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Vitor Mirailh Pereira
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO II
ESTRATÉGIAS DE LEGITIMAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS NAS MÍDIAS
SOCIAIS: ANÁLISE DAS POSTAGENS DAS PREFEITURAS DAS CAPITAIS DA
REGIÃO SUL DO BRASIL NO FACEBOOK
Santa Maria, RS
2015
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Vitor Mirailh Pereira
ESTRATÉGIAS DE LEGITIMAÇÃO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS NAS MÍDIAS
SOCIAIS: ANÁLISE DAS POSTAGENS DAS PREFEITURAS DAS CAPITAIS DA
REGIÃO SUL DO BRASIL NO FACEBOOK
Trabalho Final de Graduação (TFG)
apresentado ao Curso de Publicidade e
Propaganda, Área de Ciências Sociais, do
Centro Universitário Franciscano – Unifra,
como requisito parcial para obtenção do grau
em Bacharel em Publicidade e Propaganda.
Orientadora: Profª. Drª. Luciana Menezes Carvalho
Santa Maria, RS
2015
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Vitor Mirailh Pereira
ESTRATÉGIAS DE LEGITIMAÇÃO DE INSTITUIÇÕES PÚBLICAS NAS MÍDIAS
SOCIAIS: ANÁLISE DAS POSTAGENS DAS PREFEITURAS DAS CAPITAIS DA
REGIÃO SUL DO BRASIL NO FACEBOOK
Banca examinadora:
___________________________________________
Profª. Drª. Luciana Menezes Carvalho – Orientadora
(Centro Universitário Franciscano)
___________________________________
Profª. Me. Taís Steffenello Ghisleni
(Centro Universitário Franciscano)
___________________________________
Prof. Me. Iuri Lammel Marques
(Centro Universitário Franciscano)
Aprovado em ___ de ______________ de 2015.
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AGRADECIMENTOS
Dedico este trabalho as duas pessoas mais importantes da minha vida: meu pai e
minha mãe. Agradeço a eles por sempre terem dado importância à minha educação,
permitindo que mesmo pequeno eu já saísse de casa para ter melhores condições de estudo e
pudesse alcançar meus sonhos. Ao meu pai, pelo exemplo incondicional de trabalhador, que
possibilitou minha formação desde a pré-escola até o momento, tenho muito orgulho de ser
teu filho. À minha mãe, pelos tantos anos de companheirismo, apoio e amor, que também é
outro exemplo de trabalho para mim. Agradeço aos dois por terem nos mantidos unidos e
conseguido vencer todos os obstáculos, com amor e a certeza que força nenhuma é capaz de
nos separar. Também, ao meu irmão, que apesar de nossas diferenças, nunca deixará de ser
família e pode contar comigo para todos os momentos.
Agradeço aqueles que também contribuíram para minha formação pessoal e educação,
duas pessoas muito importantes e que não estão mais entre nós, meu vô e a Marli, que
conforme minha mãe, me mimaram desde criança. Também a quem ainda me acompanha,
minha vó e meus tios e tia, que estão sempre presentes e me dando apoio quando necessário.
Agradeço aos amigos, seja os de infância, que mesmo distante ainda se mantém; como
também os adquiridos ao longo desse percurso, colegas de ensino médio e de faculdade, ao
Bruno e Ricardo, que “desde sempre” são meus companheiros de apartamento.
Não poderia deixar de agradecer a quem me ajudou a chegar neste momento, passando
seus ensinamentos e sempre paciente tirando todas as dúvidas. À minha orientadora, profª
Luciana Carvalho, que sempre teve paciência e calma com meus atrasos, obrigado por ter me
passado um pouco de todo seu conhecimento e ter feito parte desse processo junto comigo.
Todas as pessoas citadas e mesmo as não pronunciadas que sabem que fazem parte da
minha vida, sintam-se felizes também por este momento e saibam que direta ou indiretamente
ajudaram a construir a pessoa que hoje eu sou, que vocês também alcancem tudo que desejam.
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RESUMO
Esta pesquisa tem como objetivo compreender as estratégias de legitimação das organizações
públicas nas mídias sociais digitais, com a análise das Prefeituras de Curitiba, Florianópolis e
Porto Alegre. Para a análise do objeto de estudo, foi realizada uma pesquisa bibliográfica
onde se aborda a legitimação e institucionalização, como eram esses fenômenos na sociedade
dos meios e passaram a ocorrer na sociedade midiatizada, também a presença das
organizações nas mídias sociais digitais e as funcionalidades do Facebook. Através da
categorização realizada para observar as diferenças e semelhanças entre as organizações, foi
possível concluir que todas prefeituras utilizam dessa mídia social digital para se legitimar,
entre essas, dividem-se pelo foco na produção jornalística ou entretenimento.
Palavras-chave: estratégias de legitimação; organizações públicas; mídias sociais digitais.
ABSTRACT
This research aims to understand the legitimization strategies of public organizations in the
digital social media, with the analysis of the municipal governments of Curitiba, Florianópolis
and Porto Alegre. For the analysis of the subject matter, a literature that addresses the
legitimation and institutionalization was held, as were these phenomena in the media
company and began to occur in the mediated society, also the presence of organizations in
digital social media and the features of Facebook. Through categorization performed to
observe the differences and similarities between the organizations, it was concluded that all
municipalities use this digital social media to legitimize among these, are divided by focus on
journalistic production or entertainment.
Keywords: legitimation strategies; public organizations; digital social media.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18
2 O PROCESSO DE LEGITIMAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES ......................................... 22
3 ESTRATÉGIAS DE LEGITIMAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES NA SOCIEDADE
MIDIATIZADA ...................................................................................................................... 31
4 AS ORGANIZAÇÕES NAS MÍDIAS SOCIAIS DIGITAIS .......................................... 42
5 AS PREFEITURAS NA MÍDIA SOCIAL DIGITAL FACEBOOK .............................. 53
5.1 As organizações no Facebook ............................................................................................ 53
5.1.1 Prefeitura de Curitiba....................................................................................................... 53 5.1.2 Prefeitura de Florianópolis .............................................................................................. 54 5.1.3 Prefeitura de Porto Alegre ............................................................................................... 55 5.2 A análise de conteúdo ......................................................................................................... 55
5.2.1 Recorte do corpus ............................................................................................................ 56 5.2.2 Categorias de análise ....................................................................................................... 56 5.2.3 Análise do corpus ............................................................................................................ 58 5.2.4 Interpretação .................................................................................................................. 101
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 106
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 108
15
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Pontos de contatos desenvolvidos por meio dos elos de confiança. ....................... 34 Figura 2 - Etapas da comunicação e fenômeno da convergência para os meios dialógicos. .. 36 Figura 3 - Imagem compartilhada pela Prefeitura de Curitiba para convidar para doação. .... 37 Figura 4 - Publicação realizada após a polêmica com o pedido de desculpas da equipe da
Prefeitura. ................................................................................................................................. 40 Figura 5 - Comentário da usuária Thais Moreira e a resposta do Governo de Brasília. ......... 47 Figura 6 - Barra de status no perfil do Facebook. ................................................................... 50 Figura 7 - Exemplo do resumo das informações mostradas nas fanpages. ............................. 51 Figura 8 - Cabeçalho da fanpage da Prefeitura de Curitiba. ................................................... 53
Figura 9 - Cabeçalho da fanpage da Prefeitura de Florianópolis. ........................................... 54 Figura 10 - Cabeçalho da fanpage da Prefeitura de Porto Alegre. .......................................... 55
Figura 11 - Postagem 1 de Prefeitura de Curitiba: Receita do ar de Curitiba. ........................ 58
Figura 12 - Postagem 2 de Prefeitura de Curitiba: Divulgação do evento Corrente Cultural. 59 Figura 13 - Postagem 3 de Prefeitura de Curitiba: A história do escravo Cruz e Souza. ........ 60 Figura 14 - Postagem 4 de Prefeitura de Curitiba: Iniciativa Portal do Futuro. ...................... 62 Figura 15 - Postagem 5 de Prefeitura de Curitiba: #vempracorrente. ..................................... 63
Figura 16 - Postagem 6 de Prefeitura de Curitiba: Boa noite, Curitiba. .................................. 65 Figura 17 - Postagem 7 de Prefeitura de Curitiba: Boa noite, Curitiba. .................................. 66
Figura 18 - Postagem 8 de Prefeitura de Curitiba: Casa das meninas FAS. ........................... 67 Figura 19 - Postagem 9 de Prefeitura de Curitiba: Festival internacional de cinema. ............ 68 Figura 20 - Postagem 10 de Prefeitura de Curitiba: Não faça como o sol, visite Curitiba. .... 69
Figura 21 - Postagem 11 de Prefeitura de Curitiba: Apresentação da Camerata Antiqua. ..... 70 Figura 22 - Postagem 12 de Prefeitura de Curitiba: Feliz Aniversário, Antonina!. ................ 71
Figura 23 - Postagem 13 de Prefeitura de Curitiba: Programação da Corrente Cultural. ....... 72 Figura 24 - Postagem 14 de Prefeitura de Curitiba: Sol, você também pode vir. ................... 73
Figura 25 - Postagem 1 de Prefeitura de Florianópolis: Alteração no horário no transporte. . 74 Figura 26 - Postagem 2 de Prefeitura de Florianópolis: Oficinas de mobilidade urbana. ....... 75 Figura 27 - Postagem 3 de Prefeitura de Florianópolis: Denuncie a violência contra a mulher.
.................................................................................................................................................. 76
Figura 28 - Postagem 4 de Prefeitura de Florianópolis: Oficinas de mobilidade urbana. ....... 77 Figura 29 - Postagem 5 de Prefeitura de Florianópolis: Mês da consciência negra. ............... 79 Figura 30 - Postagem 6 de Prefeitura de Florianópolis: Oficinas de mobilidade urbana. ....... 80 Figura 31 - Postagem 7 de Prefeitura de Florianópolis: Edital para comércio de ambulantes.
.................................................................................................................................................. 81
Figura 32 - Postagem 8 de Prefeitura de Florianópolis: Período de rematrícula nas escolas. . 82 Figura 33 - Postagem 9 de Prefeitura de Florianópolis: Conheça o continente. ..................... 84
Figura 34 - Postagem 10 de Prefeitura de Florianópolis: Ação comunitária na Tapera.......... 85 Figura 35 - Postagem 11 de Prefeitura de Florianópolis: Matrículas em creches começam na
terça. ......................................................................................................................................... 86 Figura 36 - Postagem 12 de Prefeitura de Florianópolis: Recebimento de verba para
mobilidade. ............................................................................................................................... 87
Figura 37 - Postagem 1 de Prefeitura de Porto Alegre: Recebimento de verba para
mobilidade. ............................................................................................................................... 89 Figura 38 - Postagem 2 de Prefeitura de Porto Alegre: Abertura de matrículas na rede
infantil. ...................................................................................................................................... 90 Figura 39 - Postagem 3 de Prefeitura de Porto Alegre: Abertura da colheita do pêssego. ..... 91 Figura 40 - Postagem 4 de Prefeitura de Porto Alegre: Ação educativa da EPTC. ................ 93 Figura 41 - Postagem 5 de Prefeitura de Porto Alegre: Vitória foi para casa. ........................ 94
16
Figura 42 - Postagem 6 de Prefeitura de Porto Alegre: Nova escola em Belém Novo. .......... 95
Figura 43 - Postagem 7 de Prefeitura de Porto Alegre: Maratona hacker de Porto Alegre. ... 96 Figura 44 - Postagem 8 de Prefeitura de Porto Alegre: Projeto bota-fora atende duas
comunidades. ............................................................................................................................ 98 Figura 45 - Postagem 9 de Prefeitura de Porto Alegre: Urban Food Policy Pact. .................. 99 Figura 46 - Postagem 10 de Prefeitura de Porto Alegre: ReciclaPOA. ................................. 100
17
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparativo dos modelos comunicacionais propostos por Gomes (2004). ......... 33 Quadro 2 - Protocolo para preenchimento dos dados das postagens. ..................................... 58 Quadro 3 - Protocolo de análise da Postagem 1. ..................................................................... 59 Quadro 4 - Protocolo de análise da Postagem 2. ..................................................................... 60
Quadro 5 - Protocolo de análise da Postagem 3. ..................................................................... 61 Quadro 6 - Protocolo de análise da Postagem 4. ..................................................................... 63 Quadro 7 - Protocolo de análise da Postagem 6. ..................................................................... 64 Quadro 8 - Protocolo de análise da Postagem 6. ..................................................................... 65 Quadro 9 - Protocolo de análise da Postagem 7. ..................................................................... 66
Quadro 10 - Protocolo de análise da Postagem 8. ................................................................... 67 Quadro 11 - Protocolo de análise da Postagem 9. ................................................................... 68
Quadro 12 - Protocolo de análise da Postagem 10. ................................................................. 69
Quadro 13 - Protocolo de análise da Postagem 11. ................................................................. 71 Quadro 14 - Protocolo de análise da Postagem 12. ................................................................. 71 Quadro 15 - Protocolo de análise da Postagem 13. ................................................................. 72 Quadro 16 - Protocolo de análise da Postagem 14. ................................................................. 73
Quadro 17 - Protocolo de análise da Postagem 1. ................................................................... 74 Quadro 18 - Protocolo de análise da Postagem 2. ................................................................... 75
Quadro 19 - Protocolo de análise da Postagem 4. ................................................................... 76 Quadro 20 - Protocolo de análise da Postagem 4. ................................................................... 78 Quadro 21 - Protocolo de análise da Postagem 5. ................................................................... 79
Quadro 22 - Protocolo de análise da Postagem 6. ................................................................... 81 Quadro 23 - Protocolo de análise da Postagem 7. ................................................................... 82
Quadro 24 - Protocolo de análise da Postagem 8. ................................................................... 83 Quadro 25 - Protocolo de análise da Postagem 9. ................................................................... 84
Quadro 26 - Protocolo de análise da Postagem 10. ................................................................. 85 Quadro 27 - Protocolo de análise da Postagem 11. ................................................................. 87 Quadro 28 - Protocolo de análise da Postagem 12. ................................................................. 88
Quadro 29 - Protocolo de análise da Postagem 1. ................................................................... 89
Quadro 30 - Protocolo de análise da Postagem 2. ................................................................... 91 Quadro 31 - Protocolo de análise da Postagem 3. ................................................................... 92 Quadro 32 - Protocolo de análise da Postagem 4. ................................................................... 93 Quadro 33 - Protocolo de análise da Postagem 5. ................................................................... 94 Quadro 34 - Protocolo de análise da Postagem 6. ................................................................... 95
Quadro 35 - Protocolo de análise da Postagem 7. ................................................................... 97 Quadro 36 - Protocolo de análise da Postagem 8. ................................................................... 98
Quadro 37 - Protocolo de análise da Postagem 9. ................................................................. 100 Quadro 38 - Protocolo de análise da Postagem 10. ............................................................... 101 Quadro 39 - Resultado da categorização da Prefeitura de Curitiba ...................................... 101 Quadro 40 - Resultado da categorização da Prefeitura de Florianópolis. ............................. 102 Quadro 41 - Resultado da categorização da Prefeitura de Porto Alegre. .............................. 103
Quadro 42 - Estratégias de legitimação e eficácia ................................................................ 104
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1 INTRODUÇÃO
O tema deste trabalho está relacionado às estratégias de legitimação das instituições
públicas nas mídias sociais. Está delimitado à análise das estratégias de legitimação utilizadas
pelas prefeituras de Porto Alegre1, Florianópolis2 e Curitiba3, ou seja, capitais da região sul do
Brasil, na mídia social Facebook4. As páginas selecionadas foram criadas em períodos
diferentes e juntas agregam 820 mil seguidores, sendo 716 mil apenas da Prefeitura de
Curitiba5.
No Brasil, de acordo com pesquisa realizada pela agência digital We Are Social6,
publicado em 2015 com dados referentes ao consumo da internet em 2014, os usuários do país
ficam em terceiro lugar quando o assunto é horas conectados por dia, ficando atrás apenas da
Tailândia e das Filipinas, totalizando 5,4 horas online em desktops e 3,8 horas em mobiles.
Ainda na mesma pesquisa, dos 204 milhões de habitantes, descobriu-se que 54% deste são
usuário ativo da internet e 96 milhões, ou seja, 47% são usuários ativos de mídias sociais,
gastando diariamente 3h47minutos com essas mídias. Dentre as preferências dos usuários das
mídias sociais, o Facebook se destaca em primeira posição, alcançando 25% de penetração
nos usuários ativos.
Percebe-se que o Facebook é a mais atrativa mídia social para organizações,
principalmente pelo número de usuários; sendo neste permitida apenas a criação de fanpages
para as mesmas, que permitem o monitoramento do engajamento por parte dos seguidores. A
possibilidade que o uso desta permite aos usuários está quando o tradicional receptor se torna
um produtor e editor de informações, tornando-se protagonista na produção midiática e um
influenciador na comunicação que comumente era desempenhada por organizações
midiáticas, as quais tiveram que se adaptar às características do ambiente digital, midiatizado.
Segundo Fausto Neto (2010), se na sociedade dos meios, a mídia era um campo
central que detinha o poder de controlar o que seria visível aos demais campos, na sociedade
midiatizada a mídia mantém sua centralidade, mas os demais campos, instituições e atores
sociais também se midiatizam, não mais dependendo exclusivamente das instituições
midiáticas para ter visibilidade, passando a reproduzir as lógicas da mídia em suas operações.
1 Disponível em: <https://www.facebook.com/prefpoa>. Acesso em: 30 nov. 2015. 2 Disponível em:< https://www.facebook.com/prefeituradeflorianopolis>. Acesso em: 30 nov. 2015. 3 Disponível em: <https://www.facebook.com/PrefsCuritiba>. Acesso em: 30 nov. 2015. 4 Disponível em: <https://www.facebook.com>. Acesso em: 30 nov. 2015. 5 Disponível em: <https://www.facebook.com/PrefsCuritiba>. Acesso em 30 nov. 2015. 6 Disponível em: <http://blog.pmweb.com.br/a-internet-no-brasil-em-2015/>. Acesso em: 22 out. 2015.
19
A tentativa das organizações, neste contexto, especificamente as públicas, que buscam
aproveitar este espaço online para tornarem-se mediadoras de informações, necessitando
legitimar-se como produtoras de informações e criarem um canal de conversa com seu
público, foram decisivos na escolha do tema de interesse.
O problema de pesquisa aqui abordado tem como questão as estratégias de
legitimação utilizadas pelas prefeituras na de rede social digital Facebook. Compreende-se
por estratégias de legitimação as ações tomadas por instituições para obter o devido
reconhecimento da sociedade e da sua função social, isto é, justificar a sua existência perante
os indivíduos e mostrar-lhes a necessidade de permanência dela como delimitadora de
condutas, hábitos e/ou ritos da sociedade.
O objetivo geral desta pesquisa é compreender as estratégias de legitimação utilizadas
pelas Prefeituras de Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba, em suas páginas na mídia social
Facebook. E os objetivos específicos são: identificar as estratégias de legitimação utilizadas
nas páginas das instituições públicas selecionadas; categorizar as estratégias identificadas no
corpus selecionado; interpretar as estratégias de legitimação empregadas pelas instituições em
suas postagens; comparar as diferentes estratégias utilizadas pelas páginas.
Justifica-se a escolha de instituições públicas pela falta de estudos que abordem a
relação dessas com as mídias sociais, sendo necessário um estudo específico de cada tema e a
análise de onde os mesmos convergem para o presente trabalho.
Na realização do estado da arte que antecedeu este projeto, foram realizadas leituras de
diversos autores de acordo com as palavras-chave e também acrescentados outros autores ao
longo do estudo. Pela proximidade do tema, foi utilizada principalmente como fonte de
estudos a dissertação de mestrado de Luciana Menezes Carvalho, participante do Programa de
Pós-Graduação de Comunicação da Universidade Federal de Santa Maria e orientadora deste
trabalho, denominada “Legitimação Institucional do Jornalismo Informativo nas Mídias
Sociais Digitais: Estratégias Emergentes no Conteúdo de Zero Hora no Twitter”, que trata de
responder quais estratégias de legitimação estão presentes no Twitter dessa instituição e a
definição para o termo mídia social digital; também foram utilizados os trabalhos finais de
graduação da Aline Mendonça Rodrigues, “Zero Hora no Facebook: Características das
mídias sociais nas postagens do Jornal”, no qual foi possível obter conhecimentos importantes
sobre a rede social digital que está sendo analisada e do Augusto Carvalho Silveira Guterres,
“Midiatização do campo político nas redes sociais digitais: Estratégias do deputado federal
Paulo Pimenta em sua página no Facebook”, de onde foi possível conseguir informações
acerca de campo social e político; além disso, por conhecimento prévio foi pesquisado sobre
20
redes sociais através da obra de Raquel Recuero “Redes Sociais na Internet” que trata sobre a
as conexões, o capital social e a difusão de informações na rede social.
