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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFICAÇÕES
Ricardo Iervolino dos Santos
São Carlos
2009
ii
Banca Examinadora
---------------------------------------------------
Prof. Dr. José Carlos Paliari
Orientador
---------------------------------------------------
Profa. Dra. Sheyla Mara Baptista Serra
Membro
---------------------------------------------------
Profa. Dra. Maria Aridenise Macena Fontanelle
Membro
iii
AGRADECIMENTOS
Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso antes de tudo a
Deus, que me proporcionou condições de chegar até aqui, aos
meus pais, irmã, namorada, família, amigos de São Paulo,
amigos de Universidade, pelo apoio em todos os momentos e ao
meu orientador, pela ajuda e dedicação.
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
AVALIAÇÃO AMBIENTAL DE EDIFICAÇÕES
Trabalho apresentado ao departamento de Engenharia
Civil da Universidade Federal de São Carlos como
requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil.
São Carlos
2009
v
RESUMO
Nos dias atuais a procura pela sustentabilidade é muito importante,
principalmente quando se trata da indústria da Construção Civil, maior causadora de impactos
ao meio ambiente. Para tanto, é necessário avaliar as edificações, em todas as suas etapas,
desde o projeto até a etapa de demolição, passando pelo uso-manutenção. Existem diversas
metodologias para esta avaliação. O objetivo deste trabalho consiste na identificação e
caracterização das principais metodologias existentes e aplicação de modelos simplificados de
avaliação ambiental em dois estudos de caso realizados na cidade de São Carlos. Ao longo do
seu desenvolvimento, pretende-se elaborar uma revisão bibliográfica a fim de estudar e
analisar os conceitos de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, descrever a relação
da indústria da Construção Civil com os impactos ambientais, levantar os principais eventos
relacionados à construção sustentável, apresentar suas vantagens, analisar as discussões a
cerca de indicadores, discutir as principais metodologias empregadas na avaliação de edifícios
e analisar a Agência do Banco Real Granja Viana, marco de edifício certificado com o selo
LEED no país, metodologia mais aceita mundialmente. Como resultado, observa-se que o país
ainda tem muito a desenvolver quanto à construção sustentável, faltam incentivos,
conscientização e políticas. Porém, observa-se também que muito pode se fazer com simples
atitudes.
vi
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Aplicações de avaliações e vantagens oferecidas por sua implementação...................................................................................................10
TABELA 2: Alguns dos principais eventos relacionados a construção sustentável e
avaliação ambiental de edifícios (1995-2005)...................................................12 TABELA 3: Lista mínima de indicadores de sustentabilidade de edifícios, sugerida
na ISSO AWI 21932 (ISSO TC59/SC3,2002)..................................................16 TABELA 4: Iniciativas relacionadas ao desenvolvimento de metodologias de
avaliação de edifícios........................................................................................19 TABELA 5: Estrutura de avaliação do BREEAM 98 (BALDWIN et al., 1998 apud
SILVA, 2003)....................................................................................................24 TABELA 6: Classificação provável no BREEAM, conforme pontos obtidos na
lista de verificação simplificada .......................................................................26 TABELA 7: Estrutura de avaliação do LEED 2.0 (USGBC, 2000 apud Silva,2003).........33 TABELA 8: Níveis de classificação do LEED.....................................................................35 TABELA 9: Pontuação detalhada (questionário 1)...............................................................64 TABELA 10: Pontuação detalhada (questionário 2).............................................................72
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Blocos de critérios no processo de avaliação do BREEAM (edifícios de escritórios)....................................................................................24
FIGURA 2: Esquema da obtenção do Índice de Desempenho Ambiental (EPI),
utilizado pelo BREEAM (BALDWIN et al., 1998 apud SILVA, 2003)..........26 FIGURA 3: Registros LEED no Brasil ................................................................................42 FIGURA 4: Registros por categoria LEED...........................................................................42 FIGURA 5: Registros por Estados........................................................................................43 FIGURA 6: Registros por tipologia ......................................................................................43 FIGURA 7: Comparação de Sistemáticas.............................................................................46
vii
FIGURA 8: Perspectiva da Obra...........................................................................................65 FIGURA 9: Implantação........................................................................................................65
LISTA DE FOTOS
FOTO 1: Fachada da primeira agência bancária do Brasil certificada pelo LEED .............47 FOTO 2: A iluminação da área de auto-atendimento da agência utiliza energia solar........49 FOTO 3: Tubos confeccionados com garrafa PET fazem a coleta de água
da chuva tratamento de efluentes na agência.........................................................50 FOTO 4: O sistema de climatização evaporativo não utiliza gases nocivos ao meio
ambiente ................................................................................................................51 FOTO 5: Na agência há uma central de atendimento exclusiva para deficientes
auditivos ...........................................................................................................52 FOTO 6: No detalhe da parede é possível verificar o material utilizado: tinta à base
de água, revestimento com argamassa que não passou por processo de queima e cimento com mistura de resíduos de altos-fornos siderúrgicos............55
FOTO 7: Residencial Michelangelo ......................................................................................57 FOTO 8: Terra Nova São Carlos I..........................................................................................65
LISTA DE SIGLAS
AQUA – Alta Qualidade Ambiental. BREEAM – Building Research Establishment Environmental Assessment Method. CASBEE – Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency. GBTOOL – Green Building Assessment Tool. HQE – Association por la Haute Qualité Environnementale. IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas. LEED – Leadership in Energy and Environmental Design Green Building Rating System. USGBC – United States Green Building Council.
viii
Sumário
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................01
2. OBJETIVOS.................................................................................................................03
3. JUSTIFICATIVA.........................................................................................................04
4. MÉTODO DE PESQUISA..........................................................................................05
5. SUSTENTABILIDADE...............................................................................................07 5.1. Definição....................................................................................................07 5.2. Construção civil.........................................................................................08 5.3. Sustentabilidade e Construção civil..........................................................08 5.4. Construção Sustentável.............................................................................10 5.5. Principais Conferências e iniciativas sobre sustentabilidade................11 5.6. Indicadores................................................................................................13
6. METODOLOGIAS PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL...........................................17 6.1. Considerações iniciais...............................................................................17 6.2. Breeam.......................................................................................................21 6.2.1. Estrutura Pontuação..................................................................23
6.2.2. Ponderação e Comunicação de Resultados..............................25 6.3. HQE...........................................................................................................26 6.4. Casbee........................................................................................................27 6.5. Gbtool.........................................................................................................28 6.6. Leed............................................................................................................28
6.6.1.Considerações iniciais.................................................................28 6.6.2. Estrutura e Pontuação...............................................................31 6.6.3. Ponderação e Comunicação de Resultado................................35 6.6.4. Regionalização da certificação LEED.......................................35 6.6.5. Comitês para o trabalho de regionalização..............................37 6.6.6. Procedimentos e custo para obtenção da certificação
LEED..........................................................................................37 6.6.7. Categorias e critérios do LEED.................................................39 6.6.8. Números do LEED no Brasil.....................................................41
6.7. Métodos nacionais.....................................................................................44 6.8. Análise comparativa..................................................................................45
7. MODELO DE EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL (AGÊNCIA GRANJA
VIANA DO BANCO REAL) .......................................................................................47 7.1. Considerações iniciais...............................................................................47 7.2. Análise........................................................................................................48
7.2.1. Consumo de energia elétrica......................................................48 7.2.2. Uso da água................................................................................49 7.2.3. Sistema de climatização..............................................................50 7.2.4. Gerenciamento de resíduos........................................................51 7.2.5. Materiais utilizados....................................................................51
ix
7.2.6. Acessibilidade..............................................................................52 7.2.7. Terreno........................................................................................52
7.3. Diferenciais da agência.............................................................................52 7.3.1. Sustentabilidade do Espaço........................................................52 7.3.2. Racionalização do uso da água..................................................53 7.3.3. Eficiência energética..................................................................53 7.3.4. Sustentabilidade dos materiais...................................................54 7.3.5. Qualidade Ambiental Interna.....................................................55
8. ESTUDOS DE CASO..................................................................................................57
8.1. Considerações iniciais...............................................................................57 8.2. Edifício residencial de múltiplos pavimentos...........................................57
8.2.1. Caracterização da obra...............................................................58 8.2.2. Avaliação ambiental simplificada..............................................58 8.2.3. Questionário adaptado................................................................59
8.3. Condomínio horizontal..............................................................................64 8.3.1. Caracterização da obra...............................................................65 8.3.2. Avaliação ambiental simplificada..............................................66 8.3.3. Questionário adaptado................................................................67
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................73
REFERÊNCIAS ..........................................................................................................76
ANEXO.........................................................................................................................79
1
1 INTRODUÇÃO
A indústria da Construção Civil, grande consumidora de recursos naturais e
considerada a maior geradora de resíduos, causa impactos ao meio ambiente que vão desde a
forma de produção dos insumos até a eficiência energética do edifício, e num cenário
próspero da construção, o conceito de sustentabilidade apresenta posição de destaque, com
aumento da preocupação em se projetar e construir edifícios, com a necessidade de minimizar
os danos ambientais provenientes das edificações, na qual a questão a ser respondida é a de
como aliar crescimento econômico e avanços tecnológicos com responsabilidade ambiental.
Juntamente com a popularização do termo “sustentabilidade” e
“desenvolvimento sustentável”, crescem os movimentos de se criar meios de avaliar o edifício
quanto as suas características sustentáveis.
A maioria dos sistemas de avaliação ambiental de edifícios baseia-se em
indicadores de desempenho, atribuindo pontuação técnica em função do grau de atendimento
a uma série de requisitos relativos aos aspectos construtivos, climáticos, ambientais,
enfocando o interior da edificação, o seu entorno e sua relação com a cidade e o meio
ambiente global. Tais indicadores apresentam ponderações que retratam os principais
problemas ambientais locais. “Se em determinada região há altas taxas de geração de resíduos
na execução da edificação, os critérios adotados incentivam a diminuição dessa geração, por
exemplo” (Akutsu et al., 2008).
Os diferentes métodos de avaliação possuem aspectos conceituais em comum
visando o melhor desempenho ambiental dos edifícios, refletidos resumidamente pelos
seguintes aspectos:
- Impactos do Empreendimento no Meio Urbano, com itens sobre os
incômodos gerados pela execução, acessibilidade, inserção urbana, erosão do solo,
espalhamento de poeira, etc.;
- Materiais e Resíduos, abrangendo gestão de resíduos no canteiro e uso do
edifício, emprego de madeira e agregados de origem legalizada, geração e correta destinação
de resíduos, emprego de materiais de baixo impacto ambiental, reuso de materiais;
2
- Uso Racional da Água, focando a economia de água potável, com uso de
equipamentos economizadores, acessibilidade do sistema hidráulico, captação de água de
chuva, tratamento de esgoto, etc.;
- Energia e Emissões Atmosféricas, analisando a eficiência da envoltória, do
sistema de ar condicionado e iluminação artificial, entre outras abordagens;
- Conforto e Salubridade do Ambiente Interno, considerando a qualidade do ar
e o conforto ambiental.
Preponderantemente em outros países, metodologias para avaliação desta
questão foram desenvolvidas. No Brasil, há um movimento para adequar a metodologia
LEED aos padrões nacionais, através de um processo de regionalização da ferramenta,
juntamente com metodologias nacionais desenvolvidas por várias instituições de pesquisa
(IPT e Fundação Vanzolini). Este trabalho pretende ampliar os conceitos sobre o tema,
analisar a Agência do Banco Real Granja Viana, modelo de empreendimento certificado com
o selo LEED, e realizar avaliações ambientais simplificadas em um edifício de múltiplos
pavimentos e em um condomínio de casas, ambos na cidade de São Carlos.
3
2 OBJETIVOS
Este trabalho tem os seguintes objetivos:
1. Revisão bibliográfica sobre os diversos conceitos que norteiam desenvolvimento
sustentável, sustentabilidade e indústria da construção civil versus
sustentabilidade.
2. Revisão bibliográfica sobre as principais metodologias de avaliação ambiental no
Mundo, seus indicadores, as importâncias relativas aos diversos aspectos
analisados, com as ponderações estabelecidas em cada e seus resultados,
enfocando a metodologia LEED, mais aceita mundialmente e em processo de
regionalização no país.
3. Analisar os diferenciais da Agência do Banco Real Granja Viana que a tornaram
um marco de empreendimento sustentável no país, sendo o primeiro
empreendimento da América do Sul a obter a certificação de construção
sustentável do LEED.
4. Aplicação simplificada da metodologia para avaliação ambiental LEED em um
modelo de edifício residencial de múltiplos pavimentos e em um modelo de casa
de um condomínio horizontal, ambas na cidade de São Carlos, e posterior análise e
discussão dos resultados obtidos.
5. Ampliar os conhecimentos do aluno sobre o tema e desenvolver habilidades
específicas para a pesquisa e formulação de um trabalho científico.
4
3 JUSTIFICATIVA
Em virtude do aumento da conscientização global sobre sustentabilidade,
conceitos relativos a esta vêm influenciando cada vez mais pessoas no mundo. Questões sobre
impactos onerosos ao meio ambiente e incremento das desigualdades socioeconômicas
passaram a ser amplamente abordadas e com grande importância na esfera governamental e
privada.
Preocupações voltadas aos impactos ambientais gerados pelas construções,
durante todas suas fases - construção, operação e manutenção - principalmente nas duas
primeiras, têm se destacado no setor da Construção Civil. Pesquisas apontam que, em
algumas cidades do Estado de São Paulo, mais da metade do volume diário de resíduos
coletados são provenientes da construção civil e que, nos países do hemisfério Norte, a maior
parte do consumo de energia é decorrente da climatização das edificações.
Nesse contexto, no qual a indústria da construção civil propicia grande impacto
negativo ao meio ambiente sob diversos aspectos, é crescente a preocupação socioambiental e
a globalização do conceito de desenvolvimento sustentável.
A partir da década de 90 países passaram a desenvolver mecanismos para a
avaliação do desempenho ambiental de edifícios, através de certificações que abrangem
diversos aspectos, com maior enfoque nos desafios ambientais locais. Tais certificações
partem da premissa de que um edifício com alto desempenho ambiental deve impactar pouco
o meio ambiente, promovendo boas condições de conforto e de saúde para os usuários,
considerando entre outros aspectos, baixo consumo de energia para ar-condicionado e
iluminação; racionalização do consumo de água potável; diminuição da geração de resíduos
com uso de sistemas construtivos adequados e execução eficiente da obra; localização do
edifício de forma a facilitar seu acesso pelos usuários; não perturbação da vizinhança
(principalmente durante a obra), como cuidados no espalhamento de poeira e outros.
Em razão da crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável, da
universalização do seu conceito e das diversas metodologias propostas, verifica-se a
necessidade da abordagem do tema proposto.
5
4 MÉTODO DE PESQUISA
Visando atingir os objetivos propostos por este trabalho, elaborou-se uma série
de atividades divididas em 5 etapas:
1) Definição do tema: Juntamente com o orientador do trabalho de conclusão
de curso, estudou-se o tema inicialmente proposto, o qual foi discutido por
orientador e orientando em busca de delimitá-lo a fim de chegar na essência
do estudo. O papel do orientador foi de suma importância para o
desenvolvimento do trabalho, uma vez que ele direcionou o foco de estudo,
dando suporte contínuo.
2) Revisão bibliográfica: Realizada com o objetivo de compreender
conceitos, informações e discussões os quais o tema proposto abrange, foi
estudado e coletado o máximo de informações em artigos, revistas,
trabalhos técnicos, internet, teses, dissertações, focando no entendimento
dos principais métodos existentes de avaliação ambiental de edifícios,
buscando entender quais os pontos avaliados, como se dá tal avaliação,
qual o resultado esperado, analisando a aplicabilidade de cada um, durante
as várias fases de um empreendimento (planejamento, construção,
operação, manutenção e demolição).
3) Análise da Agência do Banco Real Granja Viana: Analisou-se a agência
por ela ser um marco de empreendimento sustentável no país, sendo o
primeiro empreendimento da América do Sul a obter a certificação de
construção sustentável do LEED. Buscaram-se informações a respeito da
obra e apresentaram-se os diferenciais que a fizeram ser certificada pelo
selo LEED.
4) Aplicação simplificada da metodologia LEED em estudos de caso:
Seguindo um questionário simplificado com base na metodologia LEED,
foram feitos dois estudos de caso para avaliação ambiental dos
empreendimentos, que visa avaliar aspectos de qualidade de serviços,
gestão de energia, gestão de água, entre outros, buscando entender sua
estrutura, seus indicadores, seus critérios de ponderação.
