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  • R. gacha Enferm., Porto Alegre, v.20, n.1, p.5-25, jan. 1999 5

    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    GRUPOS FOCAIS COMO ESTRATGIA METODOLGICAEM PESQUISAS NA ENFERMAGEM

    Using focus groups as a methodologic approach innursing research

    Clarice Maria DallAgnol1Maria Helena Trench2

    RESUMO

    No presente artigo as autoras discorrem sobre a tcnica de coleta dedados pautada nos grupos focais, partir das experincias vividas. Definemos princpios norteadores do referencial, chamando a ateno para osrequisitos necessrios organizao dos encontros, papel da equipe decoordenao e momentos do trabalho grupal.

    UNITERMOS: grupo focal, metodologia de pesquisa, pesquisa em enfermagem

    1 Enfermeira, Docente junto ao Departamento de Assistncia e Orientao Profissional da EEUFRGS,Doutoranda junto ao Programa de Ps-Graduao da EEUSP.

    2 Enfermeira, Livre-Docente junto ao Departamento de Orientao Profissional da EEUSP, Doutora emPsicologia Social.

    1 INTRODUODe uma maneira geral, o que nos motiva a sistematizar algo do que

    temos realizado em torno da tcnica de grupos focais, advm da crescentetendncia, em diferentes contextos, em recorrer aos grupos focais comotcnica de pesquisa, alm de escassa bilbiografia respeito que subsidieaos pesquisadores melhor conhec-la em suas particularidades e pressu-postos. Tcnica bastante utilizada nas reas de Mercadologia e Educaoem Sade, ressalta-se o interesse mais recente pela mesma nas investiga-es em Enfermagem. Porm, o que mais nos mobilizou para to logo redi-gir este artigo, baseou-se na nossa incurso em experincias prticas como uso da tcnica. Uma delas diz respeito coleta de dados vinculada aoProjeto de Doutorado em andamento na EEUSP, com o ttulo Avaliaode Desempenho na Enfermagem e o Ser (A)crtico (DallAgnol, 1997), soborientao de Ciampone. Em um primeiro momento desta pesquisa, pro-

    Artigo

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    cedemos a Entrevistas em Profundidade das quais extraram-se temasemergentes que vieram compor o Guia de Temas para o segundo momento,onde utilizamos a tcnica de grupo focal.

    No transcorrer desta experincia, entre outras, deparamo-nos compeculiaridades da Tcnica de grupo focal o que, de certa forma, nos habilitaa tecer consideraes, propor ajustes e sugestes acerca de sua implemen-tao em investigaes na Enfermagem. Buscamos enriquecer ou, pelomenos, apontar para algumas consideraes que acreditamos ser importan-tes na operacionalizao da tcnica, sem que se perca de vista os paradigmasnos quais essas se pautam.

    Na oportunidade em que participamos na instrumentalizao de Pes-quisadores integrados ao Projeto de Classificao das Prticas de Enfer-magem em Sade Coletiva no Brasil - CIPESC - projeto em andamento, dembito nacional, sob coordenao da ABEn Central, onde se prope a tc-nica de grupo focal como um dos subsdios para a abordagem qualitativado estudo, coordenando o grupo no cenrio So Paulo ou preparando osenfermeiros-pesquisadores na realizao de grupos focais, em Porto Ale-gre, constatamos que existem poucos trabalhos que possam servir dereferncia para o desenvolvimento da proposta.

    Entre as vantagens com o uso da tcnica, o que vai depender dos obje-tivos do estudo, est a possibilidade de intensificar o acesso a informaesacerca de um fenmeno, seja pela inteno de gerar tantas idias quantopossveis ou pela averiguao de uma idia em profundidade. Na medidaem que diferentes olhares e diferentes ngulos de vises acerca de um fen-meno vo sendo colocados pelos sujeitos, desperta nos mesmos a elaboraode certas percepes que ainda se mantinham numa condio de latncia.A passagem desta condio de elaborao-expresso ocorre no processointerativo que vai se estabelecendo no grupo. A se considera o que daordem da verticalidade e da horizontalidade, termos que tomamos em-prestados de Pichon-Rivire (1991). Cada integrante fala a partir da suaverticalidade, isto , a partir de suas vivncias. Mas, como a histria indi-vidual constri-se no seio de inter-relaes experienciadas, os relatos, asopinies, os posicionamentos so constructos que vo se delineando nasrelaes com o(s) outro(s). Remetem-se, portanto, aos grupos de origem,manifestaes da histria pregressa e contempornea. Assim, os sujeitostambm so porta-vozes da horizontalidade em que se inscrevem e o pr-prio debate no grupo focal uma dessas construes.

    Os delineamentos de pesquisa em que se apropria a tcnica geralmentevinculam-se a abordagens qualitativas ou como complementos de estudosqualitativos. Tambm pode subsidiar os momentos iniciais de projetos,quando ainda se dispe de escassas informaes acerca de um tema que sepretende investigar. Neste caso, til para consubstanciar a formulao deproblemas.

    A seguir, apresentamos alguns aspectos que nos parecem essenciais

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    para os iniciantes interessados em compreender algo sobre grupo focal.Iniciamos por sua caracterizao enquanto grupo operativo e no que sediferencia de outras abordagens sobre grupos. So ressaltados alguns quesi-tos necessrios no que tange organizao, preparo, apoio logstico, sujeitosparticipantes, equipe de coordenao e dinmica das sesses grupais.

    2 EM QUE CONSISTE O GRUPO FOCAL?Desde logo, alertamos para a importncia de se ter claro os pressu-

    postos e finalidades quando se elege esta tcnica de pesquisa, fase quedeve preceder ao planejamento operacional. De acordo com Westphal,Bgus e Faria (1996, p.473) grupo focal uma tcnica de pesquisa queutiliza sesses grupais como um dos foros facilitadores da expressode caractersticas psicossociolgicas e culturais ... diz respeito auma sesso grupal em que os sujeitos do estudo discutem vrios aspec-tos de um tpico especfico.

    Para que se tenha clareza quanto ao entendimento do conceito, necessrio apreender os pressupostos norteadores que vm contidos naspalavras-chave. Para tanto, sugerimos ao leitor que reflita e evoque suapercepo mediante as perguntas que seguem em torno de generalidadese especificidades como: o que grupo? o que foro facilitador em um de-bate? o que significa e implica expresso de caractersticas psicossociol-gicas e culturais?

