tikvá nº 58, 6º ano

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TIKVÁ BOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA Nº 58 | 6º Ano Abril / Maio de 2006 Nissan / Iyar 5766

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Page 1: Tikvá nº 58, 6º ano

TIKVÁBOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA N º 5 8 | 6 º A n o

A b r i l / M a i o d e 2 0 0 6N i s s a n / I y a r 5 7 6 6

Page 2: Tikvá nº 58, 6º ano

Lembrar sempre!

Esta edição do nº 58 do nosso BoletimTikvá chega numa época do ano em que onosso compromisso com a memória é ain-da mais acentuado e colocado em práticanas várias e importantes celebrações ecomemorações do nosso calendário judai-co. Assim sendo, vamos então contar emostrar um pouco do que foram as cele-brações de mais um Yom Hashoá, YomHazikaron, Yom Haatzmaut e Lag Baomer5766 na CIL. Por falar em 58, claro que esta edição nãopoderia deixar de ter como tema central o58º aniversário da nossa querida MedinatIsrael, data esta sempre lembrada e co-memorada na nossa CIL.Lembramos também novamente os 500ANOS DO MASSACRE DOS JUDEUS EMLISBOA, com mais importantes e interes-santes informações sobre esta trágica eimportante data e como foi lembrada pelanossa Comunidade e pela sociedade.A edição do nº 58 chega também junta-mente com o nosso Moré (Prof.) Laér-cio Pintchovski e a sua família que jáestão em Portugal para enfrentarem umgrande desafio e realizarem um projectofundamental para o futuro da religião e dacultura judaica na nossa CIL. Um projectoque acima de tudo necessita de tempo edo efectivo e sincero apoio e comprometi-mento de todos. Desde já as nossas boasvindas ao More Laércio, à sua esposa An-dréa e ao seu querido filho Yonatan. Quetenham pleno êxito neste vosso grandedesafio! Be atslachá Rabá ! Mas há muito mais para contar nesta edi-ção feita, como sempre, com carinho emuito empenho para si, prezado leitor,que nos acompanha e apoia com interes-se e atenção. Você leitor, razão da impor-tância e existência desta publicação, aquem reiteramos o nosso pedido decontribuição para a mesma, através doenvio de textos, críticas, sugestões eopiniões. Ajude-nos a fazer do BoletimTikvá uma revista cada vez melhor!Esperamos que apreciem mais esta ediçãoe contamos com a vossa colaboração eparticipação!

Marcos PristDirector Executivo CIL

E D I T O R I A L

Boas-Vindas à família Pintchovski!Há já alguns meses, foi realizada uma pequena reunião comalguns membros da nossa Comunidade para ser debatido umtema que para todos era importante: o Rabino Boaz Pash iavoltar para Israel e uma vez mais a nossa Comunidade ficariasem Rabino. A questão que se punha era o que fazer a seguir.A conclusão a que se chegou foi que era necessário um Mo-ré (professor) para transmitir às nossas crianças e aos nos-sos jovens o que é o Judaísmo em todas as suas vertentes -religiosa, ética, moral - e também para o ensino do hebraico. Oferecendo às nossas crianças a oportunidade dessaaprendizagem, a nossa meta é que elas recebam os ins-trumentos necessários para seguirem o seu caminho noJudaísmo de uma forma consciente e participativa.Esta direcção tomou em mãos esta tarefa e após algumaprocura a nossa escolha recaiu no Moré Laércio HillelPintchovski. O Laércio nasceu no Brasil há 31 anos. Temformação universitária nos cursos de Hebraico e Portu-guês, Língua e Literatura Judaica. Em Israel, onde vivedesde 2001, está a terminar uma pós-graduação sob o te-ma "História do Povo Judeu na Era Moderna". Em 1991 in-iciou as suas actividades docentes como Professor de He-braico e Cultura Judaica no Colégio Renascença em SãoPaulo, onde permaneceu até fazer aliá em 2001. Em Israelcontinuou a sua experiência como educador, tendo sidoprofessor de Jardim de Infância e também responsávelpor 2 cursos na Faculdade de Educação "Oranim". Tem ex-periência na educação de crianças, jovens e adultos, emtodos os momentos importantes do ciclo de vida judaico,incluindo as festividades do nosso calendário.Quando esta edição do Tikvá chegar às vossas casas, o Mo-ré Laercio já estará estar entre nós. Veio acompanhado desua esposa, Andréa, e de seu filho, Jonathan, e para elesaqui ficam as nossas Boas-Vindas e os nossos votos de Su-cesso. Não podemos esquecer que o sucesso nas suas ta-refas irá significar o sucesso de todos nós.Como sempre, para que ele seja bem sucedido nas suastarefas é fundamental o apoio e a participação de todosnós nesse projecto educacional. Não podemos esquecer anossa responsabilidade como membros desta comunida-de, todos temos um papel a desempenhar para que ela sedesenvolva e fortaleça e a Educação Judaica é um pilarfundamental nesse processo.Não podemos deixar de dar à educação judaica o devido va-lor. Na nossa vida diária ela tem de ganhar mais espaço e nãopodemos deixar que a aula de inglês ou de ginástica seja maisimportante que a aula de hebraico. Temos de alcançar esseequilíbrio. Este é o desafio do Moré Laércio, um desafio quevai ser ganho com determinação, perseverança e trabalho.

Eva Ettner

Directora de Juventude e Educação

2 Tikvá 58 • Abril/Maio

FICHA TÉCNICA Director Esther Mucznik Chefede Redacção Marcos Prist Colaboradores CamilaWelikson, Diana Ettner, Gabriel Steinhardt,Henrique Ettner, Nuno Martins e Samuel LevyConcepção e produção gráfica Raimundo Santos

JJuunnttoo aaooss rriiooss ddaa BBaabbiillóónniiaaNNooss sseennttáámmooss ee cchhoorráámmoossLLeemmbbrraannddoo SSiiããoo..LLáá nnooss ssaallgguueeiirroossPPeenndduurráámmooss nnoossssaass lliirraass..SSee ddee ttii mmee eessqquueecceerr,, óó JJeerruussaalléémm,,QQuuee mmiirrrree aa mmiinnhhaa mmããoo ddiirreeiittaa,,QQuuee aa mmiinnhhaa llíínngguuaa ssee qquueebbrree,,SSee ddee ttii mmee nnããoo lleemmbbrraarr,,SSee nnããoo pprreeffeerriirr JJeerruussaalléémmÀÀ mmiinnhhaa mmaaiioorr aalleeggrriiaa..

Salmo 137

Fonte : A Rua da Judiaria de Nuno Guerreiro

HOMENAGEM

YOM YERUSHALAIM27 DE IYAR - 25/5/06

Page 3: Tikvá nº 58, 6º ano

E S P E C I A L

N o passado dia 29 de Abril de2006 a A.P.E.J. realizou na Sa-

la Tivoli do Hotel Tivoli Lisboa, umaevocação da Matança dos CristãosNovos de Lisboa em 1506. Para as-sinalar este triste e brutal marco daHistória dos Judeus Portugueses, aA.P.E.J. envidou todos os esforçospara oferecer aos seus associados eamigos um conjunto de conferen-cistas ímpar, e um momento musi-cal do maior simbolismo!A Prof. Dr.ª Elvira Mea, da Univer-sidade do Porto, transportou-nosno espaço e no tempo, levando-nospormenorizadamente ao reinado deD. Manuel I e ao " Tempo do Enga-no 1496 - 1550" .O Prof. Yosef Kaplan, da Universi-dade Hebraica de Jerusalém, com asua dissertação sobre "A DiásporaJudaico-Portuguesa: as Tribulaçõesde um Exílio", fez-nos pensar natão singular e forte relação queperdurou entre os judeus portu-gueses forçados a abandonar o seupaís, o seu querido Portugal!O escritor Richard Zimler, no seu mo-do muito próprio de envolver quem oescuta, falou sobre os motivos que olevaram a escrever o livro "O ÚltimoCabalista de Lisboa" e leu alguns ex-certos do mesmo, onde descrevecom toda a crueza cenas dessa " ma-tança". Para terminar esta evocação,

o Maestro Max Rabinovitsj interpre-tou com a mestria e sentimento quesó ele sabe, a peça "Kaddish" docompositor Maurice Ravel.Entre as individualidades presentes,estiveram o Ministro da Ciência eTecnologia, Prof. Mariano Gago; oPadre Peter Stiwell em representa-ção do Episcopado Português; aArq.ª Ana Castro Freire em repre-sentação do Presidente da CâmaraMunicipal de Lisboa; o Pastor Dimasde Almeida, Coordenador do Centrode Estudos em Ciência das Religiõesda Universidade Lusófona; o repre-sentante da Comunidade Bahai,Mário Mota Marques; e, Michel Men-dès-France, filho do ex-Primeiro Mi-nistro de França Pierre Mendès-France, descendente de uma famíliaJudaico-Portuguesa que se viu obri-gada a sair de Portugal depois doMassacre de 1506. A sala, que paranosso júbilo, se encontrava repleta- cerca de 300 pessoas conformerelato do Jornal " Público" do dia 1de Maio - aplaudiu entusiasmadatodos os intervenientes destasessão memorável, que ficará comomais um grande sucesso para osanais da Associação Portuguesa deEstudos Judaicos e um marco namemória da Matança de Lisboa.

Mery Ruah - A.P.E.J.

U ma oração hebraica e algu-mas velas acesas junto a

uma oliveira marcaram hoje aevocação dos 500 anos do mas-sacre de milhares de judeus emLisboa, em que participaram al-gumas dezenas de membros da

comunidade judaica. No largo deSão Domingos, vários judeus, al-guns usando o tradicional "kip-pah" na cabeça, juntaram-se emoração lembrando o "pogrom", omassacre que começou na igrejaque ali se encontra, seguindo umapelo lançado pelo blog Rua daJudiaria de Nuno Guerreiro.19.04.2006 - Lusa

Fotografias de Emanuel Ben-Zion

1. O Massacre dos Judeus/Cristãos-Novos de Lisboa teve

na época um impacto considerável,o que é comprovado pelo grandenúmero de cronistas principalmen-te da época ou próxima dela que onarra: Salomon Ibn Verga, um exi-lado judeu espanhol que foi aquiem Portugal apanhado pelasconversões forçadas e embora sótivesse chegado a Lisboa uns diasmais tarde é contemporâneo e tes-temunha indirecta; um visitantealemão anónimo, testemunha di-recta e envolvida directamente nosacontecimentos que deixou um tes-temunho extremamente detalhado;há as crónicas de Damião de Góis,de Jerónimo Osório, referências emGarcia de Resende, Samuel Usqueno seu livro "Consolação às Tribosde Israel e mais tarde no séc. XIXAlexandre Herculano.

