trabalho de urbanismo

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Mestrado em Turismo Cultural e Animação Urbanismo e Património Cultural Docente: Professor Luís Boavida Portugal Centro Histórico de Vila Nova de Gaia Carmen Rodrigues 26 de Junho de 2008

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Page 1: Trabalho de Urbanismo

Mestrado em Turismo Cultural e AnimaçãoUrbanismo e Património Cultural

Docente: Professor Luís Boavida Portugal

Centro Histórico de Vila Nova de Gaia

Carmen Rodrigues26 de Junho de 2008

Page 2: Trabalho de Urbanismo

Índice

Introdução……………………………………………………………….

………………4

O Centro Histórico e a Relação com o

Turismo…………………………………………5

Politicas e Estratégias Públicas

Área Critica de Recuperação e Reconversão Urbanística de Vila

Nova de Gaia….12

Unidades operativas de

Reabilitação……………………………………..13

Dificuldades a

ultrapassar………………………………………………..13

Programa

Pólis…………………………………………………………………..15

Conclusão………………………………………………………………………………

.17

Bibliografia……………………………………………………………………………

…19

Anexo:

1. Carta aéreofotogramétrica do Cento Histórico de Vila Nova de Gaia……...20

2

Page 3: Trabalho de Urbanismo

2. Gaia, rio Douro e Porto – 1669 – aguarela de Pier Maria Baldi…………….20

3. Modelo espacial da cidade pós-moderna…………………………………...21

4. Vista Panorâmica actual sobre Vila Nova de Gaia………………………….21

“(...) Os valores a preservar são o de carácter histórico da cidade e o conjunto dos elementos materiais e espirituais que lhe determinam a imagem, em especial: a forma urbana definida pela malha fundiária e

pela rede viária; as relações entre edifícios, espaços verdes e espaços livres; a forma e o aspecto dos edifícios (interior e exterior) definidos pela sua estrutura, volume, estilo, escalas, materiais, cor e

decoração; as relações da cidade com o seu ambiente natural ou criado pelo Homem; as vocações diversas da cidade adquiridas ao

longo da sua história (…)”

Aguiar, 2002: p.97

3

Page 4: Trabalho de Urbanismo

Introdução

A legislação com incidência sobre a salvaguarda dos centros

históricos, em Portugal tem uma história recente. Salazar fomentou a

recuperação urbana mas esta traduziu-se numa politica de obras

públicas assente no conceito de embelezamento. Em 1944 surge a

obrigação de elaborar planos de urbanização em todas as sedes de

concelho, mas é somente em 1970 que a politica de solos foi

regulamentada.

Em 1970, a lei dos solos foi reformulada e já adoptado o nível

infra-municipal com a Declaração de Áreas Criticas de Recuperação

e Reconversão Urbanística, para áreas urbanas muito degradadas.

Em 1982, institui-se o Plano Director Municipal, que se impôs a

todos os outros planos e estabeleceu-se também o Programa de

Reabilitação Urbana, substituindo mais tarde o programa de

Recuperação de Áreas Degradadas, que levara à criação de

4

Page 5: Trabalho de Urbanismo

Gabinetes Técnicos Locais e, nalguns casos, de Gabinetes de Centro

Histórico.

Estes programas anunciam a actual prevenção na qualificação

do espaço urbano, em detrimento dos planos de expansão, através de

Planos de Pormenor e de projectos urbanos.

Em Vila Nova de Gaia, os Estudos do Plano Director Municipal

começaram a elaborar-se em 1984 e, no mesmo ano, o Executivo da

Câmara Municipal aprovou a delimitação da área do Centro

Histórico.

