transtornos mentais maternos graves e riscos para o bebe

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  • 7/25/2019 transtornos mentais maternos graves e riscos para o bebe

    1/12

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    2287

    Transtornos mentais maternos graves e riscode malformao congnita do beb:uma metanlise

    Severe mental illness in mothers and congenitalmalformations in newborns: a meta-analysis

    1 Instituto de Estudos em

    Sade Coletiva, Universidade

    Federal do Rio de Janeiro, Rio

    de Janeiro, Brasil.

    Correspondncia

    P. K. Pereira

    Instituto de Estudos emSade Coletiva, Universidade

    Federal do Rio de Janeiro.

    Praa Jorge Machado

    Morei ra, I lha do Fund o,

    Cidade Universitria, Rio de

    Jane iro, R J 2194 4-97 0, Bra sil.

    [email protected]

    Priscila Krauss Pereira 1

    Lcia Abelha Lima 1

    Mnica Maria Ferreira Magnanini 1

    Leticia Fortes Legay 1

    Giovanni Marcos Lovisi 1

    Abstract

    The risk of congenital malformations appears

    to be higher in infants of mothers with mental

    disorders as compared to those of mothers with

    no history of psychiatric illness. This article pres-

    ents a meta-analysis of studies on the association

    between maternal mental illness and congeni-tal malformations. The review consisted of an

    article search in the MEDLINE, ISIWEB, Scopus,

    and SciELO databases, using the following key

    words: mental disorders OR mental health

    OR psychotic disorders OR schizophrenia

    AND congenital abnormalities OR birth de-

    fects. A total of 108 studies were identified, and

    five articles were selected according to the estab-

    lished criteria. These articles were included in a

    meta-analysis, involving a total of 4,194 children

    of mothers with mental illness and 249,548 chil-

    dren of mothers with no such disorders. Pooled

    relative risk showed a significant association be-tween exposure to mental illness in mothers and

    risk of malformations in newborns (RR = 2.06,

    95%CI: 1.46-2.67). The study highlights the rela-

    tionship between maternal mental health during

    pregnancy and its effects on the infants health.

    Congenital Abnormalities; Mental Disorders;

    Schizophrenia; Meta-Analysis

    Introduo

    A associao entre transtornos mentais mater-

    nos e malformaes congnitas do beb, embora

    h muito estudada, ainda no conclusiva. No

    entanto, o risco de ter anomalias congnitas pa-

    rece ser maior em bebs de mes com transtor-

    nos psiquitricos, principalmente esquizofrenia,em comparao com bebs de mes sem hist-

    rico de transtornos mentais 1,2,3,4,5,6. Estudos so-

    bre os desfechos nas gestaes de mulheres com

    transtornos psicticos tm mostrado um aumen-

    to no s na incidncia de malformaes como

    tambm de complicaes obsttricas em geral e

    mortalidade perinatal entre seus recm-nascidos2,3,4,6,7,8,9. Os mecanismos causais dessa relao

    ainda so desconhecidos, mas suspeita-se que

    esse risco possa estar associado administrao

    de medicamentos antipsicticos durante a gravi-

    dez 10,11, ao abuso de substncias (lcool, tabaco

    e outras drogas) 12, aos fatores relacionados aoestilo de vida (dieta e cuidado pr-natal insatisfa-

    trios) 5e s precrias condies socioeconmi-

    cas nas quais vivem essas mulheres 12.

    Ambos os temas desse estudo, malformaes

    congnitas e transtornos mentais maternos,

    possuem relevncia clnica e epidemiolgica.

    Por malformao, anomalia ou anormalidade

    congnita entende-se a alterao morfolgica

    ou estrutural, isolada ou mltipla, presente ao

    nascimento, sendo internacionalmente classifi-

    cada segundo critrios anatmicos, funcionais

    REVISO REVIEW

  • 7/25/2019 transtornos mentais maternos graves e riscos para o bebe

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    Pereira PK et al.2288

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    ou genticos e categorizada ainda como maiores

    e menores, segundo o grau de importncia m-

    dica, cirrgica ou cosmtica, e impacto sobre a

    morbiletalidade do recm-nato 13. A prevalncia

    de malformaes congnitas na populao est

    em torno de 4% 14,15, sendo mais frequente nas

    gestantes mais jovens e naquelas acima de 35

    anos, nas tabagistas ou que fazem uso abusivode lcool e outras drogas, e nas gestantes com

    poucas consultas pr-natais e desprovidas socio-

    economicamente 5,12,14,15,16.

