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4th Edition sep. 20, 2015 Keith Pfeiffer Illustration

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Page 1: The New Yorker - Ed. 4

4th Edition sep. 20, 2015

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Page 2: The New Yorker - Ed. 4

02 Sep. 20, 2015 TNY - 4th Edition

US A hidra do medoNa edição de ontem (19/09), o TNY já previa por sua

enigmática bola de cristal a importante discussão sobre o avanço do Estado Islâmico no mundo. A organização terrorista aos poucos vai se articulando e mirando seus tentáculos de medo para partes além do Oriente Médio.

O atentado à redação do Haaretz, em Tel Aviv, é o reflexo do avanço e demonstra a força da organização que leva suor às testas dos mais capacitados e desarticula edições factuais de jornais ao redor do mundo, ao bel prazer de um gatilho apertado.

Os tentáculos do medo são similares aos tentáculos de uma Hidra, monstro mitológico com sete cabeças de serpente e capacidade de se regenerar, que atormentava os sonhos de Héracles, até que esse o tenha vencido em batalha deveras épica.

Pergunta-se: Quantas nações dariam um momento de sorte para, assim como Heracles, derrotar a hidra e não deixar que as cabeças cortadas espalhem-se como o medo que se alastra pelo mundo?

A enigmática bola de cristal não pode prever como as medidas tomadas em meio a crise diplomática no marcante 19/09/2015 irão repercutir no futuro, porém, não nos interessa encontrar cabeças de serpente rolando por aí.

Spotlight

Bate-boca sem finalidade na UNODCBY REBECA SOARES

Não é segredo para a sociedade internacional que enfrentamos gra-ves problemas. Um deles é o Esta-do Islâmico (EI), grupo terrorista que amedronta os quatro cantos do mundo com suas ações.

Tais feitos foram discutidos for-temente em comitês internacionais, como a Organização Marítima Inter-nacional (OMI), a Liga dos Estados Árabes (LEA) e o Escritório das Na-ções Unidas para Drogas e Crimes (UNODC).

É interessante observar que en-quanto até mesmo membros da

LEA, com todo o histórico de confli-to local, encontraram solução, a or-ganização responsável por combater o tráfico de armas foi a única que silenciou sobre o aproveitamento da situação já precária de refugia-dos transportados por navios que tinham como único objetivo merca-dejar armamento.

Além disso, os delegados nada se importaram ao ataque da Agência Haaretz, fato crucial para descobri-mento de navios ilegais com rota para Iraque e Síria.

As discussões bastante acalou-radas, por sinal, pareciam girar em torno do orgulho das nações ameri-

cana e russa. Em entrevista exclusiva, os dois

declararam que abririam mão de suas vontades para um resolução eficiente. Mas isso chegou tão lon-ge de acontecer, que a Organização, fundada com o objetivo de discutir e buscar soluções, manteve o comér-cio ilegal de armas para Iraque e Sí-ria, países com maior atuação do EI. Com toda a discórdia, ambos conti-nuam suas ações encobertas.

Into the past Churchill’s Cabinet

Discurso proferido em junho de 1944By General George Smith Patton Jr.

Na guerra, a única defesa certa é o ataque, e a eficiência do ataque depende das almas guerreiras daqueles que a con-duzem. No gabinete do Primeiro-Ministro britânico, temos reunidos os cavalheiros mais bem preparados no mundo para lutar contra os nazistas, não há falta de almas guerrei-ras aqui. Existem dois pontos principais quando começamos a ana-lisar estratégias de guerra. Primeiro de tudo, não se deve su-bestimar um inimigo, mas é igualmente fatal superestimá-lo. A ameaça nazista agora é um problema enorme para o mun-do, mas temos certeza que eles não serão capazes de lidar com todas nossas operações, surgindo de diferentes frentes ao mesmo tempo. Estaremos em todo lugar, a todo tempo. O segundo ponto é que, não importa o quão cansado e faminto você pode estar, o inimigo estará mais cansado, mais famin-to, então continuaremos atacando. Guerras podem ser travadas com armas, mas elas são ga-nhas por homens. É o espírito dos homens de liderança que garante a vitória. Patriotismo, coragem e bravura estão sendo demonstrados a cada dia por nossas tropas, e isso nos faz ainda mais confiantes de que a vitória está perto. Um litro de suor pode salvar um galão de sangue. É hora de atacar com tudo que temos. Deus nos abençoe.