    O desenvolvimento desta postura questionadora o primeiro passoque habilita o pesquisador na construo dos pilares que iro sustentar acompreenso da estrutura e dinmica do grupo focal.

    Com vistas reflexo acima, elegemos diferentes perspectivas deconceituao de grupo para que possamos ter clareza da linha norteadoraque melhor corresponde s exigncias do grupo focal. O foro facilitador deum debate e a expresso de caractersticas psicossociolgicas e culturaisdepreendem-se do entendimento da tcnica enquanto exposio que oraapresentamos.

    Ao buscar a definio do que grupo, na literatura especializada,pode-se reunir caractersticas essenciais que permitem a visualizao dasvrias abordagens possiveis, que alocamos em duas vertentes principais,isto : uma sedimentada na concepo linear e tradicional sobre indivduo,sociedade e, conseqentemente, sobre grupo; e, outra, fundamentada naconcepo dialtica sobre os mesmos (Lane, 1994).

    No seio de cada vertente, no entanto, constatam-se tambm diver-gncias internas (Lane, 1994) que adquirem especial significado na me-dida em que se busque um estudo mais acurado e aprofundado do tema.Por ora, no pretendemos trilhar esse caminho. Porm, nosso intuito ca-racterizar as duas grandes vertentes explicitando cada um dos paradigmasnorteadores e indicar aquele no qual nos pautamos.

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    2.1 Abordagem grupal pautada na concepo linear-tradicional

    Muito do que acontece no interior das organizaes denominado comoencontros de grupos so do tipo reunies de trabalho, onde predominamopinies racionalizadas, impessoalidade nas interaes e superficialidadena abordagem de temas e papis (Mucchielli, 1980, p.31-32). A dinmica prevista atravs de frmulas de conduo, portanto, segue um protocolode perfis desejveis de cada participante e comportamentos ensaiados, emrazo de se evitar ou abafar situaes conflitantes e, por isso mesmo, ossentimentos so reprimidos.

    Nessas circunstncias, invariavelmente, h um reforo formao desubgrupos e faces paralelas que surgem para derrocar o poder coercitivodesencadeando simulaes e disputas veladas de poder, fazendo emergirvrios mecanismos de defesa para enfrentar a angstia da opresso cons-tante ou, ainda, para driblar o sistema vigente como jogo de sobrevivncia,questo analisada por DallAgnol (1994), ao discorrer sobre os movimentosde integrao e diferenciao de uma equipe em relaes de trabalho e porCiampone (1993) ao analisar as dimenses esquecidas do trabalho de assis-tncia institucionalizada a indivduos portadores de deficincia mental.

    Inspirada em Loureau, a denominao que Lane (1994) designa a essassituaes a de grupo objeto. Como tal, refere-se tambm ao grupo tipobando ou seita onde a serialidade se d de forma a manter os indivduosjustapostos sob uma capa de coerncia (Lane, 1994, p.79).

    Outra modalidade de grupos-objeto so aqueles orientados para o ta-refismo ao estilo taylorista de organizao do trabalho, que faz prevalecero status quo daqueles que se situam no topo hierquico da instituio,colocando cada um em seu lugar. Nessa perspectiva, embora haja umdiscurso participativo, os papis so estticos e previamente definidos(Ciampone, 1987, Lapassade, 1989, Lane, 1994).

    Vrios autores a exemplo Mucchielli (1980), Bleger (1989), Lapassade(1989), Pichon-Rivire (1991), Lane (1994) alertam para o fato de que pes-soas reunidas em um mesmo local, cada uma realizando uma atividadeindependentemente das demais, no constituem um grupo. Neste caso, trata-se de um agrupamento.

    Convm ressaltar que, na atualidade, frente ao modismo da im-plementao de programas de qualidade total, h variaes de estilos detrabalhos grupais, por vezes sofisticados, que investem esforos em certastcnicas de animao mas que, na essncia, guardam ntima correlao comos tipos de grupo at aqui mencionados. Isto , a tnica recai na preserva-o do status quo, na camuflagem dos jogos de poder que reforam a con-dio dominador-dominado, na evitao e abafamento de conflitos, nanegao do plano da afetividade, no individualismo mascarado. Alm dis-so, o contexto histrico-social das relaes do grupo tangenciado ou nemsequer cogitado.

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    2.2 Perspectiva dialtica de abordagem grupal

    Partindo da afirmao de Pichon-Rivire (1991, p.174), de que o sujei-to no s um sujeito relacionado, um sujeito produzido em umaprxis, ilustramos a perspectiva dialtica de compreenso e abordagemgrupal.

    Isso posto, partimos da concepo pichoneana de sujeito definidocomo emergente configurado em um sistema vincular a partir do inter-jogo fundante entre necessidade e satisfao - interjogo que remetea uma dialtica inter-subjetiva - no s entre necessidade-satisfaomas, sujeito-contexto vincular social no qual o sujeito emerge e sedesenvolve a partir da satisfao das suas necessidades pelo outro.(Pichon-Rivire apud Ciampone, 1998, p.29)

    Pichon-Rivire (1991) conceitualiza em termos de dialtica entrenecessidade e satisfao, entre sujeito e trama vincular, que as necessi-dades do sujeito cumprem seu destino vincular de gratificao ou frustra-o, no interjogo de causas internas e condies externas que operam naconstituio do mesmo.

    De nossa parte, assinalamos que os pressupostos contidos na visopichoneana foram aplicados e complementados por alguns de seus seguido-res, possibilitando avanar em certos aspectos que oferecem respostas sexigncias do mundo contemporneo. Constatamos isto com estudos quetemos realizado e em programas de aperfeioamento sobre grupos nos quaisparticipamos. (Ciampone, 1993; 1998; DallAgnol, 1994).

    Entre as teorias consultadas, elegemos o enfoque sobre Grupo Ope-rativo de Pichon-Rivire, pois entendemos que o mesmo contempla e maisapropriadamente subsidia a leitura do arcabouo terico que norteia aoperacionalizao da Tcnica de Grupo Focal.

    De certa forma, a escolha tambm est centrada na forma didticatal como a teoria apresentada por Pichon-Rivire, e tambm por Bleger,Quiroga, Gayotto e Domingues, alguns de seus seguidores.