No ano de 1985, a autarquia candidatou-se ao Programa de

Reabilitação Urbana e no ano a seguir foi publicada no Diário da

Republica a Declaração de Áreas Criticas de Recuperação e

Reconversão Urbanística de Vila Nova de Gaia, que se situam no

Centro Histórico. A partir de então fora promovidas várias obras do

Plano de Reabilitação e Salvaguarda do Centro de Gaia, conquanto

com carácter pontual. No entanto duas áreas do Centro Histórico

foram intervencionadas: a área do Castelo de Gaia foi objecto de um

Plano de Salvaguarda, de acordo com orientações do IPPAR,

apontando a contenção da construção, a beneficiação do espaço

público e a reabilitação de empreendimentos essenciais à população

residente.

O presente trabalho pretende de forma sucinta fazer a relação

do Centro Histórico e o Turismo, bem como mostrar as duas

principais medidas estratégicas politicas para o seu melhoramento.

O Centro Histórico e a Relação com o Turismo

O Centro Histórico de Vila Nova de Gaia ocupa,

territorialmente, uma posição privilegiada na margem esquerda do

rio Douro. Assente em solo predominantemente granítico, com um

declive de aproximadamente seis graus em relação ao rio, desfruta

uma encosta sinuosa em anfiteatro.

5

Page 6: Trabalho de Urbanismo

1- Fotografia aérea do Centro Histórico de Vila Nova de Gaia; Fonte: GAIURB

O Centro Histórico de Vila Nova de Gaia pode caracterizar-se

com uma população envelhecida que tem um nível de instrução

baixo, uma taxa de desemprego relativamente elevada e que trabalha

maioritariamente no sector terciário. Nesta área domina largamente

o arrendamento, os edifícios são antigos e a habitação está

degradada.

A perda de importância desta área perante a freguesia vizinha

de Mafamude, e mesmo face à cidade do Porto, começou com o

contributo de múltiplos factores, tais como: a Ponte Pênsil;

construção da Rua General Torres como acesso à Ponte Pênsil; a

ligação ferroviária desde o Porto a Lisboa; a construção da ponte D.

Maria Pia; a substituição da Ponte Pênsil pela Ponte D. Luís; a

construção do Porto de Leixões; abertura da Avenida da República;

por fim a construção da nova Câmara Municipal, nos anos 20, na

referida avenida (que anteriormente funcionava na área do Centro

Histórico. Ora, deste modo, todas as obras dispensaram a área do

Centro Histórico de algumas das suas funções, designadamente

politicas, e propiciaram que se transformasse num local de

passagem.

6

Page 7: Trabalho de Urbanismo

Consolidou-se, a vocação da área para receber o vinho do

Porto, com a criação do Entreposto de Gaia que por lei passa a ser o

único local onde se pode armazenar o vinho do Porto.

Hoje em dia, e apesar dos vários elementos comuns que

anteriormente foram mencionados, podem salientar-se, pelas suas

distintas características, três áreas do Centro Histórico: o Castelo, a

Escarpa e a “concha do vinho do Porto”. Estas características

mostram o contraste com a vitalidade da actividade ligada ao vinho

do Porto, como se pode ver pela fundação de várias empresas ainda

nas últimas décadas.

O vinho do Porto constitui o motivo de atracção turística da

área, que antecedeu a demarcação do Centro Histórico, uma vez que

a data de abertura das caves ao turismo começou no ano 1913,

antecipando-se ao poder local nesta aposta de turismo como meio de

publicidade. Os motivos que as empresas de vinho do Porto referem

ter conduzido a esta abertura do turismo, concentra-se

principalmente na vontade de promover ou divulgar o produto e as

suas marcas, evidenciando a importância informal feita pelos

turistas.

Esta área de Vila Nova de Gaia recebe muitos turistas devido

ao vinho do Porto, independentemente da qualidade urbana da área

onde se situam. Foram as empresas do vinho do Porto as

responsáveis pela atracção turística ainda antes de o poder politico

considerar o valor patrimonial da mesma.