    O impacto dos defeitos congnitos, definio

    mais ampla de malformaes congnitas que

    inclui anomalias funcionais no aparentes no

    recm-nascido e manifestadas tardiamente 17,

    vem aumentando progressivamente no Brasil,

    tendo passado da quinta para a segunda causa

    dos bitos em menores de um ano entre 1980

    e 2000 18,19,20. Em parte, esse aumento deve-se

    diminuio do nmero de bitos nesse grupo

    por causas infecciosas, resultando, assim, noaumento proporcional de mortes atribuveis s

    malformaes 19. Alm da mortalidade, as ano-

    malias congnitas tambm esto relacionadas

    maior morbidade, risco de complicaes clni-

    cas, nmero de internaes e gravidade das in-

    tercorrncias. Estudos sobre morbidade infantil

    indicam que os transtornos genticos e as mal-

    formaes congnitas so responsveis por at

    25% das hospitalizaes em algumas cidades da

    Amrica Latina 21.

    Os transtornos mentais, por sua vez, afetam

    atualmente cerca de 10% da populao mundial,

    com prevalncia durante a vida de mais de 25%,e esto entre as principais causas de anos de vi-

    da vividos com incapacidade (Years Lived with

    Disability YLDs), sendo a depresso lder neste

    indicador 22,23. Embora os transtornos mentais

    acometam tanto os homens quanto as mulhe-

    res, alguns tipos como a depresso, por exem-

    plo, so mais frequentes em mulheres. O perodo

    gravdico-puerperal o perodo de maior preva-

    lncia desses transtornos na vida da mulher e a

    depresso o transtorno mais frequente nesse

    perodo 24,25,26, afetando cerca de uma em cada

    cinco mes 27,28,29,30,31.

    A importncia da sade mental materna aospoucos vem sendo clinicamente reconhecida,

    visto que os impactos dos transtornos mentais no

    perodo de gravidez e ps-parto no se restrin-

    gem sade e bem-estar maternos, mas afetam

    tambm a sade e o desenvolvimento do beb.

    Sendo assim, o objetivo do presente artigo rea-

    lizar uma reviso sistemtica com metanlise dos

    resultados encontrados pelos principais estudos

    epidemiolgicos da ltima dcada que investiga-

    ram a associao entre transtornos mentais ma-

    ternos e malformao congnita do beb.

    Mtodos

    Foi realizada uma reviso sistemtica a respeito

    dos principais estudos epidemiolgicos sobre a

    associao entre transtornos mentais maternos

    e malformaes congnitas do beb, segundo a

    metodologia descrita no PRISMA Statement 32.

    Para tanto, foram consultadas as seguintes ba-ses de dados bibliogrficos: PubMed/MEDLINE,

    ISIWEB, Scopus, LILACS e SciELO. A busca no

    foi restrita por idioma, mas os critrios de inclu-

    so dos resumos para busca do texto completo

    foram: artigos publicados nos ltimos dez anos

    (de 2000 a 2010) em ingls, espanhol e portugus;

    com desenho de estudo epidemiolgico (seccio-

    nal, caso-controle e coorte) e que estimaram me-

    didas de associao entre os fatores estudados

    (exposio transtornos mentais maternos e

    desfecho malformaes do beb). A escolha da

    ltima dcada como perodo para a busca dos ar-

    tigos deve-se ao objetivo deste estudo de avaliaras pesquisas mais recentes sobre o tema e, alm

    disso, o que se tem observado que somente nos

    ltimos dez anos a literatura debruou-se sobre

    a investigao cientfica da hiptese em questo,

    antes restrita a estudos de casos clnicos e sem

    amostras representativas.

    Na estratgia de busca nas bases LILACS e

    SciELO foram utilizados os seguintes descritores,

    de acordo com sua definio no DeCS (Descri-

    tores em Cincias da Sade): mental disorders

    OR mental health OR psychotic disorders OR

    SchizophreniaAND congenital abnormalities.

