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APROVEITAMENTO HIDROELETRICO DE SAO FELIX TRATAMENTO DAS FUNDACOES ROCHOSAS DA BARRAGEM DE SERRA DA MESA Carlos Antonio Reis da Silva Vladimir Moreyra Duarte Furnas Cenirais Elcttricas S.A. RESUMO Este trabalho apresenta uma breve explanacao sobre os aspectos relacionados ao tratamento do macigo rochoso de fundagao da Barragem do Serra da Mesa, com abordagem sobre os resultados obtidos na execugao do parte da cortina do vedagao localizada na regiao da fundagao do nUcleo impermeavel. De maneira geral, o trabalho descreve o modelo hidrogeotecnico estabelecido para a area da barragem, onfatizando o projeto conceitual da cortina de impermeabilizagao e a metodologia empregada nas injegoes de calda de cimento. Descreve, ainda, as procedimentos executivos para a realizagao dos servigos a faz algumas consideragoes com base na analise dos resultados obtidos no tratamento efetuado. Finalmente, o trabalho pretends tambOm demonstrar, corn base na experiencia obtida em Serra da Mesa, quo as modificagoes, por vezes radicais, propostas para alguns dos procedimentos executivos inicialmente especificados para a realizagao das injegoes do vedagao , se apresen- taram satisfat6rias, atendendo a contento a objetivo final do tratamento. Assim pretende-se, em ultima analise, que a experiencia aqui relatada possa contribuir na tentativa da padronizagao de alguns dos procedimentos usualmente aplicados em injegoes de vedagao, objetivando sua utilizagao em futuras barragens. 1. INTRODUCAO O local da barragem de Serra da Mesa esta situado no Planalto Central Goiano, no rio Tocantins, aproximada- mente 15 km a jusante da foz do seu tributario, rio Tocantinzinho, na divisa dos municipios de Minagu e Colinas do Sul (Estado de Goias), distando, em linha reta, aproximadamente 230 km de Brasilia , na diregao NNW. A cidade mais prbxima e a de Minagu, ligada a BR-153 ( Belem - Brasilia ) pelaestrada estadual GO-241, na localidade de Santa Tereza de Goias (Figura 1). A barragem a formada por uma segao mista de terra e enrocamento , sobre uma fundagao constituida por rochas graniticas. Tais rochas apresentam-se, em geral , sas a pouco decompostas e muito consistentes, caracterizando o macigo como de excelentes proprie- dades geomecanicas, onde constata-se a ocorrencia predominante de juntas fechadas. Apenas ate a profun- didade maxima de 15 a 18 m, ocorrem as principais juntas sub - horizontais abertas , caracterizadas como juntas de allvio de tensao , de ocorrencia restrita e, em geral , sem grande continuidade lateral . Tais juntas refletem alivios de carga por erosao , durante a esculturagao do relevo ( atual ou sub - atual), e mostram uma redugao em frequencia , conforme aumenta a profundidade. Sao elas que condicionam a percolagao d'agua atraves do macigo, sugerindo assim um trata- mento de vedagao superficial a localizado, atraves do injegoes de calda de cimento. A frequencia de ocor- rencia destas juntas tambem diminui, a partir da regiao central (compreendida pelo leito do rio e parte inferior das ombreiras), no sentido da ombreira esquerda e, especialmente, da ombreira direita. 2. SINTESE DOTRATAMENTO De uma maneira geral, o tratamento desenvolvido na fundagao da barragem constitui-se de: • Remogao de blocos soltos, lascas rochosas e materiais provenientes de rocha decomposta; • Limpeza mecanica e manual rigorosa, com use de jatos combinados de ar e agua; • Suavizagao de taludes ingremes ou negativos (mais ingremes que 3V:1 H) e preenchimento de cavidades corn concreto ou argamassa; • Consolidagao de blocos de rocha instaveis , expostos apbs a limpeza da fundagao , em regioes abaladas nas proximidades dos taludes de escavagao; • Vedagao de juntas ou fraturas , atraves das injegoes de calda de cimento; XX SeminArio National de Grandes Barragens 79

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APROVEITAMENTO HIDROELETRICO DE SAO FELIX

TRATAMENTO DAS FUNDACOES ROCHOSAS DA BARRAGEM DE SERRA DA MESA

Carlos Antonio Reis da SilvaVladimir Moreyra Duarte

Furnas Cenirais Elcttricas S.A.