O património monumental, não contribui para o fluxo tão

acrescido de visitantes, na medida em que não parece estar a ser

explorado do ponto de vista do turismo. De entre o património

classificado do concelho, dois dos três Monumentos Nacionais

situam-se no Centro Histórico, sendo eles: a igreja e o claustro do

Mosteiro da Serra do Pilar e a Ponte D. Maria Pia. No que concerne

aos Imóveis de Interesse Público, estão classificados seis do total de

catorze existentes no concelho, que são: a Sala do Capítulo, o

refeitório, a cozinha, a torre e a capela do Mosteiro da Serra do

7

Page 8: Trabalho de Urbanismo

Pilar; o Paço de Campo Bello, incluindo a capela e todo o conjunto

circundante; a Casa Barbot; a Ponte D. Luís I; a Igreja de Santa

Marinha; e a Estação arqueológica do Castelo de Gaia. Além deste

património, há ainda património considerado de Interesse Concelhio

e constando do Inventário do Património Construído de Vila Nova de

Gaia. Estão situados no Centro Histórico de Gaia: a Casa dos

Maravedis; o Pelourinho de Vila Nova de Gaia; o Mosteiro de Corpus

Christi; e o conjunto formado pelo Convento de Santo António de

Vale de Piedade, incluindo o claustro, os jardins, os bosques e as

construções existentes dentro da cerca.

A intervenção da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia na

defesa do património do Centro Histórico e na dinamização desta

área, parece sobretudo recair nesta vertente de classificação e de

elaboração de planos, de modo a proteger esta área relativamente a

possíveis futuras obras. O que concerne a acções de reabilitação, o

próprio município reconhece ter promovido apenas acções muito

pontuais e de efeito reduzido. Segundo o Município os seus

objectivos presentes passam por “(…) atacar programadamente quer

os problemas sócio-económicos da população residente, quer a

qualidade da oferta turística e de lazer, quer a reabilitação ambiental

e patrimonial dos espaços públicos, escarpas e quarteirões

residenciais, sem alteração significativa da morfologia e carácter

arquitectónico da Frente ( Urbana da Ribeira) e do Castelo e

encostas adjacentes.”

A parte edificada mais modesta e também mais recente não

tem sido objecto de operações de reabilitação, embora também não

pareça que tenha modificado o aspecto geral da área. Foram

escassos os edifícios construídos entre 1898 e 1994, os alojamentos

foi reduzido cerca de 656 fogos em praticamente um século. Por sua

vez, a construção de armazéns de vinho do Porto no Centro

Histórico foram em maior número do que a restante área da

freguesia.

8

Page 9: Trabalho de Urbanismo

2- Vista da marginal de anónimo, século XIX 3- Vista sobre a

marginal

A importância do lazer/turismo no Centro Histórico é

indiscutível, quer pela oferta – pela elevada quantidade de

estabelecimentos de equipamento de apoio turístico, quer pela

procura, pelo elevado número de turistas recebidos nos armazéns do

vinho do Porto.

Os estabelecimentos de apoio turísticos estão voltados para o

rio, abarcando toda a área ribeirinha, incluindo áreas que não tem

mais nenhum tipo de estabelecimento. Quanto aos outros

estabelecimentos, os armazéns de vinhos ocupam praticamente toda

a área do Centro Histórico e o comércio a retalho, situa-se nas ruas

que tinham a maior parte das actividades económicas em 1899,

embora neste período existissem mais actividades de fabrico e

reparação do que comerciais (Silva, 1898).

A partir de 1982 o número de abertura de estabelecimentos de

apoio turístico aumenta e diversificam-se, quer no Centro Histórico

quer na área da freguesia de Santa Marinha. No Centro Histórico

começam a surgir essencialmente bares e discotecas e fora desta

área confeitarias.

Quanto ao marketing turístico, nota-se o sucesso de

concentração num motivo único, para formar uma imagem de marca

facilmente reconhecível, que no caso do Centro Histórico de Vila

Nova de Gaia são as caves de vinho do Porto.

9

Page 10: Trabalho de Urbanismo

A importância do património na criação dessa imagem, no caso

do Centro Histórico de Gaia, sucede se se considerar as caves como

de vinho do Porto como património da área que convida os visitantes.

