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Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Nutrição
Programa de Pós-Graduação Mestrado em Nutrição
Área de Concentração: Bases Experimentais
Tereza Cristina Bomfim de Jesus Deiró
DESENVOLVIMENTO SOMÁTICO E SENSÓRIO-MOTOR E PADRÃO DO CONSUMO ALIMENTAR, EM RATOS: EFEITOS DO TRATAMENTO
COM INIBIDOR DE RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE CRESCIMENTO RÁPIDO DO ENCÉFALO
Recife
1998
Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências da Saúde Departamento de Nutrição
Programa de Pós-Graduação Mestrado em Nutrição
Área de Concentração: Bases Experimentais
Tereza Cristina Bomfim de Jesus Deiró
DESENVOLVIMENTO SOMÁTICO E SENSÓRIO-MOTOR E PADRÃO DO CONSUMO ALIMENTAR, EM RATOS: EFEITOS DO TRATAMENTO
COM INIBIDOR DE RECAPTAÇÃO DA SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE CRESCIMENTO RÁPIDO DO ENCÉFALO
Dissertação apresentada para obtenção do título de Mestre em Fisiologia da Nutrição no Curso de Pós-Graduação do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco. Contou com o apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Orientador: Prof. Dr. Raul Manhães de Castro Docteur de l’Université Pierre et Marie Curie (Paris 6) Professor Adjunto - Departamento de Nutrição - Universidade Federal de Pernambuco
Recife
1998
Deiró, Tereza Cristina Bomfim de Jesus
Desenvolvimento somático e sensório-motor e padrão do consumo alimentar, em ratos: efeitos do tratamento com inibidor de recaptação da serotonina durante o período de crescimento rápido do encéfalo / Tereza Cristina Bomfim de Jesus Deiró. – Recife: O Autor, 1998.
117 folhas : il., fig. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de
Pernambuco. CCS. Nutrição, 1998. Inclui bibliografia e anexos. 1. Dieta equilibrada - Ratos - Estudo experimental.
2. Aleitamento materno - RatosComportamento neonatal e adulto. 3. Serotonina –Sistema nervoso central (SNC) – Antidepressivos – Rato – Estudo experimental. 4. Desenvolvimento e Crescimento (Reflexos e medidas murinométricas_ -Ratos. I, Título.
613.2.083:612.82 CDU (2.ed.) UFPE 613.20832 CDU (21.ed.) BC2004-221
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos... e conhecesse todos os mistérios e toda ciência e ainda que
tivesse toda fé de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor nada seria”. (Coríntios, 13)
RREESSSSUUSSOONNHHAANNDDOO
OO aaccaassoo mmee ffeezz ppeennssaarr
AAvvaarriieeii mmiinnhhaa rreeaalliiddaaddee
CChhoorreeii nnuumm ttrroonnccoo mmoorrttoo
BBoorrrreeii aa mmaaddeeiirraa ddee ssuuoorr
EEnnxxuugguueeii aa lláággrriimmaa ddee uumm bbêêbbaaddoo
DDiivviiddii aa ttrriisstteezzaa ccoomm uumm ppaallhhaaççoo
MMoorrrrii
AAmmaannhheeccii
CCoommii uumm ffrruuttoo
NNaassccii ggrrããoo
EEnnttããoo mmuuttaannttee......
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TTeerreezzaa DDeeiirróó
EEssttee ppooeemmaa rreefflleettee ooss mmeeuuss sseennttiimmeennttooss dduurraannttee aa eellaabboorraaççããoo ddeessttee ttrraabbaallhhoo
aassssiimm,, ddeeddiiccoo--oo aa mmiimm mmeessmmaa
DEIRÓ, T.C.B.J Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Dedicatória
Dedicatória
À minha mãe Eleuzina Maciel Bomfim de Jesus (in memorian) cuja
grandeza das estrelas e simplicidade das flores, de mulher e cidadã foi
singular, me fazendo ser tudo o que sou, o meu imensurável
agradecimento e o meu amor maior.
À meu pai Damião Pereira de Jesus homem simples, vítima de um
sistema que lhe premiou com o analfabetismo, porém agraciado pela
simplicidade dos pássaros, legado da natureza. Obrigada pelo carinho e
por ter sempre confiado em mim.
DEIRÓ, T.C.B.J Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
À Deus, que deu-me o grande prêmio de ter nascido a 16 de novembro, de ter a alegria como uma constante em minha vida, de acreditar em mim e nas pessoas ao meu redor e, pela sensação da sua constante presença. Obrigada.
Ao professor, orientador desta tese Dr. Raul Manhães de Castro, pelo incentivo,
pela maneira como se conduziu como professor e amigo, fatores determinantes para a elaboração desse trabalho e com quem aprendi lições inesquecíveis. O uso de palavras das mais simples às mais rebuscadas não expressariam toda gratidão, carinho, admiração e o meu enorme respeito.
Ao professor Rubem Carlos Araújo Guedes, pelo acompanhamento e pela ajuda
sempre oportunos. Expresso aqui o meu maior respeito e estima. Ao professor José Eulálio Cabral Filho, pela orientação nos testes estatísticos tão
importantes neste trabalho. Sinceros agradecimentos. A professora Fernanda Bezerra Ramos Costa, pela preciosa ajuda durante a
elaboração do projeto. Minha grande estima e amizade. Às professoras Florisbela de A. Campos, Francisca Bion e todos os professores
do curso que por ventura tenha omitido os nomes. Obrigada pelos novos conhecimentos e pela amizade.
À Lucia Pires Ferreira, de quem jamais quero prescindir a amizade, pela ajuda
indispensável nos trabalhos estatísticos e de computação. A minha imensa gratidão e amizade.
Ao professor José Audísio Costa pelos ensinamentos e pela admirável forma
política de ver a ciência. A minha sincera consideração e amizade. Ao professor Everton Almeida pela colaboração sempre que necessárias ao
andamento dos trabalhos do Laboratório de Fisiologia da Nutrição. Aos funcionários Hamilton Salviano, José Paulino Ramos, Ana de França,
Charles Araújo, Neci do Nascimento, Damiana Torres pela amizade e ajuda sempre que necessária. O meu muito obrigado.
Às minhas oito irmãs e meu único irmão, (in memoriam). Agradeço por terem de
alguma forma contribuído para minha formação como pessoa cidadã e meu crescimento sob todos os aspectos.
À minha colega e amiga Jairza Barreto Medeiros e nossa pequena Mayra com
quem aprendi tanto. Obrigada pela convivência e por dividir comigo as apreensões de uma situação nova em nossas vidas durante este mestrado.
Às amigas Adenilda Queirós, Daniela Neder e Cristina Lima que comigo dividiram
o espaço, as alegrias e a saudade da terra baiana, a Joseana Saraiva minha querida amiga cearense e à colega e amiga Karla Mônica. Jamais esquecerei tudo que fizeram por mim.
DEIRÓ, T.C.B.J Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Agradecimentos A todas as colegas de turma do meu ano de ingresso, agradeço imensamente pela
acolhida, pela alegria da convivência e apoio recebidos. Jamais esquecerei vocês. Aos estagiários do Laboratório de Fisiologia da Nutrição, Rogério Freitas, Paulo
Oliveira, Jayse Galvão, Katiane Cavalcanti, Sandra Lopes, Wylla Ferreira, Cristiano Mendes, Ivna Souza e Rogério Gomes. Seria muito difícil expressar o carinho que tenho por vocês. Obrigada por tudo.
Às colegas da Escola de Nutrição da UFBA pelo apoio irrestrito, particularmente à
minha liberação para fazer este curso de mestrado. A minha gratidão e profunda amizade. À PRPPG-UFBA e à Maísa Sales pelo acompanhamento eficiente e resolução de
problemas pertinentes ao PICDT-UFBA-CAPES.
À professora e colega Raquel Santana que não mediu esforços para as cansativas sessões de fotos. Sinceramente, obrigada.
Aos meus amigos deste Brasil afora (particularmente os da Bahia, minha terra que
tanto amo) que como eu, pensam em construir um Brasil independente sem as marcas da injustiça, da fome e das desigualdades, companheiros que prescindiram da minha presença na militância política e acreditaram no meu sucesso. A vocês a minha promessa de voltar mais forte para continuar.
Finalmente, a Haroldo Deiró meu esposo e grande companheiro pelo amor e tanta
tolerância a mim dedicado e, à minha prole: Ricardo, Pablo, Renata, Paula, Graziela, Haroldo Filho e Rodrigo. Para vocês todas as palavras se tornam pequenas e insuficientes para expressar o meu agradecimento por tanta compreensão, às vezes ainda inconsciente, durante tantos meses de ausência. Vocês são o que tenho de mais importante na minha vida. Tudo o que faço e farei é pelo amor que tenho por vocês.
SUMÁRIO
DEIRÓ, T.C.B.J Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Sumário
S U M Á R I O
Abreviaturas RESUMO INTRODUÇÃO 15JUSTIFICATIVA 27OBJETIVOS 29Objetivo Geral 29Objetivos Específicos 29
HIPÓTESES 31METODOLOGIA 33Delineamento Experimental 33Estudo dos indicadores de desenvolvimento somático durante o período de aleitamento 34Estudo de indicadores de desenvolvimento sensório-motor 39Estudo de indicadores de desenvolvimento após o período de aleitamento 43Estudo do consumo alimentar 43Estudo do peso de órgãos 48Análise estatística 52
RESULTADOS 54Estudo de indicadores de desenvolvimento durante o período crítico de desenvolvimento neural 54Avaliações murinométricas 54Avaliação da maturação de características físicas 60Avaliação de indicadores de maturação sensório-motora 62Estudo de indicadores de desenvolvimento após o período de aleitamento 65Estudo do consumo alimentar 69Estudo do peso de órgãos 76
DISCUSSÃO 84CONCLUSÃO 102PERSPECTIVAS 104ABSTRACT 106REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 108OUTRAS PUBLICAÇÕES
DEIRÓ, T.C.B.J Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Abreviaturas
Abreviaturas
5-HT 5-hidroxitriptamina, serotonina PCA Peso corporal absoluto 5,7 – DHT 5,7 dihidroxitriptamina PCAFinal Peso corporal absoluto no final 5-HIAA Ácido 5-hidroxiindolacético PCAInicial Peso corporal absoluto no início 8-OH-DPAT 8-hydroxy-2-(di-n-propylamino)tetralin pCPA para-clorofenilalanina A Reação de aceleração PCSA Peso do cérebro seco absoluto ACA Abertura do conduto auditivo PCSR Peso do cérebro seco relativo AO Abertura dos olhos PCUA Peso do cérebro úmido absoluto AP Aversão ao precipício PCUR Peso de cérebro úmido relativo APA ABERTURA DO PAVILHÃO AUDITIVO PESA Peso do encéfalo seco absoluto CAA Consumo alimentar absoluto PESR Peso do encéfalo seco relativo CAR Consumo alimentar relativo PEUA Peso do encéfalo úmido absoluto CC Comprimento da cauda PEUR Peso do encéfalo úmido relativo CHA Consumo hídrico absoluto PFSA Peso do fígado seco absoluto CHR Consumo alimentar relativo PFSR Peso do fígado seco relativo Cit Citalopram PFUA Peso do fígado úmido absoluto Cit10 Grupo citalopram de 10 mg/kg PFUR Peso do fígado úmido relativo Cit20 Grupo citalopram de 20 mg/kg PN Pós-natal Cit5 Grupo citalopram de 5 mg/kg PP Preensão palmar, reflexo de CV Colocação pelas vibrissas QAO Quota de água oferecida DOI 4-metil-2,5-dimetoxifenilsopropilamina QF Quantidade fecal EAPC Eixo ântero-posterior do crânio QHI Quota hídrica ingerida EFA Excreção fecal absoluta QI Quota alimentar ingerida EFR Excreção fecal relativa QO QUOTA OFERECIDA EL Eixo longitudinal RA Rejeito de água ELLC Eixo látero-lateral do crânio RD Recuperação de decúbito EP Erro padrão RL Rejeito limpo EUA Excreção urinária absoluta RS Resposta ao susto EUR Excreção urinária relativa RjS Rejeito sujo GN Geotaxia negativa Sal GRUPO SALINA III Irrupção dos incisivos inferiores SN Sistema nervoso Ing Grupo ingenuo SNC Sistema nervoso central ISRS Inibidor seletivo de recaptação de serotonina SSRI = ISRS Inibidor seletivo de recaptação de serotonina mCPP m-clorofenilpiperazina VPA Variação do peso absoluto NaCl Cloreto de sódio VPR Variação do peso relativo PC Peso corporal VU Volume urinário
RESUMO
DEIRÓ, T.C.B.J Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resumo
RESUMO - Neste trabalho foram investigadas, em ratos, as repercussões do tratamento com inibidor seletivo de serotonina (ISRS) sobre a ontogênese de reflexos, a maturação somática e sensório-motora e o consumo alimentar no animal adulto. Para isso, ratos Wistar machos foram divididos em grupos recebendo diariamente, do 1o ao 21o dia de vida os seguintes tratamentos s.c. Ingênuo (Ing; n=26), sem tratamento; Salina (Sal; n=24), NaCl a 0,9% (2ml/kg) e; citalopram (Cit) nas doses: 5 mg/kg (Cit5, n=10); 10 mg/kg (Cit10, n=10), ou 20 mg/kg (Cit20, n=26). Foram realizadas diariamente, do 1o ao 21o e, a cada 3 dias, do 24o ao 60o dia pós-natal, as seguintes avaliações murinométricas: peso corporal (PC), comprimento da cauda (CC), eixos do crânio látero-lateral e ântero-posterior (ELLC e EAPC). Registrou-se o dia de aparecimento das seguintes características físicas: abertura do pavilhão auditivo (APA), abertura do conduto auditivo (ACA), irrupção dos incisivos (III) e abertura dos olhos (AO). Foram avaliados diariamente os seguintes reflexos: preensão palmar (PP), aversão ao precipício (AP), geotaxia negativa (GN), resposta ao susto (RS), colocação pelas vibrissas (CV), aceleração (A). Aos 70-80 dias de idade, os animais foram submetidos, durante 7 dias, a estudo de consumo alimentar, através da avaliação de parâmetros, tais como: peso corporal absoluto (PCA), variação do peso absoluto e relativo (VPA; VPR), consumo alimentar absoluto e relativo (CAA; CAR), consumo hídrico absoluto e relativo (CHA; CHR), excreção fecal absoluta e relativa (EFA; EFR), excreção urinária absoluta e relativa (EUR; EUA) e a razão CHA/EUA. Após sacrifício (110-120 dias de idade), foi realizado estudo dos órgãos, obtendo-se os seguintes parâmetros de peso: do encéfalo, úmido absoluto e relativo (PEUA; PEUR), seco absoluto e relativo (PESA; PESR); do cerebelo, úmido absoluto e relativo (PCUA; PCUR), seco absoluto e relativo (PCSA; PCSR); do fígado, úmido absoluto e relativo (PFUA; PFSR), seco absoluto e relativo (PFSA; PFSR). Utilizou-se para a análise estatística, ANOVA seguido do teste de Tukey para dados paramétricos, Kruskal-Wallis seguido de Mann-Whitney para dados não paramétricos. Não houve diferença entre Ing e Sal em todos os parâmetros analisados; o grupo salina foi então escolhido como controle. Avaliações murinométricas – Comparado ao Sal, durante o aleitamento, houve redução (p<0,01): do PC de Cit10, a partir do 15o dia, e de Cit20, a partir do 6o dia; do CC de Cit20, a partir do 9o dia; do ELLC de Cit10, a partir do 15o dia, e de Cit20, a partir do 9o dia; do EAPC de Cit20, a partir do 15o dia. Durante o período do 24o ao 60o dia pós-natal, quando comparados ao Sal, houve redução (p<0,01): do PC de Cit10, do 48o ao 60o dia, e de Cit20, do 24o ao 60o dia; do CC de Cit20 a partir do 24o dia; do ELLC de Cit10, do 24o ao 44o dia; e de Cit20 do 24o ao 60o; do EAPC de Cit20 do 34o ao 60o dia. Entretanto, o PC de Cit5 foi maior do que o do Sal do 45o ao 60o dia de vida. Maturação de características físicas – Comparados ao Sal, houve retardo em: ACA em Cit5 e Cit20 (p<0,05) e; a III atrasou em Cit5 e Cit10 (p<0,05). Desenvolvimento sensório-motor – Comparados a Sal houve retardo (p<0,01): de PP, RD, CV e A em todos os grupos tratados com Cit; de RS, no Cit5, Cit10 e Cit20; de AP no Cit20; de GN no Cit5, Cit10 e Cit20. Consumo alimentar – Comparados ao grupo Sal houve redução (p<0,01): do PCA no Cit20; CAA no Cit5, Cit10 e Cit20; do CHA no cit10 e no Cit20; da EFA no Cit 10 e Cit20; da EUA em Cit20. Todavia, comparado ao Sal, houve aumento (p<0,01) do CHR e do CHA/EUA no Cit20. Não houve diferenças da VPA; da VPR, do CAR e da EFR de cada um dos grupos comparados ao Sal. Peso dos órgãos – Comparados ao Sal, houve redução (p<0,01): do peso encefálico úmido absoluto
DEIRÓ, T.C.B.J Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resumo (PEUA), do peso do encéfalo seco absoluto (PESA) e do peso do cerebelo úmido absoluto (PCUA) em Cit20. Entretanto, o peso do encéfalo seco relativo (PESR) e o peso do encéfalo úmido relativo (PEUR) foram maiores no Cit20 comparado a Sal. Quanto ao fígado, comparados ao grupo Sal demonstraram redução: do peso do fígado úmido absoluto (PFUA), o Cit10 e o Cit20; do peso do fígado seco absoluto (PFSA) o Cit10 e o Cit20. O tratamento crônico com ISRS, durante o aleitamento, retarda a ontogênese de reflexos e altera a maturação somática em ratos. Além disso, é observada também alteração da evolução ponderal até a idade adulta. Nesta fase seqüelas observadas no peso corporal e nos pesos de órgãos parecem também estar associadas à manipulação do sistema serotoninérgico. Entretanto, não se descarta aqui efeitos inespecíficos do ISRS empregado. Na dose adulta foram registradas alterações de alguns parâmetros do consumo alimentar. As alterações encontradas se manifestam de maneira distinta, na dependência da dose empregada. Isto sugere a participação de diferentes tipos de receptores serotoninérgicos. Estudos envolvendo manipulação farmacológica com agonistas ou antagonistas serotoninérgicos específicos ainda são necessários. Contudo, os resultados parecem confirmar o papel importante do sistema da 5-HT no desenvolvimento somático e sensório-motor e no padrão adulto do consumo alimentar.