RESUMO

Este trabalho apresenta uma breve explanacao sobre os aspectos relacionados ao tratamentodo macigo rochoso de fundagao da Barragem do Serra da Mesa, com abordagem sobre osresultados obtidos na execugao do parte da cortina do vedagao localizada na regiao da fundagaodo nUcleo impermeavel.De maneira geral, o trabalho descreve o modelo hidrogeotecnico estabelecido para a area dabarragem, onfatizando o projeto conceitual da cortina de impermeabilizagao e a metodologiaempregada nas injegoes de calda de cimento. Descreve, ainda, as procedimentos executivospara a realizagao dos servigos a faz algumas consideragoes com base na analise dos resultadosobtidos no tratamento efetuado.

Finalmente, o trabalho pretends tambOm demonstrar, corn base na experiencia obtida em Serrada Mesa, quo as modificagoes, por vezes radicais, propostas para alguns dos procedimentosexecutivos inicialmente especificados para a realizagao das injegoes do vedagao , se apresen-taram satisfat6rias, atendendo a contento a objetivo final do tratamento. Assim pretende-se, emultima analise, que a experiencia aqui relatada possa contribuir na tentativa da padronizagao dealguns dos procedimentos usualmente aplicados em injegoes de vedagao, objetivando suautilizagao em futuras barragens.

1. INTRODUCAO

O local da barragem de Serra da Mesa esta situado noPlanalto Central Goiano, no rio Tocantins, aproximada-mente 15 km a jusante da foz do seu tributario, rioTocantinzinho, na divisa dos municipios de Minagu e

Colinas do Sul (Estado de Goias), distando, em linha

reta, aproximadamente 230 km de Brasilia , na diregaoNNW. A cidade mais prbxima e a de Minagu, ligada aBR-153 ( Belem - Brasilia ) pelaestrada estadual GO-241,na localidade de Santa Tereza de Goias (Figura 1).

A barragem a formada por uma segao mista de terra eenrocamento , sobre uma fundagao constituida porrochas graniticas. Tais rochas apresentam-se, emgeral , sas a pouco decompostas e muito consistentes,caracterizando o macigo como de excelentes proprie-dades geomecanicas, onde constata-se a ocorrenciapredominante de juntas fechadas. Apenas ate a profun-didade maxima de 15 a 18 m, ocorrem as principaisjuntas sub - horizontais abertas , caracterizadas comojuntas de allvio de tensao , de ocorrencia restrita e, emgeral , sem grande continuidade lateral . Tais juntasrefletem alivios de carga por erosao , durante aesculturagao do relevo ( atual ou sub - atual), e mostramuma redugao em frequencia , conforme aumenta aprofundidade. Sao elas que condicionam a percolagao

d'agua atraves do macigo, sugerindo assim um trata-mento de vedagao superficial a localizado, atraves doinjegoes de calda de cimento. A frequencia de ocor-rencia destas juntas tambem diminui, a partir da regiaocentral (compreendida pelo leito do rio e parte inferiordas ombreiras), no sentido da ombreira esquerda e,especialmente, da ombreira direita.

