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UNIVERSIDADE DE LISBOA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO As TIC em Projectos de Escola. Estratégias de Formação Contínua de Professores. Tese de doutoramento Ana Rosa da Costa Massena Gonçalves Doutoramento em Educação Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação 2011

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As TIC em projectos de escola.Estratégias de formação contínua.

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Page 1: Tese outubro 2011e

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

As TIC em Projectos de Escola.

Estratégias de Formação Contínua de Professores.

Tese de doutoramento

Ana Rosa da Costa Massena Gonçalves

Doutoramento em Educação

Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação

2011

Page 2: Tese outubro 2011e

ii

UNIVERSIDADE DE LISBOA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO

As TIC em Projectos de Escola.

Estratégias de Formação Contínua de Professores Tese de doutoramento

Ana Rosa da Costa Massena Gonçalves

Doutoramento em Educação

Tecnologias da Informação e Comunicação na Educação

Orientadoras:

Professora Doutora Guilhermina Miranda

Professora Doutora Ana Amélia de Carvalho

2011

Page 3: Tese outubro 2011e

iii

Estas folhas nada seriam sem o incentivo e colaboração de tantos, difíceis de

nomear na totalidade. Fica o primeiro, inevitável e mais profundo agradecimento à

família, companheiros de euforias e desesperos. Aos pais e irmãos agradeço o apoio

incondicional, aos filhos e marido a paciência infinita. Dedico-vos o meu esforço,

trabalho e carinho.

Os colegas formandos e formadores, generosos e brilhantes, deram alma a este

trabalho. Orgulho-me do que me permitiram aprender com eles. Agradeço também aos

professores que encontrei ao longo da vida, companheiros nas muitas escolas por onde

cresci, em anos de Aprendizagem e Ensino.

Em particular agradeço a Guilhermina Miranda, Ana Amélia de Carvalho e

Fernando Costa, pois deram o know-how fundamental para poder aliar a arte da técnica

ao olhar pedagógico, tornaram viável o sonho de um projecto, bem hajam!

Senti-me aluna com tudo o que isso tem de bom e de menos bom. Grata a todos

por me incentivarem a continuar a Aprender.

Sou mais feliz por isso.

Page 4: Tese outubro 2011e

iv

ÍNDICE

ÍNDICE ...............................................................................................................iv

ÍNDICE DE TABELAS ........................................................................................vi

ÍNDICE DE GRÁFICOS......................................................................................vi

RESUMO............................................................................................................ 1

ABSTRACT ........................................................................................................ 1

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 2

CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO E NORMATIVO ....................... 3

O PROBLEMA DA FORMAÇÃO TIC EM PORTUGAL................................... 7 Modelos pedagógicos de ensino .................................................................... 7 Formação contínua e desenvolvimento profissional ....................................... 9 Formação contínua em TIC .......................................................................... 12 Estratégias de formação contínua ................................................................ 14 Comunidades de aprendizagem................................................................... 15 Conclusão..................................................................................................... 18

CAPÍTULO II – OS PROJECTOS E O TRABALHO DE PROJECTO............... 19

METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJECTO ...................................... 19 TIPOLOGIA DE PROJECTOS...................................................................... 22 Considerando a estrutura organizacional ..................................................... 22 Considerando a tipologia de actividades ...................................................... 22 Considerando as TIC utilizadas .................................................................... 23 PROJECTOS NO INGLÊS ........................................................................... 24 Projectos de comunicação/ intercâmbio ....................................................... 25 O Projecto E-twinning ................................................................................... 27 O Projecto Comenius.................................................................................... 29 Constrangimentos e Vantagens.................................................................... 30 A formação de professores nestes dois projectos ........................................ 30 A avaliação dos projectos ............................................................................. 31 Conclusão..................................................................................................... 32

CAPÍTULO III – PERCURSO METODOLÓGICO............................................. 33

ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS .............................................................. 35 CONTEXTO DA INVESTIGAÇÃO ................................................................ 36

Page 5: Tese outubro 2011e

v

DESENHO DA INVESTIGAÇÃO .................................................................. 38 População e amostra.................................................................................... 39 ESTRATÉGIA E INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS .................. 39 A recolha de dados em documentos............................................................. 40 O relato de vida ............................................................................................ 41 A entrevista................................................................................................... 43 A entrevista semi-estruturada ....................................................................... 44 Guião de entrevista ao Coordenador............................................................ 44 Objectivos da entrevista................................................................................ 44 Protocolo da Entrevista................................................................................. 46 O questionário aos formandos e formadores................................................ 47 Objectivos do questionário............................................................................ 47 Protocolo do questionário ............................................................................. 47 Estrutura do questionário.............................................................................. 48 Estrutura do relato de vida............................................................................ 48 Conclusão..................................................................................................... 49 ANÁLISE E TRIANGULAÇÃO DE DADOS .................................................. 49 Os instrumentos de análise de dados........................................................... 50 Dados obtidos nas entrevistas...................................................................... 52 Dados obtidos nos questionários a formadores............................................ 52 Dados obtidos nos questionários a formandos ............................................. 52 Dados obtidos nos relatos de vida................................................................ 52 Dados obtidos nos artefactos ....................................................................... 52 Triangulação dos dados................................................................................ 52

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES E ESTUDOS FUTUROS .............................. 53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 54

ANEXOS ............................................................................................................. i

GUIÃO PARA O RELATO DE VIDA ................................................................ii GUIÃO PARA O QUESTIONÁRIO ................................................................. iii GRADES DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS .....................iv GRADES DE ANÁLISE DADOS..................................................................... v GRÁFICOS DA TRIANGULAÇÃO DE DADOS ..............................................vi GRÁFICOS DAS CONCLUSÕES..................................................................vii

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vi

ÍNDICE DE TABELAS

ILUSTRAÇÃO 1 – MODALIDADES DE DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL............................9 ILUSTRAÇÃO 2 – INTERVENIENTES NA FORMAÇÃO CONTÍNUA ............................................15 ILUSTRAÇÃO 3 – MODELOS DE FORMAÇÃO...............................................................................24 ILUSTRAÇÃO 4 – CRONOGRAMA DA INVESTIGAÇÃO...............................................................37 ILUSTRAÇÃO 5 – ESTRUTURA DA ENTREVISTA.......... ERRO! MARCADOR NÃO DEFINIDO. ILUSTRAÇÃO 6 – ESTRUTURA DO QUESTIONÁRIO....................................................................48 ILUSTRAÇÃO 7 – ESTRUTURA DO RELATO DE VIDA.................................................................49

ÍNDICE DE GRÁFICOS

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1

RESUMO

Este estudo visa apresentar e fundamentar uma proposta de organização e

concretização de estratégias de formação contínua de professores, implicando projectos de

escola, com a utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Apesar do

grande investimento feito nesta área, continua a verificar-se uma fraca utilização curricular

das mesmas. Assim, pretende-se com este estudo confirmar as práticas tradicionais da

formação de professores em TIC; identificar projectos de escola que impliquem a utilização

das TIC; procurar investigação já desenvolvida nesta área, que sirva de suporte a um conjunto

de estratégias de formação a sistematizar e a validar junto de potenciais formandos e

formadores.

Este estudo surge sob a forma de estudo de casos múltiplos, já que abordará diversos

projectos de escola, exemplos da utilização curricular das TIC e de formação de professores,

já desenvolvidos. A viabilidade, interesse e pertinência do estudo, implicará análise qualitativa

e quantitativa descritiva de dados, recolhidos através de questionários, entrevistas e relatos de

vida.

Palavras-chave: Integração curricular das TIC; Formação de Professores; Projectos de

Escola; b-learning.

ABSTRACT

This study aims to present and support a proposal and implementation of teacher

training strategies involving school projects, with the use of Information and Communication

Technologies (ICT). Despite the large investment made in this area, there continues to be a

poor use of ICT in the curriculum. With this study we intend to confirm the traditional

practices of teacher training in ICT; identify school projects involving the use of ICT; find out

what research has developed in this area to support and help systematize some training

strategies and finally validate them with potential trainees and trainers.

This study comes in the form of multiple case studies, since it will address various

school projects, examples of the use of ICT in the curriculum and of teacher training. The

feasibility, interest and relevance of the study will involve qualitative and quantitative

descriptive data, collected through questionnaires, interviews and life stories.

Keywords: Curriculum integration of ICT, Teacher Training, School Projects, b-learning.

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2

INTRODUÇÃO

O presente estudo surge na sequência de uma reflexão sobre a prática corrente da

formação de professores em TIC, que supostamente levaria a aplicar as TIC em contexto

curricular. Todavia, tal parece não acontecer. (cf. Paiva, 2002; Costa, Peralta, Viseu, 2007).

Muitas são as razões apontadas para justificar este problema. Algumas relacionadas com a

falta de equipamentos, outras com o número elevado de alunos por turma ou a falta de

motivação dos professores. Diversos estudos apontam a falta de formação e/ou o modo como

esta é frequentada/ ensinada para justificar o problema em questão. (Silva & Miranda, 2005;

Peralta & Costa, 2007). Será que estas são as verdadeiras razões para o problema? As questões de investigação

elaboradas para melhor delimitar a abordagem do problema são: (i) Em que medida o modo

como a formação em TIC está organizada e implementada, condiciona os professores, na

integração destas ferramentas nas suas práticas lectivas regulares? e (ii) Como deverá

organizar-se e estruturar-se a formação contínua em TIC de forma a ser mais eficiente?

Para responder a estas duas questões torna-se necessário: um levantamento e

caracterização: (a) Das estratégias de formação contínua que predominam em Portugal. (b)

Das modalidades de formação mais adoptadas, onde se incluem os regimes de e-learning, b-

learning, e presencial; (c) Dos projectos que na escola são facilitadores de formação.

Tendo em atenção estas questões surgem os seguintes objectivos principais do projecto

de investigação: (i) Identificar estratégias predominantes na formação contínua de professores

na área das TIC; (ii) Identificar dimensões e eixos estruturantes da formação contínua de

professores na área das TIC; (iii) Apresentar propostas de formação validadas por professores

e formadores quanto à sua viabilidade, interesse e pertinência.

Este estudo pretende, deste modo, confirmar as práticas tradicionais da formação de

professores em TIC; identificar projectos de escola que impliquem a utilização das TIC e

favoreçam a formação de professores em contexto de escola, tais como: oficinas de formação

e círculos de estudo em contexto de escola; cursos de formação em comunidades de prática;

intercâmbios, projectos de comunicação; clubes e actividades extra curriculares. Baseado na

investigação já desenvolvida nesta área, pretende-se promover uma reflexão em torno das

estratégias de formação de professores no âmbito das TIC, além de criar/ sistematizar um

conjunto de estratégias de formação, a validar junto de potenciais formandos e formadores.