INTRODUÇÃO
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 15
Nas últimas décadas, estudos que envolvem os eventos do crescimento e
desenvolvimento do sistema nervoso (SN), têm ocupado lugar de destaque na
literatura científica. Uma estratégia para esse tipo de estudo no SN, é a utilização de
animais que, como o rato, após o nascimento, apresentam relevante imaturidade
neural. O curso dos eventos do desenvolvimento do SN, em animais experimentais,
cumpre aproximadamente as mesmas etapas da maturação no ser humano,
obedecendo porém a uma relação tempo/evento, de acordo com cada espécie
(Morgane et al., 1978; 1993). Estes estudos experimentais são necessários portanto,
para melhor compreender vários aspectos intrigantes (anatômicos, bioquímicos e
fisiológicos) do desenvolvimento do sistema nervoso central (SNC), o qual é a base
para a expressão comportamental (Morgane et al., 1993). Vários dos achados
podem assim, com as devidas precauções, serem extrapolados para humanos.
O crescimento celular em qualquer sistema, inclusive o SNC, passa
necessariamente por aumento no número de células, aumento no tamanho de cada
célula ou a ocorrência dos dois eventos. O crescimento, portanto, é caracterizado
por três importantes fases: uma fase inicial em que as células se dividem muito
rapidamente e as células filhas possuem o mesmo tamanho; uma segunda fase em
que a divisão se processa, porém de forma mais lenta, resultando no aumento tanto
em número quanto nos seus tamanhos individuais; e, finalmente, uma fase em que a
divisão cessa ocorrendo crescimento máximo das células. Nesta etapa, no caso do
SNC, ocorre diferenciação celular. Essas etapas são classicamente conhecidas
como fase de hiperplasia, fase de hiperplasia com hipertrofia e fase de hipertrofia
respectivamente (Winick et al., 1972; Morgane et al., 1993).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 16
Durante a ontogênese do SNC, tanto no homem como no rato, a fase que
envolve processos de diferenciação neuronal, migração, sinaptogênese,
multiplicação glial e mielinização é particularmente decisiva para a determinação das
características morfo-funcionais adultas. Este período de rápido crescimento, assim
denominado por Smart e Dobbing (1971a), se constitui numa fase mais sensível às
agressões, sendo portanto considerado um período crítico do desenvolvimento
(Winick et al., 1972; Morgane et al., 1993). No rato, ocorre nas três primeiras
semanas após o nascimento e corresponde ao período de aleitamento (Smart e
Dobbing, 1971b).
Eventos seqüenciais apresentados pelo SN durante o desenvolvimento pré e
pós-natal, determinam a composição neuroquímica e a estrutura morfofuncional
definitivas, presentes no adulto (Morgane et al., 1993). Como a estrutura do SN não
é homogênea, a proliferação celular varia em intensidade de acordo com a região, o
tipo celular e a etapa do desenvolvimento (Winick et al., 1972; Morgane et al., 1993).
No cérebro de ratos, a divisão celular vai até os 21 dias após o nascimento; já no
cerebelo, não ultrapassa os 16 ou 17 dias (Morgane et al., 1978).
Os sistemas orgânicos, em particular o SN, obedecem a um cronograma de
desenvolvimento cujas diferentes fases acontecem numa seqüência temporal
geneticamente pré-determinada (Morgane et al., 1993). Assim, além de fatores de
crescimento e diferenciação, como parece ser o caso da serotonina (5-HT), dentre
outros fatores epigenéticos, o suprimento adequado de nutrientes essenciais durante
o período crítico de crescimento do cérebro, é também de extrema relevância tanto
em humanos como em ratos (Morgane et al, 1993; Smart e DobbIng, 1971a).
Os eventos do crescimento e desenvolvimento, até aqui mencionados, são
observados em todas as regiões do SN e podem ser modificados por fatores
exógenos, tais como alterações nutricionais e manipulações farmacológicas dos
sistemas de neurotransmissores. Tanto estas, quanto outras agressões durante o
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 17
período rápido de crescimento, podem acarretar alterações funcionais irreversíveis
no cérebro e em outros tecidos (Winick et al., 1972; Morgane et al., 1993). Por
exemplo, o uso de etanol durante a vida intra-uterina em ratos, provoca mudanças
específicas que modificam os componentes do sistema serotoninérgico (Kim e
Druse, 1996).
Há drásticas mudanças morfofuncionais a nível neuronal quando uma
agressão nutricional ou farmacológica ocorre na etapa vulnerável (Noback e
Eisenman, 1981; Manhães de Castro et al., 1993). Estas alterações poderão ser
parcialmente reversíveis ou não, em função da magnitude da agressão e dos fatores
ambientais a que são submetidos os indivíduos (Levitsky e Barnes, 1972; Diamond
et al., 1985). Estudos que interpretem a relação entre tais eventos constitui-se em
ferramentas utilizadas como agentes agressores para compreensão dos efeitos de
insultos ocorridos durante o crescimento e desenvolvimento do SN (Morgane et al.,
1993).
Os sistemas de neurotransmissores estão envolvidos na modulação do
desenvolvimento e crescimento. Dentre estes, destaca-se o sistema serotoninérgico
cuja indolamina é a serotonina. Este neurotransmissor tem como precursor o
aminoácido triptofano que é fornecido ao organismo através da dieta. Sua síntese
envolve duas reações, uma de hidroxilação onde o triptofano se transforma em 5-
hidroxitriptofano (5-HTP) pela ação da triptofano hidroxilase e outra de
descarboxilação em que o 5-HTP dá origem a 5-HT através da enzima 5-
hidroxitriptofano descarboxilase (Cooper et al., 1978). Ratos alimentados com dieta
suplementada com triptofano apresentaram redução da resposta convulsiva,
caracterizando o efeito protetor desse aminoácido. (Cabral-Filho et al., 1987). A
serotonina está presente em muitos organismos vivos desde espécies mais
primitivas como os artrópodes (onde age como neurohormônio no desenvolvimento
do embrião), moluscos e insetos (onde influencia o desenvolvimento de vários
tecidos e fenômenos como a metamorfose), até espécies mais evoluídas como o
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 18
homem (Turlejsky, 1996). Em ratos, os primeiros neurônios serotoninérgicos
aparecem entre o 12o e o 14o dias da gestação (Lauder e Bloom, 1974).
No animal adulto, a pluralidade de intervenções da 5-HT ao nível central
encontra um suporte anatômico; a grande maioria dos corpos celulares dos
neurônios serotoninérgicos estão localizados nos núcleos da rafe no tronco cerebral
(Fig. 1), de onde projetam axônios para a maioria das estruturas do SNC (Jacobs e
Azmitia, 1992). Todavia, esta disposição anatômica não poderia tudo explicar. De
fato, as ações da serotonina resultam mais precisamente de sua interação ao nível
celular, com estruturas moleculares específicas denominadas receptores. Estes
apresentam uma heterogeneidade surpreendente e localização pré e pós-sináptica
(neste último caso, em neurônios serotoninérgicos ou não), existindo cerca de 14
tipos e subtipos de receptores serotoninérgicos (Hoyer et al., 1994; Manhães de
Castro, 1995).
Durante evolução ontogenética do cérebro a serotonina atuando em seus
múltiplos receptores, possivelmente apresenta-se como um fator neuronal trófico
(Hamon e Emerit, 1989). Um dos importantes mecanismos da influência trófica da
serotonina é a estimulação da glia para produção de outros fatores tróficos, efeitos
inicialmente observados por Whitaker-Azmitia e Azmitia (1989) em estudos in vitro e
posteriormente confirmados por Liu e Lauder (1992). Também foi observado que a
regulação serotoninérgica das interações mesenquima-epitélio têm importante papel
na morfogênese craniofacial (Shuey et al, 1992; 1993) .
Em mamíferos, a densidade final e localização de terminais serotoninérgicos
são estabelecidas durante a maturação pós-natal do sistema nervoso central que,
em ratos, pode durar semanas ou meses (Lidov e Molliver, 1982; Azmitia et al.,
1983; Wallace e Lauder, 1983). Entretanto, algumas estruturas nervosas que
apresentam inervações serotoninérgicas, passam por etapas de hiperinervação ou
de grande expressão temporal de alguns receptores da 5-HT (D’Amato et al., 1987;
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 19
Daval et al., 1987). Assim, em ratos neonatos, hiperinervação serotoninérgica
durante o desenvolvimento foi encontrada em todas as áreas sensoriais primárias do
neocórtex (D’Amato et al., 1987).
Grandes variações nas medidas de ligação especifica de agonistas dos
receptores 5-HT ocorrem em várias regiões cerebrais, no período de
desenvolvimento pós-natal (Daval et al., 1987). Os sítios de ligação 5-HT1A são
relativamente abundantes no cerebelo de ratos neonatos e dificilmente detectados
em ratos adultos (Daval et al., 1987). Entretanto, nestes mesmos animais, um
progressivo aumento destes sítios 5-HT1A desde o período pós-natal até a fase
adulta, é encontrado no girus dentado, no hipocampo e no córtex cerebral (Daval et
al., 1987).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 20
Fig. 1 - Vias serotoninérgicas no cérebro. Modificado de Snyder, S.H. In: Drugs and the Brain. Scientific American Library, 1996.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 21
Ainda, altas densidades de receptores serotoninérgicos 5-HT1A são
observados no lobo occipital de cérebros de fetos de macacos; estes receptores
parecem estar envolvidos com o estímulo à proliferação de neurônios corticais
durante o período de crescimento nestes animais (Lidow e Rakic, 1995). Portanto,
os receptores serotoninérgicos poderiam também atuar como sinalizadores do
desenvolvimento de diversas estruturas do sistema nervoso, particularmente
aquelas associadas a funções nas quais a serotonina desempenha um papel como
neurotransmissor.
Em animais adultos, injeção de pequenas doses de serotonina no núcleo
paraventricular do hipotálamo leva a uma redução no consumo de carboidratos.
Entretanto, quando altas doses de serotonina são injetadas, em geral uma anorexia
pode ocorrer. (Toornvliet, 1996). Evidências indicam que a maioria dos tratamentos
que aumentam a disponibilidade da 5-HT na fenda sináptica resultam numa redução
do consumo alimentar em mamíferos. Outrossim, eventos que direta ou
indiretamente diminuem a disponibilidade da 5-HT na fenda sináptica, causam o
efeito oposto (Blundel, 1984; 1986; Simansky, 1996). A alteração na disponibilidade
sináptica do neurotransmissor afetará a sua interação com os receptores a nível
celular. No animal adulto, através da interação com os receptores serotoninérgicos,
a serotonina elicia ou modula uma ampla variedade de funções do SNC, dentre as
quais, o comportamento alimentar (Chopin et al., 1994).
Dos subtipos de receptores estudados até o momento, as evidências
sugerem que 5-HT1A, 5-HT1B e 5-HT2C têm papel importante no controle da ingesta
alimentar (Halford e Blundel, 1996a, 1996b). Os agonistas não seletivos dos
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 22
receptores serotoninérgicos e drogas que independente de sua ação terapêutica
aumentam a disponibilidade sináptica de serotonina como precursores, agentes
liberadores ou inibidores de recaptação, reduzem o consumo alimentar (Samanin et
al., 1972, 1979; Goudie et al., 1976; Sugrue, 1987; Lucki et al., 1988; Clifton et al,
1989).
Os agonistas dos receptores 5-HT1A como o 8-OH-DPAT, buspirona ou
gepirona, aumentam o consumo alimentar em ratos e em outras espécies, por
ativação dos autoreceptores somatodendríticos localizados nos neurônios
serotoninérgicos dos núcleos da rafe, diminuindo a liberação de serotonina nos seus
terminais (Cooper, 1987, 1989; Dourish et al., 1985; Dourish 1995; Hutson et al.,
1987, 1988; Curzon, 1990). Este efeito hiperfágico do 8-OH-DPAT é bloqueado em
ratos previamente tratados com antagonistas de receptores 5-HT1A como espiperona
e pindolol (Lucki, 1992).
Uma redução de 57% na ingesta alimentar tem sido mostrada em ratos
tratados com o CP-94,253, um agonista do receptor 5-HT1B (Halford et al., 1996b).
Assim, vários agonistas 5-HT1B inibiram o consumo alimentar e diminuíram o ganho
de peso em ratos (Samanin et al., 1979; Garattini et al., 1989; Macor et al., 1990;
Koe et al., 1992; Halford et al., 1996b).
Estudos de Garattini (1995) mostraram que d-fenfluramina, cuja ação
farmacológica é aumentar a disponibilidade sináptica da serotonina, causa redução
da ingestão alimentar em ratos. Achados semelhantes foram observados após
administração de fluoxetina em animais pré-tratados com pCPA, um inibidor de
síntese da 5-HT (Lightowler et al, 1996). Embora o pré-tratamento com pCPA tenha
causado uma redução de 90% da 5-HT e 5-HIAA, esses autores observaram que o
efeito hipofágico da fluoxetina não foi alterado.
Os receptores 5-HT2 parecem participar também do controle do
comportamento alimentar. Assim, o 4 metIl-2,5-dimetoxifenilsopropilamina (DOI), um
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 23
agonista dos receptores 5-HT2, inibe o consumo alimentar em ratos, efeito que é
antagonizado pela ketanserina, um antagonista seletivo dos receptores 5-HT2 (Titeler
et al., 1988).
Outro estudo demonstrou que alteração do consumo alimentar por fluoxetina,
é semelhante a mecanismos naturais da saciedade, sendo este efeito antagonizado
parcialmente por metergolina (antagonista do receptor 5-HT2C não específico),
(Halford e Blundell, 1996a). Assim, conforme exposto até o momento, os
componentes do sistema serotoninérgico parecem estar envolvidos com a evolução
do sistema nervoso e desempenham importante função reguladora no
comportamento alimentar do animal adulto. Entretanto, é ainda obscuro qual seu
papel na ontogênese da expressão de comportamentos reflexos e no
desenvolvimento das características físicas em ratos neonatos. Outrossim, a
repercussão causada pela alteração do sistema serotoninérgico no período de
desenvolvimento rápido do encéfalo é ainda uma incógnita, apesar da utilização por
especialistas de agentes serotoninérgicos no tratamento das diversas patologias,
inclusive aquelas que envolvem o comportamento alimentar. Estudos sobre as
conseqüências de eventuais alterações do sistema serotoninérgico causadas
durante o período crítico de desenvolvimento cerebral sobre o comportamento
alimentar adulto, não têm sido encontrados na literatura.
Os trabalhos de Morgane et al.,(1978) demonstraram que animais submetidos
à agressão nutricional apresentam alterações duradouras dos níveis de serotonina
cerebral; entretanto, estes autores, devido à extensão dos danos provocados pela
desnutrição (também em outros sistemas de neurotransmissores), não puderam
fazer correlações entre a perturbação no sistema da serotonina e as alterações
comportamentais observadas.
Atualmente, com o avanço da farmacologia, é possível dispor de substâncias
altamente seletivas que atuam especificamente em determinados sistemas de
neurotransmissores. Estas drogas são a princípio ferramentas farmacológicas que
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 24
podem atuar a nível celular. Para aumentar a disponibilidade sináptica de serotonina
e assim observar o papel do sistema serotoninérgico nos parâmetros a serem
estudados, utilizaremos portanto, no presente trabalho, o citalopram.
Além do citalopram, substâncias que interferem na transmissão sináptica da
serotonina, são bem conhecidas a fluoxetina e a paroxetina, potentes inibidores
seletivos de recaptação da 5-HT (SSRIs) que diferem em sua estrutura química,
metabolismo e farmacocinética, apresentando mecanismos comuns de ação (Fig. 2a
e 2b) (Baumman e Rochat, 1995). Fluoxetina e citalopram estão disponíveis
quimicamente como racematos. Estudo realizado com ratos, in vitro, demonstrou
que o citalopram nas suas formas isômeras, S-citalopram e S-demetilcitalopram, são
potentes SSRIs (Hyttel, 1994; Baumman e Rochat, 1995). Citalopram é
metabolizado a N-demetilcitalopram e a N-didemetilcitalopram, que também são
SSRIs menos potentes (Baumman, 1996). Além disso, apresenta alta afinidade por
sítios de recaptação da serotonina, o que o torna uma droga modelo, para estudos
que envolvam esse neurotransmissor (Arranz e Marcusson, 1994).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Introdução 25
Fig. 2a - Estrutura química de citalopram, um inibidor de recaptação de
serotonina. Modificado de Baumann e Rochat, 1995.
Fig. 2b - Desenho esquemático mostrando mecanismo dos SSRIs. Aumento do neurotransmissor na área somatodendrítica; desinibição posterior ativando o fluxo dos impulsos neuronais; aumento da liberação da serotonina no terminal axônico. (Modificado de Stahl, S.M. Psicofarmacologia dos antidepressivos, 1997).
JUSTIFICATIVA
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Justificativa 27
O presente estudo, utilizando o rato como modelo experimental, para
avaliação do desenvolvimento de reflexos e sinais de maturação de caracteres
somáticos, poderá fornecer subsídios para melhor compreensão dos efeitos de
agressões farmacológicas durante o período crítico de desenvolvimento do SNC.
Além disso, estes estudos poderão contribuir também para esclarecer o possível
envolvimento do sistema serotoninérgico no crescimento e desenvolvimento do
SNC. Posteriormente, o estudo do consumo alimentar no início da fase adulta, será
de grande relevância para melhor compreensão do efeito de manipulações
neonatais do sistema serotoninérgico e sua repercussão no padrão adulto desse
parâmetro comportamental. Adiante, o estudo dos pesos do encéfalo, cerebelo e
fígado poderão contribuir para a avaliação de efeitos duradouros de manipulações
farmacológicas do SNC, durante o período de aleitamento. Por último, porém não
menos importante, este trabalho poderá auxiliar os especialistas (psiquiatras,
nutrólogos, endocrinologistas, etc), que utilizam na terapêutica clínica substâncias
inibidoras da recaptação da serotonina, quanto aos possíveis efeitos destas drogas
em seus pacientes.
OBJETIVOS
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Objetivos 29
GERAL
Investigar em ratos, as repercussões do tratamento neonatal, com inibidor
seletivo da recaptação da serotonina, sobre a maturação somática, o
desenvolvimento sensório-motor e o padrão adulto do consumo alimentar.