    Nas bases PubMed/MEDLINE, ISIWEB e Scopusforam utilizadas palavras-chave definidas con-

    forme sua descrio no MeSH (Medical Subject

    Headings), buscando-se: mental disorder OR

    mental health OR psychotic disorders OR

    SchizophreniaAND congenital abnormalities

    OR birth defects. Diferentes palavras-chave fo-

    ram utilizadas em cada base de dados devido s

    definies que cada uma das bases prope para

    os descritores. Com esse procedimento, possvel

    que um maior nmero de artigos relacionados ao

    tema de interesse tenha sido capturado em cada

    base. Tambm foram revisadas as referncias bi-

    bliogrficas dos principais artigos encontrados elivros especializados. Dois revisores avaliaram os

    estudos de forma independente.

    Estes artigos foram avaliados e pontuados

    conforme os critrios metodolgicos propostos

    por Downs & Black 33, aplicveis ao delineamen-

    to dos artigos para avaliao de sua qualidade.

    Tais critrios avaliam a qualidade da informao,

    a validade interna (vises e confundimentos), a

    validade externa e a capacidade de deteco de

    efeito significativo do estudo. O presente artigo

    utilizou a verso composta por 27 itens, sendo

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    TRANSTORNOS MENTAIS MATERNOS E RISCO DE MALFORMAO CONGNITA DO BEB 2289

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    excludos os itens relacionados a estudos expe-

    rimentais. Deste modo, ao final, foram avaliados

    17 itens, pontuando, no mximo, 18 pontos. Tais

    critrios foram utilizados por autores em artigos

    de reviso nacional 34,35.

    Os artigos foram ento analisados quanto

    qualidade metodolgica, considerando-se os

    seguintes itens: hipteses ou objetivos clara-mente descritos; desfecho claramente descrito

    na introduo ou metodologia; caractersticas

    dos participantes includos; distribuio das

    principais variveis de confuso; principais re-

    sultados claramente descritos; informao sobre

    estimativas da variabilidade aleatria dos dados;

    caractersticas das perdas; informaes sobre

    valores de probabilidade do desfecho; represen-

    tatividade dos indivduos includos no estudo;

    informao clara sobre resultados que no te-

    nham sido baseados em hipteses estabelecidas

    a priori; informao sobre ajuste na anlise para

    diferentes duraes de acompanhamento emestudos de coorte; igualdade do tempo entre a

    interveno e o desfecho para casos e contro-

    les em estudos de caso-controle; adequao dos

    testes estatsticos; acurcia das medidas utiliza-

    das para os principais desfechos; recrutamento

    dos participantes em diferentes grupos na mes-

    ma populao e no mesmo perodo de tempo;

    incluso adequada de variveis de confuso na

    anlise; e considerao das perdas de partici-

    pantes durante o acompanhamento.

    Foram includos no estudo somente os arti-

    gos (texto completo) que obtiveram pelo menos

    50% da pontuao mxima da escala Downs &Black (9 pontos). Foram extradas as seguintes

    informaes dos artigos selecionados: ano de

    publicao, local do estudo, tipo de dados (pri-

    mrios ou secundrios), desenho de estudo, ta-

    manho da amostra, instrumentos utilizados na

    avaliao dos transtornos mentais, prevalncia

    de transtornos mentais, medidas de associao

    com malformaes congnitas, e escore de ava-

    liao metodolgica.

    A partir das estatsticas de associao refe-

    ridas nos artigos, razo de chances (OR) e risco

    relativo (RR), bem como as respectivas medi-

    das de variao (intervalos de confiana IC),foram calculadas as medidas combinadas (RR e

    IC) atravs do modelo de efeitos fixos. Embora

    alguns artigos tenham fornecido o OR, esta me-

    dida foi considerada como um bom estimador do

    RR, j que ambos, desfecho e exposio, se trata-

    vam de eventos raros. A heterogeneidade entre

    os resultados dos estudos foi avaliada atravs da

    estatstica I2que expressa a proporo da varia-

    o total que se deve variao entre os estudos36. Foi realizada anlise de influncia, excluindo-

    se da metanlise o nico artigo com desenho de

    estudo diferente dos demais. O vis de publica-

    o foi avaliado pelo grfico de funil 37. O pacote

    estatstico Stata verso 9.0 (Stata Corp., College

    Station, Estados Unidos) foi utilizado na anlise

    de dados.

