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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 65 | Edição 3301 | 10 a 16 de junho de 2020 R$ 2,00 www.arquisp.org.br Editorial No Calvário, Jesus ocultou sua divindade; na Eucaristia, sua humanidade Página 4 Encontro com o Pastor Na celebração de Corpus Christi , proclamamos que ‘Ele está no meio de nós’ Página 2 Espiritualidade Dom Luiz Carlos Dias: as lições do amor trinitário em meio à pandemia Página 5 Comportamento Simone Fuzaro: os pais precisam ser a referência da geração interativa Página 7 Na quinta-feira, 11, acon- tecerá a Solenidade de Cor- pus Christi . Em carta enviada à Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer ressaltou que a pandemia não deve impedir que essa festa seja celebrada pelas paróquias. Nesta edição, O SÃO PAULO destaca o exemplo de homens e mulheres que fizeram da Eu- caristia o centro de suas vidas. Páginas 3 e 10 A atual pandemia já ocasio- nou a morte de padres e reli- giosos consagrados em todo o mundo. Muitos estavam na linha de frente da ação misericordio- sa da Igreja com os mais pobres e morreram testemunhando aquilo que manifestou o Cristo: “Ninguém tem amor maior do que alguém que dá a vida pelos amigos” (Jo 15,13). Página 15 Diante da pandemia do novo coronavírus e a recomendação de isolamento social, os asso- ciados do Apostolado da Ora- ção têm se atualizado sobre os canais de comunicação digital, para manter ativa a Rede Mun- dial de Oração do Papa e para o bem de todos, em especial neste mês dedicado ao Sagra- do Coração de Jesus. Página 11 O tema da discriminação racial ganhou maior destaque em todo o mundo nas últimas semanas após a morte de George Floyd, homem negro que foi asfixiado por um policial branco, em 25 de maio, nos Estados Unidos. Em sua doutrina, a Igreja Católica sempre condenou toda forma de racismo, por considerá-lo uma séria vio- lação da dignidade do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, e, por isso, é um grave pecado e uma “blasfêmia”, que deve ser combatido, em primeiro lugar, onde ele nasce, no coração humano. Página 14 A representação artística de Deus sempre foi um desa- fio para a humanida- de, especialmente no que se refere ao mis- tério da Santíssima Trindade, cuja pleni- tude é inacessível à razão humana. “Mais do que ser compreendido, nos- so Deus precisa ser acolhido”, lembrou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no domingo, 7, em missa na Catedral da Sé. Páginas 8 e 9 O racismo é incompatível com a fé cristã Santo, Santo, Santo! Ícone do século XV faz alusão ao sentido da Santíssima Trindade Todos os homens criados à imagem de Deus têm a mesma natureza e origem (cf. Constituição Gaudium et spes, 29)/ foto de setembro de 2019 Corpus Christi : a Eucaristia é a fonte e o ápice da vida cristã Mortos por COVID-19, religiosos testemunham o mandamento do amor Apostolado da Oração se mantém unido para rezar pela humanidade Paróquia no Largo da Batata é vandalizada em dia de manifestações Coleta de recicláveis pode crescer 25% durante o isolamento social Página 6 Página 13 TODOS FILHOS DE DEUS ‘A Trindade’, de André Roublev Luciney Martins/O SÃO PAULO -15.set.2019

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Page 1: todos filhos de deus - Jornal O São Paulo€¦ · 2 | encontro com o Pastor | 10 a 16 de junho de 2020 | Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa

Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 65 | Edição 3301 | 10 a 16 de junho de 2020 R$ 2,00www.arquisp.org.br

EditorialNo Calvário, Jesus ocultou sua divindade; na Eucaristia, sua humanidade

Página 4

Encontro com o PastorNa celebração de Corpus Christi, proclamamos que ‘Ele está no meio de nós’

Página 2

EspiritualidadeDom Luiz Carlos Dias: as lições do amor trinitário em meio à pandemia

Página 5

ComportamentoSimone Fuzaro: os pais precisam ser a referência da geração interativa

Página 7

Na quinta-feira, 11, acon-tecerá a Solenidade de Cor-pus Christi. Em carta enviada à Arquidiocese de São Paulo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer ressaltou que a pandemia não deve impedir que essa festa seja celebrada pelas paróquias. Nesta edição, O SÃO PAULO destaca o exemplo de homens e mulheres que fizeram da Eu-caristia o centro de suas vidas.

Páginas 3 e 10

A atual pandemia já ocasio-nou a morte de padres e reli-giosos consagrados em todo o mundo. Muitos estavam na linha de frente da ação misericordio-sa da Igreja com os mais pobres e morreram testemunhando aquilo que manifestou o Cristo: “Ninguém tem amor maior do que alguém que dá a vida pelos amigos” (Jo 15,13).

Página 15

Diante da pandemia do novo coronavírus e a recomendação de isolamento social, os asso-ciados do Apostolado da Ora-ção têm se atualizado sobre os canais de comunicação digital, para manter ativa a Rede Mun-dial de Oração do Papa e para o bem de todos, em especial neste mês dedicado ao Sagra-do Coração de Jesus.

Página 11

O tema da discriminação racial ganhou maior destaque em todo o mundo nas últimas semanas após a morte de George Floyd, homem negro que foi asfixiado por um policial branco, em 25 de maio, nos Estados Unidos.

Em sua doutrina, a Igreja Católica sempre condenou

toda forma de racismo, por considerá-lo uma séria vio-lação da dignidade do ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, e, por isso, é um grave pecado e uma “blasfêmia”, que deve ser combatido, em primeiro lugar, onde ele nasce, no coração humano.

Página 14

A representação artística de Deus sempre foi um desa-fio para a humanida-de, especialmente no que se refere ao mis-tério da Santíssima Trindade, cuja pleni-tude é inacessível à razão humana.

“Mais do que ser compreendido, nos-so Deus precisa ser acolhido”, lembrou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, no domingo, 7, em missa na Catedral da Sé.

Páginas 8 e 9

O racismo é incompatível com a fé cristã

Santo, Santo, Santo!

Ícone do século XV faz alusão ao sentido da Santíssima Trindade

Todos os homens criados à imagem de Deus têm a mesma natureza e origem (cf. Constituição Gaudium et spes, 29)/ foto de setembro de 2019

Corpus Christi: a Eucaristia é a fonte e o ápice da vida cristã

Mortos por COVID-19, religiosos testemunham o mandamento do amor

Apostolado da Oração se mantém unido para rezar pela humanidade

Paróquia no Largo da Batata é vandalizada em dia de manifestações

Coleta de recicláveis pode crescer 25% durante o isolamento social

Página 6 Página 13

todos filhos de deus

‘A Trindade’, de André Roublev

Luciney Martins/O SÃO PAULO -15.set.2019

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2 | encontro com o Pastor | 10 a 16 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Reportagem: Padre Bruno Muta Vivas e Fernando Geronazzo • Auxiliar de Redação: Flavio Rogério Lopes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Fotografia: Luciney Martins • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Secretaria de Redação: Jenniffer Silva • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Edição Gráfica: Ana Lúcia Comolatti • Impres-são: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: [email protected][email protected] (administração) • [email protected] (assinaturas) • Números atrasados: R$ 2,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.Semanário da arquidioceSe de São Paulo

A celebração de Corpus Christi, neste ano, é re-alizada em plena crise sanitária por causa da

pandemia de COVID-19, e as ma-nifestações, tão queridas ao povo católico, deverão ser muito mais contidas que em tempos normais, para não expor as pessoas ao con-tágio do novo coronavírus.

Em vez de missas em espaços abertos, seguidas de procissões com diversas manifestações cul-turais e religiosas para expressar publicamente a fé no grande mis-tério do Santíssimo Corpo e San-gue de Nosso Senhor Jesus Cristo, as missas deverão ser celebradas apenas com a presença de poucas pessoas, sem ser em espaços públi-cos. Em vez de procissões, talvez algum grupo pequeno acompanhe o sacerdote que leva o Santíssimo Sacramento pelas ruas e espaços públicos.

Compreendemos que as cir-cunstâncias requerem tais cuida-dos, mas lamentamos essa limita-ção à expressão pública de nossa fé. É próprio dessa celebração sair dos

espaços dos templos, ir às praças e ruas onde as pessoas circulam, passar pelas casas e estabelecimen-tos de trabalho e ocupações diárias do povo. E essa manifestação ca-tólica pública quer significar que a vida e a fé, as ocupações diárias e a esperança cristã dos bens futu-ros não precisam andar separadas umas das outras.

Com as celebrações de Corpus Christi, proclamamos que “Ele está no meio de nós”, conforme pro-meteu: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20). Jesus caminhava no meio do povo, anunciando a Boa No-tícia do Reino de Deus, ouvindo e falando com as pessoas, dando atenção a todos, especialmente aos doentes, pobres e aflitos. Isso mes-mo queremos significar com as manifestações de Corpus Christi: a Igreja está a serviço de Cristo, que continua ainda hoje a exercer essa mesma missão por meio dela.

A Igreja, que celebra a Eucaris-tia em memória de Jesus Cristo, reunida em torno Dele, não quer se contentar em ser uma institui-ção que cuida de si, separada do mundo e distante dele, com um discurso feito apenas para dentro dela mesma. Ela também vai ao

meio do povo, como testemunha de Cristo, cumprindo sua missão. Nas celebrações de Corpus Christi, ela se faz “Igreja em saída” e se di-rige à cidade, ao bairro, às muitas situações em que vivem as pessoas com suas alegrias e esperanças, an-gústias e sofrimentos, para anun-ciar que ninguém precisa se sentir esquecido por Deus e pela comu-nidade dos discípulos de Cristo.

Neste ano, mesmo não poden-do fazer isso como sempre, não deixaremos de fazê-lo nos modos possíveis. Cada paróquia e comu-nidade católica, que crê em Jesus Cristo e na santa Eucaristia, en-contrará o modo de celebrar e de fazer aparecer publicamente o sig-nificado bonito desta manifestação de fé. Não será o novo coronavírus que nos impedirá de proclamar a todos que “Ele está no meio de nós!” Mais ainda, em tempos de tanta aflição, o povo precisa ouvir e saber que “Deus habita esta cida-de e tem amor ao seu povo”. Com a celebração litúrgica, muitos gestos de caridade para com os pobres e doentes poderão ser feitos. A Eu-caristia, de fato, é inseparável da caridade. Quem proclama sua fé em Jesus Cristo, que se faz Euca-ristia, não deixará de reconhecer

a presença Dele no pobre, doente, morador de rua, estrangeiro e mi-grante, no prisioneiro e em toda pessoa necessitada de atenção e solidariedade. A celebração de Corpus Christi, durante a pande-mia, pode nos proporcionar uma compreensão ainda melhor de al-guns aspectos do “mistério da fé”, que celebramos.

Esta celebração também nos lembra que a Eucaristia é anúncio profético da humanidade reconci-liada, que vive fraternalmente. Os que participam do mesmo “Pão de Deus” são chamados a construir um mundo que supere divisões, ódios, injustiças e lutas fratricidas. E temos muita necessidade disso nas circunstâncias em que vivemos atualmente no Brasil. A comunida-de eucarística sinaliza uma convi-vência social de diálogo desarmado e colaboração, em vez de divisões e antagonismos excludentes.

Ainda que não possamos fazer manifestações vistosas de nossa fé na Eucaristia, temos a ocasião para renovar nossa consciência sobre os diversos significados e implica-ções da nossa fé no dom precioso da Eucaristia. Que os frutos sejam abundantes!

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

Corpus Christi durante a pandemia

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www.arquisp.org.br | 10 a 16 de junho de 2020 | Geral | 3

Aos Bispos Auxiliares,Padres, Diáconos, Religiosos/asLeigos/as da arquidiocese de São Paulo

Caríssimos/as:

Faço votos de que estejam bem e com saúde. Desejo saudar também, e es-pecialmente, aqueles que estão doentes ou vivem a angústia deste tempo de pandemia. Contem com minha oração diária na missa que celebro todas as manhãs. Coragem, isso vai passar!

Neste ano, a solenidade de Corpus Christi será celebrada em plena quarente-na, por causa da pandemia de COVID-19. Pois, vamos celebrar, mesmo assim, apesar de todas as limitações e precauções que devemos continuar tendo. A solenidade litúrgica deste ano está mantida para a 5ª feira, dia 11 de junho. Desejo apresentar algumas indicações breves para nossa Arquidiocese.

1. Fica claro que não podemos ainda promover celebrações com aglomeração de povo. Mas a celebração em pequenos grupos, e com a observância das recomendações sanitárias, pode ser feita, como de fato já está sendo feita.

2. Também pode ser feita alguma manifestação pública com a Eucaristia, pois isso faz parte da festa de Corpus Christi. O Sacerdote pode levar a Eucaristia para fora da Igreja, com o ostensório, apenas com alguns acompanhantes, e dar a bênção ao povo. Não sendo feriado municipal neste ano, fazer isso em horário conveniente e avisar o povo, para que coloque algum sinal de fé na porta, janela ou portão de sua residência ou estabelecimento.

3. Para nós, católicos, a festa de Corpus Christi continua a ser “dia santo de guarda”. Contudo, tendo em vista que o feriado, neste ano, já foi antecipado, não deve ficar onerada a consciência de quem precisa trabalhar e não puder observar esse dia santificado. Contudo, fica recomendado a todos acompa-nhar uma celebração da missa nesse dia. Peço que o povo seja esclarecido a esse respeito e que os horários de celebração da missa sejam favoráveis ao povo. Haja celebrações nas paróquias, transmitidas ao povo pelas mídias sociais e meios de comunicação social.

4. Como preparação à solenidade de Corpus Christi, sugiro que os padres nas paróquias, comunidades religiosas, seminários, comunidades novas, movi-mentos, associações e outros grupos promovam um tríduo eucarístico, ou se unam a algum tríduo, a começar na 2ª feira, dia 8 de junho. Pode ser uma Hora Eucarística, com adoração, oração silenciosa individual ou em peque-nos grupos, com a leitura de textos eucarísticos, breves reflexões oportunas; onde for possível, também dar a bênção eucarística.Os textos recomendados para a Hora Eucarística podem ser os seguintes: João 6,1-71; 14,1-31; 15,1-17; Lucas 22,7-30; 1ª Coríntios, 11,17-34.