Expediente

Editores-chefes Letícia Alves e Lucas Bernardo Reis

Repórteres David Nogueira, Matheus Facundo e Rebeca Soares

Projeto gráfico e edição Letícia Alves e Lucas Bernardo Reis

The Talk of the New Yorker

ErrataMatéria da OMI da edição de ontem deu a entender que o delegado da Chi-na Rafael Nogueira não concordou com tudo da resolução aptovada. Na verda-de, ele não concordou com alguns pon-tos votados e, por isso, absteve-se.

“Há aqueles que deturpam o nome de Alá e nós iremos destruir todos que deturpam o nome de Alá”Rafael Bessa, Arábia Saudita

[se referindo ao Estado Islâmico]

“Este será o comitê da Branca de Neve e os Sete Anões mudado para ‘Crise falha e os sete golpistas’” Gabriel Braga, delegado da Síria na UNODC

“Foi dito pelo delegado dos EUA que a minha postura está distorcida, mas quem está distorcido aqui é ele”.

Ana Beatriz Rodrigues, delegado do Iemem na UNICEF

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4th Edition - TNY Sep. 20, 2015 03

CRISE

Jornal Haaretz sofre atentado do Estado IslâmicoAtaque deixa vários feridos e levam quatro comitês da ONU a crise

BY MATHEUS FACUNDO, IN NEW YORK

Em primeira reunião da Liga dos Estados Árabes (LEA) para discutir medidas para

combater o Estado Islâmico (EI) foi marcada pela crise causada pelo ataque ao grupo terrorista ao jor-nal israelense Haaretz. A proposta de uma possível intervenção militar nos países em conflito, sugerida em sessões anteriores, voltou mais uma vez à discussão, sendo apoiada por países como a Jordânia, Arábia Sau-dita, Emirados Árabes e o membro--observador, Estados Unidos.

A ideia, no entanto, foi refutada por nações como a Tunísia, Líbia e Iêmen. O delegado tunisiano, Re-nato Tartuce, pediu que o foco da sessão se voltasse unicamente para a resolução e prevenção de possíveis ataques a veículos midiáticos.

Em seguida, a delegada da Líbia, Isabelle Lima, sugeriu a publica-ção de uma nota que expressasse o

apoio ao Haaretz e à comunidade israelense.

A delegada do Iêmen, Fernanda Assunção, propôs um projeto de re-forço nas fronteiras das nações ára-bes, para que o tráfico de armas se enfraqueça. O representante jorda-niano, João Carlos, apresentou uma iniciativa de proteção militar nas se-des de jornais árabes e fiscalização rígida de jornalistas.

Depois de muita demora e com o prazo quase acabando, dois projetos de resolução foram aprovados. O primeiro instaurou medidas como o auxílio às famílias atingidas no jor-nal e a fiscalização dos transportes de refugiados em áreas mediterrâ-neas.

O documento procura também alertar aos países europeus que ar-mamentos estão sendo transporta-dos pelo EI através do mar em dire-ção à suas nações.

O segundo documento prevê o apoio da Organização de Informa-ção Digital Árabe (OIDA) na prote-ção de qualquer um que propague mensagens anti-terroristas. Também sugere criação de grupos de prote-ção a repórteres e integrantes de mídias sociais que foram ou podem ser atacados pelo grupo. O arquivo também recomenda que a Organi-zação do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) intensifique a patrulha na-val em seu território. Hoje, a LEA continua debate sobre as repercussões da expansão do Es-tado Islâmico e o combate aos seus efeitos.