6
5) Estudo comparativo e análise de resultados: Discussão sobre os
resultados obtidos, vantagens e desvantagens, problemas encontrados
quanto à sua aplicabilidade ao contexto dos empreendimentos nacionais,
limitações, etc.
6) Conclusões: A partir da análise dos resultados, se fará uma discussão com
base nos conceitos, informações e diretrizes coletados na revisão
bibliográfica, apontando pontos críticos, limitantes para a metodologia em
estudo, a fim de propor melhorias, alertar para pontos falhos e dificuldades
encontradas e posterior revisão do método.
7
5 SUSTENTABILIDADE
5.1 Definição
O conceito de desenvolvimento sustentável emergiu realmente durante as
discussões realizadas no início dos anos 70, seguindo uma série de publicações–chave que
chamavam atenção para a superexploração do ambiente pelo homem, enfocando o
desenvolvimento econômico e o crescimento da preocupação global quanto aos objetivos do
desenvolvimento e limitações ambientais (SILVA, 2003).
De acordo com Serra (2008), o tema sustentabilidade, embora venha sendo
amplamente discutido ultimamente, ainda é permeado por conceitos pouco nítidos por parte
de acadêmicos, empreendedores e demais agentes envolvidos.
Segundo Gonçalves (2008) apud Relatório Nosso Futuro Comum (1987) uma
definição bem aceita de desenvolvimento sustentável é a de que “O desenvolvimento
sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade
de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”.
Outra definição que tange a sustentabilidade é a de que “Processo Sustentável é
aquele que emprega somente recursos sustentáveis, ou, ao empregar recursos não-renováveis,
o faz em ritmo tal que permite o desenvolvimento de sucedâneos” (SERRA, 2008).
Gonçalves (2008), entre outros autores, defende que o tema precisa integrar de
forma equilibrada, respeitando a interdependência entre os aspectos ambientais, sociais e
econômicos.
Desenvolvimento sustentável seria, então, o conjunto de ações voltadas para
solucionar ou reduzir problemas econômicos, ambientais e sociais, que ameaçam nossa
sobrevivência e requerem ações conjuntas de governos, setor privado e sociedade, como
esgotamento de recursos naturais, crescente desigualdade social e crescimento econômico
ilimitado (GONÇALVES, 2008).
No ano de 2000, a ONU, em acordo aprovado por 191 países membros, propôs
8 objetivos visando o desenvolvimento sustentável a serem alcançados até 2015, os quais
foram denominados de as “8 metas do milênio” :
1) acabar com a fome e a miséria;
2) educação básica e de qualidade para todos;
8
3) igualdade entre sexos e valorização da mulher;
4) reduzir a mortalidade infantil;
5) melhorar a saúde das gestantes;
6) combater a AIDS, a malária e outras doenças;
7) qualidade de vida e respeito ao meio ambiente;
8) todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.
5.2 Construção civil
A indústria da Construção Civil causa grande impacto na sociedade, na
economia e no planeta, responsável por 40% da formação bruta de capital e grande massa de
emprego.
Segundo o Balanço Energético Nacional apud Gonçalves (2008), o setor é
responsável por 40% da formação bruta de capital e enorme massa de emprego; edifícios
residenciais, comerciais e do setor público consomem cerca de 45,15% de toda a energia
elétrica. Dos 40% da energia consumida mundialmente pela Construção Civil, cerca de 80%
concentra-se no beneficiamento, produção e transporte de materiais, sendo que alguns deles
também são geradores de emissões que provocam o aquecimento global, chuva ácida e
poluição do ar.
Gonçalves (2008) informa ainda que a quantidade gerada de resíduos de
construção e de demolição, em média de 150 kg/m² construído, constitui de 41% a 70% da
massa dos resíduos sólidos urbanos (em muitos municípios, mais da metade dos resíduos
gerados por toda a cidade são provenientes da construção civil).
Um exemplo do impacto ambiental provocado diretamente pela indústria da
Construção Civil é a extração de areia. Observa-se o esgotamento das reservas próximas aos
grandes centros urbanos e como conseqüência, a areia já vem sendo transportada a distâncias
superiores a 100 km, contribuindo para outros impactos como aumento do consumo de
energia e poluição.
5.3 Sustentabilidade e Construção civil
Segundo Silva (2003) não é possível alcançar o desenvolvimento sustentável
sem que haja construção sustentável.
9
Construção sustentável é a ligação entre as três esferas (Silva, 2003):
1) Sustentabilidade econômica: aumentar a lucratividade e crescimento
através do uso mais eficiente de recursos, incluindo mão de obra, materiais,
água e energia.
2) Sustentabilidade ambiental: evitar efeitos perigosos e potencialmente
irreversíveis no ambiente através de uso cuidadoso de recursos naturais,
minimização de resíduos e proteção e, quando possível, melhoria do
ambiente.
3) Sustentabilidade social: responder às necessidades de pessoas e grupos
sociais envolvidos em qualquer estágio do processo de construção (do
planejamento a demolição), provendo alta satisfação do cliente e do
usuário, e trabalhando estreitamente com clientes, fornecedores,
funcionários e comunidades locais.
Silva (2003) define a busca de uma indústria da construção mais sustentável
como sendo a agregação de valor, poluir menos, ajudar no uso sustentado de recursos,
responder mais efetivamente às partes interessadas, e melhorar a qualidade de vida presente
sem comprometer o futuro.
Silva (2003) ressalta ainda que construção sustentável não é desempenho
ambiental excepcional à custa de uma empresa que saia do mercado, nem desempenho
financeiro excepcional à custa de efeitos adversos no ambiente e comunidade local.
Na busca desse ideal, não se pode priorizar um aspecto em detrimento dos
demais, tampouco buscar uma solução perfeita. Nessa busca, deve-se objetivar o equilíbrio
entre viabilidade econômica (que mantém s atividades e negócios), limitações do ambiente e
as necessidades da sociedade.
Esta autora apresenta uma tabela com as aplicações de avaliações de edifícios e
vantagens oferecidas por sua implementação (Tabela1).
10
Tabela 1: Aplicações de avaliações e vantagens oferecidas por sua implementação Aplicações da avaliação de edifícios
(SILVA, 2003) Vantagens oferecidas
• Instrumentos para divulgação mercadológica
• Melhoria da imagem/reconhecimento pelo mercado de empresas e
profissionais que adotam práticas de projeto e construção mais sustentáveis
•Suporte à introdução de sistemas de gestão ambiental
• Especificação do desempenho ambiental de edifícios • Aquecimento do mercado para
edifícios e produtos de construção com maior desempenho ambiental • Auxílio a projeto
• Estabelecimento de normas de desempenho ambiental • Embasamento da definição e o
entendimento do que é um edifício sustentável • Auditorias ambientais
• Acesso facilitado a financiamentos, acesso a novos mercados ou
fortalecimento do nicho atual, perspectiva de negócios no longo prazo
• Redução de custos no longo prazo (uso de recursos financeiros e naturais) e
maior lucratividade, qualidade do ambiente interno e satisfação dos
clientes, redução de riscos (inclusive financeiros)
• Estímulo para elevação do nível de desempenho de edifícios novos e
existentes
• Conhecimento do estado atual dos impactos de edifícios e atividades, para identificação de oportunidades e definir
metas para melhoria
5.4 Construção Sustentável
Pode-se definir que construção sustentável consiste num sistema construtivo
que promove alterações conscientes no entorno, de forma a atender as necessidades de
edificação, habitação e uso do homem, preservando o meio ambiente e os recursos naturais,
garantindo qualidade de vida para as gerações atuais e futuras (DEL CARLO, 2008).
11
No contexto dos ambientalistas, ser verde significa estar de bem com a
natureza, não agredi-la. Green buildings (construções verdes) são construções projetadas,
construídas e mantidas com o mínimo consumo de água e energia, dando prioridade a
materiais que não poluem o ambiente durante sua produção e não provocam danos à saúde
dos usuários. Atualmente, com o crescimento dos movimentos ambientalistas e a demanda da
legislação e dos investidores estrangeiros, investir na qualidade e na gestão ambiental passou
a ser também um bom negócio (FARIA, 2008).
Dados recentes mostram que um empreendimento construído dentro desses
padrões reduz em até 30% o consumo de energia, 50% o consumo de água, 35% a emissão de
gás carbônico e em até 90% o descarte de resíduos, além de garantir um ambiente interno
mais saudável e produtivo (RAMOS, 2008).
Estima-se que os edifícios sustentáveis ofereçam uma economia de até 30% no
valor do condomínio, cálculo é realizado com base nas reduções do consumo de energia, água
e do custo operacional do edifício (manutenção e reformas). Pode-se esperar também uma
redução no FRA – fundo de reposição de ativos (GBC Brasil).
Na revenda, há um aumento de 20% no valor do empreendimento após 20 anos
de uso (valor estimado pelo Prof. Claudio Alencar, do grupo de Real Estate da Poli-USP)
(GBC Brasil).
5.5 Principais Conferências e iniciativas sobre sustentabilidade
Foi a partir da década de 90 que o tema sustentabilidade passou a repercutir
com maior intensidade, pesquisas visando reduzir os impactos ambientais de edifícios
passaram a receber investimento crescente.
A definição de estratégias para diminuição do uso de recursos não renováveis,
economia de energia e redução de resíduos de construção, em especial, foi amplamente
estimulada por agências governamentais, instituições de pesquisa e pelo setor privado de
diversos países (Silva, 2003).
Esta autora apresenta os principais eventos relacionados à construção
sustentável (Tabela 2).
12
Tabela 2: Alguns dos principais eventos relacionados a construção sustentável e avaliação ambiental de edifícios (1995-2005)
Ano Organização Evento Local
1995 CIB 1st International Conference on Buildings and the Environment
Garston, UK
IBPSA Building Simulation 1995 Madison, EUA
1996 CIB W62 22nd Water Supply & Drainage for Buildings
Lostorf, Suíça
1997 CIB 22nd International Conference on Buildings and the Environment
Paris, França
1998 CIB CIB World Building Congress Construction and the Environment
Gävle, Suécia
NRCan Green Building Challenge 98 Vancouver, Canadá
CIB W62 24th Water Supply & Drainage for Buildings
Rotterdam, Holanda
1999 IBPSA Building Simulation 1999 Praga, República Tcheca
2000 NOVEM/CIB Sustainable Building 2000 (SB 2000) Maastricht, Holanda
ANTAC VIII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente
Construído (ENTAC)
Salvador, BA
PCC.EPUSP/CIB CIB Symposium on Construction and Environment – Theory into
practice
São Paulo, Brasil
ISIAQ Healthy Buildings 2000 Espoo, Finlândia
CIB W62 26th Water Supply & Drainage for Buildings
Rio de Janeiro,
Brasil
2001 DAC/FEC/UNICAMP ENCAC Campinas, Brasil
ANTAC II Encontro Nacional (ENECS) e I Encontro Latino Americano sobre
Edificações e Comunidades Sustentáveis (ELECS)
Canela, Brasil
PLEA XVIII International Conference on Passive and Low Energy
Architecture
Florianópolis, Brasil
ASHRAE IAQ 2001 São Francisco, EUA
IBPSA Brasil Building Simulation 2001 Rio de Janeiro,
Brasil
CIB W62 27th Water Supply & Drainage for Buildings 2001
Portoroz, Slovenia
13
Ano Organização Evento Local
2002 Nações Unidas World Summit on Sustainable Development (Rio+10)
Johannesburg,
África do Sul
Biggforsk/iiSBE/CIB Sustainable Building 2002 (SB02) Oslo, Noruega
IAIAS Indoor air 2002 Monterey, EUA
CIB W62 28th Water Supply and Drainage for
Buildings
Iasi, Romania
2003 ANTAC III Encontro Nacional (ENECS) sobre Edificações e Comunidades
Sustentáveis
São Carlos, Brasil
Queensland Univ. /
Salford Univ. / Carnegie Mellon
Univ. CIB/Brisbane City council
International Conference on Smart & Sustainable Built Environment -
SASBE
Brisbane, Austrália
PLEA XIX International Conference on Passive and Low Energy
Architecture
Santiago, Chile
ISIAQ Healthy Buildings 2003 Singapura
IBPSA Building Simulation 2003 Eindhoven, Holanda
CIB W62 29th Water Supply and Drainage for
Buildings
Ankara, Turquia
2004 ANTAC/CIB/iiSBE ENTAC/claCS 04 (SB04 regional) São Paulo, Brasil
ASHRAE IAQ 2004 Tampa, EUA
2005 CIB/iiSBE/OECD/ IEA/UIA
Sustainable Building 2005 (SB05) Tóquio, Japão
5.6 Indicadores
Segundo Azambuja et al (2008), a grande discussão em torno da
sustentabilidade está em se estabelecer os indicadores. Estes “são instrumentos que permitem
mensurar as modificações nas características de um sistema e permitem avaliar a
sustentabilidade dos diferentes sistemas” (Azambuja et al) .
A seguir, Azambuja et al (2008) propõe uma metodologia para uma análise
conjunta de indicadores a fim de monitoramento das diferentes dimensões: técnica,
econômica, ambiental e social.
O termo indicador origina-se do latim "indicare", verbo que significa apontar.
Em português, indicador significa que indica, torna patente, revela, propõe, sugere, expõe,
14
menciona, aconselha, lembra. Azambuja et al (2008) vão tratar o termo indicador como “um
instrumento que permite mensurar as modificações nas características de um sistema”.
Conforme Camino (1993), Masera et al (2000) e Marzall (1999) apud
Azambuja et al (2008), há algumas características importantes a serem consideradas na
definição dos indicadores. O indicador deve:
• ser significativo para a avaliação do sistema;
• ter validade, objetividade e consistência;
• ter coerência e ser sensível a mudanças no tempo e no sistema;
• ser centrado em aspectos práticos e claros, fácil de entender e que contribua
para a participação da população local no processo de mensuração;
• permitir enfoque integrador, ou seja, fornecer informações condensadas sobre
vários aspectos do sistema;
• ser de fácil mensuração, baseado em informações facilmente disponíveis e de
baixo custo;
• permitir ampla participação dos atores envolvidos na sua definição;
• permitir a relação com outros indicadores, facilitando a interação entre eles.
Para uma coerente escolha de indicadores com os propósitos da avaliação, é
necessário ter clareza sobre:
O que avaliar? Como avaliar? Por quanto tempo avaliar? Por que avaliar? De
que elementos constam a avaliação? De que maneira serão expostos, integrados e aplicados os
resultados da avaliação para o melhoramento do perfil dos sistemas analisados?
Azambuja et al (2008) afirmam que a elaboração dos indicadores deve estar
diretamente relacionada com a resposta às questões acima e sua construção para avaliação da
sustentabilidade é um trabalho que exige uma equipe interdisciplinar, pois não há uma
fórmula pronta, é necessário análise, interpretação e compreensão por parte dos envolvidos.
Estes autores afirmam ainda que outro aspecto importante é que no
levantamento de indicadores considerados importantes, podem ser apontados não indicadores
e sim descritores, pelo fato de os descritores serem genéricos, qualitativos e, portanto, não
15
passíveis de mensuração, necessitando serem traduzidos em “ítens mensuráveis,
quantificáveis, ou seja, em indicadores”.
A mensuração ou a apuração quantitativa de um dado pode não identificar se
isso significa crescimento, estagnação ou decréscimo.
“O dado passará a ter significado apenas se referido a parâmetros, que
necessariamente não são universais, estáticos e imutáveis. Pelo contrário, em geral, os
parâmetros refletem os interesses concretos que se colocam para o avaliador naquele
momento histórico. Os parâmetros são limites idealizados por seus propositores que
representam o nível ou a condição (na ótica dos mesmos) em que o sistema deve ser mantido
para que seja sustentável” (Azambuja et al, 2008).
Estes autores estabelecem passos para a construção de indicadores:
1) Identificação do público envolvido;
2) Determinação do objeto de estudo e do tipo de avaliação;
3) Definição de Desenvolvimento Sustentável e Unidade Produtiva
Sustentável;
4) Determinação dos atributos ou características da sustentabilidade;
5) Definição de pontos críticos (estrangulamentos);
6) Definição dos descritores;
7) Levantamento da lista de indicadores;
8) Seleção de indicadores estratégicos;
9) Determinação de parâmetros;
10) Medição e monitoramento;
11) Apresentação, integração e validação dos resultados.