ESPECÍFICOS
Serão avaliados:
a evolução ponderal antes e depois do desmame;
crescimento do animal através da evolução dos comprimentos da cauda e
longitudinal do corpo;
crescimento do crânio através da evolução dos seus eixos látero-lateral e
ântero-posterior.
desenvolvimento de caracteres físicos, tais como: a abertura dos olhos,
abertura do pavilhão e conduto auditivo e erupção dos incisivos superiores
e inferiores;
desenvolvimento de reflexos (ou involução no caso de reflexo primitivo),
tais como: preensão palmar, geotaxia negativa, colocação pelas vibrissas,
aversão ao precipício, recuperação de decúbito (endireitamento) e
aceleração.
padrão do consumo alimentar e de água no adulto jovem;
a eliminação fecal e de urina no adulto jovem;
os pesos do encéfalo e do cerebelo no adulto;
peso do fígado no adulto;
HIPÓTESES
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Hipóteses 31
Tratamento crônico com inibidor de recaptação de serotonina em ratos
neonatos causa:
Retardo na ontogênese de reflexos;
Retardo na ontogênese de caracteres somáticos;
Alteração do padrão do consumo de ração e de água e, da eliminação
urinária e fecal no animal adulto;
Redução nos pesos do encéfalo, cerebelo e fígado de ratos adultos.
METODOLOGIA
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 33
DELINEAMENTO EXPERIMENTAL
Foram utilizados ratos albinos da linhagem Wistar, da colônia do
Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Pernambuco. Os ratos
receberam dieta padrão do biotério (LABINA - Purina do Brasil S/A) e água ad
libitum, durante todo o experimento. Os animais foram mantidos em sala com
temperatura de 23 ± 2 °C, num ciclo de claro (6:00 às 18:00 h) e escuro (18:00 às
6:00 h).
Para o estudo, foram constituídas ninhadas de seis neonatos machos, com no
mínimo 6 g de peso corporal. Os filhotes foram mantidos com as mães para
amamentação durante 21 dias pós-natal.
O dia do nascimento foi considerado como dia 0 (zero), sendo o tratamento e
as avaliações iniciados 24 horas após o parto (1o dia).
Foi utilizado citalopram (Lab. Lundbeck), um inibidor altamente seletivo de
recaptação de serotonina (Hyttel, 1994), sempre aplicado por via subcutânea a um
volume de 2ml/100g p.c. A solução salina continha cloreto de sódio na concentração
de 0,9% (soro fisiológico). O citalopram era dissolvido em solução salina a 0,9% de
cloreto de sódio (Sánchez e Hyttel, 1994). As doses utilizadas para o tratamento
crônico com citalopram foram 5 mg, 10 mg e 20 mg por Kg de peso corporal
diariamente, durante 21 dias pós-natal.
Cada ninhada foi eqüitativamente dividida em 3 grupos:
1 - animais não tratados (Grupo Ingênuo; Ing);
2 - animais tratados, com solução salina a 0,9% de NaCl, 20 ml/kg sc. (Grupo
Salina; Sal), diariamente às 13 h, do 1o ao 21o dia pós-natal (PN);
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 34
3 - animais tratados com Citalopram (Cit), diariamente às 13 h, do 1o ao 21o
dia pós-natal. Segundo a dose de citalopram empregada, as ninhadas
apresentavam um dos seguintes grupos: Cit20 - 20 mg de citalopram por
Kg de peso corporal; ou Cit10 - 10 mg de citalopram por Kg de peso
corporal ou Cit5 - 5 mg de citalopram por Kg de peso corporal.
Os grupos experimentais assim delineados foram submetidos aos
procedimentos dos estudos a seguir.
ESTUDO DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO SOMÁTICO DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
Avaliações murinométricas
Cada animal era avaliado diariamente de 12:00 às 13:00 h quanto às
seguintes medidas:
• Peso Corporal (PC) - O peso corporal foi aferido em balança digital (Marte,
modelo S-000 com sensibilidade para 0,0001) para se estabelecer a evolução
ponderal dos grupos experimentais (Fig. 3A).
• Comprimento da Cauda (CC) - O animal era contido delicadamente com
uma das mãos do pesquisador. Em seguida, encostava-se o trem posterior do
animal na borda de uma mesa lisa e plana. Por sobre a mesa, a cauda do animal foi
delicadamente mantida bem estirada. Com uma caneta, fez-se marcas na mesa,
coincidentes com a extremidade e a base da cauda. Mediu-se então, com a ajuda de
um paquímetro (marca FWP), a distância entre os pontos obtidos em centímetros
(Fig. 3B).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 35
• Eixo Látero-lateral do Crânio (ELLC) - Este, foi considerado, tendo como
referência a linha imaginária perpendicular ao eixo longitudinal do crânio, dividindo
os pavilhões auriculares ao meio. O pesquisador continha o animal com uma das
mãos, tendo a cabeça desse entre os dedos indicador e polegar. Assim, com auxílio
do paquímetro, procedia-se à medida do eixo látero-lateral do crânio (Fig. 3C)
• Eixo Ântero-posterior do Crânio (EAPC) - Para a medida do eixo ântero-
posterior do crânio, foi tomada como referência, a linha média que vai da
extremidade do focinho até o ponto de interseção com outra linha perpendicular
imaginária. Essa última passa tangencialmente às extremidades posteriores dos
pavilhões auriculares. O pesquisador continha o rato com uma das mãos, mantendo
a cabeça do animal entre os dedos indicador e polegar. Procedia-se à medida com
auxílio do paquímetro (Fig. 3D).
• Eixo Longitudinal (EL) - O eixo longitudinal foi medido, contendo-se o
animal. Para tanto, delicadamente, os dedos anular, médio e indicador do
pesquisador comprimiam respectivamente as regiões dorso-anterior, dorso-posterior
do corpo e a cauda do animal de encontro a uma superfície plana (mesa). Em
seguida, com uma caneta, faziam-se marcas na mesa, coincidentes com o focinho e
a base da cauda do animal. Media-se então, com a ajuda de um paquímetro (marca
FWP), a distância em cm entre os pontos obtidos (Fig. 3E).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 36
Raquel Santana / Tereza Deiró
A
Raquel Santana / Tereza Deiró
BRaquel Santana / Tereza Deiró
C
Raquel Santana/Tereza Deiró
D
Raquel Santana/Tereza Deiró E
Fig. 3 - Fotos mostrando manipulação de ratos neonatos para tomada do: peso corporal (A),
comprimento da cauda (B), eixo látero-lateral do cranio (C), eixo ântero-posterior do cranio (D), eixo longitudinal (E). Fotos.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 37
Avaliação da maturação de características físicas
Cada animal dos diferentes grupos foi analisado diariamente, partindo do 1o
ao 21o dia pós-natal, entre 12:00 e 13:00 horas, quanto à maturação dos seguintes
caracteres físicos:
• Abertura do pavilhão auditivo (APA)
• Abertura do conduto auditivo (ACA)
• Irrupção dos incisivos inferiores (III)
• Abertura dos olhos (AO)
Para cada animal, foi anotado o tempo em dias desde o nascimento até a
maturação da característica física avaliada. Cada um destes parâmetros foi
pesquisado com a ajuda de uma lupa (2x) com foco luminoso. Foram observados os
seguintes procedimentos:
APA - Normalmente dobrado ao nascimento sobre o orifício auricular, o
pavilhão desfaz a dobra durante e evolução ontogenética. Assim, a APA foi
considerada no dia em que a dobra, uma vez desfeita, tornava-se livre e podia ser
palpada pelo pesquisador (Fig. 4A).
ACA - O conduto auricular primitivamente obliterado, abre-se alguns dias
após o nascimento. O conduto foi então considerado aberto no dia em que o orifício
auricular podia ser visualizado. (Fig. 4B)
III- Considerou-se o rompimento da gengiva com exposição incisal, o dia da
irrupção dos incisivos inferiores. (Fig. 4C)
AO - Durante algum tempo após o nascimento, os olhos do rato encontram-se
fechados. Assim, esta característica foi considerada no dia em que a abertura total
das pálpebras, permitia a exposição normal dos olhos (Fig. 4D).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 38
Raquel Santana / Tereza Deiró
A
Raquel Santana / Tereza Deiró
B
Raquel Santana / Tereza Deiró
C
Raquel Santana / Tereza Deiró
D
Fig. 4 - Fotos mostrando ratos neonatos em diferentes idades, sendo manipulados para
observação de características físicas: animal com 3 dias de idade, abertura do pavilhão auditivo (A); animal com 12 dias de idade, abertura do conduto auditivo (B), irrupção dos incisivos (C) e abertura dos olhos (D).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 39
Estudo dos indicadores de desenvolvimento sensório-motor
Foi analisado diariamente, em cada animal dos diferentes grupos, a partir do
1o dia pós-natal, às 11 horas da manhã, o desenvolvimento dos seguintes reflexos
(método modificado de Smart e Dobbing, 1971a):
• preensão palmar (PP);
• recuperação de decúbito (RD);
• colocação pelas vibrissas (CV);
• aversão ao precipício (AP);
• geotaxia negativa (GN);
• resposta ao susto, (RS);
• reação de aceleração (A).
Para cada um dos reflexos acima mencionados, o dia da consolidação do
reflexo era considerado o primeiro dia da seqüência de três dias consecutivos de
aparecimento completo da resposta reflexa esperada.
A avaliação do desenvolvimento sensório-motor (reflexos), utilizando-se
instrumentos elaborados ou existentes no laboratório, foi procedida conforme
descrição abaixo:
PP - Utilizando-se um bastonete de metal, com aproximadamente 5 cm de
comprimento por 1 mm de diâmetro, fazia-se uma leve percussão na palma da pata
dianteira esquerda de cada animal. A resposta era considerada positiva, se
houvesse a flexão rápida dos dedos após duas tentativas (Fig. 5A).
RD - O rato era colocado em decúbito dorsal sobre uma superfície plana.
Considerava-se a resposta positiva, quando o animal girava o corpo e assumia o
decúbito ventral apoiado nas quatro patas, num período máximo de 10 s (Fig. 5B).
CV - O rato era suspenso pela cauda de tal forma que suas vibrissas tocavam
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 40
levemente a borda de uma mesa. Considerava-se a resposta positiva, quando o
animal, no tempo máximo de 10 s, colocava as patas anteriores sobre a mesa
tentando caminhar (Fig. 5C).
AP - O animal era colocado com as patas dianteiras sobre a borda de uma
superfície plana e alta (mesa) de maneira a detectar o precipício. Considerava-se a
resposta positiva quando o animal, no tempo máximo de 10 s, deslocava-se 45
graus do precipício, caracterizando a aversão. (Fig. 5D).
GN - O animal era colocado no centro de uma rampa com a cabeça no
sentido descendente. A rampa de 45o de inclinação era constituída de uma
prancheta de 34 x 24 cm, revestida com material antiderrapante (papel crepom). A
resposta reflexa era considerada positiva quando o animal, num período máximo de
10 s, voltava-se completamente, girando o corpo aproximadamente 140o,
posicionando a cabeça em sentido ascendente (Fig. 5E).
RS - O rato era submetido a um estampido agudo, produzido pela percussão
de um bastão metálico sobre um recipiente (4,5 cm de diâmetro x 6 cm de altura)
também metálico e oco, a uma distância aproximada de 10 cm do animal. A resposta
era considerada positiva, quando ocorria uma simultânea e rápida retração com
imobilização involuntária do corpo do animal, característica do susto (Fig. 5F).
A - O rato era seguro pelas quatro patas com o dorso voltado para baixo, a
uma altura de 30 cm (uma régua de 30 cm, perpendicular ao plano servia como
guia). O animal era então solto e observava-se sua queda livre sobre um leito de
espuma sintética (30 x 12 cm). A resposta era considerada positiva, quando o animal
girava completamente o corpo, voltando o ventre para baixo, caindo na superfície
apoiado sobre as quatro patas (Fig. 5G).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 41
Raquel Santana / Tereza Deiró
A
B1 B2
Raquel Santana / Tereza Deiró
B3
C1
Raquel Santana / Tereza Deiró
C2
Raquel Santana / Tereza Deiró
D
Fig. 5 - Ratos neonatos durante tratamento neonatal com citalopram submetidos aos testes
de reflexos: preensão palmar (A); recuperação de decúbito (B1, B2 e B3); colocação pelas vibrissas (C1 e C2); aversão ao precipício (D).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 42
Raquel Santana / Tereza Deiró
E
Raquel Santana / Tereza Deiró
F
G
Raquel Santana / Tereza Deiró
Fig. 5.1 - Ratos neonatos durante tratamento com citalopram, submetidos aos testes de
reflexos: geotaxia negativa (E); resposta ao susto (F); aceleração (G).
Raquel Santana / Tereza Deiró
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 43
ESTUDO DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO APÓS O PERÍODO DE ALEITAMENTO
Após o desmame, os animais eram transferidos para gaiolas metálicas. Os
animais de cada ninhada permaneciam juntos na mesma gaiola, sendo somente
retirados, para tomada das medidas murinométricas, para os estudos de consumo
ou para o sacrifício. Durante o período que permaneciam nas gaiolas coletivas, os
ratos recebiam dieta de biotério (Labina - Purina do Brasil S/A) e água ad libitum.
Algumas medidas murinométricas continuaram a ser efetuadas com a
finalidade de acompanhar o desenvolvimento dos animais dos diferentes grupos
experimentais. Assim, após o desmame (21o dia pós-natal), do 24o ao 60o dia, de 3
em 3 dias, foram realizadas as medidas do peso corporal (PC), do comprimento da
cauda (CC) e dos eixos látero-lateral (ELLC) e ântero-posterior (EAPC) do crânio. Os
procedimentos foram os mesmos anteriormente descritos para as avaliações
durante o período de aleitamento.
ESTUDO DO CONSUMO ALIMENTAR
Entre 70 a 80 dias de idade, cada animal dos diferentes grupos, foi colocado
em gaiola metabólica individual em aço inoxidável. A gaiola metabólica dispõe de
comedouro, bebedouro, coletor de fezes e coletor de urina (Fig. 6A e Fig. 6B).
Durante o período de 7 dias, foram aferidos diariamente o peso, a ingesta de ração e
de água, a eliminação de fezes e de urina. As avaliações foram sempre efetuadas
entre 12:00 e 13:00 horas. Para cada animal dos diferentes grupos, os seguintes
procedimentos foram adotados:
• Peso corporal - O peso corporal era aferido em balança digital (Marte, modelo
S-000, com sensibilidade de 0,0001g).
• Ração - A quota oferecida (QO) em gramas de dieta Labina era colocada no
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 44
comedouro. Os rejeitos limpo (RL) e sujo (RjS) em gramas, deixados 24 horas
depois pelo animal, respectivamente, dentro e fora do comedouro, eram pesados.
Todas as pesagens eram realizadas em balança digital (Marte, modelo S-000,
capacidade de 4 kg, precisão de 10-3 g).
• Água - A quota de água oferecida (QAO) cada dia, em bebedouro de vidro e
padronizada em 250 ml. Após 24 horas, era quantificado em proveta graduada, o
rejeito de água (RA) em ml encontrado no bebedouro.
• Fezes - Cada dia, cuidadosamente com ajuda de uma espátula, os bolos
fecais eram coletados e transferidos para uma placa de Petri, efetuando-se a
pesagem em seguida.
• Urina - A urina coletada era medida em proveta graduada.
Após as avaliações de acordo com os procedimentos acima descritos foram
obtidos os seguintes parâmetros:
Peso Corporal Absoluto (PCA) - Corresponde ao peso corporal em gramas de
cada animal obtido diariamente durante a avaliação do consumo alimentar.
Variação Ponderal Absoluta (VPA) - Corresponde à diferença entre o PCA do
animal no final (PCA final) e aquele aferido no início (PCA inicial) do período de
avaliação do consumo alimentar. Assim, obteve-se a VPA utilizando-se a seguinte
equação VPA = (PCA final – PCA inicial).
Variação Ponderal Relativa (VPR) - Foi calculada utilizando a seguinte
equação: VPR = (VPA / Pm x 100. Onde Pm é a média dos PCA do animal no período
de avaliação do seu consumo alimentar (7 dias).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 45
Quota Alimentar Ingerida (QI) - É a quota de ração ingerida em gramas pelo
animal diariamente. Para o cálculo, utilizava-se a fórmula: QI = QO - (RL+RjS).
Consumo Alimentar Absoluto (CAA) - Corresponde à media das QI no período
de avaliação do consumo alimentar: CAA = Σ QI / 7.
Consumo Alimentar Relativo (CAR) - Foi calculado utilizando a seguinte
equação: CAR = (CAA / Pm) x 100.
Quota Hídrica Ingerida (QHI) - É a quota de água ingerida em ml pelo animal
diariamente. Para o cálculo, utilizava-se a fórmula: QHI = QAO - (RA).
Consumo Hídrico Absoluto (CHA) - Corresponde à media das QHI no período
de avaliação do consumo alimentar: CHA = Σ QHI / 7.
Consumo Hídrico Relativo (CHR) - Foi calculado utilizando a seguinte
equação: CHR = (CHA / Pm ) x 100.
Quantidade Fecal (QF) - É a quantidade em gramas de fezes eliminada pelo
animal diariamente.
Excreção Fecal Absoluta (EFA) - Corresponde à média das QF no período de
avaliação do consumo alimentar: EFA = Σ QF / 7.
Excreção Fecal Relativa (EFR) - Foi calculada utilizando a seguinte equação:
EFR = (EFA / Pm ) x 100.
Volume Urinário (VU) - É o volume em ml de urina eliminado pelo animal
diariamente.
Excreção Urinária Absoluta (EUA) - Corresponde à média dos VU no período
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 46
de avaliação do consumo alimentar: EUA = Σ VU / 7.
Excreção Urinária Relativa (EUR) - Foi calculada utilizando a seguinte
equação: EUR = (EUA / Pm) x 100.
CHA/EUA - É a razão entre o Consumo Hídrico Absoluto e a Excreção de
Urina Absoluta no período de avaliação do consumo alimentar.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 47
Raquel Santana / Tereza Deiró
A
Raquel Santana / Tereza Deiró
B
Fig. 6 - Gaiola metabólica com ratos adultos (70-80 dias de idade) submetidos ao consumo alimentar (A); parte posterior da gaiola metabólica mostrando bebedouro e comedouro (B).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 48
ESTUDO DO PESO DE ÓRGÃOS
Para retirada e conseqüente estudo de órgãos no animal adulto, cada rato
dos diferentes grupos experimentais, na faixa de 110 a 120 dias de idade era
pesado e anestesiado. Para isso, colocava-se o animal dentro de uma câmara de
vidro contendo algodão embebido em éter anestésico. Uma vez anestesiado,
retirava-se o animal da câmara, colocando-o em decúbito dorsal, fixado pelas patas,
sobre uma mesa de vivissecção. Após depilação, eram realizadas laparotomia e
toracotomia amplas de forma a expor as vísceras torácicas e abdominais.
Em seguida, o animal era perfundido com o objetivo de remover o sangue dos
vasos e evitar ao máximo a coagulação dentro dos órgãos. Assim, para perfusão,
introduzia-se uma cânula de polietileno no ventrículo esquerdo do coração.
Outrossim, uma pequena incisão feita no átrio direito permitia a saída do sangue.
