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Seminario Teologico Renna Brasil
Escola de Ensino a Distancia
TOPICOS DE ESTUDO DO NOVO TESTAMENTO
Curso de Capacitacao Teologica para Lideranca
Pastoral e Missionaria
2013
ii
Caro(a) aluno(a),
Esta apostila foi elaborada com o objetivo de orientar seus estudos para o
modulo “Topicos de Estudo do Novo Testamento”. Nela voce encontrara
informacoes importantes sobre como estudar os conteudos bıblicos do Novo Tes-
tamento, bem como algumas dicas para aproveitar melhor o Seminario Teologico
Renna Brasil. Leia atentamente seu texto antes de comecar seus estudos e lembre-
se: no curso a distancia voce e o responsavel pelo processo de aprendizagem e,
para obter exito, voce precisara desenvolver, dentre outras atitudes, a autodisciplina.
Bons estudos!
Equipe de Coordenacao
iii
“Meu povo perece por falta de conhecimento...”
[Oseias 4:6]
Sumario
1 Introducao 2
2 Os Evangelhos 9
2.1 Evangelho de Mateus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.2 Evangelho de Marcos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.3 Evangelho de Lucas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.4 Evangelho de Joao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3 Os Atos dos Apostolos 17
4 As Epıstolas 21
4.1 As viagens de Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1.1 A primeira viagem missionaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
4.1.2 A segunda viagem missionaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
4.1.3 A terceira viagem missionaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
4.1.4 A viagem para Roma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
4.2 As cartas de Paulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3 Outras cartas que pertencem a Bıblia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
iv
1
5 As Profecias 34
6 Consideracoes Finais 41
Referencias Bibliograficas 43
Capıtulo 1
Introducao
“Novo Testamento” e uma expressao que tem origem no latim e refere-se aos livros da Bıblia escritos
depois do nascimento de Jesus Cristo. Tambem existe a ideia das expressoes “Antiga Alianca” associada
ao Antigo Testamento e “Nova Alianca” para o Novo Testamento. Estes conceitos, segundo alguns
teologos, sugerem que a antiga Alianca do Povo Judeu era provisoria e uma nova Alianca foi feita com o
sangue de Jesus Cristo [1].
Os escritos do Novo Testamento sao oriundos dos seculos I e II d.C., ao longo da civilizacao greco-
romana. Nesse perıodo, Jesus anunciou a Salvacao a todos, expressando-se em aramaico, a lıngua falada
na Palestina. Seus discıpulos nao escreviam, mas preocupavam-se com o anuncio oral do Evangelho. Esse
comportamento, para alguns pesquisadores, faz do Cristianismo uma crenca que se concentra na fe em
Jesus Cristo [2].
Os discıpulos ouviram a mensagem falada sobre a Salvacao durante os primeiros dias que, anos mais
tarde, registraram por escrito as palavras e acontecimentos da vida de Jesus. Por isso, os Evangelhos
nao representam apenas a “Historia de Jesus”, mas a narracao das palavras e ensinamentos de Jesus de
Nazare. A maioria dos escritos originais foram registrados em grego e apenas o livro de Mateus foi escrito
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3
em hebraico [2].
Figura 1.1: Classificacao e divisao do Novo Testamento
O Novo Testamento e composto por 27 livros organizados em escritos conhecidos por Quatro Evan-
gelhos (Mateus, Marcos, Lucas, Joao), Atos dos Apostolos, Vinte e Uma Epıstolas (Romanos,
1 e 2 Corıntios, Galatas, Efesios, Filipenses, Colossenses, 1 e 2 Tessalonicenses, 1 e 2 Timoteo, Tito,
Filemom, Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro, 1, 2 3 Joao e Judas) e Profecias (Apocalipse).
A ordem descrita anteriormente e tematica e nao possui relacao cronologica. O escrito mais antigo
do Novo Testamento e a Primeira Carta de Paulo aos Tessalonicenses. Por sua vez, o Evangelho de Joao
foi um dos ultimos escritos a ser encontrado. Assim, essas colecoes estao organizadas de acordo com seu
contexto tematico e genero literario.
O ambiente historico e geografico do Novo Testamento esta inserido no cenario greco-romano, pois
4
a Palestina estava sob o domınio dos Cesares de Roma em 63 a.C.. A cultura helenista era muito
importante durante o Imperio Romano e a populacao era de cinquenta milhoes de habitantes, distribuıdos
em multidoes de povos, religioes e culturas diferentes. Apesar disso, este pluralismo cultural e religioso
facilitou, de certa maneira, a expansao do Cristianismo. A Palestina, sobretudo durante o reinado de
Herodes, o Grande, que reinou entre 40 a.C. e 4 a.C., tambem adotou a cultura da civilizacao helenista,
fazendo grandes obras, jogos e espetaculos muito semelhantes aos helenistas [3].
As autoridades da Palestina, governadores nomeados pelos romanos, dependiam diretamente do Im-
perador de Roma. Poncio Pilatos foi o governador mais famoso, tendo exercido seu governo entre 27 e
37 d.C.. A partir de 66 d.C., deu inıcio a revolta contra o poder romano, que foi severamente punida
com a destruicao de Jerusalem e do Templo, inaugurado poucos anos antes. A destruicao do Templo fez
desaparecer a classe politica mais forte da epoca, a classe sacerdotal, tambem conhecida por Saduceus.
Nesta fuga, a pequena comunidade crista de Jerusalem, segundo algumas tradicoes, se refugiou em Pela,
Decapole e outros locais proximos. A partir de 70 d.C. desaparecem todos os principados da Palestina e
o territorio foi governado diretamente de Roma.
A Palestina daquele perıodo era um pequeno territorio no deserto e dependia economicamente do
Imperio. Era uma area agrıcola que obtinha sustento no trigo, cevada, figueira, oliveira, videira e pastoreio
de ovelhas e cabras.
Neste ambiente muitas religioes e cultos pagaos tinham certa liberdade de culto e de proselitismo.
Na Palestina, o templo de Jerusalem congregava os principais grupos judaicos. Neste local, um centro
religioso, era considerado o lugar de Deus, do sacerdocio e das festas religiosas. Neste local as pessoas
ligadas ao culto exerciam seu poder polıtico. Todo o varao judeu adulto pagava uma didracma por ano
de imposto ao Templo. Isso tambem transformava o Templo no centro economico dos judeus.
Alem do Templo, a Sinagoga era outro local religioso importante. Era na Sinagoga onde se proclamava
a Palavra de Deus e se fazia a oracao da comunidade. Este local tambem era utilizado como escola e
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Figura 1.2: Palestina nos tempos de Jesus [5]
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Figura 1.3: Jerusalem nos tempos de Jesus [5]
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Figura 1.4: Moeda romana didracma [4]
centro cultural. A Sinagoga era coordenada pelos Doutores da Lei e os Fariseus.