Relativamente à população, sabe-se que a sua identidade está mais

ligada ao rio do que propriamente ao património edificado.

O núcleo antigo de Gaia está implantado numa elevação de 78

metros acima do rio Douro com uma área de cerca de 43.000 m2. As

construções existentes afizeram-se à topografia do sitio, ladeiam

esguios caminhos, de difícil acesso, que torneiam a elevação em

movimento espiralado a partir de um pequeno largo no ponto mais

elevado.

4- Carta do núcleo urbano do castelo de Gaia; Fonte: GAIURB

Os edifícios, de arquitectura modesta e fachada simples, com

porta e janela, têm somente a função habitacional estando a maioria

deles em avançado estado de degradação, isto porque estão

arrendados ou desabitados. Vejamos o exemplo das imagens

seguintes:

10

Page 11: Trabalho de Urbanismo

5/6- Edifícios do núcleo urbano do Castelo de Gaia.

No conjunto habitacional, podemos encontrar disperso por todo

o Centro Histórico os sóbrios solares da fidalguia, com as capelas

privadas, e as casas de quinta do burguês industrial, ambas com

coabitação com os armazéns de vinho.

Edifício emblemático do património edificado do Centro

Histórico de Gaia é o da empresa inglesa Sandeman, que constitui

uma referência no cenário ribeirinho de Vila Nova Gaia em oposição

a ribeira do Porto na outra margem do Douro.

7/8- Largo Miguel Bombarda e Casa Sandeman

A arquitectura industrial presente no Centro Histórico tem uma

aparência muito forte na imagem da encosta do território,

impossibilitando a percepção da construção urbana. Os armazéns de

11

Page 12: Trabalho de Urbanismo

vinho do Porto acatam um modelo único de projecto, cuja

configuração é consequência imediata da função para que foram

criados. São edifícios muito simples no tratamento de fachada onde

só têm lugar as portas e janelas.

Os armazéns representam 0,5% da área pertencente ao Centro

Histórico, mais do que as áreas dos núcleos urbanos. Estabelecidos a

partir de 1756 quando Gaia foi, por decreto, feita depósito geral dos

vinhos do Douro.

9/10- Fotografia do conjunto massificado de armazéns

Parece fundamental após a apresentação dos armazéns,

apresentar um exemplo da tipologia dos armazéns.

12

Page 13: Trabalho de Urbanismo

11- Planta e corte dos armazéns da Companhia Geral da Agricultura das

Vinhas do Alto Douro;

Fonte: Extinto Gabinete de Gestão do Património de VHG

Deixemos um excerto de Choay sobre a indústria patrimonial

“(…) A industria patrimonial aperfeiçoou os procedimentos de

emblagem que permitem entregar, também eles, os centros e bairros

antigos, prestes ao consumo cultural. Estados e municipalidades

recorrem-lhe, com reserva e discrição, ou liberalmente, em função

das suas escolhas sociais e politicas mas sobretudo, de acordo com a

natureza (dimensões, carácter, recursos) do produto a lançar e de

acordo com a importância relativa das receitas adiantadas. Um

arsenal de dispositivos testados permite atrair os amadores, retê-los,

organizar a economia do seu tempo, desviá-los para a familiaridade e

o conforto: … estereótipos de pitoresco urbano … vasos de flores

rústicos e arbustos internacionais... estereótipos do lazer urbano …

sob todas as suas formas, regional, exótica, industrial, o restaurante.

(…)”(1)

13

Page 14: Trabalho de Urbanismo

__________________________

(1) CHOAY, Françoise – A Alegoria do Património, Lisboa: Edições 70 -

2000, p.196

Politicas e Estratégias Públicas

Área Critica de Recuperação e Reconversão Urbanística de

Vila Nova de Gaia

Este programa também conhecido por “Masterplan” levado a

cabo em 2006 pela Parque Expo constitui uma estratégia operativa

para a área critica urbanística de Gaia. A estratégia passa por cinco

factores: Organização dos Fluxos; Espaço Público e Estrutura Verde;

Edificado e Usos; Equipamentos; Património.

