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O Sol está nascendo e eu não consigo dormir. Como tantas outras vezes. E acontece que além de não conseguir dormir, minha mente acelera ao máximo com meus pensamentos sobre tudo. Eu não sei, parece que liga uma máquina e os pensamentos começam a passar pela esteira, e eu vou expondo os pontos a mim mesmo, até que surpreendentemente tenho um novo entendimento daquilo que me rodeia a dias, meses, anos. O céu agora está amarelo e na rua ainda parece madrugada. O mar parece muito frio, mas muito bonito. Há ônibus publico circulando. Há mais carros, e mais pessoas, e mais bicicletas. Sim, eu queria ser poeta. Gosto dos poetas. Mas e se eu não for? Como é que vai ser? Mas sim, voltando. Os pensamentos ganham novas dimensões e eu sou capaz de muitas coisas, porém não sou capaz de levantar para escrever nada, ou para tocar sei lá. Tem uma coisa que estou começando a achar verdade, e que eu descobri sozinho. Acho que minha cabeça funciona melhor quando estou deitado. Algo haver com o sangue circulando, sei lá. Mas acho que minha mente funciona melhor, para criar, tudo. Sim, enquanto estava deitado, estava pensando na parada opressiva que eu tratei com a psicóloga, e que sempre tentei explicar para mim mesmo. É uma coisa que fica muito sub- entendida sabe...Está muito ali no ar, mas ninguém cita, todos sentem. É um negócio muito estranho que todos vivemos e que até chegarmos a um estágio de aceitação (no meu caso foi assim) , isso não passa. Na verdade nem depois desse estágio isso passa por completo. O que os outros estão pensando... E porque? Eu sei que não devo, mas sinto, e isso é ruim. Enfim, eu não consigo pensar mais como estava pensando quando estava deitado. Só sei que o céu está clareando e daqui a pouco o sol vai subir atrás das nuvens que cinzenteiam e escondem o horizonte. Agora, eu queria dizer, que enquanto estava deitado, a uns 10 minutos atrás, minha mente estava a mil, quero dizer, eu pensava tudo, e pensava bem, chegava a conclusões, colocava os pontos no lugar certo, como num quebra cabeça. Mas agora, aqui sentado, talvez seja a coisa da porcentagem que a mente absorve do mundo atravez dos sentidos, e por isso não sobre muita “porcentagem” para o pensamento como antes. EU deveria me perder nessa escrita. Apenas pensar e escrever. Mas talvez até a posição das teclas no teclado (obvio) seja algo para chupar momentaneamente a minha mente, o meu pensamento. Mas ao invés de escrever sobre o que eu estava pensando, já que não consigo, não consegui até hoje, vou

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O Sol está nascendo e eu não consigo dormir. Como tantas outras vezes. E acontece que além de não conseguir dormir, minha mente acelera ao máximo com meus pensamentos sobre tudo. Eu não sei, parece que liga uma máquina e os pensamentos começam a passar pela esteira, e eu vou expondo os pontos a mim mesmo, até que surpreendentemente tenho um novo entendimento daquilo que me rodeia a dias, meses, anos. O céu agora está amarelo e na rua ainda parece madrugada. O mar parece muito frio, mas muito bonito. Há ônibus publico circulando. Há mais carros, e mais pessoas, e mais bicicletas. Sim, eu queria ser poeta. Gosto dos poetas. Mas e se eu não for? Como é que vai ser? Mas sim, voltando. Os pensamentos ganham novas dimensões e eu sou capaz de muitas coisas, porém não sou capaz de levantar para escrever nada, ou para tocar sei lá. Tem uma coisa que estou começando a achar verdade, e que eu descobri sozinho. Acho que minha cabeça funciona melhor quando estou deitado. Algo haver com o sangue circulando, sei lá. Mas acho que minha mente funciona melhor, para criar, tudo. Sim, enquanto estava deitado, estava pensando na parada opressiva que eu tratei com a psicóloga, e que sempre tentei explicar para mim mesmo. É uma coisa que fica muito sub-entendida sabe...Está muito ali no ar, mas ninguém cita, todos sentem. É um negócio muito estranho que todos vivemos e que até chegarmos a um estágio de aceitação (no meu caso foi assim) , isso não passa. Na verdade nem depois