Há também o trabalho sobre “As organizações nas mídias sociais: as estratégias de
polidez da Prefeitura de Curitiba no Facebook” de Francieli Aparecida Traesel e Naiara
Longhi Maia, e que trata sobre comunicação organizacional. Porém, mais importante que
apenas esse trabalho, é citar que a Prefeitura de Curitiba é referência na área de comunicação
organizacional nas mídias sociais digitais. A “Prefs”, como foi carinhosamente apelidada
pelos internautas, conseguiu obter um engajamento orgânico 7jamais visto em páginas de
organizações públicas no Brasil, a utilização de uma linguagem informal e termos geek8, que
poderiam excluir parte do público, acabaram funcionando com tamanha eficácia que
atualmente o fenômeno pode ser observado em várias outras organizações públicas que
tentam se utilizar das mesmas técnicas para elevar seu engajamento.
Quanto à mídia social escolhida, optou-se pela página das três prefeituras de capitais
da região Sul do Brasil, sendo elas Porto Alegre, Florianópolis e Curitiba no Facebook por se
tratar de uma rede bastante popular e de abrangência mundial, o que possibilita diferentes
acessos à página. O Facebook é a rede social mais acessada do planeta, hoje conta com mais
de 1,35 bilhões de usuários mensais, desse total, 1,12 bilhões acessam a rede por meio de
dispositivos móveis e 864 milhões de usuários ativos.9
Por fim, este trabalho justifica-se por tentar compreender do ponto de vista teórico este
fenômeno que está sendo observado nas instituições públicas, da inserção nas mídias sociais
digitais e a nova forma de comunicação que está sendo empregada por esta a fim de obter o
engajamento dos seus públicos, ultrapassando a barreira da mediação e alcançando voz
própria.
No segundo capítulo deste trabalho será contextualizado o que é uma instituição
conforme Berger e Luckmmann (2008), organização e quais suas similaridades e diferenças
de acordo com Rodrigues (1999); como se dá o processo de institucionalização e legitimação
segundo Barichello (2004) e Carvalho (2010); e por último, a política como um campo
7 Quantos dos usuários que sua página ganha realmente estão engajados com sua marca e com sua mensagem. O
engajamento não é simplesmente audiência, mas participação, conversação. Disponível em: <
http://www.raquelrecuero.com/arquivos/2013/03/engajamento-x-audiencia-no-facebook.html>. Acesso em: 30
out. 2015. 8 Pessoas viciadas em novas tecnologias, relacionadas às diversas áreas do entretenimento. No caso, a linguagem
utilizada por estas pessoas, como a criação de acrônimos e um dialeto próprio, como meio de afirmação de um
grupo. Disponível em <http://www.tecmundo.com.br/hardware/742-o-que-e-geek-.htm>. Acesso em: 07 jun.
2015. 9 Balanço realizado pelo Facebook. Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/link/facebook-chega-a-135-
bilhao-de-usuarios-no-mundo/>. Acesso em: 20 de abr. 2015.
21
institucional conforme Bordieu (2011) e as organizações públicas na ambiência do campo dos
media de acordo com Bezzon (2004) e Matos (2004).
No terceiro capítulo serão abordadas as estratégias de legitimação na comunicação
organizacional de acordo com Saad (2004), Barichello (2004); as estratégias de legitimação
na sociedade dos meios e as transformações na passagem para a sociedade midiatizada
segundo Gomes (2004), Fausto Neto (2006), Barichello (2004) e Carvalho (2010).
No quarto capítulo será tratado das organizações nas mídias sociais conforme Terra
(2011), sobre as mídias sociais segundo Recuero (2011), Carvalho (2010) e estratégias nas
mídias sociais com Bueno (2015).
O último capítulo é destinado a toda análise realizada, incluindo corpus, metodologia,
categorização e interpretação.
22
2 O PROCESSO DE LEGITIMAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES
Os conceitos abordados de instituição são trazidos por Berger e Luckmmann
(1985;2008) e Berger e Berger (2004), pela visão sociológica descrita sobre o termo,
considerando-o como resultado das ações do homem e ao mesmo tempo, dotadas e
experimentadas como algo de realidade exterior.
De maneira simples, Berger e Berger (2004), definem instituição por
No sentido usual, o termo designa uma organização que abranja pessoas, como por
exemplo um hospital, uma prisão ou, no ponto que aqui nos interessa, uma
universidade. De outro lado, também é ligado às grandes entidades sociais que o
povo enxerga quase que como um ente metafísico a pairar sobre a vida do indivíduo,
como “o Estado”, “a economia”, ou “o sistema educacional (BERGER E BERGER,
2004, p. 1).
A teorização dos autores compõe organização e instituição conjuntamente, porém, ao
longo deste capítulos e busca distinguir esses conceitos, ainda assim, o conceito dá uma visão
clara sobre essa exterioridade que é possível notar sobre o termo, e mais claramente define a
linguagem como a primeira e fundamental instituição da sociedade, isto porque, para
existência de qualquer outra instituição, seja qual for sua finalidade, está fundada nos padrões
de controle subjacente da linguagem (BERGER E BERGER, 2004).
Em uma abordagem sociológica realizada por Berger e Luckmmann (1985) citado por
Carvalho (2010, p. 20), uma instituição é “constituída pela tipificação de papeis pelos atores,
por normas e ritos em um universo de práticas e conhecimentos partilhados pelo grupo e
aceitos pela sociedade”. Essa aceitação da sociedade se dá pelos elementos históricos e de
controle que as instituições desenvolvem para sua subsistência, sendo necessário, para
compreender uma instituição conhecer o processo onde a mesma foi produzida.
Berger e Luckmann (2008, p. 79) explicam que
É impossível compreender uma instituição sem entender o processo histórico em
que foi produzida. As instituições, também, pelo simples fato de existirem,
controlam a conduta humana estabelecendo padrões previamente definidos de
conduta, que a canalizam em uma direção por oposição às muitas outras direções
que seriam teoricamente possíveis. É importante acentuar que este caráter
controlador é inerente à institucionalização enquanto tal, anterior a quaisquer
mecanismos de sanções especificamente estabelecidos para apoiar uma instituição
ou independente desses mecanismos.
Antes do processo que cria uma instituição, por motivos biológicos, “o organismo
humano obriga o homem a fornecer a si mesmo um ambiente estável para sua conduta”
23
(BERGER E LUCKMANN, 2008, p. 77). Dentro desse processo está a formação do hábito,
ao qual, qualquer indivíduo está sujeito. Ocorre sempre que uma ação é realizada
repetidamente, moldando um padrão do meio considerado correto de realização destas ações,
com o intuito de reduzir esforço. Mais importante que a redução de esforço, é a libertação do
indivíduo da necessidade de escolha, da carga de decisão da qual teria que realizar toda vez
que fosse praticar tais atos, oferecendo um fundamento estável para tomada de decisões
(BERGER E LUCKMANN, 1985).
Com base no hábito e na tipificação recíproca, advém o processo denominado de
institucionalização que “ocorre sempre que há uma tipificação recíproca de ações habituais
por tipos de atores” (BERGER E LUCKMMANN, 1985, p. 79), isto é, as ações X serão
sempre realizadas por atores X. Sempre que dois indivíduos dotados de personalidades
formadas começarem a atuar um sobre o outro, apropriando-se de tais papéis e condutas
reciprocamente, já está presente a tipificação, mas ainda não é possível considerar como
institucionalização, pois depende de um coletivo de atores, não tão somente dois indivíduos.
Também é possível notar essa institucionalização através de cinco características
fundamentais descritas por Berger e Berger (2004): a exterioridade, por sua experimentação
ser algo exterior ao indivíduo; a objetividade, por ser admitida a sua existência de certa
maneira; a coercitividade, pelo poder que esta exerce sobre o indivíduo; a autonomia moral
em cobrar do indivíduo que as ferir e a historicidade, pelas ideias já incorporadas pela
instituição através do tempo.
Um exemplo desta institucionalização é que, na Grécia Antiga, foi instituído que quem
lutava no Coliseu eram gladiadores contra animais selvagens ou contra outros gladiadores,
esses gladiadores seriam escravos e caso vencessem poderiam ganhar sua liberdade, no caso
da luta entre dois gladiadores, se houvesse pedido de clemência, quem decidia era o
imperador. Este caso demonstra como surgem os papéis sociais, a definição de quem são os
lutadores, quem pode dar a clemência, a plateia como influenciadores desse processo, toda
uma dinâmica que foi preestabelecida pela institucionalização desta sociedade e que se
reafirma novamente a partir da realização destes ritos e normas que são aceitas e se impõe
perante o indivíduo na vida cotidiana.
No exemplo acima, historicamente pelo crescimento da instituição e a necessidade de
controle social, houve uma exteriorização desta e com isso o surgimento do Estado, como
forma de governo e organização que detinha o poder sobre essas normas e ritos. Sobre essas
organizações, Rodrigues (1999, p. 20) afirma que “a percepção de organização só é admitida
como uma representação de uma instituição superior, servindo como um meio concreto de
24
externar os discursos transpassados por essa. Por este fato, é importante diferenciar que uma
instituição pode conter várias organizações, assim como pode não se concretizar em
nenhuma”.
Para que uma instituição se mantenha como tal, é necessário que esteja
constantemente se legitimando, ou seja, justificando sua existência e reforçando suas
interações perante a sociedade, garantindo que suas condutas e parâmetros éticos sejam
retransmitidos e seus significados atualizados pela influência dos sujeitos que dela fazem
parte. “A legitimidade é critério fundamental de um campo, que se reconhece pelo poder de
ocupar o lugar de um sujeito de enunciação, como sujeito de um dizer ou fazer, remetendo à
capacidade de impor algo” (BARRICHELLO, 2004, p. 72).
Segundo Berger e Luckmann (2008, p. 128)
A legitimação “explica” a ordem institucional outorgando validade cognoscitiva a
seus significados objetivados. A legitimação justifica a ordem institucional dando
dignidade normativa a seus imperativos práticos. É importante compreender que a
legitimação tem um elemento cognoscitivo assim como um elemento normativo. Em
outras palavras, a legitimação não é apenas uma questão de “valores”. Sempre
implica também “conhecimento.
De maneira mais simplificada, Carvalho (2010, p. 30) afirma que “a legitimação é um
processo constante de justificação e explicação de uma ordem institucional. É para buscar ou
manter reconhecimento da sociedade que a instituição precisa de mecanismos de
legitimação”. E também há o processo de deslegitimação, caracterizado por Barrichello
(2004, p. 21) como “o não reconhecimento das práticas legitimatórias pela sociedade com a
questão da ‘visibilidade’”.
Na realidade diária, a legitimação primeiramente busca resgatar seu caráter histórico
para justificar suas ações e explicar porque realizar determinadas ações e não outras, para
posteriormente poder exigir a respeitabilidade de suas práticas, neste caso, o conhecimento
precede os valores da própria instituição (BERGER E LUCKMANN, 2008). Porém, é
importante colocar que as ações legitimatórias estão sujeitas aos regimes de visibilidade de
cada época, novos padrões de legitimidade e principalmente a mudança nas formas de obter
legitimação (BARRICHELLO, 2004).
É importante ressaltar que, na sociedade tradicional, o processo de legitimação se dava
principalmente pela própria visibilidade que uma instituição conseguia obter por meio do
conjunto de experiências, como ações em praça pública, anúncios impressos, discursos,
25
cartas, etc e a influência que resultava a partir de tais acontecimento e exercia sobre os
diversos campos sociais.
Um campo social constitui uma instituição social, uma esfera de legitimidade. O
religioso, a família, o militar, o político, o científico, o económico são
indiscutivelmente campos sociais. [...] Definem estas esferas de legitimidade que
impõem com autoridade indiscutível actos de linguagem, discursos e práticas
conformes, dentro de um domínio específico de competência. A legitimidade é
assim o critério fundamental de um campo social. (RODRIGUES, 2001, p. 143-
144).
Com os meios de comunicação de massa, essa legitimação que antes era feita através
de atos públicos, agora volta-se para os media, que a partir da mudança nas formas de obter
legitimação para um pensamento mercadológico, passam a ser o dispositivo contemporâneo
de visibilidade, o que se torna importante é a representação e justificação nos meios de
comunicação de massa (BARICHELLO, 2004, p. 22).
Por media compreendemos o campo que para Rodrigues (2001, p. 152) é
compreendido como
O campo cuja legitimidade expressiva e pragmática é por natureza uma legitimidade
delegada dos restantes campos sociais e que, por conseguinte, está estruturado e
funciona segundo os princípios da estratégia de composição dos objetos e dos
interesses dos diferentes campos, que essa composição prossiga modalidades de
cooperação, visando, nomeadamente, o reforço da força da sua legitimidade, quer
prossiga modalidades conflituais, de exacerbação das divergências e dos
antagonismos.
Reafirmado o conceito trabalhado por Rodrigues (2001), Barrichello (2004, p. 73)
compreende o campo dos media como “o novo campo de legitimidade, cada vez mais
autônomo dos restantes campos sociais como esfera obrigatória de visibilidade e de
notoriedade”. No próximo capítulo será abordado mais profundamente a influência do campo
dos media no contexto da sociedade midiatizada.
Carvalho (2010, p. 31) realiza uma contextualização dessas terminologias e como
acontece a interação das mesmas na sociedade moderna
Esse é o campo de institucionalização e legitimação da modernidade, em que os
campos sociais e as instituições, por mais que se imbriquem e sejam formados por
sujeitos que participam de mais de um campo, conservamos certa autonomia
mantida por meio de práticas ritualísticas de transmissão de valores e
conhecimentos.
Mesmo com a devida autonomia, o poder que a comunicação de massa concede ao
campo da comunição, ainda que interdependente dos campos da cultura e da política, o torna
26
centro da disputa pelo poder simbólico e objeto de pesquisa nas ciências humanas. Weber,
Pereira e Coelho (2004) buscam por meio do debate compreender a complexidade que
envolve o campo da política e da comunicação, e expõem como todos os campos buscam
visibilidade, credibilidade e legitimidade.
De acordo com os autores (2004, p. 5), “referir-se à política na contemporaneidade
significa entender que há uma cultura midiática que não demarca apenas a tradução midiática
de todos os campos, mas também orienta os discursos produzidos noutras esferas”. Ainda
assim, é possível ocupar espaços de comunicação que ainda não foram apropriados, porém
ainda é necessário operar dentro da lógica midiática para que seus produtos se tornem
visíveis.
Mais diretamente, Rodrigues (2001) afirma que a orientação do discurso pela cultura
midiática é a percepção objetiva mais clara de que o campo político passou a moldar-se às
lógicas publicitárias e do marketing e se tornou um campo de encenação pública de imagens
de marca. Isto é, a autonomização do campo dos media, que consegue impor suas práticas e
condutas sobre o campo da política, sendo notável no cotidiano das ações políticas as práticas
de tornar os atores em produtos e a conseguinte venda dos mesmos.
Ao observar este fenômeno, Rodrigues (2001, p. 161) afirma que
É difícil delinear todos os contornos e descrever todos os aspectos relevantes das
relações que hoje se estabelecem entre o poder político e a informação nos regimes
democráticos, mas os seus resultados são particularmente notórios não só por
ocasião das campanhas eleitorais mas também no relacionamento dos governantes
com os media”.
Com vistas para o tema deste trabalho, será abordado apenas a organização do campo
político além do já retratado campo dos media. Bordieu em uma de suas conferências traz o
conceito de campo político como
Falar de campo político é dizer que o campo político (e por uma vez citarei
Raymond Barre) é um microcosmo, isto e, um pequeno mundo social relativamente
autônomo no interior do grande mundo social. Nele se encontrara um grande
número de propriedades, relações, ações e processos que se encontram no mundo
global, mas esses processos, esses fenômenos, se revestem aí de uma forma
particular. E isso o que está contido na noção de autonomia: um campo é um
microcosmo autônomo no interior do macrocosmo social (BOURDIEU, 2011 p.
195).
É importante frisar que nessa conceituação, o autor enfatiza a relativa autonomia do
campo, “quanto mais o campo político se constitui, mais ele se autonomiza, mais se
27
profissionaliza, mais os profissionais tendem a ver os profanos com uma espécie de
comiseração” (BORDIEU, 2011, p. 197).
Dentro do campo político estão situadas as organizações públicas, consideradas por
Dias (1998) citado por Pires e Macêdo (2005, p. 95), “como sistemas dinâmicos,
extremamente complexos, interdependentes e inter-relacionados coerentemente, envolvendo
informações e seus fluxos, estruturas organizacionais, pessoas e tecnologias”. No contexto
geográfico de que trata esta monografia, podemos compreender que o conjunto de
organizações municipais, como prefeitura, câmara de vereadores e fórum, os quais tem como
finalidade a manutenção da ordem e bem-estar social, formam a representação da instituição
poder público, no que se limita ao âmbito municipal.
Uma das principais características da democracia em que vivemos é a socialização da
informação, requisito básico para exercer a cidadania dos indivíduos que nesta sociedade
convivem. Como descreve Bezzon (2004, p. 23)10 “o acesso e o direito à informação tornam-
se requisito básico para o exercício da cidadania. Isso exige transparência e fidedignidade nas
informações veiculadas pelos meios de comunicação de massa para que a opinião pública
possa formar-se democraticamente”.
Neste contexto de formação democrática, permitir ao cidadão o direito de participação,
seja diretamente, ou através da possibilidade de dar-lhe voz, requer a cultura de práticas
participativas e a informação necessária para tomada de escolha nas determinadas situações.
Como descreve Benavides (1991) citado por Bezzon (2004, p. 23)
A institucionalização de práticas participativas permite que o cidadão se interesse
diretamente pelos assuntos que lhe dizem respeito e, sobretudo, se mantenha
informado sobre os acontecimentos de interesse pessoal. Além do que, é através da
participação em processos decisórios de interesse público, como os referendos,
plebiscitos e iniciativas populares, que se dá a educação política, que já é importante
em si, independente do resultado do processo.
Um fator importante citado por Benavides (1991) e que tanto influencia como dificulta
a comunicação das organizações públicas atualmente, é a educação política, que ao longo do
desenvolvimento da sociedade democrática não se fez presente no aprendizado dos cidadãos,
distanciando os mesmos do campo político, tratado por muitos como um campo distante e
fechado da realidade social.
Segundo Bezzon (2004, p. 18) o consenso da falta de educação política é resultado da
herança política do país, onde por mais que houvesse instalada uma democracia, a forma de se
10 In: OLIVEIRA, Maria José da Costa (org.). Comunicação pública. Campinas: Alínea, 2004.
28
fazer política era através de práticas como coronelismo, clientelismo e instituições
patrimonialistas de poder. O que acabou influenciando no que a autora (2004, p. 21) define
como “o conceito mínimo de democracia”, onde os cidadãos devem estar preparados para
utilizar as regras de participação democráticas.
Porém, atualmente é possível notar o aumento da procura por informações políticas e a
participação popular dos cidadãos nesta, como já afirmado através das pesquisas descritas na
introdução, não somente isto, há também uma vontade de aproximação das organizações
públicas do cidadão, primeiramente para evitar o papel de mediação, tradicionalmente
realizada pelos meios de comunicação de massa, neste caso, grandes conglomerados de mídia,
mas também como ferramenta de publicidade institucional que visa ressaltar os feitos de cada
uma das gestões.
Esta comunicação, denominada comunicação pública, é caracterizada por Zemor
(1995) citado por Matos (2004, p. 118)11 como um campo, onde há
Uma modalidade formal, visando obter legitimidade de interesse público. Mesmo
reconhecendo a fusão entre o mundo dos negócios e o Estado, o autor acredita na
possibilidade de estruturação de uma prática que possa contribuir para identificar a
utilidade pública, alimentar o conhecimento cívico, facilitar a ação governamental e
garantir o debate público.