Este estudo surge sob a forma de estudo de casos múltiplos, já que abordará diversos

projectos de escola, exemplos da utilização curricular das TIC e de formação de professores,

já desenvolvidos em diferentes escolas da zona da grande Lisboa. A viabilidade, interesse e

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pertinência do estudo, implicará análise qualitativa e quantitativa descritiva de dados,

recolhidos através de questionários, entrevistas e relatos de vida dos professores,

exemplificando/analisando os diferentes tipos de projecto estudados.

Após a apresentação dos pressupostos teóricos de suporte a esta reflexão, serão

explicitadas as estratégias metodológicas que norteiam o trabalho empírico, bem como os

objectivos e as questões de investigação, para que seja possível uma compreensão mais

aprofundada sobre o tema de estudo. Assim, em termos estruturais o presente estudo

desenvolve-se em torno de cinco áreas: No Capítulo I será delineada uma contextualização

face à pertinência da temática em análise, no que concerne a formação de professores em

Portugal, enfatizando os modelos de formação e tipologia de actividades existentes e

predominantes.

O capítulo II apresenta uma análise dos conceitos chave desta investigação: projecto

educativo, trabalho de projecto, projecto curricular de turma e projecto interdisciplinar.

Partindo de um entendimento sobre a utilização generalizada das TIC, pretendemos

compreender qual o seu papel na formação dos professores tendo em consideração a numerosa

oferta de formação que existiu e existe nesta área. Ainda neste capítulo, procuramos definir as

características do e-learning e do b-learning, considerando que a concepção de acções de

formação com uso de plataformas online envolve uma abordagem diferente face ao ensino

presencial.

No capítulo III apresentamos o projecto empírico: a problemática, as questões e os

objectivos de investigação. Serão também definidas as etapas do plano de investigação e as

respectivas fontes de recolha e análise de dados. No capítulo IV apresentamos os resultados da

recolha e análise de dados. A triangulação dos dados terá como objectivo alcançar resposta

para as questões de investigação, de modo a que o estudo tenha pertinência e utilidade. Por

fim no capítulo V será a apresentação das conclusões e a elaboração de sugestões para estudos

futuros.

CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO E NORMATIVO

Neste capítulo apresenta-se a fundamentação subjacente ao estudo. Desenha-se o

quadro conceptual relativo à formação em geral, explana-se os conceitos e constructos

envolvidos e delimita-se o campo teórico a que o estudo se refere. Esta primeira parte

encontra-se dividida em cinco tópicos: os modelos pedagógicos; a formação em Portugal; a

formação contínua e o desenvolvimento profissional; a formação contínua em TIC; estratégias

de formação contínua e comunidades de aprendizagem.

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4

Cada vez mais, a Escola tem de lutar para manter um papel fundamental enquanto

espaço de hábitos de aprendizagem e local de acesso às fontes de informação e conhecimento.

Na sequência dos objectivos estratégicos definidos, Março de 2000, em Lisboa, sob o olhar

atento do Conselho Europeu, as TIC são, ainda mais, um tema de reflexão e prática.

Actualmente, há um enorme conjunto de saberes e experiências disponíveis fora do ambiente

escolar. Nos cafés, nos correios, nas juntas de freguesia, nas sociedades recreativas, com

objectivos lucrativos ou altruístas, a sociedade da informação está a chegar à população e à

casa dos alunos.

A integração das TIC nas práticas educativas constitui um dos desafios que a Escola

enfrenta. Na verdade, a aprendizagem foi, até ao século XVIII, a resposta a necessidades que

surgiam em contexto e fora da estrutura escolar. Com a Era Industrial e a escolarização em

massa, o conhecimento foi “disciplinarizado”, imposto e retirado de contexto, passou a

conteúdo debitado, a reproduzir e avaliar. Como as "Teaching machines" (Pressey, 1926) e o

ensino programado, baseado nas teorias behavioristas sugeridas por Skinner (1954) no seu

artigo “The science of learning and the art of teaching”. Ainda hoje assim funciona em tantas

escolas. Dias de Figueiredo (2003), questionava "Que Sociedade? Que Conhecimento? Que

Educação?" referindo que nesta "Sociedade do Conhecimento" não basta deter conhecimento,

sempre em mutação, mas antes manter os fluxos de renovação do conhecimento, ser capaz de

renovar e construir permanentemente pela acção colectiva. Apontou o modelo de projecto

como forma de ultrapassar a info – exclusão e construir a paixão pelo saber. Dias de

Figueiredo (2003) concluiu ser necessário recuperar a vontade de aprender que nasce com a

criança e que a escola lhe retira. Afirmou que urge uma educação que crie a paixão pelo

conhecimento, em particular para a sua renovação e consolidação em permanência.

A perspectiva do senso comum, vigente durante muitos anos, consistia na ideia de o

aluno ser como uma tábua rasa, um recipiente vazio que competia ao adulto encher de saber.

Comenius no século XIV é uma das vozes dissidentes que na sua Didáctica Magna procura

revolucionar a relação ensino/ aprendizagem. Giambattista Vico(1858), filósofo napolitano do

século XVIII, defendia que os humanos só podem compreender claramente o que eles

próprios tiverem construído. “Man, having within himself an imagined World of lines and

numbers, operates in it with abstractions, just as God, in the universe, did with reality.”

Muitos outros defenderam a ideia de um conhecimento construído pelo indivíduo. A

escola deveria ajudar os alunos a serem capazes de compreender não apenas os conteúdos

programáticos que ministra mas também a compreender o mundo que os rodeia. "The core

activity of schooling throughout the elementary and secondary school years should be to help

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students build a comprehensive and coherent understanding of the world. Building such an

understanding of the world was Aristotle’s project and it remains the project of every

thoughtful person growing up. It is a constructive project par excellence. Young people must

do it for themselves; it cannot be done for them." (Bereiter, 2002:23). A escolaridade

obrigatória pretende ser uma forma de permitir a todos aceder a essa capacidade de

compreender de forma construtiva. "There are several grounds for arguing that an education

centred on the construction of understanding is the right kind of education for people

regardless of whether they end up as high-level knowledge workers or as jobless."(Bereiter,

2002:31)

A perspectiva de Piaget é ainda hoje base para a visão da aprendizagem como um

processo de assimilação e acomodação que cada aluno necessita efectuar para

verdadeiramente aprender."The good and the bad of prior knowledge arise out of the

reciprocal processes that Piaget called assimilation and accommodation. We are always

assimilating new information to existing mental structures and at the same accommodating

existing structures to new information. Without assimilation we couldn’t function; without

accommodation we couldn’t adapt. According to commonsense psychology and the artificial

intelligence models based on it, assimilation is the normal thing and accommodation is

exceptional." (Bereiter, 2002:12)

Compreender, aprender e construir conhecimento são conceitos recorrentes ao longo

de diversas teorias da aprendizagem. Para Piaget o construtivismo surge aplicado ao

desenvolvimento da criança. Papert (1999) afirma sobre Piaget: "He is revered by generations

of teachers inspired by the belief that children are not empty vessels to be filled with

knowledge (as traditional pedagogical theory has it), but active builders of knowledge-little

scientists who are constantly creating and testing their own theories of the world." (...) "As

digital technology gives children greater autonomy in exploring larger worlds, the ideas he

pioneered become more urgently relevant to parents and educators." (Papert S., 1999)

Confirma-se a necessidade de uma mudança ao nível da escola, surgem diversas

propostas que defendem um paradigma segundo o qual esta se organiza de acordo com quatro

linhas mestras: defendem um sistema flexível com ambientes de aprendizagem desenhados

para irem ao encontro das capacidades e necessidades de cada aluno; os professores assumem

a função de facilitadores e orientadores no acesso dos alunos ao conhecimento, debatendo e

planeando em conjunto com pequenos grupos de alunos, alguns na sala de aula, outros na

biblioteca, outros em espaços alternativos; os alunos são encarados como indivíduos com

estilos únicos de aprendizagem, daí a diferenciação de métodos para os diferentes estilos de

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aprendizagem; trabalham colaborativamente, pesquisando factos e desenvolvendo

competências a diversos níveis: resolução de problemas, tomada de decisões e processamento

de informação.

Figueiredo (2005) aposta em contextos ricos em actividades de interacção, com

ambientes culturais e sociais que nunca existiram e que tornem possível o uso inteligente da

tecnologia onde se apliquem paradigmas da tecnologia completamente diferentes. Sendo de

fundamental importância para este estudo os seguintes conceitos, que Figueiredo (2005)

explicita claramente: Learning event (situação de aprendizagem) – situação em que o

indivíduo aprende; Content (conteúdo) – informação que foi estruturada e codificada em

texto, multimédia, palavra da professora, ou qualquer outro suporte; Context (contexto) –

conjunto de circunstâncias relevantes que permitem ao indivíduo construir aprendizagem

relativa ao conteúdo.

Depois de muitas experiências de inovação é de bom senso e acordo comum que as

TIC não devem ser entendidas como algo que se pode, apenas, impor nas práticas educativas

correntes, pois, se não forem articuladas com outros recursos e integradas de uma forma

reflectida no dia-a-dia da Escola, será difícil obter resultados positivos nas aprendizagens. A

questão que se coloca hoje a muitos professores é como usar a tecnologia disponível. É por

isso pertinente e já frequente, estudar o uso das tecnologias, nomeadamente o computador,

como ferramenta pedagógica da sala de aula. O erro de se considerar fundamental ter muitos

computadores na sala, para que a inovação aconteça, tem levado a grandes desilusões.

Esquece-se facilmente a necessidade de uma vontade inovadora, formação e

motivação de professores e alunos, preparação de e mediação dos alunos, assim como a

capacidade de gerir os espaços e recursos da escola, de ver para além das paredes da sala, de

procurar que os alunos trabalhem em grupo ou pares, distribuir tarefas de pesquisa, análise,

tratamento e produção de informação, sem esquecer de valorizar, para a aprendizagem, o

espaço do Centro de Recursos, Oficinas de Informática ou outros espaços de acesso às TIC,

dentro e fora da Escola. Apesar da importância dada às TIC no desenvolvimento das

aprendizagens, em termos de currículo prescrito as indicações relativas à integração das

tecnologias no processo de aprendizagem são pouco claras. Todavia, ou talvez por isso, a

investigação traz ainda poucos exemplos de boas práticas de integração curricular continuada.

Muitos são exemplos de estudos comparativos entre a aprendizagem suportada por

computador ou tradicional. Estudos laboratoriais, estudos experimentais e de caso sobre a

utilização de determinada ferramenta electrónica ou ambiente virtual.