2. SINTESE DOTRATAMENTO

De uma maneira geral, o tratamento desenvolvido nafundagao da barragem constitui-se de:

• Remogao de blocos soltos, lascas rochosas emateriais provenientes de rocha decomposta;

• Limpeza mecanica e manual rigorosa, com use dejatos combinados de ar e agua;

• Suavizagao de taludes ingremes ou negativos (maisingremes que 3V:1 H) e preenchimento de cavidadescorn concreto ou argamassa;

• Consolidagao de blocos de rocha instaveis , expostosapbs a limpeza da fundagao , em regioes abaladasnas proximidades dos taludes de escavagao;

• Vedagao de juntas ou fraturas , atraves das injegoesde calda de cimento;

XX SeminArio National de GrandesBarragens 79

12°500

MINA9U0

RIOTOCANTwZINH

f,

16°

ARea

46°

BARRAGEMSERRA DA MESAAHE SAO FELIX

C

IA

420

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ITUMBIARABARRAGEM DEEMBORCAC^ MINAS GERAIS

BARRAGEM 0

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OE-SSE PORTO COLd^ / ,1AGUARI^

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BARRAGEM DO0CAOIOORA

DOURADA 20°

BARRAGEM DD

GRANGE ESTREITO

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BARRAGEM

PEIXOTOBARRAGEM

DE FURNAS

SAO PAUID

I

240 -

BELOHORIZONTE

RIO DE

RIO.DE JANEIR1

ESCALA GRpFlCA

38°

'$ALVADOR

ARflO

^YI'^QfZtA.

UQ

100 0 100 200 300

FIGURA 1 - LOCALIZA(^AO DA BARRAGEM

• Argamassamento da fundacao rochosa do nucleo,corn espessura media langada de 10 cm;

• Escavacao de urn rebaixo da fundacao do nucleo,na regiao do leito do rio.

O rebaixo acima mencionado foi executado ate aprofundidade de 5 m , tendo , aproximadamente, 50 mdo comprimento por 30 m de largura . 0 tratamento nofundo foi executado atraves do enchimento das depres-soes a irregularidades corn concreto , bern Como acolocacao de argamassa em toda Area , com umaespessura media de 10 cm. Nas paredes da escavacaoaplicou-se argamassa e colocou -se concreto para asuavizacAo dos taludes . Finalmente , ao longo daperiferia do rebaixo , procedeu -se a injecao de calda decimento em furos com profundidade de, aproximada-mente , 2 m abaixo da cota do fundo da escavacao,objetivando a estabilizacao dos taludes de escavacaoe o enchimento das fissuras provocadas polo desmontea Pogo.

3. MODELO HIDROGEOTECNICO DAFUNDAcAO

Com relacao ao tratamento em subsuperficie ( cortinade injecao de vedarao), a interessante ressaltar quo,apesar de se partir do urn mesmo modelo hidrogeo-tecnico , os projetos conceituais inicialmente propostos(ver item 4 , a seguir) apresentaram diferengas bastan-tes significativas , reafirmando a polemicaquase sempreenvolvida nas discussoes sobre injecoes.

Os dados geollgicos preliminares (obtidos em sonda-gens e mapeamentos ), corroborados pelos diversosensaios de perda d ' agua sob pressao realizados, per-mitiram definir , inicialmente , tres regioes distintas, sobo ponto de vista do tratamento sub-superficial dasfundag6es rochosas : uma regiao central - correspon-dendo ao leito do rio a parte inferior das ombreiras -onde se previa uma maior densidade de furos deinjerao ; outra regiao - compreendida pela ombreiraesquerda - onde se poderia prover e caracterizar como

80 XX Seminario Naciona / de Grandee Barragens

sendo media a densidade do tratamento e, finalmente,uma regiao muito provavelmente de baixa densidade detratamento , localizada no ombreira direita.0 projeto da cortina foi elaborado em fungAo do modelohidrogeotecnico estabelecido para a Area da fundagaoda barragem , onde definiu - se quo os furos seriam exe-cutados a injetados de acordo com os criterios descritosadiante . Ressalta-se, contudo , que o projeto inicial foisendo otimizado (especialmente no que diz respeito aosprocedimentos executivos ), em fung&o dos resultadosiniciais que iam sendo obtidos . Estas otimizagbes decerta forma numerosas , corroboram a controversiaquase sempre presente na escolha dos mgtodos pareinjegao dos macigos rochosos , situando o assunto, emgrande parte , no campo do empirismo.