Os Fariseus eram pessoas da classe media e baixa. Eles eram devotos e cumpridores de todas as
normas da Lei de Moises. Os Fariseus consideravam Deus como o unico Rei de Israel, opunham-se ao
poder polıtico dos Romanos e da dinastia de Herodes. Eles dominavam a Sinagoga e, com a sua pregacao,
manipulavam o povo para pensar do mesmo modo. Eles tambem eram o grupo mais numeroso de todos.
Jesus denunciou muitas vezes sua rigidez legalista e hipocrita que juntava muitas outras tradicoes a
chamada Lei oral ou “Tradicao dos Antigos”.
Os Doutores da Lei ou Escribas eram os “teologos” dos Fariseus, embora tambem houvesse Doutores
da Lei entre os Saduceus. O Novo Testamento tambem se refere aos Doutores da Lei como rabinos
copistas, isto e, que copiavam o texto da Torah em papiros e, pelo conhecimento adquirido, se tornavam
tambem interpretes da Lei.
Saduceu e um nome que deriva do sumo sacerdote Sadoc e seu grupo surgiu como partido polıtico
durante o sec. II a.C.. Eles eram a classe mais ligada ao Templo e tambem representavam a classe
sacerdotal. Alem do sacerdocio, detinham ainda grande parte do poder polıtico, pois, ao contrario dos
Fariseus, presidiam o Sinedrio, mediante o Sumo Sacerdote. O Sinedrio era o nome dado a assembleia
legislativa constituıda por 23 juızes em cada cidade deste territorio na antiga Palestina. Eles tambem
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eram politicamente abertos a autoridade romana, mas muito conservadores em religiao. Eles negavam a
existencia dos anjos e da ressurreicao. Durante o exercıcio das suas funcoes, os Saduceus eram apoiados
pelos Levitas, que tinham especial missao no canto liturgico e nos sacrifıcios.
Os Samaritanos eram os habitantes da Samaria, descendentes da populacao mista israelita e paga
que ocupou aquele territorio depois do exılio dos Samaritanos para Nınive (711 a.C.). Eles respeitavam
o Pentateuco e tinham um templo no monte Garizim. Por este motivo, os Judeus habitantes da Judeia,
ao sul, considerava-os como pagaos.
Na Palestina dos tempos de Jesus tambem havia os Zelotas e Herodianos. Os Zelotas “zelavam” pela
independencia nacional de Israel contra o poder polıtico estrangeiro. Mas a sua luta era violenta, provo-
cando sucessivos confrontos e atentados contra o exercito romano. Os Herodianos eram os partidarios da
dinastia de Herodes.
Capıtulo 2
Os Evangelhos
Os Evangelhos referem-se a um genero literario que remete ao Cristianismo primitivo, o qual descreveu
detalhadamente a vida de Jesus de Nazare. Este genero e unico na literatura universal e possui um
conteudo teologico muito denso, e por isso considerado santo. Nao sao meros relatos da vida de Jesus
Cristo, mas tambem um convite a Salvacao.
O objetivo principal dos Evangelhos nao e apenas produzir uma biografia detalhada de Jesus Cristo,
mas narrar os fatos que envolvem sua vida e todos os seus ensinamentos. Os evangelhos de Mateus,
Marcos, Lucas e Joao sao considerados evangelhos canonicos por serem os unicos que o Cristianismo
admitiu como legıtimos e por isso integram o Novo Testamento da Bıblia. As igrejas cristas (catolica,
ortodoxa e evangelicas) tem nesses evangelhos a base da fe e de sua pratica.
Segundo teologos, o Evangelho de Mateus foi escrito para convencer os judeus de que Jesus era mesmo
o Messias que estava por vir, por isso enfatiza o Antigo Testamento e as profecias.Por sua vez, o Evangelho
de Marcos, discıpulo de Pedro, foi escrito para evangelizar os romanos e por isso enfatiza quatro parabolas
de Jesus, valorizando, principalmente, as acoes de Jesus cristo.
Ainda de acordo com esses teologos, o Evangelho de Lucas foi escrito para os gentios, ou seja, os
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nao-judeus, descrevendo a misericordia de Deus atraves da Salvacao por Jesus Cristo, principalmente
para os pobres e humildes de coracao.
Figura 2.1: Representacao da redacao do Evangelho de Lucas [2]
O ultimo dos Evangelhos, o de Joao, foi escrito para doutrinar os novos convertidos. Neste texto nao
ha nenhuma das parabolas de Jesus, entretanto combate com firmeza as primeiras heresias surgidas no
princıpio do Cristianismo. Entre essas heresias, o gnosticismo estava muito presente entre os judeus que
negavam a verdadeira encarnacao do Filho de Deus, entre outras seitas semelhantes que tambem negavam
a divindade de Jesus Cristo.
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2.1 Evangelho de Mateus
O Evangelho de Mateus foi transmitido em grego pela Igreja e escrito originalmente em aramaico, a
lıngua falada por Jesus. O texto descreve as tradicoes hebraicas, utilizando, ao mesmo tempo, uma
redacao grega. O vocabulario e as tradicoes remetem ao modo de pensar do ambiente judaico, bem como
do cotidiano da Palestina.
Figura 2.2: Representacao do Apostolo Mateus [2]
Alguns pesquisadores acreditam que o livro de Mateus possa ter sido originado na Sıria, talvez em
Antioquia ou na Fenıcia, onde viviam muitos judeus. Atendendo a elementos internos e externos ao livro,
o texto atual pode ser datado nos anos de 80 a 90 d.C., ou seja, anos depois da destruicao de Jerusalem.
O conteudo e caracterizado por agrupamentos de narrativas. Para muitos teologos o texto deste
evangelho pode ser classificado da seguinte maneira:
1. O Plano geografico: o ministerio de Jesus na Galileia, sua atividade nas regioes limıtrofes e a
caminho de Jerusalem, ensinamentos, Paixao, Morte e Ressurreicao em Jerusalem.
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2. Os cinco “discursos”: narracoes que destacam a dimensao doutrinaria e historica da existencia
crista.
3. A Paixao de Cristo: Mateus apresenta o Messias em quem o povo judeu recusa acreditar e que,
percorrendo o caminho da cruz, chega a gloria da Ressurreicao.
A tradicao eclesiastica atribui a autoria do texto deste livro ao apostolo Mateus, um dos Doze,
identificado com Levi, cobrador de impostos. Pelo conhecimento que mostra das Escrituras e das tradicoes
judaicas, pela forca interpelativa da mensagem sobre os chefes religiosos do seu povo, pelo perfil de Jesus
apresentado como Mestre, o autor deste Evangelho era, com certeza, um letrado judeu tornado cristao,
um mestre na arte de ensinar e de fazer compreender o misterio do Reino do Ceu, o tesouro da Boa-Nova
anunciada por Jesus, o Messias, Filho de Deus.