Silva (2003) aponta as principais virtudes do uso de indicadores, que são:
- Reduzir o número de medidas e parâmetros necessários para descrever uma
determinada situação. Conseqüentemente, o número de indicadores e o nível de detalhamento
contido num conjunto de indicadores têm de ser limitados. Por um lado, um índice único ou
um número demasiadamente pequeno de indicadores podem ser insuficientes para prover a
16
informação necessária ou podem incorrer em dificuldades metodológicas que crescem com o
nível de agregação de informações. Por outro lado, um número excessivo de indicadores tende
a distorcer a visão geral que o conjunto supostamente deveria fornecer.
- Simplificar o processo de informação através do qual os resultados destas
medidas chegam ao usuário final.
Silva (2003) apresenta a Tabela 3, a respeito de indicadores.
Tabela 3: Lista mínima de indicadores de sustentabilidade de edifícios, sugerida na ISO AWI 21932 (ISO TC59/SC3,2002)
Indicadores de sustentabilidade
Indicadores ambientais Uso de matérias-primas naturais
Consumo de energia
Liberação de emissões danosas ao ambiente
Indicadores sociais Acessibilidade (transporte público, ciclistas, pedestres)
Vida útil
Ambiente interno
Uso sem barreiras (barrier-free)
Indicadores econômicos Custos ao longo do ciclo de vida
17
6 METODOLOGIAS PARA AVALIAÇÃO AMBIENTAL
6.1 Considerações iniciais
Muitas metodologias, sobretudo nos países desenvolvidos, vêm sendo
estudadas (Tabela 4).
Silva (2003) afirma que o conceito de análise do ciclo de vida forneceu a base
conceitual para o desenvolvimento das metodologias para avaliação ambiental de edifícios
que surgiram na década de 90 na Europa, EUA e no Canadá, foram baseadas no conceito de
análise do ciclo de vida.
Todos esses métodos partilhavam o objetivo de encorajar a demanda do
mercado por níveis superiores de desempenho ambiental, provendo avaliações ora detalhadas
ora simplificadas, para orientar projetistas ou sustentar a atribuição de selos ambientais para
edifícios (SILVA, 2000).
A necessidade em se desenvolver meios para avaliação do desempenho
ambiental de edifícios veio a partir da constatação que mesmo os países que acreditavam
dominar os conceitos de projeto ecológico, não possuíam meios para verificar quão “verdes”
eram de fato os seus edifícios (SILVA, 2003).
Mais tarde seria comprovado que edifícios projetados para sintetizar os
conceitos de construção ecológica freqüentemente consumiam ainda mais energia que aqueles
resultantes de práticas comuns de projeto e construção.
O segundo passo no crescimento do interesse em desenvolver metodologias
para avaliação ambiental de edifícios veio com o consenso entre pesquisadores e agências
governamentais de que a classificação de desempenho quando atrelada aos sistemas de
certificação poderia se tornar mais eficientes para elevar o nível de desempenho ambiental
tanto de edificações já construídas quanto de novas edificações (SILVA, 2003).
A experiência tem demonstrado que a variação nos níveis mínimos de
desempenho aceitáveis é função de alterações nas demandas do mercado, podendo estas ser
voluntárias ou exigidas por normas (SILVA 2003).
No que se refere apenas ao desempenho ambiental, acredita-se que estas
alterações não serão possíveis até que os empreendedores da construção civil e os usuários
18
dos edifícios tenham acesso a métodos relativamente simples que lhes permita identificar
aqueles edifícios com melhor desempenho (SILVA, 2003).
Ainda sobre essa discussão, Silva (2003) afirma que o fato da exigência
mínima ser proveniente de exigências normativas, o alcance dessas exigências será alcançada
apenas em seu desempenho mínimo, sem incentivo para procurar atender a patamares
superiores. Já os sistemas de adoção voluntária, em contra partida, pretendem que o próprio
mercado impulsione a elevação do padrão ambiental, seja por comprometimento ambiental ou
por questão de competitividade e diferenciação mercadológica (SILVA, 2003).
Ainda sobre metodologias, Silva (2003) defende que “não é possível copiar,
traduzir ou simplesmente aplicar um método estrangeiro no contexto brasileiro ou de qualquer
outro país, por maior que tenha sido o sucesso obtido em seu país de origem”.
O autor afirma que alguns aspectos perdem sua funcionalidade ou, por outro
lado, itens nem sempre considerados pelos métodos internacionais são importantes no nosso
contexto e devem ser incluídos na avaliação.
O autor defende a idéia de que a qualidade de um método de avaliação de
edifícios é determinada por quatro princípios essenciais:
- Para ser tecnicamente consistente, um método de avaliação deve ser adaptado
a dados nacionais relevantes;
- Para ser viável praticamente, um método de avaliação deve ser adaptado ao
mercado, práticas de construção e tradições locais;
- Para ser absorvido e difundir-se rapidamente, um método de avaliação deve
ser desenvolvido em parceria com as principais partes interessadas: investidores,
empreendedores; construtores, projetistas;
- Para ser apropriado ao contexto nacional, os itens avaliados no método
devem ser ponderados para refletir prioridades e interesses nacionais.
Sobre o histórico de desenvolvimento de metodologias de avaliação de
edifícios, Silva (2003) apresenta a tabela 4.
Atualmente, praticamente cada país europeu, além de EUA, Canadá, Austrália,
Japão e a cidade de Hong Kong, possuem um sistema de avaliação e classificação de
desempenho ambiental de edifícios.
19
Os pretextos que resultaram em sua criação variam, assim como as aplicações
pretendidas para estes sistemas, que vão desde ferramentas de apoio ao projeto até
ferramentas de avaliação pós-ocupação.
Conforme Zimmermann et al (2002), a maioriados sistemas adéqua-se melhor
à avaliação de edifícios novos ou projetos, trabalhando no plano do desempenho potencial.
Tabela 4: Iniciativas relacionadas ao desenvolvimento de metodologias de avaliação de edifícios País /região Instituição Iniciativa
Austrália Sustainable Technology / BHP (Steel) Research
LISA (LCA in Sustainable Architecture), software LCA
Department of Public Works and Services, da cidade de
Sidney
LCAid, software de auxílio a projetistas
Environment Australia (Department of the
Environment and Heritage)
NABERS (National Australian Building Environment Rating
Scheme)
Estados Unidos US Green Building Council
(USGBC) LEEDtm (Leadership in Energy
and Environmental Design)
Administrações municipais e estaduais Greenbuilder (Austin, Texas)
High Performance Building Guidelines (New York City,
New York) Minnesota Sustainable Design Guide
- MSDG (Estado de Minnesota)
Europa Building Research Establishment (BRE), no Reino
Unido
BREEAM (Building Research
Establishment Environmental
Assessment Method)
Centre Scientifique et
Technique du Bâtiment (CSTB) e Universidade de Savoy, na
França
ESCALE
Centre for Building
Environment (CBE) do Royal Institute of Technology
(KTH), na Suécia
Environmental Status of Buildings e Eco-effect
Danish Building and Urban Research
(BYogBIG22), na Dinamarca
BEAT 2002
Finnish Ass. of Building Owners and Construction
Clients , na Finlândia
PromisE
20
País /região Instituição Iniciativa
Building Research Institute (NBI23), na Noruega
Eco-Profile
W/E consultants e Municipalidade de Rotterdam,
Holanda
Rotterdams Puntensysteem
Canadá Environmental Research Group, da British Columbia
University
BEPAC (Building Environmental Performance
Assessment Criteria )
National Resources Canada – NRCan
CBIP, C-2000 e início do processo Green Building
Challenge (GBC)
Japão Japan Sustainability Building Consortium (JSBC)
CASBEE
Building Research Institute BEAT (Building Environmental Assessment Tool)
Hong Kong, China Centre of Environmental
Technology, Ltd
HK-BEAM
Embora afirme que não existe uma classificação formal nestes sentidos, Silva
(2003) separa os sistemas de avaliação ambiental em duas categorias. De um lado, estão os
sistemas que promovem a construção sustentável através de mecanismos de mercado e de
outro lado, os métodos orientados para pesquisa.
O Building Research Establishment Environmental Assessment Method
(BREEAM) – foi o pioneiro e lançou as bases de todos os sistemas de avaliação orientados
para o mercado que seriam posteriormente desenvolvidos em todo o mundo, como (HK-
BEAM, LEED, CSTB ESCALE e CASBEE).
Tais sistemas foram desenvolvidos para serem facilmente absorvidos por
projetistas e pelo mercado em geral, e têm, portanto, uma estrutura mais simples,
normalmente formatada como uma lista de verificação.
Para divulgar o reconhecimento do mercado pelos esforços dispensados para
melhorar a qualidade ambiental de projetos, execução e gestão operacional, todos eles são
vinculados a algum tipo de certificação de desempenho (SILVA, 2003).
No segundo grupo (métodos orientados para pesquisa), tem-se o Building
Environmental Performance Assessment Criteria – BEPAC e seu sucessor, o GREEN
21
BUIDING CHALLENGE – GBC, centrados no desenvolvimento metodológico e
fundamentação científica (SILVA, 2003).
A seguir os principais métodos de avaliação das diferentes instituições serão
analisados; posteriormente à apresentação das metodologias e suas características, será feita
uma análise comparativa entre elas.
6.2 Breeam
O BREEAM foi o primeiro método desenvolvido de avaliação de desempenho
ambiental de edifícios, desenvolvido pelo Building Research Establishment (BRE), pelo setor
privado, em parceria com a indústria, no Reino Unido.
Surgiu no início da década de 1990, com eminentemente exigências que
enfocavam o interior da edificação, o seu entorno próximo e o meio ambiente. No BREEAM
“ficava claro o conceito de se buscar boas condições de conforto e salubridade para o ser
humano com o menor impacto ambiental tanto em termos de consumo de recursos como de
emissões” (AKUTSU et al., 2008).
Ele fornece um processo formal de avaliação embasado em uma auditoria
externa, no qual o edifício é avaliado independentemente por avaliadores treinados e
indicados pelo BRE, que, por sua vez, é responsável por especificar os critérios e métodos de
avaliação e pela garantia da qualidade do processo de avaliação utilizado.
Tem por objetivo geral fornecer orientação sobre maneiras de minimizar os
efeitos adversos dos edifícios nos ambientes local e global e promover um ambiente interno
saudável e confortável (BALDWIN1 et al., 1998 apud SILVA, 2003).
Os objetivos específicos deste método são:
• Distinguir edifícios de menor impacto ambiental no mercado;
• Encorajar práticas ambientais de excelência no projeto, operação gestão
e manutenção;
• Definir critérios e padrões indo além daqueles exigidos por lei, normas
e regulamentações; e
1BALDWIN, R.; YATES, A.; HOWARD, N.; RAO, S. BREEAM 98 for offices: an environmental assessment method for office buildings. BRE Report. Garston, CRC. 1998.
22
• Conscientizar proprietários, ocupantes, projetistas e operadores quanto
aos benefícios de edifícios com menor impacto ambiental.
Sua avaliação possui itens obrigatórios e itens classificatórios, abordando
questões sobre os impactos do edifício no meio ambiente, saúde e conforto do usuário e
gestão de recursos. A classificação do edifício em questão é correspondente ao atendimento
dos itens obrigatórios e a uma quantidade míninima de itens classificatórios. A classificação
se dá em um dos níveis de desempenho possíveis. A pontuação mínima exigida e os níveis de
classificação variam de acordo com a versão do método (AKUTSU et al., 2008).
Os créditos são ponderados para obtenção de um índice de desempenho
ambiental (EPI), que habilita à certificação em uma das classes de desempenho e permite
comparação relativa entre os edifícios certificados pelo sistema.
O sistema é atualizado regularmente (a cada 3-5 anos) para beneficiar-se de
avanços em pesquisa, para refletir a experiência acumulada e alterações nas prioridades de
regulamentações e do mercado, e para garantir que continue representando práticas de
excelência no momento da avaliação. Sua primeira revisão ocorreu em 1993 (BALDWIN1 et
al., 1998 apud SILVA, 2003). e, atualmente em sua terceira versão (BREEAM 98), o sistema
conta com significativa penetração no mercado, é um componente importante de política
ambiental em diversos negócios e foi aceito como representação de prática de excelência no
Reino Unido.
Silva (2003) cita, a seguir, as principais alterações introduzidas no BREEAM
98 em relação a sua versão anterior (BREEAM 93):
• As versões anteriores para edifícios novos e existentes foram
consolidadas em um sistema único;
• O sistema consiste em um bloco central de avaliação, com dois blocos
opcionais relacionados à qualidade do projeto e execução e a
procedimentos de gestão e operação.
• Aspectos que foram absorvidos pela legislação ou pela prática geral
foram eliminados;
23
• Novos itens foram adicionados nos campos em que houve avanço no
conhecimento (entre eles, a especificação de materiais e a consideração
de comutação de transporte), para assegurar a cobertura abrangente dos
aspectos ambientais e de sustentabilidade; e
• Um método de ponderação foi introduzido para determinar
objetivamente um índice de desempenho que define a classificação do
edifício.
O BREEAM é também apontado como a metodologia mais aceita
internacionalmente. Versões deste sistema foram adaptadas às condições do Canadá e Hong
Kong, com o objetivo de priorizar aspectos de relevância regional na avaliação. Segundo
Silva (2003), outras versões estão sendo desenvolvidas na Dinamarca, Noruega, Austrália,
Nova Zelândia e Estados Unidos, e o BREEAM teria sido aplicado em mais de mil casos na
Europa, Ásia e América do Norte.
Segundo o autor, a popularidade do BREEAM deve-se, em grande parte, a:
1) abordagem de desempenho de referência (benchmark);
2) cobertura abrangente de aspectos relacionados a energia, impacto ambiental,
e saúde e produtividade; e
3) identificação de oportunidades realistas para melhoria, assim como de
potenciais vantagens financeiras adicionais.
6.2.1 Estrutura e Pontuação
O processo de avaliação utilizando o BREEAM 98 for offices é composto pelos
três blocos de critérios ilustrados na Figura 1. A versão 98 mesclou os dois sistemas que - até
a versão 93 - avaliavam separadamente edifícios de escritórios novos e existentes. Desta
forma, um conjunto básico de critérios de desempenho do edifício é avaliado em todos os
casos, e os blocos Projeto e Execução e Operação e Gestão são incluídos nos casos em que o
objeto avaliado for, respectivamente, um edifício novo ou um edifício em uso.
No caso de edifícios existentes, porém desocupados ou alvo de modernização
parcial, não se atribui certificação, mas o total de pontos dos itens de desempenho básico do
edifício é lançado em um ábaco para obtenção do EPI equivalente.
24
Projeto, edifícios novos e reabilitações
(mín. 200 pontos)
Desempenho edifício
Projeto e execução Gestão e Operação
(O&M)
Ed. existentes, desocupados
(EPI equivalente)
Edifícios existentes, em uso
(mín. 160 pontos)
Figura 1: Blocos de critérios no processo de avaliação do BREEAM (edifícios de escritórios)
Os créditos ambientais estão distribuídos em nove categorias de avaliação
(Tabela 5).
Dentro de cada categoria há requisitos pra a obtenção de créditos que refletem
as opções disponíveis para projetistas e gestores de edifícios. A quantidade de créditos em
cada categoria não reflete a importância relativa entre elas, que é dada por fatores de
ponderação que passaram a ser atribuídos a cada categoria, com a vigência do BREEAM 98.
O critério de ponderação utilizado tem base consensual e resulta de trabalho conduzido pelo
BRE (SILVA, 2003).
Tabela 5: Estrutura de avaliação do BREEAM 98 (BALDWIN1 et al., 1998 apud SILVA, 2003)
Categorias (% total de pontos) Pontos (máx 1062 pts)
Gestão (14,1%) Aspectos globais de política e procedimentos ambientais
150 pts
Saúde/conforto (14,1%) Ambiente interno e externo ao edifício
150 pts
Uso de energia (19,6%) Energia operacional e emissão de CO2
208 pts
Transporte (11,3%) Localização do edifício e emissão de CO2 relacionada a transporte
120 pts
25
Categorias (% total de pontos) Pontos (máx 1062 pts)
Uso de água (4,5%) Consumo e vazamentos
48 pts
Uso de materiais (9,8%) Implicações ambientais da seleção de materiais
104 pts
Uso do solo (3%) Direcionamento de crescimento urbano (evitando greenfields e encorajando a recuperação de brownfields6 e uso de vazios urbanos)
32 pts
Ecologia local (9%) Valor ecológico do sítio
96 pts
Poluição (14,5%) Poluição de água e ar, excluindo CO2 (tratado no item Energia)
154 pts
6.2.2 Ponderação e Comunicação de Resultados
A partir da versão de 98, Silva (2003) afirma que foram introduzidos fatores de
ponderação para as categorias de créditos ambientais para chegar a um índice de desempenho
ambiental (EPI), com valor entre zero e 10 (Figura 2).