    Resultados

    A busca bibliogrfica, segundo a estratgia esta-

    belecida, resultou em 108 artigos (Figura 1). No

    entanto, apenas seis foram selecionados, segun-

    do os critrios pr-estabelecidos (Tabela 1). Os

    demais foram excludos por serem revises de

    literatura, pesquisas qualitativas, estudos repe-

    tidos nas diferentes bases de dados ou por no

    serem referentes ao tema (muitos estudos en-

    contrados pela busca eram pesquisas sobre as

    malformaes e outras complicaes obsttricas

    como fatores de risco para o desenvolvimento

    da esquizofrenia na vida adulta). Seis artigos fo-ram excludos por avaliarem transtornos mentais

    maternos como desfecho do diagnstico de mal-

    formao congnita do beb e no como fator de

    risco para tal.

    Os seis estudos analisados eram provenientes

    dos seguintes pases: Sucia, Dinamarca, Austr-

    lia e Israel. Quanto ao idioma, todos os artigos

    foram escritos em lngua inglesa. Com relao ao

    desenho de estudo, a maioria dos estudos apre-

    sentados eram pesquisas baseadas em dados

    secundrios, de base populacional, realizadas

    atravs do relacionamento entre bases de dados

    obsttricas e psiquitricas, com exceo de umestudo longitudinal com dados primrios.

    No que se refere avaliao metodolgica

    dos estudos selecionados, destaca-se que todas

    as pesquisas analisadas obtiveram a pontuao

    mxima da escala Downs & Black 33. Conside-

    rando que algumas questes eram especficas

    para determinados desenhos de estudos, o valor

    mximo da escala variou com a excluso de um

    ou dois itens quando o estudo em anlise no se

    enquadrava em tais critrios, sendo 18 pontos o

    escore mximo.

    Com relao aos desenhos de estudo, pos-

    svel observar que em todos eles as amostraseram compostas tanto por crianas de mes com

    transtornos mentais como por um grupo de com-

    parao de crianas de mes sem histrico de

    transtornos mentais. Nesses estudos, a avaliao

    dos transtornos era baseada nos registros mdi-

    cos e de internaes psiquitricas, sendo que em

    apenas um estudo tais registros foram validados

    em uma amostra de 180 mulheres atravs de uma

    entrevista diagnstica estruturada 2.

    O principal transtorno mental avaliado em

    tais pesquisas era a esquizofrenia, embora alguns

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    estudos inclussem tambm transtornos afe-

    tivos 2,5. Algumas pesquisas estimaram a preva-

    lncia de esquizofrenia materna em coortes de

    nascimentos de base populacional, encontrando

    frequncias abaixo de 1% 1,5. No que diz respeito

    relao entre transtornos mentais maternos e

    malformao congnita da criana, os estudos

    utilizaram diferentes medidas de associao, OR

    ou RR. No entanto, todos encontraram signifi-cncia estatstica, principalmente para esqui-

    zofrenia materna e risco de malformao, e em

    menor efeito para os transtornos afetivos.

    Todos os artigos selecionados na reviso sis-

    temtica foram includos na metanlise, envol-

    vendo um total de 4.801 crianas de mes com

    transtornos mentais e 430.420 crianas de mes

    sem histrico de transtornos psiquitricos. A Fi-

    gura 2 mostra que os resultados foram homog-

    neos, com todos os estudos revelando associao

    estatisticamente signiticativa entre transtornos

    mentais maternos e malformaes congnitas

    do beb. A medida combinada tambm revelou

    associao estatisticamente significativa entre

    exposio a transtornos mentais maternos e ris-

    co de malformaes (RR = 1,63, IC: 1,27-1,99).

    Detaca-se que, apesar da homogeneidade dos

    estudos (I2= 0,0%; p = 0,43), foi realizada anlise

    de influncia, excluindo-se da metanlise o ni-

    co artigo com desenho de estudo diferente dosdemais 3. Entretanto, no foram observadas al-

    teraes significativas nas medidas combinadas,

    como pode ser observado na Figura 3, optando-

    se por incluir o estudo na anlise. O grfico de

    funil no sugere vis de publicao (Figura 4), no

    entanto, vale ressaltar que a anlise fica limita-

    da pelo pouco nmero de estudos encontrados,

    apenas seis, e os testes de Egger e Begg no foram

    utilizados, j que possuem baixo poder estatsti-

    co para amostras relativamente pequenas (me-

    nos do que 20 estudos) 37.

    Figura 1

    Fluxograma do resultado da busca nas fontes de informao, da seleo e incluso dos artigos originais na reviso

    sistemtica.