2.2 Evangelho de Marcos
O texto deste Evangelho tem a sua autoria atribuıda ao apostolo Joao Marcos, filho de Maria, dona da
casa onde os cristaos se reuniam para orar. Marcos, juntamente com Barnabe, seu primo, acompanhou
Paulo durante algum tempo na primeira viagem missionaria e depois apareceu com ele, prisioneiro em
Roma. O Evangelho de Marcos tambem pode ter sido escrito um pouco antes da destruicao de Jerusalem,
que aconteceu no ano 70.
Este Evangelho tambem descreve a conversao de Pedro, testemunha presencial dos acontecimentos,
espontaneo e atento, ministrava a sua comunidade de Roma. E o mais breve dos quatro Evangelhos e
esta localizado entre os dois textos mais extensos (Mateus e Lucas). Ate ao sec. XIX, O Evangelho de
Marcos foi pouco estudado e comentado. Alguns historiadores comentam que foi praticamente esquecido.
Uma investigacao teologica mais aprofundada considera este Evangelho como o mais antigo dos quatro.
Teologos imaginam uma fase mais primitiva da reflexao da Igreja acerca do nascimento de Jesus Cristo,
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sua origem e como so este livro conserva o esquema da mais antiga pregacao apostolica. Tambem e comum
considerar sua estrutura historico-geografico descrevendo a vida publica de Jesus: Galileia, Viagem para
Jerusalem.
O Evangelho de Marcos pode ser classificado nas seguintes secoes:
I. A preparacao do ministerio de Jesus
II. O ministerio na Galileia
III. As viagens por Tiro, Sıdon e a Decapole
IV. O Ministerio em Jerusalem
V. A Paixao e Ressurreicao de Jesus
Figura 2.3: O Apostolo Marcos por Donatello (1386-1466) [2]
O texto do Evangelho de Marcos descreve de maneira simples e acessıvel a vida de Jesus de Nazare e
porque Ele e o Messias que, com a sua Morte e Ressurreicao, demonstrou ser verdadeiramente o Filho de
Deus que a todos possibilita a salvacao.
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2.3 Evangelho de Lucas
O terceiro Evangelho da Bıblia Sagrada foi escrito pelo apostolo Lucas, o qual tambem e o autor dos Atos
dos Apostolos. O texto deste evangelho utiliza dados historiograficos do seu tempo, descrevendo uma
historia que revela-se iluminada pela fe no misterio da Paixao e Ressurreicao do Senhor Jesus.
A organizacao geral do texto e a mesma que se encontra nos Evangelhos de Mateus e em Marcos:
introducao, a pregacao de Jesus na Galileia, a sua viagem para Jerusalem, a Paixao e Ressurreicao como
cumprimento final da sua missao. A construcao literaria e bem elaborada e reflete grande sensibilidade,
procurando salientar os tempos e lugares da Historia da Salvacao e pondo em evidencia a projecao
existencial do projeto evangelico.
O texto do Evangelho de Lucas pode ser assim classificado:
Prologo: Lucas expoe por ordem o que se refere a vida e a mensagem de Jesus de Nazare, filho de
Maria, Filho de Deus.
I. Evangelho da infancia: descricao da vida de Joao Baptista e de Jesus.
II. Preludio da missao: descricao dos objetivos do Messias.
III. Ministerio de Jesus na Galileia: narracao dos fatos e acontecimentos ao longo do ministerio
de Jesus.
IV. Subida de Jesus a Jerusalem: o chamando a conversao e, sobretudo, ensinamentos dos
discıpulos.
V. Ministerio de Jesus em Jerusalem: ensinamentos de Jesus no templo.
VI. Paixao, morte e ressurreicao de Jesus: descricao da Paixao e as narracoes da Pascoa.
Um dos objetivos do texto do Evangelho de Lucas e distinguir o tempo de Jesus e o tempo da Igreja.
Lucas ja imaginava a Igreja quando citava Jesus e os discıpulos em seu texto, cujos membros se sentem
motivados a acolher a mensagem da Salvacao.
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Para tanto, neste Evangelho e possıvel observar que Jesus anuncia a sua vinda no fim dos tempos, o
qual, segundo Lucas, coincidira com o tempo da Igreja. No texto, a destruicao de Jerusalem e considerada
como um acontecimento historico, com uma conotacao importante para sua projecao escatologica.
O Evangelho de Lucas tambem utilizou grande parte de materiais comuns aos Evangelhos de Marcos
e Mateus, alem dos que lhe sao proprios e dos contatos com o Evangelho de Joao. “A arte e a sen-
sibilidade deste apostolo manifestam-se na sobriedade das suas observacoes, na delicadeza de atitudes,
no dramatismo de certas narracoes, na atmosfera de misericordia das cenas com pecadores, mulheres e
estrangeiros” [1].
2.4 Evangelho de Joao
O Evangelho de Joao tem caracterısticas muito proprias, as quais o distinguem dos outros textos. Mesmo
quando se refere a acontecimentos identicos, o apostolo Joao apresenta perspectivas e caracterısticas bem
peculiares. Entretanto, o texto tambem apresenta o mesmo genero literario dos demais Evangelhos e
conserva a mesma estrutura, proclamando a mensagem de Jesus de Nazare.
Muitos temas importantes e comuns aos outros Evangelhos estao presentes, tais como a infancia de
Jesus, as tentacoes, o sermao da montanha, o ensino em parabolas, as expulsoes de demonios, entre
outros. Contudo, so o Evangelho de Joao apresenta as observacoes do bom pastor, da porta, do grao de
trigo e da videira, o discurso do pao da vida, o da ceia e a oracao sacerdotal, os episodios das bodas de
Cana, da ressurreicao de Lazaro, lava-pes e os dialogos com Nicodemos.
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Figura 2.4: O Apostolo Joao Evangelista por Diego Velazquez (1599–1660) [2]
O vocabulario utilizado e simples, mas muito expressivo, de forte poder evocativo e profundo simbo-
lismo. Tambem e importante destacar a originalidade do Evangelho de Joao nos discursos. O estilo e
muito caracterıstico, desenvolvendo as mesmas ideias de forma concentrica e crescente.
O texto tambem apresenta um carater dramatico, destacando como Jesus continua a ser rejeitado
pelo seu proprio povo e os judeus cristaos hostilizados pelos judeus incredulos. Apesar disso, todo o
Evangelho respira serenidade e vai ao ponto de transformar as duvidas em confissoes de fe, os escarnios
em aclamacoes e a infamia da cruz num trono de gloria.
A composicao desta obra obedece a uma linha de pensamento teologico coerente e unificadora com
bastante riqueza e profundidade:
Prologo: uma solene abertura que anuncia as ideias principais.
I. Manifestacao de Jesus ao mundo: o Messias, Filho de Deus, atraves de sinais, discursos e
encontros.
II. Revelacao de Jesus aos seus: manifestacao a todos como Messias e Filho de Deus.
Joao era um pescador, nao sabia escrever, entretanto, a analise do texto deste Evangelho deixa claro
que o autor era judeu e tinha convivido com Jesus. Por isso, e provavel que um grupo de discıpulos possa
ter ajudado em sua redacao por meio da historia oral.