De acordo com o EPI obtido, são atribuídos quatro níveis de certificação. A
Tabela 6 mostra a classificação provável do edifício, a partir do número de pontos obtidos em
uma lista de verificação (checklist) simplificada.
O BREEAM fornece uma lista de verificação (checklist) para orientar as
equipes de projeto e gestão do edifício, simplificada, que detalha os requisitos específicos
para a obtenção dos créditos ambientais. A metodologia completa é acessível apenas aos
avaliadores credenciados, que verificam o atendimento de itens mínimos de desempenho,
projeto e operação dos edifícios e atribuem os créditos correspondentes (SILVA, 2003).
26
aval
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gestão
créd
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tal (
EPI)
saúde e conforto
uso de energia
transporte
classificação ambiental
uso de água
uso de materiais
uso do solo
ecologia local
poluição
Figura 2 - Esquema da obtenção do Índice de Desempenho Ambiental (EPI), utilizado pelo BREEAM (BALDWIN1 et al., 1998 apud SILVA, 2003)
Tabela 6: Classificação provável no BREEAM, conforme pontos obtidos na lista de
verificação simplificada Nível de classificação Projeto e execução Gestão e Operação
Aprovado > 200 pts (25%) > 160 pts (21,1%)
Bom > 300 pts (37,5%) > 280 pts (36,9%)
Muito bom > 380 pts (47,5%) > 400 pts (52,8%)
Excelente > 490 pts (61,3%) > 520 pts (68,6%)
Atualmente, o BREEAM possui critérios para vários tipos de edifícios, como
escritórios, shopping centers, habitações térreas e edifícios de múltiplos pavimentos, fábricas,
e até para prisões. (AKUTSU et al., 2008).
6.3 HQE
O HQE é um método francês que consiste em dois sistemas relacionados entre
si, avaliando o desempenho ambiental de edifícios. Sua estrutura é subdividida em gestão do
empreendimento – SMO (Système de Management de l'Opération) – e qualidade ambiental –
QEB (Qualité Environnementale du Bâtiment) –,as quais avaliam as fases de projeto,
execução e uso, cada uma com uma certificação em separado (AKUTSU et al., 2008).
27
O HQE difere do BREEAM e LEED. A avaliação não possui escala de
pontuação, ele apresenta uma estrutura baseada em um perfil ambiental (determinado pelo
empreendedor), dentre os quatro blocos de avaliação, que possuem juntos 14 itens. Os blocos
são: impactos do empreendimento no meio ambiente, gestão de recursos, conforto ambiental e
saúde do usuário.
Na composição do perfil ambiental são escolhidos itens que deverão atender
aos níveis de desempenho definidos. Existem três níveis de desempenho:
- Très Performant (o máximo, representando os melhores níveis de
desempenho que podem ser alcançados);
- Performant (o médio Performant),
- Base (e o mínimo, que já corresponde às boas práticas).
Para se obter a certificação, dos 14 itens, quatro precisam atender pelo menos
ao nível médio, e pelo menos três, ao nível máximo. As demais categorias devem se
enquadrar no nível base.
Não fornece classificação do desempenho do edifício em níveis, obtendo-se ou
não a certificação. O sistema baseia-se em exigências normativas e legais de cada região
(AKUTSU et al., 2008).
6.4 Casbee
O CASBEE apresenta quatro instrumentos de avaliação:
- Voltados ao projeto (em desenvolvimento);
- Construções novas;
- Edifícios existentes,
- Reformas.
Seus critérios de avaliação abordam a qualidade ambiental e desempenho do
edifício (Q – Building environmental quality and performance) e diminuição de cargas
ambientais (LR – Reduction of building environmental loadings) (AKUTSU et al., 2008).
O "Q" considera questões relativas à qualidade do ambiente interno (conforto e
saúde do usuário), qualidade do serviço (funcionalidade, durabilidade) e meio ambiente local
(preservação vegetal e animal, e características paisagísticas, culturais locais, etc.).
28
O "LR" aborda eficiência energética (desempenho da envoltória, uso de energia
renovável, eficiência dos sistemas e sua operação), gestão de recursos (economia e reuso de
água, reuso e reciclagem de materiais etc.) e impactos na vizinhança (poluição do ar, sonora,
vibrações etc.) (AKUTSU et al., 2008).
Com a pontuação dos dois sistemas, é feita uma ponderação, resultando em
uma nota final (BEE – Building Environmental Efficency), correspondendo à classificação do
edifício em um dos cinco níveis possíveis.
6.5 Gbtool
O GBTOOL é uma ferramenta internacional de avaliação ambiental de
edifícios. Resultado de um consórcio envolvendo vários países da Europa, Ásia e América
(Green Building Challenge). Ele busca incentivar o surgimento de edifícios mais “corretos”
do ponto de vista ambiental.
A expressão Green Building foi utilizada para englobar todas as iniciativas
dedicadas à criação de construções mais duráveis; que utilizem recursos de maneira eficiente,
que sejam confortáveis e adaptem-se às mudanças nas necessidades dos usuários; e que
possam ser desmontadas para aumentar a vida útil dos componentes através de sua
reutilização ou reciclagem (SILVA, 2003).
Não possui um órgão certificador específico, sendo uma ferramenta de
discussão e aprimoramento de projetos podendo ser adotada por qualquer entidade de
avaliação que defina fatores de ponderação para os elementos considerados (AKUTSU et al.,
2008).
Ele visa abordar o consumo de recursos, cargas ambientais, qualidade do
ambiente interno, qualidade do serviço, aspectos econômicos e gestão antes da ocupação do
edifício (AKUTSU et al., 2008).
6.6 Leed
6.6.1 Considerações iniciais
O LEED é um sistema de certificação aplicado pelo USGBC (United States
Green Building Council). Em 1994 o USGBC, instituição financiada pelo NIST (National
Institute of Standards and Technology), iniciou um programa para desenvolver, nos Estados
Unidos um sistema de classificação de desempenho consensual e orientado para o mercado,
29
visando acelerar o desenvolvimento e a implementação de práticas de projeto e construção
ambientalmente responsáveis (AKUTSU et al., 2008).
Segundo Silva (2003), o desenvolvimento e implementação bem-sucedida de
iniciativas anteriores de aplicação de sistemas voluntários de classificação de desempenho
ambiental de edifícios no Reino Unido (BREEAM) e no Canadá (BEPAC), demonstraram que
a identificação e comunicação da eficiência e desempenho ambiental de edifícios elevaram a
conscientização e o critério de seleção dos consumidores e estimulou os esforços de
proprietários e construtores em produzir edifícios ambientalmente avançados.
Acreditava-se, ainda, que o desenvolvimento de sistemas de classificação de
desempenho ambiental de edifícios tecnicamente consistentes, implica necessariamente em
incentivar outros segmentos da indústria da construção a desenvolver produtos e serviços de
maior qualidade ambiental (SILVA, 2003).
Estas foram as bases para o desenvolvimento do LEED , um sistema de
classificação e certificação ambiental projetado para facilitar a transferência de conceitos de
construção ambientalmente responsável para os profissionais e para a indústria de construção
americana, e proporcionar reconhecimento junto ao mercado pelos esforços despendidos para
essa finalidade (USGBC, 1999). Os trabalhos foram iniciados em 1996, voltados inicialmente
para edifícios de ocupação comercial (SILVA, 2003).
O LEED considera edifícios comerciais, institucionais (bibliotecas, museus,
igrejas, etc.), hotéis e edifícios residenciais com mais de quatro pavimentos como “ocupação
comercial”.
Influenciado pelo BREEAM, possui estrutura e conceitos muito semelhantes,
mesclando aspectos prescritivos e de desempenho, também com versões para usos específicos
de edifícios. O LEED avalia aspectos relacionados ao impacto gerado ao meio ambiente
decorrente dos processos relacionados ao edifício (projeto, construção e operação),
considerando aspectos relativos ao local do empreendimento, o consumo de água e de energia,
o aproveitamento de materiais locais, a gestão de resíduos e o conforto e qualidade do
ambiente interno da edificação (AKUTSU et al., 2008).
Este sistema concede créditos para o atendimento de critérios pré-
estabelecidos.
30
A certificação é válida por um período de cinco anos, após esse período deverá
ser encaminhada uma nova solicitação de avaliação por um programa apropriado do USGBC,
desta vez centrado na avaliação da operação e gestão do empreendimento.
A partir de janeiro de 2000, foram previstas revisões regulares do sistema de
certificação a cada 3 ou 5 anos ou em período inferior, caso uma decisão consensual do
USGBC ou alguma regulamentação local assim o exigir (USGBC, 1999 apud SILVA, 2003).
O LEED é provavelmente o método disponível mais amigável enquanto
ferramenta de projeto, facilitando a sua incorporação à prática profissional. Com uma
estrutura simples a ponto de ser, por isso, criticada, o LEED é baseado em especificação de
desempenho em vez de critérios prescritivos, e toma por referência princípios ambientais e de
uso de energia consolidados em normas e recomendações de organismos de terceira parte com
credibilidade reconhecida. Estas práticas de efetividade já conhecida são então balanceadas
com princípios emergentes, de forma a estimular a adoção de tecnologias e conceitos
inovadores (SILVA, 2003).
A singularidade do LEED resulta principalmente do fato de ser um documento
consensual, aprovado pelas 13 categorias da indústria de construção representadas no
conselho gestor do sistema. O apoio de associações e fabricantes de materiais e produtos
favoreceu a ampla disseminação deste sistema nos EUA, que agora começa a estender-se para
outros países (SILVA, 2003).
Segundo o GBC Brasil, uma das qualidades do Sistema de Certificação LEED
é o engajamento de todos os participantes do processo de concepção, construção e operação
de um edifício ou espaço construído, inclusive os fornecedores de materiais que devem
informar e comprovar determinadas características e benefícios de seus produtos relacionados
a critérios de sustentabilidade e eficiência para contribuir no cumprimento dos pré-requisitos e
créditos do LEED.
O sistema de pontuação utilizado para a certificação LEED foi criado com o
objetivo de transformar o setor da construção civil em um setor sustentável, fornecendo
padrões que definem o que é um green building, sendo aprimorado constantemente através de
um processo de discussão aberto à participação.
31
Durante o processo de certificação avalia-se, por exemplo, a matéria-prima
utilizada na construção e outros equipamentos e produtos que promovem redução no consumo
de recursos naturais e o aumento da qualidade de vida dos ocupantes.
6.6.2 Estrutura e Pontuação
Por meio de documentos que indiquem sua adequação aos itens obrigatórios e
classificatórios presentes na certificação, assim como o BREEAM, é feita a análise da
eficiência ambiental potencial do edifício e, conseqüentemente, a sua avaliação.
Antes, durante e depois da obra, representantes do Conselho de Green building
dos Estados Unidos (USBGC) avaliam o desempenho do empreendimento, através de
questionários e relatórios técnicos. Ao final, os dados são transformados em pontos num
ranking, que podem ou não resultar na certificação.
O LEED possui certificado prata, ouro ou platina, como escala de pontuação.
As faixas de pontuação e os intervalos considerados para a classificação dos edifícios variam
de acordo com o uso e fase do ciclo de vida do edifício (AKUTSU et al., 2008).
O desempenho ambiental do edifício é avaliado de forma global, ao longo de
todo o seu ciclo de vida, numa tentativa de considerar os preceitos essenciais do que
constituiria um "green building".
O critério mínimo de nivelamento exigido para avaliação de um edifício pelo
LEED é o cumprimento de uma série de pré-requisitos, requisitos mínimos a serem atendidos
pelo projeto, para que o mesmo tenha direito a acumulação de pontos para certificação, caso
não sejam atendidos, o projeto não poderá ser certificado. Satisfeitos todos estes pré-
requisitos, o edifício torna-se elegível a passar para a etapa de análise e classificação de
desempenho, dada pelo número de créditos obtidos. A versão atual do LEED (LEED 2.2)
existem 7 pré-requisitos e 69 critérios, cada um valendo um ponto (Tabela 7). Estes critérios
levam em consideração todo o ciclo de vida do empreendimento desde a sua concepção,
construção, operação e descarte de resíduos após sua vida útil (GBC Brasil).
Caso atinja no mínimo 26 pontos e atenda os 7 pré-requisitos, o prédio estará
de acordo com as preocupações de sustentabilidade e recebe a certificação LEED básica. A
partir de 33 pontos, recebe o certificado prata. Quando chega a 39, recebe o ouro. A partir de
52 pontos atinge-se a certificação máxima, que é de platina (USGBC).
32
As principais alterações em relação à Versão 1.0 (versão-piloto lançada em
janeiro de 1999) relacionam-se a (SILVA, 2003):
• redução do número de pré-requisitos a serem satisfeitos (de 11 para
07);
• aumento do número de itens considerados na classificação de
desempenho (de 50 para 69);
• substituição do nível de desempenho Bronze (acima de 50% dos
pontos) pelo nível LEED Certified, e
• redistribuição de pontuação entre as categorias avaliadas.
Convém notar que, com esta primeira revisão:
• a pontuação necessária para obtenção de certificação tornou-se
proporcionalmente menor, já que o primeiro nível de certificação
(LEED Certified) requer apenas 40% dos pontos. Isto parece indicar
rigor excessivo nos critérios da versão-piloto e/ou certa dificuldade
inicial no cumprimento de determinados itens;
• especificamente quanto à redistribuição dos pesos entre as categorias
avaliadas, as alterações mais notáveis referem-se ao aumento do peso
das categorias Qualidade do ar interno (8 pontos porcentuais) e
Inovação do processo de projeto e construção (5 pontos porcentuais);
com correspondente redução do peso das categorias Materiais e
Recursos (5 pontos porcentuais ) e Qualidade e uso de Água (9 pontos
percentuais ). Isto demonstra tanto a elevação do desempenho
ambiental em determinadas áreas, de forma que o cumprimento de
determinados quesitos já não representariam um diferencial em relação
à prática de mercado, quanto um correspondente redirecionamento da
preocupação para determinados itens; e
• itens que eram parte dos pré-requisitos da versão 1.0 desapareceram,
como no caso de Qualidade da água (isenção de chumbo) e Eliminação
(ou programa de gestão) de asbestos, também indicando elevação na
qualidade ambiental das construções; ou então foram remanejados e (1)
incluídos em itens de desempenho mínimo aceitável ou (2) tornaram-se
33
item pontuado, como no caso de Conforto térmico, da categoria
Qualidade do ar interno.
Ao critério matéria-prima, por exemplo, agregam pontos se o material é
reciclado, se seus componentes são recursos naturais rapidamente renováveis e avalia-se a
proximidade do local de produção da matéria-prima e a obra. A utilização de madeira
certificada de região próxima ao empreendimento e a utilização de argamassas e carpetes
produzidos a partir de material reciclável também são valorizadas (GBC Brasil).
Equipamentos como persianas motorizadas, que promovem redução do
consumo de energia, e uso racional do ar condicionado, melhorando a qualidade do ar, são
levados em consideração e pontuados (GBC Brasil).
A utilização de torneiras com regulação da vazão, descargas dual-flux ou
bacias a vácuo, que ajudam na economia do consumo de água, são observadas, assim como a
preferência por tintas e vernizes sem compostos orgânicos voláteis COV’s, que melhoram a
qualidade do ar interno do prédio (GBC Brasil).
