worlds [Trs Mundos], da autoria de Barbour, mas com o apoio intelectual e financeiro de Russell, o qual, tambm neste ano, publicaria o panfleto The Object and Manner of Our Lord's Return [O Objeto e Maneira da Volta de nosso Senhor]. Alm disso, ele passou a aparecer como co-editor da public