    106 estudos foram identificados atravs

    da busca pelas bases de dados

    2 estudos foram identificados atravs

    de outras fontes (referncias,pesquisa manual)

    41 artigos foram removidos por estarem duplicados

    67 estudos foram triados

    12 artigos completos foram elegveispara serem avaliados

    6 estudos foram includos parareviso sistemtica e metanlise

    55 artigos foram excludos porserem revises de literatura,

    pesquisas qualitativas ou por noserem referentes ao tema

    6 estudos com texto completoforam excludos por avaliaremtranstornos mentais maternos

    como desfecho do diagnstico demalformao congnita do beb

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    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    Discusso

    Os resultados do presente estudo confirmam a

    associao entre exposio a transtornos men-

    tais maternos e risco de malformaes cong-

    nitas no beb: crianas de mes com transtor-

    nos mentais maiores tiveram risco 63% maior

    de nascer com malformaes em comparao

    com crianas de mes sem transtornos mentais

    (RR = 1,63, IC: 1,27-1,99). Sendo assim, estes acha-

    dos corroboraram a hiptese de uma associao

    entre sade mental materna durante o perodo

    gravdico e suas repercusses na sade do beb,

    o que torna o tema de fundamental considerao

    para o campo da sade materno-infantil.

    Alm da significativa homogeneidade dos es-

    tudos observada na anlise, pode-se dizer que

    os resultados encontrados por estas pesquisas

    Tabela 1 (continuao)

    Estudo

    (Ano)

    Local Tipo de dados Desenho do estudo Amostra Instrumentos

    (avaliao dos

    transtornos

    mentais)

    Prevalncia de

    transtornos mentais

    maternos

    Associao com

    malformaes

    Bennedsen

    et al. 4

    (2001)

    Dinamarca Secundrios Coorte de

    nascimentos de base

    populacional (linkage

    de bases de dados)

    746 crianas de mes

    com esquizofrenia e

    56.106 crianas na

    populao em geral

    Registros

    psiquitricos

    nacionais (mes

    com pelo menos

    uma internao

    psiquitrica

    por transtornos

    psicticos)

    NI Esquizofrenia e

    malformaes

    congnitas:

    RR = 1,70; IC95%:

    1,04-2,77

    CID: Classificao Internacional de Doenas; NI: no informado; OPCRIT: Inventrio de Critrios Operacionais para Doenas Psicticas.

    Figura 2

    Risco relativo (RR) de malformaes congnitas em crianas de mes com transtornos mentais em comparao com crianas de mes sem transtornos mentais,

    com intervalo de 95% de confiana (IC95%).

    0-13,9 13,9

    Total (I = 0,0%, p = 0,427)2

    Estudo

    Bennedsen et al. 4

    Hizkiyahu et al. 1

    Webb et al. 5

    Jablensky et al. 2

    Schneid-Kofman et al. 6

    Schubert & McNeil3

    Ano

    2001

    2010

    2008

    2005

    2008

    2004

    1,63 (1,27-1,99)

    OR (IC95%)

    1,70 (1,04-2,77)

    2,30 (1,30-4,40)

    2,34 (1,45-3,77)

    2,55 (1,19-5,64)

    1,40 (1,01-1,90)

    4,74 (1,61-13,80)

    100,00

    Peso (%)

    17,15

    5,34

    9,54

    2,82

    64,81

    0,34

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    TRANSTORNOS MENTAIS MATERNOS E RISCO DE MALFORMAO CONGNITA DO BEB 2293

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    Figura 3

    Forest plotdas medidas isoladas e combinadas e respectivos intervalos de 95% de confiana, excluindo-se o estudo de Schubert & McNeil 3.

    Figura 4

    Grfico de funil dos estudos sobre transtornos mentais maternos e risco de malformaes congnitas do beb.