Tabela 7 - Estrutura de avaliação do LEED 2.0 (Silva, 2003) Categorias (% total de pontos) Pré-requisitos (7 PReq) Pontos (máx 69 pts)
Sítios sustentáveis (20%) até 14 pts
1. Seleção de área Controle de erosão e sedimentação
1
2. Redesenvolvimento urbano 1
3. Redesenvolvimento de áreas contaminadas (brownfields ) 1
4. Transporte alternativo até 04
5. Redução de perturbação no sítio original até 02
6. Gestão de água da chuva até 02
7. Paisagismo e projeto de áreas externas para redução de ilhas de calor até 02
8. Redução de poluição luminosa 1
Uso eficiente de água (7%) até 05 pts
1. Paisagismo com uso eficiente de água
até 02
2. Tecnologias inovadoras para reutilização de água 1
3. Conservação de água até 02
34
Categorias (% total de pontos) Pré-requisitos (7 PReq) Pontos (máx 69 pts)
Energia e atmosfera (25%) até 17 pts
1. Otimização do desempenho energético
Verificação de conformidade pré-entrega
(commissioning) Eficiência energética
mínima Redução de CFCs nos
equipamentos de condicionamento e ventilação artificial
02 a 10
2. Uso de energia renovável até 03
3. Verificação de conformidade pré-entrega adicional (01 ponto) 1
4. Redução de HCFCs e Halons (dano à camada de ozônio) 1
5. Mensuração e verificação de desempenho 1
6. Uso de tecnologias renováveis e de poluição zero: solar, eólica, geotérmica, biomassa e hidrelétricas de baixo impacto
1
Materiais e recursos (19%) até 13 pontos
1. Reutilização de edifício Coleta e armazenamento de material reciclável
produzido pelos usuários do
edifício
até 03
2. Gestão de RCD até 02
3. Reutilização de recursos até 02
4. Materiais com conteúdo reciclado até 02
5. Materiais regionais/locais até 02
6. Materiais rapidamente renováveis 1
7. Uso de madeira certificada 1
Qualidade do ambiente interno (22%) até 15 pts
1. Monitoramento de CO2 Qualidade do ar interno mínima
Controle ambiental de fumaça de cigarros
1
2. Aumento eficiência de ventilação 1
3. Plano de gestão de qualidade do ar interno durante o processo de construção até 02
4. Materiais com baixa liberação de VOCs até 04
5. Controle de poluição interna por origem química 1
6. Controlabilidade dos sistemas pelos usuários até 02
7. Conforto térmico até 02
8. Luz natural e vista para o exterior até 02
Inovação e processo de projeto (7%) até 05 pontos
1. Inovação (estratégias de projeto e uso de tecnologias)
até 02
2. Envolvimento de profissional habilitado pelo LEED 1
35
6.6.3 Ponderação e Comunicação de Resultados
Segundo Silva (2003), por ter sido projetado também para funcionar como uma
ferramenta de auxílio à tomada de decisões, os aspectos avaliados no LEED têm peso
idêntico, (o LEED não aplica um critério explícito de ponderação entre categorias, mas o
número variável de itens dentro das categorias define implicitamente pesos para cada uma
delas).
A sua estrutura permite que apenas os quesitos para que se pretende obter a
certificação sejam avaliados. Isto significa, que somente os aspectos de projeto, por exemplo,
podem ser avaliados (não considerando aspectos controlados pelos executores ou
planejadores) sem que o resultado final seja afetado (TODD, LINDSAY, 2000 apud
SILVA.2003). Deve-se entender portanto, que, em determinadas condições, o resultado da
avaliação pode ser incompleto e não necessariamente refletir o desempenho global do
edifício.
Na etapa de análise e classificação de desempenho, caso o edifício atinja um
mínimo de 40% dos pontos, ele será certificado em um dos quatro níveis mostrados na Tabela
8 (SILVA.2003).
Tabela 8 - Níveis de classificação do LEED Nível de classificação Pontos (total 69 pts)
LEED Certified 26 a 32 pts (40-50%)
Silver 33 a 38 pts (51-60%)
Gold 39 a 51 pts (61-80%)
Platinum > 52 pts ( > 81%).
6.6.4 Regionalização da certificação LEED
Em busca de um sistema de certificação ambiental nacional que sirva de
referência para a transformação da indústria da Construção Civil no Brasil, o Green Building
Council Brasil optou por estimular no mercado o sistema de certificação LEED (Leadership
in Energy and Environmental Design) adaptado à realidade brasileira.
A opção pela regionalização da ferramenta LEED é justificada pela
importância desta frente às outras metodologias para avaliação de impactos ambientais, sendo
considerada a principal ferramenta mundial na avaliação sócio-ambiental e no
reconhecimento de empreendimentos projetados e operados visando à diminuição dos
36
impactos negativos ao meio ambiente. O certificado de empreendimento LEED, criado pelo
US Green Building Council, está presente em mais de 96 países e atualmente está finalizando
seu processo de internacionalização (GBC Brasil).
O grande objetivo da regionalização da certificação LEED é de desenvolver a
indústria da construção sustentável no país, utilizando as forças de mercado para conduzir a
adoção de práticas de green building em um processo integrado de concepção, implantação,
construção e operação de edificações e espaços construídos (GBC Brasil).
Os trabalhos para interpretar e adaptar a ferramenta LEED ao mercado
nacional teve início em 28/01/2008 e conta com a colaboração de 78 profissionais capacitados
tecnicamente, entre os quais estão professores acadêmicos, projetistas, arquitetos,
engenheiros, biólogos, médicos, consultores e profissionais LEED AP (profissionais que teve
seus conhecimentos acerca do processo de certificação LEED atestado por um exame),
associações de classe, empresas dos diversos ramos da construção civil, entre outros
colaboradores com diferentes graduações, que estão mobilizados na tarefa de analisar a versão
atual do LEED-NC VERSÃO 2.2 e, posteriormente, propor um projeto de regionalização para
o contexto brasileiro (GBC Brasil).
A necessidade de um grupo bastante diversificado, heterogêneo e com
abrangência nacional, com a participação de profissionais das várias regiões do país para esse
trabalho de regionalização se faz necessária devido à grande abrangência da certificação
LEED.
A comissão LEED Brasil levará em consideração peculiaridades do nosso setor
de construção. Haverá uma reavaliação dos temas centrais e, possivelmente,
redimensionamento do sistema de pontos com o objetivo de estimular a adoção de práticas
sustentáveis inovadoras no país (GBC Brasil).
Segundo o GBC Brasil, percebe-se que o número de pontos por redução de
consumo de energia pode ser minimizado no caso brasileiro, já que utilizamos a energia
hidroelétrica – que não polui – em larga escala. Outro caso que merece atenção, segundo o
GBC Brasil, é a pontuação pela utilização do conceito de reciclagem, o qual alega ser uma
prática crescente no setor de construção. Em contra partida, o GBC Brasil observa que o
número de pontos pela escolha e recuperação de locais degradados, prática pouco comum no
Brasil, deverá ser aumentado.
37
Já para Saulo Rozendo, do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), um dos
poucos brasileiros credenciados pelo USGBC para atuar com o sistema LEED no país, uma
versão brasileira do LEED precisaria dar mais peso a parâmetros como economia de água e
gestão de resíduos. Ele alega que estes são temas mais bem resolvidos lá fora e, por isso, não
fazem tanta diferença nas avaliações (CAPELLO, 2009).
Quanto à inclusão de temas brasileiros no sistema de pontuação, o GBC Brasil
alega que o comitê LEED pretende criar duas novas categorias, referentes à biodiversidade e o
impacto social positivo de uma construção, uma vez que o tema sustentabilidade está
intrinsecamente relacionado às questões sócio-ambientais. Conseqüentemente, no ano que
vem, o GBC pretende mudar o sistema de pontuação para o Brasil, que deverá ir até 100
pontos (GBC Brasil).
A meta da equipe, acordada com o USGBC, é de concluir os trabalhos de
regionalização até o fim de 2009, para garantir que, após análise do USGBC, a próxima
versão do LEED já possa incluir os itens regionalizados para aplicação no Brasil (GBC
Brasil).
6.6.5 Comitês para o trabalho de regionalização
Para este trabalho, o GBC Brasil dividiu os profissionais participantes em
comitês e posteriormente em cinco subcomitês, que abordam os cinco critérios de avaliação
da ferramenta LEED, além de um comitê para “Análise do ciclo de vida e ponderação”, são
eles: Materiais e Recursos (MR), Energia e Atmosfera (EA), Espaço Sustentável - Site (SS),
Qualidade Ambiental Interna (EQ) e o Uso Racional da Água (WE). Estes subcomitês têm a
incumbência de analisar os critérios analisados pelo LEED e apresentar uma sugestão de
adaptação dos créditos que julguem necessários.
Os comitês foram divididos de acordo com a especialidade de cada integrante,
mantendo a participação de profissionais dos diversos ramos de atividade e qualificação em
todos os subcomitês. O GBC Brasil apresenta em seu site o nome e a empresa de cada
representante, o comitê que está inserido e também as atas de reuniões dos comitês.
6.6.6 Procedimentos e custo para obtenção da certificação LEED.
Para obter a certificação LEED de uma edificação, primeiramente, o projeto
deve ser registrado junto ao USGBC para indicar se atenderá a todos os pré-requisitos
38
exigidos para atingir uma determinada pontuação. A certificação só será efetivada após a
construção do prédio e a confirmação de que os pré-requisitos foram atendidos (GBC Brasil).
Um empreendimento que almeje obter a certificação LEED deve cumprir as
seguintes etapas até a concessão do certificado:
1) Registrar o projeto no USGBC através do site www.usgbc.org;
2) Coleta de informações pelo time de projetos;
3) Cálculos e preparação de memoriais e plantas;
4) Envio da primeira fase (Projetos - ao GBC americano);
5) Coleta e preparação de documentos da segunda fase;
6) Envio da segunda fase (Construção Final);
7) Treinamento para ocupação;
8) Pré-operação e pós-entrega;
9) Análise para a certificação.
Após a finalização da obra e o início de operação do empreendimento,
informações relativas ao projeto e processo de construção são encaminhadas ao USGBC, o
qual realiza uma auditoria documental em um prazo de até 25 dias úteis. Novas informações
podem ser solicitadas à equipe do empreendimento para uma segunda avaliação. Segundo o
USGBC, após a conclusão da obra deve-se considerar um prazo médio de 4 a 6 meses para a
obtenção do certificado LEED.
O custo para a obtenção da certificação LEED, segundo informações obtidas
no site da USGBC (www.usgbc.org) em julho/2007 é apresentado abaixo:
- Registro de projeto junto ao USGBC � U$ 600,00
- Análise de projeto � U$1.500,00 até 5.000 m², U$0,030/ m² até 50.000 m²,
U$15.000,00 para mais de 50.000 m²;
- Certificação da obra � U$750,00 até 5.000 m², U$0,015/ m² até 50.000 m²,
U$7.500,00 para mais de 50.000m².
- Consultoria � aproximadamente 1% do custo total.
39
A consultoria não é obrigatória, porém a contratação do consultor treinado e
qualificado pelo LEED é recomendado para tramitar a documentação junto ao Conselho.
6.6.7 Categorias e critérios do LEED.
A certificação LEED apresenta as sete categorias apresentadas abaixo:
- LEED NC (New Construction- Novas construções e grandes projetos de
renovação): LEED para novas construções ou grandes reformas, elaborado para guiar
projetos que se distinguem frente sua alta performance (energia, água, qualidade
ambiental interna, produtividade, etc...). Pode ser usado para prédios comerciais,
residenciais, governamentais, instalações recreativas, laboratórios e plantas industriais;
- LEED EB (Existing Buildings- Edifícios existentes): O Sistema de
Certificação LEED EB para edifícios existentes, ajuda os proprietários e operadores a
medir suas operações, fazer melhorias na manutenção em uma escala consistente, com
o objetivo de maximizar a eficiência operacional e minimizar os impactos ambientais.
O LEED EB aborda em todo o edifício questões de limpeza e manutenção (incluindo
uso químico), programas de reciclagem, programas de manutenção exterior e
atualização de sistemas, podendo ser aplicado tanto para edifícios existentes que
procuram a certificação LEED EB pela primeira vez, quanto para projetos
previamente certificados no âmbito de outros Sistemas de Certificação LEED como
LEED NC, LEED School, LEED CS e LEED EB (em caso de renovação);
- LEED CI (Commercial Interiors- Projetos de interiores e edifícios
comerciais): LEED para interiores comerciais foi desenvolvido para garantir a alta
performance dos interiores, em termos de ambiente saudável, locais de trabalho
produtivos, baixo custo de manutenção e operação e redução do impacto ambiental. O
LEED CI oferece aos usuários, arquitetos de interiores e designers, a possibilidade de
criar ambientes sustentáveis, independentemente de não poderem atuar na operação de
todo o prédio;
- LEED CS (Core and Shell- Projetos da envoltória e parte central do edifício):
nesta modalidade certifica-se toda a envoltória do empreendimento, suas áreas comuns
e internamente o sistema de ar-condicionado e elevadores. O LEED CS é utilizado por
construtores e incorporadores que estão desenvolvendo o projeto para posterior
comercialização de suas salas, garantindo ao futuro usuário que suas instalações
40
oferecem todas as condições para a alta performance do empreendimento. A pré-
certificação se faz presente apenas nos projetos registrados na modalidade LEED CS.
Trata-se de um reconhecimento formal que o empreendedor estabeleceu metas para o
desenvolvimento de um empreendimento certificado LEED CS. Tendo em vista o
caráter comercial destes empreendimentos, após pré-certificado, o empreendedor
poderá fazer a divulgação visando a pré-venda do empreendimento ou facilidades de
financiamentos. Concluído o processo de auditoria do empreendimento, tendo o
empreendedor cumprido todas as metas por ele apresentadas, o empreendimento
receberá a certificação LEED CS;
- LEED for Homes (Residências): nesta categoria estão inclusos residências
unifamiliares e prédios multifamiliares de até três pavimentos;
- LEED Schools (Escolas): o Sistema de certificação LEED School, reconhece
o caráter único da concepção e construção de escolas. Baseado no Sistema de
Certificação LEED NC, aborda questões como a sala de aula, acústica, planejamento
central, prevenção contra mofo e avaliação ambiental do local. Ao abordar a
singularidade dos espaços escolares e as questões de saúde infantil, LEED School
fornece uma única e abrangente ferramenta para as escolas que pretendem construir de
forma sustentável, com resultados mensuráveis;
- LEED ND (Neighborhood Development- Desenvolvimento de bairro): o
Sistema de certificação LEED ND® para Bairro e Desenvolvimento de Comunidades
integra os princípios do crescimento inteligente, urbanismo e construção sustentável
para a concepção de bairros. A certificação LEED ND requisita que o
desenvolvimento da localização e concepção do empreendimento cumpra elevados
níveis de responsabilidade ambiental e social.
Quanto aos critérios, a avaliação LEED está subdividida entre os seguintes
critérios:
- Espaço Sustentável (SS- Sustainable Sites): Sustentabilidade da localização;
- Eficiência no uso da água (WE- Water Efficiency);
- Energia e atmosfera (EA- Energy & Atmosphere): Eficiência energética e os
cuidados com as emissões para a atmosfera;
41
- Materiais e recursos (MR- Materials & Resources): Otimização dos materiais
e recursos naturais a serem utilizados na construção e operação da edificação;
- Qualidade ambiental interna (EQ- Indoor Environmental Quality): Qualidade
dos ambientes internos da edificação;
- Inovação e Processos (IN- Innovation & Design Process): Inovações
empregadas no projeto da edificação.
6.6.8 Números do LEED no Brasil
Segundo dados do USGBC, entre 1989 e 2006, cerca de 500 empreendimentos
receberam a certificação LEED. Nos últimos dois anos esse número cresceu para mil em todo
o mundo. Para 2010, a expectativa é que sejam 100 mil edifícios comerciais e um milhão de
residências certificadas pelo LEED nos EUA.
A meta do World Green Building é estabelecer em três anos conselhos de
green building em 100 países em todo o mundo. No Brasil, o GBC Brasil espera que os
preceitos de construção sustentável sejam padrão nos lançamentos nos próximos cinco anos
(GBC Brasil).
Atualmente o Brasil possui 123 edifícios já certificados com o selo LEED de
desempenho ambiental e mais de cem buscando a certificação. O site do GBC Brasil
apresenta uma lista de empreendimentos não-sigilosos certificados com o selo LEED no
Brasil (anexo).
O primeiro empreendimento certificado com o selo LEED no Brasil surge em
2004, a partir daí observa-se a crescente procura pela certificação, como se pode observar na
figura 3 (GBC Brasil).
42
Figura 3 - Registros LEED no Brasil
Ainda no site do GBC Brasil, é feita uma análise dos empreendimentos
certificados quanto à categoria (Figura 4), quantidade por Estado brasileiro (Figura 5) e
quanto à tipologia do empreendimento (Figura 6).
Com a análise do Figura 4, pode-se observar que aproximadamente 49% (60
empreendimentos) e 40% (49 empreendimentos)dos empreendimentos certificados são
pertencentes, respectivamente às categoriaCS (que corresponde aos projetos da envoltória e
parte central do edifício.) e NC (que corresponde às novas construções e grandes projetos de
renovação). O restante, próximo de 11%, correspondem às categorias EB e CI, edifícios
existentes e Projetos de interiores e edifícios comerciais, respectivamente.
Figura 4 - Registros por categoria LEED
43
Em relação à distribuição de edifícios certificados com o selo LEED no país,
observa-se que a grande maioria, 67% (82 empreendimentos) dos edifícios certificados estão
no estado de São Paulo, seguido por Rio de Janeiro com 10% (13 empreendimentos).