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Procuram-se contextos de aprendizagem que tragam luz sobre cenários educativos

inovadores e colaborativos que dêem resposta ao desafio de Paulo Dias (2000) “ Importa,

concluem, investigar as potencialidades destas tecnologias em cenários educativos inovadores,

colaborativos, em que se procure investigar o potencial de aprender com os hipermédia e não

só dos hipermédia e exemplificam com o caso das investigações sobre a teoria da flexibilidade

cognitiva que proporcionaram já preciosos insights sobre formas concretas e produtivas de

utilização educativa destes poderosos sistemas” (Dias, P., 2000)

O PROBLEMA DA FORMAÇÃO TIC EM PORTUGAL

Apesar do grande investimento feito na Formação de Professores na área das TIC,

continua a verificar-se uma fraca utilização das tecnologias nas escolas em Portugal. (cf.

Paiva, 2002; Costa, Peralta, Viseu, 2007). Este problema está na origem do presente estudo

que tem como questões de investigação saber: (i) Em que medida o modo como a formação

em TIC está organizada e implementada, condiciona os professores na integração destas

ferramentas nas suas práticas lectivas regulares? e (ii) Como deverá organizar-se e estruturar-

se a formação contínua em TIC de forma a ser mais eficiente?

Para responder a estas duas questões torna-se necessário um levantamento e

caracterização: (a) Das estratégias de formação contínua que predominam em Portugal. (b)

Das modalidades de formação mais adoptadas, onde se incluem os regimes de e-learning, b-

learning, e presencial; (c) Dos projectos que nas escolas são facilitadores de formação.

Os objectivos principais do projecto de investigação são: (i) Identificar estratégias

predominantes na formação contínua de professores na área das TIC; (ii) Identificar

dimensões e eixos estruturantes da formação contínua de professores na área das TIC; (iii)

Apresentar propostas de formação validadas por professores e formadores quanto à sua

viabilidade, interesse e pertinência.

Antes de avançar para a actividade de recolha de dados, torna-se necessário aferir

alguns conceitos chave e rever a literatura existente sobre o tema.

Modelos pedagógicos de ensino

A evolução tecnológica possibilita a evolução e o desenvolvimento de novas

ferramentas que apoiam novas práticas pedagógicas e novos modelos pedagógicos. (Conole,

2011) Relacionado com o ensino por correspondência, surgiram teorias que foram sofrendo

evolução ao longo do tempo, a par de novos modelos pedagógicos. A base teórica do ensino a

distância surgiu da hipótese que era possível ensinar e aprender sem que houvesse um

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contacto face a face entre professor e estudante. (Holmberg, 2005) As pedagogias de ensino a

distância surgem em três épocas ordenadas segundo o seu aparecimento/utilização.

Inicialmente: Cognitivo-Behaviorismo; depois o Sócio Construtivismo e ainda o

Conectivismo. (Anderson, 2011)

O Cognitivo-Behaviorismo centra-se maioritariamente na aquisição directa do

conhecimento, nas aprendizagens com resultados capazes de serem medidos e observados, na

alteração de comportamento. Dando ênfase ao processo de ensino e sendo a aprendizagem

bastante dependente. O formando é bastante orientado e acompanhado, existe uma boa

estruturação de objectivos e avaliação de desempenho. Esta abordagem define a primeira fase

do ensino a distância mas que continua a ter utilidade especialmente em programas de treino

ou de formação em larga escala em que a aprendizagem é orientada ao conteúdo.

O Sócio-Construtivismo dá mais ênfase à comunicação e interacção para as

aprendizagens. Valoriza a componente social de aprendizagem e a influência que as

aprendizagens já adquiridas poderão ter nas novas aprendizagens. A aprendizagem é um

processo activo e o contexto em que é desenvolvido tem um papel preponderante. O professor

é visto como um guia facilitador das aprendizagens.

O Conectivismo surge como uma nova teoria de ensino. Tendo como precursores

George Siemens e Stephen Downes, esta visão assume que o conhecimento e aprendizagem

decorrem da construção e manutenção de conexões em rede.

Não se pretende que toda a informação seja memorizada, mas que cada aprendente tenha a

capacidade de seleccionar e filtrar os elementos necessários à construção do seu

conhecimento. Assume-se que o estudante para além de consumidor dos conteúdos

disponíveis seja também criador e participante na partilha e disseminação de recursos.

No conectivismo o ponto de partida do processo de aprendizagem ocorre quando o

formando “conecta” e fornece informação numa comunidade de aprendizagem. (Kop and Hill,

2008) Nomeadamente com o aparecimento e disseminação da Internet estas práticas

pedagógicas foram reforçadas, pois permite a comunicação entre os diversos agentes

educativos (Anderson, 2011). Devido à constante renovação de informação o aprendente

deverá ter a capacidade de lidar com essa mudança assumindo um papel activo na renovação e

redistribuição da informação recebida.

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Segundo Siemens (2004), deverá ainda ser capaz de estabelecer ligações em campos

que por vezes não se encontram interligados. É importante realçar que as teorias acima

descritas não foram radicalmente substituídas. A sua utilização continua a ser aceite uma vez

que cada uma serve determinado propósito e circunstância específica. Neste estudo surgem os

três modelos de ensino implicados em estratégias de aprendizagem diversificadas, já que a

formação de professores tem saído campo fértil para experiências metodológicas que ao longo

do tempo influenciaram a forma como os professores encaram e utilizam as TIC.

Formação contínua e desenvolvimento profissional

A formação contínua faz parte do desenvolvimento profissional de professores, o qual

pode ser encarado segundo diferentes dimensões que implicam orientações, objectivos e

abordagens estratégicas diversas. O modelo de desenvolvimento profissional, inicia-se quando

se frequenta um curso que nos orienta e prepara para determinada prática profissional. Essa

formação necessita de ser aprofundada ou enriquecida ao longo da vida, pelo que se instituiu a

necessidade de frequentar formação que garanta a qualidade e actualidade do desempenho

profissional. Consideram-se neste caso os cursos de formação complementar, como os

mestrados, pós graduações e doutoramentos, frequentados em instituições de ensino superior,

ou ainda a formação contínua providenciada por centros de formação e escolas agregadas aos

centros. As actividades de formação, formal e acreditada, surgem em diferentes modalidades:

cursos de formação, oficinas de formação, círculos de estudos e workshops, seminários,

conferências, etc. Não se esgotam todavia as modalidades de formação profissional, pois com

o surgir de comunidades de aprendizagem e das redes sociais por exemplo, a formação vai-se

também fazendo de modo informal.

Ilustração 1 – Modalidades de desenvolvimento profissional

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Segundo Sachs (2007), as dimensões do desenvolvimento profissional são a re-

instrumentação, a remodelação, a revitalização e a re-imaginação, sendo necessário

incorporar todas de modo a melhorar as aprendizagens dos alunos e apoiar uma formação

forte e autónoma.

Com a re-instrumentação pretende-se a actualização de competências, baseado no

conceito de transmissão de conhecimento; da responsabilidade do sistema que o promove, o

processo de aprendizagem é passivo, sendo o formando mero receptor de conhecimento; a

modalidade de formação é geralmente seminário, apresentado por especialistas externos; o

professor é visto como um técnico que pretende melhorar as suas competências de ensino;

revela um profissionalismo controlado, quem desenvolve a formação apresenta-se como

‘vendedor de produto’.

Na remodelação pretende-se mudar as práticas existentes, baseadas no conceito de

transmissão de conhecimento; é da responsabilidade de agentes de mudança do

governo/escola/distrito, o processo de aprendizagem é de consumidor acrítico; a modalidade

mais habitual é de programas elaborados por especialistas externos durante um determinado

período de tempo; o professor é visto como um artesão que precisa de actualizar

conhecimentos disciplinares ou competências pedagógicas; revela um profissionalismo

subserviente, e quem desenvolve a formação apresenta-se como Guru.

Por revitalização considera-se o repensar e renovar de práticas, baseado no conceito da

transição; sendo da responsabilidade de cada professor, o processo é de colaboração e as

modalidades podem ser círculos de aprendizagem em colaboração, redes, investigação –

acção; o professor é visto como aprendente reflexivo, com novas perspectivas de encarar a

pedagogia e a aprendizagem; revela um profissionalismo colaborativo e quem desenvolve a

formação apresenta-se como par, colega competente.

Com a re-imaginação já se pretende transformar as práticas profissionais e pessoais.

Baseado no conceito de transformação defende-se a responsabilidade de todos os professores

no envolvimento mútuo e na construção do conhecimento; as modalidades são a investigação

feita pelos professores ou a investigação-ação; o professor é visto como um profissional

autónomo que produz novo conhecimento; revela um profissionalismo activista e a quem

desenvolve a formação apresenta-se como um agente de mudança.

A conjugação destas quatro dimensões não é fácil, a tendência das práticas tradicionais

tem sido para dar mais ênfase às duas primeiras dimensões, todavia começam a surgir cada

vez mais iniciativas na dimensão da revitalização, com a implementação de círculos de

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11

aprendizagem e redes de construção de conhecimento para as quais muito têm contribuído as

novas tecnologias. A aposta na re-imaginação e transformação das práticas encontra o seu

espaço nos diversos estudos que muitos professores/investigadores se dedicam a fazer sobre a

sua actividade na escola. Temos de nos afastar das visões tradicionais e padrões de

aprendizagem, reestruturá-los e reorganizá-los em novas formas. Temos de ser flexíveis,

atentos, exploradores proactivos, inventores a tempo inteiro. (Ehlers, 2008, p. 13)

Propõe-se neste projecto que a articulação das quatro dimensões se mantenha, dando

todavia maior ênfase à revitalização, nomeadamente a nível das Oficinas de Formação e

Círculos de Estudo em Contexto de Escola; Cursos de Formação em Comunidades de Prática;

Intercâmbios e Projectos de Comunicação; Clubes e Actividades Extra Curriculares.

Considerando que a formação contínua, resultará quando se descobre vantagem no que

se aprende e o indivíduo se sente competente para o aplicar em contexto, com os seus alunos.

(Salomon, 2002) A formação de professores funcionará melhor aliada a uma comunidade de

prática, melhor ainda quando aplicada directamente nos próprios alunos; a formação fortalece-

se também na comunicação, na colaboração e partilha entre formandos, das descobertas e

experiências que vão fazendo, tornando a aprendizagem mais significativa. (Bransford,

Brown, & Cocking, 1999)

Factor decisivo na implementação do uso das TIC, em contexto curricular e

profissional, a formação de professores tem sido realizada em diversos modelos e contextos,

(Costa & Peralta, 2001; Paiva, 2002; Viseu, 2003). Todavia, a ineficácia da formação

existente e a necessidade da sua remodelação encontra-se documentada em alguns estudos (cf.

Costa Peralta, Viseu, 2007; Costa, 2007; Flores, Simão, 2009; Ferreira, 2009; entre outros).

Urge levar os professores a reflectir sobre o que os limita, a tomar consciência das suas

competências, ultrapassar inseguranças e ganhar confiança neste novo papel de “professor que

aprende sempre”. (Papert, 2000, p.61)

Uma forma de lidar com a diversidade de necessidades de formação passará pela

implementação de formação que inclua diferentes estádios de participação ou

desenvolvimento. Um curso de formação e certificação deverá ser uma oportunidade para os

professores reflectirem sobre as suas práticas; Deve promover um ambiente de aprendizagem

centrado na comunidade e envolver a aprendizagem colaborativa através do desenvolvimento

de comunidades de prática (Smith, 2003, 2009).