Imediatamente, iniciava-se, ainda com a presença de batimentos cardíacos, a
injeção lenta de 20-30 ml de soro fisiológico e imediatamente a seguir separava-se
a cabeça do corpo e procedia-se à retirada dos órgãos (Fig. 7).
Peso Encefálico e Cerebelar
Após os procedimentos acima descritos, era realizada craniotomia,
removendo-se o encéfalo do animal. Uma breve imersão em soro fisiológico era feita
para remover resíduos de sangue, enxugando-se em seguida com papel de filtro. O
cerebelo era separado do resto do encéfalo. O encéfalo (assim denominado, mesmo
estando esse, isento de cerebelo) e o cerebelo eram pesados em balança analítica
(modelo Bosh, S-2000, com sensibilidade até 0,1 mg), obtendo-se o peso do
encéfalo úmido absoluto e do cerebelo úmido absoluto. Posteriormente, os encéfalos
e os cerebelos eram colocados em estufa (FANEM) a 100 °C, sendo então pesados
a cada dois dias até atingirem peso constante. A esse peso constante, denominou-
se peso do encéfalo seco absoluto e peso do cerebelo seco absoluto.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 49
O peso do encéfalo úmido e o peso do cerebelo úmido assim como o peso do
encéfalo seco e o peso do cerebelo seco foram relacionados ao peso corporal do
animal no dia do sacrifício. O fator “100” refere-se a 100g do peso corporal do
animal. Obteve-se assim o peso do encéfalo úmido relativo, o peso do cerebelo
úmido relativo, peso do encéfalo seco relativo e o peso do cerebelo seco relativo
(ver fórmulas abaixo).
- Peso do encéfalo úmido relativo = (Peso do encéfalo úmido absoluto / peso
corporal no dia do sacrifício) x 100.
- Peso do cerebelo úmido relativo = (Peso do cerebelo úmido absoluto / peso
corporal no dia do sacrifício) x 100.
- Peso do encéfalo seco relativo = (Peso do encéfalo seco absoluto / peso
corporal no dia do sacrifício) x 100.
- Peso do cerebelo seco relativo = (Peso do cerebelo seco absoluto / peso
corporal no dia do sacrifício) x 100.
Peso do fígado
O fígado era retirado logo após a perfusão, com a cuidadosa remoção do
diafragma, vasos e tecidos adjacentes (Fig. 7D). Logo após a retirada, o fígado era
imerso rapidamente em soro fisiológico e enxugado em papel de filtro. Em seguida,
o fígado era pesado nas mesmas condições citadas acima para o encéfalo e
cerebelo, obtendo-se o peso do fígado úmido absoluto. Em seguida, eram também
colocados em estufa (FANEM) a 100 oC, sendo pesados a cada cinco dias até que
o peso fosse constante. A esse peso denominou-se peso do fígado seco absoluto.
Os pesos do fígado úmido e seco foram relacionados ao peso corporal do
animal no dia do sacrifício. Obteve-se dessa forma os pesos do fígado úmido e seco
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 50
relativos conforme fórmulas abaixo.
- Peso do fígado úmido relativo = (Peso do fígado úmido absoluto / peso
corporal no dia do sacrifício) x 100.
- Peso do fígado seco relativo = (Peso do fígado seco absoluto / peso corporal
no dia do sacrifício) x 100
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 51
Raquel Santana / Tereza Deiró
A
Raquel Santana / Tereza Deiró
B
Raquel Santana / Tereza Deiró
C
Raquel Santana / Tereza Deiró
D
Fig. 7 - Aspectos da retirada de órgãos em ratos (110 a 120 dias de idade) tratados com
SSRI - citalopram durante período de aleitamento. Perfusão intraventricular (A); retirada do encéfalo (B); encéfalo (C); retirada do fígado (D).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Metodologia 52
ANÁLISE ESTATÍSTICA
Utilizou-se o software Statgraphics - Statistical Graphics Corporation, v 5.1.
Para comparação dos diferentes grupos, a análise de variância (ANOVA) foi
empregada sempre que os dados (expressos pela média ± erro padrão) eram
paramétricos. Quando a ANOVA revelava diferença significativa, era utilizado o teste
de Tukey para identificação de quais grupos diferiam entre si.
O teste de Kruskal-Wallis, seguido do teste de Mann-Whitney, foi utilizado
para os dados não paramétricos, sempre representados no texto, entre parênteses,
pela mediana, os valores máximo e mínimo.
A significância estatística era considerada, admitindo-se um nível crítico de
p<0,05 para rejeição da hipótese nula em todos os casos.
RESULTADOS
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 54
ESTUDO DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO DURANTE O PERÍODO CRÍTICO DE DESENVOLVIMENTO NEURAL (PERÍODO DE ALEITAMENTO)
Avaliações murinométricas
Quanto à evolução ponderal, os grupos Ing e Sal não diferiram entre si,
durante os 21 dias pós-natal (Fig. 8a). Quando comparados ao grupo Sal, o grupo
Cit10 apresentou redução (p<0,01) dos pesos corporais diários do 10o ao 21o dia e,
o grupo Cit20, do 6o ao 21o dia pós-natal (Fig. 8a). O grupo Cit5 não diferiu do Sal
(Fig. 8a). A Figura 8b ilustra a evolução ponderal de ratos controles e Cit20 em
diferentes idades.
CRESCIMENTO PONDERAL, DO 1o AO 21o DIA PÓS-NATAL, DE RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE RECAPTAÇÃO DE
SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO.
0
10
20
30
40
50
60
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
In gSalC it 5 m gC it 10 m gC it 20 m g
Dia s de vida
Peso
(g)
a a a
a a aa a a a a a a a a aa a a a a a a
a aa
a a
Fig. 8a - Crescimento ponderal, do 1o ao 21o dia pós-natal, de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante o período. Durante o aleitamento, grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 20 ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=26) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=26). Os animais tratados com citalopram foram divididos segundo a dose em grupos: de 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=14), 20 mg (Cit20, n=27). Durante o referido tratamento, em cada animal foi tomado diariamente o peso corporal. Os resultados representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 55
A
B
C
D
Fig. 8b - Fotos de ratos durante o período de aleitamento, recém desmamados e adultos tratados ou não com citalopram durante 21dias pós-natal, sendo visível a diferença de peso e tamanho nos animais controle e o Cit20. Neonatos com 11 dias (A); com 30 dias (B); com 60 dias (C); e com 93 dias de idade (D).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 56
Não houve diferença no CC entre os grupos Ing e Sal (Fig. 9). O grupo Cit20
apresentou redução (p<0,01) do comprimento da cauda do 8o ao 21o dia quando
comparado ao grupo Sal (Fig. 9). O comprimento da cauda dos grupos Cit5 e Cit10
foram similares ao grupo Sal (Fig. 9).
EVOLUÇÃO, 1o AO 21o DIA PÓS-NATAL, DO COMPRIMENTO DA CAUDA DE
RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE RECAPTAÇÃO DE
SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO.
0
1
2
3
4
5
6
7
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
IngSalCit 5 m gCit 10 m gCit 20 m g
Dias de vida
Com
prim
ento
(cm
)
a
a a aa a a a
a a a aa a
Fig. 9 - Evolução, do 1o ao 21o dia pós-natal, do comprimento da cauda de ratos tratados com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante este período. Durante o aleitamento (21 dias pós-natal), grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=26) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=26). Os animais tratados com citalopram foram, segundo a dose, divididos em grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=14), 20 mg (Cit20, n=27). Durante o referido tratamento, em cada animal foi tomado diariamente a medida do comprimento da cauda. Os resultados são representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 57
Durante os 21 dias pós-natal, os grupos Ing e Sal não diferiram entre si
quanto ao eixo longitudinal corporal (Fig. 10). Quando comparados ao grupo Sal, o
grupo Cit10 apresentou redução (p<0,01) do eixo longitudinal do 14o ao 21o dia e, o
grupo Cit20, do 6o ao 21o dia pós-natal (Fig. 10). O grupo Cit5 não diferiu do grupo
Sal quanto ao eixo longitudinal (Fig. 10).
EVOLUÇÃO DO EIXO LONGITUDINAL, DO 1o AO 21o DIA PÓS-NATAL, DE
RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE RECAPTAÇÃO DE
SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
0
2
4
6
8
10
12
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
IngSalCit 5 m gCit 10 m gCit 20 m g
Dias de vida
Com
prim
ento
(cm
)
a
a
a a a a a a
a
a a a a a a a
a a aa a a a a
Fig. 10 – Evolução, 1o ao 21o dia pós-natal, do eixo longitudinal de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante este período. Durante o aleitamento (21 dias pós-natal), grupos de ratos neonatos, receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=26) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=26). Os animais tratados com citalopram foram divididos, segundo a dose, em grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=14), 20 mg (Cit20, n=27). Durante o referido tratamento, em cada animal foi tomado diariamente a medida do eixo longitudinal. Os resultados estão representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 58
O eixo látero-lateral do crânio do grupo Ing foi semelhante ao do grupo Sal
durante os 21 dias pós-natal (Fig. 11). Nesse mesmo período, o eixo látero-lateral do
crânio do grupo Cit5 não diferiu daquele do grupo Sal (Fig. 11). Quando comparados
ao grupo Sal, o grupo Cit10 apresentou redução (p<0,01) desse eixo do 10o ao 21o
dia e, o grupo Cit20, do 6o ao 21o dia pós-natal (Fig. 11).
EVOLUÇÃO, DO 1o AO 21o DIA PÓS-NATAL, DO EIXO LÁTERO-LATERAL DO
CRÂNIO DE RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE
RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
IngSalCit 5 mgCit 10 mgCit 20 mg
Dias de vida
Com
prim
ento
(cm
)
a
a a a a a a a a a a a a a a a a
aaaaaa aaa
a
Fig. 11 – Evolução, 1o ao 21o dia pós-natal, do eixo látero-lateral do crânio de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante o período de aleitamento. Durante o aleitamento (21 dias pós-natal), grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=26) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=26). Os animais tratados com citalopram foram divididos, segundo a dose, em grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=14), 20 mg (Cit20, n=27). Durante o referido tratamento, em cada animal foi tomado diariamente a medida do eixo látero-lateral do crânio. Os resultados estão representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 59
Durante os 21 dias pós-natal, os grupos Ing e Sal não diferiram entre si
quanto ao eixo ântero-posterior do crânio (Fig. 12). Nesse mesmo período, o eixo
ântero-posterior do crânio do grupo Cit10 não diferiu daquele do grupo Sal (Fig. 12).
Quando comparado ao grupo Sal, o grupo Cit20 apresentou redução (p<0,01) do
eixo ântero-posterior do crânio do 13o ao 21o dia pós-natal (Fig. 12). Do 14o ao 21o
dia pós-natal, o grupo Cit5 apresentou eixo ântero-posterior do crânio maior do que
aquele do grupo Sal (Fig. 12).
EVOLUÇÃO, DO 1o AO 21o DIA PÓS-NATAL, DO EIXO ÂNTERO-POSTERIOR DO CRÂNIO DE RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE
RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
IngSalCit 5 m gCit 10 m gCit 20 m g
Dias de vida
Com
prim
ento
(cm
)
a a a aa a a a
a
a a a a a a a a
Fig. 12 – Evolução, 1o ao 21o dia pós-natal, do eixo ântero-posterior do crânio de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante o período de aleitamento. Durante o aleitamento (21 dias pós-natal), grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=26) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=26). Os animais tratados com citalopram foram divididos, segundo a dose, em grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=14), 20 mg (Cit20, n=27). Durante o referido tratamento, em cada animal foi tomado diariamente a medida do eixo ântero-posterior do crânio. Os resultados estão representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 60
Avaliação da maturação de características físicas
Os grupos Cit5 (3, 2-6), Cit10 (3, 2-4), Cit20 (3, 2-5) e Ing (3, 2-4) e Sal (3, 1-
4) apresentaram o mesmo dia de abertura do pavilhão auricular (Fig. 13A). No
entanto, conduto auricular apresentou atraso (p<0,01) nos grupos Cit5 (13, 12-14) e
Cit20 (13, 11-18) quando comparados ao grupo Sal (12, 11-14). O grupo Cit10 (12,5,
12-14), não diferiu do grupo Sal. Os grupos Ing (12, 11-14) e Sal não diferiram entre
si quanto à maturação desse indicador. (Fig. 13B).
A irrupção dos incisivos inferiores (III), ocorreu com atraso (p<0,01), nos
grupos Cit5 (13, 12-14), Cit10 (12, 11-15) e; Cit20 (12, 10-17) comparados ao Sal
(12, 9-13). Os grupos Ing (10,5, 9-13) e Sal foram semelhantes. (Fig. 13C).
A abertura dos olhos (AO), nos grupos Ing (14, 12-15), Sal (14, 12-15), Cit5
(14, 12-16) Cit10 (14, 12-14) e; Cit20 (14, 12-17), ocorreu em dias de idade
semelhantes. (Fig. 13D)
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 61
MATURAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DE RATOS NEONATOS TRATADOS COM INIBIDOR SELETIVO DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA
Fig. 13 - Ratos neonatos receberam citalopram durante 21 dias PN nas doses de 5 mg (Cit 5, n=10) 10 mg (Cit 10, n=14), 20 mg (Cit 20, n=25), solução salina 0,9% (Sal, n=28) ou não tratados (Ing, n=28). Durante o período de aleitamento, foram observados quanto à maturação de características físicas como APA, ACA, III e AO. Os resultados estão apresentados em medianas (colunas) e valores máximos e mínimos (acima das colunas). Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. Teste de Kruskal-Wallis, seguido de Mann-Whitney. a, p< 0,01.
0369
121518
Dia
de
mat
uraç
ão
2-4 1-4 2-6 2-4 2-5
Grupos
A - Abertura do Pavilhão Auditivo
0369
121518
Dia
de
mat
uraç
ão Inga
12-1411-14 12-1411-14a
11-18
Grupos
B - Abertura do Conduto Auditivo
Sal
Cit 5
Cit 10
Cit 20
0369
121518
Dia
s de
mat
uraç
ão
12-1312-13
a11-15
a12-15 a
9-17
C - Irrupção dos Incisivos Inferiores
Grupos
0369
121518
Dia
de
mat
araç
ão 12-15 12-15 12-17 12-14 12-17
D - Abertura dos Olhos
Grupos
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 62
Avaliação de indicadores de maturação sensório-motora (reflexos)
O desaparecimento do reflexo da preensão palmar nos animais do grupo Ing
(2,0; 1-6) comparados aos animais do grupo Sal (2,5; 1-9), foi semelhante. Os
animais dos grupos Cit5 (6,5; 3-5); Cit10 (6,0; 5-9) e; Cit20 (5,0; 2-11), apresentaram
atraso (p<0,01) para o dia de desaparecimento desse reflexo, quando comparados
aos animais do grupo Sal. (Fig. 14 A).
O reflexo de recuperação de decúbito (endireitamento) sofreu atraso (p<0,01),
nos grupos Cit5 (8; 4-9), Cit10 (9; 5-10) e Cit20 (7; 4-12) quanto ao dia de
aparecimento, quando cada um deles foi comparado ao Sal (5; 3-9). Os grupos Ing
(4; 2-8) e Sal não diferiram entre si. (Fig. 14B).
Os grupos Ing (12; 8-14) e Sal (11; 8-15) levaram o mesmo tempo para
apresentar o reflexo de colocação pelas vibrissas (Fig. 14C). Os grupos Cit5 (13; 11-
16); Cit10 (13; 11-17); e Cit20 (12; 9-18) apresentaram atraso (p<0,01), quanto ao
aparecimento desse reflexo, quando cada um deles foi comparado ao grupo Sal
(Fig. 14C).
Quanto ao teste do reflexo de aversão ao precipício, não houve diferença
quando se comparou, os grupos Ing (11; 7-15) e Sal (8; 7-14). Comparados ao Sal,
o grupo Cit20, (12; 8-17) apresentou atraso (p<0,01) para o dia de aparecimento
desse reflexo. Os grupos Cit5 (10; 8-13) e Cit10 (11; 7-18) não diferiram do Sal. (Fig.
14D).
O dia de aparecimento do reflexo de geotaxia negativa mostrou-se atrasado
(p<0,01) nos grupos Sal (12; 9-16), Cit5 (12; 9-16) , Cit10 (13; 12-18) e Cit20 (17; 13-
22) quando comparados ao grupo Ing (10; 8-16). Os resultados estão representados
na Fig. 14E.
O reflexo de resposta ao susto atrasou (p<0,01) nos grupos Cit10 (13; 12-18)
e Cit20 (13; 12-16), quanto ao dia de aparecimento, quando comparados àquele do
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 63
grupo Sal (Fig. 14F). Os grupos Cit5 (12; 12-18), Ing (11; 10-13) e Sal (11; 11-14),
apresentaram o reflexo da resposta ao susto em dias semelhantes (Fig. 14F).
Quando se comparou os grupos Ing e Sal (14; 11-16) e (14; 12-18)
respectivamente, estes mostraram dias semelhantes para o aparecimento do reflexo
de aceleração (Fig. 14G). Os grupos Cit5 (17; 16-19), Cit10 (16; 14-21) e Cit20 (17;
16-24) atrasaram (p<0,01) o aparecimento desse reflexo comparados ao Sal (Fig.
14G).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 64
ONTOGÊNESE DE REFLEXOS DE RATOS NEONATOS TRATADOS COM INIBIDOR DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE
ALEITAMENTO
A - PREENSÃO PALMAR
0
7
14
21
28
1-6 1-9
a3-8
a5-9
a2-11
Grupos
Dia
s de
vid
a
Fig. 14 - Ratos neonatos receberam citalopram durante 21 dias PN nas doses de 5 mg (Cit5, n=10) 10 mg (Cit10, n=14), 20 mg (Cit20, n=25), solução salina 0,9% (Sal, n=28) ou não tratados (Ing, n=28). Durante o período de aleitamento, foram observados quanto ao aparecimento de reflexos de PP (A) RD (B), CV (C), AP (D), GN (E), RS (F) e A (G). Os resultados estão apresentados em medianas (colunas) e valores máximos e mínimos (dentro das colunas). Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. Teste de Kruskal-Wallis, seguido de Mann-Whitney. a, p< 0,01.