Cumpre frisar a expressão citada pelo autor, “legitimidade de interesse público”, por não ser
uma questão de legitimidade do campo da comunicação, mas sim, legitimar-se como um
campo de interesse público, quesito ainda não alcançado por questões históricas e atuais
destacadas pela autora Bezzon (2004).
Dentro deste campo da comunicação pública, é possível citar cinco categorias que tem
por objetivo difundir a informação, incentivando as práticas democráticas, estas criadas por
Zemor (1995) citado por Matos (2004, p.118), sendo:
Responder à obrigação que as instituições públicas têm de informar o público;
estabelecer uma relação de diálogo de forma a permitir a prestação de serviço ao
público; apresentar e promover os serviços da administração; tornar conhecidas as
instituições (comunicação externa e interna); e divulgar ações de comunicação
cívica e de interesse geral.
Qualquer uma destas estratégias comunicacionais, na sociedade dos meios de
comunicação de massa, exige que seja desenvolvida com qualidade e persuasão para que
consiga competir com outros milhares de informações que circulam e principalmente a
11 In: OLIVEIRA, Maria José da Costa (org.). Comunicação pública. Campinas: Alínea, 2004.
29
informação jornalística, comumente negativa. Para isto, se faz necessário o investimento em
publicidade, muitas vezes contrariados pela percepção social, que entende como desperdício
de dinheiro público, o campo justifica-se como prática necessária para gerar a satisfação dos
usuários.
Contudo, Giacomini Filho (2004, p. 138)12 justifica de maneira sucinta sua utilização,
no caso, para fins de programas governamentais, “não se implementam programas de saúde,
segurança e todos os demais sem informação, comunicação e promoção”. Complementado
por Rego (2002, p. 151) citado por Lara Camargos (2004, p. 139)13, “as campanhas deverão
se ater ao estritamente necessário: comunicações institucionais, editais, campanhas de
esclarecimento e orientação”.
Mas deve-se salientar que a comunicação pública não se refere somente a publicidade
ou com fins de promoção, há também o dever de divulgar as informações mais básicas aos
cidadãos e, neste caso, cabe à instituição a procura e manutenção de novos espaços para
divulgação dessas notícias com o intuito de que seja o menos possível excludente para que a
população possa ter acesso.
Nesse contexto, a internet surge como uma ferramenta que pode cumprir esse papel,
mas depende da organização saber se posicionar para obter a atenção dos usuários, incluindo-
a nas suas estratégias comunicacionais e fazendo dessa um meio de comunicação com as
massas. É possível notar também o maior interesse do usuário em procurar notícias através
desse meio, em pesquisa realizada pelo IBOPE Media14, a geração Y ou Millennials, que são
pessoas entre 20 e 34 anos fazem parte de um grupo onde 78% dessas pessoas acessam a
internet e 87% destes realizam também pesquisas pessoais ou leitura de notícias nacionais.
Com resultados similares, a Pesquisa Brasileira de Mídia 201515 afirma que o consumo da
internet durante todos os dias da semana, pela faixa etária de 16 a 25 anos e 26 a 35 anos, é de
respectivamente, 65% e 50%, os dois maiores percentuais obtidos. Ainda na mesma pesquisa,
67% dos entrevistados afirmam que usam internet para obter informações ou notícias, estando
empatado com entretenimento, ambos em primeiro lugar, apesar que apenas 6% afirmam ter
entrado em contato com o governo ou instituições públicas pelos perfis oficiais nas redes
sociais. Todas essas pesquisas servem para evidenciar o que uma última pesquisa realizada
12 In: OLIVEIRA, Maria José da Costa (org.). Comunicação pública. Campinas: Alínea, 2004. 13 In: _______________________________. Comunicação pública. Campinas: Alínea, 2004. 14 Disponível em: <http://www.ibope.com.br/pt-br/noticias/Paginas/78-da-Geracao-Y-acessa-a-internet.aspx>.
Acesso em: 07 jun. 2015. 15 Disponível em: <http://www.secom.gov.br/atuacao/pesquisa/lista-de-pesquisas-quantitativas-e-qualitativas-de-
contratos-atuais/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-2015.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2015.
30
pela Pew Research Center16 mostra, que atualmente 61% dos jovens que utilizam a rede social
Facebook utilizam-na para ler notícias sobre política, enquanto apenas 37% desses utilizam a
TV para o mesmo. Esse número mostra a inversão do meio de obtenção das notícias quando
comparado a geração Baby Boomers, nascidos entre 1950 e 1968, onde apenas 39% utiliza o
Facebook para informações políticas contra 60% que utilizam a TV.
A partir da exposição dos conceitos e fenômenos da legitimação e institucionalização e
a influência que as organizações do campo do político sofrem pelo campo dos media, o qual
interfere diretamente no papel da comunicação pública e que atualmente está na tentativa de
se desintermediar, será abordado como a legitimação se dá nas organizações públicas no
contexto desde a sociedade dos meios até a sociedade midiatizada, e quais as características
de cada um desses cenários midiáticos.
16 Disponível em: <http://info.abril.com.br/noticias/internet/2015/06/facebook-e-a-principal-fonte-de-noticias-
sobre-politica-da-geracao-y.shtml>. Acesso em: 07 jun. 2015.
31
3 ESTRATÉGIAS DE LEGITIMAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES NA SOCIEDADE
MIDIATIZADA
As estratégias de legitimação estão sujeitas ao regime de visibilidade de cada época,
sendo assim, pode-se presumir que a obtenção da legitimidade vai depender da forma em que
a organização vai dispor seus acontecimentos e discursos para o campo da mídia.
Tradicionalmente, essas estratégias resultavam em pontos de contato criados entre as
instituições e os indivíduos que eram, por exemplo, reuniões para tratar da vida cotidiana
onde acabavam por entrar no mérito ou demérito da instituição. Já com o desenvolvimento
dos meios de comunicação, a começar pela imprensa, criou-se um novo mecanismo de
legitimação, agora mediado pela instituição jornalística, onde o intercâmbio simbólico é
distinto da anterior interação face a face (BARICHELLO, 2004).
A concepção de estratégia utilizada é a desenvolvida por Saad (2003, p. 38), a qual
“envolve tomada de decisões acerca de produtos e tecnologia a ser desenvolvidos e/ou
absorvidos; da seleção do mercado e tipo de clientes a ser atingidos; e da criação e
manutenção de vantagens competitivas”. Ainda que aparentemente seja uma definição voltada
para área empresarial, as organizações públicas em questões de marketing e posicionamento,
são tal qual iguais a empresas que pretendem se vender para um público.
Em uma retrospectiva histórica, é possível discriminar a existência de três modelos
comunicacionais que interagem desde os primórdios dos meios de comunicação nas
sociedades com o campo político: o primeiro modelo traz a imprensa como forma de
comunicação e, esta, parte integrante do universo político, por exemplo, no interior do Estado
absolutista de Luís XIV (GOMES, 2004). Porém, é somente com a formação da esfera pública
burguesa, no século XVIII, que é possível identificar uma imprensa de opinião, conforme
Rodrigues (2001, p. 39) “é nas sociedades, nos clubes privados e, mais tarde, nos cafés que as
correntes de opinião se formam a partir, nomeadamente, da discussão de opiniões
controversas”. Essa, por sua vez, está situada no interior da esfera civil, fora da esfera
reservada do Estado absoluto, e surge como crítica às decisões políticas, além da defesa dos
interesses da burguesia (GOMES, 2004). Ainda segundo o autor, “ela é fruto da necessidade
de constituição da publicidade civil, isto é, de uma esfera de discussão pública política
realizada fora da esfera política restrita, mas como parte essencial do universo político
conduzido na esfera pública” (GOMES, 2004, p. 46).
Em um segundo momento, ainda do mesmo modelo, os burgueses assumem o Estado
e as esferas políticas, logo, a relação entre imprensa e política precisa ser reconsiderada, pois,
32
a imprensa controlada pela classe burguesa, antes unanime contra o Estado aristocrático,
agora é a detentora do controle do mesmo e não há como permanecer contra o qual antes
polemizara. É então, a partir desse momento, que surge a imprensa de partido, dividindo-se
entre periódicos governistas e periódicos de oposição conforme o controle do Estado
democrático alternava de poder, obscurecendo seu papel de defesa dos interesses da sociedade
civil (GOMES, 2004).
O segundo modelo comunicacional, conforme Gomes (2004)
Corresponde a um momento em que a imprensa se encontra numa situação ainda
muito parecida com a anterior, mas agora acompanhada por uma série de instituições
sociais dotadas de meios tecnológicos de produção, reprodução e emissão ou
circulação de mensagens e produtos culturais de distribuição massiva. Além da
imprensa, temos o rádio e o cinema e, mais tarde, a televisão (GOMES, 2004, p. 47).
Do ponto de vista da usabilidade pela esfera política, essas instituições eram
compreendidas, principalmente, como difusoras de mensagens de ampla escala e, por isso,
meios de comunicação de massa. Surge assim, o termo mass media, que parte da concepção
que a única finalidade desses dispositivos é a capacidade de difundir conteúdos e mensagens
para audiências massivas, excluindo toda indústria de informação e cultural que está
intrinsicamente ligada a essas formas de difusão. Nesse contexto, não se pode mais pensar a
comunicação como reuniões em público para discutir os assuntos políticos que interessam, a
ambiência já não é mais a mesma, os meios de comunicação agora alcançam, ao mesmo
tempo, as mais variadas localidades e os mais variados perfis sociais, desde o indivíduo
analfabeto até o alfabetizado e culto (GOMES, 2004).
Podemos deduzir, então, que a comunicação das instituições deve valer-se de
estratégias que articulem sua interação com a sociedade, pois as novas tecnologias
possibilitam novas formas de sociabilidade, modificam antigas formas, criam
situações diferenciadas para ação e interação e, portanto, reestruturam as relações
existentes entre as instituições e organizações e a sociedade da qual elas fazem parte
(BARICHELLO, 2004, p. 29).
Porém, ainda neste modelo, não é representada nenhuma reação dos
consumidores/espectadores da comunicação de massa, quanto à informação e cultura
consumidas, constituindo-se assim, em um público passivo e submetido ao fluxo de
mensagens provenientes da esfera política e econômica (GOMES, 2004).
O terceiro modelo surge no século XX e vai, aos poucos, se consolidando e tornando-
se predominante. Esse modelo surge em uma sociedade que já está habituada a consumir
informação e há uma crescente demanda por informação atualizada, imparcial, etc, a qual a
33
imprensa de partido não poderia atender veridicamente, já que era uma fonte interessada no
jogo político. De maneira similar, Barichello (2004, p. 26) afirma, “hoje o que conta é a
capacidade de articular o que estava disperso e a velocidade é característica basilar dessa nova
situação”. Emerge, assim, a indústria da informação, que passa a não depender mais das
organizações e partidos, mas com os consumidores desta e com os anunciantes, denominado,
imprensa empresarial, disposta a fornecer os conteúdos que o espectador desejar assistir, sem
restrições de interesses, em troca de sua audiência, ferramenta essencial na negociação com os
anunciantes. Existe ainda, o emprego da comunicação pelo Estado, que serve para gerar
capital específico, deixando de lado os interesses da indústria da comunicação (GOMES,
2004).
Transcrevendo essas informações para uma fácil leitura, pode-se observar no quadro 1
as diferentes características de cada um desses modelos comunicacionais propostos por
Gomes (2004).
Quadro 1 - Comparativo dos modelos comunicacionais propostos por Gomes (2004).
Modelos
comunicacionais:
Primeiro Modelo Segundo Modelo Terceiro Modelo
Forma de
comunicação:
Imprensa de opinião
(periódicos
governistas e de
oposição).
Imprensa, rádio,
cinema e televisão
(mass media).
Midiatização (TIC’s).
Instituição
mediadora:
Campo político. Campo dos media. Desintermediação.
Características: Discussão dos temas
em reuniões de
praças públicas e
cafés.
Alcance dos mais
diversos públicos.
Consumidor passivo.
Alteração nos fluxos
comunicacionais
(interação dos
receptores).
Velocidade da
informação (nada
para).
Conteúdo é gerado
para o público (o que
ele quer, quando ele
quer). Fonte: Elaborado pelo autor.
A indústria da informação na sociedade dos meios, aproveitando-se do seu público,
cria novas formas de publicidade, sendo descritas por Thompson (1998) citado por
Barrichello (2004, 74) como um espaço do visível, “ele é um espaço não localizado, não
dialógico e aberto, no qual as formas simbólicas mediadas podem ser produzidas e recebidas
por uma pluralidade de outros não presentes”. Esse conjunto de transformações ocasionadas
34
no fluxo de produção cultural, denominadas por Lyotard como “pós-moderno”, marcam o
nascimento das sociedades pós-industriais.
Posterior a essa revisão histórica e aprofundada da comunicação na sociedade, em uma
abordagem resumida, Sanchotene (2009) afirma que na sociedade dos meios a legitimação se
dava por meio da visibilidade, a capacidade de desenvolver pontos de contato com os outros
campos sociais, esses pontos de contato eram como elos de confiança que na sociedade
midiatizada passaram a sofrer a influência de um mediador, fenômeno este exemplificado na
figura 1.
Figura 1 - Pontos de contatos desenvolvidos por meio dos elos de confiança.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Segundo o autor (2009, p. 250), “a interrupção da ‘sociedade dos meios’ na ‘sociedade
midiatizada’ é uma consequência da interrupção do ‘contato direto’ (LUHMANN, 2005) entre
os indivíduos pela presença das mídias”. Vale ressaltar que a definição realizada pelo autor
abre espaço para dúvidas, visto que, com a presença das mídias, não houve uma interrupção
no contato direto, pois o mediador apenas realizaria a função de “filtrar” as informações, mas
ainda mantendo contato. O que pode ser melhor compreendido como a interrupção do contato
direto é a presença das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), ou seja,
passando agora para um contato através de meios tecnológicos.
Não diferente, o campo da publicidade também é um que necessita de legitimação,
estando dividido entre auxiliar os outros campos a se justificarem através da sua promoção e
Praça pública
Campo político
Campo científico
Campo filosófico
Campo jornalístico
35
também justificar o próprio campo, principalmente pela visibilidade que este dá aos outros
campos e, por isso, a necessidade de oferecer credibilidade.
A presença das mídias ocasionaa mediação dos discursos propostos pelas
organizações, passando a ser uma instituição fundamental para legitimação das organizações e
dos outros campos sociais, justificando a existência dessas e também auxiliando na
proposição de ações coletivas e individuais. Esse elo das organizações com a mídia visa
contribuir para o debate público por acrescentar informações no que podemos considerar
esfera pública contemporânea (BARICHELLO, 2004).
Porém, os dispositivos de comunicação foram incluídos nos setores sociais da
informação e cultura para satisfazer unicamente a seus interesses, não representando qualquer
segurança de que os interesses desses campos sociais sejam defendidos, a não ser, que estes
venham a coincidir com os primeiros (GOMES, 2004). Por esse fato, Barichello (2004) ao
abordar a instituição universitária, defende que
Situar a comunicação num plano estratégico é considerar a inserção e a
singularidade da instituição universitária na contemporaneidade e nos imperativos
de uma nova ordem mundial calcada na desterritorialização provocada pelo capital e
apoiada nas novas tecnologias de informação e nos mass media (BARICHELLO,
2004, p. 26)
Todavia, apesar dos estudos indicarem a proposição de uma estratégia comunicacional
que venha a trazer benefícios para a organização, ainda assim, é na interação com os setores
externos dessa que, a partir das práticas cotidianas, vai ser construída a identidade e
legitimidade da mesma (BARICHELLO, 2004). Vale ressaltar, no contexto das organizações
públicas, que o proposto pela autora é muito relevante, visto que, no Brasil, conforme já
descrito por Benavides (1991), por resquícios históricos de formas inadequadas de se fazer
política, a população é muito dependente dos serviços do Estado e suas representações físicas.
Retomando a questão dos novos fluxos de informação, característicos da sociedade
midiatizada, recorre-se a Hjarvard (2008, p. 61) para conceituar o termo midiatização, como a
influência exercida pela mídia em determinadas situações ou fenômenos sobre as diferentes
instituições sociais. Em uma visão semelhante, Sodré (2002) citado por Carvalho (2010)
conceitua a midiatização
Configura uma nova bios, o midiático, pelo qual a mídia atua como prótese da ação
humana, transformando a sociedade e fundando novas formas de interação entre os
sujeitos e destes com o mundo, transformando a forma de veicular as mensagens, de
criar vínculos e a própria cognição humana (SODRÉ, 2002 citado por CARVALHO,
2010, p. 51).
36
Quanto a “sociedade midiatizada”, Fausto Neto (2006, p. 3), considera que “sua
estrutura e dinâmica calcada na compressão espacial e temporal, que não somente institui,
como faz funcionar um novo tipo de real, cuja base das interações sociais não mais se tecem e
se estabelecem através de laços sociais, mas de ligações sociotécnicas”.
Essa configuração da atual sociedade midiatizada modifica os campos de interação
social, influenciando nas práticas institucionais e no dia a dia dos indivíduos e grupos,
deixando de ser apenas um campo autônomo e integrando sua percepção do mundo e suas
práticas sociais como um todo (CARVALHO, 2011). Conforme define Fausto Neto (2010, p.
10), “a ambiência impõe uma nova forma de relação entre produtores e receptores [...]. Como
se sabe, cada usuário de informação se torna em um produtor”.
Entretanto, por mais que a mídia massiva veicule mensagens para um número
indeterminado de pessoas, onde, geralmente, não há possibilidade de resposta, existe, nesse
novo contexto, o espaço do visível, onde novas formas simbólicas podem se expressar e não
há como controlar os resultados da visibilidade disso (BARICHELLO, 2004). Isto é, uma
comunicação de massa ainda unidirecional17, porém, com a convergência da comunicação
para outras plataformas onde o usuário tem espaço para expressar-se, alterando a lógica
comunicacional existente, criando um novo elemento, o meio dialógico, conforme pode-se
observar na figura 2.
Figura 2 - Etapas da comunicação e fenômeno da convergência para os meios dialógicos.
Fonte: Elaborado pelo autor.
Esse fenômeno da convergência é descrito por Jenkins (2009, p. 29) como o “fluxo de
conteúdos através de múltiplas plataformas de mídias, à cooperação entre múltiplos mercados
midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação [...]”.
Também é descrito pelo autor o termo cultura participativa, que obstante a épocas mais
17 Processo linear de comunicação em que o receptor ainda é um passivo na sua participação.
Emissor
(Organização)
Mídia de massa
(Televisão)
Receptor
(Participativo)
Meio dialógico
(Internet)
37
antigas onde o espectador era apenas passivo e no novo contexto, passam a ser agentes de
interação com os conteúdos, nos mais diversos meios e entre eles.
Ambos fenômenos podem ser notados em um exemplo que marcou o campo das
mídias sociais digitais, que foi o casamento da Prefeitura de Curitiba com a Prefeitura do Rio
de Janeiro18 na rede social digital Facebook. Lançada no dia 22 de setembro de 2014,
inicialmente a ação começou com uma brincadeira, mas devido ao sucesso que obteve,
extrapolou os limites da internet e acabou transformando-se em várias outras ações sociais
positivas e espontâneas de muitos usuários e organizações. Uma das ações propostas pelo
casamento está na figura 3 e foi a campanha para doação de sangue, que acabou dando nome
ao “Casamento Vermelho”, ao continuar da ação, foi criada inicialmente uma lista com 11
pedidos de casamento, que eram basicamente ações sociais, porém com o engajamento gerado
e a participação de outras prefeituras, empresas privadas e os próprios usuários, chegou a pelo
menos 50 ações sociais realizadas, por exemplo, por um colégio particular que doou 200
livros para escolas municipais.
Figura 3 - Imagem compartilhada pela Prefeitura de Curitiba para convidar para doação.
Fonte: Postagem realizada na fanpage da Prefeitura de Curitiba.19
18 Disponível em: <https://www.facebook.com/PrefeituradoRio>. Acesso em: 10 out. 2015. 19 Disponível em: < https://www.facebook.com/PrefsCuritiba/photos/pb.515514761825666.-
2207520000.1447163415./767247399985733/?type=3&theater> Acesso em: 10 out. 2015.
38
Essa ação conseguiu engajar o usuário a ponto de tira-lo da indiferença para que
através da informação obtida pela internet, realizem-se processos físicos, sentindo-se parte da
ação e ao mesmo tempo, foi uma ação que repercutiu em diversas outras mídias, como
jornais, páginas da internet de portais de notícias e televisão, convergindo para outros meios.