Quanto à organização dos fluxos têm como estratégia, novas

travessias pedonais do Douro (paralela à Ponte D. Luís I / Av. Diogo

Leite – Praça da Ribeira/ Largo Cruz – Alfândega do Porto/

Reabilitação da Ponte D. Maria I. Como meios mecânicas de

aproximação da cota- baixa à cota- alta, através de teleféricos,

elevador e escadas rolantes. Novos meios de transporte público,

transporte público ligeiro e transporte fluvial regular. Interface

intermodal através de comboios, metro, autocarros, táxis. Por fim

14

Page 15: Trabalho de Urbanismo

construção de parques de estacionamento, tanto para ligeiros como

para pesados.

A estratégia para os espaços públicos e estrutura verde passa

por novos espaços de estadia e sociabilidade, apoiadas em unidades

comerciais e culturais, tirando partido da morfologia da cidade e

sistemas de vistas; requalificação e revitalização da frente ribeirinha

e sua relação com o rio; renaturalização das áreas mais vulneráveis;

abertura de áreas verdes privadas à utilização publica, potenciando

actividades de recreio, estadia e lazer; requalificação da linha de

água de Devesas estruturando um corredor verde de ligação.

Relativamente ao “Edificado e Usos”, pretende-se manter a

actividade de produção do vinho do Porto; desenvolver-se o turismo

associado à actividade das caves – pólo enoturismo de excelência

(Hotel Charme/três equipamentos hoteleiros na zona das

caves/empreendimento turístico ligado a equipamento náutico).

Reabilitação de áreas habitacionais degradadas consolidando a

malha urbana existente; construção de novos núcleos habitacionais

promovendo a fixação da população; construção de habitação

qualificada em áreas de caves desocupadas; centro comercial a céu

aberto e implantação de pequenas unidades comerciais de carácter

cultural ao longo dos principais eixos pedonais.

A estratégia operativa no que toca aos equipamentos, passa

pelo Centro interpretativo do vinho com recurso a novas tecnologias

(reabilitação do edifício do actual mercado); criação de um pólo

cultural nas antigas instalações da Companhia Real Vinícola;

reabilitação do Convento Corpus Christi e readaptação de velhas

estruturas vinícolas a ateliers de carácter artístico; construção do

Museu Militar e do grande auditório; reabilitação do conjunto

edificado do Centro Cultural, Recreativo e Cultural da Beira- Rio;

concentrar a totalidade do ensino básico do 1º ciclo na zona de

intervenção; museu vivo subordinado à história do barco rabelo e por

fim considerado como âncora o Centro de Congressos.

15

Page 16: Trabalho de Urbanismo

Quanto ao património, a estratégia operativa passa pela

cultura do vinho; as caves; o Convento da Serra do Pilar; Convento

do Corpus Christi; Castelo de Gaia; Igreja de Santa Marinha; Igreja

do Senhor do Além; Quinta do Mirante; Ponte D. Luís I; Roteiro da

lenda de Gaia e por fim as colectividades

Unidades Operativas de Reabilitação

A área de intervenção do Masterplan está dividida em seis

Unidades Operativas de reabilitação, a primeira das quais

corresponde à zona do Cais de Gaia e das Caves do vinho do Porto e

ocupa cerca de 50% do total, desenvolvendo-se ao longo de 77,5 ha.

Para estabelecer as potencialidades de desenvolvimento e

requalificação o plano inclui a avaliação do estado em que se

encontra o edifício, na sua maioria em mau estado de conservação.

Na zona de intercessão é possível encontrar Imóveis do século XVIII,

cerca de 3%. Os números do Masterplan apontam para a reabilitação

de 308.000m2, ou seja 355 da área total de intervenção, e de

182.000m2 de áreas devolutas ou degradas. Esta área integra-se

num concelho com cerca de 290 mil residentes e num pólo turístico

de elevado potencial, centrado, principalmente, na história do vinho

do Porto, da qual as cves são o principal atractivo.