Observa-se que o conceito de sustentabilidade, ainda que com crescente interesse por parte
dos envolvidos na indústria da construção civil em outros estados, ainda é preponderante no
Estado de São Paulo.
Figura 5 - Registros por Estados
Por fim, pode-se analisar os empreendimentos LEED classificados quanto à
sua tipologia (Figura 6). Observa-se que a maioria das certificações (59% ou 73
empreendimentos) foi concedida a edifícios comerciais, os quais estão incluídos os edifícios
de alto padrão, como o Eldorado Business Tower, voltados para escritórios, situados em áreas
nobres na cidade de São Paulo.
44
Figura 6 - Registros por tipologia
6.7 Métodos nacionais
Várias instituições de pesquisa brasileiras, dentre elas o Instituto de Pesquisas
Tecnológicas (IPT – Método IPT) e a Fundação Vanzolini (Certificação Aqua), estão
discutindo metodologias próprias.
O método desenvolvido pelo IPT visa oferecer uma avaliação ambiental de
edifícios adequada às condições brasileiras, uma vez que, como dito anteriormente, não é
conveniente apenas adotar um método estrangeiro e aplicá-lo à realidade nacional.
No caso de se obter um resultado satisfatório, pretende-se conceder uma
Referencia Ambiental-IPT, nos mesmos moldes da Referência Técnica-RT/IPT que vigora
para produtos (AGOPYAN et al, 2008).
Com estrutura semelhante à do LEED e BREEAM, apresenta itens de caráter
obrigatório e outros classificatórios, enfatizando aspectos ambientais tradicionais, a
sistemática do IPT aborda características do terreno, de água, energia, materiais, resíduos e
conforto ambiental (AGOPYAN et al, 2008).
Além destes, considera também aspectos mais abrangentes como de
acessibilidade e relação do edifício com o meio urbano. A grande diferença está na
importância dada a cada aspecto e na consideração de preocupações relativas à realidade
brasileira. (SILVA, 2003).
45
O processo Aqua, resultado entre a parceria entre a Fundação Vanzolini e o
Centre Scientifique et Technique du Bâtiment (CSTB) – instituto francês que é referência
mundial em pesquisa na construção civil, e sua subsidiária Certivéa, em cooperação com
professores do Depto. de Engenharia de Produção e de Engenharia de Construç ão Civil da
Poli-USP. (SILVA, 2003).
O Aqua é uma versão das normas de construção sustentável desenvolvida na
França pela Associação HQE (Haute Qualité Environnementale). Diferentemente das normas
que estão hoje no mercado, cujas certificações são feitas por meio de relatórios enviados à
certificadora no exterior, o Processo Aqua prevê reunião e visitas dos auditores durante todo o
processo de programa, concepção e realização da obra (FUNDAÇÃO VANZOLINI).
O Aqua estabelece 14 critérios de análise, e, em cada um deles, a edificação
pode receber as qualificações: “bom”, “superior” ou “excelente”. A edificação deve ter no
mínimo três critérios excelentes e, no máximo, sete critérios bons, A certificação leva em
consideração o desempenho nas categorias: relação do edifício com o seu entorno; canteiro
com baixo impacto ambiental; escolha integrada dos materiais; gestão de energia, de água e
de resíduos de uso da edificação; disposições para manutenção do desempenho ambiental
depois da entrega da obra; conforto higrotérmico (relativo à umidade e temperatura); conforto
acústico, visual e olfativo; qualidade sanitária dos ambientes, do ar e da água, entre outros
(FUNDAÇÃO VANZOLINI).
6.8 Análise comparativa
Segundo Agopyan et al (2008), a análise dos métodos existentes demonstra
que eles são naturalmente diferentes, porém construídos sobre uma base comum. Ele afirma
que os métodos são diferentes basicamente por três razões.
Primeiro, porque os níveis de pressão sobre determinados aspectos ambientais
(agendas ambientais) variam de um país a outro, mesmo que dentro do bloco dos países
desenvolvidos. O mesmo acontece nos grupos de países em desenvolvimento ou de
economias em transição.
Segundo, porque as práticas construtivas e de projeto são diferentes, e
influenciadas também - porém não somente - por aspectos climáticos.
Terceiro, porque a receptividade dos mercados à introdução dos métodos era
diferente. Na Inglaterra, por exemplo, onde surgiu o BREEAM, a primeira versão do método
46
foi desenvolvida justamente para edifícios comerciais. Na Holanda, o setor residencial foi o
alvo das principais intervenções para redução de impacto ambiental.
Na Figura 7 são apresentadas as importâncias relativas dos diversos aspectos
avaliados em processos de diferentes instituições. Nele se evidencia a diferença entre as
ponderações estabelecidas em cada sistema de avaliação.
Figura 7 – Comparação de Sistemáticas (fonte AKUTSU et al., 2008)
47
7 MODELO DE EMPREENDIMENTO SUSTENTÁVEL
(AGÊNCIA GRANJA VIANA DO BANCO REAL)
Foto 1 - Fachada da primeira agência bancária do Brasil certificada pelo LEED. (fonte acervo Banco Real).
7.1 Considerações iniciais
O empreendimento analisado é a agência bancária Cotia-Granja Viana do
Banco Real. Situada na altura do km 23,5 da Rodovia Raposo Tavares, à rua Ushima Kira, nº
20, Cotia/São Paulo. Ela foi inaugurada em Janeiro de 2007, após 8 meses de construção e 4
meses de planejamento (UNISOL, 2009).
De acordo com Roberto Oranje, arquiteto, participante da área de Engenharia
do banco há seis anos e gestor do projeto de construção da agência , ela foi planejada para ser
um protótipo de sustentabilidade para toda a rede do Banco Real. As soluções encontradas na
construção do prédio estão sendo repassadas para outras agências do banco e para outras
empresas interessadas (UNISOL, 2009).
A agência da Granja Viana foi o primeiro empreendimento da América do Sul
a obter a certificação de construção sustentável do LEED, após ser certificada na categoria
Prata, de acordo com pré-requisitos estabelecidos pelo USGBC (UNISOL, 2009).
48
Segundo Oranje, agência custou cerca de 30% a mais do que uma agência
comum, metade deste valor devido às freqüentes alterações no projeto induzidas por testes
mal-sucedidos, visando atender aos princípios da certificação LEED.
Porém, Oranje afirma que tudo o que foi colocado na agência conseguirá ter
um ‘pay-back’. Por exemplo, um gasto maior com uma lâmpada mais eficiente volta na
economia do custo de energia.
A respeitodo tempo para construção, Oranje afirma que é praticamente o
mesmo que de um projeto convencional, diferenciando apenas no período de concepção do
projeto em si, mais longo. No total afirma que foram quatro meses para o projeto e cinco
meses para a obra.
A seguir, a agência – marco da construção sustentável no país – será analisada
de acordo com os seguintes critérios:
1) Consumo de energia elétrica;
2) Uso da água;
3) Sistema de climatização;
4) Gerenciamento de resíduos;
5) Materiais utilizados;
6) Acessibilidade;
7) Terreno.
7.2 Análise
7.2.1 Consumo de energia elétrica
A agência da Granja Vianna consome cerca de 30% menos energia que as
agências usuais do Banco Real. (UNISOL, 2009).
Esta economia é obtida através de diversas estratégias:
Primeiro o prédio é bem claro, possuindo janelas com vidro enormes e muitos
espaços para a entrada de luz. Brises, que evitam que os raios do sol incidam diretamente no
vidro, foram empregadas para o sombreamento, a fim de evitar que o sol da tarde atrapalhe o
trabalho dentro da agência;
49
Segundo, as lâmpadas utilizadas são de LEDs ou fluorescentes de 28W, que
iluminam tão bem quanto uma de 40W mas com um consumo menor;
Terceiro, existem inúmeros interruptores de luz que permitem um melhor
controle das luzes que devem ser acesas a cada momento;
Quarto, um sistema de timer apaga todas as luzes da agência em um
determinado horário, com isso o prédio não fica iluminado 24 horas;
Por fim, são utilizados painéis solares para abastecer todos os caixas
eletrônicos, incluindo baterias que mantêm os caixas funcionando até as 22h00.
Foto 2 - A iluminação da área de auto-atendimento da agência utiliza energia solar (fonte acervo Banco Real)
7.2.2 Uso da água
No caso da água, planejou-se o reuso e tratamento de esgoto no próprio terreno
da agência, no subsolo, atentando-se também para o menor consumo de água possível. Para
atingir esse objetivo as plantas utilizadas no jardim são de baixo consumo hídrico, inclusive,
evitando-se gastos desnecessários com irrigação.
A água utilizada pelo prédio vem de três fontes: a água tratada da Sabesp, água
da chuva armazenada em dois reservatórios de 7500 litros e a água tratada pela própria
agência. O telhado da agência, completamente coberto por uma camada de 20 cm de argila
expandida, capta a água da chuva. A argila serve de filtro, fazendo uma pré-filtragem na água
da chuva, evitando-se o entupimento dos drenos. Posteriormente, a água passa por filtros de
50
areia e carvão ativado de bambu antes de ser armazenada nos mega-reservatórios para ser
utilizada nas torneiras e descargas dos banheiros, estes por sua vez, possuem dois níveis de
fluxo de água: um pequeno para urina e um grande para fezes. As torneiras possuem sensores
de aproximação, garantindo um uso menor de água e também facilitando seu uso por
deficientes físicos.
Após ser utilizada, a água dos banheiros é direcionada para uma fossa séptica,
onde decanta, e depois encaminhada para tratamento microbiológico. Após passar novamente
por filtros, a água é utilizada na irrigação da plantas.
Segundo Oranje, o consumo de água da agência é de 15 a 20% menor que nas
demais agências. Ele afirma que o número poderia ser ainda maior,da ordem de 60%, se não
fosse o sistema de climatização adotado (UNISOL, 2009).
Foto 3 - Tubos confeccionados com garrafa PET fazem a coleta de água da chuva e tratamento de efluentes na agência (fonte acervo Banco Real)
7.2.3 Sistema de climatização
Geralmente o sistema de climatização de um edifício consome grande parte da
energia. Os comumente utilizados aparelhos de ar condicionado são utilizados para secar o ar,
gelando as pessoas e espalhando microrganismos no ar. Na agência, optou-se por um sistema
híbrido que utiliza principalmente a água para refrigerar o ar. Oranje explica que o sistema é
simples: o funcionamento consiste em, na frente do ventilador, existir uma colméia, que
51
possui uma espécie de torneira para o gotejamento de água a uma temperatura ambiente; a
água umedece o ar resfriando a temperatura (chega a diminuir a temperatura em até 5 graus).
Além disso, o ar é assoprado por grelhas baixas, deixando uma sensação de brisa no ambiente.
O ar-condicionado convencional é ligado como complemento apenas em situações de alta
umidade do ar ou altas temperaturas. Constantes trocas de ar são garantidas por fendas
situadas no teto (as trocas chegam a 100%, em contrapartida, os sistemas convencionais
chegam a trocar apenas 20% do ar) (UNISOL, 2009).
Foto 4 - O sistema de climatização evaporativo não utiliza gases nocivos ao meio ambiente (fonte acervo Banco Real).
Além desses dois sistemas, Oranje alega que o prédio foi projetado para ser
bem isolado termicamente. Através de plantas ao seu redor e barreiras de concreto, metal e
plástico, diminui-se a entrada de radiação solar (UNISOL, 2009).
7.2.4 Gerenciamento de resíduos
Para o projeto da agência, tomou-se o cuidado para reciclar ou reutilizar a
maior parte do entulho gerado pela construção do prédio, cerca de 77%. Toda agência utiliza
papel reciclado e cestas específicas para a coleta de papel são encontradas ao longo do prédio.
Há também pontos de coleta seletiva de outros materiais, inclusive coleta de pilhas e baterias
usadas (UNISOL, 2009).
7.2.5 Materiais utilizados
A agência preocupou-se em buscar materiais o mais próximo possível, sendo
construída inteiramente com materiais locais (a menos de 800 km de distância) e materiais
52
alternativos. Como exemplos de materiais alternativos, Oranje cita o carpete de restos de
garrafas PET, o impermeabilizante de óleo de mamona, o piso de blocos de areia de fundição,
entre outros (UNISOL, 2009).
7.2.6 Acessibilidade
Buscando atender o público deficiente, há elevadores de acesso, guias para
cegos, aparelhos para surdo, balcões de atendimento, além de banheiros adaptados para
diversas deficiências (UNISOL, 2009).
Foto 5 - Na agência há uma central de atendimento exclusiva para deficientes auditivos (fonte acervo Banco Real)
7.2.7 Terreno
Segundo Oranje, desde o início procurou-se adequar o projeto ao terreno. Ele
explica que as características do terreno interferiram na posição da planta da agência. Explica
que se construíssem o prédio no nível original, o porão, que serve para o tratamento da água,
avançaria sobre o lençol freático, causando impacto no solo. Decidiu-se então elevar a
agência. (UNISOL, 2009).
7.3 Diferenciais da agência
7.3.1 Sustentabilidade do Espaço
53
- Terreno está dentro de um local onde já existia infra-estrutura (rede de água,
eletricidade, ruas pavimentadas, etc.), evitando a geração de novos impactos ambientais, além
de estar localizado em área de alta conectividade com a comunidade;
- Oferta de transporte público: a existência de cinco pontos de ônibus em um
raio de 400 metros no entorno da agência estimula a utilização desse meio de transporte como
forma alternativa para reduzir os impactos causados pela grande circulação de automóveis;
- Desenvolvido e concretizado um Plano de Controle de Sedimentação e
Erosão para a construção;
- 25,5% do terreno da agência são áreas verdes;
- Vaga de estacionamento preferencial para transporte solidário e outra de
estacionamento preferencial para veículos com baixa emissão ou consumo eficiente;
- Foram utilizados materiais e equipamentos sem CFC e HCFC, contribuindo
para a não destruição da camada de ozônio e aquecimento global.
7.3.2 Racionalização do uso da água
- 100% da água para irrigação provêm de reaproveitamento e tratamento;
- 85% do consumo de água potável da agência foram reduzidos em função das
medidas de racionalização, reaproveitamento e captação de águas de chuva;
- Destinação de águas servidas (lavatórios): são infiltradas ou tratadas no
próprio local;
- Sistemas hidráulicos sustentáveis: as águas pluviais, as águas de infiltração e
de esgoto são tratadas sem o uso de energia e de substâncias químicas de efeito residual;
- Torneiras com sensores e bacias sanitárias de alta eficiência com duplo fluxo
de funcionamento, reduzindo o consumo de água.
7.3.3 Eficiência energética
- Integração do projeto de arquitetura com os de iluminação e de ar
condicionado: reduzir os gastos na compra e operação de equipamentos e ar condicionado e
iluminação, devido à redução de carga térmica;
54
- Redução do calor proveniente de áreas não cobertas: o projeto combinou
áreas sombreadas com materiais de alta refletância solar, reduzindo em 84% o calor
proveniente de áreas não cobertas, resultando em uma eficiência energética 15% superior a
um projeto convencional;
- Sensores de presença que desligam a iluminação após desocupação do
ambiente;
- Energia renovável: utilização de painéis fotovoltaicos, contribuindo para a
redução da demanda energética nacional e para os gastos com a conta de iluminação;
- Treinamento de pessoal com base no manual de operação e manutenção dos
sistemas;
- Redução das necessidades de iluminação artificial: gastos energéticos
reduzidos para propiciar ambiente mais agradável devido à iluminação natural.
7.3.4 Sustentabilidade dos materiais
- Minimização de resíduos: 77% do lixo e do entulho da construção foram
reutilizados e reciclados a fim de ampliar a vida útil de aterros sanitários, diminuindo o
impacto sobre o meio ambiente;
- Separação, armazenamento e coleta de materiais recicláveis na agência, desde
a fase da construção;
- 72% da madeira utilizada são certificadas pelo FSC (Forest Stewardship
Council);
- 59% dos materiais utilizados na construção tiveram origem em um raio de
menos de 800 km, proporcionando a redução da poluição, do desgaste de rodovias e pneus,
menos poluição atmosférica, menos combustíveis fósseis;
- 17% de todos os materiais empregados são de rápida renovação na natureza
(10 ou menos anos).