Capıtulo 3
Os Atos dos Apostolos
De acordo com muitos historiadores e teologos, os Atos dos Apostolos representam a segunda parte da
obra do apostolo Lucas. Esta obra descreve como o Evangelho foi confiado aos Apostolos e apresenta
os primeiros passos do cristianismo. Trata-se de um guia precioso, servindo de estımulo para a vida dos
cristaos.
Este livro pode ter sido escrito por volta do ano 80, ou seja, depois do Terceiro Evangelho. Um aspecto
relevante na datacao do texto sao a abertura e o epılogo, que apresentam um resumo da estadia de Paulo
em Roma e mostra como o anuncio do Evangelho partia de Jerusalem ate outras partes do mundo.
Este livro tambem pode ser encontrado com outros tıtulos em Aleph, Orıgenes, Tertuliano, Dıdiomo,
Hilario, Eusebio e Epifanio como simplemente Atos (Praxeis). De acordo com Archibald Robertson
“e possıvel que Lucas nao tenha atribuıdo nenhum tıtulo ao livro, por isso o uso variou muito ate nos
mesmos escritores” [6]. Para Russell Champlin, “o tıtulo original, Atos dos Apostolos, dificilmente teria
sido conferido pelo seu autor original, embora tenha sido aquele que geralmente veio a ser-lhe atribuıdo”
[7].
O estudo dos Atos e bem interessante, uma vez que existem tres versoes principais: a sıria ou an-
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tioquena; a egıpcia ou alexandrina e a ocidental ou corrente, de grande interesse historico e doutrinal.
Sob o ponto de vista literario, a obra caracteriza-se por uma grande unidade de lıngua e de pensamento,
independentemente das diferencas entre as duas partes em que se divide.
O livro de Atos dos Apostolos por ser estudado a partir da divisao em duas grandes partes conhecidas
por “Actos de Pedro” e “Actos de Paulo”. Este material esta organizado da seguinte maneira:
Introducao: 1,1-11;
I. A Igreja de Jerusalem: 1,12-6,7;
II. Expansao da Igreja fora de Jerusalem: 6,8-12,25;
III. Missoes de Paulo fora de Jerusalem: 13,1-21,26: 1.a Viagem (13,1-14,28); 2.a Viagem
(15,35-18,22); 3.a Viagem (18,23-21,26).
IV. Paulo: prisioneiro de Cristo: Condenacao e Viagem do Cativeiro (21,27-28,31).
Neste livro tambem e possıvel identificar as seguintes classes literarias:
I. Narracoes de missao: 2,1-41; 8,4-40; 9,32-11,18; 13,1-21,26.
II. Narracoes de processos: 3,1-4,31; 5,17-42; 6,8-8,12; 12,1-7; 21,27-26,32.
III. Narracoes de viagens: 13,1-21,26; 27,1-28,16.
IV. Discursos de diversos tipos: 2,14-39; 3,12-26; 4,8-12; 5,29-32.35-39; 7,2-53; 10,34-43; 13,16-41;
14,15-17; 17,22-31; 20,18-35; 22,1-21; 24,10-21; 26,2-23; 28,25-28.
V. Oracoes: 1,24-25; 2,42.46; 4,24-30; 12,11 em diante.
VI. Cartas: 15,23-29; 23,25-30.
VII. Sumarios: 2,42-47; 4,32-35; 5,12-15 em diante.
Ainda assim, algumas observacoes podem ser feitas:
As Cartas de Paulo nao sao mencionadas em Atos dos Apostolos: portanto, este texto foi
escrito antes da circulacao das cartas de Paulo.
A Queda de Jerusalem nao e mencionada: isso ocorreu no ano 70 d.C. com o General Tito.
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Logo, Atos foi escrito antes deste acontecimento.
A morte de Paulo nao e mencionada: logo, Paulo ainda estava vivo enquanto Lucas escrevia
este texto. Paulo morreu no governo de Nero, que terminou por volta do ano 68 d.C. Assim, Atos foi
escrito antes da morte de Paulo.
Nao e mencionada a perseguicao de Nero contra os cristaos: de acordo com a historia, a
perseguicao cruel de Nero foi iniciada no ano de 64 d.C.. Portanto, Lucas escreveu Atos antes de 64 d.C.
Todas as narracoes e os discursos dos Atos dos Apostolos sao confirmados com dados historicos e
arqueologicos. Alem disso, os resultados de uma analise historica profunda garantem a veracidade do
livro e permitem estabelecer os elementos de uma cronologia bastante segura das origens cristas, assim
como das Cartas de Paulo.
Ainda assim, a visao historica do livro esta integrada a uma analise teologica. Deus e ator e autor do
crescimento da Igreja no mundo. Percebe-se, portanto, que o apostolo Lucas insiste no dom do Espırito,
atuando sem cessar na expansao da Igreja.
Neste contexto, a Historia do mundo se confunde com a Historia de Salvacao, a qual tem Deus como
autor principal. Essa Historia se divide em duas etapas principais: a primeira e o tempo da “Promessa”,
da prefiguracao, da preparacao, da Profecia, o Antigo Testamento, e a segunda, definida com o tempo
do “Cumprimento”, da realizacao, da salvacao ja presente o Novo Testamento. Esse cumprimento do
desıgnio da Salvacao de Deus em Cristo Senhor abre um tempo em que a Historia da Salvacao continua
ate a plenitude final [1].
Atos tambem pode ser considerado como uma obra de intencoes didaticas. O apostolo Lucas precisava
fortalecer e edificar Teofilo em sua fe por meio de um texto claro e ordenado. Para tanto, o evangelho
de Lucas descreve o ensino e a obra de Jesus, e ainda, Lucas narra as obras do Cristo por meio de Seus
apostolos, no poder do Espırito.
O apostolo Lucas tambem queria produzir um texto com forte fundamentacao teologica. A tematica
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acerca do reino de Deus esta presente nos dois livros. Atos comeca com uma pergunta escatologica1 e
termina com vocabulario escatologico.
Inıcio
“Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restauraras tu neste tempo
o reino a Israel?” [Atos 1:6].
Fim
“Pregando o reino de Deus, e ensinando com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus
Cristo, sem impedimento algum.” [Atos 28:31].
Alem disso, existem questoes sobre o relacionamento da Igreja com o reino de Deus, isto e, como a
mensagem do reino deixou de ser um fenomeno predominantemente judeu e se tornou um movimento que
se deslocou de Jerusalem para Roma. Neste texto e possıvel observar que o povo formado por judeus e
gentios estava incluıdo no Reino de Deus.
1A Escatologia e o campo da teologia que estuda os eventos relacionados com a criacao do mundo e seu destino final,
comumente denominado como “fim dos tempos” [2].
Capıtulo 4
As Epıstolas
O nome original do apostolo Paulo era “Saulo”, que em hebraico significa “o que se pediu, o que se orou
por” e, segundo suas proprias palavras, era um fariseu:
“Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus;
segundo a lei, fui fariseu.” [Filipenses 3:5].