Dificuldades a ultrapassar

Para que a requalificação seja um sucesso, há necessidade de

se resolver alguns problemas, entre os quais os difíceis acessos, a

não especialização dos tráfegos, o condicionamento da circulação e

as dificuldades de conexão entre as cotas alta e baixa. O Masterplan

refere que o facto do lado norte da área de intervenção apresentar

pouca exposição solar e de faltarem espaços públicos de referência

16

Page 17: Trabalho de Urbanismo

na zona histórica. É deste modo que propõe criar um centro

comercial a céu aberto, apoiado por pequenas unidades comerciais

de carácter cultural a distribuir pela zona pedonal. A criação de

hotéis de charme, como foi referido já anteriormente é uma das

medidas preconizadas.

A história do vinho do Porto é importante para o turismo de

Gaia, pelo que o Masterplan defende a criação de um centro

interpretativo e de um pólo cultural a ela associados, devendo este

último ser instalado no velho espaço da Real Companhia Velha. Em

2006 estava também planeado a construção de uma área

museológica dedicada à história do barco rebelo, bem como a

reabilitação do Convento Corpus Christi, que irá receber o Centro de

congressos.

Por último, este plano permite dar-nos conta que a principal

artéria da frente ribeirinha do Centro Histórico é a Avenida Diogo

Leite que apresenta um dos conjuntos mais notáveis de toda a área

de intervenção.

Por sua vez, as caves do vinho do Porto situam-se na Rua Serpa

Pinto, classificada como uma artéria de boas acessibilidades, mas

com alguns problemas de segurança.

Os maiores problemas estão na Serra do Pilar, nos seus

acessos, na segurança, conforto, resistência e sustentabilidade.

A elaboração do Masterplan resultou de um contrato efectuado

entre a Empresa municipal Gaia Social e a Parque Expo´98, no início

do ano 2006. O estudo prevê a conclusão das obras no prazo de seis

anos, deste modo, ainda não nos podemos debruçar nas modificações

práticas que este plano teve. No entanto, percebemo-nos na

preocupação crescente que os Municípios têm vindo a ter com os

Centros Históricos. O facto é que cada vez mais as verbas

disponibilizadas são escassas, o que leva muitos municípios a

empregarem as suas verbas onde há mais pessoas, nas periferias.

Segundo Rolando Borges Martins, do Conselho de

Administração da Parque Expo, o Masterplan é “modelo de

17

Page 18: Trabalho de Urbanismo

intervenção estratégica e representa uma estratégia que mais que

reabilitar, pretende revitalizar a zona, criar novas funções e

rechamar gente para viver nesses espaços”. Trata-se “apenas a

primeira fase de um trabalho que terá concretização durante largos

anos num terreno extenso e complexo”.

O principal objectivo é a fixação da população na zona

ribeirinha. Luís Filipe Menezes afirmou a intenção de fixar a

população original e recordou os investimentos realizados nos

últimos oito anos, sem os quais “já não haveria ninguém no Centro

Histórico”, como o Cais de Gaia e a recuperação das Ruas Diogo

Leite, Cândido dos Reis e General Torres. “As pessoas tem de ficar

cá e as que saírem de casas degradadas e abandonadas têm que

voltar. Sem população o Centro Histórico perderia a identidade que

faz dele um dos locais mais interessantes da Área Metropolitana do

Porto.

Programa Polis

A Intervenção do Programa Polis em Vila Nova de Gaia é mais

um plano coordenado pelo Parque Expo. Representa uma enorme

operação de requalificação urbana e ambiental da zona ribeirinha

entre a ponte de S. João e o Cabedelo e na orla marítima até a rua do

Thom, que terá um forte impacte na melhoria da qualidade de vida

dos habitantes desta cidade e que tem como principais objectivos:

Requalificação da frente ribeirinha; Reestruturação urbana da

Afurada; Criação de novas áreas verdes e o ordenamento territorial

de áreas de crescimento.