55
Foto 6 - No detalhe da parede é possível verificar o material utilizado: tinta à base de
água, revestimento com argamassa que não passou por processo de queima e
cimento com mistura de resíduos de altos-fornos siderúrgicos (fonte acervo
Banco Real)
7.3.5 Qualidade Ambiental Interna
- Qualidade do Ar: o gerenciamento do ar durante a construção minimizou o
impacto da construção sobre a equipe de obras e vizinhança;
- Prevenção da poluição antes da ocupação: garantia da qualidade do ar interior
durante a fase operacional, com impacto direto em produtividade, bem-estar e conforto dos
funcionários e clientes da agência;
- Proibição de fumo dentro do empreendimento: visando minimizar a
exposição dos ocupantes à fumaça de tabaco e manter a qualidade interna do ar;
- Materiais utilizados possuem baixo índice de COVs (compostos orgânicos
voláteis), não foram empregados anticorrosivos e antiferruginosos, preservando a saúde de
funcionários da obra e ocupantes da agência (exemplo das tintas do tipo mineral, solúvel em
água);
- Os carpetes utilizados também possuem baixo índice de COVs, preservando a
saúde dos instaladores, funcionários e clientes da agência;
- Ventilação adicional: o número de trocas de ar dentro da agência é 30% maior
que o mínimo estabelecido em norma, visando diminuir problemas respiratórios, alérgicos e
menor disseminação de gripes.
56
- 78% dos ambientes internos da agência têm acesso à iluminação natural e
vista externa, criando espaços internos mais agradáveis.
57
8 ESTUDOS DE CASO
8.1 Considerações iniciais
Dando prosseguimento ao trabalho, serão avaliadas ambientalmente duas obras
na cidade de São Carlos; a primeira constitui-se de um edifício residencial de múltiplos
pavimentos e a segunda constitui-se de um condomínio de casas.
As obras em estudo serão avaliadas segundo questionários simplificados,
baseados nos conceitos de sustentabilidade e impactos ambientais.
À primeira obra avaliada ambientalmente (edifício residencial de múltiplos
pavimentos) será aplicado um questionário simplificado para simular a avaliação do
empreendimento, com base nos princípios da certificação LEED, desenvolvido pela empresa
Sustentax e disponível para consulta no site da empresa (http://www.sustentax.com.br).
Já na segunda obra avaliada ambientalmente (condomínio de casas) será
aplicado outro questionário simplificado, desenvolvido pela revista Arquitetura&Construção
da editora Abril, destinado à simulação de avaliação ambiental de casas e disponível para
consulta no site http://planetasustentavel.abril.com.br.
8.2 Edifício residencial de múltiplos pavimentos
Para a aplicação do primeiro questionário, optou-se por um edifício residencial
de múltiplos pavimentos que representasse o padrão de edifícios residenciais que a maioria
das construtoras vem comercializando. Optou-se como modelo o edifício Residencial
Michelangelo, da construtora A (Foto 7).
Foto 71 – Residencial Michelangelo (fonte do autor)
58
8.2.1 Caracterização da obra
O Residencial Michelangelo situa-se na cidade de São Carlos –SP, no bairro
Jardim Gibertoni e consiste em um edifício de bloco único, com 9 pavimentos num total de 65
apartamentos, em fase de construção. Situado num terreno de área total de 2000 m², o
empreendimento inclui também áreas de lazer (piscina, fitness, área de spa, espaço gourmet,
brinquedoteca e quiosque com churrasqueira).
O sistema construtivo empregado é o sistema convencional de concreto
armado, na fundação optou-se pela utilização de tubulões.
A mão-de-obra consiste em, aproximadamente, 50% de mão-de-obra própria e
50% de mão-de-obra subempreitada.
O edifício apresenta 4 tipologias:
• Apartamento studio - área total de 30,20 m² (21 unidades);
• 2 dormitórios com suíte - área total de 69,09 m² (14 unidades);
• 2 dormitórios sem suíte - área total de 59,18 m² (28 unidades);
• 3 dormitórios, piscina e churrasqueira privativas - área total de 130,17 m² (2
unidades);
8.2.2 Avaliação ambiental simplificada
Para a aplicação do questionário e avaliação ambiental simplificada da obra,
entrevistou-se o engenheiro residente do empreendimento.
Foi aplicado um questionário simplificado, com base nas diretrizes da
certificação LEED, desenvolvido pela empresa Sustentax, acessível em seu site
(www.sustentax.com.br).
A Sustentax é uma empresa membro do U.S. Green Building Council
(USGBC). Ela vem atuando na ajuda a incorporadores, construtores, arquitetos, projetistas e
administradores a certificarem seus empreendimentos pelo critério LEED.
O questionário consiste em 35 perguntas divididas em 5 fases (Energia,
Materiais, Água, Espaço Sustentável e Ambiente Interno, de acordo com os critérios avaliados
pela certificação LEED, com exceção do critério “Inovação e Processos”).
59
Antes do início do questionário, são fornecidas informações a respeito do
empreendimento, como finalidade do empreendimento, estágio da construção, metragem do
terreno e objetivo da ocupação.
Para cada questão, são possíveis três tipos de respostas (Sim, Não e Duvidoso).
Para cada resposta é atribuída uma pontuação (0 para NÃO; 0,5 para DUVIDOSO; 1,0 para
SIM, nos casos em que a resposta SIM for a opção mais sustentável), considerando as práticas
sustentáveis, e por fim é apresentado o resultado do empreendimento e pode-se ter uma idéia
o “quão” sustentável é o empreendimento.
Ao longo do questionário, o engenheiro residente do Residencial Michelangelo
comentou sobre os itens. A respeito de monitoramento remoto, o edifício apresentará
minuteria e sensores de presença para o acionamento das lâmpadas. O edifício apresentará
também clarabóias para auxiliar na luminosidade e ventilação.
Quanto aos materiais, o engenheiro comentou sobre a utilização de caçambas
para separação de resíduos dos materiais, utilização de telhas e tapumes Tetra Pak, além de
promover uma alvenaria racionalizada e modulada na intenção de reduzir entulho,
promovendo a minimização do desperdício, sendo, inclusive, economicamente vantajoso.
Sobre questões relacionadas à “Água”, foi dito que, embora não se apliquem
medidas sustentáveis relacionadas nesse edifício, a empresa estuda adotar sistemas com
caixas d’água para coleta de água de chuva e posterior uso e medidores individualizados.
Quanto ao tratamento no descarte da água, o engenheiro explica que, para esse padrão de
empreendimento, adotar um sistema de tratamento de esgoto para reuso da água torna-se
inviável. Ele acredita que um sistema desse porte pode tornar-se vantajoso em
empreendimentos com grande área e com grande volume de esgoto.
8.2.3 Questionário adaptado
INFORMAÇÕES SOBRE O EMPREENDIMENTO
Tipo do empreendimento: (X) Prédio
( ) Sala ou Loja
( ) Residência
Estágio da construção: ( ) Projeto
60
(X) Em construção
( ) Construído a mais de 2 anos
Metragem do terreno: 2000 m²
Objetivo da ocupação: ( ) Próprio
(X) Para terceiros
FASE 1 – ENERGIA
1) Existe o uso de CFC ou HCFC no ar condicionado? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
2) Existe o uso de CFC ou HCFC em outros equipamentos? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
3) Existe monitoramento remoto de energia? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
4) O empreendimento já realizou eficiência energética? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
5) Existe automação predial? ( ) Sim
( ) Não
(X) Duvidoso
6) Uso de energia renovável on site? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
7) Uso de energia renovável off site? ( ) Sim
(X) Não
61
( ) Duvidoso
FASE 2 – MATERIAIS
8) Existe a separação, armazenagem e coleta de recicláveis? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
9) Uso de materiais sustentáveis para limpeza? ( ) Sim
( ) Não
(X) Duvidoso
10) Uso de materiais sustentáveis para Operação & Manutenção? ( ) Sim
( ) Não
(X) Duvidoso
11) Gerenciamento do lixo proveniente da construção? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
FASE 3 – ÁGUA
12) Possibilidade de redução em 20% do consumo de água potável? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
13) Possibilidade de redução em 30% do consumo de água potável? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
14) Possibilidade de redução de 50% da água potável para irrigação? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
15) Possibilidade de redução de 100% da água potável para irrigação? ( ) Sim
(X) Não
62
( ) Duvidoso
16) Captura da água da chuva? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
17) Tratamento no descarte da água? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
FASE 4– ESPAÇO SUSTENTÁVEL
18) Empreendimento localizado em área contaminada? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
19) Existe projeto de paisagismo com foco no habitat? ( ) Sim
( ) Não
(X) Duvidoso
20) Existe estação de metrô próxima ao empreendimento? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
21) Existe estação de trem próxima ao empreendimento? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
22) Existe mais de 2 pontos de ônibus próximos ao empreendimento? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
23) Existe bicicletário e vestiário? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
24) Existe cobertura vegetal no telhado? ( ) Sim
(X) Não
63
( ) Duvidoso
25) Existe telhado com tinta com altos níveis de refletância? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
26) Existe 50% ou mais de vagas cobertas? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
27) Existe mais de 20% de espaço aberto? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
28) Área impermeável maior que 50%? ( ) Sim
(X) Não
( ) Duvidoso
FASE 5– AMBIENTE INTERNO
29) É proibido o fumo dentro do empreendimento? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
30) Uso de tintas e vernizes com baixa emissão de COV? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
31) Uso de adesivos e selantes com baixa emissão COV? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
32) Uso de carpetes e compensados com baixa emissão de COV? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
33) Iluminação natural e vista para 75% dos ocupantes do prédio? (X) Sim
64
( ) Não
( ) Duvidoso
34) Iluminação natural e vista para 90% dos ocupantes do prédio? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
35) Iluminação natural e vista para 90% dos ocupantes do prédio? (X) Sim
( ) Não
( ) Duvidoso
RESULTADO
A pontuação foi de 18 (51%).
Até 17,5 pontos (até 50%): NÃO SUSTENTÁVEL.
De 18 a 21 pontos (51-60%): POUCO SUSTENTÁVEL.
De 21,5 a 28 pontos (61-80%): SUSTENTÁVEL.
Acima de 28,5 pontos ( > 81%): BASTANTE SUSTENTÁVEL.
PONTUAÇÃO DETALHADA
Na Tabela 9 apresenta-se o desempenho da construção, em cada fase da obra.
Quanto maior o número de pontos, mais próxima ela estará da sustentabilidade.
Tabela 9 - Pontuação detalhada(questionário 1) FASE PONTOS PONTOS MÁXIMOS
1) Energia 4,5 7 2) Materiais 2 4 3) Água 0 6 4) Espaço Sustentável 4,5 11 5) Ambiente Interno 7 7
8.3 Condomínio horizontal
Para a aplicação do segundo questionário, buscou-se um empreendimento de
casas que representasse o padrão de condomínio horizontal, em termos de tamanho, que vem
sendo comercializado atualmente pelas construtoras. Optou-se para servir de modelo a obra
Terra Nova São Carlos I, da construtora B (Foto 8).
65
Foto 82 – Terra Nova São Carlos I (fonte do autor)
8.3.1 Caracterização da obra
O condomínio Terra Nova São Carlos I situa-se na cidade de São Carlos – SP,
no bairro Jardim Ipanema e consiste de 442 casas residenciais térreas (Figuras 8 e 9), ainda
em fase de construção. O condomínio ainda inclui infra-estrutura urbana completa e áreas de
lazer (quadras de esporte e piscina).
Figura 83 - Perspectiva da Obra
Figura 9 – Implantação
Uma característica marcante do sistema construtivo das casas está nas paredes.
Estas são, em sua totalidade, de concreto celular auto-adensável moldadas in loco com o
auxílio de fôrmas plásticas e de alumínio. Ao concreto é adicionado aditivo visando o
conforto térmico e acústico das casas.
66
Os serviços são todos empreitados, nos quais cada empreiteira realiza no
máximo duas atividades.
O regime de contratação é feito por empreitada, no qual o pagamento é
efetuado de acordo com a quantidade de serviço realizado.
A fundação utilizada na construção das residências é do tipo radier.
O condomínio possui seis opções de planta, são elas:
• Casa de 46,72 m² - 2 dormitórios, estar/jantar, cozinha, serviço e 1 W.C. social;
• Casa de 58,30 m² A - 3 dormitórios, estar/jantar, cozinha, serviço e 1 W.C. social;
• Casa de 58,30 m² B - 2 suítes, estar/jantar, cozinha e serviço;
• Casa de 58,30 m² C - 2 dormitórios, home-theater, estar/jantar, cozinha, serviço e
1 W.C. social;
• Casa de 66,91 m² - 3 dormitórios (1 suíte), estar/jantar, cozinha, serviço e 1 W.C.
social;
• Casa de 77,30 m² - 3 dormitórios (1 suíte), estar/jantar, cozinha, serviço e 1 W.C.
social.
8.3.2 Avaliação ambiental simplificada
Para a avaliação ambiental simplificada da obra, entrevistou-se o engenheiro
residente do empreendimento.
Como mencionado anteriormente, foi aplicado um questionário desenvolvido
pela revista Arquitetura&Construção da editora Abril.
O questionário consiste em 21 perguntas divididas em 15fases (Projeto,
Serviços Preliminares, Fundação, Estrutura, Alvenaria, Cobertura, Instalação Hidráulica,
Instalação Elétrica, Impermeabilização, Conforto Térmico, Esquadrias, Pintura,
Revestimentos, Vidro e Serviços Complementares).
Para cada resposta é atribuída uma pontuação, levando em consideração as
práticas mais sustentáveis. Ao fim do questionário, é apresentado o resultado do
empreendimento em questão e uma tabela com a pontuação detalhada (Tabela 9).
67
8.3.3 Questionário adaptado
FASE 1 – PROJETO
1) Qual das opções abaixo mais se aproxima do projeto das casas? ( ) O clima local determinou o tipo e o desenho da construção
(X) Para implantar o projeto, foi preciso cortar o terreno
( ) A planta considerou a trajetória do sol e dos ventos, o clima local e a
relação com a vizinhança e o entorno
( ) Buscou-se aproveitar a vista ao máximo: todas as portas e janelas foram
distribuídas na planta com essa intenção
( ) O projeto buscou integrar-se à paisagem do entorno, sem derrubada de
árvores
( ) Deixamos a planta enxuta para reduzir os custos da obra
FASE 2 – SERVIÇOS PRELIMINARES
2) Antes do início da obra, quais desses serviços foram executados? ( ) Muitos cortes no terreno e pesada terraplanagem
( ) Análise do terreno para aproveitamento da topografia natural; instalação
de baias para separação de resíduos; treinamento da mão-de-obra
(X) Cortes no terreno com aproveitamento do solo removido; local para gestão
dos resíduos
( ) Não sei responder porque não acompanhei a obra de perto
3) Como foi feita a contratação da mão-de-obra? ( ) Foram chamados profissionais da região, mas sem contrato de trabalho
(X) A construtora deslocou sua equipe para a obra
( ) Foi chamada mão-de-obra local e com contrato de trabalho
( ) Foram contratados profissionais locais, registrados e treinados para evitar
desperdícios na obra
( ) Não foi contratada mão-de-obra porque a casa foi construída em regime
de mutirão ou cooperativo
FASE 3 – FUNDAÇÃO
4) Como foi feita a fundação das casas? ( ) O solo extremamente firme possibilitou uma fundação leve, calculada por
um engenheiro estrutural e feita com sapata corrida de solo-cimento ou pedras
68
(X) O solo firme facilitou a fundação, que foi feita em concreto
( ) O terreno difícil pediu uma fundação reforçada com estacas pré-moldadas
de concreto
( ) Não sei responder
FASE 4 – ESTRUTURA
5) Que tipo de material foi utilizado na estrutura das casas? ( ) Terra crua estrutural (taipa de pilão ou tijolos de adobe)
(X) Concreto e vergalhões
( ) Madeira ou aço
( ) Bambu, madeira certificada ou de demolição
( ) Tijolos cerâmicos, cimento e vergalhões
( ) Tijolos de demolição, cimento e vergalhões
FASE 5 – ALVENARIA
6) Que tipo de material foi utilizado na alvenaria da construção? ( ) Tijolos comuns, blocos de concreto ou tijolos baianos (blocos cerâmicos)
( ) Tijolos de solo-cimento ou de demolição
( ) Tijolos de adobe, paredes de taipa de pilão ou de mão (pau-a-pique)
(X) Ferro-cimento ou concreto
FASE 6 – COBERTURA
7) Como foi feita a cobertura das casas? (X) Telhas cerâmicas ou taubilhas (lascas de madeira)
( ) Telhas de fibra vegetal ou materiais reciclados (embalagens de creme
dental ou tetrapak)
( ) Telhado verde (camada de terra com gramíneas)
( ) Laje de concreto impermeabilizada
( ) Telhas cerâmicas de demolição
( ) Telhas de policarbonato, concreto, ardósia ou fibrocimento
( ) Telhas de alumínio, fibra de vidro, amianto, PVC ou aço galvanizado
FASE 7 – INSTALAÇÃO HIDRÁULICA
8) Que tipo de tubulação foi utilizado na instalação hidráulica? (X) PVC
69
( ) Cobre
( ) Plástico reciclado
9) O que foi previsto no projeto para a instalação hidráulica? ( ) Equipamentos com baixo consumo de água
( ) Captação de água da chuva
( ) Aquecimento solar de água
( ) Reuso de água
(X) Nenhuma das alternativas
( ) Duas ou mais alternativas
10) Como é feita a coleta e o tratamento do esgoto das casas? ( ) Fossa negra (o esgoto é direcionado para um semidouro)
( ) Fossa séptica
(X) Os resíduos são levados pela rede coletora da prefeitura
( ) O esgoto é tratado numa estação instalada no quintal
( ) Estação de tratamento que utiliza plantas para filtar as impurezas (zona de
raízes)
FASE 8 – INSTALAÇÃO ELÉTRICA
11) O que foi previsto para a instalação elétrica? (X) Instalação elétrica convencional
( ) Instalação elétrica convencional com equipamentos redutores de consumo
de energia
( ) Placas fotovoltaicas ou energia eólica
( ) Instalação elétrica convencional, com placas fotovoltaicas ou energia eólica
FASE 9 – IMPERMEABILIZAÇÃO
12) Como foi feita a impermeabilização da construção? ( ) Com mantas asfálticas e selantes
( ) Com resina de mamona
( ) Com produtos de empresas que matem programas de responsabilidade
social e ambiental
(X) Com lona plástica
FASE 10 – CONFORTO TÉRMICO
70
13) Qual foi a principal solução adotada para garantir conforto térmico nas casas? ( ) Utilização de desenho bioclimático
( ) Sistema de ar condicionado
( ) Ventiladores de teto (regiões quentes) ou aquecedores elétricos (regiões
frias)
(X) Materiais de construção adequados ao clima local (terra, sapê, madeira,
etc.)