Por essa forte influência que a sociedade midiatizada exerce e, muitas vezes, o
descontrole sobre as ações e a visibilidade que pode ser gerada por esse público produtor de
informação, a comunicação organizacional passar a ser parte estratégica das organizações,
compreendendo segundo Bueno (2003, p. 72), “um conjunto complexo de atividades, ações,
estratégias, produtos e processos desenvolvidos para reforçar a imagem de uma empresa ou
entidade, junto aos seus públicos de interesse, ou junto à opinião pública”.
Para execução deste conjunto complexo de atividades, é necessária a utilização de
ferramentas de caráter estratégico, as quais estão diretamente ligadas à comunicação
integrada, por exemplo, relações públicas, assessoria de imprensa, publicidade e propaganda,
entre outros, que consiste na soma de esforços para agregar valor a uma marca (MICHEL,
MICHEL e PORCIÚNCULA, 2013). Ou ainda, da publicidade, como definido por Gomes
(2004, p. 24) “tais estratégias, para serem eficientes, solicitam as competências e as
habilidades técnicas do marketing, da sondagem de opinião, das consultorias de imagem, das
análises de opinião pública e das assessorias da comunicação”.
Segundo Barichello (2004, p. 30), quando utilizadas no planejamento de comunicação
para demarcar o posicionamento das organizações, as estratégias têm a função de enunciação
e reconhecimento, com o objetivo de “diminuir a imprevisibilidade, pois os processos
comunicacionais são dotados de valores, que põem em jogo as estratégias intervenientes do
processo”. A visibilidade pública passa a ser pautada agora pela comunicação, em uma
estreita relação com a comunicação de massa, essa afirmação pode ser confirmada pela
significativa transformação que o campo político sofre com, por exemplo, a necessidade da
formação de novas competências e habilidades pela presença da televisão no campo
(GOMES, 2004).
A aplicação de todas essas estratégias tem como atribuição dar ao campo político
condições de competir com um público de massa, interessado em divertimento, novelas e
passatempo, oferecendo uma exposição de conceitos, ideias e exposição de programas, mas
que mesmo assim, mostra-se improdutivo para satisfazer o pequeno interesse político
demonstrado pela audiência (GOMES, 2004).
Porém, com a pós-modernidade, a midiatização e a fragmentação dos discursos
(CARVALHO, 2010), não é mais plausível que organizações utilizem apenas do modelo de
39
comunicação de massa para lidar com seus públicos, com a produção de uma mensagem para
todos os meios. Gomes (2004), ainda com pensamento focado na comunicação de massa, faz
uma afirmação sobre os discursos políticos que já se aproxima da fragmentação dos discursos
propostos na pós-modernidade.
Sejam organizados de acordo com a gramática específica das linguagens dos meios
onde devem circular. Linguagens que vêm a ser justamente aquelas que orientam a
apreciação e o consumo de mensagens por parte dos públicos que se deseja alcançar.
[...] Decorre desse pressuposto a evidência da centralidade das estratégias voltadas
para a produção e administração de afetos e de emoções, para a conversão de
eventos e idéias em narrativas para o destaque daquilo que é espetacular, incomum
ou escandaloso (GOMES, 2004, p. 24).
Sendo colocado por Bueno (2003, p. 60), em uma visão mais atual, com a inclusão da
internet, “o relacionamento com os públicos de interesse deve pautar-se, agora, por agilidade
e interatividade, e os comunicadores organizacionais devem ter a capacidade de estabelecer
estratégias que levem em conta a potencialidade da internet”.
No contexto das organizações públicas, especificamente prefeituras, o relacionamento
através das mídias sociais digitais é recente, surgindo como uma alternativa à mediação antes
impostas pelos meios de comunicação tradicionais, fenômeno denominado por Lèvy (1998)
de desintermediação, “em que o intermediário pode ser a imprensa, uma instituição ou uma
pessoa da comunidade e cujo processo se baseia no engajamento de determinado público no fluxo
informativo das mídias sociais digitais”. Tal desintermediação e crescimento no interesse das
organizações públicas pelas mídias sociais, também pode ser visto pelo lado da participação
popular, servindo como uma ferramenta de aspiração a sociedade civil na construção de políticas
públicas por meio das novas tecnologias.
Com essa nova lógica de rede, torna-se cada vez mais importante agregar valor à
informação, conforme Tomsen (2000, p. 10) citado por Saad (2003) existem cinco fatores de
valorização da informação digital, são eles: credibilidade, inovação, relevância, imediatismo e
utilidade. Essa valoração da informação é considerada pelo autor como fundamental para um
primeiro passo do usuário em direção à interação com o emissor.
No campo sociopolítico brasileiro, é possível notar desinteresse e incredibilidade por parte
da população nas instituições públicas, tornando mais difícil ainda o engajamento dos públicos
por parte das organizações nas mídias sociais digitais, não sendo suficiente apenas transpor a
comunicação das mídias tradicionais para as mídias digitais. É necessária uma adequação da
mensagem ao público, que passa a ser segmentado e com as características do meio.
40
Conforme Saad (2003, p. 62) esse processo pode ser denominado agregação, que é “a
atividade de formatação da informação conforme as características do meio e do seu público-
alvo”. Isto é, além de impedimentos técnicos, por exemplo, no microblog Twitter há a limitação
de 146 caracteres por cada tweet, limitando o tamanho da mensagem, há também questões
culturais e nessa questão está a importância do conhecimento do usuário, que por muitas vezes
utiliza as redes para fins de entretenimento e não lhe chama a atenção textos longos, sem imagens,
entre outros.
Diferentemente do objeto de estudo de Carvalho (2010, p. 74), que se delimita a
legitimação das instituições jornalísticas no microblog Twitter, em que a autora refere-se à lógica
de distribuição da informação na era digital, afirmando que “não funcionaria mais a oferta de
notícias sem levar em conta a demanda do consumidor”. Neste caso, devido ao objeto de trabalho,
compreende-se que organizações públicas não devem basear sua estratégia comunicacional em
demanda do conteúdo, isto é, fornecer apenas o que o público procura ou notícias, devido às
características que a fundamentam, como acesso à informação e transparência que são direitos da
população, tendo o dever de posicionar-se frente a acontecimentos de qualquer opinião.
Um exemplo de posicionamento quando a opinião não é favorável, foi uma postagem da
Prefeitura de Curitiba a qual tratava de um casamento coletivo que seria realizado na cidade e
também contaria com a participação de casais homossexuais. A imagem publicada (Figura 4)
gerou uma polêmica com os vereadores da bancada evangélica protestaram por considerarem
incoerente com o estado laico a proposta da imagem que apoiava as diferentes formas de casais e
a imagem foi retirada, porém, a retirada da imagem acabou causando uma contestação maior por
parte do público defensor da liberdade sexual e ainda outros públicos solidários a causa,
obrigando a organização a tomar uma posição, que voltou atrás e novamente publicou a imagem.20
Figura 4 - Publicação realizada após a polêmica com o pedido de desculpas da equipe da Prefeitura.
20 Disponível em: <http://bandnewsfmcuritiba.com/bancada-evangelica-pressiona-e-prefeitura-retira-postagem-
no-facebook-sobre-uniao-homoafetiva/>. Acesso:14/10/2015.
41
Fonte: Postagem realizada na fanpage da Prefeitura de Curitiba21. Acesso em: 09 set. 2015.
Além de permitir divulgar esses acontecimentos, por mais que aconteçam conflitos
imprevisíveis, a liberdade das organizações tratarem dos diversos temas e resolverem diretamente
com seus receptores possibilita às organizações a criação de um diálogo que agrega valor, ao
contrário do que seria, caso essa informação fosse divulgada por instituições mediadoras.
Por esse processo de midiatização, as organizações precisam estar incluídas nessa nova
ambiência, interagindo com seus públicos na tentativa de criar uma relação direta, e a internet
surge como um campo que é capaz de comportar todos os tipos de mídias e permitir que a
organização legitime-se como importante para os indivíduos, sendo que esse diálogo pode ser
mais facilmente criado através das mídias sociais digitais, onde os usuários buscam
entretenimento e as empresas podem se posicionar como produtoras de conteúdo.
21 Disponível em: < https://www.facebook.com/PrefsCuritiba/photos/pb.515514761825666.-
2207520000.1447207987./771321696244970/?type=3&theater>. Acesso em: 08 out. 2015.
42
4 AS ORGANIZAÇÕES NAS MÍDIAS SOCIAIS DIGITAIS
Neste último capítulo, serão abordados os conceitos de mídias sociais digitais, a rede
social digital Facebook e a comunicação estratégica das organizações nas mídias sociais. O
termo mídia social é utilizado por Terra (2011, p. 2) de maneira já relacionada ao seu
funcionamento na web, sendo conceituado como
Aquela utilizada pelas pessoas por meio de tecnologias e políticas na web com fins
de compartilhamento de opiniões, idéias, experiências e perspectivas. São
consideradas mídias sociais, os textos, imagens, áudio e vídeo em blogs, microblogs,
quadro de mensagens, podcasts, wikis, vlogs e afins que permitem a interação entre
os usuários.
Porém, adotaremos neste trabalho o conceito proposto por Carvalho (2010, p. 52), a
qual inclui o termo digital no conceito, deixando mais claramente especificado quais mídias
estão sendo tratadas.
A mídia social digital é entendida, aqui, como uma ambiência de fluxos
informacionais e comunicacionais que ocorrem a partir de ferramentas disponíveis
nas redes digitais, possibilitando usos e apropriações que envolvem a participação
ativa do interagente através de comentários, recomendações, disseminação e
compartilhamento de conteúdo próprio ou de terceiros.
Como visto, o uso do termo mídia social digital foi escolhido pela compreensão de
mídia social como um universo mais abrangente de significados, dentro deste está presente o
termo rede social digital, este termo por si inclui o site de rede social, bem como também
todos os aplicativos e plataformas que permitem o acesso a rede social digital, na qual está
inserido o Facebook.
Recuero (2011, p. 102) comenta sobre os sites de redes sociais como um elemento não
exatamente novo, “mas uma consequência da apropriação das ferramentas de comunicação
mediada pelo computador pelos atores sociais”. A autora busca a Boyd e Ellison (2007)22 para
construir uma definição, a qual colabora com três princípios básicos que definem os sites de
redes sociais, são eles: “i) a construção de uma persona através de um perfil ou página
pessoal; ii) a interação através de comentários; e iii) a exposição pública da rede social de
cada ator” (RECUERO, 2011, p. 102).
22 BOYD, d. m., & ELLISON, N. B. Social network sites: Definition, history, and scholarship. Journal of
Computer-Mediated Communication, 13(1), article 11. <http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html>
, 2007. Acesso em: 10 jul. 2008.
43
Dois elementos são norteadores do site de rede social: a apropriação, isto é, a
possibilidade de os atores sociais usarem das ferramentas desse site para interagiram com os
outros atores na rede; e a estrutura, que está expressa na existência de uma “lista de amigos” e
pelas trocas conversacionais, que auxiliam a manter a rede social (BOYD e ELLISON, 2007
citador por RECUERO, 2011, p. 102).
Para Lemos (2004) citado por Carvalho (2010, p. 53), “a comunicação nas redes
digitais caracteriza-se pela ubiquidade do polo de emissão, e pela circulação das informações
em um modelo todos-todos que se contrapõe à lógica um-todos da comunicação de massa”.
Essa ruptura na posição do espectador passivo para um produtor de conteúdo, foi o marco da
passagem para Web 2.0, quando a mídia não era mais a única detentora do poder e a
informação passa a ser pluralizada (MICHEL, MICHEL E PORCIÚNCULA, 2013, p. 128).
Uma das principais características destas mídias é a discussão bidirecional, a
conversação passa a ser uma via de mão dupla, onde não há mais uma liderança na conversa,
neste caso, não são mais os emissores que tem o poder de conversação, agora o usuário pode,
não só interagir, como também discordar das posições do emissor (TERRA, 2011).
Essa nova era de usuário produtor foi a base para o surgimento do conceito de Web
2.0, o qual ainda é bastante amplo e indefinido, porém, entre os seus princípios estão o que
Saad (2003) afirma como
Potencializa a ação do usuário na rede por meio da oferta, quase sempre gratuita, de
ferramentas que permitem a expressão e o compartilhamento com outros usuários de
opiniões, criações, desejos, reclamações, enfim, qualquer forma de comunicação
interpessoal (SAAD, 2003, p. 149).
Dentro desse contexto, resta as organizações oferecerem conteúdo de qualidade para
criar cenários favoráveis ao posicionamento positivo do usuário quanto a organização, porém,
para conseguir criar esse ambiente favorável, cada vez mais as organizações estão sendo
cobradas por um diálogo transparente, interação e criatividade nas suas mensagens, conforme
Terra (2011, p. 3), “no médio prazo, não é preciso ser um gênio da matemática para perceber
que se uma marca não fornece valor para os consumidores neste espaço, vai ter de pagar cada
vez mais caro para conseguir influenciar a decisão de compra através de outros meios”.
Porém, esta informação que passa a surgir de maneira quase que epidêmica pelos
atores nem sempre é digna de credibilidade, e para isso é necessário inferir a qualidade da
relação entre estes autores, sendo denominado por Recuero (2011) como capital social, esta
“verificação do tipo de valor construído em cada site pode auxiliar também na percepção do
44
capital social construído nesses ambientes e sua influência na construção e na estrutura das
redes sociais” (RECUERO, 2011, p. 107).
Existem determinados dois tipos de capital social, o relacional e o relacional cognitivo,
dentro destes, existem pelo menos quatro valores que são utilizados para inferir a
credibilidade de um ator dentro do site de rede social, são eles: a visibilidade, a reputação, a
popularidade e a autoridade (RECUERO, 2011). Ainda segundo a autora (2011), visibilidade
é definida pela quantidade de nós que um determinado ator possuí na rede, por “nós”
compreende-se as ligações realizadas por ele com outros atores, por exemplo, a lista de
amigos, a qual pode colaborar com este em situações de suporte e informações. Já a reputação
está ligada a percepção que um outro autor tem sobre este, isto é, a impressão criada através
dos dados fornecidos nesta rede, como, quem somos, o que gostamos, sobre o que
publicamos. Vale ressaltar, que estas redes permitem um maior filtro de quais informações
são publicadas ou não, permitindo construir uma reputação diferenciada da off-line. Outro
valor é a popularidade, a qual está relacionada a posição do nó nesta rede, deste modo, quanto
mais central for a posição do nó na rede, maior será sua popularidade, adquirindo assim, uma
maior capacidade de influência sobre os outros atores, não estando necessariamente ligada a
autoridade ou reputação do nó na rede. Por último, a autoridade de um ator na rede, é a
medida mais efetiva da influência que um ator tem sobre sua rede, enquanto um autor pode ter
uma boa reputação sobre si mesmo, não há necessariamente influência sobre os outros autores
em maior nível, porém, quando um ator desta rede consegue adquirir autoridade, comumente,
sobre um assunto específico, este passa a ter a capacidade de influenciar na decisão de seus
nós.
É importante destacar que o ápice de influência de uma organização é obter todos
esses valores em elevado grau, para isso é necessário um grande esforço de comunicação
organizacional, porém, necessário às organizações nesta ambiência das tecnologias digitais,
onde deve sempre integrar seus discursos e planejar suas ações antes de qualquer ingresso
neste território.
De acordo com Kunsch (2003, p. 14), “mais do que nunca, as organizações precisam
planejar estrategicamente sua comunicação, para realizar efetivos relacionamentos. Atender a
essas novas demandas dependerá da capacitação e da agressividade dos seus agentes, ou seja,
dos profissionais de relação públicas”. A autora refere-se sempre a profissionais de relações
públicas pois a mesma entende que a função de criar esse diálogo é parte do fazer da
profissão, enquanto que os publicitários teriam papel mais importante no marketing, em
vender a organização.
45
Michel; Michel e Porciúncula (2013, p. 125) afirma que, “paradar conta de tantas
atividades e atingir seus objetivos a comunicação organizacional utiliza de ferramentas de
caráter estratégico que fortaleçam o plano organizacional e sua execução de modo
satisfatório”.
Esse plano comunicacional deve estar muito bem desenvolvido e contextualizado para
que o seja possível alcançar seus objetivos, Kunsch (2000) delimita como as organizações
devem fazer isso
Só com a abertura de canais eficientes será possível viabilizar o processo interativo e
as mediações entre a organização e seus públicos estratégicos (stakeholders), a
opinião pública e a sociedade em geral. Para tanto, o setor dela encarregado deve
saber e poder administra-la estrategicamente. Também os seguimentos da sociedade
civil terão que adotar a comunicação organizacional como uma de suas prioridades,
se quiserem obter sucessos e resultados nas conquistas sociais e ter maior
visibilidade nos seus programas de ação (KUNSCH, 2000, 57)
Neste contexto, a necessidade de estratégias adequadas para inserção das organizações
nas mídias sociais digitais se faz, cada vez mais, necessidade de reflexão de teóricos e
estudiosos do tema, conforme Terra (2011, p. 5)
Nas grandes organizações as mídias sociais podem auxiliar nos processos de
colaboração com parceiros, clientes e empregados. Programas que tornem a
corporação conversacional podem ser usados para compartilhamento de
conhecimento, treinamento e de diálogos existentes. Alguns clientes comandam
comunidades que podem servir de aprendizado para as organizações. A chave para
usar as mídias sociais está em ter o que dizer e planejar como fazê-lo. A ferramenta
em si é secundário, pois o contexto muda o tempo todo.
Uma das principais estratégias, não só das mídias sociais como também organizacional
das empresas, é a criação de uma conversação com seus usuários ou consumidores, conforme
Bueno (2015, p. 131) a utilização dessa estratégia no meio digital deve estar “respaldada na
integridade, na ética, na transparência, na disposição para ouvir e para alterar comportamentos
ou atitudes quando eles se mostram contrários ao interesse dos públicos estratégicos ou da
sociedade”. Ainda segundo o autor (2015), utilizar as mídias digitais como um espaço para
relacionamento necessita que sejam abandonados hábitos que comumente são empregados nas
mídias tradicionais, como, o autoritarismo, a arrogância e o tom grandiloquente.
Outra das estratégias destacadas por Bueno (2015), é a estratégia de content
marketing, conhecida por agregar valor ao conteúdo, visto que, o consumidor tem agora o
poder de selecionar o que deseja ou não ver, então cabe as organizações tornarem seu
46
conteúdo atraente o suficiente para conseguir chamar a atenção do consumidor e gerar o
engajamento dele com a empresa.
A princípio, pode-se dizer que a qualidade (e o valor) de um conteúdo ou
informação engloba necessariamente vários fatores, como o tema ou assunto tratado,
a correção do seu enunciado, a oportunidade de sua veiculação, a adequação do
canal utilizado para esse fim, dentre outros. Isso significa que não existe um
conteúdo (ou informação) sempre relevante porque ele precisa se adequar ao canal
que o transmite e ao público a quem se destina (BUENO, 2015, p. 133).
Enquanto o content marketing é visto como uma boa prática para as organizações,
existem ainda organizações que fazem exatamente o contrário, apenas republicando o que já
foi criado para outras mídias, sem adequação nenhuma as características do meio, deixando de
aproveitar a oportunidade de interação que um conteúdo adequado poderia gerar. (BUENO,
2015).
Conforme o autor (2015, p. 123), existem dois motivos para que ainda ocorram relatos
dessas práticas não adequadas de comunicação, um deles seria que as empresas enxergam as
mídias sociais como uma ameaça, principalmente devido a vulnerabilidade a que estas ficam
expostas, porém, deixam de perceber toda potencialidade das mesmas; e o outro motivo seria
a incapacidade para estabelecer relacionamentos em um ambiente pluralizado e onde não há o
controle da locução.
O problema ocasionado por estas más práticas é que enquanto nas mídias tradicionais
não existe a possibilidade de reação imediata, e não tem um alcance tão grande quanto a web,
os danos de uma reação negativa dos usuários podem ser controlados com maior eficácia,
porém, na internet esses danos podem causar um efeito muito maior na organização, sendo
impossível desfazer o equívoco, visto que, depois de estar online os usuários copiam e
publicam em outros locais de discussão, o qual a mesma não tem como se pronunciar.