4. PROJETO CONCEITUAL DA CORTINADE VEDAcA0

Conforms mencionado no item anterior , os dados geolb-gicos preliminares obtidos no local do aproveitamentopermitiram o estabelecimento de modelos hidrogeo-tgcnicos para a Area da barragem.

Partindo destes dados , dois grupos de estudo incum-biram -se de , separadamente , preparar o projeto dacortina de injegao . Dos estudos realizados , resultaramdois projetos distintos para a execugao das injeg6es,conforme resumido nas Figuras 2 e 3. Tais figurasapresentam , basicamente , a segao transversal ao longo

TRECHO C

•nll (1"'pt TRBCHO BTRECHO 0 1W11 4,

TRECHO A

TRECHO C

Unho do Monfort.

Linho Gntrol

Linho 4* Ju.onto

Legenda:

Fur* Primdrio

$- Furo S.cunddrio

Fur* Afoio► io

TRECHO C(20 mhos prof

NOTA:

1) • Perfuroco total prevista de 15.200m

do eixo da cortina e o espagamento entre as furos das

diferentes ordens de injegao , em cada um dos trechospre-estabelecidos . Ressalta -se quo na previsao dametragem total perfurada , nio considerou-se a execu-gao de eventuais furos complementares.

Apbs confrontarem-se diversas vezes os respectivosargumentoc do cada grupo do astudo , chagou-so a umprojeto consensual para o inici dos servigos de injeg&o,representado na Figura 4.

Cabe aqui ressaltar que a previa definigao conceitual dacortina - basicamente em relagao ao numero e profun-didade dos furos - objetivou , al6m do estabelecimentodo projeto executivo inicial para o tratamento das des-continuidades presentes no macigo rochoso dofundagao da barragem , fornecer uma estimativa dametragem total a ser perfurada para a realizadoo destetratamento, a fim de se poder prover custos e prazos,bent como tipos e quantidades de equipamentosnecessarios para a execugao dos servigos.

5. PROCEDIMENTOS EXECUTIVOS

t muito dificil estabelecer -se uma regra geral a seraplicada aos servigos de injegao . Entretanto , muitos dosprocedimentos usados nestes servigos encontram-se,de certa forma , "padronizados " no nosso meio tecnico,enquanto outros tOm sido aplicados de formas radical-mente diferentes em nossas barragens . Estes ultimoss5o descritos a seguir , objetivando contribuir na

(20 mrtro. prof 1 (20m prof 1 12pmotmo prof

Secao no eixo do cortinaSEM ESCALA

29 Unho 4

0

Mon coil

1• Linho ds MontonN

Linh. Control

•-1-- If Linho d. Jusont.

DETALHES-PLANOEM ESCALA( ME00AS EM METROS)

A

FIGURA 2 - CORTINA DE INJEcAO (PROJETO A)

XX Seminlirio Nacional de Grand.sBarragens 81

see460

460

440

420400

380

360340

320

CRISTA (EL. 464,00m.)

Secao no eixo do CortinaSEM ESCALA

:0. DIREITA

80000

Legenda:Furo prlrndrio

Furo eecundorio

Furo Tercidrio

boo Trecho B3.00 ;\. . . . . . . . . .

1600 + Trecho Ce DO^

(MEDIDAS EM METROS)

- Linho do InjeCdo

Linho do in)egdo

100I^ffl.)

DETALHES-PLANTASEM ESCALAIMEDIDAS EM METROS)

Linha do )nlecdo

0 ESQUFKKA

Lmha de intecoo

Notas:i - Perturocoo total prevista de 3.000m.2 - Os turns primorios no trecho D soo

Furos Explorotorlos"

FIGURA 3 - CORTINA DE INJE9AO (PROJETO B)

480 0 DIREITA CRISTA (EL. 464,00 m) 0. ESOUERDA

460

440

420

400380 Renda

bai nQQ dolutd0

360340

320

TRECHD A((3m prof.)

120m prof.)