5. É muito recomendada, no tríduo e na celebração de Corpus Christi, a oração pelos doentes e pela superação da pandemia, bem como a promoção de ges-tos de partilha e caridade fraterna para com os pobres e aflitos.

No dia 9 de junho, celebraremos também a memória litúrgica de São José de Anchieta, Apóstolo do Brasil e grande missionário que está nos inícios da Igreja em São Paulo. Recorramos também à sua fraterna intercessão pela nossa Igreja em São Paulo, pelas necessidades e aflições do povo e do Brasil.

Celebrando a Eucaristia “em memória de Jesus Cristo”, elevamos todos os dias a Deus a adoração, o louvor, a súplica, a intercessão e a ação de graças da Igre-ja e da humanidade inteira, junto com Cristo, ao Pai celeste. Na solenidade de Corpus Christi deste ano, agradeçamos sobretudo o alimento espiritual e o conforto para nossa fé que a Eucaristia nos oferece. E ofereçamos a missa especialmente pelos doentes e pobres e por todos aqueles que se dedicam ge-nerosamente a eles.

Que Maria, a Mãe da Igreja, e o apóstolo São Paulo, nosso Patrono, intercedam por nós. Deus abençoe e conforte a todos.

Odilo Pedro SchererArcebispo de São Paulo

São Paulo, 06 06 2020Este é o Pão descido do céu (Jo 6,58)

Cardeal Dom Odilo Pedro Scherer Arcebispo de São Paulo

O Cardeal Odilo Pedro Scherer iniciou o programa “Diálogos de Fé”, transmitido ao vivo por meio de sua página oficial no Facebook e pela rá-dio 9 de Julho (AM 1.600 kHz), no domingo, 7, na Solenidade da Santíssi-ma Trindade, rezando pelos doentes de COVID-19 e desejando que todas as pessoas os vejam com carinho e atenção.

O Arcebispo de São Paulo recordou a fala do Papa Francisco aos italianos so-bre o equívoco daqueles que acham que a pandemia está controlada: “Em São Paulo e no Brasil, em geral, está aumen-tando o número de mortos e de doentes. Continuemos firmes, cuidando para não ficarmos doentes e não colocar em risco a vida de outras pessoas”.

SUPERAR OS PROBLEMAS JUNTOSO Cardeal Scherer citou a quantidade

de pessoas que continuam desassistidas, apesar do aumento das doações, e refor-çou que a pandemia tem exposto nume-rosos problemas do País. Diante disso, ele observou que os brasileiros devem se unir para superá-los e não estimular di-visões: “Não faz sentido ficar se debaten-do por causa de partido ou ideologia. Se nos manifestamos é para buscar juntos o que é o melhor caminho para nosso Bra-sil e para nosso povo, especialmente os doentes, o povo mais sofrido e os aflitos. Que possamos reencontrar a harmonia e a paz”.

Ao falar sobre os protestos e manifes-tações que estão ocorrendo no Brasil e no mundo nos últimos dias contra o ra-cismo, a violência policial e por motivos políticos, Dom Odilo disse que as pes-soas devem ter liberdade para se mani-festar e protestar, “mas que não se criem violências. Que os protestos tenham ob-jetivo e possam levar a alguma ação para melhorar a convivência e superar uma série de problemas, como o racismo e a discriminação”.

CELEBRAR EM CASA O Cardeal recordou a Solenidade do

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, na próxima quinta-feira, 11 (leia detalhes na carta ao lado). Ele convidou os fiéis a acompanhar a celebração de Corpus Christi pelas redes sociais ou meios de comunicação e a dar testemunho públi-co de fé, colocando algum símbolo na porta, janela ou fachada das casas e apar-tamentos.

“Nós estaremos celebrando Corpus Christi em São Paulo, infelizmente não com grandes celebrações com o povo e procissões. Os padres farão algum ges-to de sair com a Eucaristia no ostensó-rio pelas ruas, porque isso faz parte de Corpus Christi e do testemunho públi-co da nossa fé na Eucaristia, e, também, para dizer que Ele está no meio de nós.”

Após essas reflexões, Dom Odilo Scherer respondeu a diversas pergun-tas enviadas pelos internautas. A ínte-gra da live pode ser acessada neste link: https://bityli.com/9v39d.

Dom Odilo: ‘Que possamos reencontrar a harmonia e a paz’

FLAVIO ROGÉRIO LOPES [email protected]

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Vida AJUDA PSICOTERAPÊUTICA

Nossa Senhora da Assunção e São PauloPessoal Nipo-Brasileira de São Gonçalo

Praça João Mendes 108, Tels. 3106-8110 e 3106-8119

Você pode viver bem, ter vida saudável melhorando seu modo de ver a si mesmo, os outros e o mundo. O Dr. Bruno e o Dr. José darão a você ajuda continuada, indicando o caminho a seguirOs interessados devem comparecer as quartas-feiras, às 14h, nas instalações das paróquias:

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4 | Ponto de Vista | 10 a 16 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

A festa litúrgica de Corpus Christi, que comemoramos nesta semana em honra da Sagrada Eucaristia, foi ins-

tituída em 1264 pelo Papa Urbano IV – que fora, ele próprio, pessoalmente marcado por dois acontecimentos mís-ticos acontecidos nos anos anteriores e, por isso, importantes para compreen-dermos o sentido da celebração.

Primeiro, as visões de Santa Juliana de Mont-Cornillón, órfã criada pelas monjas agostinianas de Liège, dotada de grande piedade e talento intelectual, e que desde 1209, aos 14 anos, teve vi-sões durante suas adorações eucarísti-cas. A mística enxergava uma lua cheia, diametralmente traspassada por uma faixa negra – que simbolizam, confor-me Jesus a levou a entender, a vida da Igreja, na terra, e a ausência de uma festa litúrgica, para cuja instituição se lhe pedia que colaborasse. Depois de muitos anos guardando estas visões em seu coração (cf. Lc 2,19; 2,51), Santa Ju-liana decidiu levá-las ao juízo das auto-

ridades eclesiásticas – dentre as quais o jovem arquidiácono Jacques Pantaléon, futuro Papa Urbano IV.

A segunda influência sobre a ins-tituição da festa veio de um milagre eucarístico acontecido em Bolsena, na Itália, em 1263, quando o Padre Pe-dro de Praga, que rezava a Santa Missa com algumas dúvidas sobre a verdade da Eucaristia, viu a hóstia se converter em carne e verter sangue, imediata-mente após a consagração. O Sacerdote interrompeu a celebração e acorreu à vila vizinha, Orvieto, onde então resi-dia o Papa. Absolvido o penitente de sua incredulidade, o Pontífice ordenou uma investigação dos fatos – a cujo ter-mo promoveu uma solene procissão com a hóstia e o corporal manchados de sangue. No ano seguinte, instituiu a Solenidade de Corpus Christi, enco-mendando os hinos eucarísticos a São Tomás de Aquino, o doctor universalis – aos quais o Papa Bento XVI chamou de “obras-primas em que se fundem te-ologia e poesia”.

Mesmo quem não tem acesso ao latim da poesia, no entanto, extrairá muito fruto se conhecer ao menos a teologia. Ensina a Igreja que a Euca-ristia foi profeticamente prefigurada já no Antigo Testamento: quando o filho Isaac subia o monte carregando o le-nho para o holocausto, entregue por seu pai Abraão (cf. Gn 22); ou quan-do o cativo Israel imolou o primeiro cordeiro pascal, cujo sangue salvou os fiéis do anjo da morte (cf. Ex 12); ou ainda no maná, o pão do céu que a cada manhã nutria o povo no deserto (cf. Ex 16).

Da mesma forma com que a Antiga Aliança se firmava e renovava com os sacrifícios de animais feitos no Templo em expiação dos pecados, também a Nova e Eterna Aliança (cf. Jr 31,31-34; Lc 22,20) foi pactuada com um sacri-fício: a Crucifixão, tornada realmente presente a cada vez que nós, católicos, rezamos a Santa Missa.

A hóstia consagrada é verdadeira-mente o Cristo. Um objeto pode mudar

de aparência, sem perder a substância (a água que se torna gelo), ou mudar tanto uma quanto outra (uma folha de papel que se queima em cinzas) – no caso da Eucaristia, porém permanece a aparência, mas muda a substância: já não é mais pão, mas o Corpo humano do Deus Encarnado. No Calvário, Jesus crucificado ocultou sua divindade – na Eucaristia, Ele esconde também sua humanidade.

É verdade que o que vejo, saboreio ou toco parece pão – mas acima de meus sentidos falíveis está a palavra infalível do próprio Verbo da Verdade, que me declara solene e clarissimamen-te ser seu corpo (cf. Jo 6).

A um tão grande Sacramento, que nos resta senão cair de joelhos, como os pastores a quem foi dado – como a nós – enxergar a Deus com os próprios olhos (cf. Jó 19,25-27)? Louvemos com São Tomás: Adoro te devote, latens Deitas! – Adoro-te com profunda devoção, ó Divindade es-condida!

Corpus ChristiEditorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

Vendo tantos que sofrem na atual pandemia, o que fazer? A solidarieda-de parece ser um chamado urgente, mas com que palavras evocá-la neste contexto?

Soletrar “COVID-19” pode ser desagradável por destrinchar o que aparece em meio a ela. Mas talvez va-lha tomar “CO” pela 2ª Epístola aos Coríntios, “VI” como seu sexto capí-tulo, e, saltando o “D”, ler o versículo 9: “Como desconhecidos e, não obs-tante, conhecidos; como moribundos e, não obstante, eis que vivemos; como punidos e, não obstante, livres da mor-te” (2Cor VI,9).

Sofremos; mas é justamente nesta fraqueza comum que temos nos iden-tificado em um mesmo barco, como nos lembrava o Papa Francisco, em sua mensagem de 27 de março.

De que virtudes carecemos agora para trazer esta solidariedade à práti-ca? Tem-se a impressão de que a “co-ragem” estaria reservada aos profissio-nais da saúde, assim como àqueles que mantêm os serviços essenciais, pois são eles que saem, como guerreiros, para a chamada linha de frente da ba-talha. É claro que devem ser muito elo-giados, mas restringir a coragem a eles talvez remeta a uma concepção calca-da em um passado de guerras, quando se pensava que apenas o soldado que ia a campo agia corajosamente.

É na fraqueza que somos fortesOutra lição que a pandemia nos ensi-na é que, sem solidariedade, liberdade e igualdade não passam de palavras vazias” (Papa Francisco).

Trata-se de um paradoxo, por-tanto, apenas aparente: ficar em casa constitui um ato heroico. Para realizá- -lo, por estranho que pareça, é preciso ter coragem. Saibamos ficar em casa: este é o ato de heroísmo, tão silencioso, esperado de nós neste momento.

Não digo que seja simples, pois as disparidades em nosso País são enor-mes, e tal ato não representa o mesmo desafio para cada um, pois alguns es-tão desprovidos de condições básicas. É belo, no entanto, o ato daqueles que não saem de casa essencialmente pelo outro, pelo desconhecido em quem veem a sua humanidade.

São Paulo também lembra que “é na fraqueza que a força manifesta todo o seu poder” (2Cor 12, 9). Esta-mos num momento de fraqueza, mas, se conseguirmos reconhecer que neste barco somos todos frágeis, talvez pos-samos confiar e tentar nos unir para encontrar, na fraqueza, a nossa força.

Nota: uma versão ampliada deste texto foi publicada no site Estado da Arte e pode ser acessada por este link: https://bityli.com/BGlbb.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Não nos enganemos com simplifi-cações: já no diálogo platônico Laques, quando o personagem homônimo propõe que a coragem estaria em nun-ca abandonar o próprio posto no cam-po de batalha, Sócrates responde que pode também existir uma coragem em recuar (Laques, 191a). Pensemos, por exemplo, em retirar-se para trazer o inimigo até o seu campo de batalha, para aí vencê-lo, pois a coragem não pode ser exercida desvairadamente: uma virtude se acompanha de outras, e quem é corajoso deve também ser prudente e temperante. Faz-se neces-sário avaliar a situação para decidir como agir, e não meramente avançar.

Vivemos hoje um “Paradoxo da

Prevenção”, tal como formulado por Geoffrey Rose: uma situação na qual “uma medida preventiva que traz grandes benefícios à comunidade ofe-rece pouco a cada indivíduo partici-pante”. Logo, “ajudar” permanecendo em casa poderia parecer um “parado-xo”. No entanto, como declarou a Aca-demia de Ciências do Vaticano, em 20/03/2020, “atualmente, o paradoxo é que percebemos a necessidade de cada pessoa cooperar com as outras justa-mente quando devemos nos isolar de todos os outros por razões de saúde. No entanto, é um paradoxo apenas aparente, pois ficar em casa constitui um ato de profunda solidariedade. É ‘amar ao próximo como a si mesmo’.

JoÃo coRTEsE

Opinião

João Cortese é pesquisador do Núcleo de Bioética da Fundação José Luiz Egydio Setúbal. Professor do Instituto de Biociências da USP, do

Ibmec-SP e da Faculdade Paulo VI.

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Atualmente, um tema recor-rente nos debates e conversas cotidianas se refere às mu-danças ora perceptíveis neste

contexto de pandemia, e quais alterações se consolidarão na vida das pessoas e nas estruturas da sociedade.

A questão tem suas dificuldades, mas se reveste de importância, sobretudo por-que há muito se verifica uma autêntica ebulição em diversos países, inclusive no nosso. Certamente, tal fenômeno resul-ta da crise advinda do enfrentamento à COVID-19. Entretanto, é preciso atentar ao fato de que o tempo de crise, e crise equiparada a tempos de guerra, tem po-tencial para trazer à tona tanto o melhor quanto o pior das pessoas e da sociedade.

E ambas as manifestações, à sua maneira, têm poder de seduzir e atrair.