Um caso destas más práticas utilizadas pelas organizações aconteceu com a página do
Governo de Brasília no Facebook23, quando ao comentar uma postagem da mesma sobre
reajustes que seriam feitos para suprir o rombo de R$5,25 bilhões aos cofres da capital, com a
seguinte frase “O preço da passagem não pode subir. Isso é um absurdo!!!” e recebeu como
resposta “Thais, Boa noite.”, conforme pode ser visto na figura 5. Existe a dúvida sobre a
resposta ter sido gerada pelo uso indiscriminado de respostas automáticas ou por erro técnico
23 Disponível em: < http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/09/18/como-um-boa-noite-do-
governo-do-df-virou-piada-no-facebook.htm>. Acesso em: 01 nov. 2015.
47
ou humano, mesmo assim, o comentário teve repercussão negativa e acabou se tornando
notícia em portais e virando meme24 na mídia social.
Figura 5 - Comentário da usuária Thais Moreira e a resposta do Governo de Brasília.
Fonte: Matéria de referência no portal de notícias Uol. Acesso em: 01 nov. 2015.
Todas estas estratégias de posicionamento das organizações nas mídias sociais
digitais, buscam atingir o usuário e gerar engajamento ou audiência, esses dois conceitos
servem para medir a eficácia da comunicação, e são compostos de vários outros itens que
caracterizam essas boas práticas, por exemplo, envolvimento, interação, conversação, etc.
A diferença entre engajamento e audiência é discutida por Recuero (2013, online) que
realiza a reflexão entre qual das duas táticas tem melhor aproveitamento, por engajamento a
autora considera o número de usuários que estão engajados com a marca na rede social,
gerando conversação e participação, enquanto que a audiência é similar a anunciar em uma
mídia de massa, onde são consumidores em potencial. A autora ainda destaca que o
engajamento, comumente, adquirido de maneira orgânica, faz com que a marca adquira uma
percepção mais natural pelos usuários, é a formação de um laço e capital social naquele
espaço, enquanto a tática de audiência, que requer investimentos pesados em mídia, dá um
maior controle a marca, forçando uma percepção pelos usuários.
Brian Haven25, da Forrester Consultoria, define engajamento como “envolvimento,
interação, relacionamento com a marca, que vai além do número de seguidores em uma rede
social ou likes em uma postagem”. Ainda descreve cada um dos itens,
24 O termo meme foi criado em 1976 pelo biólogo e escritor britânico Richard Dawkins para explicar o
fenômeno de replicação de certas informações e ideias em nossa sociedade.
48
Envolvimento – pode ser mensurado através das métricas comuns, como número de
visitas ao site, tempo gasto por página, número de páginas vistas.
Interação – comentários, pedidos de informação, discussão em fóruns, ações que
caracterizam iniciativa do usuário em entrar em contato com a marca.
Intimidade – medidor que busca saber o afeto de uma pessoa por uma marca.
Opinião, perspectiva, quais os sentimentos registrados em suas palavras dirigidas à
empresa através do atendimento e clientes que interagem. É pouco preciso, mas
fornece uma noção do que o consumidor sente.
Influência – probabilidade de a pessoa fazer uma compra/conversão e influenciar
seu grupo de contatos a fazer isso.
Outra contribuição importante é a de Brian Solis26, o qual criou uma lista com regras
para criar engajamento nas mídias sociais digitais,
1. Definir um tom e uma personalidade que combine como propósito, a missão e as
características da marca;
2. As pessoas esperam interagir com outras pessoas, por isso seja agradável,
consistente e prestativo;
3. Direcionar as conversações de modo que elas reforcem a personalidade e o valor
da marca;
4. Agregar valor a cada engajamento – contribuir para o desenvolvimento e o legado
da marca;
[...] 8. Os perfis empresariais não são para compartilhar pontos de vista pessoais, a
menos que reforcem os valores da marca e feitos de acordo com as diretrizes e o
código de conduta;
9. Seja transparente e humano, mas também faça isso com base em propostas que
gerem valor e soluções;
[...] 18. Descobrir o máximo possível sobre as intenções que geraram a interação;
19. Faça consulta para responder sobre questões mais abertas ou pergunte para
pessoas mais qualificados a responder;
[...] 21. Capacitar e qualificar os porta-vozes para oferecer soluções e resoluções
mais rapidamente;
[...] 24. O que você compartilhe pode e será usado contra você – A internet tem uma
memória de longo prazo;
25. Em caso de dúvida, peça orientação.
Terra (2011, p. 280) citado por Machado (201), também contribui para construção de
um manual dessas boas práticas, sugerindo dez passos de como proceder com a elaboração de
estratégias em mídia digitais para que seja uma operação dirigida de forma saudável. São eles:
1. Mapear quem são os atores on-line que falam sobre o seu setor, marca, negócio ou
produtos;
2. Monitorar conversações, classificando-as pelo seu teor e grau de influência de
seus interlocutores;
3. Elaborar planos de ação e interferência (quando necessário) para gerenciar a
imagem da organização;
25 Disponível em: <http://www.marketingdeconteudo.com.br/videos/o-que-e-mesmo-engajamento/>. Acesso em:
10 nov. 2015. 26 Disponível em: <http://www.midiassociais.net/2011/04/25-regras-de-engajamento-em-social-media/>. Acesso
em: 10 nov. 2015.
49
4. Dispor de recursos humanos especializados em redes sociais que entendam o
comportamento de agentes e recomendem ações;
5. Saber interferir em ambientes exclusivos de usuários ou apenas monitorá-los.
6. Saber ouvir e propor mudanças nos negócios;
7. Tratar os usuários-mídias como públicos de relacionamento que demandam canais
específicos de comunicação;
8. Planejar com transparência ações induzidas que visem ao convencimento dos
usuários. Enganá-los é perder a credibilidade nesses meios;
9. Estudar se a mídia social suporta formas de patrocínio, apoio ou pagamento para
angariar exposição;
10. Mensurar e acompanhar ações de comunicação: conversações sobre temas
relevantes para a organização; alterações nos diálogos que envolvem a empresa;
links e tráfego que levam para o site; fortalecimento das relações; visitantes únicos,
tempo gasto por eles e locais de maior aceitação e rejeição; cliques que foram
convertidos em valor monetário; participação em outros programas de comunicação
da organização.
Neste contexto, a utilização destas táticas e estratégias de mídias sociais digitais
propicia as às organizações a criação de um novo canal de relacionamento, o qual
vivenciamos uma apropriação também por parte das organizações públicas, retomando ao fato
de que evita-se assim a mediação realizada pelos meios jornalísticos tradicionais e também a
criação de uma imagem favorável para a organização através dessas práticas de marketing que
podem ser adotadas.
Relembrando, que neste caso, pela característica de serem organizações públicas,
devem-se pautar pela distribuição de informações que tradicionalmente o usuário teria acesso,
mas também informações que o usuário desconhece, deixando de lado a comunicação
mercadológica e pautando-se pela transparência, conforme Duarte (2007, p. 64) citado por
Deckert (2014),
Deve incluir a possibilidade de o cidadão ter pleno conhecimento da informação que
lhe diz respeito, inclusive aquele que não busca por não saber que existe, a
possibilidade de expressar suas posições com a certeza de que será ouvido com
interesse e a perspectiva de participar ativamente, de obter orientação, educação e
diálogo.
Essa popularização das redes sociais pelas organizações públicas já foi aferida
através de pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet27, em 2013, quando
entrevistando órgãos federais, estaduais e prefeituras brasileiras para analisar qual o tipo de
rede social que estas organizações públicas utilizam, concluiu-se que 66% dos órgão federais
e estaduais estão no Facebook ou Google+, 59% estão em plataformas de microblog, como
Twitter e 43% estão presentes em mídias sociais voltadas para vídeos, como Youtube e
27 Disponível em: < http://www.cgi.br/noticia/cetic-br-lanca-primeira-pesquisa-sobre-o-uso-de-tecnologia-pelos-
orgaos-publicos-brasileiros/>. Acesso em: 05 nov. 2015.
50
Vimeo. Já, entre as prefeituras, 56% estão voltadas para as mídias sociais. A pesquisa
divulgou que 50% das organizações estão presentes em redes de relacionamento, 22% adotam
plataformas de vídeo, e 13% estão presentes em microblogs. Outra comprovação dessa
presença foi a divulgação da portaria n°38 (Norma Complementar n°15/IN01/DSIC/GSIPR),
publicada no Diário Oficial da União em junho de 2012, que estabelece as diretrizes para o
uso seguro das redes sociais na Administração Pública Federal (APF).
Dentre as mídias sociais digitais citadas na pesquisa, está o Facebook, site de rede
social escolhido para ser analisado nesta pesquisa, é uma rede social digital, lançada em
fevereiro de 2004, que permite a criação de um perfil ou fanpage. Rodrigues (2014, p.18-19)
realiza toda descrição do funcionamento desta rede social digital. Para se conectar ao serviço
é preciso criar uma conta que exige algumas informações pessoais e a vinculação de um e-
mail ou telefone e senha para login, tais informações são solicitadas na página inicial do site.
O perfil é indicado para uso de pessoas, que permite até 5 mil amigos em rede. O usuário
pode postar fotografias, vídeos e textos em sua timeline (linha do tempo). Para isso, existe
uma barra de status (Figura 6), onde também é possível o usuário dizer com quem está (nessa
opção, é possível “marcar” outro usuário do Facebook, caso essa possibilidade seja liberada
nas configurações do perfil do usuário marcado), adicionar o que você está fazendo ou sentido
e qual localização se encontra ou também “marcar fanpages”.
Figura 6 - Barra de status no perfil do Facebook.
Fonte: www.facebook.com. Acesso em: 24 maio 2015.
As configurações permitem que o usuário controle as exibições de fotos ou posts que
apareçam sua imagem e façam vinculação com seu perfil. Isto é, não há possiblidade de
proibir que a foto de certo usuário seja postada, mas é possível, por meio das configurações,
não permitir que o perfil seja marcado em tal foto. Pelas configurações também é possível
definir se as informações contidas no perfil ficarão visíveis apenas para os amigos, para os
amigos dos amigos, para um grupo selecionado, exceto para determinadas pessoas ou para
todos usuários do Facebook.
51
As fanpages são as páginas destinadas para empresa, figuras públicas, produtos ou
organizações. Diferente dos perfis, não há número limite de seguidores ou fãs (que no perfil
são chamados de amigos). A opção para um usuário receber as atualizações de uma página em
sua linha do tempo, este deve “curtir” a fanpage.
Figura 7 - Exemplo do resumo das informações mostradas nas fanpages.
Fonte: www.facebook.com. Acesso em: 24 maio 2015
As fanpages permitem acesso à recursos diferentes dos perfis. Nelas, é possível
mensurar o alcance das postagens feitas, fazer anúncios pagos e de forma gratuita e ter acesso
a dados que mapeiam as ações da página, o que se fala de cada postagem e qual a interação
dos seguidores.
Os usuários do Facebook podem curtir os conteúdos postados em uma página,
compartilhar, comentar e ainda receber uma resposta de um comentário, quando as
configurações da fanpage permitem. Dessa forma, muitas empresas presentes no Facebook na
forma de fanpage usam os comentários como meio de diálogo entre os seguidores.
Neste contexto, pode-se perceber toda transição ocasionada com o advento das mídias
sociais digitais, desde quando a legitimação se dava em praça pública, com a discussão dos
assuntos veiculados nos periódicos e compreensão das organizações públicas como
fundamentais para o bem estar social, até esta primeira década de fortalecimento da internet,
com a inserção das mesmas nas mídias sociais, no desejo de atender aos anseios da população,
que cada vez mais quer ser ouvida. A legitimação que antes era adquirida num processo lento,
intermediado por outros campos, através dos meios tradicionais de comunicação, agora
52
também passa para uma lógica comunicacional voltada para o meio online, com estratégias
que visam criar um relacionamento com os públicos, cada vez mais exigentes, porém abertos
a novas formas de comunicação. Cabe às organizações saberem como atingir o público e
justificarem sua permanência no meio, conquistando um capital social positivo, com
credibilidade para dialogar e pautando-se na difusão de informação e compartilhamento de
temas relevantes para a sociedade, sendo, por exemplo, uma das estratégias, gerar conteúdo de
qualidade, aproveitando a multimedialidade que o meio permite para que se crie essa
conversação e participação do usuário, através da interação da interação do mesmo com a
organização.
A partir de todas essas abordagens e conceitos, espera-se ter fundamentos suficientes
para chegar a uma conclusão sobre como estas prefeituras estão utilizando das mídias sociais
digitais como ferramenta da legitimação das suas ações, também através destes primeiros
capítulos, a partir da observação do autor, construir as categorias que foram utilizadas para
análise do corpus.
53
5 AS PREFEITURAS NA MÍDIA SOCIAL DIGITAL FACEBOOK
5.1 As organizações no Facebook
O objeto a ser estudado caracteriza-se por três prefeituras municipais de capitais dos
estados da região sul, sendo elas: Prefeitura de Curitiba, capital do estado do Paraná; de
Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina e de Porto Alegre, capital do estado do Rio
Grande do Sul. Foram delimitadas estas três prefeituras pela similaridade sociocultural dos
estados, tornando inviável, por exemplo, analisar a reação dos seguidores de uma destas
prefeituras sobre a falta d’água que no Sul ocorre esporadicamente, enquanto que no Norte ou
Nordeste é um fato que assola a vida da população diariamente.
5.1.1 Prefeitura de Curitiba
A Prefeitura de Curitiba está na rede social digital Facebook desde março de 2013,
com sua fanpage criada pela Secretaria Municipal de Comunicação Social, contando
atualmente com 716mil seguidores28, sendo a prefeitura do Brasil com mais seguidores na
rede social. Apresenta nas suas informações o endereço, data de fundação, horário de
funcionamento, telefone para contato, website, em sua descrição curta “Bem-vindo à página
oficial da cidade de Curitiba. Aqui você conversa, curte, informa, critica e sugere. Assim,
juntos construímos uma cidade melhor” e em sua descrição longa especifica as regras que
devem ser respeitadas para que o usuário não tenha sua participação excluída ou ocultada, ou
ainda que seja banido da página. Possui também links para aplicativos externos e internos, por
exemplo, Instagram, Colab.re e Meu Ônibus.
Vale relembrar o que já foi explicado na justificativa deste trabalho: existe um
fenômeno que surgiu através da Prefeitura de Curitiba que foi um novo meio de conversar
com os públicos, trazendo uma linguagem informal/geek, e que está sendo apropriado por
diversas outras organizações públicas.
Figura 8 - Cabeçalho da fanpage da Prefeitura de Curitiba.
28 Acessado em 30 nov. 2015.
54
Fonte: Fanpage da prefeitura de Curitiba. Acesso em: 24 maio 2015.
5.1.2 Prefeitura de Florianópolis
A Prefeitura de Florianópolis conta com 80mil seguidores29 e teve sua primeira
postagem no dia 15 de abril de 2013, apresenta nas suas informações apenas telefone para
contato, e-mail, website e uma descrição curta “Seja bem-vindo a Fanpage Oficial da
Prefeitura Municipal de Florianópolis! Visite também: www.pmf.sc.gov.br”. Em uma breve
visualização da página é possível notar que possuem uma identidade visual bem definida, com
o uso frequente da cor azul nas suas peças. Na maioria das reclamações dos usuários através
dos comentários a prefeitura se manifestou respondendo ou chamando para o diálogo e
apresenta nos aplicativos os Termos de Uso, o Plano Diretor e Carnaval 2015.
Figura 9 - Cabeçalho da fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis. Acesso em: 24 maio 2015.
29 Acessado em: 30 nov. 2015.
55
5.1.3 Prefeitura de Porto Alegre
A Prefeitura de Porto Alegre tem apenas 24mil seguidores30, tendo sua primeira
participação em 8 de fevereiro de 2011. Traz nas suas informações o endereço, telefone para
contato, website, link para plataforma de micro mensagens Twitter31 e na descrição curta
“Esta é a Nossa Cidade. Juntos tornamos Porto Alegre o melhor lugar do mundo”. Tem nos
seus aplicativos a plataforma Colab.re e novamente o link para o Twitter e em sua fotografia
de capa exibe o selo do TCE (Tribunal de Contas do Estado) de Transparência na Internet
2014. Em muitas de suas postagens é possível notar a grande quantidade de texto, muitas
vezes em linguagem formal, também é possível notar a quase ausência de interações através
dos comentários e nenhuma resposta por parte da prefeitura.
Figura 10 - Cabeçalho da fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre. Acesso em: 24 maio 2015.
5.2 A análise de conteúdo
A metodologia utilizada para alcançar os objetivos deste trabalho é baseada em uma
metodologia qualiquanti com foco na análise de conteúdo (AC). A finalidade qualiquanti da
análise tem por função organizar o conteúdo de maneira que permita uma melhor visualização
de possíveis fenômenos e a partir disso, realizar as observações. Segundo Michel (2009, p.
39), “a pesquisa que quantifica e percentualiza opiniões, submetendo seus resultados a uma
30 Acesso em: 30 nov. 2015 31 Disponível em: https://www.twitter.com. Acesso em: 24 maio /05/2015.
56
análise crítica qualitativa. Isso permite levantar atitudes, pontos de vista, preferências que as
pessoas têm a respeito de determinados assuntos, fatos de um grupo definido de pessoas.”.
A AC é tomada a partir de uma abordagem em que a análise do objeto leva à reflexão
teórica e vice-versa. “É adequada para analisar a personalidade de alguém, avaliar textos
escritos, intenções de um publicitário, análise dos conteúdos das mensagens, propagandas,
veracidade em propostas de campanha, discursos políticos, entre outros” (MICHEL, 2009, p.
70).
A escolha da AC também se justifica, pela necessidade de uma ampla compreensão do
fenômeno, não especificamente de cada uma das mensagens, mas o que todo contexto e a
soma desses conteúdos permite identificar e ser avaliado, através do referencial teórico
exposto nos 4 capítulos anteriores.
5.2.1 Recorte do corpus
O conteúdo a ser analisado foi apanhado entre os dias 1° e 7 de novembro de 2015,
limitado a duas postagens de cada uma das prefeituras por dia, usando como critério de
escolha a com maior e menor número de curtidas. Esse critério não tem natureza analítica
quanto ao conteúdo seja das postagens ou também dos comentários, foi utilizado apenas
devido à grande disparidade no número de postagens entre a página da prefeitura de Curitiba e
as demais (sozinha, a página paranaense teria o dobro de postagens da soma das outras duas).
A partir da delimitação do corpus a ser analisado, foram coletadas 36 postagens,
através da função print screen, estando subdividas em 14, 12 e 10 postagens das Prefeituras
de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre, respectivamente. Mesmo com a delimitação
proposta, ainda assim, é possível perceber que tanto a Prefeitura de Florianópolis quanto a de
Porto Alegre tiveram um número menor de postagens, fato este, devido a publicação de
apenas uma postagem em determinado dia da semana, inviabilizando a seleção da com maior
e menor número de curtidas.
5.2.2 Categorias de análise
As categorias de análise em um primeiro nível são de caráter técnico e informativo,
para organizar corretamente as postagens e estão divididas em cinco itens, que formam o
protocolo de análise (Quadro 2).
Data – data da postagem composta pelo dia, mês e ano.
57
Curtir – número de usuários, páginas ou perfis, que marcaram a opção “curtir” na
postagem. Esta informação servirá para demonstrar a publicação com maior e menor
número de curtidas do dia em cada uma das prefeituras.
Texto – descrição verbal e símbolos que compõe a postagem.
Link – endereço de link para acessar a postagem.
Formatos – formatos de mídia disponíveis: imagem, vídeo, compartilhamento de
publicação de outra página, publicação de link, apenas texto.
Em anexo ao quadro 2, a partir da percepção durante a coleta do corpus foi possível notar
o tipo de material que mais era publicado por estas páginas e assim, delinear características
das postagens que englobassem o objetivo proposto. São elas:
Notícia: divulgação de matérias jornalísticas, acontecimentos da cidade, divulgação de
eventos e serviços.
Dentro desta primeira classificação ainda haverá outras duas subclassificações:
Formal: escritas com linguagem culta, sem nenhum desvio para termos criados na
internet, não abrindo muito espaço para o diálogo com os usuários.
Informal: utilizando uma linguagem despojada e/ou apropriando-se de memes da
internet para veiculação da matéria, dando a liberdade dos usuários comentarem
sobre.
Entretenimento: todo tipo de postagem que não seja de responsabilidade da prefeitura,
normalmente utilizado para criar um relacionamento com o público e personificar a
organização.