RECHD 13

m plot )

Secao no eixo do CortinaSEM ESCALA

TRECHOS B,CeD TRECHO A

DETA LHES-PLANTASEM ESCALA

(MEDIOAS EM METROS I

-Limo do Monronte

---Linho Centrol

---Unto do Jusnnte

Legenda:

4-

4Furo Primario

Furo Secundario

Furo Tercidrio

Nota:1 - Perfuropo0 tot01 previeto do 4.000 m

FIGURA 4 - CORTINA DE INJEcAO (PROJETO FINAL)

.VIII 'Illlllll " I,TRECHO 0 TRECHO C I TRECHO A TRECHO B

(6 metros prof.) ((0 metros prof l 1 46melros pro f) (13 m e 8m prof ahernadamente(

Trecho A

82 XX Seminario Naciona l de Grandes Barragens

discussao sobre a meihor maneira de se aplicar estesprocedimentos, tendo como base a experiencia obtidaem Serra da Mesa durante a execucao das injegoes nostrechos "A" (leito do rio a parte inferior das ombreiras) e"C" (ombreira esquerda) da cortina de vedaqao.

a) Profundidade dos furos de injegao:A profundidade dos furos de primeira ordem (prima-rios) foi pre-estabelecida, corn base nos estudosgeolbgicos realizados. JA as profundidades dos

furos das demais ordens (secundarios, terciarios eadicionais), eram definidas em fungao da profun-didade dos trechos onde, nos furos de ordem ime-

diatamente inferior, obtinham-se absorgoes decimento e/ou de agua de determinados valores,

conforms descrito no item (i).

b) Quantidade total de furos de injegao:

Era determinada pelo criterio de furos intercalados,em fungao dos limites maximos de absorgaoYgrifigada nos furos de ordem imediatamente in-

ferior,

c) Furos adicionais (ou complementares):

Previa-se a execugao de, no minimo, tres furosadicionais, com espagamento de 2 m entre si, nasvizinhangas de cada furo terciario que acusasseabsorgao de cimento major do qua 30 kg (ate 5 mde profundidade) ou 40 kg (abaixo de 5 m de profun-didade), por metro linear.

d) Furos de verificagao (ou do controle):

Programou-se a execugao de sondagens rotativas

convencionais - corn recuperagao de testemunhos

e ensajos de perda d'agua - e integrals - com adigao

de corantes - objetivando-se verificar a eficiencia do

preenchimento das fraturas pelas caldas de cimen-

to a as condigaes de "permeabilidade" da fundagaoinjetada. Ao inves da utilizagao de criterios pura-

mente geometricos, optou-se por definir a localiza-gao destas sondagens em fungao da analise dos

resultados das injegoes realizadas.

e) Trago das caldas:A injegao de todos os furos iniciou-se com umacalda de fator agua/cimento igual a 1/1, em peso,

passando-se esta relagao, progressivamente, para

0,7/1 a 0,6/1, em fungao das quantidades e

velocidades das absorgoes verificadas. Posterior-

mente, passou-se a iniciar a injegao dos furos corn

uma calda de fator A/C igual a 0,9/1.

f) Critdrlo do mudanga de trago a recusa de calda:

Partindo-se de uma calda com fator agua/cimentoigual a 1/1, previa-se um aumento progressivo daconsistencia das caldas em fungao das absorgoesverificadas (Tabela 1).

Em casos com absorgoes superiores a 500 kg decimento, com calda de fator minimo, a injegao dotrecho sofria uma paralisagao temporaria para,entao, iniciarem-se as injegoes intermitentes con-forme descrito no item (j)

TABELA 1 - MUDAN9A DE TRAgO E RECUSADE CALDA

DOSAGEM ABSORCrAODOSAGEM A

SER UTILIZADA(A/C) (cimento)

(A/C)

1 /1 300 (Kg) 0,7/1

0,7/1 500 (Kg) 0,6/1

0,6/1 500 (Kg) -

NOTA: Absorgoes superiores a 500 kg de cimento, comcalda de fator minimo, indicam uma parafizacaotemporaria da injegao do trecho, ap6s o quo soindiam injegoes intermitentes.

g) Ensaios de perda d''gua (Lugeon);Estes ensaios eram executados obrigatoriamente nosfuros primarios, em subtrechos com, no maximo, 5 mde comprimento a em dois estagios de pressao, con-

few indicado a soguirr• 11 estagio: Pressao Minima, igual a 0,10 kgf/cm2

• 24 estagio: Pressao Maxima, igual a 0,25 kgf/cm2,

por metro de profundidade.