Nesse sentido, são vistas com mais intensidade atitudes e gestos de solida-riedade a socorrer os mais sofridos, ao menos com o básico, e o desdobramento de profissionais de certas áreas realmente essenciais. Entretanto, assombra algumas manifestações de insensibilidade para com o sofrer e morte dos conterrâneos, a sobreposição do viés econômico à prote-ção da vida, a proposição da supremacia branca e ocorrências do tradicional racis-mo. E ainda, as “garras” do autoritarismo ditatorial.

A esperança das pessoas de boa von-tade diante das perdas e sofrimentos re-sultantes do impacto da crise sanitária entre todos tem uma evidência: é a incor-poração de novos e edificantes costumes para a estruturação da vida de modo mais condizente com as reais necessidades de realização pessoal. No entanto, diante dos sinais destoantes de que o caminho a ser tomado pode contrariar essa expectativa, os seguidores do Deus de Jesus Cristo precisam contribuir para essa esperança não ser roubada ou frustrada.

Nesse contexto tão conturbado de

“alegrias e esperanças, tristezas e an-gústias”, a Igreja celebra a Solenidade da Santíssima Trindade. A liturgia chama os fiéis à contemplação desse mistério que ultrapassa a cognição humana e en-canta com a beleza do amor da unidade trinitária. Amor este, comunicado aos homens, pois “Deus amou tanto os ho-mens” (Jo 3,16), que “enviou seu Filho para salvar o mundo” (Jo 3,17). É missão da Igreja e dos discípulos e missionários colocar as forças salvadoras de Cristo a serviço das gentes e contribuir para re-novar a sociedade.

Assim sendo, é urgente difundir, com a condução do Espírito Santo, um espírito de paz, capaz de distensionar e desarmar as propostas radicais contrárias à vida e a uma sociedade participativa, com a dis-seminação de conflitos e divisões. A Trin-dade Santa doou o espírito da unidade, o qual se enriquece com a valorização da alteridade e da diversidade. Por isso, São Paulo diz: “Cristo é nossa paz, de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro de separação” (Ef 2,14).

A força salvadora do Filho é experi-mentada na verdade do seu amor. Ele diz: “A verdade vos libertará” (Jo 8,32),

e, por isso, na liberdade, aceitou a morte de cruz, testemunhando o amor divino. Os discípulos hão de semear o espírito de reconciliação se acreditarem na força do amor doado pelo Espírito Santo. O gran-de contributo do cristão para a transfor-mação da sociedade está nesse amor, não nas ideologias. O amor divino liberta e aponta para o horizonte inclusivo do bem comum, sem o qual não haverá paz.

A contemplação da Santíssima Trin-dade também revigora a esperança no futuro, mesmo quando sobras parecem obscurecer o razoável e a realidade. A salvação do Deus amor se mostra mais forte que as forças do mal, a Ele pertence a vitória. O livro do Apocalipse finaliza com a proposição da Nova Jerusalém, ou com a proclamação da vitória do plano de Deus na história e derrota das forças do mal. Nesta cidade, “as coisas anterio-res passaram” (Ap 21,4), e ela resplandece de beleza, alegria e paz.

Que a contemplação de Deus e sua proposta para a vida dos seus filhos ani-me os discípulos missionários a se empe-nhar, visando à edificação do seu projeto nestes tempos de ebulição sociopolítica potencializada pela pandemia.

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DOM LUIZ CARLOS DIAS

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESENA REGIÃO BELÉM

Espiritualidade

LAPA

As lições do amor trinitário

Na manhã do domingo, 7, na Paróquia Santíssima Trindade, Setor Rio Pequeno, foi celebrada a Solenidade da Santíssima Trindade, com missa presidida pelo Pa-dre Ricardo Anacleto, da Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, na Região Sé, e concelebrada pelo Padre Marcos Roberto Pires, Pároco, com a participação do Diá-cono Jefferson Santos.

Em razão das medidas de isolamento

social devido à pandemia do novo coro-navírus, a missa aconteceu sem a presença dos fiéis, que puderam acompanhá-la pe-las redes sociais.

Na homilia, Padre Ricardo disse que os cristãos acreditam em um só Deus em Três Pessoas, e é isso que se celebra na festa da Santíssima Trindade, a revelação de que Deus é uno e trino. Assim, há um só Deus em três pessoas realmente distintas – Pai,

Filho e Espírito Santo –, um movimento contínuo do Pai que gera o Filho, do Filho que é gerado pelo Pai, do Pai e do Filho que inspiram o Espírito, do Espírito que procede do Pai e do Filho.

Ao final da celebração, Padre Marcos realizou a bênção da água e dos objetos pes-soais apresentados pelos fiéis que assistiam à transmissão, e agradeceu a presença do Padre Ricardo e do Diácono Jefferson. (BN)

Paróquias intensificam ações sociaisBENIGNO NAVEIRA

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

Em reuniões com o clero, no fim de maio, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, refletiu sobre o agravamento da pobreza da população devido à pandemia do novo co-ronavírus e do tempo de isolamento social.

Diante disso, foi criado um grupo com pessoas ligadas às mais diversas pastorais sociais das paróquias, para o desenvolvi-mento de ações para auxílio aos que mais precisam. A coordenação será do núcleo regional da Caritas na Lapa.

O Diácono Antônio Geraldo de Sousa, coordenador do núcleo regional, destacou o levantamento preliminar em 20 paró-quias da Região: nos últimos três meses, foram distribuídas 4.950 cestas básicas, 13 mil marmitas, máscaras, produtos de hi-giene e limpeza, além de roupas e calçados.

Na Paróquia Santo Alberto Magno, Se-tor Pastoral Butantã, cujo Pároco é o Padre Antonio Francisco Ribeiro, o trabalho de distribuição de alimentos é realizado pelos voluntários Júlio Cesar e Cícero Jean.

Vera, uma das coordenadoras das ações na Paróquia, disse, em conversa com a Pastoral da Comunicação regional, que já foram distribuídas mais de 700 cestas básicas. Júlio explicou que todas as pessoas que recebem esse auxílio são cadastradas. Já Cícero destacou que a iniciativa de-monstra a solidariedade e o amor cristão ao próximo.

Recentemente, a Paróquia São Fran-cisco de Assis, no Jaguaré, Setor Pastoral Butantã, recebeu a doação de uma tonela-da de alimentos e de brinquedos, arreca-dados por policiais militares da 4ª Com-panhia do 23° Batalhão da Polícia Militar (BPM/M) de São Paulo. O Pároco, Padre Edilberto Alves da Costa, agradeceu as

doações e pediu que Deus abençoe a todos e o Espírito Santo ilumine aos que se em-penharam nesta missão de solidariedade aos mais necessitados.

Padre Edilberto também lembrou que a Paróquia é responsável por alguns proje-

tos como a “Pastoral Social”, que visa à as-sistência aos menos favorecidos, e a “Pas-toral do Resgate”, que tem como objetivo o apoio às pessoas em situação de rua. A corrente do bem já beneficiou 500 famílias em estado de vulnerabilidade social.

Santíssima Trindade é celebrada no Setor Rio Pequeno

Leigos da Paróquia Santo Alberto Magno organizam a distribuição de alimentos a quem precisa

Missa na Solenidade da Santíssima Trindade

Benigno Naveira

Benigno Naveira

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A igreja matriz da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, no Largo da Batata, em Pinheiros, teve grande parte de sua fachada pichada no domingo, 7. No mesmo dia, aconteceu, naquela via públi-ca, uma manifestação contra o presidente Jair Bolsonaro, o racismo e a favor da de-mocracia, conforme a pauta divulgada pe-los manifestantes.

A manifestação foi transferida para aquele local após o juiz Rodrigo Galvão Medina, do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), proibir o ato na Avenida Paulista, atendendo ao pedido da Fazenda Pública do Estado de São Paulo, para evitar o con-fronto com manifestantes a favor do presi-dente, que se reuniram no mesmo horário.

Os funcionários da igreja histórica, fundada em 2 de fevereiro de 1914, per-ceberam o vandalismo na manhã da se-gunda-feira, 8, quando chegaram para trabalhar, conforme relatou à reportagem o Padre Vandro Pisaneschi, Pároco.

“O que mais nos surpreendeu é que dessa vez foi de um modo maciço e total.

Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate é pichada durante manifestaçãoFLAVIO ROGÉRIO LOPES

[email protected] igreja matriz da Paróquia Nossa Se-

nhora do Monte Serrate é tombada desde 2017 pelo Conselho Municipal de Preser-vação do Patrimônio Histórico, Cultu-ral e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp).

DIÁLOGO COM AS AUTORIDADESSegundo o Padre, em anos anteriores,

no carnaval, pessoas urinaram nas paredes externas do templo. Nunca, porém, houve problemas com pichações ou depreda-ções.

“Faço um pedido às autoridades pú-blicas: parem de autorizar concentrações no Largo da Batata. Os moradores não aguentam mais, o local não tem estrutura para isso e somos nós os punidos. Espero que não só tenha mais policiamento, mas que consigam, de fato, evitar esse tipo de coisa, porque tudo isso é muito triste”, con-cluiu.

Procuradas pelo O SÃO PAULO, a Subprefeitura de Pinheiros, a GCM e a Po-lícia Militar não responderam, até a con-clusão da reportagem, sobre quais ações adotarão para evitar que tais atos de van-dalismo voltem a ocorrer.

Isso ocorreu no domingo à tarde, pois não estava assim por volta do meio-dia, quan-do saí da Paróquia. É muito triste isso, pois é uma igreja tombada, que tem muita ma-nutenção a ser feita, e nós vamos ter que utilizar o dinheiro que estava sendo arre-cadado para fazer outras melhorias”, disse ao O SÃO PAULO.

PREJUÍZO DA PARÓQUIA Padre Vandro levou o fato ao conhe-

cimento da Polícia Militar do Estado de

São Paulo (PMESP), da Guarda Civil Me-tropolitana (GCM) e da Subprefeitura de Pinheiros.

“Todas as vezes em que concentrações grandes acontecem no Largo da Batata, por manifestações políticas, sociais ou mesmo no carnaval, sempre há problemas na dispersão. Por esse motivo, o carnaval realizado no local foi banido. No domin-go, não foi só a Paróquia que teve proble-mas; outros lugares também foram depre-dados”, afirmou o Sacerdote.

Arquivo pessoal

Pichações na fachada da Paróquia Nossa Senhora do Monte Serrate, no Largo da Batata

Casais em live sobre a vida em família

Na quinta-feira, 4, os membros da Pas-toral Familiar participaram de um encon-tro remoto para discutir a vida em família durante a atual quarentena em virtude da pandemia do novo coronavírus.

A live foi conduzida pelos casais Regi-na e Leandro Carvalho, coordenadores do Setor Pré-Matrimonial, e Fernando Teles e Graciane Arruda, coordenadores do Setor Pós-Matrimonial.

Inicialmente, foi feita uma contextuali-

zação sobre o momento atual dos relacio-namentos familiares, com alerta especial para os dados sobre o aumento dos casos de violência doméstica, divórcios, agres-sões contra as mulheres, alcoolismo, difi-culdades financeiras e até suicídios.

Nesse contexto, destacou-se a im-portância da valorização da família e do estímulo ao diálogo, o perdão e a reconciliação. A Pastoral Familiar pro-pôs que se busquem estímulos, novas ideias e ajuda remota entre os membros da Pastoral, padres e os amigos de cada

família, para minimizar esse quadro de dificuldades.

O encontro foi encerrado com o desa-fio de que, em cada família, se estabeleçam parcerias dentro de casa e, sobretudo, que se valorize as coisas que realmente impor-tam. “É o momento para repensar o futu-ro”, foi a frase final.

Junto com os casais palestrantes, parti-ciparam on-line o casal Maria Lúcia e Idi-valdo Gramigna, coordenadores regionais da Pastoral Familiar, e outras 41 pessoas de diferentes cidades brasileiras.

[SÉ] Na Solenidade da Santíssima Trindade, no domingo, 7, Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Re-gião Sé, presidiu missa na Capela São Vicente de Paulo, da Casa Pia, pertencente à Paróquia Santa Cecília. Os fiéis foram lembrados com suas fotos afixadas nos bancos do templo.

(por Pascom paroquial)

[SÉ] Integrantes do Conselho de Pastoral da Paróquia Santa Cecí-lia reuniram-se virtualmente na noite da quinta-feira, 4. O Diácono Francisco Kumagai conduziu a oração inicial e atualizou informa-ções sobre o momento do País e da Arquidiocese diante da pan-demia do novo coronavírus. Ele falou sobre as diretrizes da CNBB a serem adotadas pelas paróquias quando do retorno das missas presenciais. (por Pascom paroquial)

No dia 3, foi realizada uma videocon-ferência entre os coordenadores dos tra-balhos da Pastoral do Menor na Região Sé, mediada pela coordenadora regional, Irmã Josefa Ferreira de Medeiros, e seu vice, Robson Batista.

Atualmente, há grupos da Pastoral nas Paróquias Nossa Senhora da Paz, Santa Cecília, Nossa Senhora da Con-solação e Nossa Senhora da Imaculada Conceição e Santa Ifigênia.

Para os missionários, é preciso desen-volver um trabalho de continuidade que atenda também os familiares de crian-ças, adolescentes e jovens, fortalecendo o vínculo família-igreja, resgatando a cida-dania, autoestima e confiança no proces-so de desenvolvimento pessoal e social.

Com foco no acolhimento de crian-ças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, que se encontram nos arredores das comunidades, o projeto da Pastoral do Menor nas pa-róquias visa a acolher e resgatar as fa-

mílias, para partilhar a sua inclusão na sociedade por meio de projetos sociais com orientação psicológica, jurídica, médica, aulas de canto, dança, música, balé, judô, coral, circo, basquete, fute-bol, inglês, artes etc.

A Irmã Josefa falou sobre a necessi-dade de se criar um Centro de Defesa da Criança e do Adolescente na Região Sé, para que seja possível prestar um aten-dimento de qualidade aos que são infra-tores, aos que estão em área de risco e

àqueles que retornam da Fundação Casa para a sociedade. Também foi relatada a urgência de buscar profissionais nas áre-as de Assistência Social e Psicologia, para prestar apoio ao trabalho e às crianças, adolescentes, jovens e suas famílias.

