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Bem-vindo ao reino em que tudo pára, emque os ponteiros do relógio deixam de fazero irritante “Tic-Tac Tic-Tac” que nos dita oritmo frenético em que vivemos hoje emdia. Quem entra, entra para ficar, para seperder entre histórias, conversas e memó-rias, ao mesmo tempo que vai degustandode uma carta gastronómica que lembra acomida lá de casa, da casa da avó! É entreas preciosidades de Bordalo Pinheiro, o enig-mático Menino da Lágrima, os famosos cãesde loiça, bibleots, naprons, e as mais varia-das pérolas do universo vintage e kitsch quenos perdemos no “Três 15 Dias”. Inês Co-laço, juntamente com a mãe e a irmã, é a

mentora deste espaço, mas confessa, entreum sorriso, “ao início tinha vergonha dedizer o nome”.

Um Dó Li TáNão foi bem assim, mas foi quase. O clássicojogo dos papelinhos foi a forma mais justa queas três sócias decidiram levar a cabo para aescolha do nome. “Foi um terror”, relembraInês. “Não conseguíamos chegar a acordo e aminha mãe era a única que queria o 'Três 15Dias”. Destino, Fado, ou coisa que o valha, oque é certo é que o bom do papelinho com o“Três 15 Dias” saiu oito vezes. “Rendemo-nos”, confessa Inês, sublinhando que hoje,

Olhe, desculpe, quantotempo vai demorar?

“Três 15 Dias”pouco mais de três anos depois de o espaçoestar aberto “reconheço que encarna bem oespírito do lugar”. Em tempos utilizado comoum departamento de veterinária ou agrono-mia – o que possibilitou guardar, conservar eutilizar como peça de decoração um conjuntode frascos com medicamentos para a peste, onúmero 40 da Avenida dos Combatentes daGrande Guerra, em Setúbal, deu lugar a umrestaurante com uma componente de barcosy. Numa época em que tudo acontece de-pressa demais, onde simples actos de prazerparecem ter de ser feitos ao segundo, a ideia,explicou à Traço Inês Colaço, foi a de cria umespaço com o qual as pessoas se identificas-

Texto: Ana Rita SevilhaFotos: Hugo Gamboa

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Um espaço criativo

CoordenadasAv. dos Combatentes da GrandeGuerra, nº 40 em SetúbalTel. +351 265 104 769

horário de funcionamento é:Seg - Qui: 12:00 - 0:00 Sex - Sab: 12:00 - 2:00 encerra aos domingos

sem – “que nos remetesse mesmo para a casada avó, onde nos sentíssemos bem e quisés-semos ficar”, sem pressa. Daí nasceu tambéma decoração do “Três 15 Dias”. Assumida-mente coleccionadoras de velharias por de-feito e reutilizadoras e recicladoras porvocação, quase todas as peças que decoram oespaço – e que para todos e cada um de nós,garanto, é familiar, são das próprias. No en-tanto, a partir do momento em que as portasse abriram muitos quiseram contribuir comalgum legado: “as pessoas começaram a virdar-nos coisas também”. Outra das caracte-rísticas curiosas do “Três 15 Dias” prende-secom a diversidade de faixas etárias que fre-quenta o espaço, que vai desde a faixa dos 30-40 à hora do almoço, aos estudantes que

pontuam as mesas para estudar durante atarde, dando de seguida lugar às senhoras queentre um chá e scones metem a conversa emdia, e termina com os jantares que na suamaioria colocam à volta da mesa faixas etá-rias entre os 20 e os 40.

O conceito na cozinhaO mesmo conceito que norteia o espaço, é le-vado à letra na cozinha. Inês Colaço é a chefde serviço, e nas suas palavras, “é suposto virpara comer e ficar com tempo”. “É tudo feitona hora, os produtos são frescos, e por issonão é uma coisa muito rápida”. Quanto àcarta, Inês diz que fica entre a cozinha típicaportuguesa com uma fusão com outros paí-ses, sendo que tem uma componente mais

leve que a nossa gastronomia tradicional. Paraalém disso, noites de Fado e aulas de pinturano terraço são algumas das actividades pro-porcionadas pelo “Três 15 Dias”. Mas o me-lhor, é meter os pés a caminho e confirmarcom os seus olhos e o seu paladar tudo aquiloque acabou de ler.

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