2. A maioria dos cronistasconcorda nalguns pontos im-

portantes:- A extrema violência do massacre

e de certa forma o seu carácter al-go inédito em Portugal. Tinha havi-do alguns incidentes graves comoem 1499 e outros, mas nada que secomparasse a esta matança gene-ralizada: entre 2 a 4 mil mortos, as-sassinados em três ou quatro diascom requintes de malvadez tre-mendos - mulheres grávidas atira-das pelas janelas e aguardadas embaixo pelas lanças empunhadas;bebés estilhaçados contra os mu-ros; violações; desmembramentos;autos de fé ....O Massacre paroupor exaustão, mas também porquejá havia pouco para matar, os so-breviventes tinham fugido, algunscom a ajuda de cristãos-velhos;- O papel decisivo e determinante

dos frades dominicanos que insti-garam e conduziram até ao final aturba enfurecida, no sentido de ex-terminar os cristãos-novos, inclusi-vamente opondo-se ao rei e ao po-der temporal que foi claramentedesafiado e contestado e que sóconseguiu impor a ordem bastantesdias depois. Quando digo extermi-nar, estou a medir as palavras, foiclaramente uma tentativa de ex-termínio, embora localizada e cen-trada em Lisboa e arredores. - Embora alguns cronistas citem o

Rossio e o cais, os testemunhosmais directos referem não só oConvento de S. Domingos comoponto de partida do massacre, mastambém o Largo de S. Domingoscomo o local para onde convergiam

todos os cadáveres, trazidos pelosmalfeitores, onde eram empilhadose queimados; é por issoque ainda hoje esse é o lugar maissimbólico do massacre e onde pro-pusemos à Câmara Municipal deLisboa, a colocação de uma placaque lembre para a posteridade osofrimento atroz dos judeus nessesdias; - a participação de marinheiros

alemães, holandeses e franceses nomassacre e no saque dos judeus, oque mostra que o ódio aos judeusera um fenómeno generalizado.

3. Quais os motivos do mas-sacre? Mais uma vez, os ju-

deus foram o bode expiatório deuma determinada situação de seca,fome e peste; alguns historiadoresapontam o papel, odiado pelo povo,de colectores de impostos de queos cristãos-novos eram incumbidospelo rei, tal como o eram quandojudeus; o fanatismo religioso, comojá vimos é outra causa decisiva.Para além destes, há dois factoresque foram decisivos: o primeiro éconjuntural, o segundo marcou to-das as perseguições judaicas aolongo de dois mil anos. As conversões forçadas é o primei-ro. A conversão, voluntária ou for-çada foi a forma encontrada por D.Manuel para manter os judeus emPortugal porque precisava deles.Não os podia manter como judeus,tentou mantê-los como cristãos,acreditando que com uma políticade integração os conseguia assimi-lar e diluir na sociedade portugue-sa. Enganou-se duas vezes: em pri-meiro lugar, porque subestimou afé religiosa judaica que se manteveacesa e não podendo ser às clarastornou-se secreta; em segundo lu-gar porque o ódio que o povo tinhaaos judeus, em vez de diminuir foiexacerbado: antes os judeus eramum corpo bem identificado, subme-tido a regras e leis rigorosas, apar-tado. Agora depois da conversãoestava inserido, disseminado na so-ciedade portuguesa, invisível e porisso muito mais perigoso. Aliás, sóo rei acreditou na conversão e naassimilação, o povo nunca.O segundo factor que explica o

Massacre, embora não sendo es-pecífico dele, é a vulnerabilidadejudaica ao longo dos dois mil anosde diáspora. Sem reinos, sem exér-citos, sem poder, os judeus foramao longo da história uma presa fá-cil. Aliás, é o próprio Damião deGóis que na Crónica de D. Manuel

explica assim que tenham sido osfilhos dos judeus, e não os filhosdos mouros, a serem retirados aospais para a conversão forçada. Dizele "A razão pela qual el-Rei orde-nou que levassem os filhos dos ju-deus e não os filhos dos Mouros eraque os judeus, pelos seus pecados,não tinham reinos, nem domínios,nem cidades, nem aldeias, mas são- em todas as partes em que vivem- peregrinos e súbditos, desprovi-dos de poder e de autoridade paraexecutar os seus desejos contra asofensas e os males exercidos sobreeles ..."Muito mais tarde, 500 anos depois,os judeus souberam tirar a liçãodesta realidade ...

4. O Massacre é a consequênciada falência da política pérfida

de D. Manuel: as conversões força-das foram uma tentativa de mantercá os judeus, como cristãos; consi-derava que bastava umas gotas deágua baptismal e uma política deintegração para que os judeus sedeixassem integrar. Não foi isso oque aconteceu, como vimos e opróprio rei deu-se conta disso emprimeiro lugar permitindo por de-creto de 1507, a saída de Portugaldos cristãos-novos. Mas a quemainda tivesse alguma ilusão sobre aestima que o rei D. Manuel tivesseem relação aos judeus nunca é de-mais lembrar que face ao fracassoda sua política, ele não hesitou emconfiar ao seu embaixador em Ro-ma a missão secreta de pedir aoPapa, em 1515, a permissão de es-tabelecer a Inquisição em Portugal.Ou seja se não ia a bem, talvez fos-se a mal...Não foi!No entanto, a política de D. Manuelteve um impacto considerável quedura até aos nossos dias: o cripto-judaísmo, o marranismo é um fenó-meno essencialmente português eaté hoje, 500 anos depois, se fazemsentir as consequências da presen-ça do marranismo na sociedadeportuguesa.

5. Finalmente, apesar de na épo-ca a questão da religião ser

absolutamente dominante, a forçada Igreja absoluta, e a diabolizaçãodos judeus um facto, o Massacre deLisboa, é um terrível exemplo deaté onde pode levar o fanatismo, aintolerância e o ódio religioso. Tãodistante, mas as suas lições, infeliz-mente, ainda tão actuais...

Esther Mucznik

4 Tikvá 58 • Abril/Maio Tikvá 58 • Abril/Maio 5

O MASSACRE DE LISBOA500 anos 1506-2006

População assinala 500 anos de massacre"esquecido" em Lisboa

Saiba mais nestes sites abaixo indicados

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1254595 (Público)

http://dn.sapo.pt/2006/04/20/sociedade/500_anos_para_lembrar_e_pedir_perdao.html (Diário de Notícias)

http://www.estadao.com.br/ultimas/mundo/noticias/2006/abr/19/325.htm (Estado de São Paulo, Brasil)

http://www.jpost.com/servlet/Satellite?cid=1143498880142&page-name=JPost%2FJPArticle%2FShowFull (Jerusalem Post)

http://www.ejpress.org/article/news/7500 (European Jewish Press)

Um memorial no Largo de S. DomingosFoi entregue na Câmara Munici-pal de Lisboa um projecto daautoria da nossa correligionária,Arquitecta Graça Bachmann,para um memorial a instalar noLargo de S. Domingos, perpe-tuando a memória das vítimasdo Massacre de Lisboa. Actualmente em processo deanálise na Câmara com vista àatribuição de licenças, o projec-to presta uma homenagem, só-bria, mas simbólica, aos mil-hares de judeus massacradospelo ódio e pela intolerância. Assente numa escultura em for-ma de cilindro cortado ao meio,terá um texto escrito no interiorde uma Magen David.

V Centenário da matança dos cristãos-novos de Lisboa

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6 Tikvá 58 • Abril/Maio Tikvá 58 • Abril/Maio 7

preciso ter-se disponibilidade paraquerer integrar. Nós encontrámospessoas incríveis em Lisboa, comquem até hoje mantemos o contac-to. Criámos raízes em Lisboa.

A nível profissional, aca-bou por tirar um curso en-quanto esteve em Lisboa.Eu sempre tive muita vontade deestudar Psicologia. Assim, quandosurgiu uma vaga no Instituto Su-perior de Psicologia Aplicada (IS-PA), em Lisboa, eu não deixei pas-sar a oportunidade e fui tirar o cur-so. Foram 5 anos de muito trabal-ho e investimento mas foi a mel-hor coisa que eu podia ter feito!Acabei o curso em 1998, alturaem que o Marcel, por razõesprofissionais, teve que ir paraLondres. Ele foi primeiro, eu eos meus filhos depois.

Apesar de tudo, investiumuito na sua vida profis-sional em Londres.Eu sempre procurei beneficiardaquilo que cada lugar me podiaoferecer e por isso, quando che-guei a Londres, decidi investir naminha carreira como psicólogaclínica. Há muita coisa para fazerem Londres, em diferentes árease comecei logo a fazer um Masterem Observação Psicanalítica deBebés na Tavistock Clinic.Como nunca tinha tido a experiên-cia de trabalhar com idosos, umdos estágios que tive que fazer foijustamente junto de idosos queviviam num bairro judeu. Duranteos 2 anos que trabalhei ali, cercade 90% dos utentes foram ju-deus! Eu acabei por me apaixonarpelos idosos! Surgiu então a ideia, com a Dra.Maria Belo, de investir nessaárea. Assim, inaugurámos em2004, em Lisboa, a "Clínica 65",que dá apoio terapêutico à tercei-ra idade. É um trabalho gratifi-cante, difícil e muito desafiador.Há que ultrapassar barreiras epreconceitos numa sociedadeportuguesa que, apesar de acharimportante o apoio à terceira ida-de, não o pratica. Nessa matéria,a prática tem uma dinâmica maislenta que a necessidade.

O que me faz escolher Lisboa co-mo lugar para implementar todosestes projectos, não é só o factode aqui poder estar com os meusamigos. É também o sentimentode desafio ligado a tudo o queaqui está por fazer! Esta não éuma sociedade onde tudo estápronto. Pelo contrário. Aqui épossível construir alguma coisa eisso motiva-me e dá-me ener-gias. Em Portugal, a ideia dopsicólogo ainda não tem o seu lu-gar próprio e ainda há resistênciaem aceitar a sua intervenção. Lu-tar contra essa ideia dá-me moti-vação para continuar.

Tem agora que apresen-tar uma dissertação, emLondres? Com o apoio do meu supervisor,acabei por chegar ao tema daminha tese: o impacto do Holo-causto nos sobreviventes quandoatingem a terceira idade. No fun-do, abordar o efeito do Holocaus-to sobre os sobreviventes, numaperspectiva de longo prazo. Vou começar agora a fase dasentrevistas, no âmbito da qualpretendo entrevistar seis sobre-viventes idosos que frequentamo Holocaust Center, no Norte deLondres. O Holocaust Center foifundado por sobreviventes doHolocausto (cerca de 300), queo criaram com o objectivo de da-rem apoio uns aos outros areencontrar-se enquanto ci-dadãos. Quanto ao tema do Ho-locausto em específico, senti ne-cessidade de o abordar porque averdade é que a população que oviveu está a morrer. Mais umadécada e não existirão mais tes-temunhas vivas do que aconte-ceu. Nunca é demais continuar atrabalhar, a divulgar, a abordareste tema. É importante conti-nuar a falar sobre isto.