desse estágio isso passa por completo. O que os outros estão pensando... E porque? Eu sei que não devo, mas sinto, e isso é ruim. Enfim, eu não consigo pensar mais como estava pensando quando estava deitado. Só sei que o céu está clareando e daqui a pouco o sol vai subir atrás das nuvens que cinzenteiam e escondem o horizonte. Agora, eu queria dizer, que enquanto estava deitado, a uns 10 minutos atrás, minha mente estava a mil, quero dizer, eu pensava tudo, e pensava bem, chegava a conclusões, colocava os pontos no lugar certo, como num quebra cabeça. Mas agora, aqui sentado, talvez seja a coisa da porcentagem que a mente absorve do mundo atravez dos sentidos, e por isso não sobre muita “porcentagem” para o pensamento como antes. EU deveria me perder nessa escrita. Apenas pensar e escrever. Mas talvez até a posição das teclas no teclado (obvio) seja algo para chupar momentaneamente a minha mente, o meu pensamento. Mas ao invés de escrever sobre o que eu estava pensando, já que não consigo, não consegui até hoje, vou continuar falando dessa coisa de pensar a noite, deitado, de baixo do cobertor. É uma coisa muito especial, que eu gosto sim que aconteça. Sim prefiro isso a dormir. É claro que dormir é bom, mas quando acontece isso acho muito melhor. E as vezes penso muito antes de dormir, e chego a pontos ótimos, conclusões boas e compreensões que nunca cheguei. Mas ai durmo e no outro dia não lembro uma gota de todo mar que passou pela minha cabeça. O céu está muito claro, mas até agora irmão sol ainda não apareceu. Que mais eu deveria escrever para me satisfazer aqui. EU falei do negoçio da escola. Porra não lembro de nada! Nem que eu pensei ali deitado, a uns 2 metros de distância, nem no consutório das 2 psicologas. Droga, eu não consigo fazer porra nenhuma. Arthur acordou a algum tempo e daqui a pouco vai chorar e acordar todo mundo. Mas só a mãe ou o pai vai acordar para dar comida ou atende-lo de qualquer forma. Não sei, é um senso comum (eu estava pensando nisso ali deitado) , talvez a verdadeira vontade de todos seja acordar e ir vê-lo, comer, dormir, arrotar, chorar. Mas a algo de: “Deixa que eu faço”, “Não, não quero dar trabalho”, quando a verdade é: “ Peguei primeiro”. Mais ou menos isso... EU olhei a rua de noite e estava totalmente deserta, tinha uma cara andando de bike. Que máximo deve ser andar de bike na cidade deserta a noite. Todo aquele espaço vazio, todo aquele asfalto imenso, extenso, longo e livre. Livre Livre! É o que quero ser. É o que quero, não expressar,

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mas por dentro me gabar de ser livre. É a verdade. Acho que a verdade é a coisa mais interessante. E acho que se não é toda a verdade, porque seria muito triste, é parte e boa parte dela. A verdade é que quero me gabar por dentro, por ser livre e não preso a nada como todos somos. Como eu sou hoje, preso a tudo isso que me prende. Não por que eu quis, não porque eu pedi e hoje me arrependo, por que estava ai quando eu cheguei. Quando eu cheguei era assim, e nada mais correto do que eu querer mudar agora, afinal tenho pensamento crítico, que adquiri por mera sorte eu diria, talvez, quem sabe ao certo. Sou muito sortudo eu acho. Por muitas coisas, não só que já estavam comigo quando eu nasci, digo família, genes eu acho... Como também que eu adquiri sem querer e sem saber o valor que isso teria no futuro para mim. Sabe hoje penso em muitas coisas já pensando em como isso me servirá daqui a algum tempo indeterminado. Mas algumas coisas que hoje são minhas e só eu tenho a capacidade de me tirar, de sair disso, eu consegui sem nem pensar, afinal sem sei se pensava naquele tempo. E ai, está algo de puro, como dizem nos livros, um quê de pureza. Tentei ver com o binóculo Tuane no ponto de ônibus. Mas não houve êxito. Ou ela foi mais cedo, ou está indo de carro, ou ainda nem chegou no ponto. O sol, para vias de intendimento e poética também, lançou um grande feixe de luz para cima, passando das nuvens agora, é como um grande sinal de que ele vem, e está próximo. Vou ver minha mãe na cosinha.