    Total (I = 0,0%, p = 0,417)2

    Webb et al. 5

    Estudo

    Schneid-Kofman et al. 6

    Bennedsen et al. 4

    Hizkiyahu et al. 1

    Jablensky et al. 2

    2008

    Ano

    2008

    2001

    2010

    2005

    1,63 (1,27-1,99)

    2,34 (1,45-3,77)

    1,40 (1,01-1,90)

    1,70 (1,04-2,77)

    2,30 (1,30-4,40)

    2,55 (1,19-5,64)

    100,00

    9,57

    Peso (%)

    65,03

    17,21

    5,36

    2,83

    -5,46 0 5,46

    0

    0.2

    0.4

    0.6

    0.8

    1

    2 4 6 8

    Grfico em funil com intervalo de 95% de confiana

    Erro

    -pa

    dr

    o

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    Pereira PK et al.2294

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    podem ser considerados de boa fidedignidade,

    j que apresentaram metodologias semelhantes

    e bem delimitadas, com amostras de base popu-

    lacional e avaliao tanto da exposio (transtor-

    nos mentais) quanto do desfecho (malformaes

    congnitas), baseada no diagnstico mdico pre-

    sente nos registros hospitalares, obtendo inclusi-

    ve o escore mximo na avaliao metodolgicasegundo os critrios de Downs & Black 33. Apenas

    um desses estudos utilizou uma metodologia di-

    ferente, baseada em dados primrios, com dese-

    nho longitudinal e amostras menores, no entan-

    to esse estudo tambm obteve escore mximo

    na referida escala de avaliao metodolgica e

    sua excluso da anlise no modificou a medida

    combinada, j que teve um peso pequeno devi-

    do ao reduzido tamanho amostral 3. Embora, o

    grfico de funil no apresente indcios de vis de

    publicao, preciso destacar que foram poucos

    artigos encontrados e todos encontraram algum

    grau de associao entre os fatores estudados, oque pode comprometer a anlise.

    Com relao aos transtornos mentais avalia-

    dos, observou-se que mesmo naqueles estudos

    que analisaram vrios transtornos mentais maio-

    res, a esquizofrenia se destacou, apresentando

    significativa associao com malformaes con-

    gnitas, sendo o risco ou a chance encontrada

    de ter algum tipo de malformao pelo menos

    duas vezes maior em crianas de mes esquizo-

    frnicas 2,3,4,5. Apenas dois estudos analisaram

    conjuntamente esquizofrenia e transtornos afe-

    tivos encontrando da mesma forma associao

    significativa com o desfecho em questo 1,6.De uma maneira geral, no houve restrio

    quanto aos tipos de malformaes investiga-

    das nos estudos, apenas uma pesquisa avaliou

    somente malformaes do sistema nervoso 3.

    Aqueles estudos que estratificaram a anlise por

    tipos de malformaes encontraram maiores

    frequncias de malfomaes cardiovasculares e

    de defeitos congnitos fatais entre as crianas de

    mes esquizofrnicas, comparadas s crianas

    de mes sem o transtorno 2,5. No entanto, a alta

    frequncia encontrada de malformaes cardio-

    vasculares pode se dever ao fato de estas serem

    umas das mais comuns entre as malformaes.Ainda no h hipteses plausveis para a associa-

    o da esquizofrenia materna com um ou outro

    determinado tipo de malformao.

    As pesquisas analisadas encontraram asso-

    ciao tambm da esquizofrenia e transtornos

    afetivos maternos com outras complicaes obs-

    ttricas, alm das malformaes fetais. Hemor-

    ragias, anormalidades placentrias e sofrimento

    fetal foram significativamente mais frequentes

    em gestantes esquizofrnicas e com transtornos

    afetivos 2, enquanto que a mortalidade perina-

    tal e o baixo peso estiveram associados apenas

    esquizofrenia materna 1,2,4,6. Entretanto, na lite-

    ratura j existem vrios estudos que revelaram a

    associao da prematuridade e do baixo peso ao

    nascer com outros transtornos mentais duran-

    te a gravidez, principalmente com a depresso e

    transtornos de ansiedade 38,39,40.

    Os possveis mecanismos causais da associa-o entre transtorno mental materno e compli-

    caes obsttricas e malformaes congnitas

    destacados pelos estudos analisados incluem os

    efeitos teratognicos do uso de antipsicticos e

    de substncias como lcool, tabaco e outras dro-

    gas durante a gravidez 10,11,12. Alm disso, fatores

    relacionados ao estilo de vida dessas mulheres

    com transtornos psiquitricos, como dieta pre-

    cria, vida sedentria e maus hbitos de sade

    em geral tambm podem estar envolvidos 5.