A necessidade de falar sobreesse tema resulta tambémda vivência dos seus paisdurante o Holocausto.Quer a minha mãe quer o meu painasceram na Polónia - a minhamãe em Bedzin e o meu pai emCracóvia. E quer a minha mãe

quer o meu pai viveram muito in-tensamente os anos da II Guerra,que rebentou quando eles tinham,respectivamente, 13 e 18 anos.Quando começou a Guerra, aminha mãe tentou fugir e nãoconseguiu. Foi para o gueto e de-pois para Auschwitz, onde recor-da como piores os anos que de-correram entre 1943 e 1945. Oque a fez lutar e sobreviver foique o avô lhe disse a certa alturaque se alguém iria sobreviver eraela! Ela acabou por agarrar-se aisso: sobreviver para contar! So-breviver tornou-se como umamissão para ela. Toda a famíliamorreu no campo menos ela.No final da Guerra, a minha mãefoi para Itália trabalhar e aíconheceu o meu pai, que tinhaestado num campo de trabalhosforçados. Casaram e por intermé-dio de um irmão dele acabarampor ir para o Brasil.Hoje, aos 80 anos, a minha mãefala e conta o que se passou commemórias cada vez mais vivas. Amaior homenagem que ela pres-tou a todos nós foi a de ter dadoo seu testemunho a Steven Spiel-berg, em Nova Iorque. Foi umaexperiência dura e difícil para ela,foi muito penoso reviver tudo oque se passou. Mas como mulherguerreira e forte que é, acreditaque está a cumprir a sua missão.Hoje, o que contribui muito paraque a minha mãe conte o que sepassou, são os netos. Há poucotempo, aliás, a minha filha Thaisfoi convidada para falar na escola,no âmbito das Comemorações dodia Mundial do Holocausto, em 28de Janeiro. Ela falou sobre os seusavós paternos, que sobreviveramo Holocausto e fez uma apresen-tação que os colegas adoraram eque os professores elogiarammuito. Quando ela contou isso àavó, a minha mãe ficou muitoemocionada. Sentiu que a suamissão estava cumprida e que oseu objectivo tinha sido atingido.Se a minha mãe conseguiu trans-mitir-nos a sua história e se eu aconsegui passar aos meus filhos,só espero que essa história conti-nue a passar de geração em gera-ção e que nunca se perca!

“P aulista de gema", Felícia Wi-zenberg acabou por percor-

rer o mundo, colhendo sempre oque de melhor cada lugar tinhapara dar. Actualmente a viver emLondres, Felícia e seu marido Mar-cel não esquecem os anos que vi-veram em Lisboa, durante osquais tornaram-se membros "desempre" desta nossa Comunida-de. Nós também não os esquece-mos. Aqui fica mais um testemun-ho de um rosto da nossa CIL.

C h e g o u a P o r t u g a l e m1 9 9 2 . C o m o é q u e u m apaulista chega a Lisboa?Eu nasci em São Paulo, em 4 deMarço de 1955. Desde pequenaestive ligada à comunidade ju-daica e participei em movimen-tos juvenis. Frequentava a CIP,onde fui madrichá.Fiz a escola em São Paulo, fre-quentei depois a Faculdade deCiências de Educação e acabeipor especializar-me em criançascom necessidades especiais.Foi também em São Paulo queconheci o Marcel, meu marido.Casámos e logo após o casamen-to o Marcel foi transferido, pelobanco onde trabalhava, para oRio de Janeiro, onde ficámos al-gum tempo. Entretanto, o Michel,meu filho mais velho, nasceu noRio de Janeiro em 1983 e a Thais,minha filha mais nova, em SãoPaulo, em 1990.Surgiu então a oportunidade devir para Portugal e aceitámos.

Chegaram então em Portu-gal. Como começou o vos-so processo de integraçãona CIL, que dura até hoje? Em Agosto de 1992, quandochegámos a Lisboa, a nossa pri-meira acção foi a de conhecer a Co-munidade. Lembro-me perfeita-mente que a primeira actividade aque fomos foi um jantar da "Linha".Nessa altura, mostrei logo o meuinteresse em participar nesse tipode actividades e em colaborar como trabalho comunitário. E logo fo-mos convidados pela Eva e Hen-rique Ettner para passar Rosh Ha-

shana em casa deles. A partir des-se momento foi-se construindouma relação de apoio e amizademuito grande. Ofereci-me entãopara colaborar nas actividades comas crianças, que nessa altura eramorganizadas no Centro, na Rua Ro-sa Araújo, onde levava também osmeus filhos todos os domingos. Emresultado de todo o nosso envolvi-mento, o Marcel acabou por fazerparte de uma Direcção da CIL e atéhoje faz o calendário!Pessoalmente, eu tive a oportuni-dade, através do trabalho comu-nitário, de conhecer e integrar-me junto das pessoas da CIL. Emesmo tendo havido trabalho deprofissionais em Lisboa, duranteos anos em que eu estive aqui -como o madrich Issac Carolinski eo Rabino Dov Cohen -, a verdadeé que a nossa vida judaica no seioda CIL, por ser uma comunidadepequena, por conhecermos todasas pessoas, por estarmos envolvi-dos em todos os projectos, activi-

dades e festividades, foi a vida ju-daica mais intensa que tivemos!Houve três marcos que guardocomo os pontos mais altos daminha estada e do Marcel emPortugal. Em primeiro lugar, to-do o nosso envolvimento na Co-munidade. Depois, e de uma forma muitoespecial, a comemoração dos 500anos do Édito de Expulsão. Foiuma altura de muitas festivi-dades, em que de certa formanão se pensa se se é portuguêsou não. É-se judeu e está-se a fa-zer alguma coisa em memóriados nossos antepassados. O terceiro ponto alto da nossa esta-da aqui foi a Bar Mitzvah do nossofilho mais velho, o Michel. Senti es-se momento como o maior recon-hecimento a nós prestado pela Co-munidade. Depois de 4 anos a viveraqui, as pessoas aceitaram o nossoconvite, foram à festa, gostaram efizeram-nos sentir o carinho e afei-ção que tinham por nós. cho que é

R O S T O S D A C I L

Entrevista com

FELÍCIAWIZENBERGConduzida por DIANA ETTNER

"Criámos

raízes

em Lisboa"

Page 5: Tikvá nº 58, 6º ano

Cerimónia de Yom Hazikaron na CIL

A Comunidade Israelita de Lisboa e a Embaixada de Israel em Portugal, realizaram nopassado dia 1 de Maio, a tradicional Cerimónia de Yom Hazikaron, em homenagem a to-

dos os soldados caídos em defesa do Estado de Israel e vítimas dos atentados terroristas, queinfelizmente continuam a ocorrer. O evento foi realizado no pátio da Sinagoga Shaaré Tikvá,que contou com mais de 100 pessoas para assistir a este sempre comovente acto solene. Pa-ra além do belos textos e mensagens, o programa contou com a apresentação dos Coros GuilHazaav e Etz Chaim da CIL que interpretaram a canção "Livkot Lechá de Aviv Guefen - regi-do por Marcos Prist e com a participação especial da cantora israelita - Rinat Emanuel - queemocionou a todos com a apresentação de duas belas canções.

Cantora Israelita - Rinat Emanuel

Lag Baomer 5766 na CIL

N o passado dia 15 de Maio foi realizado na nossa Sinagoga o ser-viço religioso especial de Arvit em comemoração de Lag Baomer

com a tradicional Sfirat (contagem) Haomer seguida de um deliciosoe simpático "barbecue" ao ar livre, que contou com a fundamental co-laboração dos própriosparticipantes, momentoeste em que os presentespuderam se confraterni-zar e celebrar com ale-gria como manda estadata. No dia anterior, nasede do Maccabi, o Movi-mento Juvenil Dor Cha-dash também realizouuma actividade especialalusiva a esta data.

Acção de sensibilização

A Escola EB 2,3 de São Torcato - Guimarães, promove no início domês de Junho uma acção de sensibilização na antiga Casa do

Cônsul Aristides de Sousa Mendes em Cabanas de Viriato (Carregal doSal) e na Quinta de Crestelo (Seia - São Romão). A acção será prota-gonizada pelos alunos da escola e é pioneira no âmbito nacional. O

programa denominado"Reconstruir a Casa doCônsul Aristides de Sou-sa Mendes" será inte-grado numa visita deestudo à Serra da Estre-la e contará com a pre-sença de familiares deAristides de SousaMendes e autoridades.

A C O N T E C E U N A C I L

8 Tikvá 58 • Abril/Maio

Conferência no Centro de Reflexão Cristã

N o passado dia 17 de Maio, o Centro de Reflexão Cristã realizou uma conferência subordinada ao tema da re-ligião na comunicação social. Participaram o muçulmano Abdool Karim Vakil, Esther Mucznik e o Padre José

Manuel Pereira de Almeida. O moderador do encontro foi o Frei Bento Domingues

Divulgando Pessach nas escolas

N o final de Março, o Director Executivo da CIL - Marcos Prist proferiuuma palestra sobre a Páscoa Judaica (Pessach) para cerca de 200

alunos do Colégio Salesianos. Estevetambém presente neste encontro oPadre Director António Figueiras que falou sobre a Páscoa Cristã e a se-guir à actividade gentilmente mostrou ao Director da CIL as amplas ins-talações deste conceituado colégio em Lisboa.

CIL realiza Assembleia-geral

T eve lugar, no passado dia 9 de Abril, no Espaço Cultural e Bi-blioteca Dr. Elias Baruel a realização de mais uma Assembleia-

geral da Comunidade Israelita de Lisboa. Neste dia foram aprovadospor unanimidade o relatório e contas relativos ao ano de 2005, quede forma inédita na CIL foram apresentados absolutamente dentrodos prazos estatutários. Também inédita foi a apresentação de umorçamento global para o ano de 2006 devidamente detalhado e ilus-trado através de uma apresentação feita no sistema "data show"

Acto Solene deYom Hashoá

Dezenas de pessoas participaram no tradicional acto deYom Hashoá da CIL em memória e homenagem às ví-

timas do Holocausto, realizado no passado dia 24 de Abril noEspaço Cultural e Biblioteca Dr. Elias Baruel. Jovens, crian-ças e adultos participaram no acto através da leitura de tex-tos alusivos à tristeza da Shoá (Holocausto) à bravura e or-

gulho da Tkumá(Levante e a revol-ta) e à continuidadedo nosso povo atéaos dias de hoje. Oacto contou com otambém tradicionalacendimento das 6velas em memória

dos 6 milhões de vidas judaicas assassinadas durante a 2ªGuerra Mundial e encerrou-se com a canção "Eli Eli" inter-pretada por Marcos Prist. Estiveram presentes neste dia oEmbaixador de Israel - Aaron Ram e o Cônsul Yacov Zacha-ria, acompanhados das suas respectivas esposas.