Acho que sou melhor de pensar do que de escrever. Não consigo colocar bem meus pensamentos no texto. E sinto preguiça para isso também, não sinto que estou fazendo algo que me dê muita satisfação, só que estou expelindo aquilo de alguma forma. Mas expelindo sem tirar de mim, o verdadeiro sentimento, ao qual está ligado todos os meus pensamentos. A idéia de que não somos livres, de que temos uma falsa segurança, tudo isso e muito mais ligado ao meu querer de liberdade extrema. O mundo tão grande, tão bonito, cheio de tudo, e me dizem que eu não posso sair, porque algo pode acontecer? PORRA, coisas precisam acontecer, todos os dias, com todo mundo, porque estamos aqui afinal. Coisas precisam dar errado, planos precisam falhar, e idéias mirabolantes precisam dar certo, porque é assim que é, e é assim que eu quero ser, e é assim que eu hoje definitivamente não sou. Mas preciso passar ao plano do fazer, e sair desse plano infinito do sonhar e do planejar. Fazer, fazer, fazer. Arriscar. Sabe, eu estava com muito medo até de pensar em andar de bike nas estradas, mesmo querendo muito fazer isso. Mas depois da primeira seção sozinho com a psicóloga, eu pensei, e foi realmente isso que discutimos lá: Porra, sempre vai haver gente que não concorde com o que eu diga, com o que eu sonhe, e essas pessoas podem estar mais perto do que eu imagino, podem significar muito, mas, simplismente, e como nunca havia pensado antes, dessa forma, são apenas oposições, pessoas que pensam diferente, pessoas que dizem que não é possível. Porra! Simplismente, como nunca pensei antes. Caralho isso é muito forte! Esse pensamento é muito poderoso! É capaz de fazer pessoas fazerem coisas que querem! Que realmente querem. Coisas que sonham! E que por força da sociedade, e talvez sejamos (digo sejamos pois não sou o único a pensar assim) colocados, programados, enfim tudo sendo algo planejado para que pensemos, agíssemos, tudo, assim, dessa forma, sempre pensando no outro, o que nos leve a sociedade, sempre procurar refúgio nela. Sendo que ela é o verdadeiro problema. É como o prazer, momentâneo, depois do prazer milhões de sentimentos aparecem, mas o prazer vai embora, completamente. A sociedade também é assim. Agente pode se refugiar nela, mas alguma hora vai ver, que mesmo tendo tudo, nunca vai saber explicar bem o que tem, o que é seu. O que criou, enfim... Mas voltando ao pensamento

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poderoso e encorajador! Esse pensamento é muito forte. EU dava muita atenção a essa merda dos outros, o que eles poderão falar, pensar, me dizer sobre isso. Estava até pensando quando eu chegasse em cruz o que falariam e o que isso mudaria. Mas eu não sei. A psicóloga, ela não falou isso pra mim, a conversa me fez ver isso, mas isso não foi tratado lá, nem ficou subentendido em algum momento. Mas eu saí de lá e pensando depois isso ficou muito claro. Foda-se. É um VERDADEIRO foda-se. Não é um foda-se pra qualquer um que passar na rua e não te olhar, e só te olhar, e te falar algo gentil, e te falar algo ruim. Mas é um foda-se para aqueles que não acreditam, que dizem ser melhor não. Na verdade não é um foda-se pra essas pessoas, essa grande absurda maioria de pessoas, mas é um foda-se pro: “você vai se machucar”, “ta maluco”. É isso. É esse foda-se. E é um foda-se bom eu diria. É um: “ você também pode, basta acreditar”. Eu sempre li essas palavras em todo lugar. Uma pausa para uma coisa, eu estava tão concentrado, e ainda estou tão concentrado que não estou de fato sentindo a gravidade. Estou todo torto, com esse sol batendo na minha cara, e é como se isso não importasse. Talvez seja algo bom como se eu estivesse totalmente aqui no texto, focado, enfim, isso é bom eu acho. Ma voltando, eu sempre li essas frases banais, eu diria. EM todos os lugares, mas nunca conheci o verdadeiro valor delas, só quando realmente você está em uma fase ou algo está acontecendo, enfim, aquela frase tem todo sentido, e você entende que ela deve ser assim simples mesmo, porque não tem o que