    Pichon-Rivire (1991, p.177) define grupo como um conjunto de pes-soas ligadas entre si por constantes de tempo e espao e articuladas porsua mtua representao interna, que prope explcita ou implicitamenteuma tarefa, o que constitui sua finalidade.

    interessante observar que a tcnica de grupo operativo pode seradequada a qualquer contexto, desde que se respeite o que lhe essen-cial: procurar desvendar o fazer das pessoas nos aspectos explcito eimplcito (Gayotto; Domingues, 1995, p.30-31). Trata-se de uma afirmativaque guarda ntima relao com a Tcnica de Grupo Focal, como apontaremosmais adiante.

    O grupo operativo, segundo a definio do iniciador do mtodo,implica em um conjunto de pessoas com um objetivo comum, que procuramabord-lo trabalhando como equipe. Para o autor, a estrutura da equipe s

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    se consegue na medida em que opera; isto , na medida em que ocorramtransformao qualitativa na aprendizagem de novas condutas. Assim,grande parte do trabalho do grupo operativo consiste, em resumo, no trei-namento para trabalhar como equipe. Nesta concepo h uma inten-cionalidade declarada de conscientizao para operar na transformaoda realidade de modo crtico que rompa com a alienao.

    Portanto, uma investigao pautada na tcnica de grupos focais,segundo esses supostos, constitui-se numa modalidade de pesquisa-ao.Neste sentido, por exemplo, pode-se pensar quanto ao esclarecimento eaveriguao mais profunda de uma problemtica que faz parte do cotidianodos sujeitos, nas possibilidades de resoluo e nos encaminhamentosviveis, dependendo dos objetivos a que se prope. Ressalvamos o que foidito acima sobre o que da ordem do explcito e do implcito. O primeirocorresponde ao que se prope na tarefa, enquanto motivo pelo qual aspessoas esto reunidas. O implcito o pano de fundo da interao grupal, a base que sustenta a persecuo do motivo. A esto Implicadas asansiedades bsicas, isto , o medo da perda e do ataque. O medo da perda com referncia perda do equilbrio j alcanado em situaes anterio-res (Pichon-Rivire, 1991, p.178). O medo do ataque surge mediante aonovo, ao inusitado, diversidade que possa se apresentar como ameaaao rompimento de noes e da maneira de perceber incorporadas. As an-siedades bsicas, em maior ou menor intensidade, dependendo da cons-truo de todos envolvidos, transitam em meio aos diferentes olhares ediferentes ngulos de vises sobre uma determinada questo que se insur-ge no debate. Cabe equipe de coordenao atentar para esses aspectosem si mesma e nos sujeitos participantes e, atravs da tcnica de modera-o, facilitar para que haja sintonia, onde todos sejam co-partcipes noexplcito e implcito pertinente tarefa.

    3 ORGANIZAO DE UMA INVESTIGAO COM GRUPOS FOCAIS

    A organizao de uma investigao com Grupos Focais no que tangeao nmero de encontros requeridos, composio, durao e local dassesses e dimenso do grupo, que apresentamos a seguir, fundamenta-seem Westphal, Bgus e Faria (1996) e substancialmente em Debus (1997),sendo esta ltima obra bastante voltada area de Mercadologia. Em relaoa esses contedos, detemo-nos a alguns ajustes, dirigindo o foco para aEnfermagem, enquanto rea de conhecimento, bem como para nossa rea-lidade scio-cultural.

    3.1 Nmero de encontros requeridos

    Para determinar o nmero de grupos necessrios, importante retomar

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    o universo temtico da pesquisa almejada e gerar consideraes especfi-cas temtica em estudo. Entretanto, algumas recomendaes feitas porDebus (1997) podem auxiliar o pesquisador:

    .Organizar ao menos dois grupos para cada varivel consideradacomo pertinente para o tema tratado: por exemplo, organizar dois gruposentre seus pares para cada segmento, como o caso de homens e mulheres,usurios e no usurios, gestantes jovens e gestantes idosas, no caso em queas diferenas especficas possam interferir na anlise das informaes,condio implicada na questo de estudo.

    .Organizar grupos suficientes para alternar a ordem dos materiaisde comunicao que sero apresentados ao grupo: prprio da rea demercadologia, visando lanamentos de novos produtos ou nova apresentao(embalagem, rtulo, etc.) de produtos j circulantes. Exemplificando: Paraavaliar duas formas possveis de mensagens so necessrios, pelo menos,dois grupos, de maneira que a ordem de apresentao das mensagens sejainvertida (a que foi apresentada em primeiro lugar num grupo ser apresen-tada por ltimo no segundo grupo), para no incidir no vis gerado pelainduo ou primeira impresso.

    .Organizar grupos at que a informao obtida deixe de ser nova:se dois grupos sobre o mesmo tema produzem resultados totalmentediferentes, necessrio explorar esta diferena em grupos adicionais afim de os resultados da investigao sejam compreensveis e utilizveis.Entretanto, de acordo com a questo de estudo e/ou agregando outrastcnicas de pesquisa, vivel proceder realizao de um nico grupo fo-cal. Aplica-se, por exemplo, em estudos de casos no comparativos e eminiciativas que culminem em atividades participantes e de intervenoconcomitante formalidade da pesquisa, tal como vem transcorrendo oProjeto de DallAgnol (1997).

    .Organizar grupos em cada regio geogrfica na qual se considereque existe uma diferena importante: diz respeitos s diferenas entreregies que possam influenciar comportamentos e atitudes, tais como clima,peculiaridades meteorolgicas, condies econmicas locais, alfabetiza-o, cultura e estilo de vida. importante considerar estes aspectos quandoo tema que se estuda influenciado por estes aspectos.

    3.2 Composio do grupo focal

    Na composio do grupo, deve-se levar em conta que os integrantestenham, entre si, pelo menos um trao comum importante para o estu-do proposto (Westphal, Bgus e Faria, 1996, p.473). Os critrios para a se-leo dos sujeitos so determinados pelo objetivo do estudo e, por issomesmo, a amostra intencional, de acordo com essas autoras. No entan-to, alguns aspectos merecem considerao, conforme aponta Debus(1997):

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    .Classe social: aconselhvel que os participantes de um grupotenham nveis sociais similares. Quando se combinam as classes sociais, osmembros da classe superior podem inibir a participao dos membros daclasse inferior, mesmo que estes disponham de um rico manancial deinformaes em torno do tema que se trata.