Quanto ao primeiro objectivo pretende-se construir uma faixa

ribeirinha altamente qualificada que proporcione o contacto e

usofruto da margem do rio Douro e promova, através da construção

de uma ciclovia, o desenvolvimento de novos hábitos de lazer; o

segundo objectivo passa pela revitalização de um núcleo piscatório,

através da ampliação e requalificação do Porto de pesca e construção

de novos armazéns para apoio à actividade, da beneficiação dos

18

Page 19: Trabalho de Urbanismo

espaços públicos e do seu enquadramento turístico; o terceiro

objectivo pretende-se qualificar e criar extensas áreas verdes para

fruição da população e por outro lado desempenhar uma função de

descompressão territorial; o último objectivo pretende desenvolver

operações de ordenamento de áreas edificadas, ou por edificar, para

promover a sua integração urbana e paisagística da frente ribeirinha.

Estas acções terão maior destaque no Centro Histórico.

O Programa Polis vai alterar toda a zona ribeirinha, entre a

Ponte do Infante e Lavadores. A sua requalificação do centro urbano

da Afurada, a construção de uma praia artificial, que permita a

prática de surf durante o ano todo, e a criação de um centro de

educação ambiental vir para os estuários são algumas das

intervenções previstas num plano orçado em cerca de 40 milhões de

euros, de fundos públicos, mas que vai potenciar investimentos

privados num montante de cerca de 500 mil a um bilião de euros.

O Programa Polis divide-se em várias áreas, cada uma delas

entregue a um arquitecto. O Centro Histórico terá como arquitecto

Pedro Ramalho. O seu plano de pormenor prevê para o jardim do

Morro um complexo que engloba um parque de estacionamento com

ligação directa ao Metro e uma galeria comercial que acompanha as

escadas rolantes de ligação à cota baixa. A nascente da cidade, no

remate das pontes do Infante e D. Maria, irá nascer um novo centro

de actividade, que incluirá habitação, comércio e serviços. Junto ao

rio serão reabilitados equipamentos com grande potencialidade

turística, entre os quais o Convento Corpus de Christi e diversos

armazéns do vinho do Porto.

O Metro de superfície será o equipamento- âncora da

interposição em dois locais, na Arrábida e para o caso que nos

interessa, os Centros Históricos. Pretende-se libertar a zona

ribeirinha do trânsito automóvel, em condições cómodas. No que

concerne ao Centro Histórico, será intervencionada toda a escarpa,

entre a Ponte D. Luís e a Ponte do Infante, ocupada por habitações e

por casa em deficientes condições de segurança. A população será

19

Page 20: Trabalho de Urbanismo

realojada a leste da Ponte do Infante e a encosta transformar-se-á

em zona verde, com percursos pedonais. A escarpa que desce até as

caves, será também recuperada, já que é considerada “degrada

urbanística e miséria”. (2)

_____________________

(2) Alteração depende da adesão do sector privado, já que o investimento do Polis

se feito apenas na cota baixa.

Conclusão

Foram duas as intervenções coordenadas pela Parque Expo no

Município de Vila Nova de Gaia. O Estudo de Enquadramento

Estratégico dos 152 hectares que integram a Área Crítica de

20

Page 21: Trabalho de Urbanismo

Recuperação e Reconversão do Centro Histórico de Vila Nova de

Gaia e a coordenação do Programa Polis.

No mundo actual, com vista a um aproveitamento turístico, a

prática de reabilitação e conservação dos centros históricos tornou-

se numa preocupação político-social de demarcação de identidade e

de autenticidade das nações. A evolução do conhecimento técnico e

científico, aplicado ao processo de reabilitação, proporcionou a

resposta ao problema de conseguir conforto e modernidade no

centro histórico, aproximando entidades públicas e privadas em prol

do ideal de preservação do património arquitectónico, seja um

monumento nacional ou um simples prédio rural.