Pastoral do Menor estrutura sequência de atividades

É tempo de valorizar a vida em famíliaPOR CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ

Pascom paroquial Pascom paroquial

Past

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Comportamento

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

Fé e Cidadania

Ao lado das notícias a respeito da pandemia em São Pau-lo, das estatísticas acerca do isolamento social, número de doentes e mortes, chegam até nós relatos de inúmeras ações solidárias que ocorrem em toda a cidade. Trata-se de inicia-tivas de indivíduos, grupos de amigos, comunidades, asso-ciações civis ou religiosas, pequenos e grandes empresários e artistas, que rapidamente se espalham nas redes sociais.

Vemos empresários doando recursos, disponibilizando equipamentos para produzir máscaras e insumos, grupos de amigos entregando kits de higiene e marmitas a pessoas em situação de rua, artistas arrecadando milhões em lives, res-taurantes preparando refeições para quem trabalha em hos-pitais e um número considerável de voluntários anônimos em tantas outras funções.

A dura realidade da pandemia, que expõe a fragilidade da nossa condição humana, parece revelar também que há algo em movimento na sociedade, que não se detém diante da de-solação, mas está pronto a recomeçar. É assim o coração do homem: diante da necessidade, ele se abre e revela sua natu-reza – abertura ao outro e ao Mistério, que dele se aproxima.

Engana-se, porém, quem pensa que as ações solidárias são decorrentes da pandemia. Basta um olhar atento à so-ciedade brasileira para identificar uma vasta rede de solida-riedade, composta por milhares de entidades sociais que atu-am silenciosamente no dia a dia, empenhadas em valorizar as pessoas, em buscar soluções para os problemas de saúde, educação, moradia ou capacitação profissional, e cuidar, em especial, dos mais vulneráveis, como idosos, crianças, jovens de baixa renda, dependentes e pessoas em situação de rua. Essas entidades, nascidas da livre iniciativa das pessoas, vi-venciam diretamente os problemas sociais, estando em con-dição mais favorável para intervir e criar alternativas mais eficazes do que a esfera governamental. Podemos citar como exemplo a prática de assistência alimentar, a capacitação pro-fissional de jovens e o estímulo às atividades produtivas lo-cais, existentes em muitas comunidades antes da pandemia.

São pessoas comuns que não esperam passivamente os benefícios do Estado, mas agem, passando de receptores/espectadores à condição de protagonistas, criando obras de grande alcance social, cultural e político.

No momento em que as políticas governamentais pa-recem incapazes de oferecer soluções à altura dos desafios trazidos pela pandemia, é oportuno recuperar o valor do princípio de subsidiariedade, que, aliado à solidariedade, à valorização da pessoa e do bem comum, compõe o cerne da Doutrina Social da Igreja.

O princípio de subsidiariedade (cf. Compêndio da dou-trina social da Igreja, CDSI, 171ss) valoriza a liberdade, a criatividade, a iniciativa e a responsabilidade da sociedade na resolução de seus problemas. De acordo com este princípio, o Estado deve atuar de forma subsidiária, auxiliando os gru-pos somente quando as tarefas ultrapassem sua capacidade de ação, sem substituí-los ou torná-los dependentes. Isto não retira o papel do Estado, mas o redefine, colocando-o genui-namente a serviço da sociedade.

Já é hora de os políticos brasileiros reconhecerem o pa-pel decisivo que as instituições desempenham na formação do tecido social, atuando diretamente na construção do bem comum, desempenhando uma função pública, embora não estatal. Por isso, as propostas para superar as desigualdades brasileiras baseadas exclusivamente no aumento da interven-ção do Estado ou na livre expansão dos mercados se mostra-rão sempre limitadas, se não contarem com a participação da sociedade como sujeito ativo deste processo.

Marli Pirozelli N. Silva possui graduação em História e mestrado em Filosofia da Educação, ambos pela USP. é professora

universitária de Doutrina Social da Igreja, trabalha com metodologias de ensino desta disciplina e em projetos sociais de atendimento a jovens.

Pandemia e Doutrina Social da Igreja: a sociedade se move

MARLI PIROZELLI N. SILVA

Vamos continuar nosso caminho rumo a conhecer melhor as características da presente geração, para daí poder tirar possibilidades educativas eficazes.

A atual geração está em constante ação. Embora não chame a atenção dizer que adolescentes sejam ativos, nessa geração o ritmo de atividade chega a ser considerado “frenético”, o que traz algumas peculia-ridades a seu respeito: quando esses jovens têm uma dúvida, preferem perguntar a quem acreditam poder respondê-la a buscar respostas por si mesmos. Além disso, têm pressa da resposta, aborrecendo-se se esta não chega rapidamente. Consideram-se incapazes de obter soluções de maneira autônoma, especialmente se isso depender da leitura atenta de algum texto, o que leva a deduzir que há dificuldade de compreender o que leem. Alguns afirmam que lhes falta curiosidade intelectual. Lançam-se à ação sem reflexão e pouco consideram as consequências de seus atos. Por outro lado, há a vantagem de que se torna mais fácil orien-tar pessoas ativas do que entusiasmar à ação pessoas passivas.

Eles têm necessidade de recompensas imediatas. Antes de fazer algo, querem saber qual a importância disso, entender o sentido do que está sendo pedido e precisam de reconhecimento rápido do que fizeram bem. Esse reconhecimento pode ser material ou sim-plesmente emocional, por meio de manifestações de alegria e elogios. A consequência disso pode ser adul-tos com pouca “musculatura interior”, que não se mo-tivem a esforços que se prolonguem por mais tempo. Esse é um aspecto importante a ser trabalhado; afinal, a fortaleza é essencial em qualquer circunstância.

Uma última característica que considero que vale a pena conhecer é a conectividade: por um lado, como estão crescendo num mundo conectado, esses jovens sentem a necessidade de estar permanentemente on-line; por outro, creem que a resposta de todas as perguntas podem ser encontradas somente se pluga-dos à rede. Daí são vários os desdobramentos: refle-tem pouco diante de tantas informações ao alcance do dedo, correm o risco de expor-se excessivamente a desconhecidos (colocando suas dúvidas em qualquer chat), deixam de ter nos pais e educadores uma fonte de conhecimento, o que pode levar à diminuição da autoridade destes.

Segundo García e Bringué, em sua obra “Internet:

la pantalla que todo lo envuelve”, essa geração pode-ria ser chamada também de utilitarista, uma vez que há algo em comum na maioria das características que apresentam: as coisas só devem ser feitas se ser-vem para algo e de modo imediato. Sendo assim, os aspectos importantes da formação desses jovens que podem se tornar mais difíceis são: os conhecimentos humanísticos e o pensamento abstrato, a perseveran-ça no esforço, a reflexão profunda, a contemplação, a capacidade de desfrutar do que não tem utilidade imediata e a generosidade. Sem esses aspectos, como já se disse anteriormente, podem se tornar pessoas mais manipuláveis, superficiais e egoístas. Portanto, educá-los significa empenhar-se em desenvolvê-los nesses aspectos.

Para ajudar os filhos a alcançar o máximo de seu potencial humano, em toda circunstância e por meio do emprego de qualquer instrumento, é necessário estimulá-los para que aprendam os valores familiares e adquiram as virtudes de que necessitam. Toda ino-vação trará seus desafios e, com a internet, não é di-ferente.

Uma atitude importante é a apropriação, por par-te dos pais, das novas tecnologias, sem preconceitos, desfrutando do melhor que podem oferecer, inclusive juntos com os filhos. Assim, seremos modelos e guias do seu uso.

Diante do fluxo de informação a que são expostos, é imprescindível ajudá-los a pensar de modo crítico, ensinando-os a selecionar as boas informações e, em contrapartida, a perceber as que visam a manipulá-los.

Devemos manter nosso status de referência em caso de dúvidas, mostrando-lhes que o que mais que-remos é o seu bem e que nisso depositaremos todo empenho, independentemente de sermos expertos em tecnologia ou não. E, certamente, precisamos estar muito conscientes de que o papel de orientar o empre-go de qualquer instrumento foi, é e será sempre dos pais, daqueles que têm responsabilidade, maturidade e conhecimento para guiar os filhos nas searas que estes ainda não têm condições de percorrer sozinhos.

Acompanhar cada filho, tendo em vista seu sin-gular modo de ser, respeitando suas possibilidades e buscando que cresçam rumo ao uso autônomo e res-ponsável das telas e da rede é o objetivo que precisa ser almejado incansavelmente.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o blog educandonacao.com.br

Geração interativa: compreendendo suas características – Parte 2

SIMONE RIBEIRO CABRAL FUZARO

[IPIRANGA] A Paróquia São João Batista, Setor Pas-toral Ipiranga, realizou uma noite de formação bíblica on-line, na sexta-feira, 5, com o tema “Evangelho de São Mateus”, conduzida pelo Padre Antônio César Se-ganfredo, CS, Pároco e professor do Instituto São Paulo de Estudos Superiores (ITESP).

(por Pascom da Paróquia São João Batista)

[BRASILÂNDIA] Após a missa no sábado, 6, na Paróquia Bom Jesus dos Passos, no Setor Freguesia do Ó, o Padre Airton Pereira Bueno, Pároco, realizou um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento. De carro, pelas ruas do bairro, com o Santíssimo, ele aben-çoou os fiéis. Muitas pessoas prepararam um altar para receber a bênção no portão de suas casas, nas janelas ou varandas. (por Flavio Rogério Lopes)

Mariana VieiraPascom da Paróquia São João Batista

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8 | reportagem | 10 a 16 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Ar-cebispo de São Paulo, presidiu a missa da Solenidade da Santíssima Trindade, no domingo, 7, na Catedral da Sé.

Devido às medidas de isolamento so-cial para conter o avanço da pandemia de COVID-19, a celebração aconteceu sem a presença de fiéis e foi transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digi-tais da Arquidiocese.

“Hoje, a Igreja nos convida a olhar para o mistério santo e grande que é o próprio Deus, Pai, Filho e Espírito San-to, Deus Trindade”, afirmou Dom Odilo, na homilia.

O Cardeal enfatizou que querer ver a Deus é um desejo do ser humano e Ele, por sua vez, não se esconde da hu-manidade. “Pelo contrário, Deus vem ao nosso encontro, dá-se a conhecer e dá-nos as possibilidades de conhecê-lo, ainda que seja um pouco, pois nunca o conheceremos na sua totalidade, porque seu mistério supera a nossa pequenez de criaturas e, por isso, nunca poderemos abraçar o Criador de forma completa”, sublinhou.

ROSTO DE DEUS“O Deus da nossa fé é um Deus que

se manifestou, que se revelou à humani-

Quando rezamos o Credo, afirma-mos, em primeiro lugar, que cremos em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra. Nossa fé nos ensina que Deus é uno e trino, ou seja, é um Deus em três pessoas iguais e realmente distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Essas três pessoas são um só Deus, porque todas as três têm uma só e a mesma natureza divina.

O jornal O SÃO PAULO dá conti-nuidade à série de reflexões sobre os si-nais da fé cristã, a qual tem como refe-rência o livro “Sinais de Vida – Quarenta costumes católicos e suas raízes bíblicas”, do teólogo Scott Hahn, publicado pela editora Quadrante. Neste artigo, vamos refletir a respeito da devoção à Trindade.

“Nós, cristãos, costumamos tratar a Trindade como uma espécie de sinal de pontuação. Invocamos o Santo Nome quando traçamos o sinal da cruz no iní-cio de uma oração, e fazemos o mesmo ao concluí-la – ou então rezamos um

Glória ao Pai, que é uma oração trini-tária. Entre uma coisa e outra, porém, não ficamos muito tempo pensando em como um único Deus pode ser três pes-soas. Mas que culpa temos? Trata-se de um mistério profundo demais para ser penetrado. Por que deveríamos nos dar ao trabalho de pensar nisso, então?”, re-corda Scott Hahn.

MISTÉRIO DA NOSSA FÉNos Evangelhos, Jesus nos revela o

mistério da Santíssima Trindade aos poucos. Primeiro, ensinou aos discípu-los que O reconheceram com o Filho de Deus. Quando sua vida terrena estava chegando ao fim, prometeu que envia-ria o Espírito Santo e, após a sua res-surreição, revelou: “Ide, pois, e ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).

“É uma frase enigmática: Jesus fala em um só ‘nome’, mas em seguida no-meia três pessoas. São Paulo pressupõe esse mesmo mistério quando pronun-

cia a bênção que utilizamos na missa: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco! (2Cor 13,13)”, lembra o autor.

Segundo o Catecismo da Igreja Cató-lica, “o mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. E, portanto, a fonte de todos os outros mis-térios da fé e a luz que os ilumina. É o en-sinamento mais fundamental e essencial na ‘hierarquia das verdades da fé’. ‘Toda a história da salvação não é senão a histó-ria do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia con-sigo e se une aos homens que se afastam do pecado’”.

PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO Cada vez que fazemos o sinal da

cruz sobre nós, lembramos este sublime mistério de amor. Como recorda Scott Hahn, “a Trindade é a razão de todas as razões, a realidade central de todas as co-

memorações da Igreja, a fonte de todos os outros mistérios e devoções. Todos os sacramentos e toda a liturgia católica se referem à Santíssima Trindade”.

“A revelação em Cristo do mistério de Deus como amor trinitário é também a revelação da vocação da pessoa huma-na ao amor. Tal revelação ilumina a dig-nidade e a liberdade pessoal do homem e da mulher, bem como a intrínseca so-ciabilidade humana em toda a profun-didade: ‘Ser pessoa à imagem e seme-lhança de Deus comporta (...) um existir em relação, em referência ao outro “eu’”, porque Deus mesmo, uno e trino, é co-munhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, revela o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 34.

“Sabemos que o mistério da Trinda-de é verdadeiro – ele é, portanto, a coisa mais verdadeira que se pode conceber. Muito mais do que um sinal de pontu-ação a demarcar o início e o fim de uma oração, a Trindade é a soma, a substân-cia, o sujeito e o objeto da oração”, con-clui Hahn.