    .Ciclo temporal: dependendo do foco do estudo, os participantesque tm histrias de vidas muito diferentes no deveriam, em geral, fa-zer parte do mesmo grupo. Assim, pode-se citar como exemplos: traba-lhadores com vnculo empregatcio recente e trabalhadores antigos naorganizao, profissionais recm-formados e profissionais em vspera deaposentadoria, mulheres recm-casadas e mulheres casadas por longoperodo, mulheres gestantes recentes e mulheres que tiveram filhos hmuito tempo, etc.

    .Usurios e no-usurios: em geral, recomenda-se separar os usu-rios de um determinado produto dos no-usurios ou separar praticantesde no-praticantes. Porm, h razes para inclu-los no mesmo grupo, bemcomo razes para separ-los. Se a inteno do grupo produzir um con-traste entre os participantes, ento convm incluir ambas categorias nummesmo grupo, contanto que a adoo de um determinado comportamen-to, de uma a atitude ou o uso de um produto que se estuda no sejadesencadeador de estereotipias ou de estigmas sociais. Por exemplo, osfumantes podem ser considerados como maus pelos no fumantes.Alm disso, muito difcil sustentar o debate quando se mesclam essascategorias, j que as opinies contrrias no grupo podem gerar uma de-fesa racional ou uma retirada de quem percebe que suas opiniesso minoritrias.

    .Nvel de experincia: o nvel de experincia ou de conhecimen-tos que um participante tem pode afetar significativamente as respostasa um determinado tema. Os participantes que so muito diferentes emseu nvel de experincia e/ou de especializao no deveriam ser inclu-dos num mesmo grupo. Especialmente, isto se verifica na rea mdica(destaque conferido por Debus, no entanto, e, nesses termos, poder-se-iareferir equipe de sade como um todo).

    .Idade e estado civil: de acordo com a questo que se investiga,participantes com idade ou estado civil substancialmente diferentes nodeveriam ser includos num mesmo grupo. o caso do uso de anticoncepti-vos entre as mulheres casadas e as no casadas.

    .Diferenas culturais: atentar para as diferenas que pos-sam afetar atitudes e comportamentos com relao aos objetivos do es-tudo.

    .Sexo: h consenso de que vivel integrar num mesmo grupohomens e mulheres quando a investigao no est relacionada ou no afetada pelos esteretipos sexuais. Uma forma de resolver este dilemaconsiste em testar grupos pilotos e ver se os resultados diferem.

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    3.3 Durao do grupo focal

    Idealmente, o tempo destinado s sesses de 1:30 a 2:00 horas. preciso considerar o perodo de aquecimento para se atingir bons nveisde interao que, por sua vez, vai se refletir no debate, bem como preservarum espao para o encerramento da sesso. Por outro lado, quando se excedeo tempo limite preconizado de 2:00 h, pode ocorrer fadiga entre os parti-cipantes ou intelectualizaes excessivas acerca do tema (Debus, 1997) e,em decorrncia, desgaste ou esvaziamento da mobilizao, concorrendopara vieses da pesquisa.

    3.4 Dimenso do grupo

    Um mdulo que se situa num intervalo entre 6(seis) a 15(quinze)participantes geralmente recomendvel. Tradicionalmente 8(oito) a 10(dez)participantes constitui-se num grupo ideal. Mas, h uma tendncia emformar grupos menores, constitudos de 5(cinco) a 7(sete) pessoas, deno-minados de minigrupos, de acordo com Debus (1997). Na realidade, desta-ca a autora, a dimenso de um grupo depende dos objetivos e finalidadesestabelecidas. Quando se deseja gerar tantas idias quanto possvel, maisenriquecedor optar por um grupo maior; se o que se pretende maximizara profundidade de expresso de cada participante, um grupo pequenofunciona melhor.

    3.5 Escolha e organizao do local das sesses

    Debus (1997) menciona que nos EUA norma que os grupos traba-lhem em locais equipados com aparelhagem para gravao em udio e/ouvdeo, espelhos que permitam ver s em uma direo e salas de observa-o. Nos pases em desenvolvimento, raras vezes existem tais instala-es. Assim, algumas apropriaes so recomendadas, segundo a mesmaautora:

    .Ambiente que assegure privacidade: selecionar um local em queos participantes possam falar sem serem observados por espectadoresindesejveis. bastante recomendvel que seja um local no inserido nocontexto de trabalho, por exemplo.

    .Local confortvel e facilitador do debate: variaes extremas detemperatura, ventilao e outros fatores como iluminao e condies ana-tmicas dos assentos influem na qualidade dos grupos focais. Igualmente,busca-se locais isentos de rudos externos (como aqueles provocados porobras, trfego intenso de veculos automotores, etc.) e internos (ventilado-res e outros aparelhos ruidosos) para que seja facilitada a escuta entreos participantes. fundamental a recomendao para todos os participan-tes incluindo os pesquisadores a inativao de fones celulares, BIP e

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    assemelhados, como medida necessria para o bom andamento do tra-balho.

    .Ambiente neutro: preciso ser sensvel quanto ao estado scio-econmico dos participantes, de tal forma que a instalao no iniba suasrespostas ou incite a responder de forma socialmente desejvel.

    .Local de fcil acesso aos participantes: mesmo que se proporcio-ne transporte, um longo tempo de transporte para chegar at o local dassesses pode incidir adversamente nos resultados.

    .Arranjo dos assentos (cadeiras): em geral, opta-se por uma mesade conferncias ou outra disposio que seja natural para os participantes.Qualquer que seja o ambiente, os participantes devero sentar-se de formaque promova sua participao e interao face-a-face.

    . Evitar atribuir aos assentos uma idia de prestgio. Os participantessentados ao lado do coordenador ou na cabeceira da mesa podem dar aimpresso de terem mais prestgio. O coordenador deve dar-se conta de quetalvez seja necessrio exercer mais controle sobre os participantes senta-dos nestes lugares para evitar que dirijam ou perturbem o grupo.

    . Promover bom contato ocular entre todos participantes. osparticipantes devem sentar-se a distncias aproximadamente iguais docoordenador e estar claramente dentro do campo de viso dos demais.Isto estimula a interao, o sentimento de fazer parte do grupo e previ-ne conversas paralelas, bem como a formao indesejvel de subgru-pos.

    4 MOMENTOS-CHAVE DAS SESSES GRUPAISAqui so alocados os principais momentos e respectivos tpicos que

    vo constituir o eixo norteador de uma sesso do grupo. Optamos por ca-racterizar uma sesso inicial porque, nela, preciso considerar os deta-lhamentos acerca do contrato de trabalho que vo se refletir nos encon-tros seguintes.