010
INGÊNUO
SALINA
CITAL 5
CITAL 10
CITAL 20
0
7
14
21
28B - RECUPERAÇÃO DE DECÚBITO
2-83-9
a4-9
a5-10 a
4-12
Grupos
Dia
s de
vid
a
0
7
14
21
28C - COLOCAÇÃO PELAS VIBRISSAS
8-14 8-15
a11-16
a11-17
a10-18
Grupos
Dia
s de
vid
a
0
7
14
21
28D - AVERSÃO AO PRECIPÍCIO
7-147-15 8-13 7-18
a8-17
Grupos
Dia
s de
vid
a
0
7
14
21
28E - GEOTAXIA NEGATIVA
8-16a
9-16
a14-21 a
12-18
a13-22
Grupos
Dia
s de
vid
a
0
7
14
21
28F - RESPOSTA AO SUSTO
10-1311-14
12-18a
12-13a
12-16
Grupos
Dia
s de
vid
a
0
7
14
21
28G - ACELERAÇÃO
11-16 12-19
a16-19 a
14-21
a16-24
Grupos
Dia
s de
vid
a
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 65
ESTUDO DE INDICADORES DE DESENVOLVIMENTO, APÓS O PERÍODO DE ALEITAMENTO
A continuidade das avaliações do peso corporal após o tratamento (24o ao
60o dia) demonstrou que, os grupos Ing e Sal mantiveram pesos semelhantes (Fig.
15). Quando comparados ao grupo Sal, os grupos Cit10 e Cit20 apresentaram
reduções (p<0,01) dos pesos corporais; o primeiro grupo do 48o aos 60o dia e o
segundo do 24o ao 60o dia de idade (Fig. 15). O grupo Cit5 apresentou aumento
(p<0,01) do peso corporal no período de 45o ao 60o dia quando comparado ao Sal
(Fig. 15).
CRESCIMENTO PONDERAL, DO 1o AO 60o DIA PÓS-NATAL, DE RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE RECAPTAÇÃO DE
SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
0
50
100
150
200
250
300
1 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 45 48 51 54 57 60
IngSalC it 5 mgCit 10 mgCit 20 mg
Peso
(g)
Dias de vida
aaa
aa
aa
aaa
aa
aaaaa
aaa
aaaaaaaaa
aaaaa
a
Fig. 15 - Crescimento ponderal, do 1o ao 60o dia pós-natal, de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante este período. Durante o aleitamento (21 dias pós-natal), grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=26) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=26). Os animais tratados com citalopram foram, segundo a dose, divididos nos grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=14), 20 mg (Cit20, n=27). Durante o referido tratamento, em cada animal, além do 1o dia, foi tomado o peso corporal de 3 em 3 dias, do 3o ao 60o dia de vida pós-natal. Os resultados estão representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 66
A continuidade das avaliações do comprimento da cauda após o tratamento
(24o ao 60o dia) demonstrou que não houve diferença entre os grupos Ing e Sal. (Fig.
16). O grupo Cit20 apresentou redução do CC (p<0,01) do 24o ao 60o dia de idade
quando comparado ao grupo Sal (Fig. 16). O comprimento da cauda dos grupos Cit5
e Cit10 foram similares ao grupo Sal (Fig. 16).
EVOLUÇÃO, DO 1o AO 60o DIA PÓS-NATAL, DO COMPRIMENTO DA CAUDA DE RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE RECAPTAÇÃO DE
SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 34 37 41 45 48 51 54 57 60
IngSalCit 5 m gCit 10 m gCit 20 m g
Com
prim
ento
(cm
)
Dias de vida
aaaa
aa
aa
aa
aaaa
aaa
Fig. 16 - Evolução, do 1o ao 60o dia pós-natal, do comprimento da cauda de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante o período de aleitamento Durante o aleitamento (21 dias pós-natal), grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=22) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=22). Os animais tratados com citalopram foram, divididos segundo a dose, em grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=12), 20 mg (Cit20, n=14). Durante o referido tratamento, em cada animal, foi tomada a medida do comprimento da cauda no 1o dia e, de 3 em 3 dias, a partir do 3o dia de vida pós-natal. Os resultados estão representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 67
A continuidade das avaliações do eixo látero-lateral do crânio após o
tratamento (24o ao 60o dia) demonstrou que, o grupo Ing foi semelhante ao grupo.
(Fig. 17). Nesse mesmo período, o eixo látero-lateral do crânio do grupo Cit5 foi
menor daquele do grupo Sal do 41o ao 60o dia. (Fig. 17). Quando comparados ao
grupo Sal, o grupo Cit10 apresentou redução (p<0,01) desse eixo do 24o ao 60o dia,
enquanto no grupo Cit20 o eixo látero-lateral do crânio manteve-se menor do 24o ao
60o dia de idade (Fig. 17).
EVOLUÇÃO, DO 1o AO 60o DIA PÓS-NATAL, DO EIXO LÁTERO-LATERAL DO
CRÂNIO DE RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
1 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 34 37 41 45 48 51 54 57 60
IngSalCit 5 mgCit 10 mgCit 20 mg
Com
prim
ento
(cm
)
Dias de vida
aaa
aa
aaaaaaaaa
aaaaaaaaaaaaaaaa
aa
aaaaaaa
Fig. 17 - Evolução, do 1o ao 60o dia pós-natal, do eixo látero-lateral do crânio de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante o período de aleitamento Durante o aleitamento (21 dias pós-natal), grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=10) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=10). Os animais tratados com citalopram foram, divididos segundo a dose, em grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=12), 20 mg (Cit20, n=14). Durante o referido tratamento, em cada animal, foi tomada a medida do comprimento da cauda no 1o dia e, de 3 em 3 dias, a partir do 3o dia de vida pós-natal. Os resultados estão representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 68
A continuidade das avaliações do eixo ântero-posterior do crânio após o
tratamento (24o ao 60o dia) demonstrou que, o grupo Ing foi semelhante ao grupo
Sal. (Fig. 18). O eixo ântero-posterior do crânio do grupo Cit10 e o do grupo Cit5 não
diferiram daquele do grupo Sal (Fig. 18). Comparado ao grupo Sal, o grupo Cit20
apresentou redução (p<0,01) do eixo ântero-posterior do crânio do 34o ao 60o dia
pós-natal (Fig. 18).
EVOLUÇÃO, DO 1o AO 60o DIA PÓS-NATAL, DO EIXO ÂNTERO-POSTERIOR DO CRÂNIO DE RATOS TRATADOS OU NÃO COM INIBIDOR SELETIVO DE
RECAPTAÇÃO DE SEROTONINA DURANTE O PERÍODO DE ALEITAMENTO
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
1 3 6 9 12 15 18 21 24 27 30 34 37 41 45 48 51 54 57 60
IngSalCit 5 m gCit 10 m gCit 20 m g
Com
prim
ento
(cm
)
Dias de vida
aaaaaaaaa
aaa
aaa
Fig. 18 - Evolução, do 1o ao 60o dia pós-natal, do eixo ântero-posterior do crânio de ratos tratados ou não com inibidor seletivo de recaptação de serotonina durante o período de aleitamento Durante este período, grupos de ratos neonatos, ou receberam diariamente (via s.c., 2ml/100g de peso corporal) salina pura a 0,9% de NaCl (Sal, n=22) ou adicionada de citalopram, ou não foram tratados (Ing, n=10). Os animais tratados com citalopram foram divididos, segundo a dose, nos grupos de: 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=12), 20 mg (Cit20, n=14). Durante o referido tratamento, em cada animal, foi tomada a medida do eixo ântero-posterior do crânio no 1o dia e, de 3 em 3 dias, a partir do 3o dia de vida pós-natal. Os resultados estão representados em média ± EP. Cada grupo foi comparado ao grupo Sal, utilizando-se ANOVA, seguido do Teste de Tukey. a = p < 0,05.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 69
ESTUDO DO CONSUMO ALIMENTAR
Peso corporal - PC
Durante o período do estudo do consumo alimentar (7 dias), entre os 70 e 80
dias de idade, os pesos dos grupos Ing (259,2; 194,2-322,7) e Sal (282,3; 199,5-
344,0) mantiveram-se semelhantes (Fig. 19A). Quando comparados ao grupo Sal, o
grupo Cit20 (212,4; 132,8-265,1) apresentou o corporal absoluto (PCA) menor
(p<0,01) do que o do grupo Sal. Os PCA dos grupos Cit5 (257,8; 201,5-328,6) e
Cit10 (233,7; 199,7-290,8) foram similares àqueles do grupo Sal.
Quanto à variação ponderal absoluta (VPA), os grupos Ing (3,3; -3,0-6,2), Cit5
(2,2; 2,7-5,7), Cit10 (1,7; 0,6-5,2) e Cit20 (3,4; 0,8-7,7), não diferiram do grupo sal
(3,0; 0,5-7,7). (Fig. 19B). Quanto à variação ponderal relativa (VPR), os grupos Ing
(1,2; -1,7-3,1), Cit5 (0,9; -1,2-2,7), Cit10 (0,7; 0,3-2,6) e Cit20 (1,5; -0,4-5,0) foram
semelhantes ao grupo salina (1,1; 0,2-3,9), no período de avaliação do consumo
alimentar (Fig. 19C).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 70
PESO E VARIAÇÃO PONDERAL DE RATOS ADULTOS DURANTE O CONSUMO ALIMENTAR TRATADOS CRONICAMENTE COM SSRI NO PERÍODO DE
ALEITAMENTO
0
50
100
150
200
250
300
GRUPOS
Peso
(g)
132,
8-26
5,1
201,
5-32
8,6
194,
2-32
2,7
199,
7-28
8,5
199,
5-34
4,1
a
A - PESO ABSOLUTO
aIng
Sal
Cit 5
Cit 10
Cit 20
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
GRUPOS
Varia
ção
de p
eso
(g)
-3,4
-6,2
0,5-
7,7
-2,7
-5,7
0,6-
5,2 -0,8
-7,7
B - VARIAÇÃO PONDERAL ABSOLUTA
0,00
0,25
0,50
0,75
1,00
1,25
1,50
1,75
GRUPOS
Varia
ção
de p
eso
(g/1
00 g
pc)
0,2-
2,6
0,2-
3,9
-1,2
-2,7
-0,4
-5,0
-1,7
-3,1
C - VARIAÇÃO PONDERAL RELATIVA
Fig. 19. Peso absoluto (A), variação ponderal absoluta (B) e relativa (C) de ratos tratados durante o período de aleitamento com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cvit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10). O peso era aferido em balança digital (Marte S-000). A variação ponderal absoluta foi obtida durante os 7 dias da avaliação do consumo alimentar e a relativa equivale a 100 g do p.c. Os resultados estão apresentados em medianas (colunas) e valores máximos e mínimos (interior das colunas). Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. Teste de Kruskal-Wallis, seguido de Mann-Whitney. a, p < 0,01.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 71
Consumo de Ração
O consumo alimentar absoluto (CAA) manteve-se semelhante entre os grupos
Ing (24,7; 10,5 –28,7) e Sal (26,3; 17,8-28,5). O (CAA) do grupo Sal foi maior
(p<0,01) do que o do grupo Cit5 (22,9; 2,8-25,6), o do grupo Cit10 (22,9; 16,8-24,7) e
o do grupo Cit20 (21,7; 17,1-25,2). Esses resultados podem ser observados na Fig.
20A. Na Fig. 20B, pode-se observar que, quanto ao consumo alimentar relativo que,
os grupos Ing (8,9; 0,11-11,9), Cit5 (8,5; 1,1-11,6), Cit10 (9,1; 7,7-12,2) e Cit20
(10,2; 7,9-13,4) não diferiram do grupo Sal (8,9; 7,5-11,3).
Consumo Hídrico
O consumo hídrico absoluto (CHA), foi similar entre os grupos Ing (45,5; 20,0-
56,4) e Sal (44,7; 35,4-60,4). Os grupos Cit10 (37,4; 22-44,7) e Cit20 (38,2; 33,2-
49,4) apresentaram menores (p<0,01) valores quando comparados ao grupo Sal,
quanto ao CHA. Nesse mesmo parâmetro, o grupo Cit5 (41,3; 27,6-46,0) não diferiu
do grupo Sal durante o período estudado (Fig. 20C).
Comparados ao grupo Sal (15,2; 13,3-24,2), os grupos Ing (18,0; 10.3-21,0),
Cit5 (15,5; 12,7-21,3) e Cit10 (14,5; 10,7-22,4) não apresentaram diferenças quanto
ao consumo hídrico relativo (CHR) (Fig. 20D). O CHR foi maior (p<0,01) no grupo
Cit20 (19,6; 13,2-26,1), comparado ao grupo Sal (Fig. 20D).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 72
INGESTAS ALIMENTAR E HÍDRICA DE RATOS ADULTOS DURANTE O CONSUMO ALIMENTAR TRATADOS CRONICAMENTE COM SSRI NO PERÍODO
DE ALEITAMENTO
Fig. 20. Ingesta alimentar absoluta (A) e relativa (B) e, ingesta de água absoluta (C) e relativa (D) de ratos tratados durante o período de aleitamento com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cvit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10) diariamente durante 7 dias de avaliação do consumo alimentar. A ingesta absoluta era aferida em balança digital (Marte S-000) e a ingesta de água em proveta graduada (250 ml). As ingestas relativas foram calculadas para 100 g do p.c. Os resultados estão apresentados em medianas (colunas) e valores máximos e mínimos (interior das colunas). Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. Teste de Kruskal-Wallis, seguido de Mann-Whitney. a, p < 0,01.
0
5
10
1520
25
30
35A - INGESTA ALIMENTAR ABSOLUTA
GRUPOS
Quo
ta in
gerid
a (g
)
10,5
-28,
7
17,9
-28,
6
2,8-
27,1
16,8
-27,
1
17,1
-25,
2
aa
a
0
2
4
6
8
10
12
Ing
Quo
ta in
gerid
a (g
/100
g p
c)
B - INGESTA ALIMENTAR RELATIVA
Sal
7,9-
13,4 Cit 5
7,5-
11,3
7,7-
12,2
0,1-
11,9
1,1-
11,7
Cit 10Cit 20
GRUPOS
0
10
20
30
40
50
60
GRUPOS
Águ
a in
gerid
a (m
l)
C - ÁGUA INGERIDA ABSOLUTA
33,2
-49,
4
22,0
-45,
4
27,6
-46,
0
35,4
-60,
4
20,0
-56,
4
a
0
5
10
15
20
25
GRUPOS
D - ÁGUA INGERIDA RELATIVA
Águ
a in
gerid
a (m
l/100
pc)
13,2
-26,
1
10,7
-22,
4
12,7
-21,
3
13,3
-24,
2
10,3
-21,
0
a
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 73
Excreção Fecal e Excreção Urinária
A excreção fecal absoluta (EFA) do grupo Cit5 (14,7; 8,9-21,5) foi semelhante
àquela do grupo Sal. (Fig. 21A). Os grupos Cit10 (13,7; 8,7-16,9) e Cit20 (13,4; 9-
19,61) apresentaram EFA menores (p<0,01) do que a do grupo Sal (16,2; 11,2-21,7)
no período estudado (Fig. 21A).
Não houve diferença quanto à excreção fecal relativa (EFR) entre os grupos
Ing (6,2; 3,6-8,2) e Sal (5,8; 4,7-8,6). Os grupos Cit5 (5,3; 3,4-9,9), Cit10 (5,3; 4,2-
8,1) e Cit20 (5,9; 4,9-11) comportaram-se de forma semelhante quanto à EFR,
quando comparados ao grupo Sal (Fig. 21B).
Os grupos Ing (11,8; 5,1-21,3), Cit5 (10,9; 8,1-13,7) e Cit10 (11,2; 6,3-16,8)
apresentaram excreção urinária absoluta (EUA) similares à do grupo Sal (13,4; 8,7-
24,6). O grupo Cit20 (9,9; 3,7-13,6), quando comparado com o grupo Sal, mostrou
redução (p<0,01) da EUA durante o período do consumo alimentar (Fig. 21C).
A Fig. 21D mostra que não houve diferença quanto à eliminação urinária
relativa (EUR) entre os grupos Ing (5,1; 2,6-7,9) e Sal (4,8; 2,9-99). Além disso, os
grupos Cit5 (4,6; 3,2-5,3), Cit10 (4,5; 2,9-8,3) e Cit20 (4,5; 1,6-7,8), comparados ao
grupo salina, apresentaram EUR semelhantes durante a avaliação do consumo
alimentar.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 74
EXCREÇÃO FECAL E URINÁRIA DE RATOS ADULTOS DURANTE O
CONSUMO ALIMENTAR TRATADOS CRONICAMENTE COM SSRI NO PERÍODO
DE ALEITAMENTO
A – EXCREÇÃO FECAL ABSOLUTA B – EXCREÇÃO FECAL RELATIVA
0
4
8
12
16
20
Feze
s (g
)
GRUPOS
9,3-
19,6
8,7-
16,3
8,9-
21,5
11,2
-21,
6
7,0-
20,2
aa
0
2
4
6
8
IngSal
GRUPOS
Feze
s (g
/100
g p
c)
3,6-
8,2
Cit 5Cit 10Cit 20
4,9-
11,0
4,7-
8,6
3,4-
9,9
4,2-
8,1
C – EXCREÇÃO URINÁRIA ABSOLUTA D – EXCREÇÃO URINÁRIA RELATIVA
0,0
1,5
3,0
4,5
6,0Ç
GRUPOS
Urin
a (m
l/100
g p
c)
1,6-
7,8
2,9-
8,3
3,2-
5,7
2,9-
9,9
2,6-
7,9
0
3
6
9
12
15
GRUPOS
Urin
a (m
l)
3,7-
13,6
6,3-
16,7
8,1-
13,9
8,7-
24,6
5,1-
21,3
a
Fig. 21. Excreção fecal absoluta (A) e relativa (B) e; excreção urinária absoluta (C) e relativa (D) de ratos tratados durante o período de aleitamento com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cvit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10) diariamente durante os 7 dias de avaliação do consumo alimentar. A excreção fecal absoluta era aferida em balança digital (Marte S-000) e a eliminação de urina em proveta graduada (250 ml). Os valores relativos foram calculados para 100 g do p.c. Os resultados estão apresentados em medianas (colunas) e valores máximos e mínimos (interior das colunas). Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. Teste de Kruskal-Wallis, seguido de Mann-Whitney. a, p < 0,01.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 75
Relação da ingesta alimentar / ingesta de água
A razão entre a ingesta alimentar e ingesta de água do grupo Sal (0,53; 0,5-
0,7) não diferiu dos grupos Ing (0,59; 0,46-0,71), Cit5 (0,56; 0,49-0,66), Cit10 (0,61;
0,52-0,76) e Cit20 (0,53; 0,47-0,62) (Fig. 22A).
Relação da ingesta de água / eliminação urinária
A razão entre a ingesta absoluta de água e a excreção urinária absoluta do
grupo Cit20 (4,2; 3,3-9,9) foi maior (p<0,001), do que aquela do grupo salina (3,3;
2,3-5,2) no estudo do consumo alimentar (Fig 22B). Todavia, os grupos Ing (3,3; 2,7-
4,5), Cit5 (3,7; 2,9-4,8) e Cit10 (3,3; 2,3-6,2) apresentaram resultados semelhantes
aos do grupo salina (Fig. 22B).