Tikvá 58 • Abril/Maio 9

Cátedra de EstudosSefarditas

Realizou-se em Lisboa entre os dias 11 de Maioe 2 de Junho o Ciclo de conferências 2006 daCátedra de Estudos Sefarditas "Alberto Bevenis-te". O ciclo teve lugar na sala de conferências daReitoria da Universidade de Lisboa e o programacontou com os seguintes convidados e temas :Giuseppe Marcocci (Scuola Normale Superiorede Pisa) - "A Inquisição Portuguesa sob acusa-ção: o protesto romano de Gastão de Abrunho-sa" ; Fabrizio Lelli (Università di Lecce) "Portu-guese geographical discoveries: Yohanan Ale-manno's Renaissance curiosity"; Ronaldo Vain-fas (Universidade Federal Fluminense) "Tipolo-gia do desengano: cristãos-novos portuguesesentre Amesterdão e o Brasil holandês" e AntónioAndrade (Universidade de Aveiro) "De Ferrara aLisboa: tribulações do cristão-novo AlexandreReinel, preso no cárcere do Santo Ofício".

Moré Laércio Pintchovskichega a Lisboa

No início do mês de Junho chegoua Portugal para trabalhar na CIL oMoré (Professor) Laércio HillelPintchovski juntamente com a suaesposa Andréa e o seu filho Jona-than. O More Laércio é brasileiro,vive há 4 anos em Israel (AhuzzatBarak - proximo de Haifa) e irátrabalhar com jovens, crianças eadultos através do ensino da reli-gião e cultura judaica, nomeada-mente o Tanach, Talmud e a línguahebraica. Excelente pedagogo,com grande experiência educacio-nal nas distintas faixas etárias, de-senvolve importante trabalho rela-cionado com todas as festividadesjudaicas, entre as quais a prepara-ção de Bar e Bat-Mitzvot, bem co-mo na área da produção e manu-tenção de material pedagógico eacervo bibliotecário.

Page 6: Tikvá nº 58, 6º ano

I S R A E L E M F O C O

Não sei se já vos aconteceu, mas eu às vezes sintoalguns remorsos por não ser um bocadinho mais

religioso. Isto porque me sinto muito bem com o factode ser judeu, acho que estou a conseguir transmitir omesmo sentimento aos meus filhos e estou de facto in-teressado em que o Judaísmo não se extinga. Será queo pouco que cumpro dos santos preceitos da nossa mi-lenária religião judaica chega para impedir a sua extin-ção? Será que devemos a preservação do Judaísmo aosjudeus religiosos e aos ortodoxos?Devo confessar que os dados recentemente publicadospelo Instituto Nacional de Estatística de Israel me deixa-ram um pouco mais sossegado. 44% dos seus habitantes,com idade superior a 20 anos, declararam não ser religio-sos. 27% afirmaram cumprir as tradições, o que, conven-hamos, até nem implica nenhum esforço especial, paraquem vive em Israel. Dos restantes, 12% declaram-setradicionalistas-religiosos, 9% religiosos e 8% ortodoxos.Ou seja, afinal eu estou mais ou menos a par e par com71% da população de Israel, insuspeita, quanto a mim,de estar a contribuir para o desaparecimento do Judaís-mo. Porque isso de manter as tradições (27%) é muitorelativo. Afinal, nós somos o Povo do Livro (Am Ha'sefer)mas, com algum do humor que nos caracteriza, tambémsomos o "Povo da Barriga" (Am Ha'Beten), já que quaseque não há festividade que não seja "tradicionalmente"acompanhada por uma boa refeição. E a história repete-se ao longo do calendário comemorativo judaico: elesqueriam tramar-nos, Deus safou-nos...'bora' lá comer.No extremo oposto, falando da atitude em relação ao Ju-

daísmo, claro está, os correligionários israelianos orto-doxos, até poderão estar a contribuir, à sua maneira, pa-ra a preservação do Judaísmo. No entanto, na sua grandemaioria, contribuem muito pouco para a sociedade e opaís. No mesmo inquérito, 72% declaram que a sua prin-cipal actividade é o estudo da religião. Leia-se, claro, famí-lias numerosas, que vivem comparativamente com escas-sos recursos mas que recebem uma fatia de leão dos sub-sídios sociais, e que se dedicam... ao estudo da Torá. Ficaram por referir os religiosos não ortodoxos, cujacontribuição para o Judaísmo e para Israel não está emcausa. Talvez fosse de fazer uma pequena ressalvasobre o grupo dos chamados "colonos" cujo imperialismose mistura com a religião e opiniões minoritárias queoneram de forma muito pesada os cofres do tesouro doEstado de Israel. Mas fica para outra ocasião. Por mim,as festividades mais importantes do Judaísmo poderiamser Pessach (a festa da liberdade religiosa), o Dia do Ho-locausto (lembrança recente do anti-semitismo, que nãodiferencia os mais religiosos dos menos religiosos) e oDia da Independência do Estado de Israel (quer se vivadentro ou fora, a sua existência faz toda a diferença).Mas os teólogos que formulariam, eventualmente, estasalterações, ainda estão por nascer. Entretanto vou conti-nuar a procurar ser uma boa pessoa e um bom judeu. Ea respeitar, sem remorsos, as convicções de todos osmeus correligionários, mesmo os que pensam que paraDeus, eu sou praticamente um desconhecido.

Gabriel Steinhardt

Semana de Filmes de IsraelNuma iniciativaconjunta da Em-baixada de Israel

e do New Líneo Cinema, realizou-se de10 a 16 de Maio uma "Semana de Filmesde Israel". Este evento teve lugar no Ci-nema City, Beloura Shopping em Sintra,com a apresentação de um filme diário,pelas 20H00. Nas sessões de abertura(10/5 pelas 19H30) e de encerramento(16/05 20H00), respectivamente com osfilmes "Out of Sight" e "Syrian Bride", es-tiveram presentes Dany Sirkin e EranRiklis, realizadores de ambos os filmes.

Colonoscopia sem DorÉ Israelita o instrumento portátil que,contendo uma câmara miniatura, percorreo caminho através do cólon, fornecendo aosmédicos imagens comparáveis às obtidasnas vulgares colonoscopias, mas sem o tra-dicional desconforto destas. O Aer-O-Sco-pe, já testado com sucesso em humanos,pode vir a baixar a incidência de cancro docólon ao encorajar as pessoas a fazer o ras-treio sem ter medo do exame em si.

Há países que cuidam de bombas, outros de tecnologia de ponta...Israel tornou-se o segundo maior país emnúmero de empresas na Nasdaq, a bolsade valores americana que concentra ac-ções do mercado de tecnologia. Setentagrupos Israelitas têm papéis na Nasdaq.Não deixa de ser significativo, para um paíscom menos de sete milhões de habitantes. Fonte: Jornal O Globo - Online

Músicos de Israel em Lisboa No passado dia 6 de Maio estiveram emShahrit, na Sinagoga, dois músicos radica-dos em Israel há 26 anos, Roger e AnitaKamien (Kamienetzki). Vieram a Lisboarealizar vários concertos com o King DavidEnsemble (5 violinos, duas violas e um vio-loncelo) todos eles elementos da Jerusa-lém Symphony Orchestra. Os concertosforam realizados no Conservatório Nacio-nal, a 5/5, no Mosteiro dos Jerónimos (sa-la do Capítulo) 7/5, às 12h, onde executa-ram obras de Vivaldi e de Mozart, sob a di-recção de Anita Kamien, no Palácio da Aju-da, a 7/5 às 15h concerto de piano a 4mãos (Anita e Roger Kamien) e no HotelLapa Palace, a 10/5, num evento de bene-ficência (King David Ensemble, sob a di-recção de Anita Kamien).

Meus prezados amigos,É com grande prazer que vos saúdo por ocasião do58.º aniversário do Estado de Israel. Israel tem ex-perimentado muitos desafios e triunfos nestes 58anos de existência. Nascido das cinzasdo Holocausto, uma nação de refugiados,Israel tornou-se um país moderno e vibran-te e emergiu como líder mundial nos cam-pos da tecnologia, medicina e ciência.Estou comprometido em dedicar a minhamissão como PM à implementação da min-ha visão de um futuro melhor para nós e para as nossascrianças - um futuro de maior segurança pessoal, justiçae esperança, um futuro no qual o Estado de Israel exem-plifica valores intemporais de honra há muito característi-cos do povo Judeu - união, tolerância e respeito mútuo.Temos de assegurar o futuro do Estado de Israel comoEstado Judeu e democrático, com Jerusalém como sua

capital unida e indivisível. Esgotaremos todas as possibili-dades para definir as fronteiras finais do Estado de Israel,

por forma a vivermos em paz com os nossos vizinhos.Vós, os nossos irmãos e irmãs na Diáspora, são os

nossos parceiros na realização destesonho. A vossa devoção ao Estado de Is-

rael é fonte de força e orgulho para nós econtamos com o vosso apoio. É por isso que

a educação Judaica e sionista é tão crucialno aprofundamento da continuidade e

identificação Judaicas e a razão pela qual devemoscontinuar a encorajar o aliyah bem como a promo-

ver programas como o Birthright e MASA.À medida que embarcamos neste novo capítulo da nos-sa história, temos de manter-nos unidos. O nosso futu-ro e o futuro do Povo Judeu está nas nossos ombros eenfrentá-lo-emos, juntos, com coragem e optimismo.Chag Sameach

10 Tikvá 58 • Abril/Maio Tikvá 58 • Abril/Maio 11

MENSAGEM DO PM DO ESTADO DE ISRAEL SR. EHUD OLMERT, ÀS COMUNIDADES JUDAICAS DA DIÁSPORA, POR OCASIÃO DO 58º. ANIVERSÁRIO DE INDEPENDÊNCIA DE ISRAEL