Posteriormente, passou-se a utilizar nestes ensaios, osmesmos criterios de pressOes aplicados nas injegoes.

h) Pressoes do injegao:As pressOes de injegao eram continuamente veri-ficadas atraves de urn man6metro instalado junto acada furo, a calculadas a partir da boca do furo, atea profundidade correspondente ao mejo do trechoensaiado, sendo seus valores maximos indicadosna Tabela 2.

TABELA 2 - PRESSOES DE INJE9AO

PRESSAO MAXIMA DA INJEcAQ

DOSAGEM DE ( kg/cm2 por metro do prof.)

CALDA

(A/C)Trechos do 1,0 Trechos abaixo

a 3,0 m de de 3,0 m deprofundidade profundidade

1 / 1 0,30 0,40

0,7 / 1 0,40 0,50

0,6 / 1 0,50 0,70

NOTA: De 0,0 m a 1,0 m, injegao por gravidade.

j) Crit6rios para a infegeo dos furos secundarios,terciarios a adicionais:Ap6s o termino das injegoes dos furos primarios,nos trechos onde fossem verificadas absorgoesd'agua superiores a 3 I/min x m x kg/cm2 e/ouabsorgoes acima de 20 kg de cimento por metrolinear, previa-se a execugao de furos secundariosa meia distancia de cada furo primario queacusasse os mencionados valores do absorgaod'agua e/ou cimento, ate cerca de 1 m de profun-didade abaixo do trecho considerado,

XX Semintirio National de Grandes Barragens 83

Caso fossem verificadas absorg6es superiores a30 kg cim/m em algum trecho de injeaao dos furos

secundarios, furos terciarios eram executados ameia distancia entre os furos secundarios que

acusaram a abcorcao a os dois furos primaries queIhes sao adjacentes , igualmente ate cerca de 1 mde profundidade abaixo do trecho considerado.

Finalmente, se nos furos terciarios fosse verificadaabsorcao major do que 30 kg cim/m em trechos deinjeaao ate 5 m de profunidade, ou 40 kg cim/m emtrechos abaixo de 5 m, previa-se a execurao defuros adicionais em uma ou mais linhas com-plementares, distantes 3 m da linha central. Estesfuros adicionais eram, tambem injetados ate cercado 1 m abaixo do trecho que acusasse a absor9aoelevada.

j) lnjecoes intermitentes:Nos casos que, em virtude de elevadas absorcoes,nao se conseguisse atingir a pressao especificadapara o trecho do injeaao - apes o bombeamento do500 kg de cimento, utilizando-se calda com o fatorminimo de egua/cimento - previa-se a suspensaotemporaria do bombeamento por cerca de 1 hora,iniciando-se a partir dal as injeg6es intermitentes.

Estas injecoes consistiam em ciclos onde se in.jetavam aproximadamente 10 sacos de cimento,em cada ciclo, com intervalo de paralisarao entre

eles em torno de 8 horas. Caso o furo nao acusassea "nega" ap6s duas injecoes intermitentes, previa-se a execu^ao imediata dos furos adicionais, coma realizacao de ensaios de perda d'agua antes da

injeaao a com a recuperarao do testemunhosrochosos, sempre que possivel. Portanto, estesfuros seriam tambem. considerados como deverificadao (ou de controle).

k) Periodo de inJerao:Previu-se para a injeaao de qualquer trecho, umperlodo minimo de 20 minutos, independentementedas absorcoes verificadas, tendo em vista a pos-sibilidade de retomada de calda. Desta maneira, ainjeaao era concluida somente quando se obtives-sem leituras de absorg6es nulas em quatroperiodos consecutivos de 5 minutos cada. Entretan-to, o periodo de injeaao de cada traco de calda naoexcederia 40 minutos, mesmo que o consumo decimento no trecho injetado fosse inferior aos limitesminimos especificados, ou seja, a mudanga dotraco da calda poderia ser efetuada , tambem, emfungao apenas do tempo de injeaao, desde que avelocidade de absorrao nao estivesse , nitidamente,

caindo.