RELAÇÃO DA INGESTA ALIMENTAR E DE ÁGUA INGERIDA COM A ELIMINAÇÃO URINÁRIA DURANTE AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR DE RATOS TRATADOS CRONICAMENTE
COM SSRI NO PERÍODO DE ALEITAMENTO A – INGESTA ALIMENTAR / INGESTA DE ÁGUA B – ÁGUA INGERIDA / ELIMINAÇÃO URINÁRIA
0,00
0,15
0,30
0,45
0,60
0,75
GRUPOS
Ing.
alim
./Ing
.de
água
0,47
-0,6
2
0,52
-0,7
6
0,49
-0,6
6
0,05
-0,7
0
0,46
-0,7
1
0
1
2
3
4
5
6
Ing
GRUPOS
Águ
a in
g./E
lim.u
rinár
ia
Fig. 22. Relação das ingestas absolutas alimentar e de água (A) e relação da ingesta absoluta de água e eliminação urinária (B) de ratos tratados durante o período de aleitamento com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10) diariamente durante os 7 dias de avaliação do consumo alimentar. As relações CAA/CHA (A) e CHA/EUA (B) foram obtidas a partir dos valores absolutos do consumo alimentar, hídrico e eliminação urinária. Os resultados estão apresentados em medianas (colunas) e valores máximos e mínimos (interior das colunas). Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. Teste de Kruskal-Wallis, seguido de Mann-Whitney. a, p < 0,01.
SalCit 5Cit 10Cit 202,
9-4,
8
3,3-
9,9
2,3-
5,2
2,3-
6,2
2,6-
4,4
a
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 76
ESTUDO DO PESO DE ÓRGÃOS
Peso corporal encefálico e cerebelar
Aos 110 a 120 dias de idade, os pesos corporais dos grupos Ing (319,7 ±
17,0) e Sal (369,2 ± 9,52) foram semelhantes. Os grupos Cit5 (328,1 ± 12,5) e Cit10
(299,5 ± 11,5) também apresentaram pesos semelhantes ao grupo Sal. O grupo
Cit20 (231,3 ± 15,1) apresentou acentuada redução (p<0,01) do peso corporal
quando comparado ao grupo Sal. Na Fig 23, podem ser observados esses
resultados.
O peso absoluto do encéfalo úmido dos grupos Ing (1,308 ± 0,036), Sal (1,387
± 0,028) não diferiram entre si (Fig. 24A). O grupo Cit20 apresentou peso absoluto
do encéfalo úmido (1,241 ± 0,028) menor (p<0,01) do que o grupo Sal. O peso do
encéfalo úmido do grupo Cit5 (1,363 ± 0,019) e aquele do Cit10 (1,357 ± 0,031)
foram semelhantes ao do grupo Sal (Fig. 24A). O peso relativo do encéfalo úmido do
grupo Cit20 (0,554 ± 0,034) foi maior (p<0.01) do que o do grupo Sal (0,379 ±
0,013). Contudo, os grupos Ing (0,418 ± 0,021), Cit5 (0,420 ± 0,015) e Cit10 (0,457
± 0,015) não diferiram do grupo Sal quanto aos pesos relativos do encéfalo úmido.
Na comparação feita entre os grupos Ing (0,222 ± 0,007) e Sal (0,232 ± 0,005),
quanto ao peso absoluto do encéfalo seco, não houve diferença (Fig. 24B).
Outrossim, os grupos Cit5 (0,219 ± 0,003) e Cit10 (0,224 ± 0,005) foram
semelhantes ao grupo Sal. Entretanto, o grupo Cit20 (0,208 ± 0,004), comparado ao
grupo Sal, apresentou visível redução (p<0,01) do peso absoluto do encéfalo seco
(Fig. 24B). Quanto ao peso relativo do encéfalo seco, na fig. 24D, pode ser
observado que não houve diferença entre o grupo Sal (0,063 ± 0,002) comparado a
cada um dos respectivos grupos: Ing (0,071 ± 0,004), Cit5 (0,067 ± 0,002) e Cit10
(0,075 ± 0,002). O grupo Cit20 (0,093 ± 0,005) apresentou maior peso relativo do
encéfalo seco (p<0,01) comparado ao do grupo Sal (Fig. 24D).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 77
Quanto ao peso absoluto do cerebelo úmido, na Fig. 25A pode ser observado
que o do grupo salina (0,250 ± 0,005) foi mais elevado (p<0,01) do que aquele do
grupo Cit20 (0,222 ± 0,006). Não houve diferença entre o grupo Sal comparado a
cada um dos respectivos grupos: Ing (0,254 ± 0,010), Cit5 (0,266 ± 0,004) e Cit10
(0,253 ± 0,008). A Fig. 25B mostra que o peso absoluto do cerebelo seco do grupo
Sal (0,039 ± 0,002) foi semelhante ao do grupo Cit5 (0,042 ± 0,001), ao do grupo
Cit10 (0,039 ± 0,002) e ao do grupo Cit20 (0,036 ± 0,001). Outrossim, o grupo Sal
também não diferiu do grupo Ing (0,040 ± 0,003) quanto ao parâmetro ora
mencionado. Quanto ao peso relativo do cerebelo úmido (Fig. 24C), não houve
diferença entre o grupo salina (0,068 ± 0,002) e cada um dos respectivos grupos: Ing
(0,081 ± 0,004), Cit5 (0,082 ± 0,003) e Cit10 (0,085 ± 0,003) e Cit20 (0,098 ± 0,005).
Quanto ao peso relativo do cerebelo seco (Fig 25D), não houve diferença entre os
grupos: Sal (0,010 ± 0,001); Ing (0,012 ± 0,001); Cit5 (0,013 ± 0,001); Cit10 (0,013 ±
0,001) e Cit20 (0,016 ± 0.001).
Peso do fígado
Os grupos Ing (11,943 ± 0,866), Sal (13,765 ± 0,580) e Cit5 (13,764 ± 0,580)
foram semelhantes quanto ao peso absoluto do fígado úmido (Fig. 26A) quando
comparados ao grupo Sal, os grupos Cit10 (10,925 ± 0,550) e Cit20 (8,235 ± 0,757),
apresentaram esses pesos significantemente menores (p<0,01). A comparação
entre os pesos absolutos do fígado seco dos grupos Ing (2,928 ± 0,241) e Sal (3,377
± 0,140) revelou similaridade. Os grupos Cit10 (2,537 ± 0,111) e Cit20 (2,012 ±
0,188) apresentaram pesos reduzidos (p<0,01) comparados àquele do grupo Sal. O
grupo Cit5 (2,756 ± 0,180) não diferiu do grupo Sal. (Fig. 26B).
Os pesos relativos do fígado úmido dos grupos Ing (3,716 ± 0,127) e Sal
(3,810 ± 0,112) foram semelhantes (Fig. 26C). Além disso, também não houve
diferença no peso relativo do fígado úmido entre o grupo salina e cada um dos
grupos seguintes (Fig. 26C): Cit5 (3,438 ± 0,143), Cit10 (3,628 ± 0,183) e Cit20
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 78
(3,526 ± 0,188). A comparação entre os grupos Ing (0,906 ± 0,038) e Sal (0,929 ±
0,032) mostrou que, em relação ao peso relativo do fígado seco, não houve
diferença (Fig. 26D). A mesma Fig 26D, mostra também que não houve diferença
entre o grupo Sal (0,010 ± 0,001) e cada um dos grupos seguintes: Cit5 (0,835 ±
0,030), Cit10 (0,841 ± 0,021) e Cit20 (0,862 ± 0,046).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 79
PESO CORPORAL DE RATOS ADULTOS (110-120 DIAS) APÓS TRATAMENTO CRÔNICO COM SSRI NO PERÍODO DE
ALEITAMENTO
0
100
200
300
400
500
GRUPOS
Peso
cor
pora
l (g) Ing
a SalCit 5Cit 10Cit 20
Fig. 23. Peso corporal de ratos tratados durante o período de aleitamento, com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10) Aos 110-120 dias de idade, os animais foram pesados em balança digital (Marte S-000) antes do sacrifício. Os resultados estão apresentados em médias ± EP. Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. ANOVA, seguido de Tukey. a, p < 0,01.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 80
PESO ENCEFÁLICO ÚMIDO E SECO DE RATOS ADULTOS APÓS TRATAMENTO CRÔNICO COM SSRI NO PERÍODO DE ALEITAMENTO
A – PESO ABSOLUTO DO ENCÉFALO B – PESO ABSOLUTO DO ENCÉFALO ÚMIDO SECO
0,0
0,4
0,8
1,2
1,6
2,0
GRUPOS
Peso
(g)
a
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
GRUPOS
Peso
(g)
IngaSal
Cit 5Cit 10
Cit 20
C – PESO RELATIVO DO ENCÉFALO D – PESO RELATIVO DO ENCÉFALO ÚMIDO SECO
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
GRUPOS
Peso
(g/1
00 g
pc)
a
0,00
0,02
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
GRUPOS
Peso
(g/1
00 g
pc)
a
Fig. 24. Pesos absolutos do encéfalo úmido (A) e seco (B) e; pesos relativos do encéfalo úmido (C) e seco (D) de ratos tratados durante o período de aleitamento, com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10) Os animais foram pesados, sacrificados (110-120 dias de idade), e seus encéfalos retirados e avaliados os pesos úmido e seco, em balança analítica (Modelo Bosh S-2000, sensibilidade 0,1 mg). Os resultados estão apresentados em médias ± EP. Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. ANOVA, seguido de Tukey. a, p < 0,01.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 81
PESO DO CEREBELO ÚMIDO E SECO DE RATOS ADULTOS APÓS TRATAMENTO CRÔNICO COM SSRI NO PERÍODO DE ALEITAMENTO
A – PESO ABSOLUTO DO CEREBELO B – PESO ABSOLUTO DO CEREBELO ÚMIDO SECO
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
GRUPOS
Peso
(g)
a
0,00
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
GRUPOS
Peso
(g/1
00 g
pc) Ing
Sal
Cit 5
Cit 10
Cit 20
C – PESO RELATIVO DO CEREBELO D – PESO RELATIVO DO ENCÉFALO ÚMIDO SECO
0,00
0,03
0,06
0,09
0,12
0,15
GRUPOS
Peso
(g/1
00 g
pc)
0,00
0,01
0,01
0,02
0,02
0,03
GRUPOS
Peso
(g/1
00 g
pc)
Fig. 25. Pesos absolutos do cerebelo úmido (A) e seco (B) e; pesos relativos do cerebelo úmido (C) e seco (D) de ratos tratados durante o período de aleitamento, com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10) Os animais foram pesados, sacrificados (110-120 dias de idade), e seus cerebelos retirados e avaliados os pesos úmido e seco, em balança analítica (Modelo Bosh S-2000, sensibilidade 0,1 mg). Os resultados estão apresentados em médias ± EP. Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. ANOVA, seguido de Tukey. a, p < 0,01.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Resultados 82
PESO DO FÍGADO ÚMIDO E SECO DE RATOS ADULTOS APÓS TRATAMENTO
CRÔNICO COM SSRI NO PERÍODO DE ALEITAMENTO
A – PESO ABSOLUTO DO FÍGADO B – PESO ABSOLUTO DO FÍGADO ÚMIDO SECO
0
3
6
9
12
15
18
GRUPOS
Peso
(g) a
a
0
1
2
3
4
GRUPOS
Peso
(g)
Ing
aa
Sal
Cit 5
Cit 10
Cit 20
C – PESO RELATIVO DO FÍGADO D – PESO RELATIVO DO FÍGADO ÚMIDO SECO
0
1
2
3
4
5
GRUPOS
Peso
(g/1
00 g
pc)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
GRUPOS
Peso
(g/1
00 g
pc)
Fig. 26. Pesos absolutos do fígado úmido (A) e seco (B) e; pesos relativos do fígado úmido (C) e seco (D) de ratos tratados durante o período de aleitamento, com citalopram 5 mg (Cit5, n=10), 10 mg (Cit10, n=10), 20 mg (Cit20, n=10), solução salina 0,9% NaCl (Sal, n=14) e não tratados (Ing, n=10) Os animais foram pesados, sacrificados (110-120 dias de idade), e seus fígados retirados e avaliados os pesos úmido e seco, em balança analítica (Modelo Bosh S-2000, sensibilidade 0,1 mg). Os resultados estão apresentados em médias ± EP. Todos os grupos foram comparados com o grupo Sal. ANOVA, seguido de Tukey. a, p < 0,01.
DISCUSSÃO
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 84
De maneira geral, os dados obtidos no presente trabalho demonstraram que o
tratamento crônico durante o período crítico de desenvolvimento do SNC, com
inibidor seletivo de recaptação de serotonina nas doses de 5 mg, (baixa dose), 10
mg (média dose) e 20 mg/kg (alta dose), causa várias alterações em parâmetros do
crescimento e desenvolvimento, bem como do comportamento adulto em ratos.
Entretanto, a magnitude das alterações de muitos dos aspectos estudados, parece
ter dependido da dose administrada. Além disso, uma das preocupações deste
estudo foi a observação de efeitos duradouros ou seqüelas depois de cessado o
tratamento.
Em princípio, este estudo revelou que o tratamento com citalopram nas doses
5 mg, 10 mg e 20 mg/kg de peso corporal durante o chamado período vulnerável do
desenvolvimento do encéfalo foi determinante para causar alterações importantes no
desenvolvimento de reflexos e de características físicas do rato. Sendo as
características físicas estudadas, peculiarmente imaturas, em grande parte dos
mamíferos ao nascimento. Durante o mesmo período e estendendo-se até a fase
adulta, as alterações observadas no peso corporal, nas demais medidas
murinométricas e em parâmetros do consumo alimentar, trazem relevantes
informações acerca das hipóteses levantadas no início do estudo.
A abordagem utilizada no presente trabalho, assemelha-se àquela referida
em um estudo muito recente de Hansen et al. (1997). Esses pesquisadores
demonstraram em ratos que tratamento com LU-134-C, um SSRI, no período pós
natal, provoca alterações comportamentais na idade adulta. Assim, eles observaram
que o tratamento neonatal com LU-134-C aumenta o tempo de imobilidade no teste
de nado forçado (depressão experimental) embora não mostrasse alterações no
“Open-field”. Com estes experimentos, eles sugeriram um hipotético modelo animal
de depressão originada no período neonatal. A manipulação farmacológica com
SSRI permitiu também a esses autores considerar o envolvimento do sistema
serotoninérgico.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 85
No presente trabalho, procurou-se aprofundar esta abordagem, estudando-se
também o desenvolvimento do animal desde a fase neonatal quando da
manipulação do sistema serotoninérgico até a fase adulta, onde somente eventuais
repercussões poderiam ser detectadas. Os testes de reflexos e a observação de
características físicas empregados, permitiram obter informações importantes a
respeito da ontogênese do SNC no rato. Várias hipóteses de trabalho para os
resultados obtidos podem ser aventadas. Duas delas, todavia, merecem destaque,
uma vez que podem fornecer uma explicação mais abrangente para os fenômenos
aqui observados.
Uma das hipóteses aqui levantadas para as alterações encontradas neste
estudo é a hipofagia em neonatos causada pela administração de SSRI durante o
aleitamento. Assim, o aumento da serotonina na sinapse induzido por SSRI,
intimamente relacionado a hipofagia, como já referido anteriormente, poderia ter
ocasionado redução na ingestão diária do leite materno pelos filhotes. A ausência
dos elementos energéticos e plásticos fornecidos através do leite, seria fator
predisponente de desnutrição. São bem conhecidas as repercussões da desnutrição
neonatal sobre a integridade estrutural, neuroquímica e funcional da célula nervosa,
responsável pelas funções cerebrais (Morgane et al, 1993).
A segunda hipótese aqui discutida é de que a manipulação farmacológica
com SSRI durante o período de vulnerabilidade do encéfalo, altera o efeito trófico da
serotonina em tecidos neurais e não neurais, levando aos resultados observados no
presente trabalho. Nesse particular, tem sido cada vez mais salientada na literatura,
a influência trófica da serotonina no período perinatal sobre a diferenciação de
diversos tecidos, em vertebrados (Lauder, 1983; 1990; Moiseiwitsch e Lauder,
1996). Assim, logo após o nascimento, ratos exibem agregações transitórias de
axônios serotoninérgicos, em áreas do córtex somatosensorio e do córtex visual
(Dori et al., 1996). Essas agregações transitórias parecem contribuir para o
desenvolvimento do padrão adulto, alcançado na 3ª semana de vida, dessas regiões
cerebrais (Dori et al., 1996). Evidentemente, mudanças no desenvolvimento de
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 86
padrões estruturais influenciados pelo sistema serotoninérgico, podem ser
compatíveis com mudanças também na velocidade do desenvolvimento e nas
resultantes funções. A grande maioria dos resultados do presente trabalho parece
corroborar essa hipótese.
Desta forma, com o intuito de uma melhor compreensão para o contexto da
discussão, abordar-se-á, sob a luz, principalmente das hipóteses anteriormente
citadas, os seguintes itens: a) Os danos causados ao crescimento, e também os
funcionais, provocados particularmente durante o tratamento neonatal com o SSRI;
b) As repercussões no animal adulto do tratamento neonatal com o SSRI sobre o
crescimento, desenvolvimento e aspectos comportamentais. Outrossim, as
avaliações sensório-motoras e de maturação somática realizadas, junto às medidas
do crescimento ponderal e corporal, durante o período de aleitamento, fornecem
neste estudo um conjunto de idéias acerca de possíveis danos causados pela
manipulação do sistema serotoninérgico. Assim, referências às avaliações, até a
idade adulta, serão abordadas, mesmo no primeiro item de discussão, sempre que
contribuírem para a interpretação do todo.
O reflexo, produto da função nervosa, é um comportamento provocado por
estimulação preestabelecida e precisa (Smart e Dobbing, 1971a). Os reflexos
aparecem em períodos determinados durante o desenvolvimento ontogenético (Fox,
1965). Os diversos reflexos superpõem-se uns aos outros, caracterizando a
ocorrência simultânea de vários eventos do desenvolvimento do SNC. O
aparecimento dos reflexos parece assim obedecer a uma seqüência pré-
determinada de acordo com a idade dos animais (Fox, 1965; Smart e Dobbing,
1971a). Isto vale especialmente para aqueles que envolvem os movimentos da
cabeça e influenciam a posição das patas, como a recuperação do decúbito e
geotaxia negativa. Assim, alguns reflexos expressam atividades labirínticas e
parecem estar relacionados com a sobrevivência do animal, como por exemplo, a
alimentação e a conservação da temperatura (Fox, 1965). Algumas respostas
reflexas, após serem confirmadas, persistem durante o restante do período de
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 87
rápido crescimento do encéfalo, ou são modificadas, adquirindo padrões
comportamentais do adulto. Cada reflexo se faz presente com o avançar da idade e
superpõe-se ao anterior já presente, sendo uma exceção o reflexo de preensão
palmar que por ser primitivo desaparece. Pode-se inferir, portanto, a existência de
uma estreita correlação entre desenvolvimento estrutural e bioquímico do sistema
nervoso e a ontogênese de reflexos. O fato da desnutrição pós-natal acarretar
retardo na ontogênese de reflexos (Adlard e Dobbing, 1971) é um claro exemplo. No
presente estudo, pode-se observar atrasos em grande parte dos testes de reflexos.