O vinho do Porto é o motivo principal das visitas ao Centro

Histórico de Vila Nova de Gaia, acolhendo as caves cerca de meio

milhão de visitantes por ano. A abertura das caves ao turismo

ocorreu em 1913.

Desde 1982, esta área tem uma elevada percentagem e

distribuição de estabelecimento de equipamento de apoio turístico

comparativamente aos outros tipos de estabelecimento, distinguindo-

se de outras áreas de freguesia.

Em conclusão, podemos dizer que o principal factor de

atracção ao Centro Histórico de Vila Nova de Gaia é as caves do

vinho do Porto. Como podemos ver a iniciativa para atrair turistas às

caves começou por iniciativa dos seus proprietários. Posteriormente

a Câmara ao ver a importância do Centro Histórico, começou a

desenvolver políticas e estratégias.

Como em muitos Centros Históricos, também o de Gaia tem o

problema de atrair pessoas para o centro, para dinamizar o espaço.

Alguma coisa se tem estado a desenvolver na Câmara, no sentido de

afixar as pessoas aquela área.

Françoise Choay descreve no seu livro, A Alegoria do

Património, como “o culto da cultura”. É deste “culto” que o turismo

cultural sobrevive e faz sobreviver o património edificado, num

compromisso de parceria eterna. “ (...) os monumentos e o

21

Page 22: Trabalho de Urbanismo

património históricos adquirem um duplo estatuto. São obras que

dispensam saber e prazer, colocadas à disposição de todos mas

também produtos culturais, fabricados, embalados e difundidos

tendo em vista o seu consumo. (...) “ (CHOAY, 2000: p. 185) Sem

necessitar de adquirir bilhete de entrada e permissão para fotografar

e/ou filmar, as cidades históricas estão muito mais expostas a todo o

tipo de fruição e usufruição do que outros bens culturais, como

observa Choay. Esta exposição aberta coloca interrogações sobre a

forma de reverter a exploração turística em favor da preservação do

património edificado.

Este Centro Histórico, como podemos constatar é

importantíssimo, sobretudo economicamente, chama os turistas para

a zona, sobretudo a das caves.

Os turistas, comerciantes e moradores deparam-se com muitas

dificuldades nos Centros Históricos, desde os parques de

estacionamento a mobilidade dentro do Centro.

Espero neste trabalho ter respondido a todas as propostas

colocadas pelo professor.

22

Page 23: Trabalho de Urbanismo

Bibliografia

CHOAY, Françoise – A Alegoria do Património, Lisboa: Edições

70, 2000

FERREIRA, Eduarda Lago – Apontamentos sobre o lazer e o

património urbano edificado no centro histórico de Vila Nova

de Gaia, Revista da Faculdade de Letras – Geografia I, vol.

XV/XVI, Porto, 2000

HENRIQUES, Cláudia – Turismo, Cidade e Cultura:

Planeamento e gestão de sustentável, Lisboa: Edições Sílabo,

2003

MUMFORD, Lewis – A Cidade na história: suas origens,

transformações e perspectivas. S. Paulo: Martins Fontes

Editora

23

Page 24: Trabalho de Urbanismo

Referência electrónica:

www.amigaia.pt

www.parqueexpo.pt

www.ippar.pt

www.aecops.pt

www.cmteixeiralopes.gaianima.pt

Anexo:

24

Page 25: Trabalho de Urbanismo

1. Carta aéreofotogramétrica do Cento Histórico de Vila Nova de Gaia; Fonte: GAIURB

2. Gaia, rio Douro e Porto – 1669 – aguarela de Pier Maria Baldi Fonte: Biblioteca Laurenziana em Florença

25

Page 26: Trabalho de Urbanismo

3. Modelo espacial da cidade pós-moderna; Fonte: HENRIQUES, 2003

4. Vista Panorâmica actual sobre Vila Nova de Gaia

26