    A mulher com transtornos mentais no per-

    odo gestacional, devido aos prprios sintomas

    psiquitricos, pode apresentar muitas vezes umamenor preocupao com seu estado de sade,

    tendo dificuldades para seguir as orientaes

    mdicas e realizar adequadamente o acompa-

    nhamento pr-natal, o que por si s j est as-

    sociado a inmeros riscos obsttricos e neona-

    tais 41. Outra questo importante ressaltada o

    fato de que essas pacientes psiquitricas vivem

    na maioria das vezes em precrias condies so-

    cioeconmicas, contando com poucos recursos

    materiais e sociais, o que pode ter repercusses

    diretas no bom andamento da gravidez e no de-

    senvolvimento do beb 12.

    Pelo fato de esses estudos se basearem em da-dos secundrios, o controle das variveis de con-

    fuso pode ser prejudicado, j que muitas vezes

    no esto disponveis informaes sobre o status

    socioeconmico das mulheres, o uso de lcool,

    tabaco e outras drogas durante a gravidez, bem

    como informaes sobre o tratamento psicofar-

    macolgico. Alm disso, um estudo revelou que

    as mes esquizofrnicas tinham em mdia mais

    idade que as mes sem o transtorno, e ainda que

    doenas como diabetes e hipertenso eram mais

    frequentes em mulheres com transtornos men-

    tais severos, como a esquizofrenia, em compa-

    rao com mulheres sem transtornos mentais 1.Tais doenas, bem como a idade materna avan-

    ada, so fatores de risco j reconhecidos para

    complicaes obsttricas e malformaes con-

    gnitas do beb.

    Um outro achado desses estudos diz respei-

    to prevalncia de esquizofrenia, encontrada

    abaixo de 0,5%, estando prxima frequncia

    conhecida para este transtorno na populao

    geral, que varia de 0,5 a 1,5% 42, sendo dessa for-

    ma substancial se considerarmos que se trata

    de uma populao especfica de mes. Embo-

  • 7/25/2019 transtornos mentais maternos graves e riscos para o bebe

    9/12

    TRANSTORNOS MENTAIS MATERNOS E RISCO DE MALFORMAO CONGNITA DO BEB 2295

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    ra esta prevalncia possa parecer pequena, no

    se pode esquecer que os perodos de gravidez e

    ps-parto alm de constiturem uma fase de ris-

    co para transtornos mentais na vida da mulher,

    compreendem ainda um momento crucial para

    a formao e o desenvolvimento da criana. Um

    dos estudos avaliados acompanhou os descen-

    dentes de mes com transtornos psicticos e demes sem histria de transtornos psiquitricos

    do nascimento at a vida adulta, encontrando

    inclusive uma associao significativa entre a es-

    quizofrenia materna e distrbios do neurodesen-

    volvimento na criana 3.

    Dessa forma, transtornos mentais maternos

    no afetam s a sade e o bem-estar da me,

    podendo interferir diretamente no autocuidado

    materno, tendo com isso repercusses negativas

    na sade e desenvolvimento do feto durante a

    gravidez. Alm disso, tambm podem compro-

    meter o vnculo afetivo da me com seu beb 43e

    a capacidade materna de cuidado, aumentandoinclusive o risco de infeces e desnutrio in-

    fantil 44, de comprometimento do crescimento

    da criana, expresso no baixo peso e altura para

    a idade 40,45, e at mesmo problemas comporta-

    mentais e transtornos mentais na vida adulta 46.

    Essa questo torna-se ainda mais delicada

    quando se trata de um beb com malformao

    congnita, que inevitavelmente necessitar de

    maior ateno e assistncia materna. O cuida-

    do materno adequado nesse caso pode ser de

    fundamental importncia para a sobrevivncia

    e desenvolvimento da criana. Embora alguns

    estudos revelem que as mes tendem a mantero apego em relao ao beb mesmo diante do

    diagnstico de malformaes 47,48, a presena de

    transtornos mentais maternos pode interferir di-

    retamente na vinculao afetiva da me com o

    beb, o que poder dificultar o cuidado materno,

    agravando uma situao que j crtica.

    Apesar da relevncia dessa questo e de to-

    do esforo empreendido na busca por artigos

    sobre o tema nas diferentes bases de dados, fo-

    ram encontrados poucos artigos. A avaliao da

    qualidade metodolgica dos artigos, com base

    nos critrios estabelecidos por Downs & Black 33,

    permitiu orientar os revisores quanto s limita-

    es de cada artigo avaliado, possibilitando uma

    leitura mais crtica dos estudos publicados. Com

    isso, possvel destacar as principais limitaes

    dos estudos analisados, permitindo apontar no-

    vas perspectivas para futuras pesquisas sobre o

    tema, principalmente em termos nacionais.