A um Deus desconhecido

Depois de se terem tornado cidadãs de Israel, as três irmãs deHaniyeh - o primeiro-ministro Hamas da Autoridade Palesti-

niana - vivem em Tel-Sheva, em pleno coração de Israel. Palesti-nianas de Gaza que, como tantas outras, casaram com um beduí-no de Israel. Aliás, são as três casadas com homens da mesmafamília, os Abou Rayak. O que não tem nada de estranho, dandocontinuidade aos costumes matrimoniais que obedecem a tradi-ções ancestrais: "Os chefes das tribos beduínas como os AbouRayak são geralmente bastante ricos, explica Raphael Israeli, es-pecialista em Islão na Universidade de Jerusalém. Acumulam ri-quezas ao longo das gerações e podem oferecer bons dotes àsfamílias das suas futuras esposas. As irmãs de Haniyeh, vindo deuma família com boa reputação em Gaza, foram sem dúvida "ad-quiridas" contra uma sólida contrapartida financeira".O clã Abou Rayak vive num bairro agradável em Tel-Sheva. Ca-sas de tecto plano, com vastos alpendres onde se apanha o fres-co e com os postigos sempre fechados. As irmãs Haniyeh recu-sam qualquer encontro com a imprensa. "Não compreendo o seumutismo, espanta-se Salam Abou Rayak, um membro do clã, euno lugar delas, estaria orgulhoso". Hospitaleiro, diz-nos queduas das irmãs são mais velhas que o dirigente do Hamas (46anos). São mães de famílias numerosas e as suas crianças sãomuito bem-educadas. A terceira não é casada.Tendo casado com árabes israelianos, as irmãs Haniyeh torna-ram-se cidadãs de Israel e recebem alocações familiares. O seuirmão, agora célebre, vinha frequentemente a Tel-Sheva para asvisitar. "Bastante antes da Intifada", segundo um vizinho.Três irmãs, cidadãs de um Estado que o próprio irmão jurou des-truir. Ninguém em Tel-Sheva vê realmente o problema. "Algunsisraelianos acham isto escandaloso" - observa Hussein al-Rafaye,representantes das aldeias beduínas não reconhecidas. "Masantes de 1948 já aqui estávamos todos. A região organizava-se àvolta de um triângulo Gaza, Beer-Sheva e Dimona. O facto dasfilhas de Gaza se casarem com gente daqui, é normal".Quanto à adopção da nacionalidade israeliana, o próprio autarca deTel-Sheva reconhece que a iniciativa das irmãs Haniyeh é prova-velmente oportunista: "Separamos a nossa cidadania, da nossaidentidade" - diz Anad al-Assam. "As irmãs de Haniyeh certamen-te não se definem como israelianas. Ao mesmo tempo que honramas suas obrigações e respeitam as leis, aproveitam as regalias quelhes oferece este Estado. Não vejo aí qualquer problema moral"Agora que o irmão acedeu às mais altas funções em Gaza, as irmãsHaniyeh não pensam voltar a Gaza. Apesar dos laços familiares quenos unem aos nossos irmãos palestinianos, diz Salam Abou Rayek,continuamos parte integrante deste Estado. É a nossa casa".

Stéphane Amar, Proche-Orient Info

As três irmãs do primeiro-ministro Hamas da Autoridade Palestinianavivem em Israel.

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“E u penso que alcançamos apaz em nosso tempo". Esta

foi a famosa frase proferida porNeville Chamberlain aquando dasua chegada a Londres depois deregressar da conferência de Mu-nique de 1938, munido de um "pa-pel" assinado por Hitler em que es-te se comprometia na defesa dapaz. Em 2006, o Presidente doIrão, Ahmadimejad, escreveu umacarta ao Presidente George W. Bu-sh, levando a que um conjunto deanalistas diga: "Vale a pena re-sponder" "Vale a pena negociar". Éobvio que ambos os acontecimen-tos têm muitas diferenças, o Presi-dente Bush não é Chamberlain eAhmadimejad ainda não é Hitler.Mas existem semelhanças entre osdois acontecimentos.A primeira semelhança consiste napolítica de apaziguamento de dita-dores como forma de alcançar apaz. Se à Alemanha, numa tentati-va de a apaziguar, foram concedi-dos os Sudetas, e mesmo assim,passados seis meses, esta anexouo restante território da Checoslová-quia, após se tornar uma potêncianuclear, o que impedirá o Irão deinvadir o Iraque, em caso de saídadas tropas norte-americanas? Nes-se caso, o Irão passará a ser a po-tência dominante na região.A segunda semelhança está pre-sente no ataque à democracia li-beral ocidental, (relembre-se quea Checoslováquia era uma demo-

cracia), e que Ahmadimejad quali-fica este sistema político como in-capaz de "ajudar a realizar osideais da Humanidade". Nessamedida, o Estado nazi, preconiza-va o estado étnico, assente na pu-reza da raça, ao passo que o pre-sidente iraniano preconiza o esta-do "ético", assente num modeloteocrático. De resto, tanto Cham-berlain, como Bush, são parceirosválidos para conversar - mas ape-nas para iludir. Não nos esqueça-mos que os Ingleses eram "aria-nos" já que descendem dos anglo-saxões, e o Presidente Bush é um"believer", ou seja, pode fazerparte de uma aliança teocrática. A terceira semelhança assenta nadesvalorização do anti-semitismo

de Hitler (apesar do que estavaescrito no Mein Kampf), bem co-mo das afirmações anti-semitasde Ahmadimejad. Tanto Cham-berlain como Daladier julgavamesmorecer as tendências anti-se-mitas em Hitler com a celebraçãodos acordos de Munique. Passadopouco mais de um mês, os judeussão atacados em toda a Alemanha(incluindo na zona dos Sudetas)que passou à história como a"Kristallnacht". De igual modo, ca-so obtenha a tecnologia nuclear, oque impedirá o Irão de lançar ar-mas nucleares contra Israel?"Last, but not least", a ideia dadistância e da indiferença que le-vou à celebração dos acordos deMunique, continua a ser defendi-

A C O N T E C E U N O M U N D O

Munique 1938 Teerão 2006

12 Tikvá 58 • Abril/Maio

III Maratona da Paz - João Paulo II No passado dia 25 de Maio, atletas israe-litas e palestinianos, acompanhados pormais de 60 participantes italianos, entreeles, os olímpicos Andrea Zorzi e Rober-to Masciarelli, correram a III Maratonada Paz entre Jerusalém e Belém. O even-to foi celebrado em homenagem ao an-terior Papa João Paulo II. O Percurso de10 km foi auspiciado pelo Comité Olímpi-co Italiano, o Ministério de Turismo deIsrael, a Cidade de Jerusalém, a Confe-rência Episcopal Italiana e Opera Roma-na. O ponto de partida foi o Hotel NotreDame em Jerusalém. Os atletas israeli-tas entregaram a bandeira da Maratonaaos seus companheiros palestinianosque continuaram seguiram até Belém.

A 4 de Maio de 2006, um grande jantar de gala, pre-sidido pelo Director Executivo David Harris, reu-

niu 2.000 pessoas que puderam ouvir as intervençõesdo Presidente Bush,de Ângela Merkel ede Kofi Annan. AChanceler alemãevocou a vergonhados crimes cometi-dos pelo nacional-socialismo e sublin-hou que a Alemanha

tem o especial dever de garantir a segurança do Esta-do de Israel. As celebrações prolongaram-se por váriosdias com numerosos debates sobre os problemas dasociedade civil americana: a imigração, os direitos cí-vicos, os problemas urbanos, com intervenções dos"mayors" de Los Angeles e Houston. Outros debatesevocaram também a dificuldade de manter o judaismoamericano face à assimilação. Todos os intervenientesmanifestaram-se a favor de uma atitude de firmeza fa-ce ao Hamas e ao Irão. Lembramos que o American Je-wish Committee celebrou com a nossa comunidade umacordo de cooperação no passado mês de Março.

da em relação ao Irão. Chamber-lain afirmou que se estava a entrarem guerra "por um país distante epor pessoas que não conhecemosnada", e que o espaço vital nãoprejudicava os interesses estraté-gicos da Grã-Bretanha. Actualmente a defesa da ideia deque um Irão nuclear não amea-çará a segurança do mundo oci-dental, é bastante veiculada eapelativa. Efectivamente, qual arazão em enveredar pelas sançõeseconómicas, ou outro tipo de sanções, se a segurança do mundoocidental nunca estará em causa -já que o Irão está longe. Se porexemplo o Irão lançar um míssilbalístico munido de uma ogiva nu-clear contra Israel, o que faremos?Assobiaremos para o lado? Efecti-vamente, eles estão longe... E de-pois se for lançado sobre Marselha,será um problema dos franceses?Como se pode constatar, a paz aindanão foi alcançada no nosso tempo. É necessário agir, impedindo o de-senvolvimento nuclear do regimeiraniano, sendo de referir que sedá muitos passos errados enquan-to se está parado. Citando SirWinston Churchill "o apaziguadoré aquele que alimenta um crocodi-lo na esperança de ser devoradoem último lugar".

Francisco Gonçalves

Nuno Wahnon Martins

O American Jewish Committe comemora este ano o seu Centenário

Sessão comemorativa,em Israel do nascimento de

O JudeuO encerramento do ano das comemorações do nascimento de

António José da Silva, "o Judeu", foi assinalado pela Universi-dade de Bar-Ilan, em Ramat Gan, Israel, numa iniciativa conjuntada Liga de Amizade Israel-Portugal e do Centro Cultural Israel-Bra-sil, com o patrocínio das embaixadas de Portugal e do Brasil nestepaís. Presidiu o reitor da Universidade, professor Yossef Yeshuron,tendo a apresentação do tema e dos oradores sido feita pelo pro-fessor Moisés Orfali, decano da Faculdade de Estudos Judaicos.Estiveram presentes os embaixador de Portugal, Pedro Nuno Bárto-lo, e o embaixador do Brasil, Sérgio Moreira Lima, além de outrosdiplomatas de ambos os países.Estiveram também Shmuel Tevet, antigo embaixador de Israel emLisboa, e esposa, e Yaakov Keinan, antigo embaixador em Brasíliae esposa. A assistência, muito interessada, excedeu em muito asprevisões. Nas comunicações a universidade anfitriã esteve repre-sentada pelo nosso conhecido historiador Dov Stuczinski, que tevea seu cargo o tema "António José da Silva e a Inquisição".Jacobo Kaufmann, homem de teatro, encenador e investigador, cu-ja tradução para espanhol do "Don Quixote" de António José da Sil-va acaba de ser posta à venda em Madrid, fez uma exposição de-talhada da obra teatral de António José, e analisou alguns factosque a documentação existente apenas permite conjecturar.A leitora de língua e literatura portuguesa do Instituto Camões, Mar-ta Dineia Gamito, que lecciona nas Universidades de Jerusalém e deTelavive, fez uma comunicação, muito apreciada sobre a obra literá-ria do malogrado escritor colocando-o cronologicamente, como dra-maturgo, entre Gil Vicente e Almeida Garrett, mas no contexto dopanorama da literatura teatral europeia no século XVIII.O professor Avi Gross, da Universidade de Ben-Gurion no Neguev, fa-lou sobre o retorno dos cristãos-novos do Brasil ao seio do judaísmo,salientando as dificuldades que encontram por parte das instituiçõesrabínicas, e a actividade dos fóruns em que participam na Internet.Foi depois projectado um dos capítulos do documentário de Yigal Lus-sin, para a televisão israelita,"Jerusalém que foi na Espanha" no qualé focado António José da Silva, com a participação de Colette Avital,Anita Novinski, Mery Ruah, e a comunidade cripto-judaica de Belmon-te.O documentário foi filmado na transição entre as tradições ances-trais dos cristãos-novos de Portugal e a integração no judaísmo nor-mativo, com a abertura da primeira sinagoga em Belmonte, e o seuprimeiro rabino, Josef Sebag. Precedendo a projecção, Inácio Stein-hardt fez uma curta retrospectiva, em que se referiu à sua primeira vi-sita a Belmonte em 1964, ao primeiro documentário produzido em1975, por Ron Ben Yishai, o segundo "The Last Marranos", produzidopor Stan Neumann e Frederic Brenner, na década de 80, e os eventosque se seguiram ao trabalho de Yigal Lussin, nomeadamente aconstrução da sinagoga e do cemitério. Seguiu-se um almoço em queo público heterogéneo, que assistiu ao colóquio teve ocasião de seconhecer e de trocar informações sobre a ligação de cada um à cultu-ra judaico-portuguesa. De salientar o facto de que não só é a primei-ra vez que o público israelita tomou conhecimento da vida e da obrado malogrado cristão-novo português, como a maioria dos presentes,que fez os seus estudos em Portugal não se lembrava de ter ouvidomencionar o seu nome e a sua obra literária.