Mistério central da fé e da vida cristãFLAVIO ROGÉRIO LOPES

[email protected]

Trindade: mistério insondável do Deus que vem ao encontro da humanidadeA VERDADE DE Fé EM DEUS UNO E TRINO FOI CELEBRADA EM SOLENIDADE NA CATEDRAL DA Sé

FERNANDO [email protected]

dade de muitas maneiras. Um Deus que se fez presente, caminhou e caminha com a humanidade. Que se deixa experi-mentar pela sua presença e ação. Por isso mesmo, o grande revelador de Deus para nós é Jesus Cristo”, salientou Dom Odilo, recordando que a Igreja ensina que Jesus é o rosto humano de Deus.

O Arcebispo recordou que foi Jesus quem revelou à humanidade que Deus é Pai, a partir da maneira como Ele pró-prio se relacionava com Deus como filho. “Jesus também revelou que nessa relação do Pai e do Filho há o Espírito Santo, que é a ação dinâmica, criadora e salvífica de Deus”, sublinhou, reforçando a fé cristã em

um único Deus, que se manifesta em três pessoas.

O Cardeal Scherer enfatizou que a profissão de fé expressa, em primeiro lu-gar, a realidade da Trindade Santa. “Mais do que ser compreendido, nosso Deus precisa ser acolhido. Ele vem ao nosso encontro de muitas maneiras”, continuou.

PARTICIPAR DA OBRA DE DEUS“De nossa parte, com nossa fé, pe-

quena ou grande, devemos nos deixar possuir por Deus antes de querer possuí- -lo”, exortou o Arcebispo, alertando para o perigo humano de querer se apossar da divindade, o que seria uma atitude reli-

giosa falsa, que beira à magia. “Deus nos chama para sermos não somente seus servos, mas também filhos, seus fami-liares, seus íntimos, seus colaboradores”, acrescentou.

“Celebrando a Santíssima Trinda-de, nós queremos recordar, mais pro-fundamente, a nossa fé em Deus. Isso significa que queremos nos abrir a Deus a cada dia, deixar que Ele possa entrar e agir em nossa vida, orientar- -nos, que possamos acolher as doces e santas inspirações que vêm Dele, e não contrariá-las. Se queremos compreen-der Deus, devemos viver a experiência de Deus”, exortou o Cardeal.

Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, preside missa na Solenidade da Santíssima Trindade, no domingo, 7, na Catedral da Sé

Frederico Oliveira

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A Santíssima Trindade, cuja soleni-dade foi celebrada no domingo, 7 (leia mais na página 8), é um dos “mistérios ocultos em Deus, que não podem ser conhecidos se não forem revelados lá do

Obra de arte do século XV expressa a profundidade do mistério trinitário

FERNANDO [email protected]

e Capelão do Mosteiro do Encontro, em Mandirituba (PR), explicou que , na tradi-ção cristã, os ícones, embora considerados imagens sagradas, não são simplesmente pintados, mas “escritos”, como frutos de uma experiência de fé e oração, e que, no caso da obra do monge russo, foi uma “ta-refa difícil nos mostrar o Invisível”.

da direita, um monte”, acrescenta.As mãos esquerdas seguram o caja-

do do pastor, enquanto as mãos direitas convergem para a taça. “Em um ícone, não há sombra. Isso indica que o que está apresentado diante de nós não é mais da terra, está fora do tempo, semente de eternidade... Não há perspectivas... No

e azul-verde)”, destacou o Padre. Outro detalhe é que o Pai é o único que não se curva. “A sua mão direita nos indica o seu Filho bem-amado. A cor da sua roupa é discreta, reservada, assim com as asas”, acrescentou.

O FILHO

A tradição cristã sempre compreen-deu essas três figuras do relato bíblico como uma prefiguração das pessoas di-vinas da Trindade. “Foi como um anún-cio velado do grande mistério da nossa fé”, afirmou o Sacerdote.

SIGNIFICADOSO autor do ícone coloca os três anjos

em um círculo que os une em um flexível movimento circular.

“A melodia circular nos deixa mara-vilhados. Estamos diante de uma riqueza sinfônica de formas, de volumes, de tra-ços e de cores”, observa o Padre Jomar, que descreve, ainda, que as três cabeças parecem se aproximar uma das outras para um “eterno abraço”. “Em cima do anjo da esquerda, encontra-se a casa de Abraão; do anjo central, o carvalho; e no

centro do ícone, estamos, com efeito, do outro lado da mesa (lado de cá) convida-dos a participar da alegria eterna”, enfati-zou o Sacerdote.

O PAI No ícone, os anjos são representados

segundo a ordem da Trindade mencio-nada na Profissão de Fé (Creio), isto é, da esquerda para a direita: Pai, Filho e Espírito Santo. “Apesar da uniformidade dos anjos, eles não são idênticos: as qua-lidades próprias de cada um são indica-das por sua particular ação no mundo”, observou.

A Profissão de Fé refere-se à primeira pessoa, o Pai, com poucas palavras, por ser indescritível. Por isso, na imagem, “sua túnica tem uma cor indefinível e só-bria (cor-de-rosa com reflexos marrons

alto”, como afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIC, 237).

“É verdade que Deus deixou tra-ços do seu ser trinitário na obra da criação e na sua revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a inti-midade do seu ser como Trindade Santíssima constitui um mistério inacessível à razão sozinha e, mesmo, à fé de Israel antes da Encarnação do Filho de Deus e da missão do Espíri-to Santo”, acrescenta o mesmo pará-grafo do Catecismo.

Ao longo dos séculos, também se buscou expressar o mistério trinitá-rio por meio da arte. A representa-ção artística de Deus sempre foi vista com bastante cuidado pela Igreja. Um exemplo é o II Concílio de Ni-ceia, em 787, que aprovou a venera-ção dos ícones sagrados.

IMAGEM DE DEUSEntre os cristãos do oriente, con-

tudo, em particular os ortodoxos, ainda é predominante a compreen-são de que, uma vez que o Pai e o Espírito Santo não se tornaram fi-gura humana, visível e tangível, as imagens dessas pessoas divinas não poderiam ser retratadas.

Antes do século X, nenhuma ten-tativa foi feita para representar uma imagem separada como uma figura humana completa de Deus, o Pai, na arte ocidental. Isso se tornou mais comum a partir do século XIV, no Renascimento.

APARIÇÃO EM MAMBRÉÉ da tradição oriental a represen-

tação artística mais famosa da Santís-sima Trindade e considerada a obra mais adequada para expressar o sen-tido teológico e espiritual desse mistério da fé.

Trata-se do ícone bizantino “A apa-rição de Mambré”, do monge ortodoxo russo André Roublev, datado de 1411. A obra é baseada no relato bíblico do livro do Gênesis, que narra a aparição de Deus a Abraão nos carvalhos de Mambré, quando ele estava assentado à entrada de sua tenda.

“Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou- -se por terra. Abraão serviu os peregrinos, conservando-se de pé junto deles, sob a árvore, enquanto comiam” (Gn 18,1-5).

ÍCONEPadre Jomar Vigneron, sacerdote da

Missão Operária São Pedro e São Paulo

No centro do ícone está o Filho. “A sua veste púrpura (vermelha) in-dica sua realeza. Atrás dele, o carva-lho de Mambré simboliza a árvore da vida e, diante dele, a taça [cálice], evocando a Eucaristia, colocada so-bre a mesa branca como sobre um altar. Os seus dois dedos indicam as suas duas naturezas – divina e huma-na”, descreveu Vigneron.

“A sua mão quer pegar a taça da Nova e Eterna Aliança, a taça que, em Getsêmani, Cristo tomou para a nossa salvação (cf. Mc 14,36). O simbolismo da taça é tão forte que Roublev o manifestou no tamanho do ícone: Jesus, o Cordeiro Pascal está no centro dela. No altar, dentro do cálice, Cristo está presente, o Cor-deiro de Deus que tira o pecado do mundo.

O ESPÍRITO SANTOÀ direita, está o Espírito San-

to, cuja mão direita indica o cálice que será abençoado, fazendo uma referência à sua ação na Eucaristia, no momento da liturgia chamado epiclese, quando o Espírito Santo é invocado sobre os dons para se tor-narem o corpo e o Sangue de Cristo.

“A cor verde do seu manto é cheia de vida, de esperança (apogeu da ju-ventude). A vida nasce do Pai e do Filho, num movimento circular. A vida de Jesus se comunica pela taça e vai se espalhar na terra para todos os homens, simbolizados pelo retân-gulo (lado de cá da mesa). Cada um de nós está presente, com “um nome novo (cf. Ap 2,17)”, destacou o Sacer-dote.

OUTROS SÍMBOLOSPadre Jomar explicou, também, que

esse retângulo abaixo da imagem repre-senta a terra e as limitações humanas, enquanto o círculo formado pela posi-ção dos anjos simboliza a eternidade e a plenitude de Deus.

Atrás do Pai está a casa (tenda) de Abraão, que representa a Igreja, símbolo do Reino de Deus. “Ela parece ainda em construção... Não tem porta, todo ho-mem é convidado a entrar”, observou o Sacerdote.

“A beleza deste ícone nos convida ao silêncio, à contemplação. Todo o íco-ne respira alegria, calma e serenidade. O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão juntos, convidando-nos para a mesa do Amor, da Ternura e da Sabedoria – ou-tros nomes para falar da Trindade”, con-cluiu Vigneron.

‘A Trindade’, de André Roublev

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Na quinta-feira, 11, a Igreja celebra a Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e Sangue de Cristo, tradicio-nalmente chamada de Corpus Christi.

Este ano, devido à pandemia do

novo coronavírus, as celebrações não terão a presença dos fiéis, nem poderá haver procissões com aglomeração de pessoas. O Cardeal Odilo Pedro Sche-rer, Arcebispo de São Paulo, ressaltou, contudo, em carta enviada à Arquidio-cese, que a solenidade deve ser celebra-da nas paróquias e comunidades, sendo

transmitida pelos meios de comunica-ção (leia mais na página 3).

A Solenidade de Corpus Christi foi instituída pelo Papa Urbano IV, em 1264, para ser celebrada na quinta-feira após a Solenidade da Santíssima Trin-dade, que acontece no domingo depois de Pentecostes.

Nesta celebração, a Igreja Católica manifesta publicamente o “mistério da fé”, que é a “fonte e ápice da vida cristã”.

“Na santíssima Eucaristia está con-tido todo o tesouro espiritual da Igreja, isto é, o próprio Cristo, nossa Páscoa”, afirma o Catecismo da Igreja Católica (CIC, 1324).

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VENERÁVEL CARLO ACUTIS (1991-2006) Nascido em Londres, na Inglaterra, e criado em Mi-

lão, na Itália, o jovem Carlo morreu aos 16 anos, víti-ma de leucemia. Desde que, com 7 anos, fez a Primeira Comunhão, nunca mais perdeu o encontro cotidiano com a Eucaristia. Antes ou depois da Santa Missa, per-manecia em frente ao sacrário para adorar o Senhor no Santíssimo Sacramento.

Entusiasta da Informática, o jovem desenvolveu um site na internet para difundir a devoção ao Santíssimo Sacramento e as histórias dos milagres eucarísticos. “Es-tar sempre unido a Jesus, este é o meu projeto de vida”, dizia Acutis. Em 22 de fevereiro, o Papa Francisco auto-rizou o reconhecimento do milagre atribuído à interces-são do jovem, que em breve será beatificado.

Eucaristia: tesouro da Igreja e alimento espiritual dos santos

FERNANDO [email protected]

TESTEMUNHAS DO MISTÉRIO DA FÉNa história do CristiaNismo, foram muitos os homENs E mulhErEs quE dEdiCaram

suas vidas à ProPagação do Culto à EuCaristia. vEja alguNs dElEs:

SANTA JULIANA DE MONT-CORNILLÓN (1193-1258)No fim do século XIII, surgiu em Lieja, Bélgica, um

movimento eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cor-nillón. Este movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como, por exemplo, a exposição e bênção do Santíssimo Sacramento.

Naquela época, Santa Juliana era priora da abadia. Desde jovem, tinha grande veneração ao Santíssimo Sacramento e sempre desejou que houvesse uma festa especial em sua honra.

Santa Juliana não chegou a ver a instituição da Solenidade de Corpus Christi, pois morreu em 1258. Segundo sua biografia, ela faleceu adorando o Santís-simo Sacramento, que fora exposto no quarto onde convalescia.

SÃO PEDRO JULIÃO EyMARD (1811-1868) Nasceu em Esère, na França. Todos os dias, sua mãe

o levava à igreja para receber a bênção eucarística. As-sim, aos 5 anos de idade, despontou sua vocação sacer-dotal. Foi ordenado em 1834, em sua diocese de origem.

Em 1851, em oração diante da imagem da Virgem Maria, ouviu o pedido para a criação de uma congrega-ção religiosa destinada a honrar a Eucaristia. Assim, em 1856, fundou a Congregação dos Padres do Santíssimo Sacramento (Sacramentinos). Viajou por toda a França, para levar sua mensagem eucarística e deixou inúmeros escritos sobre essa espiritualidade.

SÃO TARCÍSIO (SÉCULO III)Mártir da Igreja dos primeiros séculos, vítima da per-

seguição do imperador Valeriano, em Roma, Tarcísio era um dos integrantes da comunidade cristã romana, quase toda dizimada. Ele tinha 12 anos e morreu no dia 15 de agosto do ano 257, ao tentar levar a Eucaristia a outros cris-tãos que estavam presos em decorrência da perseguição.

Ele auxiliava nas celebrações do Papa Sisto II como acólito e, um dia, foi abordado por pagãos enquanto levava consigo a Eucaristia, sendo duramente atacado com paus e pedras, até morrer, abraçado ao sacramento.

“Quando lhe reviraram o corpo, os assaltantes não puderam encontrar nem sinal do sacramento de Cristo, nem em suas mãos, nem por entre as vestes.” Assim, o Martirológio Romano resume a forma posterior da his-tória de São Tarcísio.

BEATO CHARLES DE FOUCAULD (1858-1916)O francês Charles de Foucauld tinha 28 anos quan-

do decidiu dedicar sua vida a Deus, após participar de uma celebração eucarística, em 1886.