dificultar. É simples. Você pode, basta acreditar. É justamente isso. E você lê isso e diz, “ PORRA, todo mundo fala isso”. Simplismente porque a porra é assim mesmo, não tem nada que dificultar. Basta acreditar, voltar, conversar. É simples, eu acredito nessa viagem que quero fazer, eu acredito no aprendizado que posso ter, eu acredito que vou ter problemas, eu acredito que, se não morrer, vou sair outra pessoas, um homem, outro homem, vários homens, umas criança quem sabe. Mas, se não morrer, tudo não vai passar de aprendizado, experiência. E é isso que quero. Querem que fique aqui. Minha tia diz: “Sim, somos escravos, mas o que podemos fazer”. Ela disse algo perto disso. Hoje, eu fico calado realmente. Mas daqui a algum tempo, acho que vou poder responder a essa pergunta. O que pode fazer, com essa sua única vida. Sem volta, sem reset... Simplismente viver, como ela deveria ser vivida, como a única, como a última, como se terminasse amanha. Correr, pedalar, rápido, rápido, pra chegar logo. E o verdadeiro otário do mundo pergunta: Onde? E todos que estão felizes e entendem, sacam a vida, riem da cara dele, das suas roupas de marca, do seu tênis novo, do seu penteado na moda, do seu corpo malhado, do seu tempo perdido, da sua mente vazia e fechada, do seu entendimento pobre, da sua pobreza de alma. “ A LUGAR NENHUM!” respondem todos satisfeitos com o destino, por menos que acreditem em destino, há de convir que subtamente há um destino...Sim somos donos de nossas ações e nossas escolhas, mas lá no final verá que tudo aconteceu. Eu não queria acreditar em destino, porque vi nos filmes, e achei bonito, achei legal, mas pensando sozinho, sem livros, sem conversa, só eu comigo mesmo, eu acredito em destino, mas também acredito na liberdade das escolhas. Não acredito naquele destino: “ ah, meu destino está traçado, então não vou fazer nada, já que tudo está escrito e eu não vou mudar nada”. Acredito que está escrito, talvez não em algum lugar, nem no céu nem no inferno, mas dentro de cada molécula, há, de alguma forma, o nosso destino. E não tem nada que mudar, simplismente há o fazer, o sonhar e fazer. E quando estiver velho, você pode pensar: Eu fiz o meu caminho, e se parar para pensar, ele podia sim estar escrito, porque não? É uma grande bobagem não acreditar em destino, mas não discuto idéias e gostos. Discuto a sociedade, como ela nos come, sem percebermos. Enfia o pau todo, os ovos. E nós não sentimos nada. Estamos anestesiados,

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dormindo. E quando acordamos. Quando enfim acordamos. Dores, cansaço. Tudo, todos vítimas do sistema. Da lógica, da organização social, da história. Dos ricos sim, dos pobres. Da forma de pensar que se criou ao longo dos tempos e foi passada de geração e geração. Dizem que hoje já nascemos sabendo usar os computadores. Mas isso não tem nada haver. SImplismente há computadores, e somos jovens. Como o dinheiro, temos um entendimento do dinheiro que a geração passada, em seu inicio não teve. Porra isso é muito foda. Seria a evolução do homem moderno, cada vez mais nascendo e pensando em coisas novas, ou coisas antigas de novas formas, boas ou ruins. Pra quem acredita no evolucionismo claro. EU não sou inteligente. Eu não sou paciente pra ler muitos livros. Leio mas tenho o meu ponto de parar pra fazer outra coisa, enfim... Então teorias e posicionamentos não são coisas para mim. EU vou é fazer o que quero. Ver o mundo atravez da lente dos meus olhos. E não das fotos e dos filmes. E vou conversar com as pessoas do sertão. E vou viver com eles. Se alguém daqui me perguntar eu digo o que vi, o que vivi, e tirem as suas conclusões. Jeito pro mundo, talvez tenha, e cada vez que agente se aprofunda nisso, acho que sempre se chega a conclusão de que a luta armada é o único jeito de mudança. Eu não me aprofundei em nada. Não sou profundo em nada. Não sou bom em nada. Mas quero fazer o que sonho em fazer. E que não há tempo a perder. E aprender o que quero aprender.E não o que não quero. Eu comigo mesmo.