Inácio Steinhardt

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14 Tikvá 58 • Abril/Maio Tikvá 58 • Abril/Maio 15

António José da Silva

o Judeu

C O N T A N D O A N O S S A H I S T Ó R I A

A NTÓNIO JOSÉ DA SILVAnasceu no Rio de Janeiro,

em 8 de Maio de 1705. Seu pai,João Mendes da Silva, poeta eadvogado, cristão-novo, judai-zante em segredo, conseguiusempre manter a aparência debom cristão. Sua mãe, LourençaCoutinho, não terá tido o mes-mo cuidado em ocultar as suaspráticas secretas, e foi presa em1713, por judaizante, e deporta-da para Portugal. Acompanha-ram-na o marido e o filho, entãocom a idade de 7 anos.António José da Silva estudoudireito em Coimbra, mas, desdemuito cedo dedicou-se à litera-tura. Ainda estudante, escreveuuma sátira à sociedade burgue-sa do seu tempo, de que resul-tou a sua prisão, sob o pretextode ser também judaizante. Foipenitenciado e solto.

Embora tenha praticado a ad-vocacia durante algum tem-po, António José foi sobretu-do um p ro l í f e r o e s c r i t o r ,cr iando a reputação de umdos mais proeminentes dra-maturgos da época.Escreveu comédias burlescas,paródias, teatro de bonifrates eóperas cómicas, que ficaramconhecidas na literatura portu-guesa como "as obras do Judeu".No entanto a colectânea das suasobras só foi publicada em finaisdo século XVIII, com o título de"Theatro Cómico Portuguez", por*** (sem nome do autor).Essas obras foram representa-das sobretudo por bonifrates, noantigo Teatro do Bairro Alto. Noentanto, pelo menos uma dassuas óperas foi musicada, pro-vavelmente sem conhecimentodirecto do autor. Uma partitura

assinada por um compositor dacorte, António Teixeira, encon-tra-se na biblioteca do PalácioDucal de Vila Viçosa.As suas obras mais conhecidassão Vida do grande Don Quixotede la Mancha... (1733), Esopai-da (1734), Encantos de Medeia(1735), O AnfitriGo (1736), Va-riedades de Proteo (1737), e OPrecipEcio de Faetonte (1738).Em 1737, foi novamente presopela Inquisição, juntamentecom sua mãe, e com sua espo-sa, uma cristã-nova da Covilhã,todos acusados de práticas se-cretas de Judaísmo, e de guar-darem o sábado. António foi de-nunciado por uma escrava ne-gra. Torturado, quebraram-lheos dedos. Não pôde sequer assi-nar a sua própria confissão.Numa triste poesia em que rela-tou algumas das suas desgra-ças, ele escreveu: "... se aca-so... é culpa o não ter culpa, euculpa tenho; mas se a culpa quetenho não é culpa, para que meculpais com impiedade."Em Outubro de 1739, AntónioJosé da Silva foi garroteado equeimado em auto-de-fé, emLisboa. Tinha 34 anos. A sua vida inspirou muitos au-tores nacionais e estrangeiros. As obras mais conhecidas sobreele são o romance "O Judeu" ,de Camilo Castelo Branco, e apeça do mesmo nome, de Ber-nardo Santareno.

E m todo o mundo existem candidatos àconversão ao judaísmo: mulheres que que-

rem fundar uma família judaica, através do casa-mento com um judeu; pessoas que são de des-cendência judaica, mas não são judeus do pontode vista haláhico; homens e mulheres a quem ahistória apagou, frequentemente de forma cruel,os antigos vínculos judaicos; ou mais simples-mente por opção pela fé judaica. Os motivos sãodiversos, mas desde que sinceros e postos à pro-va pelo estudo e pela prática, deveriam seraceites com alegria e não dificultados.Infelizmente, não é o que se passa. As instânciasrabínicas ortodoxas, tornaram as conversões qua-se impossíveis. O acto de conversão tornou-se pa-ra os candidatos um suplício a que poucos resis-tem. A não ser que tenham muito dinheiro ou"cunhas" muito especiais no complexo mundo dasinstituições ortodoxas, em que a conversão acabafrequentemente por ser um instrumento ao servi-ço de lutas intestinas de poder.O resultado é que muitos candidatos acabam pordesistir da conversão ortodoxa e viram-se para asconversões liberais que depois não são reconheci-das pelo "establisment" judaico. O judaísmo não faz proselitismo, ou seja não pro-cura converter as pessoas. As razões são religio-sas e históricas. Em primeiro lugar, porque se-gundo a interpretação rabínica, um não judeu quecumpra as sete leis de Noé - nomeadamente aproibição da blasfémia e da idolatria, do homicí-dio, do roubo e do incesto e o dever de instituirum sistema de justiça - regras consideradas pelatradição judaica como as leis universais que de-vem reger a humanidade, esse não-judeu éconsiderado como um "justo entre as nações domundo" um hasidé oummot há-olam. Como bemreferiu Elie Wiesel, o judaísmo não pretende tor-nar o mundo mais judaico, mas sim mais humano.As razões históricas também são importantes: al-vos de uma feroz perseguição, logo a partir dosprimeiros séculos de cristianismo, os judeus fo-ram impedidos de fazer proselitismo. Por estasrazões a religião judaica é a única que nunca pro-curou converter a terra inteira à sua fé. Isto sóabona em seu favor.No entanto, esta realidade somada às persegui-ções constantes, às conversões forçadas, à Inqui-

sição, aos pogroms e ao Holocausto, levou a queno mundo de hoje os judeus não chegam aos 14milhões. Seria pois natural, não que se abrisse asportas indiscriminadamente - não é essa a nossavocação - mas que se acolhesse aqueles que real-mente querem, podem e devem fazer parte donosso povo, a exemplo de Ruth a Moabita, cujo li-vro lido em Shavuot é o testemunho da aceitaçãojudaica das conversões sinceras.Infelizmente, não é isso que sucede: na realidade,enquanto se clama pelas tribos perdidas, na prá-tica dificultam-se as conversões individuais. Por-quê, não sei. Sei apenas que hoje, com uma assi-milação galopante, é cada vez mais prementeuma reflexão de fundo sobre esta questão porparte das instâncias rabínicas.

Esther Mucznik

M O M E N T O D E R E F L E X Ã O

CONVERSÕES NO JUDAÍSMO

Exposição sobre os 300 anos do seu nascimento

A seu tempo, a Biblioteca Nacional organizou uma exposição para assina-lar os 300 anos do nascimento de António José da Silva "o Judeu" (1705-1739), que esteve patente de Julho a Outubro de 2005. Da exposiçãoconstavam manuscritos e impressos das obras atribuídas a António Joséda Silva, ou sobre ele, bem como os seus processos na Inquisição. Paraalém dos documentos escritos, procurou-se ainda dar relevo às inúmerasencenações contemporâneas das óperas do Judeu, com cartazes, imagense marionetas. A exposição foi acompanhada por um catálogo que está dis-ponível na Biblioteca Nacional e um site que pode ser consultado emhttp://purl.pt/922/1/. Lúcia Liba Mucznik

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Tikvá 58 • Abril/Maio 1716 Tikvá 58 • Abril/Maio

RimonimA Busca da memória de um importante património

P oucos dias antes da comemoração do centenário dasinagoga Shaaré Tikvá, realizado em Setembro de

2004, Sonia Huli Bernfeld, membro da CIL e da sua Di-recção, foi à sinagoga para ajudar o então rabino dacomunidade, Boaz Pash, a encontrar trajes adequadospara a cerimónia. Descobriu no quarto, nos fundos doedifício, uma velha caixa de papelão com vários objec-tos que não soube, no princípio, identificar."Como a sinagoga ainda estava em restauro, pensei queas peças tenham sido guardadas ali para que as obraspudessem ser feitas. Na verdade eram rimonim que orabino Vaknin tinha posto de lado para conserto. Resolvilevá-las para casa para os restaurar", diz Sónia. Ao colo-car os objectos no seu carro, ela nãofazia ideia que estava a carregarconsigo uma importante parte daHistória da Comunidade Judaica Portu-guesa. Começava ali a busca por frag-mentos - dos rimonim e do passado -que pudessem ajudar na reconstruçãodeste tesouro.A caixa continha 6 pares de rimonim(ornamentos que decoram a Torá), 3deles em péssimo estado de conser-vação: "Algumas partes estavam to-talmente destruídas, quebradas. Nãopodia nem pedir orçamento de res-tauro para um especialista porquenão sabia sequer o que pedir. Decidi,então, analisar, desenhar, descrever,fotografar, numerar e catalogar cada uma das peças.Animei-me com o projecto e quis fazer um levanta-mento de todos os rimonim, busquei outros, algunsguardados por estarem mais fragilizados e até os queestavam no Ehal", conta Sonia. O trabalho foi demorado e exaustivo, no entanto, com-pensador. Sónia conta que ficou mais de uma semanacom cada rimon, mas neste processo, foi como entrarem contacto com o criador da peça. Alguns pares estavam trocados devido à grande semel-hança entre eles. Ao desmontar os rimonim, foi possí-vel encontrar o caminho para sua recuperação e, tam-bém, descobrir parte de sua história. Muitos vieram deMarrocos e sabe-se que um deles, por exemplo, datade 1879 (5639). Há rimonim com homenagens escritasem Hebraico a Salomão Seruya, Jaime Pinto ben Meir,Judá Azagury, Izthak Ahuelg, Samuel Levy Taurel,Yousef Koen, de Messod Cohen para Esther Busaglo,Salomão Pimenta, Shlomon Peris. Revelações como estas só foram possíveis graças aajuda do Sr. Samuel Levy que, recentemente, ajudou

a Sónia na busca de pistas que possam identificar aorigem dos rimonim. O Sr. Samuel Levy lembra que quando era presidenteda CIL, antes do restauro da sinagoga, as peças fo-ram enviadas para especialistas que fizeram um orça-mento da recuperação, entretanto, o alto custo dotrabalho impediu sua concretização. "Eram muitosmilhares de contos", diz.Desta vez foi diferente. Ficou decidido que seriam feitosorçamentos por partes. Sabendo o que é necessário parao restauro de cada peça, pode-se recuperar umas edeixar outras para depois. Sónia concorda que isso levarámuito tempo, mas afirma que a vida tem outra motiva-