Ainda haverá um último item anexo ao quadro 2, onde irá caracterizar a apropriação
de técnicas e estratégias utilizadas nas mídias sociais digitais para buscar o engajamento com
os usuários, serão elas:
Conversação: quando incentivar o usuário, seja por texto ou visualmente, a utilizar os
recursos para conversar com a organização.
Menção: hyperlink para outras páginas na mesma mídia social digital.
Nas características da postagem e características da mídia social digital, será
selecionado no máximo uma categoria por publicação, com critério de escolha pela que tiver
58
em maior ênfase e também, podendo ocorrer de não haver nenhuma característica da mídia
social digital.
Quadro 2 - Protocolo para preenchimento dos dados das postagens.
DATA: FORMATOS:
CURTIR: TEXTO:
LINK32:
Característica da postagem:
Característica da mídia social digital:
Fonte: Elaborado pelo autor deste trabalho.
5.2.3 Análise do corpus
Prefeitura de Curitiba
Postagem 1: Receita do ar de Curitiba.
Figura 11 - Postagem 1 de Prefeitura de Curitiba: Receita do ar de Curitiba.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
A primeira postagem realizada pela Prefeitura de Curitiba no dia 01 de novembro,
trata de uma referência da boa qualidade do ar com as belezas da cidade. A publicação traz
um tom irônico ao utilizar da imagem de uma lata de atum com os dizeres “Ar de Curitiba”.
32 Os links inseridos sofrerão encurtamento por meio do site http://goo.gl para adequar sua extensão ao tamanho
do quadro.
59
Quadro 3 - Protocolo de análise da Postagem 1.
DATA: 01/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 4393 TEXTO: A receita da lata de ar, segundo o
fabricante, é essa: 14,3% Rua das Flores; 14,3%
Largo da Ordem; 14,3% Ópera de Arame 14,3%
Parque Barigui; 14,3% Passeio Público; 14,3%
Teatro Guaíra e 14,2% Teatro Paiol. Leve com
você e não sinta mais saudade.
Não deixe de conhecer a Leve
Curitiba: http://bit.ly/levecuritiba
LINK: https://goo.gl/t1lQKq
Características da postagem:
Entretenimento: A postagem é uma brincadeira pela qualidade do ar da cidade,
fazendo a comparação dos ingredientes do ar com um pouco de cada atração da
cidade e ainda convidando a conhecer a loja de souvennirs Leve Curitiba, o que
pode ser considerado fora dos padrões, visto que, é uma organização pública
divulgando uma iniciativa privada.
Características da mídia social digital:
Conversação: Convida o usuário a levar para casa o ar de Curitiba, de maneira
lúdica, porém abre espaço para o comentário dos leitores. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 2: Divulgação do evento Corrente Cultural
Figura 12 - Postagem 2 de Prefeitura de Curitiba: Divulgação do evento Corrente Cultural.
60
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
A segunda postagem da Prefeitura de Curitiba é composta um link para o site do
evento Corrente Cultural que acontece do dia 3 a 8 de novembro, com shows de diversos
artistas em 4 palcos espalhados pela cidade e 1 teatro.
Quadro 4 - Protocolo de análise da Postagem 2.
DATA: 01/11/2015 FORMATOS:
- Link
CURTIR: 71 TEXTO: Essa semana tem! Não deixe de
conferir a programação!
http://www.correntecultural.com.br/
LINK: https://goo.gl/tx0HQh
Características da postagem:
Notícia informal: postagem divulgando o link do site do evento Corrente Cultural
e convidando os usuários a conferirem a programação.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 3: A história do escravo Cruz e Souza
Figura 13 - Postagem 3 de Prefeitura de Curitiba: A história do escravo Cruz e Souza.
61
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
A terceira postagem realizada conta a história de Croz e Souza que nasceu escravo e
conquistou sucesso na vida, incentivando outras pessoas a perseguirem as oportunidades e o
combate ao racismo.
Quadro 5 - Protocolo de análise da Postagem 3.
DATA: 02/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 5984 TEXTO: Cruz e Sousa nasceu escravo? Isso
soa esquisito. Ninguém nasce escravo. De
qualquer forma, foi nessa posição que a
sociedade brasileira do século XIX o colocou.
Felizmente, Cruz e Sousa foi acolhido por uma
família de posses. Assim, teve acesso a uma boa
educação. Frequentou as melhores escolas e foi
sempre o melhor aluno.
Aproveitando todas as raras oportunidades que
teve, tornou-se um dos maiores intelectuais de
seu tempo. Respeitado como matemático e
como homem das letras.
Cruz e Sousa atuou na imprensa, dirigindo
jornais e militando por causas importantes,
como a abolição da escravatura.
LINK: https://goo.gl/Uf1TkH
62
Ele também era poeta. Seus versos são
reverenciados até hoje.
Sabe quem era fã de Cruz e Sousa? Paulo
Leminski!
Leminski escreveu uma biografia de Cruz e
Souza que pode ser encontrada na coletânea
"Vida", publicada pela Companhia das Letras.
#curitibanegra
Características da postagem:
Entretenimento: publicação para contar a história de um escravo que conseguiu
vencer na vida e também considerada contra o racismo pela utilização da hashtag
#curitibanegra, que cria o link com uma série de outras postagens onde foi
utilizado a mesma hashtag.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 4: Iniciativa Portal do Futuro
Figura 14 - Postagem 4 de Prefeitura de Curitiba: Iniciativa Portal do Futuro.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
A postagem da Prefeitura de Curitiba trata sobre a iniciativa Portal do Futuro que
reúne várias ações para benefícios dos jovens e que busca uma comunicação adequada ao
público, com uma linguagem descolada e ligada a órgãos, como, Conselho Municipal da
Juventude.
63
Quadro 6 - Protocolo de análise da Postagem 4.
DATA: 02/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 167 TEXTO: O Portal do Futuro é o programa para a juventude curitibana
com o objetivo de fortalecer as trajetórias dos jovens, na busca de
melhor qualidade de vida para que eles sejam os verdadeiros
protagonistas de uma construção coletiva que enalteça sua imagem
positiva, seu pertencimento e efetiva inclusão social.
Saiba mais:
http://www.portaldofuturo.curitiba.pr.gov.br/publico/conteudo/portalfut
uro.aspx
LINK:
https://goo.gl/RpP
AJd
Características da postagem:
Notícia informal: traz a divulgação de uma iniciativa, porém ao invés de falar sobre,
constrói todo um contexto inspirando curiosidade no usuário para saber mais sobre.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 5: #vempracorrente
Figura 15 - Postagem 5 de Prefeitura de Curitiba: #vempracorrente.
64
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Nesta postagem a Prefeitura de Curitiba realiza o compartilhamento da página da
Fundação Cultural de Curitiba, com a finalidade de divulgar o evento Corrente Cultural, já
abordado em outra postagem.
Quadro 7 - Protocolo de análise da Postagem 6.
DATA: 03/11/2015 FORMATOS:
- Compartilhamento
CURTIR: 119 TEXTO: Tem samba.
Tem rock.
Tem hip hop.
Tem mais de 30 atrações curitibanas.
E vai ter você. #vempracorrente
LINK:
https://goo.gl/DqAq5J
Características da postagem:
Notícia informal: divulga o evento Corrente Cultural com uma linguagem descolada e
usa também a hashtag #vempracorrente que remete a outras postagens também do
evento.
65
Características da mídia social digital:
Conversação: incluí o leitor na participação com a afirmação “E vai ter você”, além da
hashtag #vempracorrente. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 6: Boa noite, Curitiba.
Figura 16 - Postagem 6 de Prefeitura de Curitiba: Boa noite, Curitiba.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
A postagem da Prefeitura de Curitiba é apenas para criar aproximação com o público
através da uma postagem simples, desejando boa noite, com uma música para ilustrar e tornar
mais atrativa a publicação.
Quadro 8 - Protocolo de análise da Postagem 6.
DATA: 03/11/2015 FORMATOS:
- Link
CURTIR: 6403 TEXTO: Boa noite, Curitiba.
LINK:
https://goo.gl/kogb31
Características da postagem:
Entretenimento: postagem apenas para criar uma aproximação e personificação da
prefeitura, a “Prefs” gosta de Bon Jovi. Esse tipo de postagem comumente gera um
engajamento elevado já que não está ligada diretamente com a organização e por isso
não sofre represálias.
Características da mídia social digital: N/A
66
Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 7: Plano diretor de Curitiba.
Figura 17 - Postagem 7 de Prefeitura de Curitiba: Boa noite, Curitiba.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem sobre o processo final de aprovação do plano direto de Curitiba, vale
ressaltar a imagem destacando a participação da sociedade com os números de propostas,
audiências públicas, eventos, workshops e contribuições através do projeto Urbanista Mirim,
enfatizando que o plano tem validade para os próximos 10 anos.
Quadro 9 - Protocolo de análise da Postagem 7.
DATA: 04/11/2015 FORMATOS:
- Link
- Imagem
CURTIR: 222 TEXTO: Curitiba tem um plano diretor para os próximos 10 anos. O
projeto está na fase final de aprovação. O plano estabelece diretrizes
para mobilidade urbana, meio ambiente e de habitação que irão balizar
o desenvolvimento sustentável de Curitiba.
O planejamento teve ampla participação da sociedade que participou
das várias rodadas de consultas e enviou milhares de propostas para o
projeto.
Comemore, essa conquista também é sua!
http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/plano-diretor-de-curitiba-e-
aprovado-em-segundo-turno-pela-camara-municipal/38073
LINK:
https://goo.gl/6qItlp
Características da postagem:
67
Notícia formal: postagem seguindo os padrões jornalísticos, com nenhum deslize na
linguagem e apesar de utilizar uma imagem diferente, não fugiu do tema da postagem.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida o usuário a comemorar pela conclusão e também colabora o
fato da ampla participação da sociedade, dá o sentimento de pertencimento. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 8: Casa das meninas FAS.
Figura 18 - Postagem 8 de Prefeitura de Curitiba: Casa das meninas FAS.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem de um vídeo mostrando a infraestrutura da nova casa dedicada a abrigar
meninas em situação de perigo da Fundação de Ação Social, incluindo depoimento de uma
delas sobre o novo local e a iniciativa foi muito parabenizada pelos usuários.
Quadro 10 - Protocolo de análise da Postagem 8.
DATA: 04/11/2015 FORMATOS:
- Vídeo
CURTIR: 13080 TEXTO: Curitiba tem uma casa dedicada a meninas que precisam
viver afastadas do convívio familiar por decisão judicial.
LINK:
https://goo.gl/QmBgqt
68
Essa casa foi reformada em uma parceria da Prefs e a equipe de
arquitetos e designers 2º Mueller Ecodesign Social. E é claro que a
gente não poderia deixar de compartilhar a alegria das moradoras
com vocês!
Características da postagem:
Notícia formal: vídeo construído no modelo de reportagem jornalística, contando com
depoimento, e por mais que esse tipo de linguagem comumente não consiga obter
engajamento, nesse caso, devido a ser uma conquista importante para meninas em
situação de risco, houve muita interação positiva por parte dos usuários.
Características da mídia social digital:
Conversação: humaniza a prefeitura pelo papel social e por compartilhar a alegria das
novas moradoras com você. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 9: Festival internacional de cinema.
Figura 19 - Postagem 9 de Prefeitura de Curitiba: Festival internacional de cinema.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem divulgando o Festival de Internacional de Cinema da Bienal de
Internacional de Curitiba que acontecerá de 5 a 14 de novembro, conta com uma imagem,
possivelmente de um filme que está participando e com uma breve história em texto.
Quadro 11 - Protocolo de análise da Postagem 9.
DATA: 05/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 59 TEXTO: Dois homens, Sam e Jonathan, são vendedores LINK:
69
https://goo.gl/YYZrGA ambulantes, que estão cansados do mundo. Um mergulho sobre o
caos atual, um quase apocalipse iminente, mas que também mostra
o mundo cheio de pequenos momentos únicos, de sonhos e
fantasias, lembrando da grandeza da vida e da fragilidade do
homem.
Conheça a programação completa do Festival de Internacional de
Cinema da Bienal Internacional de Curitiba
http://bienaldecuritiba.com.br/cinema/
Características da postagem:
Notícia informal: categorizado como informal pela maneira como é apresentado o
evento que, ao invés de dar informações, conta o roteiro de uma das produções,
tornando mais atrativo para o usuário do que ler uma matéria tradicional.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 10: Não faça como o sol, visite Curitiba.
Figura 20 - Postagem 10 de Prefeitura de Curitiba: Não faça como o sol, visite Curitiba.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem convidando aos turistas para visitarem Curitiba e satirizando o sol, que não
costuma aparecer muito pela cidade, fato já conhecido pelos seguidores da página devido a
outras postagens sobre o tema.
Quadro 12 - Protocolo de análise da Postagem 10.
DATA: 05/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
70
- Link
CURTIR: 18700 TEXTO: Visita mesmo -> www.turismo.curitiba.pr.gov.br LINK:
https://goo.gl/fMWLTa
Características da postagem:
Entretenimento: a postagem traz um contexto já anterior de várias outras postagens
onde a “Prefs” costuma divulgar que a cidade tem mais dias nublados que ensolarados,
tema este que já tem um simbolismo para os usuários da página. Então aproveitando
desse fato, faz uma postagem descontraída e incentivando o turismo na cidade.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 11: Apresentação da Camerata Antiqua.
Figura 21 - Postagem 11 de Prefeitura de Curitiba: Apresentação da Camerata Antiqua.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem contendo apenas link para o site da Prefeitura de Curitiba, no site contém
informações sobre o concerto realizado pela Camerata Antiqua que faz parte do projeto
Camerata nas Igrejas. A publicação foi atípica para a fanpage, visto que, esse tipo de
71
postagem sem informação nenhuma ou a ausência de formatos de media acaba por não obter
engajamento.
Quadro 13 - Protocolo de análise da Postagem 11.
DATA: 06/11/2015 FORMATOS:
- Link
CURTIR: 22 TEXTO: http://www.curitiba.pr.gov.br/noticias/camerata-antiqua-
se-apresenta-no-campo-comprido-nesta-sexta-feita/38090 LINK:
https://goo.gl/CH6nQc
Características da postagem:
Notícia formal: não traz nenhuma descrição para a postagem, apenas o link para o site,
não criando interesse nenhum por parte dos usuários que ficam sem saber o mínimo do
que seria a notícia.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 12: Feliz Aniversário, Antonina!
Figura 22 - Postagem 12 de Prefeitura de Curitiba: Feliz Aniversário, Antonina!.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem parabenizando a cidade de Antonina, distante 90km de Curitiba e que possui
apenas 19 mil habitantes, utiliza na imagem a capivara, animal conhecido nos parques da
capital e que virou meme da página da prefeitura.
Quadro 14 - Protocolo de análise da Postagem 12.
DATA: 06/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
72
CURTIR: 6804 TEXTO: Eita vizinha linda e charmosa!
Antonina tem 19 mil habitantes maravilhosos e um número muito
superior de deliciosas balas de banana.
Antonina tem história.
Antonina tem nosso amor. [emotion coração]
Parabéns, Antonina!
LINK:
https://goo.gl/HgPZVy
Características da postagem:
Entretenimento: aproveita-se da oportunidade do aniversário da cidade vizinha e
também por meio de um dos memes que surgiram com a “Prefs” dá os parabéns, mais
uma vez, uma postagem que não está diretamente ligada a organização, facilitando a
participação do usuário.
Características da mídia social digital:
Conversação: personifica não só a prefeitura, como também a cidade vizinha,
elogiando os moradores e desejando parabéns. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 13: Programação da Corrente Cultural.
Figura 23 - Postagem 13 de Prefeitura de Curitiba: Programação da Corrente Cultural.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem com o cronograma de atrações que ocorrerão durante a Corrente Cultural,
um detalhe é a percepção da usuária que corrigiu a postagem, onde dizia que dia 7 seria
domingo, quando na verdade é sábado.
Quadro 15 - Protocolo de análise da Postagem 13.
DATA: 07/11/2015 FORMATOS:
73
- Imagem
- Link
CURTIR: 46 TEXTO: Ta rolando também no TUC [emotion coração]
Veja a programação completa aqui
correntecultural.com.br
LINK:
https://goo.gl/ojxsV0
Características da postagem:
Notícia informal: divulgação do evento Corrente Cultural que já vem trabalhado em
dias anteriores e dessa vez traz o cronograma. Percebe-se que o mínimo deslize em
errar o dia da semana foi notado pela usuária.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 14: Sol, você também pode vir.
Figura 24 - Postagem 14 de Prefeitura de Curitiba: Sol, você também pode vir.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Curitiba.
Postagem realizada no dia 7 de novembro, data em que estava acontecendo a Corrente
Cultural, evento já divulgado em outras postagens durante a semana, e utiliza a imagem do
Instagram de uma usuária, que mostra o sol sobre Curitiba em uma viagem aérea.
Quadro 16 - Protocolo de análise da Postagem 14.
DATA: 07/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 1132 TEXTO: Sol você também pode vir na Corrente Cultural, ta bom?
[emotion sol]
LINK:
https://goo.gl/kj7rya
74
Foto da @Fernandabirsczad láááá do alto
Características da postagem:
Entretenimento: fotografia de um perfil no Instagram, onde novamente volta a
temática do sol e do evento Corrente Cultural, dessa vez convidando para o sol
apareça no final de semana.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Prefeitura de Florianópolis
Postagem 1: Alteração de horário no transporte.
Figura 25 - Postagem 1 de Prefeitura de Florianópolis: Alteração no horário no transporte.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
Postagem informando sobre as alterações dos horários e itinerários de linhas de
ônibus, enfatizando a alteração por estudos e solicitações dos usuários, a imagem está com
uma identidade bem definida e com todas informações necessárias para compreensão.
Quadro 17 - Protocolo de análise da Postagem 1.
DATA: 01/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 171 TEXTO: TRANSPORTE COLETIVO: AVISO!
A partir do dia 03 de novembro haverá alterações em horários e
itinerários de linhas convencionais e executivas da cidade.
Todas as mudanças visam a otimização dos serviços e têm como
base solicitações de usuários e avaliações realizadas pelas equipes
de transportes.
LINK:
https://goo.gl/SP1AoB
75
Você pode consultar as alterações em: http://goo.gl/954Us7.
Aproveite e instale o aplicativo do consórcio fênix, com ele você
pode consultar os horários a partir do celular: http://goo.gl/5TlpHc.
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
oportunizando o diálogo com os usuários, mas mantendo uma boa qualidade na
divulgação das informações, que também pode conferir credibilidade.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 2: Oficinas de mobilidade urbana.
Figura 26 - Postagem 2 de Prefeitura de Florianópolis: Oficinas de mobilidade urbana.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
A Prefeitura de Florianópolis convida os morados das comunidades de Daniela e
Jurerê para participarem de uma oficina para discutir mobilidade urbana que visa a elaboração
do plano de mobilidade urbana. A imagem novamente permite a clara interpretação da notícia.
Quadro 18 - Protocolo de análise da Postagem 2.
DATA: 02/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 31 TEXTO: VAMOS FALAR DE MOBILIDADE?
Para a próxima terça-feira (03/11), convidamos as comunidades da
Daniela e Jurerê para discutir conosco a mobilidade urbana na região.
Os encontros vão auxiliar na elaboração do Plano de Mobilidade de
Florianópolis.
LINK:
https://goo.gl/ZyQG
N5
76
O encontro será às 18h30, no Auditório do Jurerê Beach Village, na
rua Alameda César Nascimento, 646. Na mesma semana, o norte da
ilha recebe ainda dois outros encontros, na Cachoeira e nos Ingleses.
Acompanhe por aqui!
#Participe!
#Florianópolis #OficinasDeMobilidade #PlanoDeMobilidade #Daniela
#Jurerê
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não permitindo
o diálogo, porém aproveita-se do uso das hashtag que permitem anexar vários outros
conteúdos também.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida os usuários a participarem e acompanharem pela página,
abrindo espaço para uma possível interpelação. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 3: Denuncie a violência contra a mulher.
Figura 27 - Postagem 3 de Prefeitura de Florianópolis: Denuncie a violência contra a mulher.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
A Prefeitura de Florianópolis realiza uma campanha para que a população denuncie a
violência contra mulher, utilizando de uma imagem chamativa e disponibilizando dados
numéricos de casos de violência e juntamente os locais onde realizam atendimentos e
telefones para que se realizem essas denúncias.