O jovem ingressou na Ordem dos Monges Trapistas, em 1897. No entanto, buscava viver uma radicalidade ainda maior e, por isso, deixou a Ordem. Foi ordenado sacerdote em 9 de junho de 1903, aos 43 anos. Posterior-mente, viveu no deserto do Saara, dedicado à oração e a longos períodos de silêncio em uma tenda.

Como sacerdote, ele colocou a Eucaristia e o Evan-gelho no coração de sua vida. Uma congregação religio-sa foi fundada a partir das suas inspirações 20 anos após sua morte, os Irmãozinhos de Jesus, na Argélia. Charles de Foucauld foi beatificado em 2005 e sua canonização foi aprovada pelo Papa Francisco no fim do mês passado.

SÃO PIO DE PIETRELCINA (1887-1968)Com um sacerdócio dedicado totalmente a Deus e ao

seu serviço, a vida de São Pio de Pietrelcina começou a mudar totalmente quando, em 20 de setembro de 1918, depois da celebração da Santa Missa, recebeu os estig-mas de Jesus Cristo nas mãos e nos pés, com os quais conviveu por 50 anos. Sua intimidade com o sacrifício eucarístico era tão grande que as pessoas que tiveram a oportunidade de assistir às missas por ele celebradas re-latavam que o frade entrava em profundo êxtase durante a celebração. Padre Pio, como era conhecido, morreu em 23 de setembro de 1968 e foi canonizado em 2002.

Imagens: Reprodução da internet

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para rezar juntas. Junho é o mês dedicado ao Aposto-

lado da Oração e, no dia 19, celebra-se a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Por isso, os grupos estão se organizando para que a data fique marcada como um dia de oração e intercessão pelo Papa, suas intenções e toda a humanidade.

AÇõES EM TEMPO DE PANDEMIA

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Beatriz disse que está sendo muito difí-cil ficar sem participar das celebrações e sem receber a Eucaristia, pois a prática faz parte da devoção ao Sagrado Cora-ção de Jesus.

“Cada grupo da Arquidiocese, nas paróquias, mesmo cumprindo o isola-mento social, está unido por meio das redes sociais, como WhatsApp, com as orações diárias do aplicativo Click To Pray e o Evangelho Diário”, contou Be-atriz.

Ela falou também sobre o acom-panhamento com o Coordenador Na-cional do Apostolado, Padre Eliomar Ribeiro, SJ, que tem ajudado com lives e vídeos gravados, em que faz estudos sobre a Rede Mundial de Oração do Papa, sobre a revista mensal dedicada ao movimento, Mensageiro do Coração de Jesus, e reza o Terço da Mansidão, além das missas na primeira sexta-feira de cada mês.

Apostolado da Oração se reinventa para continuar a rezar pela humanidade

NAyÁ FERNANDESESPECIAL PARA O SÃO PAULO

ROSTOS DA FÉTiago Santos, 28, é coordenador do

Apostolado da Oração da Paróquia Nos-sa Senhora do Carmo, no Setor Jaçanã da Região Episcopal Santana, e também coordenador adulto do Movimento Eu-carístico Jovem (MEJ) na Arquidiocese de São Paulo.

Para ele, falar de tecnologia para o Apostolado é um assunto delicado por-que, embora muitas pessoas estejam fa-miliarizadas com o celular e com as redes sociais, a grande maioria ainda não.

“No nosso grupo, somos 30 mem-bros ativos, que têm entre 28 e 93 anos de idade, porém menos da metade da comunicação é feita por WhatsApp, por exemplo. Por isso, é necessário criar es-tratégias. Com tudo isso acontecendo e o afastamento das igrejas, do grupo, dos momentos de Adoração ao Santíssimo Sacramento e dos encontros presenciais, eles se sentiram muito tristes. Criamos uma página, abrimos um perfil no Ins-tagram por causa do grupo do MEJ que temos na Paróquia. Então, desde quando a pandemia começou, muitas senhoras, por iniciativa própria, fizeram momen-tos de oração e começaram a nos enviar fotos no grupo, rezando o Terço por meio de videochamadas, realizando os momentos de oração on-line, e, nas pri-meiras sextas-feiras de cada mês, come-çamos a realizar a Adoração e Hora San-

ta por meio da página da Paróquia, pelas intenções do Papa, além da transmissão da missa. Neste mês, criamos uma me-ditação para 12 dias com as Promessas do Sagrado Coração de Jesus e iremos celebrar juntos e virtualmente a Novena ao Sagrado Coração de Jesus. Além dis-so, no dia da solenidade, também iremos transmitir a missa”, contou Tiago Santos.

TESTEMUNHOSFrei Guilherme Pereira Anselmo Ju-nior, Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, do Jardim Tremembé, lem-brou que a oração é que sustenta a vida da comunidade de fé.

“Agradeço imensamente a cada membro do Apostolado. Vocês nos ensi-nam a ter esperança nesses tempos difí-ceis da pandemia. O esforço de cada um em aprender as novas formas de ocupar espaços virtuais, a perseverança na ora-ção e na ajuda mútua, o carinho nos ges-tos. Enfim, agradeço por vocês nos sus-tentarem como um chão firme e seguro”.

Membro do Apostolado da Oração há 12 anos, Pasqualina Siciliane dos San-tos, 78, tem acompanhado as missas da primeira sexta-feira do mês pela internet e, sempre que possível, mantém contato pelo WhatsApp com o grupo.

“Sinto saudade de participar presen-

ra, 29, coordenador do movimento na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, do Jardim Tremembé.

Nestes tempos de pandemia e por meio da tecnologia, Leandro tem tenta-do motivar os membros de todas as ma-neiras possíveis.

“Temos um grupo no WhatsApp com os nossos 55 membros ativos, e, nele, en-vio o link das celebrações e atividades paroquiais, além de acolher os pedidos de oração. Na medida do possível, tento estar presente no cuidado e atenção aos membros mais idosos, juntamente com outros membros do grupo. O Movimen-to Eucarístico Jovem do Apostolado da Oração tem atuado com proximidade do Apostolado, de maneira muito significa-tiva. Minha gratidão a essa juventude do Sagrado Coração.”

Para Ubirajara de Sousa Vieira, 82, e Rosa de Jesus Serrano Vieira, 78, o mo-mento é de aprendizado e oração: “Per-tencemos ao Apostolado da Oração há mais de 50 anos e, diante do tempo que estamos vivendo, ressalto nosso com-promisso com a fé e com as atividades da nossa Paróquia. Participamos das ati-vidades na primeira sexta-feira do mês, oração do Terço, missas diárias, grupos do WhatsApp. O avanço da tecnologia nos impulsiona a sempre aprender... An-tes era pela TV, agora pelos celulares”.

Beatriz Xavier da Silva, 72, é coordenadora arquidiocesa-na do Apostolado da Oração, a Rede Mundial de Oração do Papa. O Apostolado da Oração se reúne semanalmente para rezar e participar das missas dominicais ou feriais, mas, com a orientação do isolamento so-cial, devido à atual pandemia, o movimento está se reinventan-do, e pessoas que nunca tinham participado de uma reunião virtual, por exemplo, come-çaram a usar diferentes meios

cialmente, mas Jesus está comi-go do mesmo modo. Em meio às dificuldades da tecnologia, consigo participar bem, com a ajuda dos meus familiares e amigos. Estou tranquila neste tempo de pandemia. O Sagrado Coração de Jesus está comigo dando forças. Meu celular se tornou um meio importante para que eu permaneça firme na fé, acompanhando as ativi-dades da minha Paróquia.”

“Pertencer a esta Rede Mundial de Oração do Papa é uma gran-de alegria na minha história de fé”, disse Leandro Araujo Viei-

Antes unidos presencialmente, associados do Apostolado mantêm rotina de oração por meio das mídias digitais

Arquivo pessoal

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Desde o dia 21 de março, com o obje-tivo de preservar a saúde e a vida de todos e evitar a difusão do novo coronavírus, to-das as celebrações com a presença do povo foram suspensas na Arquidiocese de São Paulo. Embora deseje que a situação seja revertida o quanto antes, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, avaliou recentemente que o momento ain-da não é apropriado.

“Aqui em São Paulo, estamos no meio da pandemia, com muita gente ficando doente, muitos morrendo, e temos que ser prudentes. Enquanto estivermos no meio do bombardeio do vírus, não podemos expor as pessoas ao risco do contágio”, dis-se no programa “Diálogos de Fé”, em 24 de maio, transmitido pela rádio 9 de Julho (AM 1.600 kHz) e pelas mídias sociais da Arquidiocese.

RETORNO ÀS ATIVIDADES Em alguns estados brasileiros, após

um período intenso de isolamento social, as autoridades têm permitido a retomada das atividades, entre as quais a presença de fiéis em cultos religiosos públicos.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou a todo o episcopado brasileiro um documento elaborado pela Comissão Episcopal Pastoral para a Litur-gia com as “Orientações litúrgico-pasto-

rais para o retorno às atividades presen-ciais”, a partir de experiências de dioceses do Brasil e do exterior. Cabe, porém, a cada bispo orientar a Igreja local, confor-me sua realidade.

QUANDO IR AO TEMPLO A CNBB reforça que, mesmo que a

participação presencial volte a ser per-mitida, os fiéis que estão doentes devem permanecer em casa e acompanhar as atividades pelas redes sociais de sua comunidade ou pela TV. Já os que in-tegram os grupos de risco devem optar por frequentar a missa durante a sema-na, em que há menor quantidade de participantes.

CUIDADOS BÁSICOSPara todos os que

forem às missas e celebrações, o uso de máscaras con-tinuará obriga-tório, devendo o fiel retirar sua máscara apenas no momento de receber a Euca-ristia.

As equipes de acolhida devem au-xiliar os fiéis no cum-primento de todas as nor-mas de proteção. O acesso aos locais de culto será limitado em relação ao número de participantes, de acordo com a dimensão da igreja e as regras das autori-dades competentes. As portas das igrejas deverão estar abertas para evitar que qual-quer fiel tenha de tocar em puxadores ou maçanetas, e todos precisarão higienizar as mãos com álcool em gel antes da entra-da.

Deve-se garantir, com medidas ade-quadas, que as distâncias necessárias sejam respeitadas. A regra do distancia-

mento não se aplica a pessoas da mesma família ou que vivam na mesma casa.

Para evitar aglomeração nas igrejas com maior afluência de fiéis, a CNBB recomenda que aconteça, na medida do possível, um maior número de celebra-ções, e, sempre que viável, se dê preferên-cia a celebrações ao ar livre.

ENVOLVIDOS NA LITURGIAO presidente da celebração poderá ser

auxiliado pelos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, acólitos, coroi-nhas ou cerimoniários, respeitando-se o espaço existente no presbitério para que se cumpram as regras do distanciamento. Também podem auxiliar um ou dois leito-

res, que poderão estar situados na assembleia, e é recomendá-

vel que haja um número mínimo e adequado

de participantes no ministério do canto.

Os leitores e cantores desin-fetarão as mãos antes e depois de tocarem no

ambão ou nos livros. Não serão

colocados à dispo-sição folhas de cânticos

nem folhetos ou qualquer outro objeto ou papel. Todos da

equipe envolvida na liturgia, com exce-ção do sacerdote, devem estar de másca-ra. Quando forem manusear e limpar os utensílios litúrgicos, devem utilizar luvas descartáveis e secar os objetos com toalhas de papel, não reutilizáveis. O gesto de paz deve ser omitido.

NO MOMENTO DA COMUNHÃONa procissão para a Comunhão, os fi-

éis devem continuar respeitando o distan-ciamento aconselhado de pelo menos um

metro de distância uns dos outros. Se pos-sível, tal distanciamento deverá ser sinali-zado no pavimento da igreja. Os ministros que distribuírem a comunhão devem usar máscara e desinfetar suas mãos antes e de-pois da distribuição.

O diálogo individual da Comunhão entre o sacerdote e o fiel comungante (‘Corpo de Cristo’. – ‘Amém.’) será realiza-do uma única vez por quem preside e de forma coletiva depois da resposta ‘Senhor, eu não sou digno…’, distribuindo-se, por-tanto, a Eucaristia em silêncio. A Comu-nhão será distribuída exclusivamente nas mãos, devendo todos comungar na frente dos ministros.

No momento da Comunhão, ob-servem-se as normas de segurança e de saúde, considerando o modo correto do manuseio das máscaras, que serão mo-mentaneamente retiradas para a Comu-nhão. No caso de o sacerdote celebrante ser mais idoso ou pertencer a algum grupo de risco, deve ser substituído, na distribui-ção da Comunhão, por algum diácono ou ministro extraordinário.

DEPOIS DA MISSAOs fiéis devem ser orientados a deixar

a igreja, segundo uma ordem fixada em cada comunidade, respeitando as regras de distanciamento para não haver aglome-rações. As primeiras pessoas a sair devem ser as que estão mais próximas das portas.

Após a missa, deve-se viabilizar que o templo seja arejado por, no mínimo, 30 minutos, e os pontos de contato (vasos sa-grados, livros litúrgicos, objetos, bancos, puxadores e maçanetas das portas, instala-ções sanitárias) devem ser cuidadosamen-te desinfetados.

Todas as celebrações e atividades pas-torais, quando realizadas ainda no con-texto de epidemia, devem observar essas orientações e cumprir as normas de hi-giene, distanciamento e outras formas de proteção (uso de máscara e de luvas) que as autoridades de saúde prescreverem.

DEMAIS ORIENTAÇõESA Comissão Episcopal Pastoral para

a Liturgia também preparou orientações para a celebração de cada sacramento. As medidas seguem as orientações de higiene e distanciamento, evitando o contato físico direto do celebrante com aqueles que rece-bem o sacramento.

As igrejas podem estar abertas durante o dia para visitas individuais de oração ou adoração ao Santíssimo Sacramento, des-de que se observem os requisitos determi-nados pelas autoridades de saúde. Os fiéis devem ser orientados a não tocar em qual-quer imagem ou objeto exposto.

As atividades pastorais, como reuni-ões, retiros e demais iniciativas, seguirão as regras previstas pelas autoridades com-petentes. Já as atividades de catequese e outras ações formativas continuarão a ser realizadas apenas por meios telemáticos ou se seguirá outra orientação do bispo diocesano.