    So necessrias mais pesquisas que testem

    a associao entre os fatores em questo, comdesenhos de estudo diferenciados, que inclu-

    am dados primrios, permitindo o controle de

    possveis variveis de confuso, e que avaliem

    tambm transtornos mentais menores e outros

    possveis desfechos na gravidez, assegurando a

    confirmao do diagnstico, tanto da exposio

    quanto do desfecho, atravs de instrumentos

    padronizados e validados, j que no se pode

    afastar as possibilidades de erros nos registros

    das bases de dados. Como proposta para novos

    estudos enfatiza-se a necessidade de pesquisas

    que investiguem associaes entre esquizofrenia

    materna e malformaes especficas e tambmque identifiquem o mecanismo pelo qual tal as-

    sociao opera. Cabe destacar ainda a ausncia

    de estudos brasileiros sobre o tema.

    Assim, o presente artigo traz tona a dis-

    cusso de uma importante questo no que diz

    respeito sade materno-infantil: a sade men-

    tal materna. Como j comprovado em estudos

    anteriores, os transtornos mentais afetam pelo

    menos 10% das mes 24, sejam eles anteriores ou

    decorrentes do perodo de gravidez e puerprio,

    repercutindo no apenas na sade materna co-

    mo tambm no desenvolvimento do beb. Tendo

    em vista a escassez de estudos sobre o tema, no-vas pesquisas so necessrias para aprimorar o

    conhecimento da prevalncia desses transtornos

    antes e durante a gestao e de sua associao

    com o risco de malformao e de outras com-

    plicaes obsttricas, visando fundamentar po-

    lticas pblicas de sade materno-infantil, que

    contemplem novas prticas assistenciais, como a

    implementao da assistncia em sade mental

    na ateno pr-natal, o que permitiria a deteco

    precoce, adequado tratamento e manejo dessas

    pacientes e mesmo a preveno dos transtornos

    mentais maternos posteriores, minimizando

    com isso os riscos sade da criana.

  • 7/25/2019 transtornos mentais maternos graves e riscos para o bebe

    10/12

    Pereira PK et al.2296

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 27(12):2287-2298, dez, 2011

    Resumo

    O risco de ter malformaes parece ser maior em bebs

    de mes com transtornos mentais em comparao com

    bebs de mes sem histrico de transtornos psiquitri-

    cos. O objetivo deste artigo foi realizar uma metan-

    lise dos estudos sobre a associao entre transtornos

    mentais maternos e malformaes congnitas. A revi-

    so consistiu na busca de artigos nas bases MEDLINE,ISIWEB, Scopus, LILACS e SciELO, utilizando-se os

    descritores: mental disorders OR mental health OR

    psychotic disorders OR schizophrenia AND con-

    genital abnormalities OR birth defects. Foram loca-

    lizados 108 estudos, sendo selecionados cinco artigos

    de acordo com os critrios estabelecidos. Estes artigos

    foram includos na met anlis e, envol vendo um total

    de 4.194 crianas de mes com transtornos mentais e

    249.548 crianas de mes sem tais transtornos. A me-

    dida combinada revelou associao significativa entre

    exposio a transtornos mentais maternos e risco de

    malformaes (RR = 2,06, IC95%: 1,46-2,67). O presen-

    te estudo evidencia a relao entre sade mental ma-

    terna durante a gravidez e suas repercusses na sade

    do beb.

    Ano rma lidades Cong nitas; Tran stornos Menta is ;

    Esquizofrenia; Metanlise

    Colaboradores

    P. K. Pereira contribuiu com a concepo e projeto,

    anlise e interpretao dos dados, redao do artigo, e

    aprovao final da verso a ser publicada. L. A. Lima, M.

    M. F. Magnanini e L. F. Legay contribuiu com a anlise

    e interpretao dos dados, reviso crtica do contedo

    e aprovao da verso final do manuscrito. G. M. Lo-

    visi contribuiu com a concepo e projeto, anlise einterpretao dos dados, reviso crtica do contedo e

    aprovao da verso final do manuscrito.

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    Recebido em 13/Dez/2010

    Verso final reapresentada em 10/Ago/2011

    Aprovado em 29/Ago/2011