Por sua vez, Paulus era um sobrenome romano e alguns teologos argumentam que o apostolo Paulo
o adotou como seu primeiro nome, pois era comum que os povos romanizados da epoca adotassem um
nome romano. Outros pesquisadores, tambem sugerem que a mudanca do nome foi uma homenagem a
Sergio Paulo, uma autoridade romana que foi convertida, e por isso, estava relacionada com um desejo
do apostolo em se distanciar da historia do Rei Saul, o qual perseguiu Davi.
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“O qual estava com o proconsul Sergio Paulo, homem prudente. Este, chamando a si Barnabe e
Saulo, procurava muito ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque
assim se interpreta o seu nome), procurando apartar da fe o proconsul. Todavia Saulo, que
tambem se chama Paulo, cheio do Espırito Santo, e fixando os olhos nele, disse: O filho do diabo,
cheio de todo o engano e de toda a malıcia, inimigo de toda a justica, nao cessaras de perturbar os
retos caminhos do Senhor? Eis aı, pois, agora contra ti a mao do Senhor, e ficaras cego, sem ver o
sol por algum tempo. E no mesmo instante a escuridao e as trevas caıram sobre ele e, andando a
roda, buscava a quem o guiasse pela mao. Entao o proconsul, vendo o que havia acontecido,
creu, maravilhado da doutrina do Senhor.” [Atos 13:7-12].
Em “Atos dos Apostolos”, e possıvel conhecer um pouco da historia do jovem Saulo que nasceu em
Tarso, na provıncia de Mersin, na parte meridional da Turquia. Neste texto e possıvel observar ainda
breves mencoes a sua famılia, como sua relacao com um sobrinho (Atos 23:16), e sua mae, que vivia
Roma (Romanos 16:13). A vida de Saulo e marcada, inicialmente, pela busca cruel pela igreja, entrando
pelas casas e arrastando homens e mulheres para a prisao.
“E tambem Saulo consentiu na morte dele. E fez-se naquele dia uma grande perseguicao contra
a igreja que estava em Jerusalem; e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e de Samaria,
exceto os apostolos. E uns homens piedosos foram enterrar Estevao, e fizeram sobre ele grande
pranto. E Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas; e, arrastando homens e mulheres,
os encerrava na prisao.” [Atos 8:1-3].
Mesmo tendo nascido em Tarso, o jovem Saulo foi criado em Jerusalem, “aos pes de Gamaliel”, que
era considerado um dos maiores professores do Judaısmo. A conversao de Saulo pode ser estimada entre
os anos de 31 e 36 pela referenciass que faz em suas epıstolas. De acordo com os “Atos dos Apostolos”,
a conversao de Saulo ocorreu na “estrada para Damasco”, onde ele afirmou ter tido uma visao de Jesus
23
ressuscitado que o deixou temporariamente cego. Apos a conversao, Saulo passou a se chamar Paulo.
Os textos de Paulo tambem descrevem como ele pensava sua relacao com o Judaısmo. Se por um lado
se mostrava crıtico, tanto teologicamente quanto empiricamente, das alegacoes de superioridade moral
ou de linhagem dos judeus, por outro, ele tambem defendia fortemente a nocao de um lugar especial
reservado aos filhos de Israel como descrito na Torah.
Paulo tambem afirmou que recebeu as “boas novas” por uma revelacao pessoal de Jesus Cristo. Essa
revelacao pode ter ocorrido no Cenaculo. O que e mais impressionante na sua conversao e a mudanca na
forma de pensar. Ele precisou mudar seu conceito sobre quem o Messias era e, particularmente, aceitar
a ideia, entao absurda para um fariseu, de um Messias crucificado. Para tanto, ficou clara a mudanca
acerca de seus conceitos sobre a superioridade dos judeus.A viagem para a Arabia nao foi relatada em
nenhum outro trecho do Novo Testamento e historiadores acreditam que ele tenha viajado ate o Monte
Sinai para meditar no deserto.
Depois de convertido, Paulo foi para Damasco, local em que recebeu a cura da cegueira e o batismo
por Ananias. Em 2 Corıntios 11:32 e possıvel conhecer o relato em que escapou da morte atraves da fuga
por uma janela com a ajuda dos irmaos, indo em seguida para a Arabia e depois retornando a Damasco.
Apos 3 anos de sua conversao, Paulo viajou para Jerusalem, encontrou-se com Tiago e foi visitar Simao
Pedro, tendo permanecido por 15 dias, conforme descrito em Galatas 1:18-19.
4.1 As viagens de Paulo
4.1.1 A primeira viagem missionaria
A primeira viagem missionaria de Paulo pode ter ocorrido entre os anos 42 e 48 d.C. e iniciou-se na terra
de Barnabe, a ilha de Chipre. Esta viagem foi liderada inicialmente por Barnabe, o qual levou Paulo de
Antioquia ate Chipre, passando depois pela Asia Menor (Anatolia) e de volta a Antioquia. Em Chipre,
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Paulo refuta e cega Elimas, o mago, que estava criticando seus ensinamentos. Deste ponto em diante,
Paulo e descrito como sendo o lıder do grupo.
Figura 4.1: A primeira viagem missionaria de Paulo [5]
Paulo atravessou todo o territorio, anunciando o Evangelho. Quando chegaram a Pafos, Paulo teve
oportunidade de proclamar a Palavra de Deus ao proconsul romano Sergio Paulo. Para Paulo, esta
conversao representou uma confirmacao de que ele realmente converteria gentios influentes para tornarem-
se cristaos por meio de seu ministerio.
De Chipre, Paulo e Barnabe navegaram para Perge, na Asia Menor, onde esta a Turquia atualmente.
Chegando neste local, Joao Marcos, que estivera com eles desde a Antioquia, deixou o grupo e retornou a
Jerusalem. Em seguida, o grupo foi para o Norte, e passaram por Antioquia da Pisıdia a Iconio, a leste,
e Listra de Derbe, ao sul. Os resultados desta viagem podem ser observados a partir de Atos 13 e 14.
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4.1.2 A segunda viagem missionaria
A segunda viagem de Paulo teve inıcio em Jerusalem, em algum momento entre os anos de 48 e 50 d.C..
Naquele perıodo estava sendo realizado um concılio com os outros apostolos no qual a obrigatoriedade da
circuncisao seria retirada. A maior parte dos academicos concorda que houve uma reuniao entre Paulo e
a igreja de Jerusalem, descrita em Atos 15:2. Este evento tambem e geralmente entendido como o mesmo
mencionado por Paulo em Galatas 2:1. A principal questao discutida nesta reuniao foi se os gentios
convertidos precisavam ou nao ser circuncidados. Foi neste encontro que Pedro, Tiago e Joao aceitaram
a missao de Paulo aos gentios.