    .Abertura da sesso: boas vindas, apresentao dos Pesquisadorese informaes acerca dos objetivos e finalidades da Pesquisa e da Tcnicade Pesquisa

    .Apresentao dos participantes entre si: descontrao.Distribui-o dos crachs e de formulrios quando estes esto previstos no Pro-jeto

    .Esclarecimento sobre a dinmica de discusses(debate)

    .Estabelecimento do setting conferindo destaque aos aspectos ti-cos vinculados Pesquisa e ao processo interativo

    .Debate: centrao no guia de temas

    .Sntese dos momentos anteriores

    .Encerramento da sesso: acertos e combinaes finais para o(s)prximo(s) encontro(s), agradecimentos

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    Mais adiante, no item 6, apresentado um detalhamento sobre osetting, j que a observncia do mesmo contribui sobremaneira para aeficcia dos objetivos pretendidos com o uso da tcnica.

    Quanto ao guia de temas, consiste em um resumo dos objetivos e dasquestes a serem tratadas, bem como de um esquema norteador da sesso,correspondendo aos momentos-chave que anteriormente apresentamos.Partilhamos do parecer de Debus (1997) quanto suma importncia do guiade temas na investigao com grupos focais pois se for bem concebido eelaborado, a investigao poder ser substancialmente mais produtiva.Com freqncia, necessrio fazer ajustes e adaptaes no guia aps asatividades com cada grupo. A experincia do moderador determinar aquantidade de detalhes. Desta forma, um moderador iniciante necessita-r mais detalhes no guia de temas para melhor conduzir a sesso, sendo-lhe til uma lista de perguntas que propicie manter vivo o debate. Noentanto, cabe lembrar que a organizao do contedo em seu detalhamen-to tambm depende da questo de estudo. Assim, pode-se adotar umatcnica de interrogao diretiva ou no diretiva. Por sua vez, o estilo do gru-po ser estruturado, no estruturado ou semi-estruturado, sendo este lti-mo mais usual.

    5 COORDENAO DO GRUPO FOCALDenominamos de equipe de coordenao o sub-grupo coordenador/

    observador que desempenha papis especficos na conduo de umadinmica grupal, considerando as diversas finalidades possveis definidas apriori como tarefa grupal.

    A tarefa da equipe de coordenao implica em pensar juntos e in-tercambiar impresses sobre o desenvolvimento grupal e os fatos maisrelevantes de cada encontro grupal. Para tanto essencial que realizemmomentos distintos de trabalho como o pr-grupo, o grupo propriamentedito e o ps-grupo.

    O papel do coordenador (moderador) significativo e relevante parao bom funcionamento dos grupos e implica preparo e instrumentalizaoem todas as fases do processo. Antes de delimitar as peculiaridades do seucampo de atuao, convm lembrar os alertas de Debus (1997), acrescidosdos nossos:

    .O grupo focal no um teste de conhecimentos - No h respostascorretas ou incorretas

    .O grupo focal no tem por fim apenas informar

    .O grupo focal no tem por fim persuadirE, alm disso:.Um moderador no um professor.Um moderador no um juiz.Um moderador no um chefe

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    Grande parte da (in)coerncia do discurso detectada na (in)coerncia percebida entre palavras, gestos, expresses e olhares.

    .Um moderador no expressa acordo ou desacordo com pontos devista apontados pelos participantes

    .Um moderador no pe palavras na boca dos participantesTambm importante mencionar que o coordenador (moderador)

    no encena um papel como tal, pois, espera-se dele que viva genuinamen-te o papel como tal. Deste princpio derivam-se outros, isto , que o coor-denador trabalhe em si mesmo atitudes favorveis interao grupal eno apenas comportamentos, como se estes fossem frmulas aplicveis.De um lado, porque o preparo para situaes previstas no d conta defatos inusitados que possam surgir; de outro, porque ser verdadeiro um atributo que tambm os participantes desejam perceber na pessoa-coordenador. Estes aspectos remetem-se ao implcito anteriormente men-cionado.

    Neste sentido, bilateral a ateno dirigida comunicao ver-bal, no-verbal e extra-verbal, em se tratando dos sujeitos em interao(pesquisadores e pesquisados). Cada um utiliza este manancial singular-mente, porm, no compasso da expectativa que projetada na ao con-junta.

    Assim:

    Feitas estas consideraes, indicamos as atribuies do coordenadore do observador acenadas por Westphal, Bgus e Faria (1996) e Debus(1997), cujo contedo, da forma como apresentamos, foi reorganizado epormenorizado luz da nossa experincia com grupos focais:

    5.1 O coordenador um facilitador do debate

    .Abre a sesso dando as boas vindas aos participantes. Osparticipantes tranqilizam-se quando observam que o moderador estsereno e quando fala de forma amistosa. Pode fazer alguns comentriosinformais medida que as pessoas tomam os seus assentos.

    .Apresenta-se e convoca os observadores a se apresentarem.Falam, dizendo o nome e adicionam algumas informaes pessoais, o quefacilita a relao com o grupo, incentivando a todos que falem comfranqueza sobre si mesmos.

    .Fornece informaes acerca do encontro, esclarecendo sobreobjetivos e finalidades da Pesquisa bem como da Tcnica de GrupoFocal. Esclarece aos participantes porque esto reunidos. Isto facilita osentimento de unio no grupo. Dizendo o que se espera de cada um e de todosentre si uma medida de reduzir a ansiedade e eliminar mal-entendidos.Anuncia o porqu da gravao em adio, o destino das fitas e assegura osigilo e anonimato das informaes.

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    .Promove a apresentao dos participantes entre si, recorrendoa alguma estratgia que propicie descontrao. Aproveita o momen-to para distribuir os crachs. O uso de crach uma estratgia para evi-tar pronunciamentos impessoais. O fato de as pessoas referirem-se entre sipelo nome, promove aproximao e maior intimidade com vistas otimiza-o do clima grupal.

    .Esclarece sobre a dinmica de discusses (debate). Fomentaopinies divergentes ao ratificar que no se tratam de respostas corre-tas ou incorretas e que cada um pode expressar sentimentos diferentesdos demais. Isto estimula o grupo a expressar opinies com franqueza esinceridade. Explica princpios gerais para o debate, solicitando que sejaassegurado o espao de fala para cada um, que inter-atuem entre si pormsem interromperem-se mutuamente.