Por seu lado o desenvolvimento profissional bem sucedido, segundo Grant (1996)

depende de: conceber as tecnologias como uma ferramenta de autonomia; estimular a prática

reflexiva fundamentada nos contextos de ensino; reconhecer a existência de uma relação entre

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as actividades e as convicções; exemplificar e exercitar a aprendizagem pela descoberta;

valorizar e cultivar uma cultura de colaboração; facilitar oportunidades de aprendizagem

formal e não formal; criar oportunidades para novos papéis de liderança; permitir aos

professores a gestão da sua formação.

Para que os professores alcancem um conhecimento mais profundo das suas áreas de

interesse e para suprir a diversidade de necessidades de formação devem implementar-se

acções que incluam diferentes níveis de participação e desenvolvimento (Paulsen, 2010).

No âmbito do Ano Europeu da Criatividade e Inovação, foi dado grande ênfase à

perspectiva das empresas que se envolvem na formação, seus recursos, disponibilidade e

apetência para este ramo de negócio. Ficou reforçada a convicção de que se deve contribuir

para o desenvolvimento de competências das empresas e das pessoas, dentro e fora do sistema

de ensino. Pretende-se alcançar níveis de liderança mundial, ancorados no reconhecimento da

existência de instrumentos e de saberes que podem conduzir, por um lado, à Aprendizagem

Informal e por outro, ao Empreendedorismo, à Inovação e à Criatividade. (Carneiro, 2009)

Será necessário contribuir para o reconhecimento do potencial das tecnologias na

aprendizagem; promover novos processos de aprendizagem, com uma nova cultura de

aprendizagem; pressupondo uma metodologia organizacional diferente; com investimento na

formação dos formadores e dos educadores, a nível de novas competências. Para atingir estes

objectivos será necessário tempo, um ambiente favorável, a divulgação das boas práticas e da

investigação em curso, procurando inovação e mudança, assim como, acima de tudo, será

preciso influenciar as políticas públicas, na área da educação e da formação, de modo a serem

mais permeáveis à aceitação de novas ideias.

Apontando as competências fundamentais para a sociedade do conhecimento Ehlers

(2008) afirma a necessidade de existir motivação para a aprendizagem, seja qual for o

contexto ou as competências pedagógicas existentes; deverá existir capacidade para a

aprendizagem informal em todos os estádios da vida e em todos os contextos; deverá também

basear-se a aprendizagem na actualização dos processos de desempenho; deverá adquirir-se

competências de e-learning dado o seu grande impacto actualmente; deverá considerar-se a

importância crescente das comunidades de aprendizagem como espaços de construção de

conhecimento. (Ehlers, 2008, p.15)

Formação contínua em TIC

Motivada por políticas educativas internacionais, a formação de professores surge

apoiada na Lei de Bases do Sistema Educativo, no Estatuto da Carreira Docente e no

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13

Ordenamento Jurídico para a Formação de Professores. Entende-se que a formação abrange

qualquer actividade do professor dentro da escola e no contexto da comunidade educativa. Os

Centros de Formação assumem a responsabilidade de dar resposta às necessidades de

formação dos professores. As modalidades previstas são: estágio; projecto; seminário; círculo

de estudos; mais adequados à formação em contexto de serviço, assumindo-se que a formação

se deverá centrar nas práticas profissionais dos professores. “ (...) a formação contínua se foi

afirmando, teoricamente, como um dispositivo transformador de contextos escolares,

motivador entre docentes, e promotor de uma visão holística das suas funções.” (Estrela,

2007,p.311)

Diversos estudos, realizados na área das ciências da educação em Portugal, (cf. Costa,

F. 2001, Paiva, J. 2002, Brito, Duarte e Baía 2004) chegaram à conclusão que se deverá

privilegiar metodologias activas em que o professor reflicta sobre as suas práticas e a sua

ligação à escola; valorizando as estratégias formativas centradas no trabalho colaborativo; a

formação deverá ser centrada nos contextos escolares, envolvendo construção de materiais e

acesso à investigação, como forma de desenvolver espírito crítico. Quanto às dinâmicas dos

centros de formação sugere-se a construção de planos de formação em colaboração com os

formandos, em real articulação com os projectos educativos. Todavia, existindo fraca

autonomia dos centros e escassez de formadores, propõe-se a reformulação do modelo e a

articulação com outras entidades como, por exemplo, autarquias e instituições de ensino

superior. A área das TIC surge como uma das que mais necessita de formação contínua.

(Estrela, 2007, p.315)

Segundo Brito, Duarte e Baía (2004) a Formação em TIC pode ser assumida a dois

níveis, um de cariz mais tecnológico outro de cariz mais pedagógico. Assim, temos o nível: “

da alfabetização informática”, em que os professores contactam basicamente com as

ferramentas do Office e com outros produtos de concepção de software multimédia; e o nível

“da integração curricular” que parte dos problemas emergentes do quotidiano profissional e

procura contextualizar o uso de ferramentas, para as diferentes áreas do saber, nas novas áreas

curriculares ou noutros espaços pedagógicos da escola, como os laboratórios, os clubes, as

salas de estudo ou os centros de recursos.

O Plano Tecnológico da Educação (PTE), aprovado pela Resolução de Conselho de

Ministros n.º 137/2007, de 18 de Setembro, aponta como objectivo estratégico colocar

Portugal entre os cinco países europeus mais avançados na modernização tecnológica do

ensino em 2010. Visa contribuir para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem e

para o reforço das qualificações das novas gerações. O PTE inspira-se na Estratégia de Lisboa

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e tem três eixos de actuação temáticos (Tecnologia, Conteúdos, Formação) e um quarto eixo

transversal (Investimento e Financiamento), cada um dos quais com um conjunto de

objectivos e de projectos associados e relacionados entre si.

O apetrechamento das escolas com novos equipamentos apresenta-se como um desafio

à formação urgente dos professores, para uma prática pedagógica continuada, segundo os

novos modelos de aprendizagem e construção do conhecimento. (Costa, 2008, 2009) A

integração curricular das TIC pressupõe o envolvimento de diversos parceiros, para além dos

professores e dos formadores, a envolver mais directamente neste estudo, nomeadamente

pressupõe-se a colaboração de parceiros implicados no eixo do Conteúdo e no eixo da

Tecnologia. No entanto, dos conselhos executivos/ directores das escolas, aos desenhadores

dos currículos e da gestão curricular, passando pelos coordenadores dos centros de formação e

gestores dos recursos de cada escola, muitos são os intervenientes que condicionam o acesso e

realização das actividades de formação por parte dos professores, já para não aprofundar a

questão da falta de recursos resultado da ineficácia do eixo transversal do investimento/

financiamento.

Estratégias de formação contínua

Neste estudo entende-se estratégia enquanto “…concepção global de uma acção,

organizada com vista à sua eficácia (…): o elemento definidor da estratégia de ensino é o seu

grau de concepção intencional e orientadora de um conjunto organizado de acções para a

melhor consecução de uma determinada aprendizagem.” (Roldão, 2009, p.57)

As estratégias de implementação analisadas neste projecto terão o b-learning como

modalidade tecnológica de suporte à formação, aliando uma plataforma, com sessões

presenciais, um grupo/comunidade que se encontre diariamente no mesmo espaço/escola, que

possa partilhar saberes e competências no espaço virtual e presencial, aplicando com os

próprios alunos em contexto curricular. Cada um na sua área curricular e de interesse, cada um

no seu nível de ensino, em trabalho colaborativo.

“O e-learning e o b-learning são hoje portentosas ferramentas para potenciar o valor

das pessoas e para acelerar a aprendizagem e a inovação no seio das organizações. Os novos

conhecimentos e as novas aprendizagens, intensamente propiciados pelas novas tecnologias

comunicacionais, apresentam-se como o fio condutor que permite encontrar uma saída para a

vertigem da mudança que se abate sobre nós.” (Carneiro, 2006, p.4) A utilização de uma

plataforma tem a vantagem de permitir a comunicação síncrona e assíncrona, o repositório de

recursos de diferentes temáticas curriculares, favorece a construção colaborativa de

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conhecimento em grupo, subgrupo ou parceria. (Jonassen, 2007) Possibilita também o apoio

online (fórum ou chat) sempre que for necessário um esclarecimento ou o trabalho

colaborativo a distância. Alia-se o formal e o informal na formação dos professores (Miranda,

2009).

Ilustração 2 – Intervenientes na formação contínua

Intervenientes na Formação

Comunidades de aprendizagem

Pela integração numa comunidade, as potencialidades de cada indivíduo tendem a ser

desenvolvidas e a contribuir, com a sua diversidade, para o crescimento da própria

comunidade. "Intellectual diversity of useful kinds develops through people working to solve

problems, finding and honing talents and habits that work particularly well for them. Although

the solitary genius may not be altogether a myth, people’s distinctive intelligences are almost

always developed interactively. It is a matter of finding one’s niche in an intellectual

ecosystem and evolving rapidly in accordance with the potentialities of that niche." (Bereiter

C., 2002:31) Enquanto elemento de uma comunidade de aprendizagem, a construção do

conhecimento surge como aspecto relevante a ter em conta, na visão construtivista da

aprendizagem. "Observe what happens in a group working on a problem. One person

introduces a distinction that changes how others see their task; one puts everything into a

useful chart; another brings in an illuminating analogy; one draws people back to an idea that

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had been passed over. In each case the contribution might have been made by someone else

but it is no accident that it comes from whom it does.(...) Put together a lot of these subtlely

different minds and you have a capacity for creativity and problem solving that cloning of the

best single mind could not achieve." (Bereiter C., 2002:29)

Aprender deixa de ser apenas um processo individual de aquisição de conhecimentos

tornando-se um processo de participação e de crescimento numa comunidade social. “...cada

vez há-de ser mais difícil negar que há estrelas, planetas e cometas, e que todos eles, estrelas,

planetas e cometas, são indispensáveis ao funcionamento harmonioso do Universo e, claro, da

escola onde trabalhamos e da família onde vivemos.” (Lourenço, 1996: 204)

Ao incentivar a aprendizagem colaborativa, o professor permite desenvolver

competências sociais e linguísticas. Ao trabalhar com outros colegas é levado a expressar a

sua opinião e os seus saberes, levando também ao desenvolvimento de competências de

organização do pensamento para conseguir a sua verbalização. A autonomia não se perde,

antes se vê aferida pelo feedback que o trabalho colaborativo permite. O espírito de

investigação é reforçado assim como o espírito crítico, levando à auto regulação. Rejeitando a

ideia do aluno/formando como um recipiente que se enche de conhecimentos, temos de

perspectivar a acção da comunidade educativa e em particular do professor/formador de modo

a criar situações favoráveis à construção do conhecimento individual e da comunidade.