Assim, o objetivo da segunda viagem de Paulo era levar as igrejas recem fundadas o resultado do
concılio. Os fieis realizaram uma eleicao para escolher dois mensageiros que acompanhariam Paulo e
Barnabe nessa missao. Os eleitos foram Silas e Judas, chamado “Barsaba”. Paulo, Barnabe, Judas e Silas
partiram de Jerusalem levando os decretos dos apostolos aos fieis em Antioquia e nas provıncias romanas
da Sıria e Cilıcia. Chegando a Antioquia, eles cumprem a missao que lhes foi dada, sendo que Judas
retorna para Jerusalem, enquanto Silas permanece na cidade.
Em Antioquia, Paulo e Barnabe tiveram uma dura discussao sobre se deveriam levar Joao Marcos com
eles. Nos Atos, e mencionado que o menino ja os tinha deixado em uma viagem anterior para retornar
para casa. Paulo acreditava que ele ainda nao estava pronto para este tipo de evangelizacao e, por isso,
ele e Barnabe decidiram se separar. Barnabe acabou levando Joao Marcos consigo e Silas se juntou a
Paulo.
Paulo e Silas viajaram para diversas cidades diferentes, como Tarso, Derbe e Listra (todas na Asia
Menor). Nesta ultima, eles encontraram Timoteo, um discıpulo que tinha uma boa reputacao, e decidiram
leva-lo com eles. Em Filipos (na Grecia), uma multidao incitada por homens insatisfeitos com a conversao
de uma escrava que dava muitos lucros aos seus patroes com suas adivinhacoes se insurgiu contra os
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Figura 4.2: A segunda viagem missionaria de Paulo [5]
missionarios, acoitando e prendendo Paulo e Silas. Apos um milagroso terremoto, os portoes da prisao se
abriram e os dois puderam escapar, o que levou por sua vez a conversao do carcereiro. Eles seguem entao
para Bereia, de onde Paulo segue para Atenas, deixando ali Silas e Timoteo. Na capital grega, Paulo
prega contra os muitos ıdolos que encontra, converte Dionısio, o Areopagita.
Por volta de 50 a 52 d.C., Paulo passou 18 meses em Corinto, onde reencontrou Timoteo e Silas. Neste
local, Paulo trabalhou com Silas e Timoteo. Ele tambem conheceu Priscila e Aquila, que se tornaram
fieis crentes e ajudaram Paulo em suas viagens missionarias. A dupla seguiu Paulo e seus companheiros
ate Efeso e o grupo permaneceu ali para iniciar aquela que seria a mais forte e fiel igreja crista daquele
tempo. A cidade foi um importante centro da cristandade a partir do ano 50.
4.1.3 A terceira viagem missionaria
Paulo iniciou sua terceira viagem missionaria passando por toda a regiao da Galacia e da Frıgia para
reforcar a fe e ensinar para os fieis, alem de repreender os que estavam em erro. Quando ele chegou em
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Efeso, ficou ali por pouco menos de tres anos e realizou uma serie de milagres, como curas e exorcismos.
O apostolo seguiu entao para a Macedonia, passando novamente por Corinto, onde permaneceu por tres
meses. Quando ele estava pronto para retornar para a Sıria, mudou de ideia por conta de um plano que
os judeus tinham feito contra sua vida, voltando entao para a Macedonia e terminando sua viagem em
Cesareia.
Figura 4.3: A terceira viagem missionaria de Paulo [5]
4.1.4 A viagem para Roma
Assim que Paulo chegou a Jerusalem de suas viagens missionarias, a profecia de Agabo se cumpriu. Os
judeus instigaram a oposicao e o apostolo foi preso:
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“E na multidao uns clamavam de uma maneira, outros de outra; mas, como nada podia saber ao
certo, por causa do alvoroco, mandou conduzi-lo para a fortaleza. E sucedeu que, chegando as
escadas, os soldados tiveram de lhe pegar por causa da violencia da multidao. Porque a multidao do
povo o seguia, clamando: Mata-o! ” [Atos 21:34-36].
Naquele instante, Paulo pediu permissao ao comandante romano para falar a multidao e aproveitou
a oportunidade para mais uma vez pregar o Evangelho de Jesus. Na ocasiao, Paulo falou sobre a sua
conversao e como foi chamado para o ministerio com os gentios. Quando mencionou a salvacao dos povos,
novamente a multidao se alvorocou e o apostolo foi conduzido para a prisao. Ele foi obrigado a apelar para
a sua cidadania romana, a fim de nao ser chicoteado. No dia seguinte o comandante romano convocou o
sinedrio e Paulo se defendeu diante de seus acusadores.
De maneira inteligente, o apostolo causou uma divisao entre seus acusadores ao alegar que era julgado
porque acreditava na ressurreicao. Os fariseus, que tambem acreditavam, discutiram com os saduceus,
que nao aceitavam tal doutrina. Novamente, para sua propria protecao, o apostolo foi levado a prisao.
Naquela noite o Senhor lhe apareceu e o encorajou, ao dizer-lhe que deveria ir a Roma testificar do
Evangelho, por isso apelou que fosse julgado pelo imperador de Roma, isto e, Cesar.
Paulo foi levado para Roma na condicao de prisioneiro, sob a custodia de um centuriao chamado Julio.
Depois de um naufragio na ilha de Malta, Paulo usou o incidente para pregar o Evangelho. Quando chegou
a Roma, o apostolo foi colocado em prisao domiciliar e tinha permissao para receber visitas. Durante dois
anos vivendo dessa maneira, Paulo continuou pregando o reino de Deus e ensinando com toda a liberdade
as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo (Atos 28:31).
Nao existem muitos indıcios sobre o que aconteceu depois desse perıodo de prisao domiciliar em
Roma. No entanto, sabe-se que Paulo aproveitou a oportunidade da melhor maneira possıvel para pregar
o evangelho. Existe muita discussao entre os estudiosos sobre a morte de Paulo. Contudo, as cartas
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Figura 4.4: A viagem de Paulo para Roma [5]
pastorais escritas por Paulo referem-se a eventos na vida do apostolo que nao sao mencionados em Atos.
Para alguns teologos, o apostolo foi declarado inocente das acusacoes e colocado em liberdade. A tradicao
diz que ele morreu em Roma, como martir nas maos do imperador Nero, por volta do ano 67 d.C.
4.2 As cartas de Paulo
Paulo nao foi um escritor, mas um fariseu convertido que percorreu milhares de quilometros, anunciando
de cidade em cidade o Evangelho, a morte e ressurreicao de Jesus. Ele nao estava preocupado em descrever
a vida de Jesus e seus milagres, mas prosseguir evangelizando. As Cartas eram o unico meio ao seu alcance
para comunicar com as comunidades recentemente formadas.
O conteudo teologico das Cartas de Paulo e bastante variado, abordando temas escatologicos, ou
seja, a doutrina que se refere aos ultimos acontecimentos da historia da Salvacao. Tambem e possıvel
encontrar o conteudo soteriologico, o qual discute o papel de Deus e do crente na Salvacao, por meio de
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Cristo. Alem disso, nas cartas tambem ha conteudo cristologico, que observa o lugar central de Cristo
na realizacao do plano salvador de Deus. Por fim, as cartas tambem contemplam o tema eclesiologico,
isto e, o papel que Deus confiou a Igreja, por meio de Cristo, para a realizacao do seu plano de salvacao
integral da humanidade.