    .Cede a palavra aos observadores para que cada um explique seupapel durante as sesses, indicando os momentos de interveno, auxlioao coordenador, anotaes, controle das gravaes.

    .Acena para a importncia do setting (contrato, juramentao,enquadre do grupo): Primeiramente explana sobre os aspectos ticos daPesquisa e o compromisso dos pesquisadores com os pesquisados. A se-guir co-participa e coordena o enquadre do grupo, com vistas ao processointerativo em todos os encontros.

    .Distribui os formulrios, quando necessrio, para serem preenchi-dos. Explica o procedimento.

    .Prope questes para o debate, recorrendo ao guia de temas.

    .Conduz o debate, auxiliado pelos observadores: encoraja osparticipantes a expressarem livremente seus sentimentos, opinies e pare-ceres sobre a questo em estudo; mantm a discusso focalizada, fazendoresumos e retomando o assunto quando algum se desvia dele. Vinculacontinuamente os comentrios feitos por diferentes membros do grupo a fimde que emerjam significados, fortalecendo o elo grupal.

    .Sintetiza os momentos anteriores, auxiliado pelos observadores.Esta etapa consiste fundamentalmente em resumir e sintetizar os resulta-dos do grupo e no em fazer juzo quanto s diferenas de opinies emitidaspelos participantes.

    .Concede espao aos participantes para que possam se manifes-tar quanto veracidade da sntese ou para algum esclarecimento quandonecessrio. Pode ser conveniente, nesta etapa, abrir um debate sobre o grauem que um sentimento expressado se faz presente entre os membros dogrupo. Tambm pode ser apropriado indicar as diferenas fundamentais quetm ocorrido entre eles (-alguns de vocs expressaram a opinio de que...,mas, outros expressaram uma opinio oposta...) e esclarecer o entendimentodestas diferenas.

    .Encerra a sesso, promovendo acertos e combinaes para o(s)prximo(s) encontro(s). Faz os agradecimentos participao.

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    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    5.2 O observador e suas atribuies

    A figura do observador de suma importncia para o sucesso datcnica de grupos focais. Embora suas aes no sejam to visveis quan-to quelas que o coordenador desempenha durante as sesses, exigemdele ateno constante e habilidade tanto de anlise quanto de sntese. Aoobservador cabe registrar o acontecer grupal no todo e em suas peculiarida-des significantes. Em sintonia com o coordenador (moderador), auxilia aconduo da sesso, no sentido de intervir para obter esclarecimentosquando percebe que no houve os devidos encaminhamentos, at porque,muitas vezes, o coordenador possa no ter captado ou reconhecido anecessidade como tal.

    No final da sesso, o observador contribui com seu parecer, comple-mentando a sntese encabeada pelo coordenador, j que dispe de maio-res subsdios para balizar significados porque deteve-se em captar eregistrar em um dirio de campo as reaes dos participantes nas vriasformas de expresso: verbal, no verbal e extra verbal.

    Durante a sesso, colabora com o coordenador no controle do tempoe encarrega-se de monitorar o equipamento de gravao, de forma gil ediscreta, isto , sem deslocar a ateno do grupo para seus movimentos.Tambm faz um breve registro em cada fala dos participantes para faci-litar a posterior transcrio das fitas, de forma a identificar quem so osinterlocutores na seqncia do debate.

    Como a observao do tipo participante, o assento do observadordeve inserir-se no grupo e no fora dele. Mas, pertinente que no ocupeum assento ao lado do coordenador para evitar o reforo de posies decpula, de comando, de segregao do tipo ns e eles e, inclusive,deformao de subgrupo por parte do coordenador e do observador. Porparadoxal que parea, uma boa distncia entre coordenador e observa-dor facilita-lhes a interao face-a-face e a comunicao no verbal paraque possam sintonizar a conduo do debate e os momentos propciospara fazerem intervenes.

    Aps a sesso e, de preferncia, no primeiro ou segundo dia subse-qente mesma, renem-se coordenador e observador, no intuito de rea-lizarem um feedback sobre o que transcorreu e como transcorreu no en-contro. Ambos trocam impresses e pareceres mtuos sobre o desem-penho deseus papis e do grupo como um todo. No recomendvel oencontro no mesmo dia da realizao da sesso, haja vista o intervalo detempo mnimo necessrio para que ocorram insigths e reelaborao davivncia. Por outro lado, ocorrendo um intervalo muito prolongado, de-clina-se do patamar ideal que propicia a uma retomada crtica da vi-vncia.

    O observador pode ser externo (alheio ao projeto) ou interno (inte-grante do projeto). Sendo integrante, tambm auxilia no apoio logstico.

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    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    Muitas vezes, frente s vrias atribuies, conveniente optar por doisobservadores. Ou, pode-se recorrer filmagem das sesses. No entanto,recomenda-se avaliar criteriosamente se a opo por este ltimo recursopossa afetar a espontaneidade do dilogo e, conseqentemente, incidirnum vis da pesquisa.

    5.3 Tcnicas de moderao (de acordo com Debus, 1997). Diretiva: Utiliza perguntas dirigidas e limita muito especificamente

    a gama de respostas. Raramente utilizada.Exemplo: Aplica-se, no caso em que se busca declaraes especficas

    sobre as qualidades de um produto com a finalidade de preparar uma es-cala de classificao para um questionrio quantitativo. O moderador limitaespecificamente a discusso em torno daquele produto.

    .No diretiva: Apresenta perguntas abertas, o que permite aos par-ticipantes expressarem seus sentimentos verdadeiros e reduz ao mnimo ainfluncia do moderador. Quase sempre, o melhor estilo para conduzirgrupos focais.

    Exemplo: a) - Quais foram suas reaes quando ...?. b) - O que vocgostou (ou no gostou) acerca de...?. c) - O que voc pensa (ou sente) comrelao a...?. d) - Por que voc fez (ou faz) (ou pensa em fazer) isto?... ou aquilo que voc mencionou?

    5.4 Estilo do grupo (de acordo com Debus, 1997).Estruturado: O moderador trabalha a partir de um guia de temas

    preparado, incluindo as questes que deve abordar e as reas especficaspara indagao. O guia de temas assegura que constem todos os ques-tionamentos e pontuaes de forma bem estruturada e dirigida para osobjetivos da investigao. Este tipo de grupos focais permitem uma com-parao fcil entre uma srie de grupos.

    Exemplo: Se obtm reaes gerais acerca de trs produtos especficosou de trs fazeres especficos apresentados aos participantes.