Segundo Vygotsky, o conhecimento é construído socialmente e mediado pelo contexto

sócio – cultural e histórico do individuo, existindo uma relação entre o desenvolvimento

psicológico e o desenvolvimento histórico-cultural. O desenvolvimento cognitivo surge como

consequência, por um lado, da interrelação entre o pensamento, a linguagem e a cultura, e, por

outro lado, do papel do formador na “construção/ estruturação” da compreensão do

aluno/formando.

O professor/formador tem um papel fundamental na interacção que gera a relação de

ensino/aprendizagem. O professor/formador deve usar as potencialidades do meio social em

que o aluno/formando vive, os seus interesses, as suas vivências e os seus conhecimentos, para

dirigir e regular as actividades. Vygotsky afirma que “A maturação das funções mentais

superiores da criança ocorre nesse processo de cooperativo, ou seja, pela assistência e pela

participação do adulto. (...) Num problema que envolve conceitos científicos, ela deve ser

capaz de fazer em colaboração com o professor/formador algo que nunca fez espontaneamente

(...) sabemos que em colaboração a criança pode fazer mais do que independentemente.”

(Daniels, 2003:76) Vygotsky salienta a importância da zona de desenvolvimento próximo

(ZDP), que se traduz na distância entre o desenvolvimento real e o potencial, ou seja, na

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distância entre o que o aluno é capaz de fazer por si e aquilo que é capaz de fazer em

interacção com os outros. A aprendizagem só será significativa se for para além do

desenvolvimento real do indivíduo, visando a sua ZDP.

Vygotsky dedicou-se ao estudo do desenvolvimento dos processos mentais complexos

que ocorrem no indivíduo (plano intrapsicologico), cuja origem provém da interacção social

(plano interpsicologico). De acordo com esta ideia, a compreensão do desenvolvimento e

funcionamento dos processos mentais mais elevados no plano intrapsicologico, depende do

plano interpsicologico. Ou seja, para Vygotsky, a relação com o social precede as relações

internas.

Para que o raciocínio atinja os níveis mais elevados, Vygotsky considera necessária a

presença num contexto estimulante, com propostas de tarefas exigentes, proporcionando

novos objectivos, considera que é a presença de um problema, complementada com a

realização de tarefas, que desencadeia o processo de formação de conceitos, processo criativo,

em que o conceito surge e se estabelece no decurso de operações complexas, voltadas para a

resolução de um problema. Daniels (2003) refere o paradoxo da aprendizagem citando a

seguinte afirmação de Vygotsky “Assim como você não pode aprender a nadar parado na

praia (...) para aprender a nadar, você deve, forçosamente, mergulhar na água, mesmo que

ainda não saiba nadar, de modo que a única maneira de aprender alguma coisa, de adquirir

conhecimentos, é fazendo algo, em outras palavras, adquirindo conhecimento.” (Daniels,

2003: 51) A intencionalidade é a chave da auto-regulação. Estes precisam de aceitar e

interiorizar a intenção de aprender e de realizar algo.

Urge ajudar, em primeiro lugar, a articular o que são esses objectivos e essas intenções

e posteriormente levar a reflectir de que forma esses objectivos foram ou não atingidos. Esta é

a essência da auto-regulação, envolver na reflexão sobre aquilo que se sabe.

De acordo com Simons (1993), deve-se aprender a: ser auto – disciplinado – orientar-

se relativamente a objectivos e actividades de aprendizagem; - planificar actividades que

respondam a esses objectivos; - seleccionar objectivos segundo as suas capacidades pessoais,

conhecimentos prévios e interesses; - ser capazes de auto – motivação; - conseguir avaliar o

conhecimento relevante e aplicar à nova situação; - ter iniciativa; - assumir sucessos ou

insucessos.

Para sobreviver na Sociedade da Informação, devem ser desenvolvidas competências

essenciais, relacionadas com a aprendizagem estratégica e autónoma, aprendizagem

colaborativa, aprendizagem de recursos comunicativos multimédia e multimodais,

aprendizagem emocional, aprendizagem crítica e do significado da sua própria vida.

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As competências sócio cognitivas são necessárias para enfrentar os desafios da

Sociedade da Informação. (Monereo, 2004) Ao trabalhar com outros colegas cada um é levado

a expressar a sua opinião e os seus saberes, levando também ao desenvolvimento de

competências de organização do pensamento para conseguir a sua verbalização. A autonomia

não se perde, antes se vê aferida pelo feedback que o trabalho colaborativo permite. O espírito

de investigação é reforçado assim como o espírito crítico, levando a uma auto regulação.

“Educar para o desenvolvimento (...) ou seja, educá-las no sentido de lhes propiciar condições

materiais, psicológicas e sociais que as ajudem a ir além do egocentrismo intelectual, afectivo

e moral (...) e chegar a níveis de descentração (...) de forma a que venham a ser adultos

perspectivistas (...) capazes de compreender de um ponto de vista teórico, e assumir, de um

ponto de vista prático, que há perspectivas e ideias diferentes das nossas que merecem ser

atendidas (descentração intelectual), que nem todas as pessoas partilham os nossos desejos e

afectos (descentração afectiva), e que há outros que têm direitos que são tão legítimos quanto

os nossos (descentração moral).” (Lourenço, 1996:189)

A comunidade de aprendizagem surge como suporte presencial, com a particularidade

de a comunidade/ agrupamento poder, em alguns casos, estar presente todos os dias, no

mesmo espaço da escola. O contacto informal entre todos, permite momentos de trabalho

colaborativo no horário lectivo e no tempo livre em comum, facilitando também o apoio

presencial, visualizar em comum alguma dificuldade em concreto, tempo e espaço para os

afectos, esclarecer problemas de comunicação, recuperar/rever sessões “perdidas”, rentabilizar

as aprendizagens. Permite ainda aplicar as actividades da formação, no contexto lectivo,

nomeadamente, realizar em parceria com os próprios alunos as actividades de turma, tanto as

de ensino, como as de avaliação, por exemplo. Acredita-se na comunidade que constrói

conhecimento e desenvolve competências; funcionando as TIC como veículo/suporte/média,

mais ou menos transparente, que permite, facilita ou impulsiona o sucesso da aprendizagem

significativa.

Conclusão

Neste primeiro capítulo ficou delineada a fundamentação teórica que norteia esta

investigação. Podemos considerar a formação de professores em TIC como uma necessidade

premente, face ao evoluir da tecnologia e dos meios de comunicação. A escola precisa

acompanhar o contexto social em que se insere e as práticas pedagógicas têm de se adaptar ao

ritmo da realidade extra-escolar. Assim, justifica-se uma adopção de novos modelos

pedagógicos tanto na relação ensino/aprendizagem como na própria formação dos docentes. O

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papel do professor e do aluno na escola do século vinte e um difere em muito da prática

tradicional e aponta caminhos para uma cada vez maior autonomia do aluno na construção do

seu saber, além de se propor a colaboração entre pares na construção do saber colectivo,

através do uso das novas tecnologias da comunicação e da informação.

CAPÍTULO II – OS PROJECTOS E O TRABALHO DE PROJECTO

Neste segundo capítulo pretende-se esclarecer conceitos e constructos fundamentais ao

estudo, especificando em particular o tema: Projectos. O capítulo encontra-se estruturado em

três partes, apresentando primeiro o conceito de metodologia de trabalho de projecto,

seguidamente apresenta-se uma proposta de tipologia de projectos, finalmente aborda-se o

constructo comunidade de aprendizagem.

METODOLOGIA DE TRABALHO DE PROJECTO

A metodologia de trabalho de projeto é um método teorizado por W. Kilpatrick, em

1918. Requer a participação de cada membro de um grupo, segundo as suas capacidades, com

o objectivo de realizar um trabalho conjunto, decidido, planificado e organizado em comum

acordo. Dewey escreve: “(…) não há, na pedagogia tradicional, defeito mais grave que tornar

o aluno incapaz de cooperar activamente na construção dos projectos intelectuais que os seus

estudos implicam”. As etapas do Trabalho de Projecto pressupõem planeamento, execução e

avaliação. Ao longo das diversas etapas é essencial haver colaboração entre alunos,

professores e outros intervenientes, para que o conhecimento possa ser partilhado e distribuído

entre os membros da comunidade de aprendizagem.

Normalmente, são consideradas as seguintes etapas: identificação do problema; identificação e

formulação de problemas parcelares; planeamento do trabalho de grupo; trabalho de campo;

tratamento de dados; preparação do produto; apresentação e divulgação dos trabalhos;

avaliação global.

1- Identificação da Área do Problema

O problema deverá ser relevante e significativo para cada um dos participantes, e deve

ser tratado em ligação com o contexto em que se insere e com as experiências dos alunos. A

escolha do problema é (ou deve ser) da responsabilidade do grupo de alunos. Qualquer que

seja a temática escolhida dever-se-á ter em conta algumas características do problema:

• Autêntico, real

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20

• Relevante e significativo para cada um dos participantes

• Ter uma ligação ao meio social dos participantes

• Passível de ser investigado

• Admitir vários caminhos de resolução

• Reflectir vários ramos do saber

• Susceptível de ser formulado através de um conjunto de questões

2- Identificação e formulação de problemas parcelares

Os problemas parcelares, resultantes da divisão do problema em várias partes, são

definidos sob a forma de questões que deverão possibilitar que os alunos desenvolvam as suas

próprias abordagens à investigação, não permitindo, de forma alguma, que os resultados

estejam predeterminados. Estas questões devem ser formuladas de modo a apontar para a

resolução do problema. Assim devem começar por Como, O quê O que é que.

3- Planeamento do trabalho de grupo

Identificado o problema parcelar, o grupo deverá elaborar um plano de acção onde

deve constar: Definição de objectivos gerais; Identificação dos meios de resolução do

problema (recursos) e das restrições/barreiras existentes; Definição das actividades e dos

processos de trabalho; Divisão de tarefas; Preparar o trabalho de campo (elaboração dos

instrumentos de pesquisa, marcação de encontros com outros intervenientes,...) Gestão do

tempo – estabelecimento de uma calendarização para as diferentes actividades. A construção

de um cronograma, um organigrama e a elaboração de instrumentos de pesquisa com o

processador de texto ou o pesquisar de recursos na Internet, são exemplos da utilização das

TIC. Por outro lado, discutir e confrontar ideias com os outros, pode também ser feito através

da comunicação síncrona ou assíncrona, quer se utilize o correio electrónico quer um fórum de

discussão, permitindo interagir numa comunidade mais alargada para partilhar informação,

dados, recursos e ideias.