O uso de SSRI, em doses de 5 mg, 10 mg e 20 mg/kg de peso corporal, foi eficaz
em causar tais respostas. Estes achados podem significar um efeito hipofágico
produzido pelo tratamento com o SSRI. Contudo, não se descarta a possibilidade de
que componentes do sistema serotoninérgico, nesse período de grande
vulnerabilidade do SNC, que eliciam ou modulam estes reflexos, tenham sido
alterados.
Nesse particular, estudos realizados por Sheets et al (1989), demonstraram
que a depleção de 5-HT, provocada pela administração de uma dose de pCPA,
bloqueador de síntese de serotonina, no período pós-natal, não altera a resposta ao
susto em ratos adultos. Sobre essa resposta reflexa, todavia, os mesmos autores
observaram aumento após administração de agonistas dos receptores 5-HT1A e 5-
HT2. Além disso, Dow-Edwards (1996) investigando o reflexo de resposta ao susto
em ratos adultos tratados durante o período neonatal com fluoxetina, observou
aumento da resposta; este efeito foi reduzido por mCPP (m-clorofenilpiperazina), um
agonista 5-HT1B/2C. É bastante provável o envolvimento do sistema 5-HT,
particularmente dos receptores 5-HT1A , 5-HT1B, 5-HT2 , na fisiologia desse reflexo.
Os retardos na maturação reflexa observados no presente trabalho reforçam
um possível efeito hipofágico advindo do tratamento neonatal com SSRI. Dos
nutrientes adequados para o desenvolvimento do cérebro, durante o período
neonatal, aproximadamente 60% é gordura estrutural (Crawford, 1987), que deve
ser obtida através do leite materno. Assim, no leite materno, deve-se considerar a
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 88
importância dos ácidos graxos e do colesterol presentes. Ademais, algumas
substâncias lipídicas parecem funcionar como fatores de crescimento, regulando
processos bioquímicos controladores da diferenciação celular, imprescindíveis ao
crescimento e funções cerebrais (Giovannini., et al 1995). Segundo Smart e Dobbing
(1971b), uma redução na concentração do colesterol pode estar estreitamente
relacionada aos retardos observados na ontogênese de reflexos.
Segundo Hisatomi e Niiyama (1980), o conteúdo de monoaminas do cérebro
em desenvolvimento, aumenta mais rapidamente após o nascimento. Morgane et al.,
(1978) encontraram em seus estudos com ratos desnutridos, níveis elevados de 5-
HT e 5-HIAA, desde o nascimento até 300 dias de idade. No presente estudo, a
administração de citalopram, que aumenta os níveis sinápticos de serotonina (Hyttel,
1994), durante o período de aleitamento, teve efeitos muito semelhantes ao
ocasionado pela desnutrição (Smart e Dobbing, 1971a) em vários dos reflexos. No
estudo, em desnutridos, de Smart e Dobbing (1971b), os reflexos de preensão
palmar, resposta ao susto e aceleração, apresentaram-se atrasados. Todavia,
Campbel e Gaddy, (1987) não encontraram retardos em ratos desnutridos, testando
reflexos de resposta ao susto, de “habilidade no balanço” e de “descida em corredor
polonês”. Um passo importante na compreensão da relação alteração de serotonina
e desenvolvimento nervoso (inclusive de reflexos), será a utilização de técnicas que
possam aferir as alterações dos componentes serotoninérgicos a nível celular.
Dobbing (1968) e Smart e Dobbing (1971a), elegeram o tempo de maturação
de determinadas características físicas como índice de desenvolvimento somático.
Esta técnica permite investigar repercussões causadas por manipulações
farmacológicas ou nutricionais durante o período vulnerável de desenvolvimento do
SNC. Assim, Smart e Dobbing (1971b) observaram, em ratos desnutridos, no
período de desenvolvimento rápido do encéfalo, atrasos quanto à maturação da
abertura do pavilhão auditivo, da irrupção dos incisivos inferiores e da abertura dos
olhos. Vários autores (Sobotka et al., 1974; Nagy et al., 1977; Hisatomi e Niiyama,
1980) confirmaram atrasos para o dia da abertura do olho em ratos, utilizando porém
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 89
diferentes modelos de desnutrição durante o período de aleitamento. Já no presente
estudo o tratamento com SSRI provocou retardo na irrupção dos incisivos inferiores,
porém não houve atraso na abertura dos olhos. Outrossim, a abertura do conduto
auditivo, característica que vem complementar a observação da maturação de
órgãos dos sentidos especiais, acompanhou o retardo causado por SSRI observado
no reflexo de resposta ao susto, porém não na abertura do pavilhão auditivo. Isto
indica um envolvimento importante do sistema serotoninérgico no sentido da
audição. Curiosamente, em seu estudo com ratos desnutridos Sobotka et al., (1974)
refere ainda um expressivo aumento do metabolismo da 5-HT, reforçando os
achados de Morgane et al., (1978).
O tratamento com citalopram no presente estudo, causou retardo na irrupção
dos incisivos inferiores independentemente das três doses empregadas. Estudo
recente (Moiseiwitsch e Lauder, 1996) utilizando embriões de ratos, em presença de
serotonina, demonstrou que essa indolamina tem efeito estimulante e dose-
dependente sobre o desenvolvimento do gérmem do dente. Adiante, nesse mesmo
estudo, utilizou-se fluoxetina, um SSRI, para inibir os estágios de citodiferenciação
que ocorrem durante a formação do dente, assim demonstrando a ação inibitória
dessa substância. Esses resultados sugerem que a recaptação da serotonina é um
importante aspecto da regulação do desenvolvimento dos dentes. Assim, parece que
a maturação normal dos dentes depende de um sistema de recaptação
serotoninérgico intacto (Moiseiwitsch e Lauder, 1996).
As avaliações do peso, da altura e do perímetro cefálico em relação à idade,
são amplamente utilizadas em humanos, para avaliar o crescimento e
desenvolvimento, bem como o estado nutricional (WHO, 1995). A medida do
perímetro cefálico além de ser utilizada para avaliação do estado nutricional é
indicador do volume cerebral (WHO, 1995). No presente estudo, medidas
semelhantes às anteriores, aqui denominadas de murinométricas, auxiliaram nas
observações dos efeitos da manipulação farmacológica do sistema serotoninérgico.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 90
O insulto imposto aos neonatos neste trabalho, pela administração do SSRI,
durante o período de aleitamento, parece ter sido determinante para provocar
retardo no ganho de peso e atraso no crescimento corporal (eixo longitudinal) e no
comprimento da cauda de maneira dose-dependente. Estas alterações foram
constatadas inclusive em faixas etárias mais avançadas. O presente estudo
corrobora outros achados (Barbosa e Santiago, 1994; Pessoa, 1997) com relação ao
comprimento da cauda em ratos neonatos desnutridos.
Resultados semelhantes, quanto ao peso, também são observados, em
modelos distintos de desnutrição, quando empregados no período crítico de
desenvolvimento do SNC (Teodósio et al, 1990; Monteiro, 1995; Borba 1998).
Assim, eventuais elevações dos níveis de serotonina, provocados pelo tratamento
crônico com o SSRI, durante o período crítico de desenvolvimento, seriam a causa
dos atrasos no crescimento ponderal e longitudinal do corpo. Outrossim, reforçam a
hipótese de que insultos nutricionais (Morgane et al, 1992; Hisatomi e Niiyama,
1980) ou farmacológicos (Manhães de Castro, 1993) durante o período crítico de
desenvolvimento do SNC podem ter conseqüências graves. Além disso, tais danos,
no caso do tratamento com SSRI, parecem depender da dose e do período em que
os animais estiveram expostos. Esta explicação parece ser plausível para as
seqüelas nas medidas murinométricas de peso, altura e comprimento da cauda, as
quais, permaneceram reduzidas nos grupos de média e alta dose até 60 dias de
idade.
Uma relação direta entre a dose de SSRI aplicada no período neonatal e os
efeitos mencionados foram observados no presente trabalho. Dado que corrobora
estudo anterior, em ratos adultos, utilizando o mesmo SSRI, onde foi averiguado que
quanto maior a dose da substância empregada maior redução do apetite (efeito
hipofágico) e conseqüente perda de peso (McCann et al, 1997; Arborelius et al,
1996). Esses autores verificaram também níveis elevados de 5-HT e seu metabólito
5-HIAA em algumas regiões do cérebro, como o núcleo dorsal da rafe e o córtex
frontal correlacionando-os com as doses utilizadas de SSRI. Neste estudo observa-
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 91
se que a redução no peso e no crescimento dos animais se inicia por volta do 6o dia
do tratamento crônico com citalopram. Evidencia-se portanto, que o efeito deletério
sobre o sistema nervoso é logo observado. Outro fenômeno que envolve o efeito dos
SSRIs quando do tratamento crônico é a dessensibilização de receptores pré-
sinápticos (Gardier et al, 1996; Hamon e Gozlan, 1993). Portanto o tratamento com
citalopram, durante 21 dias pós-natal utilizado neste estudo, nas doses 10 mg/kg e
20 mg/kg de peso corporal, parece ter contribuído para a elevação dos níveis de 5-
HT por este caminho. Sugere-se, portanto, que tais alterações modificaram as
funções dos componentes do sistema 5-HT provocando entre outras, alterações no
crescimento dos animais.
Estudos de outros autores demonstraram a ocorrência de perda de peso
corporal, utilizando em ratos adultos, fenfluramina (McCann et al 1997) ou fluoxetina
(Clifton et al, 1989; Halford e Blundell, 1996a) ambos potentes inibidores de
recaptação de 5-HT, ou ainda, venlafaxina um inibidor de noradrenalina e 5-HT
(Jackson et al., 1997). Entretanto, estes autores relacionam o efeito hipofágico
dessas drogas à dose empregada. Assim, fluoxetina (5mg/kg) não causou hipofagia
nem reduziu o peso corporal mas, em doses elevadas, fluoxetina induziu duplo efeito
anoréxico por mecanismos distintos de saciedade e sedação (Halford e Blundell,
1996a).
O efeito hipofágico da sertralina, um SSRI, foi bloqueado em ratos, após
receberem pré-tratamento com 5,7-DHT, um agente lesivo dos neurônios
serotoninérgicos (Grinashi et al, 1993). Estas evidências demonstram a
complexidade do problema e indicam que outros mecanismos, ainda não
conhecidos, e não somente o aumento da disponibilidade sináptica de 5-HT, são
responsáveis pela ação dos SSRIs.
Os resultados do presente estudo corroboram os achados anteriores, visto
que durante o tratamento com citalopram em dose baixa não houve alteração do
peso corporal. Em doses média e alta, o citalopram aqui empregado provocou efeito
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 92
hipofágico semelhante ao da fluoxetina nas doses relatadas acima por Halford e
Blundell (1996a). Um fato interessante que revela a importância das doses
empregadas, é que embora em baixa dose o tratamento empregado com citalopram
tenha retardado de maneira geral a ontogênese de reflexos, citalopram não causou
alteração no crescimento corporal e ponderal. A depender da dose, o tratamento
com SSRIs, inclusive citalopram, pode alterar, a nível celular, propriedades dos
receptores de membrana (afinidade, número de receptores, etc.), modificando a
ação dessas substâncias (Briley e Moret, 1993). Vale a pena salientar que
dependendo da dose administrada as substâncias podem ou não ativar
determinados receptores específicos, como por exemplo, os serotoninérgicos.
Apesar das opiniões de Briley e Moret (1993) sobre os efeitos à nível celular
do tratamento com SSRI, esse assunto ainda causa polêmica. Assim, Gobbi et al
(1997) referem que tratamento crônico com fluoxetina ou citalopram não induz no
cérebro, modificações adaptativas dos sítios de captação de 5-HT, nem dos
receptores 5-HT1B, 5-HT3 e 5-HT4. Faz-se necessária atenção para a sensibilidade
dos métodos utilizados, para a forma de administração e período de tratamento da
substância empregada, para o receptor que está sendo estimulado ou inibido e para
a região do encéfalo que está sendo estudada etc. Variações nesses itens podem
interferir nos resultados. Em nosso estudo, a utilização de um SSRI, durante um
longo período, e sendo o mesmo na fase crítica para o desenvolvimento do SNC,
torna-se complexa a interpretação. Contudo, abre perspectivas para estudos mais
profundos envolvendo componentes do sistema 5-HT.
Segundo Blundel (1995), a hipofagia causada por inibidores seletivos de
recaptação da serotonina relaciona-se a alterações do comportamento alimentar.
Esta idéia é reforçada por estudos de Dourish (1995) e Halford et al., (1995) sobre
mecanismos da saciedade. Eles observaram em murinos uma seqüência
comportamental estereotipada que sempre acompanha o processo alimentar. Esta
seqüência comportamental (comer, locomover-se, lamber-se e repousar) é
modificada pelo DOI, um agonista de receptores 5-HT1C/5-HT2, provocando redução
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 93
do consumo alimentar em ratos (Titeler et al, 1988). No presente estudo, não foi
estudada a seqüência comportamental do processo alimentar. Ademais, poucos são
os estudos que envolvem tal processo em animais neonatos. Não se descarta aqui
a possibilidade de alterações na seqüência comportamental do processo alimentar
induzidas pela elevação de serotonina cerebral através das ações, já mencionadas,
a nível celular dos SSRIs. Efeitos inespecíficos da aplicação e da própria droga
também não podem ser descartados, embora nesses casos tenham-se realizado
vários controles (vide metodologia).
Neste estudo, um achado interessante foi o do aumento do peso depois de
cessado o tratamento com a dose de 5 mg/kg de peso corporal de citalopram. Em
estudo recente, McCann et al, (1997), observaram que fenfluramina isolada ou
associada à fluoxetina nas doses de 10 mg/kg e 20 mg/kg de pc causa perda de
peso em ratos. Esses autores ainda observaram que depois de cessado o
tratamento ocorre elevação do consumo alimentar por um intervalo de dias
retornando aos níveis do controle por volta do 14o dia. No presente estudo
entretanto, observou-se um aumento de peso após 20 dias, indicativo de um
possível aumento de consumo, após término do tratamento. Segundo Invernizzi et
al. (1992), uma hipótese plausível para este efeito rebote é a ativação de receptores
pré-sinápticos, possivelmente 5-HT1A. Estimulação destes receptores podem induzir
hiperfagia por reduzir a disponibilidade sináptica de serotonina (Kennet et al, 1987).
Este efeito poderia ter sido conseqüência da reorganização funcional temporária de
receptores até readaptação, contudo estudos são necessários, utilizando técnicas
neuroquímicas e neurofarmacológicas mais sofisticadas, para confirmar estas
hipóteses.
Além das alterações até aqui discutidas, parece que o SSRI administrado
durante o período crítico de desenvolvimento do SNC nos ratos, também interferiu
no crescimento dos eixos craniais látero-lateral e ântero-posterior dos neonatos. Em
todas as doses utilizadas do citalopram, foram observadas alterações do
crescimento do crânio, detectadas a partir das medidas de seus eixos. Fato
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 94
importante, é que essas alterações (isto é; desproporção entre os eixos do crânio,
redução proporcional do crânio) perduraram até idade em que foram estudadas (60
dias de idade). O crescimento desproporcional entre os dois eixos do crânio é
evidente em tratamento com doses baixa e média do SSRI. O tratamento com dose
alta reduz severa e proporcionalmente ambos os eixos craniais. A evidência de que,
o SSRI empregado em dose baixa, não tenha acarretado redução de peso, o que
inviabiliza nesse caso um possível efeito hipofágico, levando à desnutrição, reforça
uma ação indireta (Shuey et al., 1992) ou direta sobre o crescimento do crânio. Ação
direta através da própria substância utilizada, o citalopram. Nesse particular, não
foram encontradas referências na literatura. Quanto à ação indireta, entenda-se
aqui, o aumento dos níveis cerebrais da serotonina induzido por SSRI, já
anteriormente comentado. A serotonina é um elemento chave no desenvolvimento
de muitos tecidos, em particular o SN (Turlejsky, 1996).
A densidade final e a localização dos terminais de neurônios que liberam
serotonina no rato são determinadas durante a maturação pós-natal e pode levar
semanas ou meses (Lidov e Molliver, 1982; Azmitia et al, 1983; Wallace e Lauder,
1983). Além disso, estudos de imunohistoquímica demonstraram que o sistema
serotoninérgico aparece desde o 14o dia pré-natal em ratos. A partir de então e após
o nascimento, axônios ascendentes 5-HT são observados em várias regiões do
cérebro durante todo o período crítico do desenvolvimento (Lidov e Molliver, 1982).
Lauder (1988), em estudo com embriões de ratos, demonstrou em vários
experimentos, que a 5-HT, L-Triptofano ou SSRI, podem causar malformações
envolvendo estruturas ósseas e nervosas. Essas evidências indicam que o sistema
serotoninérgico participa na morfogênese do sistema nervoso e de componentes do
sistema esquelético. Durante a organogênese do cérebro de mamíferos, a
serotonina toma parte na proliferação celular e na diferenciação neuronal e glial
(Lauder,1988; 1990).
As alterações verificadas nas dimensões dos eixos do crânio dos neonatos no
presente estudo sugerem que a manipulação farmacológica com SSRI durante o
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 95
chamado período crítico de crescimento do cérebro, pode ter afetado o
desenvolvimento de tecidos que compõem o arcabouço do crânio. Estudo em
embriões de rato demonstrou que a serotonina desempenha papel trófico direto
sobre os neurônios e de sinalizador das interações mesênquima-epitélio na
morfogênese crânio-facial (Shuey et al, 1992; 1993). A “caixa craniana” é o
depositário do SNC; no presente trabalho, as alterações encontradas no continente
(crânio) podem revelar alterações do seu conteúdo (encéfalo). Assim, um outro
importante mecanismo da influência trófica da serotonina, durante o
desenvolvimento do encéfalo, é a estimulação da glia para produção de outros
fatores tróficos de crescimento (Whitaker-Azmitia and Azmitia, 1989; Liu e Lauder,
1992). Essas interações entre o crescimento de neurônios e de células da glia foram
observadas em regiões específicas durante o desenvolvimento (Lidov e Molliver,
1982). O papel da serotonina mediando as interações entre neurônios e glia
parecem ocorrer através do receptor 5-HT1A (Liu e Lauder, 1992; Akbary et al.,1994).