    .No estruturado: Recorre-se a um guia de temas bastante vago.O foco e o estilo do debate fica a cargo do prprio grupo. Raramente uti-lizado. s vezes, aplica-se na etapa inicial de definio do problema de umprojeto quando no se dispe de uma investigao anterior e quando acoordenao do programa usufrui de pouca familiaridade com o tema eno tem hipteses quanto aos aspectos ou razes para o problema.

    Exemplo: Um determinado fazer profissional tem sido recomenda-do em um grupo/comunidade mas constata-se que h pouca adeso aomesmo e nenhuma investigao tem sido feita, nem se tem apresentadohipteses sobre o fato. Organiza-se um grupo a fim de tratar sobre a prticaprofissional e no especificamente sobre este fazer.

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    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    . Semi estruturado: Geralmente o mais eficaz, portanto, o maisdifundido.

    Compreende:

    Implica que:

    5.5 Algumas indagaes que auxiliam o debate (proposta por Debus, 1997)

    - O que voc pensa sobre...?- Voc pode explicar...?- Quais so seus sentimentos acerca de...?- Por que selecionou este mtodo? Para qu?- Quem aconselhou este mtodo ou fazer desta maneira?- Que outra maneira tem experimentado? Para qu?- O que significa prtico, melhor, til, etc... para voc? (busca de

    significado para o bvio, o evidente)- E se voc fosse o chefe (ou o subalterno), o que faria nessas

    condies? Para qu?- Voc falou que o ambiente no favorece. Como seria um ambiente

    ideal, neste caso? Use a imaginao. No h limites. No se preocupe se possvel ou no.

    - Voc disse que funciona. Como sabe que funciona?- Voc demonstra ter uma opinio bem definida sobre... . O que voc

    acha que os outros pensam sobre...?- O que quer dizer com isto? O que pretende com...?- O que o faz pensar desta forma?- Pode citar um exemplo?- No tenho certeza que compreendo como voc est utilizando esta

    palavra... Qual o significado?- Quais so algumas das razes para os sentimentos que voc rela-

    tou?- O que pensava, sentia, enquanto fazia...?- Que outros aspectos impressionaram voc?

    .Um guia estruturado de temas (- Cite 5 fazeres mais executados...)

    . Perguntas abertas (- Fale sobre os fazeres que voc mencionou...)

    O moderador atente para todo contedo alocado no guia detemas (ex.:cinco fazeres mais executados ...), porm, de forma aproporcionar uma conversao flexvel, isto , um dilogo cons-trudo atravs de vrios pontos de vista, de argumentos e contraargumentos, de posies similares ou contrrias.

    Por isso, as perguntas-chave: O QU? PARA QU? PORQU? COMO?

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    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    - Voc comeou a falar sobre...- Que palavras utilizaria para descrever...?- Por qu? Por qu sim? Por qu no?O moderador deve aguardar o momento propcio para fazer algum

    comentrio ou pergunta. Com isto, demonstra ateno ao interlocutor eassegura o encadeamento das discusses, prevenindo que no ocorrauma srie de segmentos descontnuos. Alm disso, proporciona uma boatransio a novas reas temticas, como enfatiza Debus (1997). Faze-mos a ressalva de que o silncio tambm fonte de comunicao e podefazer-se necessrio em alguns momentos do debate. Se o moderador muito ansioso, corre o risco de perturbar ou alterar o acontecer grupal,ainda mais quando busca avidamente preencher os momentos de silncio.E, o grupo percebe isso.

    6 ESTABELECIMENTO DO SETTING (ENQUADRE, JURA- MENTAO OU CONTRATO GRUPAL)

    Dada a importncia deste aspecto, desenvolvemos alguns porme-nores que possam auxiliar o leitor. O setting assenta-se no compromissode todos os envolvidos, pois condio necessria para que o ECRO(Esquema Conceitual Referencial Operativo) grupal se consolide, portan-to, o pano de fundo da unidade do grupo, em nome do ns ou 3 pes-soa. Por ECRO entende-se o conjunto organizado de noes e con-ceitos gerais, tericos, referidos a um setor do real, a um universo dodiscurso, que permite uma aproximao instrumental do objeto par-ticular concreto (Pichon-Rivire, 1991, p.173). Cada pessoa, ao ingres-sar no grupo, traz consigo noes e conceitos. Na medida em que trans-correm os debate e os encontros, a riqueza e a troca de informaes comotributo da heterogeneidade, aos poucos, vo delineando noes e con-ceitos que, em determinados momento e contexto so prprios daquelegrupo.

    No setting, so estabelecidas as regras bsicas de convivncia, emconsonncia aos valores e expectativas das pessoas que compem umgrupo. No s comportamentos mas as atitudes so valorizadas pois asregras bsicas de convivncia se consolidam na predisposio dos inte-grantes para colaborarem mutuamente, de maneira que se efetue a di-nmica pretendida.

    Num grupo de autogesto, como proposto por Lapassade (1989) etambm anunciado por Baremblitt (1998), onde os integrantes analisam asua problemtica e definem as necessidades que lhes so prprias, numahierarquia horizontal de potncia para agir mas no de poder, os violado-res do contrato so convocados a se reintegrarem nos dispositivos firmadosou so segregados pelo prprio grupo. Por violador entende-se aquele queno cumpre com o que foi acordado no setting, por exemplo, pontualidade

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    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    e assiduidade nos encontros, respeito fala do outro, observncia dosigilo quanto s informaes trazidas no grupo, etc., lembrando que ca-da grupo define as suas especificidades. Num grupo operativo, segun-do Pichon-Rivire (1991), investiga-se se o violador apontado est sendoo bode expiatrio do todo grupal ao infringir o contrato, isto , se eleest sendo o depositrio dos aspectos negativos do grupo, na medidaem que h outros violadores do setting ou para acenar qualquer outroproblema que vem ocorrendo na dinmica grupal. Implica, a, uma in-trincada rede de aspectos explcitos e implcitos. Seguindo a mesmaorientao de Pichon-Rivire, Castilho (1992) fala em rituais de inicia-o.

    Em se tratando do grupo focal como tcnica de pesquisa, as ati-vidades grupais pressupem regras de convivncia mas tambm outrasponderaes que, substancialmente, privilegiem aspectos ticos. Aqui,dois mbitos merecem ateno: o compromisso tico unilateral, ouseja, dos pesquisadores com os pesquisados; e o compromisso ticobilateral, quer dizer, pesquisadores e pesquisados entre si no que dizrespeito ao acontecer grupal.