6. ANALISE GLOBAL DOS RESULTADOS

Os resultados dos ensaios de perda d'agua obtidosdurante a execucao dos trechos "A" e "C" (O.E.) dacortina de vedacao, demonstram que as principaisabsorg6es d'agua se deram ate cerca de 10 m deprofundidade, sendo mais concentradas entre 0 e 5 m,em virtude da maior ocorrencia das juntas de alivio detensao neste trecho superficial do macico rochoso.

A Figura 5 apresenta os resultados de absorg6es d'aguae cimento obtidos no trecho "C" (O.E.) e, de um modogeral, pode-se afirmar quo a correlacao "Ensaios dePerda d'Agua (EPA) x Absorcoes de Cimento (AC)" esta

compatiuel. Em poucos trechos • correspondendo a4,8% da metragem total ensaiada e injetada - de algunsfuros esta correlacao nao se mostra coerente, ja quePara absorr96es d'agua elevadas ( superiores a 10 I/minx m x kg/cm2) corresponderam absorg6es do cimento

muito pequenas (inferiores a 20 kg cim/m). Por outrolado, em rarjssimos casos - correspondendo a 0,2% dametragem total - nao se constatou, de fato, um compor-tamento previsivel para a injeaao, como nos trechos emque para absorg6es d'agua muito pequenas ( inferioresa 1 I/min x m x kg/cm2) corresponderam absorg6es decimento significativas (superiores a 50 kg cimlm). Por-tanto, pode-se dizer que 95% da metragem total en-saiada a injetada apresenta excelentes correlacoesEPA x AC.Quanto aos dados sobre o consumo de cimento,

verifica-se que as absorg6es ocorridas durante aexecucao dos trechos "A" e "C" (O.E.) da cortina dovedacao foram, em geral, muito baixas (inferiores a 10kg cim/m), especialmente a parlir do 5 m de profun-didade. Assim, de forma generalizada, pode-se dizerque as maiores absorg6es de cimento ocorreram

apenas ate esta profundidade, a partir dai, estasocorrencias se mostraram raras e confinadas em deter-minadas regioes do macico rochoso.

Foram perfurados e injetados 1.906,33 m (1.207,00 mno trecho "A" e 699,33 m no trecho "C" - O.E.), dos

quais 86% tiveram absorg6es inferiores a 10 kg cim/m(84,2% no trecho "A" e 89,0% no trecho "C" - O.E.) esomente 3,9% do total apresentou elevadas absorcoesde cimento, superiores a 200 kg cim/m.

A Tabela 3 ilustra a diminuicao do consumo de cimento

aprocontado pelos furos do ordom inferior (principal.mente "terciarios" e "adicionais") quando comparadoscom os furos "primarios", demonstrando, de certaforma, a adequagao dos procedimentos aplicados (basi-camente no que diz respeito as pressoes de injeaao,viscosidade das caldas e esparamento dos furos deinjeaao), tendo em vista a geologia no local da bar-ragem.

7. CONSIDERAcOES FINAIS

Paralelamente a apresentag5o dos resultados de absor-

cao de cimento e agua obtidos durante a execucao departe da cortina de vedacao proposta para Serra daMesa, este trabalho procurou tambem ressaltar a apli-

cacao de certas questoes conceituais clue costurnamcausar duvidas e divergencias, apesar de sua utilizanao

rotineira em tratamentos de "impermeabilizarao" de

fundacoes rochosas.