A expressão transitória de receptores 5-HT1A durante fases limitadas do
desenvolvimento e em determinadas regiões do encéfalo pode estar associada à
liberação de fatores de crescimento (Lauder e Bloom, 1974).
O conjunto de achados do presente estudo durante o período do tratamento
neonatal com inibidor seletivo de recaptação da serotonina, fase também
coincidente com o período de vulnerabilidade do encéfalo, indica a relevância do
sistema serotoninérgico no crescimento e desenvolvimento geral do organismo. O
controle serotoninérgico da maturação murinométrica e da ontogênese de reflexos
parece ter sido em parte exposto através do instrumento farmacológico utilizado. É
verdade, que a abordagem aqui empregada não esclarece uma série de questões
levantadas no decorrer desta primeira parte da discussão, porém contribui
cientificamente na medida em que amplia as evidências e as perspectivas
metodológicas de enfrentá-las. Um ponto importante do trabalho foi o estudo da
repercussão do tratamento neonatal com SSRI no animal adulto.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 96
O tratamento farmacológico neonatal com SSRI na dose de 20 mg/kg de peso
corporal causou redução do peso do encéfalo, no presente estudo. Utilizando um
bloqueador seletivo de recaptação e liberador de serotonina, em um período menor
de tratamento, Bennet et al. (1995), mostrou depleção de 5-HT no córtex de
neonatos pela administração de fenfluramina sem, entretanto observar redução dos
pesos corporal, do encéfalo ou do córtex ou das dimensões totais do córtex
somatosensório. A diferença metodológica e a substância empregada justificam os
resultados diferentes. Entretanto, esse trabalho inclui-se entre os poucos
encontrados na literatura que estudam o sistema serotoninérgico em neonatos.
É importante salientar que durante o período crítico de desenvolvimento há
explosiva multiplicação glial, mielinização e extensiva diferenciação neuronal
(Morgane et al, 1993; Dobbing, 1970). Embora a avaliação dos pesos do encéfalo e
do cerebelo seja método bastante limitado para avaliar danos estruturais, no
presente estudo revestiu-se de grande importância, particularmente, quando
relacionada às alterações dos eixos craniais já mencionadas. Houve alterações do
peso do encéfalo mesmo em relação ao peso do corpo do animal. Aliás, o
crescimento ponderal prejudicado até a idade estudada (60 dias), foi sem dúvida
também a resultante do tratamento com SSRI na dose de 20 mg/kg de peso
corporal. Resultados semelhantes foram encontrados em trabalhos, em ratos,
utilizando modelo experimental de desnutrição (Teodósio et al., 1990; Monteiro,
1995).
Bennet et al., (1964) apontam a importância de se levar em consideração o
peso corporal ao se analisar o peso de um órgão principalmente o encéfalo. Além
disso, como já mencionado, o SSRI poderia ter levado a hipofagia e conseqüente
desnutrição. É bastante conhecido na literatura que o crescimento do encéfalo não é
tão afetado pelo insulto nutricional quanto outros órgãos. Sendo assim esse órgão
seria “protegido” (Guedes, 1985; Resnick e Morgane, 1984; Teodósio et al 1990).
Desse modo, um maior peso relativo do encéfalo resultante do tratamento com dose
alta de SSRI corrobora dados da literatura sobre desnutrição pregressa.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 97
Vale observar a semelhança entre os presentes achados e aqueles acima
mencionados de Teodósio et al., (1990) e Monteiro (1995) em desnutridos sobre a
desproporção entre o tamanho do corpo e da cabeça dos animais. O encéfalo e o
cerebelo foram menos atingidos do que o peso corporal no animal adulto submetido
a tratamento neonatal com dose alta de SSRI. Assim, os dados parecem evidenciar
que o cérebro é um órgão também “poupado” quando submetido à agressão
farmacológica. Ademais, os achados reforçam que alterações do sistema
serotoninérgico durante o período crítico de desenvolvimento do SNC, podem
promover danos irreversíveis em diversos tecidos, particularmente o SNC.
Os trabalhos de Monteiro (1995), Pessoa (1997) e Borba (1998), todos
utilizando modelos experimentais semelhantes de desnutrição, avaliaram pesos do
encéfalo e do cerebelo (Yucel et al, 1994) em ratos desnutridos. Estes autores
consideraram essas medidas como indicadores importantes de seqüelas
ocasionadas ao SNC por insultos perinatais. Monteiro (1995) e Pessoa (1997)
encontraram pesos absolutos do encéfalo menores e relativos maiores em modelo
de desnutrição em ratos. Medeiros, (1996) empregando ratos submetidos a teores
baixos de gordura, encontrou pesos absolutos encefálicos úmidos reduzidos
enquanto os pesos secos não sofreram alteração. Estes achados indicam diferentes
repercussões sobre o peso de órgãos, de acordo com o tipo e a magnitude do
insulto nutricional.
Todas as evidências no presente estudo demonstram que o tratamento com
SSRI no período vulnerável do encéfalo acarreta alterações no desenvolvimento do
SNC. A gravidade destes atrasos parece estar relacionada à dose de SSRI
empregada. Em doses mais elevadas, os efeitos sobre o corpo e o encéfalo foram
mais evidentes. Em continuação ao estudo das seqüelas da estrutura, seguiram-se
àquelas da função. Assim, o consumo alimentar do animal adulto foi um dos
parâmetros alvo do presente estudo.
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 98
O comportamento alimentar de roedores consiste de uma seqüência de
etapas de consumo alimentar intercaladas de outras atividades. Trabalhos de
Wurtman e Wurtman (1983) mostram de forma detalhada como o comportamento
alimentar em ratos, obedece a um ciclo que envolve vários sub comportamentos e a
relação entre períodos de atividade e repouso. De acordo com Blundell (1991), a
alimentação é uma forma de comportamento que tem estrutura e padrão definidos.
No presente trabalho, corroborando a afirmação de Blundell (1991), pode-se
constatar regularidade na quantidade de ração consumida, assim como uma certa
constância na proporção entre consumo de ração e eliminação fecal. Ainda segundo
Blundell (1991) as ações comportamentais envolvem respostas de sistemas
fisiológicos. Estes eventos fisiológicos são traduzidos dentro do cérebro em
atividade neuroquímica. Manipulações experimentais da 5-HT através de
procedimentos centrais ou periféricos produzem claros efeitos sobre a ingestão de
alimentos. Desta forma, a alimentação não é um evento isolado, estando portanto
relacionado a fases de atividade que precedem e que se seguem a uma refeição,
por exemplo: beber, lamber-se, explorar, dormir (Blundell, 1991).
Evidências indicam que sistemas monoamino-hipotalâmicos envolvidos no
controle da ingestão alimentar têm influência específica sobre o padrão temporal
alimentar bem como, sobre macronutrientes específicos (Leibovitsky e Shor-Posner,
1986). Além disso, esses mesmos autores suportam a hipótese da ação da
serotonina sobre o apetite através de mecanismos da saciedade do hipotálamo
medial. Assim, a influência de atividade neuroquímica central sobre a expressão do
apetite é complexa (Hutson et al., 1987; Halford et al , 1995). No rato, o sistema
serotoninérgico estabelece grande parte de seus elementos estruturais que
sustentam o controle neural do comportamento alimentar no período pós-natal
(Lidov e Moliver, 1982).
Os parâmetros, como o peso corporal, variação ponderal, consumo de ração
e de água, foram eleitos como forma de avaliar possíveis alterações
comportamentais ou fisiológicas no animal adulto. Os resultados demonstram
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 99
repercussões desse tratamento neonatal sobre alguns desses parâmetros durante o
período de avaliação do consumo alimentar, vários dias após interrompido o
tratamento farmacológico. Contudo, sob análise mais apurada quando se relaciona o
parâmetro do consumo ao peso corporal do animal constata-se que o tratamento
neonatal não acarreta alterações no consumo alimentar no animal adulto. Portanto,
um animal adulto tratado com SSRI no período neonatal, consome tanto quanto um
animal não tratado proporcionalmente ao seu peso. Todavia, outras características
do processo alimentar não foram aqui analisadas, sendo assim não seria lícito
afirmar que outras alterações na presença do SSRI não tenham ocorrido.
Nesse particular, alterações da ingesta hídrica bem como da relação entre
ingesta hídrica e eliminação urinária foram detectadas no presente estudo. Assim, o
tratamento neonatal, com SSRI, em dose alta, induziu na vida adulta, aumento da
ingestão de água e da razão entre a ingesta hídrica e eliminação urinária. Esta
seqüela pode estar relacionada ao sistema serotoninérgico que segundo Myers
(1975) também requisitado por um complexo mecanismo osmótico envolvido no
controle do balanço hídrico.
Em estudo recente Nascimento et al., (1997), observaram que injeção do
agonista do receptor 5-HT1D, L694247 no núcleo medial da rafe induziu aumento da
ingesta hídrica em ratos. Outrossim, em adultos, microinjeção de 5,6-
dihydroxytryptamina, que lesiona neurônios serotoninérgicos no hipotálamo anterior,
provoca redução na ingesta de água (Myers, 1975) O aumento de serotonina eleva a
ingesta hídrica, por induzir aumento dos níveis de renina e angiotensina plasmática,
efeito entretanto antagonizado pela administração simultânea de metisergida (Meyer
et al. 1974). O tratamento durante 15 dias com ciproheptadina, agente
antiserotoninérgico e antihistaminérgico causa redução na ingesta de água. Esse
efeito antidipsigênico pode estar relacionado com alterações do sistema renina-
angiotensina (Konstandi et al., 1996). Ademais, tratamento com fluoxetina e
fenfluramina/fluoxetina combinadas, na dose de 20 mg/kg de peso corporal
aumentou a ingesta de água (McCann et al., 1997).
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Discussão 100
Todos esses achados suportam a hipótese de que a serotonina produz
aumento da ingesta de água, efeito possivelmente mediado pela estimulação do
sistema renina-angiotensina. O comportamento da sede e retenção de água além de
serem regulados pela ativação de osmorreceptores hipotalâmicos (Epstein e
Hamilton, 1977; Meyer et al., 1974; Brandão, 1991), têm uma participação
importante no sistema serotoninérgico. Assim, o estabelecimento do controle neural
dos mecanismos da sede e retenção de água podem ter sido alterados no período
neonatal pela manipulação farmacológica empregada neste estudo.
Este trabalho apresenta consideráveis evidências do envolvimento do sistema
serotoninérgico com o Sistema Nervoso Central em desenvolvimento. A
manipulação desse sistema com inibidor seletivo de recaptação de serotonina
durante o período de aleitamento permitiu perceber sua interação com aspectos
importantes que se desenvolvem e se estabelecem durante o período crítico de
desenvolvimento do cérebro. As hipóteses da hipofagia induzida pelo SSRI e aquela
do efeito trófico da serotonina sobre os tecidos neurais e adjacentes encontraram
eco nos atrasos observados em vários dos parâmetros estudados. O crescimento
somático e o desenvolvimento motor foram lesionados de forma importante deixando
seqüelas até a vida adulta. Que regiões do SNC dos animais neonatos teriam sido
atingidas? Como a célula nervosa se comportou diante de tal insulto nesse período
explosivo de crescimento de estruturas celulares? Respostas a estes e outros
questionamentos só poderão ser obtidas através de novas investigações.
CONCLUSÃO
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Conclusão 102
Os resultados apresentados neste trabalho conduzem às seguintes
conclusões:
1 - A manipulação do sistema serotoninérgico durante o período crítico do
desenvolvimento do encéfalo, provoca de forma duradoura, redução de padrões do
crescimento como o peso corporal e do encéfalo, os eixos do crânio, e o eixo
longitudinal em ratos neonatos.
2 - A manipulação do sistema serotoninérgico no período neonatal retarda a
presença de vários reflexos e atrasa a maturação de características físicas.
3 - Efeitos de manipulações do sistema 5-HT, impostos através de doses
diárias de inibidor de recaptação de serotonina durante o período de vulnerabilidade
do SNC, causam seqüelas, retardando a evolução ponderal e parâmetros do
crescimento corporal, bem como modificando aspectos do comportamento alimentar
no animal adulto jovem.
4 – A manipulação do sistema serotoninérgico no período neonatal causa
retardo duradouro no ganho de peso corporal e desproporção no peso do encéfalo
(aumento em relação ao peso corporal) do animal na idade adulta.
5 - Na terapêutica clínica, a prescrição de inibidores de recaptação de
serotonina deve ser cautelosa quando se tratar de período da vida em que o SNC
esteja ainda vulnerável a insultos dessa natureza.
PERSPECTIVAS
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Perspectivas 104
A utilização de agonistas e antagonistas de receptores e inibidores de
recaptação de serotonina entre outros fármacos tem contribuído de diversas formas
para a identificação de funções do sistema serotoninérgico. O estudo de
comportamentos, inclusive o alimentar, está estreitamente relacionado com este
sistema, entretanto, tais estudos são raros em neonatos. O estudo de
comportamento alimentar, aplicação de fármacos seletivos e estudos morfológicos,
de tecidos neurais ou não neurais devem ser utilizados em futuras investigações.
Assim, algumas perspectivas podem ser aqui traçadas:
• A análise de o comportamento alimentar durante o período de
aleitamento após tratamento com SSRI.
• Estudo morfológico de tecidos neurais e não neurais após tratamento
crônico com um SSRI.
• Análise de comportamento materno e/ou dos filhotes utilizando outros
fármacos sozinhos ou associados a agonistas e antagonistas de receptores.
• Estudo da ingesta alimentar e hídrica em ratos logo após o desmame,
tratados precocemente com SSRI.
• As avaliações corporais da massa magra, gordura e conteúdo de água
de animais adultos, tratados no início da vida com SSRI.
• Através de técnicas mais avançadas, estudar a expressão temporária
de receptores durante o crescimento e desenvolvimento de animais neonatos em
diferentes fases do período de aleitamento após tratamento semicrônico ou
crônico com drogas que interfiram no sistema 5-HT.
ABSTRACT
DEIRÓ, TCBJ Desenvolvimento Somático e Sensório Motor... Abstract 106
It was investigated in this work the influences of the treatment with selective serotonin reuptake inhibitor, over the reflex-ontogeny, somatic maturation and adult pattern of food intake. Male Wistar rats were divided in groups, receiving daily, from 1st to 21st day of life, the following treatments, s.c.: Ingenuous (Ing, n=26), any treatment; Saline (Sal, n=24), NaCl 0.9% (2 mg/kg); and Citalopram (Cit), in three doses: 5 mg/kg (Cit5, n=10); 10 mg/kg (Cit10, n=10); 20 mg/kg (Cit20, n=26). It was evaluated daily, from 1st to 21st day, and every 3 days, from 24th to 60th day P.N., the following: body weight (BW), tail extent (TE), lateral axis of the head (LAH), and fore back axis of the head (FBAH). Daily, it was recorded the day of appearance of the following physical features: opening of the eyes (OE), incisor eruption (IE), opening of auditory duct (OAD) and ear unfolding (EU). Daily, the following reflexes were evaluated: palmar grasp (PG), righting (R), cliff avoidance (CA), negative geotaxis (NG), auditory startle (AS) and free-fall righting (FFR). By 70-80 days of age, the animals were submitted to a food-intake study, during seven days, through the evaluation of: absolute corporal weight (ACW), absolute and relative weight change (AWC; RWC), absolute and relative food intake (AFI; RFI), absolute and relative water intake (AWI; RWI), absolute and relative fecal excretion (AFE; RFE), absolute and relative urinary excretion (AUE; RUE) and the ratio AWI/QUE. By 110-120 the rats were killed and some organs removed to record their weight: Brain – absolute and relative wet brain weight – AWBW; RWBW – and absolute and relative dry brain weight – ABBW, RDBW, Cerebellum (absolute and relative cerebellum wet weight) AWCW, RWCW and absolute and relative cerebellum dry weight (ADCW, RDCW), and Liver (absolute and relative wet weight – AWLW, RWLW, and absolute and relative dry weight – ADLW, RDLW). The statistic analysis was made with ANOVA followed by Tukey’s test (parametric data) and Kruskal-Wallis followed by Mann-Whitney test (non-parametric data). There was no difference between Ing and Sal in all the parameters, so, Sal was chosen as control. Murinometric evaluation: During lactation, there was a reduction (p<0.01), after the following days of age (until 21st) on BW on Cit10=15th; Cit20=6th; TE: Cit20=9th; LAH: Cit10=15th, Cit20=9th; FBAH: Cit20=15th. During the 24th until 60th period, there was a reduction (p<0.01) of: BW: Cit10=48th until 60th day; Cit20=24th until 60th day; TE: Cit20=24th until 60th; LAH: Cit10=24th until 44th; Cit20=24th until 60th; FBAH: Cit20=34th until 60th. Therefore, Cit5 had higher BW than Sal from 45th until 60th day. Physical Features Maturation: There was a later maturation of: OAD in Cit5 and Cit20 (p<0.05) and III in Cit5 and Cit10 (p<0.05). Sensory motor development: The following reflexes were delayed (p<0.01): PG, R, VP and FFR in all citalopram groups: AS in Cit5, Cit10 and Cit20; CA in Cit20; NG in Cit5 and Cit20. Food intake: There was a reduction (p<0.01) on: ABW in Cit20; AFI on Cit5, Cit10 and Cit20; AFE on Cit10 and Cit20; QUE on Cit20. However, there was an increase (p<0.01) of RWI and AWI/QUE on Cit20. There was no difference about RWC, AWC, FRI and RFE between any treatment group, compared do SAL. Organ weight: There was a decrease (p<0.01) of: AUBW, ADBW and AWCW in Cit20. However, RDBW were higher in Cit20, compared to SAL. AWLW decreased in Cit10 and Cit20; ADLW decreased in Cit10 and Cit20. Chronic treatment with SSRI during lactation period delays ontogeny reflex and shifts the somatic (physical) maturation in rats. Is also was seen shifts on the weight gain until adulthood. At this time, sequels seen in the organs and body weight seem to be associated to serotonergic system manipulation. However, some unspecific effects of SSRI must not be rejected. In adulthood, some shifts were found in some parameters of food intake. In a general way, the shifts are related to the employed dose. These suggest a participation of different kinds of serotoninergic of receptors. Studies about pharmacologic manipulations with specific serotonergic agonists and antagonists are still necessary. Nevertheless, the results are likely to confirm that the serotoninergic system plays an important role on somatic and sensory motor development on adult pattern of food intake.
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