Quadro 19 - Protocolo de análise da Postagem 4.
DATA: 03/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 74 TEXTO: VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER AINDA É
77
LINK:
https://goo.gl/Ep5zOV
REALIDADE
De 2009 até setembro de 2015, cerca de três mil mulheres já
passaram por algum tipo de violência — psicológica ou física —
em Florianópolis e buscaram ajuda no Centro de Referência de
Atendimento à Mulher em Situação de Violência (CREMV). Um
dado que mostra que a violência contra a mulher ainda é uma
realidade.
No CREMV são realizados atendimentos sociais, psicológicos,
jurídicos e de acolhimento. Parcerias com a Defensoria Pública e
a 34ª Promotoria de Violência Doméstica da Capital fortalecem
a atuação da entidade. No final de 2013, a Prefeitura também
inaugurou a primeira Casa de Passagem Municipal. O local
possui 20 vagas e as mulheres encaminhadas à unidade recebem
atendimento individualizado e especializado, além de
acolhimento provisório.
Você pode denunciar abusos e violência contra a mulher pelos
seguintes telefones:
CREMV: 3224-7373
Delegacia da Mulher: 3665-6528
Central de Atendimento à Mulher: 180
Disque Denúncia Municipal: 0800 643 1407
Disque Direitos Humanos: 100
Policia Militar: 190
#Florianópolis #CREMV #Mulher
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, tenta, se
aproximar do usuário incentivando a realizar as denúncias e exibindo dados para
fortalecer essa intenção, mas não se nota a intenção de criar uma interação.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 4: Oficinas de mobilidade urbana.
Figura 28 - Postagem 4 de Prefeitura de Florianópolis: Oficinas de mobilidade urbana.
78
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
A Prefeitura de Florianópolis convida os morados das comunidades de várias
comunidades para participarem de uma oficina para discutir mobilidade urbana que visa a
elaboração do plano de mobilidade urbana. A imagem novamente permite a clara
interpretação da notícia.
Quadro 20 - Protocolo de análise da Postagem 4.
DATA: 03/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 24 TEXTO: OFICINAS DE MOBILIDADE! PARTICIPE!
Hoje realizamos a primeira, de uma série de 15 oficinas de
mobilidade, em Jurerê. Na quarta-feira (04), nosso encontro será
no Sapiens Parque – Av. Luiz Boiteux Piazza, 1302 – Cachoeira
do Bom Jesus. Os encontros serão sempre às 18h30.
Convidamos as comunidades de Canasvieiras, Cachoeira de
Bom Jesus, Ponta das Canas, Vargem Grande, Lagoinha, Praia
Brava a participar deste momento decisivo. Vamos discutir e
definir as prioridades para a melhoria da infraestrutura urbana e
da utilização do espaço viário. Sua opinião vai nos ajudar a
complementar e detalhar os estudos necessários para a criação
do Plano de Mobilidade de Florianópolis.
Participe!
#Florianópolis #OficinasComunitárias#PlanoDeMobilidade
LINK:
https://goo.gl/jopYvd
79
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não permitindo
o diálogo, porém aproveita-se do uso das hashtag que permitem anexar vários outros
conteúdos também.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida os usuários a participarem e acompanharem pela página,
abrindo espaço para uma possível interpelação. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 5: Mês da consciência negra.
Figura 29 - Postagem 5 de Prefeitura de Florianópolis: Mês da consciência negra.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
A Prefeitura de Florianópolis divulga novembro como o mês da consciência negra e
faz uma prévia do evento que será organizado pela Coordenadoria de Políticas Públicas no dia
20 de novembro, convidando os usuários a ficarem atentos a fanpage.
Quadro 21 - Protocolo de análise da Postagem 5.
DATA: 04/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 105 TEXTO: MÊS DA CONSCIÊNCIA NEGRA
No mês de novembro celebra-se a consciência negra. A data de
20 de novembro, além de trazer uma reflexão sobre a igualdade
racial, é uma homenagem ao líder quilombola Zumbi dos
Palmares, morto no Brasil, em resistência à escravatura.
LINK:
https://goo.gl/4l0Ajs
80
Em Florianópolis, a Coordenadoria de Políticas Públicas para a
Igualdade Racial está organizando uma atividade para o dia 20
de novembro, no Largo da Alfândega, com apresentações
culturais. Ao longo do mês, também serão realizados debates e
seminários. As escolas municipais terão atividades especiais para
tratar da data.
Fique atento a nossa fan page! Na próxima semana,
divulgaremos a programação completa da ação.
#Florianópolis #MêsConsciênciaNegra #IgualdadeRacial
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
convidando o leitor para o diálogo, porém direciona-se ao mesmo para ficar atento a
fanpage.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida o usuário a ficar atento a fan page onde será divulgada a
programação das atividades. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 6: Oficinas de mobilidade urbana
Figura 30 - Postagem 6 de Prefeitura de Florianópolis: Oficinas de mobilidade urbana.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
A Prefeitura de Florianópolis convida os morados de várias comunidades para
participarem de uma oficina para discutir mobilidade urbana que visa a elaboração do plano
de mobilidade urbana. A imagem novamente permite a clara interpretação da notícia.
81
Quadro 22 - Protocolo de análise da Postagem 6.
DATA: 04/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 12 TEXTO: VEM PARA AS OFICINAS DE MOBILIDADE!
Nesta quinta-feira (05), as comunidades de Ingleses, Santinho,
Capivari, Rio Vermelho e Muquém recebem
a #OficinaDeMobilidade. O encontro ocorre a partir das 18h30, no
Hotel Ilha do Sol - Rodovia João Becker, 304.
Com este encontro, encerra-se a rodada de atividades no Norte da
Ilha. Sua participação é essencial. Convide os amigos, familiares e
toda a comunidade a comparecer. O debate vai contribuir para a
elaboração do Plano de Mobilidade da cidade.
As datas dos próximos encontros já estão
definidas: http://goo.gl/HOQ9YZ. Os locais serão divulgados em
breve. Acompanhe por aqui!
Participe!
#Florianópolis #Mobilidade #PlanoDeMobilidade
LINK:
https://goo.gl/V4qzpw
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não permitindo
o diálogo, porém aproveita-se do uso das hashtag que permitem anexar vários outros
conteúdos também.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida os usuários a participarem e acompanharem pela página,
abrindo espaço para uma possível interpelação. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 7: Edital para comércio de ambulantes.
Figura 31 - Postagem 7 de Prefeitura de Florianópolis: Edital para comércio de ambulantes.
82
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
Comunicado da prefeitura de que o edital que havia sido anunciado anteriormente,
para comércio de ambulantes nas praias durante o verão foi cancelado, não há link externo e a
imagem utilizada foi a mesma do primeiro anúncio, porém com uma tarja vermelha com o
aviso.
Quadro 23 - Protocolo de análise da Postagem 7.
DATA: 05/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 30 TEXTO: #Comunicado
O processo de credenciamento para o comércio de ambulantes nas
praias, durante a temporada de verão, está suspenso. Os editais estão
sendo reavaliados pela Secretaria Executiva de Serviços Públicos. O
novo prazo de inscrições e os editais readequados serão divulgados
em breve.
LINK:
https://goo.gl/4aHBcQ
Características da postagem:
Notícia formal: comunicado curto da prefeitura, não desviando do tema e mantendo
uma escrita tradicional.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 8: Período de rematrícula nas escolas.
Figura 32 - Postagem 8 de Prefeitura de Florianópolis: Período de rematrícula nas escolas.
83
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
Postagem da prefeitura informando a abertura do período de rematrícula para
estudantes das escolas municipais e juntamente passando outras informações, como, o prazo
de encerramento e a abertura do período de matrículas para novas vagas. A imagem utilizada
é uma ilustração que faz referência a colégio, estudos e disciplinas.
Quadro 24 - Protocolo de análise da Postagem 8.
DATA: 05/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 1132 TEXTO: PERÍODO DE REMATRÍCULA NAS ESCOLAS
COMEÇA NA SEGUNDA (09)
A rematrícula é para alunos regulares das escolas da rede municipal
de ensino e dos núcleos de Educação de Jovens e Adultos (EJA). O
processo será feito pela internet até o dia 20 de novembro. O sistema
online será liberado a partir das 13h no site da Prefeitura.
#Importante: O período para novas matrículas será aberto apenas no
dia 30 de novembro, após o processamento da rematrícula.
Mais informações sobre o processo de rematrícula e matrícula para o
ensino fundamental da rede municipal em: http://goo.gl/KC8ENF.
#Florianópolis #Educação #Rematrículas #EnsinoFundamental #EJA
LINK:
https://goo.gl/bVO7sO
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
84
possibilitando o diálogo, porém aproveita-se do uso das hashtag que permitem anexar
vários outros conteúdos também.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 9: Conheça o continente.
Figura 33 - Postagem 9 de Prefeitura de Florianópolis: Conheça o continente.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
Vídeo institucional de todas belezas naturais e históricas, além da riqueza cultural,
humana e gastronômica do Continente, localidade composta por 4 bairros, destacando a
qualidade de vida dos moradores e utilizando cenas e entrevistas com fins de promover o
turismo no local.
Quadro 25 - Protocolo de análise da Postagem 9.
DATA: 06/11/2015 FORMATOS:
- Vídeo
CURTIR: 262 TEXTO: CONHEÇA O CONTINENTE!
LINK:
85
https://goo.gl/XumDCe Qualidade de vida, parques públicos, ciclovias, espaços de lazer e
esportes, via gastronômica, samba e futebol.
Assista ao vídeo e conheça um pouco mais dos atrativos do nosso
querido Continente!
Características da postagem:
Entretenimento: vídeo turístico da região do Continente, não focando tanto na
produção jornalística, no texto descritivo também utiliza linguagem mais informal,
tratando o Continente como alguém próximo.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida o usuário a conhecer o vídeo sobre a região e durante o vídeo
também demonstra as belezas que você deve visitar. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 10: Ação comunitária na Tapera.
Figura 34 - Postagem 10 de Prefeitura de Florianópolis: Ação comunitária na Tapera.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
Postagem para divulgar o evento realizado pela prefeitura, que contará com
apresentações artísticas, brinquedos para as crianças e feira de oportunidades para quem está a
procura de emprego. Na imagem constam todas informações básicas para divulgação da
notícia.
Quadro 26 - Protocolo de análise da Postagem 10.
DATA: 06/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
86
CURTIR: 23 TEXTO: TAPERA TEM AÇÃO COMUNITÁRIA NESTE
SÁBADO
O Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Tapera e
o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) promovem
neste sábado (7) a Sétima Edição do Sábado Show e a Segunda
Edição do CRAS na Comunidade.
O evento contará com apresentações artísticas, como dança, hip
hop, música e teatro. Para a criançada, a diversão está garantida com
tobagã, piscina de bolinha e cama elástica. Vai ter feira de
artesanato, balcão de oportunidades para quem está procurando um
emprego e uma feira especial de adoção de animais.
Venha prestigiar a ação, que ocorre das 10 às 17 horas, na rua em
frente ao Cento de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.
#Florianópolis #AçãoComunitária #Tapera
LINK:
https://goo.gl/p5Azwc
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
possibilitando o diálogo, porém aproveita-se do uso das hashtag que permitem anexar
vários outros conteúdos também.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida o usuário a comparecer à ação que ocorrerá. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 11: Matrículas em creches começam na terça.
Figura 35 - Postagem 11 de Prefeitura de Florianópolis: Matrículas em creches começam na terça.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
87
Informação da prefeitura sobre a abertura do período de matrículas na rede municipal
de creches, juntamente com informações sobre as condições mínimas e máximas permitidas
para inscrição, também fornece o link para o site da prefeitura onde fornece mais
informações. A imagem contém as informações básicas da notícia.
Quadro 27 - Protocolo de análise da Postagem 11.
DATA: 07/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 116 TEXTO: MATRÍCULAS EM CRECHES COMEÇAM NA
TERÇA-FEIRA (10)
As matrículas para o ano letivo de 2016 estarão abertas até 23 de
novembro. As inscrições serão realizadas nas Unidades de Educação
Infantil, das 8h30 às 12h e das 13h às 17h.
As crianças deverão ter de 4 meses, completados até o dia 15 de
fevereiro, a 3 anos, completados até o dia 31 de março. Crianças que
já frequentam as unidades de Educação Infantil da rede, em 2015,
terão a matrícula automaticamente renovada.
Para a matrícula nas unidades, alguns documentos devem ser
apresentados pelos pais ou responsáveis. Confira mais detalhes
em: http://goo.gl/tJb9fE.
LINK:
https://goo.gl/upmuAD
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
possibilitando o diálogo.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 12: Recebimento de verba para mobilidade.
Figura 36 - Postagem 12 de Prefeitura de Florianópolis: Recebimento de verba para mobilidade.
88
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Florianópolis.
Postagem no formato de álbum, com a inclusão de 4 fotografias da assinatura do
repasse de R$36 milhões para obras de mobilidade urbana. Faz também a marcação da página
pessoal do prefeito Cesar Souza Júnior e cita a finalidade em que será utilizada a verba.
Quadro 28 - Protocolo de análise da Postagem 12.
DATA: 07/11/2015 FORMATOS:
- Imagem (4)
- Link
CURTIR: 71 TEXTO: PREFEITURA RECEBE R$ 36 MI PARA
MOBILIDADE
O repasse foi assinado na sexta-feira (07) pelo Prefeito Cesar Souza
Júnior. O recurso será utilizado nas obras complementares do
primeiro anel viário da cidade, que terá 17 quilômetros de faixas
exclusivas ou preferenciais para ônibus. O valor é parte dos R$ 211
milhões garantidos pelo Governo Federal para serem destinados
exclusivamente à mobilidade.
LINK:
https://goo.gl/KY2eN7
89
Saiba mais: http://goo.gl/0oTXpK.
Fotos: Martinho Guizzo
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
possibilitando o diálogo.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Prefeitura de Porto Alegre
Postagem 1: Serviços essenciais no feriado.
Figura 37 - Postagem 1 de Prefeitura de Porto Alegre: Recebimento de verba para mobilidade.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
Comunicado sobre os serviços essenciais que serão mantidos durante o feriado do Dia
do funcionário, afirmando que o governo municipal utilizou do mesmo critério que o estadual
e federal para alterar o ponto facultativo. A lista dos órgãos que funcionarão está disponível
no link que redireciona para o site da prefeitura. Uma importante observação é o fato da
postagem ter sido realizada no dia 1 de novembro, sendo que o feriado a qual refere-se foi no
dia 30 de outubro.
Quadro 29 - Protocolo de análise da Postagem 1.
DATA: 01/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
90
- Link
CURTIR: 7 TEXTO: ATENÇÃO ↓
Saiba os serviços essenciais que serão mantidos nos feriados do dia
do Servidor Público e Finados
http://bit.ly/1kQVNgS
Em alinhamento com os governos federal e estadual, a Prefeitura de
Porto Alegre transferiu para a sexta-feira, 30, o ponto facultativo em
comemoração ao Dia do Funcionário Público, tradicionalmente
celebrado em 28 de outubro.
Fica mantido na quarta-feira, 28, o expediente regular dos órgãos
municipais. No ponto facultativo na sexta-feira e no feriado de
Finados, na segunda-feira, 2, os órgãos municipais que
desempenham serviços essenciais atuarão em regime de plantão. O
expediente regular será retomado na terça-feira, 3.
Fique atento!
LINK:
https://goo.gl/2LcERb
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
possibilitando o diálogo, apenas alertando os usuários para que observem o
funcionamento
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 2: Abertas matrículas para rede infantil.
Figura 38 - Postagem 2 de Prefeitura de Porto Alegre: Abertura de matrículas na rede infantil.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
91
Comunicado da prefeitura em relação a abertura das matrículas para as escolas
municipais de educação infantil, jardins de praça e escolas de ensino fundamental, descreve
todos documentos necessários e datas em que ocorrerão os processos.
Quadro 30 - Protocolo de análise da Postagem 2.
DATA: 03/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 5 TEXTO: Papais, mamães, vovós, vovôs, titios, titias não esqueçam
de matricular os pequenos! [emotion bebe][emotion coração]
Crianças de até cinco anos e 11 meses, completados até 31 de março
do ano que vem, podem ser inscritas para Escolas Municipais de
Educação Infantil, Jardins de Praça, Escolas de Ensino Fundamental
que atendem à educação infantil e instituições e escolas conveniadas
à Secretaria Municipal de Educação (Smed). A partir de 2016, a
matrícula em escolas para crianças de quatro e cinco anos torna-se
obrigatória.
As inscrições devem ser realizadas pelos responsáveis em até três
instituições de sua preferência, sendo uma municipal e duas
conveniadas. É necessária a apresentação da certidão de nascimento
da criança, comprovante de residência, RG do responsável e cartão
do Bolsa Família, este somente para os beneficiários do programa
federal. Caso a criança não possua documentos, seus representantes
serão orientados a procurar o Conselho Tutelar ou Módulo de
Assistência Social da Fundação de Assistência Social e Cidadania
(Fasc).
O processo unificado de inscrição será encerrado dia 13 de
novembro. A lista dos selecionados e dos suplentes será divulgada
até 1° de dezembro nos próprios estabelecimentos de ensino, onde
também serão indicados o período da matrícula e as listas de espera.
Mais informações pelos telefones 3289-1972 ou 3289-1803.
LINK:
https://goo.gl/6EogIK
Características da postagem:
Notícia formal: a individualização no começo da matéria não altera o fato de que a
escrita é realizada de maneira formal.
Características da mídia social digital:
Conversação: dirige-se diretamente as pessoas possivelmente interessadas em ficarem
informadas sobre o assunto. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 3: Abertura da colheita do pêssego.
Figura 39 - Postagem 3 de Prefeitura de Porto Alegre: Abertura da colheita do pêssego.
92
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
Vídeo jornalístico do começo da colheita do pêssego com entrevista aos produtores, ao
prefeito e ao presidente do sindicato rural de porto alegre, divulgando também a festa do
pêssego e, no caso da propriedade de abertura, a produção totalmente orgânica da fruta.
Quadro 31 - Protocolo de análise da Postagem 3.
DATA: 03/11/2015 FORMATOS:
- Vídeo
CURTIR: 34 TEXTO: Aberta oficialmente a colheita do pêssego na Capital
Para marcar o início dos trabalhos foi escolhida uma propriedade
rural que produz pêssegos totalmente orgânicos. As frutas são
embaladas uma a uma quando nascem e ficam embrulhadas até a
colheita.
LINK:
https://goo.gl/reBY7r
Características da postagem:
Notícia formal: Vídeo produzido com vários entrevistados e mostrando a cerimônia de
abertura. Os vídeos, apesar de não interessarem tantos aos usuários, conquista seu
objetivo pois é uma mídia de fácil consumo, alcançando um número muito mais
elevado de visualizações do que de interações finais.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 4: Ação educativa da EPTC
93
Figura 40 - Postagem 4 de Prefeitura de Porto Alegre: Ação educativa da EPTC.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
A postagem divulga uma ação educativa que acontecerá no mesmo dia, com a
distribuição de folhetos para educação também dos pedestres no trânsito. A imagem utilizada
destaca a mascote da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) em outras ações
realizadas.
Quadro 32 - Protocolo de análise da Postagem 4.
DATA: 04/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 4 TEXTO: Vamos fazer um trânsito mais consciente? [emotion
coração]
http://bit.ly/1QbvldL
A Empresa Pública de Transporte e Circulação - EPTC, fará nessa
quarta uma ação educativa de conscientização no trânsito com os
pedestres que estiverem no terminal Uruguai, a partir das 10h, e na
Feira do Livro, a partir das 14h.
Os pedestres receberão folhetos educativos com dicas para uma
circulação mais segura, como manter atenção constante, andar
sempre na calçada, atravessar, sempre que possível, na faixa de
segurança, evitar atravessar nas curvas e entre veículos, e outras
orientações.
Foto: Marcelo Madruga/Divulgação PMPA
LINK: https://goo.gl/IaDv90
Características da postagem:
Notícia formal: matéria com texto jornalístico tradicional, tenta sair do tradicional com
o uso do emotion de coração juntamente com o questionamento ao leitor, e também
colabora a utilização de e uma imagem com uma criança e a mascote, que gera
empatia com o público.
94
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 5: Vitória foi para casa.