    O teor sobre compromisso tico que apresentamos logo a seguirfoi elaborado luz da nossa vivncia com grupo focal no Projeto de Pes-quisa de DallAgnol (1997).6.1 Dos pesquisadores com os sujeitos da pesquisa

    .Convite: antecede o momento grupal. Geralmente padronizado, porescrito. Dependendo da sensibilidade do tema que coloca os partici-pantes numa situao vulnervel quanto s confidncias a serem for-necidas no relato ou se vulnervel porque o tema possa incitar fanta-sias persecutrias, pode ser til um contato face-a-face com cada umdos sujeitos selecionados e, at mesmo, com sua chefia imediata, no casodo tema estar relacionado com situaes de trabalho. O que se prope,aqui, evitar mal-entendidos quanto finalidade da Pesquisa e no quetange utilizao dos resultados da mesma.

    . Consentimento livre e informado: documento por escrito, aten-dendo s Normas de Pesquisa em Sade, do Conselho Nacional de Sa-de (in Goldim, 1997). Neste documento deve constar o objetivo e a im-portncia da pesquisa, nome do pesquisador responsvel, breve escla-recimento sobre a tcnica de pesquisa adotada, garantia de sigilo e anoni-mato no tratamento das informaes obtidas, devoluo dos resultadosdo estudo, iseno de vnculo hierrquico e de coero no vnculo emprega-tcio do participante, autorizao para gravao em udio, vdeo, etc., di-reito desistncia em participar da pesquisa a qualquer momento e semjustificativa, entre outros aspectos pertinentes investigao. Recomen-da-se que no documento contenha um fone para acessar o pesquisador

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    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    responsvel em caso de eventuais esclarecimentos que se fizerem ne-cessrios. Uma via destinada ao participante e outra fica em possedo pesquisador, devidamente assinadas por ambos e datadas. O teor doConsentimento Livre e Informado um respaldo legal tanto para o pes-quisado quanto para o pesquisador.

    . Por ocasio do contrato grupal, o coordenador da sesso distribuio formulrio acima e, verbalmente, pontua os aspectos relevantes, demaneira a no deixar dvidas.

    . Gravao: Explica-se sobre o instrumental adotado, indicando oprincipal motivo que o da retomada fidedigna do contedo para anliseposterior, cujo interesse exclusivamente da pesquisa em curso. Informarsobre o destino das fitas aps a concluso dos trabalhos.

    6.2 Dos participantes entre si(todos os envolvidos)Diz respeito s questes ticas que derivam do processo interacional.

    Cada grupo, em razo dos seus valores e expectativas, delineia peculia-ridades em seu contrato. interessante que o coordenador estimule aparticipao de todos, de forma que as sugestes emerjam do prprio gru-po. Entretanto, algumas clusulas merecem ser contempladas, comosegue:

    .Horrio e durao das sesses: promover acertos quanto ao incioe trmino das sesses e o horrio mais propcio a todos. O coordenador de-ve estar atento para que se faa cumprir com o que foi estipulado. Assim,estar previnindo esvaziamento da mobilizao.

    .Atrasos e faltas: estabelecer os limites, enquanto viveis, que noafete os resultados da pesquisa, lembrando o fone para contato prvio so-bre intercorrncias eventuais.

    .Desistncia do participante: embora esteja assegurado ao partici-pante que pode desistir de colaborar com a pesquisa a qualquer momentoe sem justificativa, o compromisso por ele assumido de notificar previa-mente o pesquisador para que este comunique ao grupo, em nome do nsna interao grupal.

    .Uso do crach: Recomendado como facilitador da interao face-a-face.

    .Sigilo compartilhado: Assim como os pesquisadores tm um com-promisso, tambm os participantes compactuam com a parte que lhescabe. Lembrar que histrias de vida pregressa e contempornea estarono foco de discusso. Portanto o que acontece no grupo, no grupo devepermanecer.

    . Dinmica do debate: O setting o momento ideal para esclarecersobre a dinmica do grupo focal, combinando como sero feitos os relatos,as intervenes, as complementaes, enfim, o dilogo construdo.

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    7 CONSIDERAES FINAISFinalizando, consideramos que nas abordagens grupais lineares e

    tradicionais pode haver uma captao intelectual de um dado tpico emdiscusso como frmula, ficando, porm, tudo reduzido a isso; nesse caso,ocorre uma dissociao na aprendizagem, resultado muito comum quandose dissociam o sentir, pensar e agir, em nome de um conhecimento objeti-vo. Assim sendo, no ocorre transformao. Transformao essa, alme-jada quando se elege em um dado estudo a abordagem de certos temas,empregando-se a Tcnica de Grupo Focal.

    Dado esse fato, consideramos importante que os enfermeiros bus-quem aperfeioar a formao no sentido de capacitarem-se para a utili-zao da tcnica, percebida por ns como um meio e um recurso paraalcanarmos uma prtica mais crtica e inovadora e menos reiterativa.

    ABSTRACT

    The authors describe in this article the methodologic approachof focus groups based on the experience they have had. They definethe methods guidelines, taking a look at the main points of meetingorganization, the role of team coordination and the moments of work group.KEY WORDS: focus groups, research methodology, nursing researchRESUMEN

    En lo presente estudio las autoras abordan la metodologia deinvestigacin a travs de los grupos focales, basadas en sus experienciasvividas. Efectivamente, definem los princpios de la propuesta metodolgica,lhamando la atencin para los requisitos necessarios a la organizacin de losencuentros, lo papel del equipo de cordenacin en lo manejo de los grupos ymomentos de lo trabajo grupal.DESCRIPTORES: grupos focales, metodologia de investigacin, in- vestigacin en enfermeriaREFERNCIAS BIBLIOGRFICAS1 ASSOCIAO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM - Classificao das prticas de enfer-

    magem em sade coletiva no Brasil. Projeto. Manual do Pesquisador: orientao parao trabalho de campo. Braslia. 1997. 93p.

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    Grupos focais como estratgia ... DallAgnol, C.M. et al.

    Endereo da autora: Clarice Maria DallAgnolAuthors address Rua Mcio Teixeira n 134 ap. 512

    Bairro Menino Deus90050-360 - Porto Alegre - RS

    5 CASTILHO, urea. Liderando grupos: um enfoque gerencial. Rio de Janeiro: Qualitymark,1992.

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