Paulo tambem aborda temas tradicionais do judaısmo, do cristianismo e ate mesmo fragmentos do
helenismo na sociedade da epoca. Trata-se de uma teologia que esta em contınua elaboracao. Assim,
segundo alguns pesquisadores, e possıvel esperar dele uma teologia plenamente estruturada.
Os textos das epıstolas seguem a seguinte estrutura:
I. Saudacao - Paulo dirige-se a determinada comunidade crista e sauda-a, por vezes longamente,
desejando-lhe os bens cristaos em que aparece, com frequencia, a formula trinitaria. Nesta saudacao
encontra-se ja um resumo da fe crista.
II. Corpo da Carta - E a parte do texto onde se desenvolve a sua doutrina, faz as suas exortacoes
e responde aos problemas e questoes da comunidade.
III. Conclusao – Em alguns textos e bastante extensa e contem varias saudacoes e acoes de gracas
de origem liturgica
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Figura 4.5: As Cartas de Paulo - Parte 1
32
Figura 4.6: As Cartas de Paulo - Parte 2
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4.3 Outras cartas que pertencem a Bıblia
Existe ainda um grupo de escritos no Novo Testamento que sao Epıstolas dirigidas a igrejas e crentes
recem convertidos. Um acordo para reconhecimento canonico dos textos so ocorreu entre os seculos IV
a VII. Nem os autores, nem os destinatarios, nem os temas tratados ou a sua forma literaria justificam
que estas Cartas formem um conjunto. Elas se agruparam pelo fato de nao serem escritos paulinos.
Figura 4.7: Outras cartas que pertencem a Bıblia
Capıtulo 5
As Profecias
A palavra Apocalipse, do grego apokalypsis, significa “revelacao”. Ela e formada por “apo”, que significa
“tirado de”, e “kalumna”, que e a palavra utilizada para “veu”. O “apocalipse” na terminologia do
judaısmo e do cristianismo e a revelacao divina de coisas que ate entao permaneciam secretas a um
profeta escolhido por Deus. Por extensao, passou-se a designar de “apocalipse” aos relatos escritos dessas
revelacoes.
Figura 5.1: Representacao do Apostolo Joao em Patmos pelos irmaos Limbourg (1385-1416)
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A maioria das bıblias em lıngua portuguesa usam o tıtulo Apocalipse para o ultimo livro sagrado, mas
e comum tambem encontrar os tıtulos Revelacao e Profecias. Neste texto e encontrado um genero literario
diferenciado para a cultura ocidental, mas perfeitamente claro na cultura semita. As raızes deste genero
literario estao no Antigo Testamento, em especial, nos textos de Isaıas, Zacarias, Ezequiel e, sobretudo,
Daniel. Estes livros foram a inspiracao para o autor do Apocalipse de Joao. Trata-se de um genero
literario proprio das epocas de crise e de perseguicao.
Nesse contexto, Joao busca “revelar” os caminhos de Deus sobre o futuro, para consolar e encorajar
os justos perseguidos, esclarecendo-os com a certeza da vitoria final. O autor do texto de Apocalipse
apresenta-se a si mesmo como Joao e escreve em Patmos, pequena ilha do Mar Egeu, onde se encontra
desterrado por causa da fe. A tradicao crista identificou o autor Joao com o Apostolo Joao, contudo,
alguns teologos acreditam que nao existiriam argumentos suficientes para o comprovar esse fato.
Era um ambiente conturbado, semelhante ao observado no fim do Antigo Testamento, pois vivia-se
em um ambiente apocalıptico. Este cenario conduzia o povo ao “fim dos tempos”, ou seja, uma revolucao
mundial, com uma radical mudanca no modo de ser e de viver.
O ambiente era muito propıcio, pois era latente a decadencia do Imperio Romano e as guerras da
Palestina, que levaram a destruicao do Templo e de Jerusalem, no ano 70. Assim, o livro caracteriza-se
por imagens grandiosas e simbolicas, constituıdas por elementos da natureza, apresentadas em forma
de visoes e “explicadas” ao vidente por um anjo. Estas imagens tambem sao observadas no Antigo
Testamento, nos apocalipses judaicos, dos mitos e lendas antigas.
As caracterısticas no texto de Apocalipse sao descritas no papel dos anjos, o livro selado (5,1), o livro
para comer (10,1-11), as trombetas (8,2), as tacas (15,7), os relampagos e trovoes (4,5; 10,3).
Estas imagens simbolicas sugerem mais do que descrevem, e na maior parte dos casos, nada tem a
ver com a realidade literal. Elas representam mensagens simbolica (1,16; 5,6; 21,16), as quais podem
referir-se a pessoas, animais, numeros e cores, deixando ao leitor espaco para interpretacao (13,18; 17,9).
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As visoes simbolicas sao projetadas no Ceu, associando-as ao mundo espiritual, da fe e o que nelas
se revela acontece tambem na terra. E importante ressaltar duas forcas antagonicas que estao em luta
permanente: o Dragao, como a possıvel personificacao do imperio romano, no tempo de Domiciano (81-96
d.C.) e o Cordeiro: Cristo, Cordeiro pascal, e o vencedor de todas as forcas do Mal.
Para alguns teoricos, a perseguicao a que se refere o Apocalipse poderia ser aquela que foi responsavel
por atacar as igrejas da Asia no tempo do imperador Domiciano, por volta do ano 95. Tambem havia as
perseguicoes internas, isto e, as heresias, sobretudo os nicolaıtas, os marcionitas e os que prestavam culto
ao imperador.
Segundo muitos teologos, o livro de Apocalipse pretende encontrar uma resposta a seguinte questao:
“Quem manda no mundo? Os tiranos, os senhores da Terra ou o Senhor do Ceu?” Trata-se de um
paralelismo entre o Ceu e a Terra que assegura aos crentes que Deus e a unica Salvacao. Logo, quem
acompanha a Palavra da Salvacao observara a vida seguir seu curso na Terra sob o controle de Deus.
Alem disso, Satanas nao tera forcas para influenciar a vida dos crentes no Senhor.
No texto de Apocalipse, o “vidente” vive na terra, mas ve o que se passa no Ceu e transmite aos
seus irmaos sofredores a certeza de que Jesus esta com eles e a sua vitoria sera breve. O simbolismo,
por vezes irracional segundo pesquisadores literarios, serve para transmitir a esperanca aos perseguidos,
assegurando aos cristaos que o Reino de Deus ultrapassa a realidade na qual estao inseridos.
O livro de Apocalipse pode apresentar diferentes estruturas, entretanto, a mais comum segue a seguinte
divisao:
Introducao (1,1-20):
Introducao e saudacao: 1,1-8;
Visao do Ressuscitado: 1,9-20.