4- Trabalho de campo

É nesta fase que se irão recolher os dados necessários à resolução do problema

através da pesquisa bibliográfica, da observação directa (de locais, de comportamentos de

pessoas,...), da realização de entrevistas, aplicação de questionários, consulta de bases de

dados, registos áudio, vídeo, gráficos e fotográficos. O correio electrónico pode ser utilizado

para consultar peritos, enviar/receber questionários,... Os fóruns de discussão ou os chats

podem servir para discutir questões, ouvir opiniões, trocar ideias. A pesquisa bibliográfica

pode também ser feita na Internet quer através de recursos www quer através da consulta de

bases de dados ou ainda de publicações (revistas e jornais) electrónicas. Pode até acontecer

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21

que o trabalho de campo sugira outro problema mais significativo, o que ocasionará uma

redefinição do problema parcelar. Há que ter em conta que o trabalho de projecto é uma

abordagem flexível e permite um reajustamento permanente às necessidades emergentes do

processo.

5- Tratamento de dados

Estuda-se o material resultante da pesquisa, confrontam-se dados, analisa-se e

organiza-se a informação, identificam-se problemas, elaboram-se sugestões e propostas de

intervenção. O processador de texto continua a ser uma ferramenta fundamental para registar

os dados recolhidos, conclusões e/ou propostas de intervenção. O tratamento dos dados de

questionários pode ser feita através de ferramentas informáticas como uma folha de cálculo. A

representação gráfica dos resultados ajudará a uma interpretação dos dados e, posteriormente,

à sua apresentação.

6- Preparação do produto

É nesta fase que se preparam os produtos e a forma de divulgação. Os produtos

resultantes de um projecto poderão assumir formas muito variadas – jornais, brochuras,

boletins informativos, relatórios, vídeos, cd-roms, páginas Web, diaporamas, maquetes, etc.

Mas poderão também apelar apenas a uma mudança de atitudes, ou mesmo de hábitos, à

consciencialização para determinado problema.

7- Apresentação e divulgação dos trabalhos

Na divulgação dos resultados os alunos darão a conhecer aos seus pares, à comunidade

educativa e/ou à comunidade em geral, o resultado do seu trabalho, dando significado à

produção realizada. A forma pela qual o fazem pode ser muito diversificada: relatórios,

cartazes, boletins informativos, vídeos, diaporamas, jornais, brochuras, exposição oral,

dramatização, painéis, etc.

8- Avaliação global

No processo de avaliação interessa mais o processo subjacente ao desenvolvimento do

projecto do que propriamente o produto conseguido e nela deverão estar envolvidos todos os

intervenientes no processo. Cabe aqui realçar o papel que a auto-avaliação do projecto pode

desempenhar e que ajudará a reflectir sobre o seu próprio processo de aprendizagem e a

constatar os progressos realizados. De acordo com Castro & Ricardo (1994), após a

apreciação feita por cada um dos grupos, o professor deverá fazer uma síntese, salientando o

papel de todos os grupos e analisando:

• Os métodos de trabalho, dificuldades e o modo como foram ultrapassados;

• A evolução dos grupos, os momentos de tensão ou conflito, o aproveitamento dos recursos;

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• A relação e a articulação entre os sub problemas;

Desta etapa poderão surgir recomendações para estudos futuros. A avaliação dos

alunos pode ser feita através da observação das atitudes, do seu grau de participação e de

interacção com os outros parceiros.

TIPOLOGIA DE PROJECTOS

Entendemos “Tipologia” como um conjunto de categorias construídas pelo

investigador, no sentido de melhor enquadrar a lógica de uma determinada realidade, na

diversidade de características e de situações que a definem.

Os projectos podem ser classificados segundo diferentes critérios. Se considerarmos a

metodologia aplicada, a estrutura organizacional, as actividades desenvolvidas, a integração

do uso das TIC ou a formação de professores promovida.

Considerando a estrutura organizacional

Projecto educativo de escola; projecto curricular de turma; projecto disciplinar;

projectos de grupo; projecto interdisciplinar; projecto extra curricular; projecto de parceria;

projecto de intercâmbio.

Enquanto o primeiro tipo de projecto contem as regras, objectivos e missão de

determinada escola, um projecto curricular de turma organiza os conteúdos, estratégias e

objectivos que os professores e alunos consideram viável para aquele grupo de alunos/ turma.

Por seu lado o projecto disciplinar ou interdisciplinar, tem em conta uma ou várias disciplinas

que perante determinado tema/ problema utilizam a metodologia de projecto para trabalhar.

Por fim os projectos de parceria ou de intercâmbio têm como objectivo e actividades

principais a comunicação entre alunos de diferentes turmas/ escolas/ países.

Considerando a tipologia de actividades

a) Projectos de Investigação: Ciência Viva; Robótica Educativa; 100 escolas TIC;

b) Projectos de Comunicação: Comenius; E-Twinning; Jornal escolar/ turma; Blogs

educativos; c) Projectos de Intervenção: Prevenção rodoviária; Educação sexual; Alimentação

saudável; Reciclagem e educação ambiental; Diversidade cultural.

Os projectos de intervenção têm como principal objectivo encontrar solução e agir

perante determinado problema ou situação, enquanto os projectos de investigação têm como

principal objectivo encontrar resposta para um problema, por seu lado os projectos de

comunicação visam estabelecer contacto com pessoas de outro lugar. As competências

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desenvolvidas são diferentes mas todos implicam pesquisa, formulação de hipóteses,

resolução de problemas, apresentação de dados, trabalho colaborativo, etc.

Considerando as TIC utilizadas

a) Projecto que permite aprender sobre as TIC;

b) Projecto que permite aprender com as TIC;

c) Projecto que permite aprender através das TIC;

A aprendizagem da tecnologia, como funciona e como se utiliza, é a primeira e

habitual forma de encarar as TIC, mas Salomon (1995) apresenta a distinção entre os efeitos

com e os efeitos da tecnologia em situação de aprendizagem. Os efeitos com são as mudanças

que resultam da parceria intelectual que se pode obter com a tecnologia, a aprendizagem de

“baixo-nível” (treino e repetição, levando a respostas automáticas). Por outro lado, se a

tecnologia permitir resolver o problema naquele momento e outros semelhantes, noutro dia,

noutras circunstâncias, então teve a parceria da tecnologia que permitiu adquirir competência,

propiciar aprendizagem de “alto-nível” (pensamento intenso, dependente da situação,

processamento cognitivo activo e consciente). A aprendizagem de “alto-nível”, defende

Salomon (1995), depende do estado cognitivamente activo e consciente e da tecnologia que

utilizar. A função principal da ferramenta cognitiva é permitir clarificar e negociar o

significado. Isto requer a representação dos processos cognitivos em modelos externos para

análise e reflexão e pode ajudar a melhorar os referidos processos cognitivos. A negociação do

significado envolve ainda troca de opinião e interpretação sob a forma de actos

comunicativos. (Orhum, 1995)

Podemos encontrar ferramentas cognitivas, de comunicação e pesquisa de diferentes

tipos, com funções e características muito díspares. 1 - A aprendizagem através das TIC com

exercícios organizados para testar a aquisição de determinados conhecimentos. (Por exemplo

os exercícios denominados de Drill and Practice). A aprendizagem com as TIC, com uso de

materiais que permitem a decisão sobre o que o aluno/formando quer fazer, a que ritmo,

reflectindo sobre o que pretende, organizando e produzindo novos materiais. Nesta segunda

perspectiva o aluno passa a ser um elemento activo na aprendizagem, centro da acção

educativa ao decidir: o conteúdo a trabalhar; o caminho a seguir; o ritmo de trabalho; a ajuda

necessária; o grau de aprofundamento; a sequência para aprender.

A motivação para a aprendizagem surge pelo interesse em aprender fazendo, pelo

incentivo à criatividade e ao contacto com ideias poderosas. "The idea of learning by doing

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24

something in which the learner is really interested existed long before computers. But in those

days it was far harder to find things to do that would both capture the imagination of young

people and also bring them into contact with fundamental powerful ideas." (Papert S. &

outros, 2000:67)

Considerando o modelo de formação

A formação continua a ser implementada na maioria dos casos em modelo presencial,

apesar de ter surgido com as novas tecnologias a possibilidade de implementar formação a

distância, nomeadamente em e-learning e em b-learning que substituem já, em muitos casos, a

formação por correspondência.

Ilustração 3 – Modelos de formação

PROJECTOS NO INGLÊS

Aprender Inglês, como segunda língua, é a meta dos dois projectos que passo a

apresentar, como exemplo. Já que, a origem e motivação para este estudo passa pela minha

experiência pessoal como professora de língua Inglesa.

Parte-se do princípio que aprender uma língua estrangeira tem como principal

objectivo a comunicação. Na disciplina de Inglês os alunos necessitam de desenvolver

competências de compreensão e expressão oral e escrita, pelo que se torna pertinente a

realização de actividades envolvendo tecnologias tais como: comunicar por E-Mail, Blogs,

Fóruns; etc. pois estas implicam compreender e produzir textos escritos; comunicar por voz,

usando por exemplo vídeo – conferência implicando produzir e compreender a linguagem

oral.

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Assumindo que interagir motiva a aprendizagem efectiva e competente, os alunos são

levados a experienciar, em situação concreta de comunicação, a necessidade e a importância

do domínio efectivo da língua estrangeira. Aplicar os conhecimentos adquiridos, para

comunicar em contexto e com real necessidade, levando à consciência da pertinência da

aprendizagem. Outra fonte de motivação é a possibilidade de descobrir o que têm em comum

e o que diferencia os países, escolas, turmas, professores e alunos. Todavia, não são apenas os

alunos que aprendem nestas actividades, fruto da necessidade e da interacção com outros

professores e com os próprios alunos é em contexto que os professores aprendem e

desenvolvem competências pedagógicas, didácticas, técnicas e humanas.

O relato destas duas experiências apresenta parte da “formação informal” que em

contexto de escola, foi possível vivenciar, primeiro apenas durante um ano lectivo e depois

durante 3 anos. Esta “formação” passa sem créditos, nem estatutos assumidos de formandos

ou formadores, sem hora marcada nem espaço definido. Acontece quando é necessária, no

momento oportuno, soluciona o problema quando surge e esclarece a dúvida a quem tem,

quando tem.

Projectos de comunicação/ intercâmbio

Já há muito que existem projectos de comunicação, com os objectivos anteriormente

mencionados. Por exemplo as actividades designadas por correspondentes, pen- friends, que

decorriam via correio normal, o designado snail mail. Alguns professores, além da tradicional

carta com texto e fotos, enviavam cassetes gravadas com som e com vídeo. A comunicação

síncrona só era possível pelo contacto telefónico, dispendioso e que permitia apenas o

contacto individual. A participação implicava uma inscrição inicial da turma e de cada

indivíduo num folheto que se enviava por correio para uma organização internacional que

atribuía os correspondentes de acordo com as opções de cada aluno. Os correspondentes

seriam de origens muito diversas e dificilmente do mesmo país, quanto mais cidade ou turma.