CNBB publica orientações sobre o retorno de missas com a presença do povoCONTEúDO FOI PRODUzIDO PELA COMISSãO EPISCOPAL PASTORAL PARA A LITURGIA. DECISãO SOBRE A VOLTA DA PARTICIPAçãO PRESENCIAL DOS FIéIS COMPETE A CADA BISPO DIOCESANO

FLAVIO ROGÉRIO [email protected]

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www.arquisp.org.br | 10 a 16 de junho de 2020 | reportagem /Fé e Vida | 13

Você Pergunta

Hoje respondo a esta dúvida do Ade-mir, da Freguesia do Ó: “Dizem que as igrejas mais antigas que têm duas portas trazem consigo um significado: uma de-las seria a entrada do purgatório e a ou-tra, do céu. Isso é verdade?”

Ademir, este “dizem que” de sua per-gunta já revela uma crendice popular. Pense comigo: não é esquisito que uma porta da igreja sirva para entrar no céu e a outra para entrar no purgatório? A

igreja é o lugar onde nós entramos para ficar em comunhão com Deus na oração pessoal, comunitária e litúrgica. Entra-mos nela para orar, suplicar, pedir per-dão, agradecer.

A doutrina do purgatório trouxe muitas críticas da parte dos adversários da Igreja Católica. Talvez venha daí a história dessas duas portas. Quem sabe, esteja-se falando dos cofres em que se colocam as ofertas para as missas em su-frágio das almas dos fiéis defuntos.

A existência do purgatório, meu ir-mão, é verdade de fé para a Igreja Cató-

lica. Ela crê profundamente na força da oração pelos fiéis defuntos. E isso não é de hoje. Ela sempre ensinou que os pecados mortais nos afastam totalmente de Deus, e os pecados veniais, embora também nos afastem de Deus, não o fazem totalmente. Quem morre em pecado mortal está defi-nitivamente condenado. Quem morre em pecado venial precisa reparar seu pecado.

Ao contrário do que dizem os críticos da Igreja que tentam provar que a doutri-na do purgatório não está na Bíblia, ela lembra que Judas Macabeu, após uma batalha, mandou que se celebrasse um

culto pelas almas dos soldados mortos. Ela reflete sobre a Palavra de Jesus ao di-zer que o pecado contra o Espírito Santo não tem perdão nem nesta nem na ou-tra vida, e conclui, seguindo a lógica, que há, então, pecados que são perdoados na outra vida. E vai nesta linha a reflexão da Igreja, justificando o período de purifica-ção, antes de entrar na vida eterna feliz.

Enfim, Ademir, pode ser que a his-tória das duas portas se refira mais aos cofres em que se recolhiam ofertas nas igrejas. E é o que eu posso dizer a você. Fique com Deus.

Cada porta da igreja leva a um lugar diferente?PADRE CIDO PEREIRA

[email protected]

PRoteJA-se dA CoVid-19

O descarte correto de materiais recicláveis é fundamental

O descarte de resíduos como papéis, plásticos, latas, vidros e outros recicláveis deve ter um crescimento de 15% a 25% durante este período de isolamento so-cial, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

Na cidade de São Paulo, na primei-ra quinzena de abril, foram coletadas 4 mil toneladas de recicláveis, 25% a mais em relação ao mesmo período de 2019. Empresas que atuam neste segmento também viram a demanda pelos serviços crescer. “A quantidade de condomínios que atendemos triplicou desde o começo da quarentena”, afirmou Rodrigo Olivei-ra, CEO da Green Mining.

Embora as 24 cooperativas para reci-clagem habilitadas em São Paulo tenham sido fechadas por precaução ao novo co-ronavírus, a coleta seletiva continua a ser realizada, com a passagem de caminhões específicos em 75% das ruas da cidade. É possível saber o dia e horário da coleta de recicláveis por meio da consulta ao site reciclasampa.com.br/horarios-de-coleta.

Os materiais coletados são levados às duas centrais mecanizadas de triagem do município, que, juntas, têm capacidade operacional para 500 toneladas de resí-duos por dia.

“As pessoas estão mais tempo dentro de casa e podem perceber seus resídu-os quanto ao volume, tipo, variedade e quantidade. Este é o momento de gerar consciência para separá-los corretamen-te, a fim de que a reciclagem aconteça”, afirmou Oliveira.

O SÃO PAULO apresenta dicas para a reciclagem em tempos de pandemia.

Tenha uma lixeira própria ou outro recipiente específico para os recicláveis. Estes jamais podem ser misturados com o lixo comum. Se possível, o material re-

ciclado deve ser separado por tipo: vidro com vidro, lata com lata, PET com PET etc. “A separação por tipo de embalagem em cada casa facilita o trabalho de cata-dores, cooperativas e empresas que lidam com os recicláveis, evitando que rejeitos jogados de maneira equivocada conta-minem os demais recicláveis”, explicou Oliveira.

O reciclável precisa estar vazio, mas não lavado. Assim, antes de destinar algo à reciclagem, certifique-se de que o item (embalagem, caixa, garrafa etc.) não este-ja com restos de comida ou líquidos, pois, do contrário, essa sujeira passará aos de-mais itens, dificultando que sejam reci-

clados. Não é preciso que se lave o que vai ser descartado, pois, nas etapas posterio-res da reciclagem, isso será feito.

Não é necessário esperar um perío-do para o descarte, pois, como o tempo de vida do novo coronavírus varia em cada superfície, de nada adianta realizar uma espécie de “quarentena” antes do descarte. “Quem vai se preocupar com estes tempos para manuseio são as es-tações de triagem; afinal, o consumidor não consegue estocar recicláveis dentro de casa por muito tempo. Nas estações, esse material pode ficar sem ser mexido por alguns dias, dependendo do tipo”, disse Oliveira. Atenção, no entanto: lave

corretamente as mãos antes e depois do contato com qualquer item que você re-ceber, como uma encomenda que chegue via delivery, e higienize-o antes do uso imediato ou de guardá-lo.

Coloque tudo em dois sacos e não os encha por inteiro. Os descartáveis de-vem ser ensacados duas vezes em sacos resistentes e com enchimento de até dois terços da sua capacidade. Essas medidas evitam que coletores tenham contato di-reto com possíveis resíduos contamina-dos com o novo coronavírus ou outros agentes nocivos à saúde.

Máscaras de proteção e luvas não são itens recicláveis. Assim, devem ser des-cartadas apenas no lixo comum, se pos-sível na lixeira do banheiro e envoltas em mais um saco plástico. “Várias cooperati-vas de reciclagem têm relatado que estão recebendo essas máscaras. Isso é altamen-te perigoso. Máscaras descartáveis devem ser colocadas no lixo do banheiro, pois este será descartado no saco de lixo comum, e assim se cria ao menos duas barreiras até que qualquer pessoa tenha contato com este resíduo”, detalhou Oliveira.

Quem está com a COVID-19 pode separar itens para reciclagem?

Esta questão foi respondida recente-mente em uma live por Cristina Fabris, gerente de Coleta Seletiva e de Planeja-mento da Autoridade Municipal de Lim-peza Urbana (Amlurb): “Se houver uma pessoa contaminada com a COVID-19 dentro da sua casa, seria essencial que ela tivesse um lixo só para si, para que ficasse separado e fosse apenas para o lixo co-mum. Se não houver essa possibilidade, porém, recomendamos que todo o mate-rial reciclável e lixo comum sejam colo-cados no mesmo saco e jogados como se fossem lixo comum”.

(Com informações de Recicla Sampa, Green Mining e Prefeitura de São Paulo)

DANIEL [email protected]

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14 | reportagem | 10 a 16 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

O mundo assiste a uma série de pro-testos e manifestações nas ruas e nas mídias digitais contra o racismo. Esses atos, que acontecem inclusive no Bra-sil, ganharam força a partir da morte do norte-americano negro George Floyd, asfixiado por um policial branco, no dia 25 de maio, na cidade de Minnea-polis.

Durante audiência geral, no dia 3, o Papa Francisco manifestou sua preocu-pação com os últimos acontecimentos e recordou que o racismo é um peca-do. “Não podemos tolerar nem fechar os olhos para qualquer tipo de racismo ou de exclusão e pretender defender a sacralidade de cada vida humana”, destacou o Pontífice. Por outro lado, o Santo Padre condenou a violência que marcou algumas dessas manifestações, definindo-a como “autodestrutiva”. “Nada se ganha com a violência e mui-to se perde”, afirmou.

MAL PARA A HUMANIDADEFrancisco não é o primeiro Pontífice

a se referir ao racismo como um peca-do. Seus predecessores, assim como a doutrina da Igreja, sempre condena-ram todas as formas de discriminação racial.

Durante a oração do Angelus de 26 de agosto de 2001, São João Paulo II afirmou que “o racismo é um peca-do que constitui uma grave ofensa a Deus”, ressaltando que toda consciên-cia reta não pode deixar de condenar decididamente o racismo, “seja qual for o coração ou o lugar em que se manifeste”.

Naquela ocasião, foi promovida pela ONU, na cidade de Durban, na África do Sul, a Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Corre-latas de Intolerância, com a participa-ção de representantes de 173 países, entre eles, o Brasil, resultando na ela-boração de um plano de ação mun-dial de combate ao problema.

IMAGEM E SEMELHANÇA DE DEUS O Papa Wojtyla recordou, ainda,

que o Concílio Vaticano II, por meio da Constituição Gaudium et spes, en-fatizou que “a igualdade fundamental entre todos os homens exige um reco-

‘O racismo é um pecado que constitui uma grave ofensa a Deus’EM SUA DOUTRINA, A IGREJA CATÓLICA CONDENA TODA FORMA DE DISCRIMINAçãO RACIAL POR SER UMA VIOLAçãO à DIGNIDADE DO SER HUMANO, CRIADO à IMAGEM E SEMELHANçA DE DEUS

FERNANDO [email protected]

nhecimento crescente. Porque todos os homens, dotados de uma alma racio-nal e criados à imagem de Deus, têm a mesma natureza e a mesma origem. E porque, redimidos por Cristo, eles gozam da mesma vocação e do mesmo destino”.

“Qualquer forma de discriminação nos direitos fundamentais da pessoa, seja ela social ou cultural, com base em sexo, raça, cor, condição social, idioma ou religião, deve ser superada e elimi-nada, pois é contrária ao plano divino”, acrescentou o Concílio.

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja também chama a atenção para essa realidade, destacando que “o respeito pela dignidade da pessoa não pode absolutamente prescindir da obe-diência ao princípio de considerar o próximo como ‘outro eu’, sem excetuar nenhum”, e recorda que “uma vez que no rosto de cada homem resplandece algo da glória de Deus, a dignidade de cada homem diante de Deus é o fun-damento da dignidade do homem pe-rante os outros homens”, indicando este como o fundamento último da radical igualdade e fraternidade entre os seres humanos.

IGREJA DIANTE DO RACISMOEm 1988, a Pontifícia Comissão

Justiça e Paz, organismo da Santa Sé, publicou, a pedido de São João Paulo II, um documento intitulado “A Igreja diante do racismo. Para uma sociedade mais fraterna”.

O texto, que foi reeditado em 2001, enfatiza que o preconceito e as condutas racistas “continuam a obscurecer as re-

lações entre pessoas, grupos humanos e nações” e reforça que “a consciência mo-ral não pode, de forma alguma, aceitar tais preconceitos ou comportamentos”.

O documento recorda que os com-portamentos e ideologias racistas não são algo recente e “têm suas raízes na realidade do pecado desde a origem da humanidade”.

MUDANÇA INTERIOR“O preconceito racista, que nega a

igual dignidade de todos os membros da família humana e a blasfêmia de seu Criador, só pode ser combatido onde nasce, ou seja, no coração do homem”, ressalta o documento eclesial, enfati-zando que os meios externos, legisla-ções e demonstrações científicas não bastam para extirpar tal prática. “Para isso, uma comunidade deve se apro-priar dos valores que inspiram as leis justas e também traduzir no dia a dia a convicção da igual dignidade de todo ser humano”, acrescenta o texto.

Outra forma de contribuição da comunidade eclesial é pelo testemu-nho de vida dos cristãos, por meio do respeito aos estrangeiros, aceitação do diálogo, a participação, a ajuda fraterna e a colaboração com os outros grupos étnicos.

“Também é necessário assumir a defesa das vítimas do racismo, onde quer que elas estejam”, frisou o texto, lembrando que atos de discriminação entre homens e povos, por razões ra-cistas ou por outros motivos, sejam re-ligiosos ou ideológicos, “devem ser di-vulgados com severidade e fortemente condenados”.

ESPAÇO DE RECONCILIAÇÃOOutro aspecto salientado pelo do-

cumento é que, ao denunciar o racis-mo, “a Igreja deve manter sempre sua atitude evangélica em relação a todos”. Isso significa que, assim como não deve ter medo de analisar lucidamente as causas do racismo e expressar sua desaprovação, deve também buscar entender como esses extremos foram alcançados e ajudar a encontrar uma saída.

Nesse sentido, a Igreja deve se preocupar em impedir que as vítimas recorram a lutas violentas e “ofere-cer um espaço para a reconciliação e não acentuar a oposição”, de maneira que o ódio seja excluído por meio de uma “mudança de mentalidade, sem a qual uma mudança de estruturas seria inútil”.

EDUCAÇÃO NOS VALORESAinda no discurso de 2001, São

João Paulo II exortou que o racismo deve ser contraposto com a cultura do acolhimento recíproco. “Por con-seguinte, é necessária uma ampla obra de educação nos valores que exaltam a dignidade da pessoa e tutelam os seus direitos fundamentais.”

Esse aspecto foi reiterado pelo Papa Emérito Bento XVI, no Angelus de 2009, por ocasião da realização da Conferência de exame da Declaração de Durban, organizada pela ONU. “A Igreja, por seu lado, reafirma que só o reconhecimento da dignidade do ho-mem, criado à imagem e semelhança de Deus, pode constituir uma referên-cia certa para este compromisso.”