Desta forma, pode-se dizer que alem de apresentardados de consumo de cimento a de perda d'aguaobtidos durante a execucao dos servicos de injeaao, o

presente trabalho pretende mostrar os resultados da

aplicadoo bem sucedida de procedimentos aindapolemicos no nosso meio tecnico, objetivando destaforma, contribuir na tentativa de padronizar, na medida

do possivel, parte dos procedimentos envolvidos naexecucao de injeroes de vedacao.

84 XX Seminario National de Grandes Barragens

EPA(1/min x m 1 kg/cm 2)

<1

1 A 5

5 A 10

> 10

40

30 -

20-

1o-

0

113%

60%56%

17 %

I

34%

98%

73%

1 1*:iL0 4 2 3 4

Prof undidade (m)

Metragem de absorcao d'dgua por estagioESCALAS : HORIZONTAL: 4:400

VERTICAL : 1:1000

00

40

C

60% 60%

76%

98%

1000/094% 94%

86% 90% 90%

6 Wo

Li l1 l ILS 6 7 e 9 10 11 42

AC (kg um/m)

< 20

20 A 50

50 A 100

>100

100% 100% 00% 10^96rl n

5% 9%

40 17%\ 19% 1

9% N%

-A I00 1 2 3 4 5 6 7

Profundidade (m)

97% 97% 97%

vM%

9 40 14 12 13 14

Metragem de absorcao de cimento por est6gioESCALAS : HORIZONTAL: 1:400

VERTICAL 1:1000

FIGURA 5 - CORRELAqAO EPA x AC

TABELA 3 - CONSUMO TOTAL DE CIMENTO POR ORDENS DE FUROS DE INJECAO

LOCALIZA AOCONSUMO DE CIMENTO (kg)

pPrim3rios Secundgrios Terci9rios Adicionais

Linha de jusante 9.290 3.970 2.680 2.060TRECHO

A Linha central 1.870 540 50 -

Linha de montante 10.640 3.700 30 410

TRECHO C (O.E.) Linha central 17.770 16.440 680 430

XX Seminhrio Nacionai de Grandsa Barragens 85

I

8. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem a Furnas Centrais El6tricas S.A.pela autorizacao para a divulgacao dos dados aquicontidos , aos Engenheiros Walton Pacelli de Andradee Nelson Caproni Junior ( Furnas ) pelo apoio dado arealizacao deste trabalho , ao Engenheiro Geraldo Mar-

tins Filho ( Furnas ) pela assistdncia e sugestbes dadasdurante a execugao dos servigos de injecao , bem comoaos T6cnicos Julio Cesar Borges , Joao Fernandes Cruze Adailton Borges de Oliveira ( Furnas ) quo, do certaforma , colaboraram na elaboracao final do presentstrabalho.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

[1] FURNAS CENTRAIS ELETRICAS S.A. -Aproveitamento Hidroel6 trico de Sao F61ix -Usina de Serra da Mesa . Relat6rio deExecucao da Cortina de Impermeabilizacaona Area da Fundacao do NGcleo da Bar-ragem de Enrocamento - Trecho A (parcial)- Laborat6no do Solos - LABS .T.0671.89 -Goiania, 1989.

[2] FURNAS CENTRAIS ELETRICAS S.A. -Aproveitamento Hidroel6trico de Sao F61ix -Usina de Serra da Mesa - Projeto BAsico,Vol. 1 - Texto.

[3)

[4] AVILA, L. P.; ANJOS, M.A.V.; GRACA, N. G.;PIMENTA, M. A.; OLIVEIRA, J. C. F.; "Ar-gamaccamento da Fundacao da Barragamde Serra da Mesa - Curitiba - 341 Reuniaodo IBRACON,1992."

IESA INTERNACIONAL DE ENGENHARIA S.A.- Aproveitamento Hidroel6trico de Sao F61ix- Usina de Serra da Mesa - RGE-SP-300-R 1, R2 e R3 - Especificacao para Cortina deVedacao , Injeg6es a Drenagem das Funda-cbes.

86 XX Seminario Nacional de Grandes Barra ns