Este tipo de projectos ainda hoje se mantém e existem Sites na Internet que tornam o

processo muito mais rápido e eficaz. Mas a comunicação entre alunos revela-se pouco

participada e muitas vezes perde o cariz pedagógico, além de ser difícil o acompanhamento

que o professor pode fazer à actividade. A partilha, com outros colegas da mesma turma,

também se torna fugaz e perde-se muito do impacto e da aprendizagem que a comunicação

pode trazer para toda a turma. A possibilidade de desenvolver este projecto usando a Internet e

as novas tecnologias, permite uma maior velocidade na comunicação e abre vertentes tanto de

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sincronia como de partilha na turma que anteriormente não se podiam viabilizar tão

facilmente.

Surgiram com os projectos Comenius e E-Twinning, um outro tipo de actividades que

permitem envolver turmas através da Internet, utilizando a comunicação síncrona e

assíncrona, numa nova ideia de partilha em comunidade.

A inovação é motriz de novas visões e a sala de aula ganha novos recursos, sai dos

limites do espaço físico para alcançar o ilimitado ciberespaço. Cabe aos professores preparar

as turmas e planear as actividades de contextualização que permitiram implementar os

projectos, mas também é necessário que os professores tenham inicialmente algumas das

competências necessárias para se aventurarem nesta ideia. Existe também a necessidade de

uma preparação prévia à construção e implementação das actividades e a consciência de que

não basta dominar as ferramentas e ter uma ideia. Sabendo que subjacente a um trabalho deste

tipo estará sempre uma teoria e um plano de acção, uma definição de objectivos e o desenhar

de um percurso para atingir a meta. O professor terá de considerar os comentários e sugestões

dos alunos, orientando-os sobre tópicos do seu interesse; ajudar a obter conhecimento pessoal

acerca das suas habilidades, interesses e estilos de aprendizagem; ressaltar os pontos fortes e

encorajar a registar as suas próprias ideias; ajudar a lidar com o erro e aumentar a disposição

para testar ideias novas e diferentes.

Mas, as alterações não se podem restringir à sala de aula, a escola tem de mudar no

seu todo, não apenas nos espaços e recursos, nas interacções e práticas lectivas. A concepção

destes projectos de comunidade de aprendizagem implica a iniciativa, colaboração/ interacção

dos professores. Assumindo funções de coordenação e de construção partilhada e progressiva.

Torna-se necessário descobrir os sites dos projectos; seleccionar os parceiros que

correspondem às expectativas; estabelecer os primeiros contactos por e-mail; aferir interesses

e expectativas; aferir competências de alunos e de professores; aferir equipamentos e

disponibilidades; criar laços de empatia e confirmar a veracidade dos factos mencionados

(confirmar as Escolas, e-Mails, turmas e outros dados pessoais e profissionais); Num projecto

internacional por exemplo é ao longo de várias conversas online que se definem metas,

objectivos e se delineiam planos para as actividades. Tem de ficar bem estabelecido, de início,

que os projectos se vão construir ao longo do tempo e por vontade dos intervenientes. A

aprendizagem constrói-se na colaboração e partilha baseada na confiança, daí a importância da

escolha do parceiro.

Antes de iniciar as actividades com os alunos, são necessários os recursos básicos

para os projectos. Criar as estruturas de um site público e de um espaço de acesso restrito,

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dada a necessidade de manter em sigilo as informações pessoais relativas a cada aluno. A

questão da publicação de fotos e informações de alunos na Internet está sujeita a legislação

muito específica, mesmo a nível internacional, o que obriga a uma série de cuidados prévios.

A divulgação dos projectos a nível dos conselhos de turma pressupõe a proposta nos projectos

curriculares de turma, aprovação pelo conselho pedagógico, pertinência e adequabilidade ao

projecto da escola. Depois de constar do plano de actividades. Divulgação aos encarregados

de educação pelos directores de turma através de um folheto com os objectivos, o Site dos

projectos, o pedido de permissão para publicar trabalhos, registos de voz, vídeo e fotos dos

alunos.

O Projecto E-twinning

O “The image of the other – Portugal – Norway” foi uma parceria que surgiu no

contexto do site internacional de E-Twinnig e foi registado nesse espaço como mais um

projecto internacional. De Janeiro a Junho de 2004 cada um dos 54 alunos portugueses teve

um correspondente, E – Friend, com o qual comunicou de diversas formas, mas que partilhava

com os colegas da sua turma, pois todos tinham a possibilidade de conhecer e comunicar com

esse novo colega no grupo do Yahoo.

As actividades desenvolvidas abarcavam, três temas fundamentais: quem somos; a

forma como se vê a nossa escola e a nossa turma; os tempos livres e as actividades que

realizamos dentro e fora da escola, o que agrada ao grupo tanto a nível de música, poesia e

desporto. A informação encontrava-se repartida por dois espaços virtuais: a homepage do

projecto com acesso livre ao público em geral, que permitia a divulgação do projecto e a

partilha de informação não confidencial. O espaço de acesso reservado (Yahoo) possibilita a

divulgação de informação mais pessoal e a garantia de que apenas as pessoas envolvidas no

projecto acedem a esta informação. Esta garantia é importante para os alunos, que assim não

vêem os seus erros devassados pelos colegas de outras turmas, bem como para os

Encarregados de Educação que têm garantias de uma protecção da imagem e identidade dos

seus educandos. Esta é também a forma de consolidar a ideia de comunidade, o sentido de

grupo, restrito e limitado aos elementos envolvidos no projecto.

Esta ideia de comunidade passa também pela partilha das descobertas comuns. Não é

apenas uma comunicação unidireccional, como acontece, por vezes, com outros projectos

deste tipo. Todas as cartas são vistas por todos e cada um poderá responder a qualquer um dos

outros, não se limitando a comunicar apenas com o parceiro que lhe foi destinado/ ou

escolhido por si. Assim, podemos considerar que este espaço permite a verdadeira

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comunicação de todos/ para todos e permite a construção de um verdadeiro sentido de

comunidade, na medida em que cada um se revela ao todo e com todos pode aprender e

descobrir novas facetas de cada um.

Nem todos os alunos dominavam as competências técnicas, não estando todos

motivados de igual forma para uma metodologia de trabalho de projecto. Foi necessário

proceder a pequenas tarefas de exploração e de utilização das ferramentas. A comunicação via

e – Mail, a utilização do chat e do fórum no grupo de discussão, a construção de questionários

online e a pesquisa e publicação de informação, foram tarefas trabalhadas ao longo do 1º e 2º

períodos que serviram de preparação para este projecto. Algumas foram trabalhadas com toda

a turma em contexto curricular, outras só com alguns elementos que revelaram interesse em

aprofundar as suas competências informáticas em contexto extra curricular. Saliente-se o facto

de que todos tiveram acesso a estes meios antes de iniciar o projecto, apesar dos diversos

elementos das turmas se encontrarem em níveis diferentes de competência. Este aspecto

reveste-se de particular importância, pois permitiu a colaboração entre pares quando perante

uma situação de dificuldade.

A interacção com um aluno especialista, ou com o professor/ monitor leva a uma

aprendizagem colaborativa ainda mais enriquecedora, ao permitir ao Expert não apenas

partilhar o seu saber, mas principalmente sugerir, organizar, simplificar, destacar, esclarecer,

motivar e animar a aquisição do saber por parte dos outros elementos do grupo. Confirmando

a teoria de Vygotsky, da Zona de Desenvolvimento Próximo (ZDP) como “...a distância entre

o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente

de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de

problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais

capazes” Daniels, (2003).

O professor deixou de ser o centro da aula e cada aluno passou a ser potencial fonte

de saber, mediador, tutor, monitor ou simplesmente par, abandonando o papel passivo de

quem espera que lhe sejam ministrados os conhecimentos. Assim, o próprio aluno tem de

mudar a sua atitude e estar consciente do papel que tem na sua aprendizagem e na

aprendizagem da turma, ou da comunidade em que esteja inserido. Seja esta comunidade em

ambiente virtual ou não. “The class uses raw data, primary sources, manipulatives, physical,

and interactive materials. The constructivist approach involves students in real-world

possibilities, then helps them generate the abstractions that bind phenomena together.”

Brooks, (1993).

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A componente social e afectiva é fundamental para viver o processo de

aprendizagem com prazer, e assim, levar à realização com sucesso, pela motivação intrínseca.

A identificação com a comunidade educativa e o sentimento de pertença a essa comunidade

surge pela valorização da interacção com o professor e com os colegas. A ideia da

participação periférica legítima foi assim designada por Lave e por Wenger, (1998). A

interacção social é um componente crítico na aprendizagem situada – o aluno envolve-se

numa comunidade que possui determinadas crenças e comportamentos a adquirir.

Progressivamente quem aprende vai passando da posição de aprendiz e vai – se aproximando

do papel central que tem o Expert ao envolver-se mais activa e empenhadamente.

O Projecto Comenius

O projecto “Castles and Palaces, History and Legends” decorreu de 2007 a 2010,

envolvendo predominantemente alunos do 8º e 9º ano – 5 turmas, em contexto de actividade

lectiva. Durante 3 anos lectivos este projecto teve como objectivos: dar a conhecer a herança

histórica e cultural de diferentes países Europeus: Roménia – 1 turma; Espanha – 2 turmas;

Bulgária – 1 turma; Malta – 1 turma e Polónia – 2 turmas; desenvolver os interesses

humanísticos dos alunos nos domínios da história, arte e literatura; trocar experiências,

explorando os diferentes aspectos da cultura Europeia; dar a conhecer raízes comuns da

cultura Europeia; desenvolver competências dos alunos na língua Inglesa; melhorar as

competências técnicas dos alunos no uso da fotografia digital, Internet, correio – electrónico e

na criação de páginas Web e apresentações multimédia. A utilização de mapas de ideias e de

outras ferramentas de construção de conhecimento ajudou a desenvolver competências de

planeamento, resolução de problemas, colaboração e trabalho em equipa. Jonassen, (2007)

As actividades realizadas ao longo dos 3 anos foram de pesquisa sobre a história dos

castelos situados na região de cada escola, pois constituem um meio de todos os participantes

alargarem os seus conhecimentos sobre a História europeia e descobrirem as raízes comuns da

sua cultura. Os alunos pesquisaram sobre a História e lendas dos castelos e palácios,

utilizando diferentes fontes de informação; realizaram: visitas a alguns dos palácios da região;

criaram: guias dos palácios visitados para serem usados pelos colegas; mini dicionários

multilingues de vocábulos relacionados com a cultura dos cavaleiros; apresentações

multimédia sobre os palácios (fotos/ vídeo); exposições de maquetas, fotos, desenhos e

esculturas/ concursos inter – escolas; exposições das melhores fotos tiradas pelos alunos de

todas as escolas parceiras; os participantes criaram e usaram Websites para partilharem ideias,

experiências, opiniões e para apresentar os resultados do projecto.