Figura 41 - Postagem 5 de Prefeitura de Porto Alegre: Vitória foi para casa.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
Vídeo realizado com o caso da menor prematura extrema que já nasceu no Hospital
Materno Infantil Presidente Vargas, entrevistando a mãe, médicos, e ressaltando toda
infraestrutura disponível no mesmo.
Quadro 33 - Protocolo de análise da Postagem 5.
DATA: 04/11/2015 FORMATOS:
- Vídeo
CURTIR: 62 TEXTO: [emotion coração] Vitória foi para casa [emotion coração]
A bebê é a menor prematura extrema da história do Hospital
Materno Infantil Presidente Vargas.
LINK: https://goo.gl/9uPQ3X
95
Vitória tinha 24 semanas quando nasceu, com apenas 380 gramas -
o tamanho de uma laranja - e cabia na palma da mão.
Felicidade e saúde para Vitória e sua família!
Características da postagem:
Notícia informal: vídeo produzido para comemorar a ida de uma bebe prematura para
casa, fato este que poderia gerar grande empatia do público, porém manteve o formato
jornalístico, mas na descrição textual procurou uma linguagem mais informal, fazendo
a comparação do tamanho similar a uma laranja e desejando felicidade e saúde.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 6: Nova escola em Belém Novo.
Figura 42 - Postagem 6 de Prefeitura de Porto Alegre: Nova escola em Belém Novo.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
Postagem anunciando a solenidade para assinatura da ordem de serviço para início das
obras para na Instituição de Educação Infantil Glicério Alves, que contará com a presença do
prefeito e da secretária de educação. Na nova instituição será possível atender ao menos 120
crianças em turno integral.
Quadro 34 - Protocolo de análise da Postagem 6.
DATA: 05/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 39 TEXTO: Belém Novo terá nova escola de educação
infantil [emotion coração][emotion smile coração][emotion livro]
LINK: https://goo.gl/jGJlTC
96
http://bit.ly/1kvwJvf
A assinatura de ordem de início de obras da Instituição de Educação
Infantil Glicério Alves (Av. Inácio Antônio da Silva, 99. Belém
Novo), terá a presença do prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, e
da secretária Municipal de Educação, Cleci Maria Jurach. A
solenidade acontece nessa quinta-feira,5, às 15h.
A obra terá um investimento de R$ 1.216.592,16, com previsão de
entrega dentro de 180 dias. O terreno da nova instituição possui
1.320 metros quadrados.
Na nova escola de educação infantil, serão atendidas 120 crianças
de zero a cinco anos e onze meses em turno integral.
Características da postagem:
Notícia formal: matéria escrita com padrões tradicionais de linguagem, não
possibilitando o diálogo, típico texto longo, com vários dados e que costumam não
chamar a atenção dos usuários.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 7: Maratona hacker de Porto Alegre.
Figura 43 - Postagem 7 de Prefeitura de Porto Alegre: Maratona hacker de Porto Alegre.
97
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
Compartilhamento da postagem da página POAdigital sobre o evento 3ª Edição do
HackathonPoa, maratona hacker que acontece no Global Tecnopuc.
Quadro 35 - Protocolo de análise da Postagem 7.
DATA: 05/11/2015 FORMATOS:
- Compartilhamento
CURTIR: 9 TEXTO: É hoje! [emotion notebook][emotion smile]
Venha participar da 3ª Edção do HackathonPoa, a maratona Hacker
de Porto Alegre!
A partir das 19h no Global TecnoPuc.
#POADigital #HackathonPoA #TecnoPuc
LINK: https://goo.gl/9H9OC2
Características da postagem:
Notícia informal: divulga a realização do evento HackathonPoa através do
compartilhamento de outra página, ainda faz uma descrição com dados bem objetivos,
98
facilitando a leitura e tornando o conteúdo mais atraente.
Características da mídia social digital:
Conversação: convida os usuários a também participarem do evento que irá acontecer. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 8: Projeto bota-fora atende duas comunidades.
Figura 44 - Postagem 8 de Prefeitura de Porto Alegre: Projeto bota-fora atende duas comunidades.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
A postagem comunica as comunidades de Maria e Silva Paes que serão atendidas pelo
projeto do Departamento Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre com o projeto bota-
fora que visa a coleta de resíduos que comumente não são coletados, no link da descrição há
orientações de como proceder para coleta. Também há a marcação da página do DMLU na
descrição da postagem.
Quadro 36 - Protocolo de análise da Postagem 8.
DATA: 06/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
- Link
CURTIR: 5 TEXTO: Projeto Bota-Fora atende duas comunidades de Porto
Alegre nessa sexta
http://bit.ly/1Sv6L6M
As comunidades, Maria e Silva Paes, serão atendidas nessa sexta-
feira, 6, pelas equipes do DMLU - Departamento Municipal de
Limpeza Urbana de Porto Alegre no projeto Bota-Fora. Para
facilitar a coleta de resíduos que não podem ser levados nas coletas
LINK: https://goo.gl/Yl2p7Z
99
programadas, caminhões e outros equipamentos são utilizados no
recolhimento de resíduos diferenciados, como eletrodomésticos,
colchões velhos, móveis quebrados, restos de obras e reformas e
utensílios velhos, que não podem ser recolhidos cotidianamente
pelas coletas regulares. A divulgação ocorre porta a porta nas
comunidades atendidas e em espaços públicos, normalmente três
dias antes de o DMLU realizar o recolhimento.
Características da postagem:
Notícia formal: divulgação da matéria escrita com linguagem tradicional, com texto
longo, o qual não favorece a leitura e o interesse por parte dos usuários.
Características da mídia social digital:
Menção: faz menção a página do Departamento Municipal de Limpeza Urbana
(DMLU), responsável pelo mutirão que irá ser realizado. Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 9: Urban Food Policy Pact
Figura 45 - Postagem 9 de Prefeitura de Porto Alegre: Urban Food Policy Pact.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
100
Vídeo contando a história do plano ambiental e da zona rural de Porto Alegre e
entregando a nova lei de demarcação rural e assinar o pacto de Milão pela política alimentar
urbana, conta com a entrevista do prefeito falando sobre os incentivos à produção rural de
alimentos.
Quadro 37 - Protocolo de análise da Postagem 9.
DATA: 06/11/2015 FORMATOS:
- Vídeo
- Link
CURTIR: 31 TEXTO: Porto Alegre passa a ser um das 100 cidades do mundo a
integrar Urban Food Policy Pact.
O Pacto Mundial pela Política Alimentar Urbana busca estimular a
produção de alimentos nas proximidades de grandes centros urbanos
com os princípios da sustentabilidade e da justiça social.
Além disso, foi entregue aos produtores rurais a lei que instituí
novamente a Zona Rural de Porto Alegre e cria o Sistema de Gestão
da Política de Desenvolvimento Rural.
LINK: https://goo.gl/ggbskN
Características da postagem:
Notícia formal: Vídeo produzido com vários entrevistados e mostrando a cerimônia de
abertura.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
Postagem 10: ReclicaPOA
Figura 46 - Postagem 10 de Prefeitura de Porto Alegre: ReciclaPOA.
Fonte: Fanpage da Prefeitura de Porto Alegre.
Postagem da participação da iniciativa ReclicaPOA em uma feira não especificada,
com imagem mostrando o estande na mesma e materiais reciclados.
101
Quadro 38 - Protocolo de análise da Postagem 10.
DATA: 07/11/2015 FORMATOS:
- Imagem
CURTIR: 31 TEXTO: Já visitou nosso estande na Feira? [emotion smile]
LINK: https://goo.gl/hANxfD
Características da postagem:
Notícia informal – postagem convidando o usuário a visitar o estande da ReciclaPOA,
porém deixa muito a desejar pela ausência de outras informações, não cita qual a feira,
local ou tempo de permanência.
Características da mídia social digital: N/A Fonte: Elaborado pelo autor.
5.2.4 Interpretação
A partir do recorte e categorização do conteúdo, faz-se necessário uma interpretação
desses resultados de uma maneira organizada para que se consiga chegar a resultados que
comprovem as estratégias de legitimação utilizadas pelas prefeituras. Para facilitar nessa
tarefa, foram organizados quadros com os resultados numéricos da categorização proposta no
item anterior.
A primeira categorização realizada foi da Prefeitura de Curitiba, possui o total de 14
postagens e destaca-se por ser referência na área das organizações públicas online, o quadro
39 mostra o resultado dessa categorização e podemos notar a igualdade entre as diferentes
categorias propostas.
Quadro 39 - Resultado da categorização da Prefeitura de Curitiba
Categoria Postagem Número de postagens
Notícia formal [7][8][11] 3
Notícia informal [2][4][5][9][13] 5
Entretenimento [1][3][6][10][12][14] 6
Conversação [1][5][7][8][11] 5
Menção 0
Fonte: Elaborado pelo autor.
A categoria que mais se destaca é entretenimento, fato este justificável visto que a
Prefeitura de Curitiba já tem um relacionamento consolidado com seus usuários, que surgiu
desde o começo por esse diferencial de não seguir a lógica formal das organizações públicas,
sendo a precursora na criação de diversos memes e uma das principais conquistas foi a
102
notável personificação da página, sendo conhecida e apelidada pelos seus seguidores como a
“Prefs”. Pelo detalhe das organizações públicas sofrerem com o desinteresse da população,
começar pelo lado do entretenimento que é um lado que não sofre represálias políticas é uma
boa maneira de conseguir interações com os usuários e começar a criar uma conversação.
Outro fator que contribui para esse sucesso é explicado pelas pesquisas apresentadas neste
trabalho, o principal público das redes sociais são os jovens e as mídias sociais digitais
surgiram como uma ferramenta para eles de se informarem politicamente, estando esse tema
empatado em primeiro lugar com a busca por entretenimento no meio online, logo, as
estratégias desenvolvidas pela Prefeitura de Curitiba é exatamente a mescla dos dois temas.
Em quase metade das postagens realizadas é possível notar que há uma inclusão do
usuário na conversa, os textos são direcionados a quem lê e dão uma maior empatia para
curtir, comentar ou compartilhar.
Na questão de legitimação da Prefeitura de Curitiba a estratégia utilizada de apelar
para o entretenimento dá certo, porém não alcança os princípios da comunicação pública, que
seriam prioritariamente informar a população permitindo a participação popular, mesmo
assim, quando a questão é informar, a prefeitura opta sempre que possível por se utilizar do
humor e outras técnicas da internet que ajudem a despertar o interesse no usuário, por
exemplo, textos objetivos, imagens que deixem claro de qual assunto se trata.
Sendo assim, é possível dizer que a Prefeitura de Curitiba está focada em uma
estratégia de legitimação que visa o entretenimento como meio para aumentar o engajamento
da página e de maneira menos incisiva, cumpre seu papel de informar os cidadãos e justificar
sua presença no meio online. Vale ressaltar, que por mais que deixe a desejar quanto ao seu
papel principal de informar os usuários, a mesma alcançou um engajamento invejável por
todas outras organizações públicas do Brasil e comprova que tem tendências a conteúdo de
entretenimento, as notícias mais informais do que ao padrão rígido da convencional
comunicação pública.
A segunda categorização realizada foi com a Prefeitura de Florianópolis e conta com
um total de 12 postagens, a qual realiza com êxito a função de informar seus seguidores,
como pode-se notar através do resultado da categorização, conforme exposto no quadro 40.
Quadro 40 - Resultado da categorização da Prefeitura de Florianópolis.
Categoria Postagem Número de postagens
Notícia formal [1][2][3][4][5][6][7][8][10][11][12] 11
Notícia informal 0
103
Entretenimento [9] 1
Conversação [2][4][5][6][9][10] 6
Menção 0
Fonte: Elaborado pelo autor.
A notícia formal figura como a categoria mais utilizada nas postagens da Prefeitura de
Florianópolis, uma consideração que podemos realizar é o baixo engajamento gerado pela
mesma, podendo estar relacionado com esse fato, como anteriormente estudado, a lógica da
web 2.0 requer uma adequação dos conteúdos, o mesmo texto que vai para o site ser utilizado
no Facebook não necessariamente deixa de ser atrativo, mas a escrita formal proposta no site,
os longos textos desenvolvidos e novamente o assunto de pouco interesse do público, faz com
que a prefeitura não consiga competir com os outros milhares de informações que disputam a
atenção do usuário.
A conversação se faz presente na metade das postagens e aparece como um convite a
participar, acompanhar a página, dar sua opinião sobre, porém mesmo assim não obtém
muitas interações com os usuários.
Quanto a legitimação a Prefeitura de Florianópolis desenvolve um trabalho importante
de justificação na presença digital, servindo como meio de informação para os seguidores da
mesma. Pauta-se por um trabalho jornalístico com seriedade, mantendo sempre a linguagem
formal em suas postagens e com uma comunicação digital bem integrada, desde a identidade
visual de todas as peças analisadas mantendo um mesmo padrão do encontrado no site, até a
utilização constante de hashtags para anexar uma série de conteúdos.
É possível afirmar que a estratégia de legitimação da Prefeitura de Florianópolis é
eficaz quanto a sua justificação como organização pública, a página se apresenta como mais
um meio de acesso da população para ficar informada quanto aos acontecimentos públicos e
também como meio de participação popular, permitindo o exercício básico da cidadania e
ainda a construção de credibilidade e formação de um capital social com seus seguidores.
Por último, a Prefeitura de Porto Alegre foi a com menor número de postagens
coletadas, e teve todas as suas postagens classificadas em notícias, conforme observa-se no
quadro 41.
Quadro 41 - Resultado da categorização da Prefeitura de Porto Alegre.
Categoria Postagem Número de postagens
Notícia formal [1][2][3][4] [6] [8][9] 7
104
Notícia informal [5][7][10] 1
Entretenimento 0
Conversação [2][7] 2
Menção [9] 1
Fonte: Elaborado pelo autor.
A notícia formal se destaca como a principal categoria veiculada pela Prefeitura de
Porto Alegre, porém, diferentemente de Florianópolis, a escrita de Porto Alegre é formal, mas
muitas vezes sobrecarregada, com a má distribuição dos parágrafos e a formação de frases
super longas. Não há por parte da equipe de comunicação qualquer organização no sentido de
padronizar as postagens, com a utilização de diferentes tipos de imagens, sendo apenas nos
vídeos possível notar a permanência de uma identidade visual e estética.
A conversação é muito pouco adotada nos textos, mas há a menção de uma outra
página realizada em uma das suas postagens que faz referência ao DMLU, órgão da
administração municipal.
Quanto a legitimação da Prefeitura de Porto Alegre é possível notar um esforço de
comunicar os acontecimentos para a população, porém ainda é realizada de maneira
desordenada e não é correto fazer uma afirmação se a mesma justifica sua existência como
meio de divulgação com um número tão reduzido de seguidores, visto que, fatores técnicos,
por exemplo, algoritmo do Facebook que define a relevância das postagens, não permitem um
engajamento relevante em nenhuma das postagens analisadas.
Devido a isso, a estratégia de legitimação da Prefeitura de Porto Alegre de difusão de
informação ainda não acontece de maneira concreta, deixando a desejar em aspectos de
qualidade do conteúdo apresentado, mas, ainda assim, a permanência desta na mídia social
digital é importante para que a população tenha acesso a estas notícias que não vão para mídia
de massa.
Quadro 42 - Estratégias de legitimação e eficácia
Prefeitura Estratégia de
legitimação
Eficácia Justificação
Curitiba Entretenimento - Página referência em
organizações públicas;
- Maior número de
seguidores no segmento;
- Relacionamento com os
públicos.
Justifica-se pois apesar
das inúmeras postagens
de entretenimento,
notícias também são
publicadas.
Florianópolis Difusão de - Conteúdo de qualidade; Justifica-se por realizar
105
informação por
notícias formais
- Organização e
identidade de marca.
um ótimo trabalho de
produção jornalística,
difundindo informação
de qualidade.
Porto Alegre Difusão de
informação por
notícias formais
- Conteúdo disperso;
- Boa produção
audiovisual.
Justifica-se por que
apesar da desordem,
cumpre seu papel de
informar o cidadão. Fonte: Elaborado pelo autor.
Nesse contexto, as prefeituras apresentam diferentes tipos de estratégias e níveis de
organização. Mesmo que não justifiquem sua presença nas mídias sociais digitais, é
importante ressaltar que esse novo meio é uma importante ferramenta de participação popular
e que cabe a essas organizações públicas adequar o seu conteúdo para atrair o público, ao
invés de ficar esperando uma elevação da consciência popular sobre participação política.
Para melhor visualização dos resultados finais, foi elaborado o quadro 42 onde podemos notar
as diferentes estratégias de legitimação, sua eficácia e se cumprem seu papel de legitimar a
dada ordem social.
106
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa se propôs a analisar as estratégias de legitimação das organizações
públicas nas mídias sociais digitais por meio da análise de conteúdo da fan page da Prefeitura
de Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre.
Conclui-se que as organizações públicas têm um longo caminho a percorrer na
presença das mídias sociais digitais, necessitando compreender ainda alguns fatores que
permeiam as lógicas comunicacionais do mundo digital. Uma vez que, se as organizações
pretendem assumir cada vez mais esse papel de interlocutora, necessitam entender que não há
mais controle sobre as ações e que deve-se estar sempre preparada a imprevistos que possam
surgir.
Visando compreender as estratégias de legitimação utilizadas pelas prefeituras, foi
realizada pesquisa bibliográfica sobre conceitos como legitimação, organizações públicas,
estratégias nas mídias sociais, permitindo entender como se dá todo o processo de legitimação
desde seu início, até sua justificação nos meios atuais.
Quanto aos objetivos de identificar as estratégias de legitimação utilizadas foi possível
concretizar través da categorização corpus coletado e a interpretação do mesmo, mapeando
em estratégias de legitimação já existentes e a comparação entre cada uma delas dos pontos
positivos. Vale ressaltar, que mais da metade das postagens resultaram na categorização de
notícia formal, considerada estratégia de difusão de informação, mas que não é a de maior
sucesso atualmente, enquanto que, a estratégia de entretenimento, sucesso na Prefeitura de
Curitiba, é a que consegue obter os maiores índices de engajamento.
Sobre o sucesso da Prefeitura de Curitiba, há de se colocar que além da produção de
um conteúdo de entretenimento, este conteúdo faz referência a notícias ou memes globais, não
somente da cidade de Curitiba, o que para muitos usuários acaba posicionando a página como
de humor, não sendo vista como uma prefeitura e atingindo o público externo.
O processo de legitimação dessas organizações foi certamente facilitado pela inclusão
nas mídias sociais digitais, enquanto na antiguidade as organizações necessitavam de uma
ampla divulgação por meios tradicionais, na web é possível expor ao mundo todo suas ações,
dando novamente certa autonomia aos campos para não dependerem mais da mediação dos
campos que proporcionam visibilidade, moldando-se agora às lógicas da comunicação em
rede.
Referente a herança política, um legado de desinteresse e participação mínima é
percebido pelo baixo engajamento que as páginas da Prefeitura de Florianópolis e Porto
107
Alegre possuem, as quais estão focadas na divulgação dos acontecimentos e fatos da cidade e
que não conseguem chegar a uma quantia representativa da sua população.
Então ainda é necessário que as organizações tenham estratégias muito bem adequadas
ao meio e que sejam desenvolvidas por equipes qualificadas, que saibam lidar com o novo
momento de espectadores ativos e também com o fenômeno da convergência. Esse fenômeno
ocorre principalmente pela questão que a identidade dessas organizações é construída mais
fortemente nas práticas cotidianas, isto é, ações que o cidadão percebe no dia-a-dia e que por
questões de qualidade de vida, deixam a desejar, recaindo sobre o meio onde, além de ter seu
próprio mural, é possível ir até a página da prefeitura e fazer suas críticas, sejam elas
verdadeiras ou não.
Essas estratégias devem refletir nos capitais relacionais das organizações, valorizando
a imagem dessas e criando interesse junto ao público de consumir o conteúdo produzido e
colaborar de maneira construtiva para melhoria do bem estar social, assim como grandes
empresas utilizam as mídias sociais digitais para obter o feedback dos usuários dos seus
produtos.
Dentro desse contexto, é importante ressaltar que a presença dessas organizações
públicas está se intensificando pela necessidade de desintermediação, devido à grande e
influência imposta pelos conglomerados jornalísticos na veiculação de matérias de interesse
público, e a possibilidade de apropriação das funções dispostas pelas mídias sociais digitais.
Ficam ainda algumas questões em aberto para futuros estudos, principalmente acerca de quais
estratégias propiciam um melhor engajamento para essas organizações.
108
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