ção quando se tem projectos: "Pre-tendo ainda recuperar as mapots, oscandelabros, todos os objectos de cul-to, as pinturas e os livros. Há muitotrabalho a ser feito".Numa fase inicial,foram solicitados orçamentos a trêsespecialistas e um ourives de Lisboaacabou por receber a tarefa de res-taurar os primeiros rimonim. A iniciativa contou com o importanteapoio da Fundação Lustigman e assimteve início o processo de recuperação.Até ao momento, três pares já foramrecuperados, quatro estão sendo res-taurados e restam ainda 20 pares."Espero que outros doadores possamse sensibilizar e oferecer o restauro

das peças restantes garantindo, assim, a manutençãodeste importante património para as futuras gerações.Além de novas doações, procuro pessoas que possamajudar a desvendar o passado destas peças, cada umadelas tem uma história, uma memória que merece serrecuperada. Se não, o trabalho termina aqui. E o queteremos? Apenas corpos sem alma"

O que são os rimonim?Rimonim são pequenas coroas de prata que servem comoornamentos colocados nas pontas do rolo da Torá, sobreos suportes de madeira. Rimon (no singular) significaromã. Esta fruta, por ser cheia de sementes, simboliza aesperançosa bênção de grande fertilidade e aumento dapopulação judaica. As romãs eram também adereços doTemplo. Os sinos, comuns nos rimonim, são agitados emSimchá Torá como sinal de alegria e são usados, também,para chamar a atenção das pessoas presentes na sinago-ga quando a Torá é retirada para a leitura..

Camila Welikson

E S P A Ç O A B E R T O

4º ANIVERSÁRIO DO DOR CHADASH !O movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa comemorou com muita alegria no passado dia 26 de Março oseu 4º ano de realizações com um super "passeio adventure" realizado no Campo Aventura em Óbidos econtou com a presença de dezenas de jovens e crianças.

YOM HAATZMAUT NO DOR CHADASHUma actividade especial para pais e filhos realizada noMaccabi no passado dia 7 de Maio, marcou num am-biente de muita alegria e descontracção a comemoraçãodo 58º aniversário do Estado de Israel. Neste dia ocor-reu um divertido "caça ao tesouro" temático com a participação de jovens eadultos que a seguir juntos participaram de uma grande "Harkadá", roda de

danças israelitas. A actividade encer-rou com um mifkad (cerimónia) emhomenagem à Israel e um deliciosolanche típico israelita com direito aosdeliciosos húmus, tachina e pita (pãosírio).

SUMMER U 2006De 20 a 27 de Agosto em Barcelona/EspanhaPara jovens entre os 18 e 30 anos

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http://www.summer-u.com/

Mais fotos das actividades realizadas podem ser vistas em http://www.cilisboa.org/act_youth.htm

J U V E N T U D E

Page 10: Tikvá nº 58, 6º ano

L i v r o s

À PROCURA DE SANA | Richard ZimlerGótica Editores e Círculo de Leitores

Depois do encontro com uma ta-lentosa bailarina e do trágico pas-so que ela daria no dia seguinte,Zimler descobre então uma infân-cia vivida à sombra do Monte Car-melo, na década de 1950, umaépoca de tolerância entre comu-nidades vizinhas de árabes e dejudeus nos velhos bairros de Hai-fa. A demanda de Zimler desven-

da a história desta amizade extraordinária,apesar de o conduzir através de uma teiade ilusão, crueldade e enganos e, finalmen-te, ao 11 de Setembro de 2001, quando atragédia que testemunhou em Perth surgeà luz do mais extremado contexto político.

PORTUGAL E OS JUDEUS - Volume IJorge Martins

Começando por ser uma tese dedoutoramento, defendida pelo au-tor na Faculdade de Letras da Uni-versidade de Lisboa, no ínicio des-te ano, a obra está organizada emtrês volumes: o primeiro vai Dosprimórdios da nacionalidade à Le-gislação Pombalina, o segundo, doRessurgimento das Comunidades

Judaicas à Primeira República e o terceiro édedicado ao Judaísmo e Antisemitismo noséculo XX. É uma obra muito séria que sis-tematiza a evolução da relação do poder edo Estado português com as comunidadesjudaicas ao longo de cerca de mil anos.

OS Judeus em Portugal durante a II Guerra Mundial MUNDIALIrene Flunser PimentelA Esfera dos Livros

A autora traça um retrato humanoda passagem dos refugiados judeuspor Portugal, que trouxeram umalufada de ar fresco a um país fecha-do sobre si mesmo.

R E L I G I Ã O

18 Tikvá 58 • Abril/Maio

A S N O S S A S S U G E S T Õ E S

A CIL NA TVRTP 2

19 de Junho - 2ª Feira - 18h30Programa Fé dos HomensActividades da CIL

9 de Julho - Domingo - 9h00Programa CaminhosO Massacre de Lisboa

Eventual mudança no horário da emissão é de total responsabilidade da emissora.

Quer estudar Talmud ou saber mais sobre esta obra fundamental da nossa Torá? Venha saber mais sobre ciclo mundial DAF YOMI De 2ª a 5ª feira - às 08h30 na nossa Sinagoga.

Grupo de Estudos sobre a Parashá da semanaTodas as 6ªs feiras às 19h00 na Sinagoga. Aberto a todos.Coordenação: Alain Hayat

COMUNICADO ESPECIAL - PRODUTOS CASHER LE PESSACHCaros CorreligionáriosEste ano vários correligionários tiveram dificuldades, ou nem sequer conseguiram adquirir produtos Casher LePessah. Lamentamos sinceramente o sucedido e, apesar dos motivos terem sido absolutamente alheios à nossavontade, assumimos o compromisso de evitar que, no próximo ano, tal situação se repita. A DIRECÇÃO DA CIL

Prof. Haham Isaac Sassoon visita a nossa Sinagoga No Shabat Korah, do próximo dia 1º de Julho, vamos ter o prazer de receber

na Sinagoga Shaaré Tikvá o Prof. Haham Isaac S.D. Sassoon.Aproveitaremos a sua vinda para o convidar a fazer a leitura da Parashá e proferir um discurso. Será uma grande honra para a CIL, pois o nos-so visitante, nascido em Londres e Professor no instituto rabínico de Taeneck (NJ) é autor de vários livros e artigos, entre os quais os conheci-dos "Factory of Marranos" e "Uriel da Costa", que foram co-escritos pelo Prof. Herman Salomon. O discurso será proferido em Inglês. O Prof.Haham Isaac S.D. Sassoon voltará em Lisboa em Dezembro para o seu doutoramento.

CALENDÁRIO 5767 DA CILJá estamos a desenvolver o Calendário Judaico da Cil para o Novo Ano Judaico de 5.767 que já se aproxima. O Calendário será distribuido co-mo sempre gratuitamente a todos os nossos correligionários durante o mês de Agosto. Porém, todos podem colaborar financeiramente com aCIL nesta importante iniciativa, através da publicação de anúncios. Todos os anos vimos a contar com vários colaboradores e desta feita es-peramos contar também com novos anunciantes. Donos de Empresas, representantes, profissionais autónomos e outros, anunciem no Cal-endário 5767 e colaborem com a CIL. Entre já em contacto com a nossa Secretaria e faça o seu anúncio. Contamos com a vossa contribuição.Depto. de Marketing e Comunicação da CIL

Tikvá 58 • Abril/Maio 19

Prezados Leitores e Assinantes lembramos que desde a edição de nº 52, o nosso Boletim Tikvá passou a ser publicado com peridiocidade bimestral

Anuncie no TikváJÁ SÃO MAIS DE 50 EDIÇÕES PUBLICADAS ! MAIS DE 400 FAMILIAS E ENTIDADES

RECEBEM A NOSSA PRINCIPAL PUBLICAÇÃO, QUE ATINGE UM UNIVERSO DE MAIS DE 2 000 LEITORES EM TODO O MUNDO !

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Os 5000 anos de história e fé do povo judeu | Martin GilbertAlêtheia Editores, SA

Esta obra é uma excelente introdução àhistória do povo judeu e à sua culturareligiosa. Escrita numa linguagem viva econcisa, em forma de cartas a uma sen-hora - a Tia Fori -, judia, mas vivendona India há 70 anos, o livro cobre todosos grandes acontecimentos da históriajudaica: começando com Adão e Eva,prossegue com a viagem de Abrãao des-de a Mesopotâmia até Canaã, a migra-ção do Egipto para a Terra Prometida,Moisés e os Dez Mandamentos, os rei-nos de David e Salomão, a destruiçãoassíria da independência judaica, desdeos tempos antigos e medievais até àcriatividade, sofrimento e conquista dostempos modernos. "A minha esperança,diz Martin Gilbert, era a de que a histó-ria judaica, apesar dos seus momentosde tristeza, divisões internas, guerras esofrimentos, por vezes terríveis, reve-lasse a tenacidade e a capacidade desobrevivência do seu povo, os seus fei-tos, a sua vida comunitária, a sua criati-vidade..." . www.aletheia.pt

Participe nos Serviços Religiosos da nossa Comunidade 6ªs feiras às 20h00 Sábados às 9h00Venha e traga toda a sua família !

Page 11: Tikvá nº 58, 6º ano

Actividades Sociais e Culturais

Movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa - Ano VA cada semana um novo participante! Mais de 80 jovens já participam. Agora só falta você !

Actividades todos os domingos, das 15h00 às 18h00 no Maccabi Country ClubJovens e crianças a partir dos 3 anos | Participação: 5 € por semanaDescontos especiais na compra de senhas antecipadas

Coral Etz Chaim - Ano IV Coral Musical representativo da CILPara adultos entre os 20 e os 60 anosEncontros semanais - às 3 ª e 5ª feiras, das 19h00 às 20h30 - Monte Olivete

UPEJ - União Portuguesa de Estudantes JudeusSuper actividades mensais para jovens entre os 18 e 30 anos

DANÇA ISRAELITA NO MACCABI Sempre ccom nnovas ddanças ee ccoreografias ddo ffolclore iisraelita!

TODOS OS DOMINGOS NO MACCABIDAS 12H00 ÀS 13H00 - HARKADÁ | ABERTO PARA TODAS AS IDADES A PARTIR DOS 7 ANOS

DAS 13H00 ÁS 14H00 - LEHAKAT HAMACCABI | GRUPO DE DANÇAS PARA JOVENS DOS 12 AOS 25 ANOS

DIRECÇÃO: LILIAN PRIST

ATENÇÃO ! NÃO SÓCIOS DO CLUBE PAGAM UMA TAXA ESPECIAL DE PARTICIPAÇÃO !

Mais informações e inscrições através da nossa secretaria.Participe nas actividades e eventos da nossa Comunidade, pois a nossa Comunidade é você.