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‘Todos os homens, dotados de uma alma racional e criados à imagem de Deus, têm a mesma natureza e a mesma origem’ (Constituição Gaudium et spes)

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www.arquisp.org.br | 10 a 16 de junho de 2020 | reportagem/Fé e Vida | 15

11º DOMINGO DO TEMPO COMUM14 DE JUNHO DE 2020

PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Liturgia e Vida

O desânimo não é novidade na história humana. Segundo o Evangelho, Jesus compa-deceu-se das multidões porque “estavam can-sadas e abatidas” (Mt 9,36). Diante dessa triste constatação, escolheu os doze apóstolos e os enviou para expulsar demônios, realizar curas e fortalecer os que padeciam de fraqueza física ou espiritual (cf. Mt 10,1).

A ação da Igreja começou com o encargo de fortalecer os que se encontram fracos. E, ainda hoje, pela Unção dos Enfermos, ela encoraja os doentes, comunicando-lhes fé, esperança e vi-gor. Pela Confissão, cura as chagas das almas e perdoa os pecados. Por meio da pregação, for-talece fracos na fé. Mediante o serviço caritati-vo em hospitais, creches, casas de acolhidas etc., sustenta os que padecem de alguma debilidade material.

A fraqueza humana, em certo sentido, é a razão de ser da Igreja no mundo, pois o Filho de Deus se fez homem porque se compadeceu de nossa fraqueza! Para consolar os cristãos de Roma, Paulo recorda: “Quando éramos ainda fracos, Cristo morreu pelos ímpios” (Rm 5,6). E o próprio Deus manifesta a debilidade da nossa condição: “És pó, e ao pó deverás retornar” (Gn 3,19). Assim, reconhecer a própria fraqueza é necessário para que tenhamos parte com Ele.

Existe uma fraqueza ruim: é aquela dos pusilânimes, dos que se fazem de vítimas, dos que reclamam o tempo todo, dos que fogem de suas responsabilidades, dos que deixam tudo inacabado, dos que não querem se cansar pelos demais… É possível que muitos dos que agem assim o façam porque se acham “fortes”. Talvez não contem suficientemente com o auxílio di-vino, não pensem nos outros, sejam centrados em si mesmos e, consequentemente, caem fa-cilmente. Julgando-se vigorosos, quando des-cobrem seus pontos fracos, desesperam-se.

Há, porém, uma fraqueza boa: é a dos que reconhecem que precisam do Senhor, que constatam a necessidade de ser ajudados pe-los demais, que compreendem que o cansaço e a sensação de impotência fazem parte desta vida. Esta fraqueza boa nos faz ser compassi-vos e solidários como Nosso Senhor, que teve compaixão de nós, pois Ele mesmo passou por provações semelhantes (cf. Hb 4,15). Ele rece-beu a ajuda do Cireneu; pediu água à Samari-tana; na Cruz, rezou “Meu Deus, por que me abandonaste?”; ao ser sepultado, contou com a caridade de José de Arimateia.

Por isso, ao se referir ao ministério de for-talecer os demais, Paulo ressalvou: “Trazemos, porém, este tesouro em vasos de argila, para que esse incomparável poder seja de Deus, e não nosso” (2Cor 4,7). Encontraremos paz quando percebermos que somos barro que-bradiço e que toda força vem do Senhor! Re-cordando a difícil fuga do Egito, Deus disse a Moisés: “Vistes como vos levei sobre asas de águia e vos trouxe a mim” (Ex 19,4). Ele nos leva e até faz voar, ainda que nos sintamos sem forças e no chão! Não nos escandalizemos da nossa própria fraqueza! Jamais entreguemos os pontos! Afinal, “quando sou fraco, então é que sou forte” (2Cor 12,10).

‘Estavam cansados e abatidos’ (Mt 9,36)

No século XIX, a ilha de Molokai, localizada no arquipélago do Havaí, tornou-se o local de isolamento de leprosos, enviados para ali passarem os seus dias, tornando-se conhecida como “ilha-caixão”. O jovem Josef de Veuster-Wouters, que aos 19 anos in-gressou na Ordem dos Padres do Sa-grado Coração, adotando o nome de Damião, dois anos mais tarde aceitou ser um dos missionários que atuariam na defesa e cuidado dos enfermos na região.

Em Molokai, Damião colaborou para a construção de uma igreja de-dicada a Santa Filomena, um hospital, uma enfermaria, uma escola e algu-mas casas.

Após 28 anos como missionário, o Sacerdote contraiu lepra, aos 49 anos de idade. Diante da enfermidade, propuseram-lhe a saída da ilha, o que foi recusado por ele. Padre Damião morreu em 15 de abril de 1889, sendo beatificado por São João Paulo II, em 1995, e canonizado por Bento XVI, em 2009.

Atualmente, não somente uma re-gião específica sofre pela devastação de uma doença, mas todo o mundo tenta enfrentar as consequências do novo coronavírus, responsável, até agora, pela morte de mais de 400 mil pessoas em todo o planeta. Assim como em Molokai, sacerdotes, reli-giosos e missionários oferecem suas vidas ao cuidado dos irmãos, muitas vezes, até as últimas consequências.

PROVA DE AMOR MAIOR Recentemente, a Comissão Na-

cional de Presbíteros, da Conferên-cia Nacional dos Bispos do Brasil

Religiosos mortos por COVID-19 testemunham máxima doação ao próximo

JENNIFFER SILVA [email protected]

(CNBB), divulgou o número de pres-bíteros brasileiros acometidos pela COVID-19. Segundo o relatório, 15 sacerdotes faleceram, vítimas da do-ença causada pelo coronavírus.

Muitos dos que perderam a vida na pandemia mantinham a assistên-cia religiosa e caritativa ao povo de Deus, mesmo diante das recomenda-ções de isolamento social.

No dia 29 de maio, o Padre Bruno Sechi, salesiano, da Arquidiocese de Belém (PA), faleceu após sofrer um mal súbito. O Sacerdote estava em tra-tamento da COVID-19. Fundador do Movimento República de Emaús, que presta assistência a cerca de 800 crian-ças e adolescentes, Padre Bruno nas-ceu na Itália e veio para o Brasil como missionário ainda na juventude.

Reconhecido por sua atuação com os direitos de menores, fez parte da Comissão de Justiça e Paz em Belém, foi o primeiro coordenador do Movi-mento Nacional de Meninos e Meni-nas de Rua, exercendo a função entre os anos de 1985 e 1988. Contribuiu, ainda, para a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em 1990. Em 2004, foi contemplado com o 5º Prêmio USP de Direitos, na cate-goria individual.

Na celebração da Ceia do Senhor, em 9 de abril, com a Praça São Pe-dro vazia, o Papa Francisco recordou os padres italianos acometidos pelo novo coronavírus, nomeando-os de “os santos ao pé da porta”, pela atu-ação em favor dos enfermos, junta-mente aos profissionais da saúde: “Os sacerdotes, que oferecem a vida pelo Senhor; os sacerdotes que são servos (...) Sacerdotes que, servindo, deram a vida”, refletiu o Santo Padre. Na Itália, mais de cem sacerdotes morreram vi-timados pela COVID-19.

‘DEUS PEDIA ALGO A MAIS PARA MIM’

Nascido em Cabo Frio (RJ), Rodolfo Costa Pimentel tornou- -se Irmão Simplício José do Me-nino Jesus, em 13 de novembro de 2016, quando professou seus votos religiosos na Fraternidade Toca de Assis. O religioso encon-trava-se em missão na cidade de Fortaleza (CE), e, mesmo diante da atual pandemia, tomando as devidas precauções sanitárias, co-locou-se à disposição para servir as pessoas em situação de vulne-rabilidade. Ele contraiu a CO-VID-19 e foi diagnosticado já em estado grave.

Irmão Simplício permaneceu internado e antes de falecer, em um áudio, recordou a frase dita por São Vicente de Paulo: “É um privilégio morrer pela causa dos pobres, pois eles nos abrirão as portas do céu!”

Quando realizou seus votos, o religioso afirmou: “Deus pedia algo a mais para mim, e esse algo a mais era doar minha vida por inteiro. Eu tinha a necessidade de morar com Jesus, não apenas de ir à Igreja. En-tão, a Toca e a vida consagrada são uma grande realização desse sonho. Morar com Deus, adorar a Jesus no Santíssimo Sacramento e cuidar dos seus pobres nas ruas foi o meu dese-jo inicial, e é o desejo que quero para sempre. A nossa missão na Toca de Assis é adorar a Jesus e depois che-gar ao coração do pobre, que é Ele mesmo disfarçado”.

Tais exemplos se tornam a perso-nificação da máxima doação, como manifestado pelo próprio Cristo, no Evangelho de São João 15,13: “Nin-guém tem amor maior do que alguém que dá a vida pelos amigos”.

Padre Bruno Sechi, morto por COVID-19 em maio, em Belém (PA) Irmão Simplício testemunhou o amor aos pobres na Toca de Assis

Movimento de Emaus Comunidade Toca de Assis

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16 | Papa Francisco | 10 a 16 de junho de 2020 | www.arquisp.org.br

Em sua tradicional oração do Angelus do domingo, 7, e agora já com alguns fi-éis na Praça São Pedro, o Papa Francisco recordou as vítimas de COVID-19 pelo mundo, alertou para a necessidade de se manter as medidas de segurança e aludiu às vítimas do Brasil, manifestando sua solidariedade.

ORAÇÃO PELAS VÍTIMASFalando aos fiéis da Itália, onde há um

processo de retomada das atividades após meses de rígido isolamento social, Fran-cisco ponderou que ainda não é o mo-mento de “cantar vitória”. Ele comentou que “permanece a necessidade de seguir com cuidado as normas vigentes, porque nos ajudam a evitar que o vírus vá adiante”.

“Mas, infelizmente em outros países – penso em alguns –, o vírus está fazen-do ainda muitas vítimas. Na sexta-feira, em um país, morreu uma pessoa por mi-nuto. Terrível”, acrescentou.

Embora sem citar o nome do Brasil, o dado apresentado pelo Papa é daqui. Na sexta-feira mencionada, dia 5, o Brasil superou a marca das 34 mil mortes em decorrência do coronavírus. Em um só dia, foram 1.473 vítimas, o que, em mé-dia, representa mais de uma morte por minuto (um dia tem 1.440 minutos). O Brasil superou a Itália em número de mortes pela COVID-19.

“Desejo manifestar minha proximi-dade com aquelas populações, os doen-tes e os seus familiares, e todos os que cuidam deles. Com a nossa oração, apro-ximamo-nos”, disse o Santo Padre.

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUSEle também recordou que o mês de

junho é dedicado especialmente ao Co-ração de Jesus, “uma devoção que reúne grandes mestres espirituais e a gente sim-ples do povo de Deus”. Nas palavras do Papa, o Coração de Jesus, por ser divino e humano, “é a fonte onde sempre pode-mos alcançar a misericórdia, o perdão, a ternura de Deus”.

E continuou refletindo sobre essa devoção milenar: “Ao centro de todo gesto, toda palavra de Jesus, está o amor. O amor do Pai que enviou seu Filho, o amor do Espírito Santo, que está dentro de nós”, disse. Esse contato direto com o Coração de Jesus pode ser feito por meio da leitura do Evangelho e da adoração eucarística, lembrou.

“Pouco a pouco, nosso coração se tor-nará mais paciente, mais generoso, mais misericordioso, em imitação ao Coração de Jesus”, afirmou. “Há uma antiga ora-ção – aprendi com minha avó: ‘Jesus, faz que meu coração se assemelhe ao seu’. É uma bela oração para rezar este mês.”

‘DEUS MANDOU SEU FILHO’Ao comentar o Evangelho do Domin-

go da Santíssima Trindade, o Papa esco-lheu o trecho “Deus tanto amou o mundo que deu seu Filho unigênito” (Jo 3,16), pas-sagem que justifica a ação das três pessoas divinas, o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

“Deus criou o mundo bom, bonito, mas depois do pecado o mundo foi mar-cado pelo mal e pela corrupção”, disse ele. “Nós somos pecadores, todos, por-tanto, Deus poderia intervir para julgar o mundo, para destruir o mal e castigar os pecadores. Em vez disso, Ele ama o mundo, apesar de seus pecados. Ama cada um de nós também, quando erra-mos e nos afastamos dele.”

Para salvar o mundo, portanto, “Deus doa o que tem de mais precioso: o seu Fi-lho unigênito, o qual dá a sua vida pelos homens, ressurge, volta ao Pai e junto Dele manda o Espírito Santo”.

O mistério da Santíssima Trindade é um mistério de amor, ilustrou Francis-co: “Hoje, pensando em Deus Pai, Filho e Espírito Santo, pensamos no amor de Deus. E seria bonito que nós nos sentís-semos amados. ‘Deus me ama’: esse é o sentimento de hoje”.

No domingo, 14, celebra-se a festa de Corpus Christi na Itália e no Vatica-no. Francisco costumava ir às periferias de Roma para presidir missa e procissão, mas, neste ano, a celebração será na Ba-sílica de São Pedro, com um número res-trito de pessoas.

Francisco reza por vítimas da COVID-19FILIPE DOMINGUES

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

“Não podemos fingir estar sãos em um mundo que está doente”, insistiu o Papa, em uma carta ao presi-dente da Colômbia, Iván Duque Márquez, por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente. O documento, da-tado de 5 de junho, foi enviado ao presidente porque a Colômbia deveria sediar uma conferência sobre o

tema – feita em modo on-line por causa da pandemia.“As feridas provocadas em nossa mãe Terra são fe-

ridas que sangram também em nós”, escreveu o Papa. “O cuidado aos ecossistemas precisa de um olhar de fu-turo, que não fique só no imediato, buscando uma ga-nância rápida e fácil. Um olhar que esteja carregado de

vida, e que busque a preservação em benefício de todos.”Nas palavras de Francisco, líderes atuais não podem

“permanecer mudos” nem “olhar para o outro lado” quan-do há grandes prejuízos de destruição e exploração do ecossistema. “Está em nós a possibilidade de inverter a mar-cha e apostar em um mundo melhor”, acrescentou. (FD)

Menção ao Dia Mundial do Meio Ambiente

Vatican Media

Fiéis voltam a acompanhar a oração do Angelus com o Papa Francisco na Praça São Pedro, dia 7