LEA

Vítimas de atentados receberão auxílio BY DAVID NOGUEIRA, IN CAIRO

VIEWPOINT BY LUCAS BERNARDO REIS

Esperamos que os olhos tenham sido abertos. Não somos guerrilheiros, tampouco homens de leis, para legislar, discutir e avançar. Como jornalistas, podemos apenas forçar e reforçar o que é decidido, talvez apontar algo. Por isso, aqui vai um apontamento: Basta!

A redação do jornal israelense Haaretz foi bombardeada na noite

da última sexta-feira, 18. Vários jornalistas e funcionários do local ficaram feridos, mas, até agora, não há nenhuma morte. A ação foi feita por homem-bomba disfarçado de zelador e aconteceu após jornal publicar charge criticando ações do grupo terrorista do Estado Islâmico (EI) na manhã do mesmo dia.

Em vídeo enviado à emissora japonesa Fuji News Network (FNN), terrorista mascarado do EI assume autoria do atentado. “Qualquer um que tentar ameaçar nosso glorioso estado também será ameaçado e destruído, não importa se for em texto, imagem ou qualquer tipo de ameaça ou ofensa, nós mataremos um por um”, afirmava o homem no vídeo.

Em coletiva de imprensa, a editora do Haaretz Maria Navarro declarou que continuará forte crítica às ações do EI com a missão do seu jornal que é “informar o povo”.

Em investigação especial, o secretariado da ONU divulgou documento apontando que o grupo terrorista, além da investida contra o jornal israelense, estaria transportado armas em navios

piratas lotados de refugiados de nações em conflito. As armas de fabricação russa deviam seguir para o Irã, mas foram desviadas para a Síria e o Iraque e agora seguem para a Europa.

Esta resolução acarretou no estabelecimento de crise nos comitês da Organização Marítima Internacional (OMI), do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC) e da Liga dos Estados Árabes (LEA), que se reúnem desde sexta-feira em suas sedes para discutir outros assuntos.

EI assume autoria do atentado. Foto: Reprodução/FNN

Terceiro dia na LEA é marcado por crise. Foto: Gustavo Linhares

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Terceiro dia de julgamento de Adolf Ei-chmann foi marcado por produção de pro-vas e participação de testemunhas impor-tantes. Mulher que trabalhava no mesmo lugar que o acusado e um sobrevivente de campo de concentração nazista engrossaram provas contra ele.

Walli Malka Zimer, advogada checa e funcionária da Sociedade Hebraica de Ajuda aos Imigrantes (HIAS), declarou que “pre-parava série de documentos para os judeus saírem do país”, garantindo a emigração só após entrega de bens ao governo alemão.

A advogada insistiu que Eichmann ocu-pava o maior posto no departamento, por isso tinha todo poder de decisão, apesar de ela não conhecer outro processo além do que participava. Já Nachum Hoch, um romeno sobrevivente de Auschwitz, não conheceu o réu, mas garantiu o desejo da condenação.

Entre as provas apresentadas e acatadas pelo júri, a promotoria apresentou suposto documento do FBI que continha que “este documento não contém conclusões (...), ele não pode ser distribuído fora da agência”.

A defensoria apresentou trecho da Decla-ração dos Direitos Humanos para garantir que Eichmann fosse julgado assim como qualquer pessoa. Após os três dias de julga-mento, representantes interrogarão o ultimo declarante e explanarão as considerações fi-nais.

TIME MACHINE 1961JERUSALEM

Condenação é aguardada By Hannah Arendt

UNICEF

Crianças usadas para tráfico de armasTransporte de crianças refugiadas volta a ser discutida pela Unicef

BY MATHEUS FACUNDO, IN NEW YORK

Realização

O terceiro dia de reunião do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) foi interrompido por crise.

O transtorno foi causado pela descoberta de que o Estado Islâmico (EI) criou rotas alter-nativas de transporte de refugiados de paí-ses em conflito para transportar armas em navios piratas; além da notícia do bombar-deio à redação do jornal israelense Haaretz.