I. Cartas as Sete Igrejas (2,1-3,22):
Sete cartas as igrejas: Efeso, Pergamo, Tiatira, Sardes, Filadelfia e Laodiceia.
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II. Revelacao do sentido da Historia (4,1-22,5):
O trono de Deus: 4,1-11;
Sete selos: 5,1-8,5;
Sete trombetas: 8,6-11,19;
Sete sinais: 12,1-15,4;
Sete tacas: 15,5-16,21;
Queda da Babilonia: 17,1-19,4;
Triunfo de Cristo. Nova Jerusalem: 19,5-22,5.
Epılogo (22,6-21).
Figura 5.2: Visao de Joao de Jesus Glorificado em Apocalipse
O livro de Apocalipse descreve a fe da Igreja na “Segunda Geracao Crista”, ou seja, do tempo dos
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discıpulos dos Apostolos. A doutrina do Corpo Mıstico recebe nova dimensao, pois Cristo e descrito no
meio dos sete candelabros e tem na mao direita as sete estrelas, sımbolos das sete igrejas, que personificam
a Igreja universal. Jesus e apresentado no mesmo plano que Jave e com os mesmos atributos.
O entendimento profetico do livro para grande parte dos teologos observa a seguinte linha escatologica:
“ Carta as igrejas. Princıpio das dores (pequenas catastrofes). Abertura dos selos (Cavaleiros do
Apocalipse, clamor dos martires, grande terremoto e abalos celestes). Governo do Anticristo por 7
anos, (Sinal da Besta, Paz, Guerras). Anjos derramam tacas sobre a Terra, que significa a ira de
Deus em 7 etapas, (Fome, Pestes, Terremotos, Maremotos, etc.). Volta de Jesus Cristo e da igreja a
Terra. Governo Milenar de Jesus Cristo. Juızo Final Novo ceu e nova terra”.
No meio dessa historia, a Igreja aparece como espaco liturgico onde o Cordeiro tem presenca perma-
nente, fazendo da comunidade “o ceu” na terra. Isso nao impede que as forcas do Mal estejam em luta
constante com ela e com o Cordeiro.
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Figura 5.3: As sete congregacoes da Revelacao citadas no livro de Apocalipse
O livro de Apocalipse nao pretende descrever detalhadamente o futuro da Igreja e da humanidade,
mas conferir a certeza absoluta na bondade de Deus, que se manifestou em Cristo. O texto de Apocalipse
orienta as pessoas que Jesus e o unico caminho para que sejam salvas do perıodo de Tribulacao. Sera um
momento que promete ser o pior perıodo da historia da humanidade. Para tanto, o apostolo Joao deixa
claro que somente aceitando Jesus Cristo como unico Senhor e Salvador, e que as pessoas poderao ser
livres deste perıodo e alcancarem a vida eterna com Deus.
Existem inumeras posicoes teologicas a respeito da sequencia cronologica dos eventos no tocante ao
final dos tempos. A mais aceita, esta pautada em uma posicao pre-tribulacionista, isto e, a qual afirma
que o Arrebatamento ocorrera antes do perıodo de Tribulacao e do governo do anticristo.
Independente de posicoes teologicas, o objetivo central da Palavra de Deus descrita no texto de
Apocalipse e conscientizar cada um de nos irmaos que compoe o Corpo de Cristo de que a Noiva (a
Igreja) tem que ser restaurada e curada para receber o Senhor Jesus (o Noivo) dignamente em sua volta.
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Figura 5.4: Eventos previstos no texto de Apocalipse [11]
Isso significa dizer que o Corpo de Cristo tem que saber se posicionar corretamente no mundo con-
temporaneo, no final dos tempos, e trabalhar em santidade e obediencia a Deus mais do que nunca, custe
o que custar, para levar almas a Salvacao e a Comunhao com Deus.
Capıtulo 6
Consideracoes Finais
Neste estudo descobrimos que o conteudo do Novo Testamento descreve detalhadamente o nascimento, a
vida, a morte e os ensinamentos de Jesus Cristo, sendo dirigido explicitamente aos cristaos. Os livros que
compoe a segunda parte da Bıblia foram escritos a medida que o cristianismo era difundido no mundo
antigo, refletindo e servindo como fonte para a teologia crista.
O Novo Testamento e constituıdo por uma coletanea de trabalhos escritos em momentos diferentes
e por varios autores. Em praticamente todas as tradicoes cristas da atualidade, o Novo Testamento e
composto de 27 livros. Os textos originais foram escritos por seus respectivos autores a partir do ano 42
d.C., em grego, a lıngua franca da parte oriental do Imperio Romano, onde tambem foram compostos.
A maioria dos livros que compoe o Novo Testamento pode ter sido escrito por volta da segunda metade
do seculo I.Trata-se de uma colecao de 27 livros que influenciou nao apenas a vida dos cristaos, mas a
polıtica e a filosofia, deixando tambem a sua marca permanente na literatura, na arte e na musica.
Fazem parte dessa colecao os evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e Joao, Atos dos Apostolos com
uma narrativa do ministerio dos Apostolos e da historia da Igreja primitiva, alem de algumas epıstolas
escritas pelo apostolo Paulo e outros autores, as quais apresentam em seu conteudo instrucoes, resolucoes
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de conflito e outras orientacoes para a igreja crista primitiva. Por fim, o Apocalipse do apostolo Joao.
Nem todos esses livros foram aceitos imediatamente pela Igreja. Algumas dessas cartas foram contes-
tadas na antiguidade, como Apocalipse de Joao e algumas. Entretanto, gradualmente eles se juntaram a
colecao existente que era aceita pelos Cristaos, formando o canone do Novo Testamento.
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Referencias Bibliograficas
[1] A historia da Bıblia Sagrada - Disponıvel em: http://www.capuchinhos.org/biblia
[2] Livros da Bıblia - Disponıvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Livros da B% C3% ADblia
[3] Perıodo Helenista - Disponıvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo helen%C3%ADstico
[4] Moedas Romanas - Disponıvel em: http://www.monete-romane.com/monedas romanas/didracma.html
[5] Sociedades Bıblicas do Brasil - Disponıvel em: www.sbb.org.br
[6] ROBERTSON, Archibald Thomas. Word Pictures in New Testament. Parsons Tecnology. Vol.3: Atcs
[7] CHAMPLIN, Russell Norman. Novo Testamento Interpretado versıculo por versıculo. SRVBB: Sao
Paulo. Vol.3 pp.1
[8] BOYER, Orlando. Pequena Enciclopedia Bıblica. Sao Paulo: Editora Vida, 2003.
[9] SILVA, Moises. Bıblia de Estudo Genebra. Sao Paulo: Editora Cultura Crista, 1995.
[10] DOWLEY, T. Atlas da Bıblia e da historia do cristianismo. Sao Paulo: Editora Vida Nova, 2006.
[11] Ministerio Tempo do Fim - Disponıvel em: http://www.tempodofim.com/