A S N O S S A S A C T I V I D A D E S

20 Tikvá 58 • Abril/Maio

Grupo Guil Hazaav - Ano IV (Idade de Ouro) Não perca mais tempo ! Venha participar connosco ! Actividades Especiais Permanentes (música, ginástica, palestras, passeios ...)Para adultos a partir dos 60 anos | Encontros semanais às 4ªs feiras, das 15h30 às 17h00 Sede no Monte Olivete | Participação: 5,00 €

MACCABI COUNTRY CLUB3ª a 6ª Feira - Das 9h00 às 17h00Tel: 21 9111188 - Tratar com Rosina | [email protected] com Rosina

Mistérios reveladosQuem esteve no jantar realizado no Maccabi, no dia 25 de Março, descobriu que beber vinho não se re-sume apenas a levar o copo à boca. Muitos dos mistérios deste ritual foram revelados por Ronald Brod-heim, numa "aula" descontraída e animada, preparada especialmente para a noite de queijos e vinhosdo clube. Os participantes ficaram fascinados não só com as explicações de Ronald, como também coma decoração, rica em detalhes, feita por Raquel Grossman e Fany Sechter.

Dia da Mulher 8 de Março é o Dia Internacional da Mul-her. O Maccabi não poderia deixar pas-sar em branco esta data e preparou umaexposição intitulada "As futuras mul-heres de Portugal", com fotografias dascrianças que frequentam o clube. Foi aforma que o Maccabi encontrou de ho-

menagear aquelas que marcaram o passado e as que prometem encher denomes femininos as futuras páginas da História. A exposição ficou abertadurante todo o mês de Maio e as fotos são de Camila Welikson.

Melhor prevenir do que remediarDe acordo com "The Breast Cancer Site" (www.thebreastcancersite.com), umaa cada oito mulheres desenvolve cancro de mama ao longo da vida. Como dizo ditado, é melhor prevenir do que remediar. Neste caso, é melhor, mais sen-sato e muito mais inteligente prevenir e a informação é uma das armas maisimportantes na luta contra a doença. No dia 14 de Maio, Estella Cuten, da em-presa Roche, esteve no Maccabi para reforçar esta ideia e falar mais sobre es-te mal que mata, por ano, mais de 43 mil mulheres em todo o mundo.

"Usaram e abusaram" ! Muitos sócios do Maccabi já descobriram formas de usar e abusar do clu-be, afinal, é para isto mesmo que ele existe. Em Janeiro, Catarina Kornorganizou um almoço de confraternização da empresa Audioban, e emMarço, foi a vez de Rafael Arié receber os seus amigos para uma festa noMaccabi. Alexandre Arié também comemorou o seu aniversário no clubecom motivos de futebol. Venha conhecer as nossas instalações e realizar connosco o seu grande evento !

Agenda

3 e 4 de JunhoII Open de Ténis do Maccabi (Pares) para todas as idades

4 de JunhoO Dr. Joshua Ruahirá proferir mais uma das suas excelentespalestras. Imperdível!

25 JunhoSuper Festa de 2 Anosdo Maccabi CountryClub com grandes surpresas e muitas atracções! Venham comemorar connosco esta grande data! Em breve, mais informações.

E ainda: Escolinha defutebol para sócios e nãosócios, todos os sábadosde manhã.

Informações: 21 911 11 88

O Maccabi é a sua casa!

Tikvá 58 • Abril/Maio 21

Page 12: Tikvá nº 58, 6º ano

H O M E N A G E N S

Participe nestas homenagens. Actualize os seus registos junto da nossa secretaria através do tel. 21 393 1130 de 2ª a 5ª feira - das 14h00 às 17h00 | [email protected]

22 Tikvá 58 • Abril/Maio

ANIVERSÁRIOS

MAIORalph George Bernfeld 4Mª Teresa Pereira Alves Dias 5Diana Ettner 5David Kolinski 6Nella Maissa 7Margarida Maria Ribeiro Passos 7Abraham Guerra 15Amália Garcia Stieglitz 15Howard Tenenbaum 15Ronald Brodheim 18Robert Sternberg 18Ana Sofia Joanes 21Saghi Koshét 26Miguel Benoliel Kadosch 27Tatiana Prist 27Ben Atzmon 29Ana Regina Alexandre 30Paula Holly 31

JUNHOLuisa Pestana Atzmon 1Rina Korn 2Vitor Melamed 3Carolina Fernandes Teruszkin 4Susana Flora Cesana Maissa 6Moisés Broder 7Roberto Kahn-Heymann 7Marta Mucznik 7Maurício Levy 9Siegfried Rosenthal 10António Azancot Korn 12David Arié 14Salomão Kolinski 14Pedro Schliesser 14Gaby Goldschmidt Ferreira 15Joaquim Alberto K.P dos Santos 17Daniel Schartzman Steinhardt 21Ricardo Maissa 28

JULHOGheorghe Bursan 1Harry Langer 2

Samuel Levy 7Marina Grossman 9Fabio Grossman 9Laura Cesana 10Leslie Koshét 19José Alberto Pontes B. Carvalho 21Miguel Bekerman 23Ronaldo Grossman 27Marco Gabriel Joanes 28Rudolf Aberlé 29Michael Moscovici 30Ezra Levy 31Luis Felipe Resnikoff 30David Drozdzinski Ruah 14Raquel D. Ruah 27David Sampson 13Lauren Wojtyla 12

NASCIMENTO Michelle Ruah - nasceu no Dia 6 de Abril, 5 de Nissan de 5766. Filha de Martina e David B. Ruah

BAR MITZVÁO jovem Abraham Ruah Guerra - 27 de Maio / 29 de Iyar de 5766,na nossa Sinagoga na presença de seus pais João Guerra e RaquelRuah, da sua família e de todo o "Kahal" presente.

NOTA DE FALECIMENTOÉ com profundo pesar que comunicamos o falecimentos de:ZELDA SZTERNFELD Z´L (Q.D.T)2 de Maio de 2006 / 4 de Iyar de 5766. Dedicada colaboradora da Liga e membro da direcção da Liga de Amizade Israel-Portugal desde a fundação. Membro da CIL por muitos anos, antes de emigrar para Israel

Apresentamos as nossas sentidas condolências à Família enlutada

N A H A L O T

SIVANSábado 27/05 Abraham Tuaty 1

Erma Kahn 3Margarete Leers Estácio da Silva 4Aron Blumberg 4Gimol T. Esaguy 4Moisés Obadia 6Henrique Feist 6

Sábado 03/06 Miquelina Esaguy Soares da Fonseca 7José Esaguy Wartenberg 8Orovida Amzalak 10Henna Matlo Segal 11Else Nachmann 11Jacob Ruah 13Raquel Sabah 13Zeew Wolf Terló 13Zelik Kit 13

Sábado 10/06 Rafael Esaguy 14Miriam Martins Noymark 14José Bensimon 14Garmano Kahn 15Israel Cagi Ruah 15Laja Bekerman 15Mauricio Goldrajch 15Isabel Levy 15Rebeca Benoliel 16Abrahão Benoliel 18Simy Levy Sequerra 18Faduenha Tangi 20Aixa Luiza Amram 20Gaston Aberlé 20

Sábado 17/06 Jérome Lucas 21 Moisés Jacob Sequerra 22 Elisa Sultan Icyk 23 Simy Ruah Benoliel 24Adolf Kom 25 Leonor P. Barros de Carvalho 25 Donna Sequerra 27 Ruth Esaguy Rodrigues 27

Sábado 24/06 Antónia S. Kaufmann 28 Sara Israel Zagury 29 Rev. Joshua E. Levy 29 Ruben Ruah 30 Daniel Schiffman 30

TAMUZLuba Bat Zorach 2 Jacob Tangi Bar Abraham 2 Simy Anahory Cardoso 3

Sábado 01/07 Joshua Sequerra 5 Raquel Segal Israel 7 José abadia 7 Sara Benveniste 7Simy Cagi Ruah 8 Helena Azancot 8 Aida Marques Esaguy 8 Eva Cohen Israel 9 Elisabeth Kahn 10 Matla Finkelstein 11 Isaac Bendelac 11

Sábado 08/07 Israel Ettner 17 Leão J. Kadosh 18 Herman Fox 18

Sábado 15/07 Samuel Bensimon 20 Regina Plocker 21 Rita Ambar 22 Messody Pacifico Valdez dos Santos 23Dr. Elias Baruel 25

Sábado 22/07 António Levy Mendes 26Esther Assor 26Roudolph Arié 26Elias Maissa 27Miriam Assor 27Sara Parienté 27Esther Querub 28Maximo Plocker 29

AVLucia Romano 1 Chaim Wirth 1Isabel Lewis 1Joshua Halevy Bar Shlomo 1Jaime Cohen Kadosh 3

Sábado 29/07 Dinah Israel 4Alicia Salomea Goldreich Amram 4 Isaac Israel 8 Erich Brodheim 8 Daniel Azavey Azancot 8 Rahma Cohen 9Reva Rough 9

Mazal Tov !! Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos !

Page 13: Tikvá nº 58, 6º ano

TIKVÁEnvie os seus textos e sugestões para TIKVÁ até ao dia 30 de cada mês.Rua do Monte Olivete, 16 r/c. esq. 1200-280 Lisboa | e-mail:tikvá@cilisboa.org

A quem se dirigirHorário de funcionamento da SecretariaSegunda a Quinta-feira, das 9h00 às 17h30Sexta-feira e vésperas de festas judaicas, das 9h00 às 13h00Horário de almoçodas 13h00 às 14h00

Atendimento ao públicoSegunda a Quinta-feira, das 13h00 às 17h30Os espaços para reuniões devem ser agendadoscom aviso prévio, mínimo de 48 horas

TesourariaMaria João [email protected]. 213 931 134Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00Telf. 213 931 130 | Fax 213 931 139

Director ExecutivoMarcos [email protected]

Ensino JudaicoProf. Laércio Hillel [email protected]

Movimento Juvenil Dor [email protected]

SecretáriaEstrella [email protected]

Visite o nosso site: www.cilisboa.org

DirecçãoPresidente Jose Oulman CarpVice-Presidente Esther MucznikVice-Presidente Ronald BrodheimTesoureiro José Salomão RuahSecretário Eva Ettner Vogal efectivo Clara K. CassutoVogal efectivo Charles ArieVogal efectivo Sonia Hulli Bernfeld Vogal efectivo Arnaldo GrossmanVogal Suplente Salomão KolinskiVogal Suplente Vera G. Ferreira

Assembleia GeralPresidente Moisés Bendrao AyashVice-Presidente Mordechai Atsmon1º Secretário Nuno Wahnon Martins2º Secretário Diana Ettner

Conselho FiscalPresidente Samuel TuatiVogal Efectivo David Bentes RuahVogal Suplente Guilherme Grossman

Presidente HonorárioDr. Samuel Ruah