O documento que divulgou as infor-mações deixou as delegações islâmicas em posição desconfortável, já que as rotas clan-destinas partiam da Somália, passavam pela Síria e Iêmen. Foram indicadas também supostas facilitações governamentais destas nações para com o tráfico.

O delegado israelense Silas Araújo frisou que enquanto esses países não declararem repúdio e guerra ao EI esses problemas nun-ca seriam sanados, visto que, segundo ele, punham em risco vida de dezenas de vidas

inocentes, em sua maioria crianças. As delegações presentes resolveram as

questões mais urgentes para a resolução dos conflitos. Foi estabelecido que a resolução se pautaria em dois pilares: intervenção e pre-venção. Primeiro foi proposta ação conjunta com a Organização Marítima Internacional (OMI) no sentido de fechar as rotas clandes-tinas traçadas pelos terroristas para resgatar todas as crianças em situação de risco.

O segundo artigo do projeto sugere a conscientização por meio de programas go-vernamentais de que viagens irregulares são perigosas. Os últimos pontos de plano vi-sam reiterar que em países onde há atuação de forças do EI, o combate seja fortemente ativo.

OMI

Segurança no mar é reforçada BY DAVID NOGUEIRA, IN LONDONO atentado terrorista que ocorreu na

última sexta-feira, 18, na sede do Jornal Haaretz, em Israel, gerou consequências em todos os comitês da Organização das Nações Unidas (ONU) que estão reunin-do-se desde quinta-feira, 17. Na Organi-zação Marítima Internacional (OMI), o debate teve como principal propósito impedir que Estado Islâmico continue

usando navios com refugiados para o tráfico de armas, fato que foi descoberto logo após a investida contra o jornal.

O Projeto de Resolução aprovado no fim da discussão teve como signatários a China, os Estados Unidos, Vietnã, Japão, Somália e Coréia do Sul.

A principal medida do documento institui a criação de uma aliança tem-

porária entre as nações que assinaram o projeto, com o propósito de fiscalizar navios que se encontrem em ancoradou-ros ou em alto-mar.

O documento também prevê o uso de ferramentas tecnológicas na vigilância das rotas que são desviadas pelo Estado Islâmico.

O terceiro dia de encontro do Escritório das Nações Unidas para Drogas e Crimes (UNODC) foi marcado por crise. O ataque do Estado Islâmico (EI) à sede da Agência Haaretz e o descobrimento de um navio transportador de armas em navios de refu-giados foram os motivos. Por conta de con-fronto causado pela crise, os delegados não chegaram a solução para o tráfico, compe-tência do comitê.

O UNODC ficou dividido. As delegações de Rússia e Irã e China e EUA lideraram dois grupos. O primeiro insistia que a resolução deveria ser construída por Rússia, Irã, Ira-que e Síria, os países envolvidos, enquanto o segundo grupo, liderado pelos americanos, mostrava desejo de intervir com a Organi-zação do

Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no Iraque e Irã com o objetivo de controlar en-trada de armas.

Rússia, Irã e aliados apressaram-se para compor primeiro documento, mas foram barrados pela mesa por apresentar preâm-bulo destoante do tema discutido. China e os países ocidentais produziram projeto, que não foi aceito.

Como ponto em comum entre os lados, a proposta de emendada da Itália que sugeria apoio humanitário aos refugiados, foi aceita pelos signatários do novo projeto russo. Já a alteração de autoria americana propondo a sugestão para o Conselho de Segurança ana-lisar a possibilidade de intervir nos territó-rios ocupados pelo EI foi negada.

Com apenas um minuto para o fim da sessão, delegações “deram um golpe”, segun-do Bruno Lima, delegado francês. O golpe se referia à “ação de má fé” do americano e chinês por protelar a votação final. Zanocchi afirmou que as ações tinham como objetivo debater.

UNODC

Com embate, crise não é solucionada

BY REBECA SOARES, IN VIENA