FASE 11 – ESQUADRIAS
14) Que tipo de material foi empregado nas esquadrias de portas e janelas? ( ) Madeira
( ) Madeira de reflorestamento ou certificada
( ) Peça de demolição
(X) Alumínio, ferro ou PVC
FASE 12 – PINTURA
15) Quais foram os produtos usados para pintar as paredes? (X) Tintas à óleo, acrílicas ou látex
( ) Tintas à base d’água
( ) Tintas minerais à base de terra natural e cal
( ) Não usei tintas
FASE 13 – REVESTIMENTOS
16) Quais dos materiais abaixo cobrem a maioria das paredes? ( ) Azulejos cerâmicos, porcelanatos ou pastilhas de vidro
( ) Madeira
(X) Nenhum deles
( ) Cacos de cerâmica ou de demolição
( ) Madeira certificada ou de demolição
( ) Papel de parede
( ) Pedras (canjiquinha, são Tomé, portuguesa, etc.)
17) Que tipo de material revestiu a maior parte do piso das casas? ( ) Madeira de demolição ou certificada
(X) Cerâmica
71
( ) Porcelanato ou mármore
( ) Pedras (ardósia, granito)
( ) Assoalho ou laminado de madeira
( ) Cimento queimado
( ) Piso de terra ou tijolos de demolição
( ) Carpete
( ) Piso vinílico
FASE 14 – VIDROS
18) As casas têm vidros? ( ) Em muita quantidade (paredes inteiras, divisórias)
(X) Em pouca quantidade (janelas, vitrôs)
( ) Comprados de loja de demolição
FASE 15 – SERVIÇOS COMPLEMENTARES
19) Quanto à rega do jardim, como será? (X) Com mangueira
( ) Com água de chuva ou de reuso
( ) Com um sistema de gotejamento
( ) Não tenho jardim
20) Quanto ao lixo gerado, qual será seu destino? (X) É coletado pela empresa de limpeza urbana do município sem separação
( ) É separado em orgânico e recicláveis e coletado pela prefeitura
( ) É separado em orgânicos e recicláveis. Os resíduos orgânicos vão para a
composteira e viram adubo para o jardim. Os demais são encaminhados para
a reciclagem
21) No acabamento dado à casa, qual critério adotado? ( ) Aparência
(X) Preço
( ) Procedência (madeira certificada, selos de comércio justo ou de
responsabilidade sócio-ambiental, cooperativas artesanais
( ) Materiais sintéticos
( ) Materiais naturais
72
RESULTADO
A pontuação foi de 190.
Mais de 215 pontos:
INICIANTE – Você ainda precisará melhorar a sua performance de gestor de
obra e morador consciente.
De 100 a 210 pontos:
ENGAJADO – Você está no caminho certo. Continue assim.
Menos de 100 pontos:
MILITANTE – Você é praticamente um especialista no assunto.
PONTUAÇÃO DETALHADA
Confira na tabela abaixo (Tabela 10) como foi o desempenho da construção,
em cada fase da obra. Quanto menor o número de pontos, mais próxima ela estará da
sustentabilidade.
Tabela 10 - Pontuação detalhada (questionário 2) FASE PONTOS PONTOS MÁXIMOS
1) Projeto 20 20 2) Serviços Preliminares 15 30 3) Fundação 5 10 4) Estrutura 20 20 5) Alvenaria 0 20 6) Cobertura 10 10 7) Instalação Hidráulica 20 30 8) Instalação Elétrica 20 30 9) Impermeabilização 5 10 10) Conforto Térmico 5 10 11) Esquadrias 10 10 12) Pintura 10 10 13) Revestimentos 10 20 14) Vidro 5 10 15) Serviços Complementares 35 40
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este trabalho, buscou-se entender as metodologias para avaliação
ambiental de edifícios, analisar os diferencias que fizeram da agência bancária do Banco Real
um modelo, avaliar de forma simplificada um modelo de edifício residencial de múltiplos
pavimentos e um modelo de condomínio horizontal, mas acima de tudo, procurou-se
desenvolver o tema sustentabilidade relacionado à construção civil.
Sobre a construção civil, sabe-se que é a atividade com maior impacto sobre o
meio ambiente, considerando todas suas etapas – construção, operação, manutenção e
demolição de edifícios. A preocupação em se desenvolver alternativas para minimizar os
impactos vem crescendo nos últimos tempos, acompanhando a tendência mundial de
preocupação com o meio ambiente. Hoje, busca-se desenvolver estratégias para minimização
do uso de recursos não renováveis, economia de energia e redução de resíduos de construção
entre outras tecnologias sustentáveis.
Dentro dessa busca pela minimização dos impactos gerados pela indústria da
construção civil ao meio ambiente, certificações vêm sendo desenvolvidas, sobretudo na
Europa, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e Hong Kong, como uma forma de
incentivar a adoção de práticas e tecnologias “verdes” nas edificações. No país essa busca por
certificação de empreendimentos vem crescendo.
A inexistência de uma certificação nacional, com critérios que abrangem os
aspectos nacionais, que em outros países não têm importância ou não são levados em
consideração limitam de certa forma o resultado. Não é possível importar um método pronto e
utilizá-lo no Brasil, a análise dos métodos existentes demonstra que eles são naturalmente
diferentes porque os aspectos ambientais variam de um país a outro, assim como as práticas
construtivas e de projeto, o clima e a receptividade dos mercados à introdução dos métodos.
Com essa inexistência de certificação no país, que pondere aspectos nacionais,
os empreendimentos já certificados tiveram que recorrer às certificações estrangeiras,
principalmente à certificação LEED, porém hoje há um movimento de regionalização da
mesma aos aspectos nacionais, promovido pelo GBC Brasil, com previsão de término dos
trabalhos para o fim de 2009, para, assim, garantir que a próxima versão do LEED já inclua os
itens regionalizados para aplicação no Brasil.
74
Alguns edifícios modelos certificados, por si, não vão alterar a sustentabilidade
da construção brasileira, a menos que estes empreendimentos sejam inspirem novos
empreendedores, criem mercados para produtos eco-eficentes e incentivem inovações
tecnológicas.
No mercado, verificamos que os chamados prédios verdes têm ganhado cada
vez mais relevância no cenário mundial, mas muitos ainda pensam que este tipo de
empreendimento não é viável financeiramente, demandando altas somas em investimentos.
Com os estudos de caso, com as entrevistas junto aos engenheiros residentes de
cada empreendimento, percebe-se que o fator econômico é o que mais pesa para as empresas
e a implantação de técnicas sustentáveis acaba sendo colocada em segundo plano. Uma
tecnologia sustentável, como o tratamento da água para reuso, placas fotovoltaicas para
captação de energia solar, materiais alternativos a serem empregados na construção, entre
outras possibilidades ambientalmente corretas, pode se mostrar cara atualmente, porém a
medida que começar a ser utilizada em uma maior escala, os custos tendem a diminuir além
de o dinheiro gasto inicialmente pode voltar na forma de contas mais baixas de água e de
energia.
O barateamento dos materiais virá com a economia de escala de produção pelo
aumento da demanda. O aumento da demanda virá com o barateamento dos materiais. Como
já aconteceu em outros países, esse movimento pode ser estimulado pelo governo, com a
redução, mesmo que temporária, da carga tributária e o incentivo do conceito pelos líderes de
mercado.
É necessário também investir na conscientização dessas práticas sustentáveis
junto às pessoas envolvidas na indústria da construção civil, desde estudantes, acadêmicos,
pesquisadores, profissionais, fornecedores de materiais até os clientes e população. Uma vez
que o público alvo de todos os empreendimentos é o cliente, este assume um papel
fundamental na busca de mudar o panorama da construção civil, começando a exigir
empreendimentos que visem o desenvolvimento sustentável, obrigando as empresas a se
adequarem para não perderem mercado e aqueles que praticam as diretrizes sustentáveis
devem demonstrar isso junto ao comprador. Divulgando a informação estará contribuindo
para a conscientização, servindo de exemplo a todos, além também de exercer uma auto-
promoção.
75
Outra discussão a respeito dos edifícios certificados, que adotam tais conceitos
sustentáveis, é a sua aplicabilidade em imóveis residenciais e não só a edifícios, robustos,
modelos e a residências de condomínios de alto padrão. De certa forma, sua aplicação bate no
aspecto de renda. Por outro lado, algumas iniciativas para construção de residências populares
podem ser observadas, como no caso de aquecedores solares produzidos com materiais
reutilizados (pets, embalagens tetrapak, etc.), que já estão sendo em residências populares.
Nessa discussão, no que tange ao governo, faltam incentivos e medidas mais
enérgicas e eficazes que estimulem a construção sustentável e incentivem pesquisas para
tornar a sustentabilidade mais acessível. Não há incentivo algum às empresas que buscam a
sustentabilidade e a fiscalização a fim de diminuir os impactos da construção frente ao meio
ambiente mostra-se precária. Além disso, deve-se cobrar das autoridades medidas para a
correta destinação dos resíduos provenientes da separação e gerenciamento dentro do canteiro
de obras. Na Inglaterra, por exemplo, um dos países mais avançados nesse assunto, há uma
política pública abrangente e progressiva, sofisticada.
Mas o país também apresenta pontos positivos que podem nos deixar otimistas
quanto ao futuro. O Brasil tem um patrimônio enorme já acumulado como eletricidade
renovável, indústrias de cimento, plástico e aço modernas e, na média, eco-eficientes, com
produtos modernos, água, aquecedores solares, equipamentos para economia de água e
energia, cimentos e aço mais eco-eficientes e alguns estão entre os melhores do mundo, além
de certo avanço na certificação de madeiras.
Por fim, para colaborar com a diminuição dos impactos, muito pode se fazer
com pequenos atos. Economia de água, energia e segregação dos resíduos recicláveis são
fundamentais e dependem dos usuários. Energia é usar janelas, desligar a luz e substituir as
lâmpadas incandescentes por fluorescentes compactas. Optar por geladeiras e outros
equipamentos certificados, que consomem menos energia e usar com sabedoria. Economizar
água é a manutenção de vasos sanitários e torneiras, acabar com vazamentos e torneiras
pingando. Tais atitudes já surtiriam grande impacto num país que está atrasado nesse assunto,
porém, progredindo.
76
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Framework for Environmental Assessment of Existing Buildings. In: Sustainable Building
2002. Proceedings. iiSBE/CIB/Biggforsk: Oslo, Norway. 23-25 September 2002.
79
ANEXO
Empreendimentos Registrados Não-sigilosos LEED no Brasil (fonte GBC Brasil).
Aroeira Office Park – Curitiba – LEED CS 2.0
Ag. Pirituba Banco do Brasi – São Paulo – LEED NC 2.2
Ag. Granja Viana Banco Real – Cotia – LEED NC 2.2
Centro de Cultura Max Feffer – Pardinho – LEED NC 2.2
Cidade Jardim Corporate Center – São Paulo – LEED CS 2.0
CNH P&S Brazil Sorocaba Depot – Sorocaba – LEED NC 2.2
Colégio Cruzeiro – Rio de Janeiro – LEED NC 2.1
Concórdia Business Tower – Nova Lima – LEED CS 2.0
Condomínio Edificio Eluma – São Paulo – LEED EB O&M
Condomínio New Century – São Paulo – LEED EB O&M
Laboratório Delboni Auriemo – São Paulo – LEED NC 2.2
EcoLife Independância – São Paulo – LEED CS 2.0
Edifício Alvino Slaviero – São Paulo – LEED CS 2.0
Edifício Cidade Jardim – São Paulo – LEED CS 2.0
Edifício Cidade Nova Bracor – Rio de Janeiro – LEED CS 2.0
Edifício Fecomercio – São Paulo – LEED CS 2.0
Eldorado Business Tower – São Paulo – LEED CS 2.0
Firmenich - Fibras II – Cotia – LEED EB O&M
Fleury Medicina Diagnóstica – São Paulo – LEED CI 2.0
Iguatemi Alphaville – Barueri – LEED CS 2.0
Instituto Pereira Passos – Rio de Janeiro – LEED NC 2.2
Mariano Torres Corporate – Curitiba – LEED CS 2.0
80
Morgan Stanley Bank – São Paulo – LEED CI
Morumbi – São Paulo – LEED CS 2.0
Nova sede AEA – São José dos Campos – LEED CS 2.0
Aauditório do edifício Sede Odebrech – Salvador – LEED NC 2.2
Panamerica Park II – São Paulo – LEED CS 2.0
Plaza Mayor Alto da Lapa – São Paulo – LEED NC 2.2
Primavera Office Building – Florianópolis – LEED NC 2.1
Príncipe de Greenfield – Porto Alegre – LEED CS 2.0
Raja Business Center – Belo Horizonte – LEED CS 2.0
Renaissance Work Center – Belo Horizonte – LEED CS 2.0
Rochavera Corporate Towers – São Paulo – LEED CS 2.0
San Pelegrino Shopping Mall – Caxias Do Sul – LEED CS 2.0
SBIBHAE - Edifício 1 – São Paulo – LEED NC 2.2
SBIBHAE - Edifício 2 – São Paulo – LEED NC 2.2
SBIBHAE - Edifício 3 – São Paulo – LEED NC 2.2
SBIBHAE - Unidade Morumbi – São Paulo – LEED EB 2.0
SBIBHAE - Unidade Perdizes – São Paulo – LEED NC 2.2
Sede Serasa – São Paulo – LEED EB 2.0
Technology Center Powetrain – Hortolândia – LEED NC 2.2
The Gift - Green Square – São Paulo – LEED CS 2.0
Torre Santander – São Paulo – LEED EB O&M
Torre Vargas – Rio de Janeiro – LEED CS 2.0
Ventura Corporate Towers Torre Leste– Rio de Janeiro – LEED CS 2.0
Ventura Corporate Towers Torre Oeste – Rio de Janeiro – LEED CS 2.0
Veranum Tempus Soluções – São Paulo – LEED CI 2.0
Vida a frente – Santo André – LEED CS 2.0
81
WT - Águas Claras – Minas Gerais – LEED CS 2.0
WT - Henrique Valadares – Rio de Janeiro – LEED CS 2.0
WT - JK Hotel – São Paulo – LEED CS 2.0
WT - JK Torre II – São Paulo – LEED CS 2.0
WT - JK Torre – São Paulo – LEED CS 2.0
WT Nações Unidas 1 e 2 – São Paulo – LEED CS 2.0