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A comunicação entre alunos foi feita através da Internet, especialmente, através de

correio electrónico, Messenger, vídeo-conferência, além do Moodle. “Moreover, PLEs can

provide a more holistic learning environments, bringing together sources and contexts for

learning hitherto separate.” Attwell, (2007)

Constrangimentos e Vantagens

Dadas as características deste tipo de projectos existe a possibilidade de intercâmbio

de alguns alunos e professores. Apenas três alunos em cada ano puderam deslocar-se às

reuniões internacionais, acompanhando dois ou três professores de cada país. Foram

experiências muito gratificantes, tanto para alunos como para professores, permitiram a

aprendizagem e contacto presencial com culturas diferentes, mesmo sendo pouco tempo, valeu

pela oportunidade de experiência enriquecedora.

Quando coube receber o grupo de parceiros foi um maior impacto para a escola, pela

mais valia de informação e saberes que trouxeram e pela oportunidade de lhes mostrar o nosso

património e a nossa diversidade cultural. “Students learn how to take responsibility or their

own learning. Critically, PLEs can bridge the walled gardens of the educational institutions

with the worlds outside. In so doing learners can develop the judgements and skills or literacy

necessary for using new technologies in a rapidly changing society.” Attwell, (2007)

A formação de professores nestes dois projectos

A nível internacional foram definidos, para todas as escolas envolvidas, objectivos

para os professores, não apenas uma vertente de planeamento e realização de tarefas e

actividades com os alunos, mas também uma vertente de formação de professores, tais como:

favorecer a troca de experiências a nível didáctico – pedagógico; encorajar o uso das TIC no

processo de ensino-aprendizagem; melhorar as competências de alunos e professores em

termos de trabalho de equipa, planificação e actividades de cooperação; promover o trabalho

de projecto como método de ensino criativo.

Na escola portuguesa as actividades envolveram, inicialmente, as aulas de História,

Geografia, Língua Materna, Língua Inglesa, Arte e Projecto. Optou-se por fazer a formação

dos professores, de forma “infiltrada”, directamente nas aulas, através de uma “equipa de

apoio”, sempre que as TIC precisavam ser utilizadas e o professor não se sentia muito seguro,

outro elemento do projecto entrava em parceria. Reuniões semanais de planeamento entre os

sete professores do projecto permitiam acompanhar o desenrolar das actividades, aferir

competências e colmatar dificuldades. Realizaram-se também alguns encontros formativos,

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sem créditos, em que estiveram presentes os professores interessados. O modelo de explicação

personalizada também foi usado para consolidar/adquirir saberes, do mais elementar ao mais

elaborado, como por exemplo: Enviar e receber E-Mail; Word; Paint; Power Point; Excel;

Front Page; Animação de 3D; Movie Maker; etc. A utilização do Moodle teve sessões prévias

de formação e apoio antes do projecto ser implementado.

Numa das reuniões internacionais, foi feito o convite a utilizarem a mesma

plataforma Moodle, com sessão de formação na Polónia. Verificada alguma diferença de

competências a nível das TIC, entre os professores dos diferentes países, cada um procurou

melhorar de modo a conseguir cumprir com os objectivos definidos. Enquanto os parceiros

espanhóis optaram por recorrer a uma empresa que lhes editasse um vídeo, os colegas

romenos tiveram sérias dificuldades em configurar uma versão online para ser vista por todos,

da Bulgária surgiu uma versão em Cdrom única, mas cada um fez por superar as suas

dificuldades e limitações.

A inter – ajuda online foi frequente e muito pertinente entre professores. Verificou-

se uma grande troca de e-Mails até se conseguir que todos os países conseguissem partilhar

ficheiros com os recursos previstos, nomeadamente os Relatórios e novos Projectos de

actividades. Foi difícil, mas ao fim de três anos todos tinham melhorado muito as suas

competências técnicas e comunicavam fluentemente online.

Quanto ao projecto E-Twinning a formação de professores surgiu de modo informal,

nas conversas online, ao fazer o planeamento das actividades a desenvolver, através do

Messenger. A partilha de saberes, maneiras diferentes de fazer, a descoberta de práticas

comuns e interesses afins, a partilha de recursos e estratégias ao longo de um ano, promoveu

sem dúvida uma melhor formação para ambos.

A avaliação dos projectos

O projecto Comenius, financiado pela Comunidade Europeia, foi sujeito a avaliação

anual, até para poder ser financiado nos anos em que existiu. Foi redigido um relatório de

actividades e um relatório de contas no final de cada ano lectivo, devidamente assinado pela

coordenadora nacional e internacional que, por sua vez, enviaram para os respectivos

organismos nacionais e internacionais do programa Comenius. A nível nacional foram

aplicados questionários de satisfação aos alunos, que revelaram elevado nível de agrado em

participar no projecto, em particular nas visitas de estudo e no contacto com os alunos

estrangeiros. Realizaram-se também questionários aos professores que apontaram algumas

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dificuldades a nível técnico o que levou à implementação das actividades de formação e dos

apoios personalizados.

Os alunos que se deslocaram às reuniões internacionais foram convidados a redigir

pequenos artigos sobre as visitas, os quais foram publicados no jornal da Escola, com algumas

fotos da escola, permitindo a todos avaliar o acontecimento.

Os produtos finais foram todos objecto de avaliação pela comunidade, nas diversas

exposições e encontros onde estiveram: Guias dos palácios e castelos; Mini dicionários

multilingue de vocábulos relacionados com a cultura dos cavaleiros e cortes; Apresentações

multimédia preparados por cada escola e apresentações multimédia em comum; Produções

artísticas (pinturas, modelos, esculturas, fotos); A peça recriada pelos alunos, baseada na lenda

de D. Inês de Castro, filmada e apresentada à comunidade local e aos parceiros do projecto em

versão traduzida, visitas, intercâmbios e exposições tudo foi sendo divulgado no jornal da

escola e na página Web da escola, tiveram também lugar de destaque nas várias “semanas da

escola” com os alunos envolvidos a apresentarem aos colegas e professores o que tinham

produzido/ visitado/ aprendido.

O projecto de E-Twinning não foi sujeito a avaliação institucional, sem

financiamento, baseado apenas na comunicação entre turmas, foi uma experiência validada

apenas pelos professores. Dado que se realizou em contexto curricular a avaliação das

actividades contribuiu para a avaliação dos alunos e para a avaliação do ano lectivo. Em

diálogo online os professores concluíram, no final da actividade que seria uma experiência a

repetir/ continuar, pelo saldo positivo que tinham obtido, todavia, ambos ficariam com turmas

diferentes no ano seguinte o que impediu a continuidade do projecto com aquela turma, ou

outra semelhante.

Conclusão

Com estes projectos foi possível aprender e ensinar, não apenas sobre TIC, mas

sobre métodos e pedagogia; ver a Escola noutro prisma o que enriqueceu como professora e

como pessoa. Estes projectos foram oportunidades para reflectir sobre as práticas, numa

formação informal, em colaboração e partilha. Entre pares torna-se mais fácil realizar o treino

reflexivo que permite organizar o conhecimento para o poder expressar e partilhar, confrontar

argumentos, questionar, explorar ideias e debater questões. Como confirma Vygotsky: "Every

function in the child’s cultural development appears twice: first, on the social level, and later,

on the individual level; first, between people (interpsychological) and then inside the child

(interpsychological). This applies equally to voluntary attention, to logical memory, and to the

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formation of concepts. All the higher functions originate as actual relationships between

individuals" Daniels (2003).

Existe uma grande diferença entre as escolas a nível internacional. Desde a estrutura dos

sistemas de ensino, o tipo de escolas, o número de alunos, os recursos disponíveis, a utilização

das TIC, o modelo de formação de professores e o modo de funcionamento da própria escola

quando integrada em projectos.

Fica aqui a consciência de que estes projectos permitem a mais valia de sentir que a

diferença não é assim tanta, quando estamos realmente empenhados em concretizar algo.

Estamos todos no mesmo barco, a usar melhores ou piores ferramentas, com mais ou menos

dificuldades, mas com a mesma ambição e a mesma vontade férrea de ajudar os nossos alunos

a aprender o mais possível, serem felizes e bons. As diferenças apenas aumentam o desafio e a

curiosidade, servindo de estímulo para avançar com mais persistência.

CAPÍTULO III – PERCURSO METODOLÓGICO

Este capítulo encontra-se dividido em quatro partes, começando por apresentar na

primeira parte o desenho da investigação e a sua fundamentação. Na segunda parte apresenta-

se a estratégia de recolha de dados justificando-se de seguida a opção. Segue-se a

caracterização do contexto em que se insere a investigação. A última parte do capítulo aborda

as técnicas e instrumentos de recolha de dados, nomeadamente: entrevista, semi-estruturada;

relato de vida e questionário; apresentando-se o respectivo motivo de escolha e método de

utilização.

Quanto à metodologia do estudo opta-se por uma investigação de abordagem

qualitativa de carácter exploratório, descritivo e interpretativo sob a forma de estudo de casos

múltiplos. A opção tomada por esta investigação de tipo interpretativo deve-se às

características específicas da problemática levantada, dos objectivos inerentes às questões

formuladas, das estratégias de investigação escolhidas e dos dados que se desejam pesquisar

(Amado, 2004b, p. 14). Tenta-se dar sentido e interpretar perspectivas e representações dos

sujeitos, perante os significados que atribuem à problemática. Pretende-se aprofundar

conhecimento nesta área e não encontrar uma causa para os fenómenos. Yin (1984) acrescenta

ainda que o estudo caso é uma investigação empírica que se debruça sobre um fenómeno

contemporâneo dentro do seu contexto real.

Como professora que investiga no campo da própria acção sente-se que se encontra em

situação favorável para interrogar as convicções que fundamentam as práticas, submetendo-as

às provas dos factos, procurando dar sentido aos modelos de acção, procurando manter a

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distanciação crítica de investigador. Yin (1984) afirma que a estratégia é geralmente usada

quando as questões de interesse do estudo se referem ao como e ao porquê; quando o

pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos; e quando o foco se dirige a um

fenómeno contemporâneo em um contexto natural. Ao mesmo tempo, o fundamento lógico

para projectos de caso único, não pode ser satisfeito por casos múltiplos. Os casos devem

funcionar com resultados similares (replicação literal) ou contraditórios (replicação teórica)

previstos explicitamente no princípio da investigação. São úteis quando o fenómeno a ser

estudado é amplo e complexo, onde o corpo de conhecimentos existente é insuficiente para

suportar a proposição de questões causais e nos casos em que o fenómeno não pode ser

estudado fora do contexto onde naturalmente ocorre.

Stake indica que, como qualquer pesquisa, o estudo de caso é geralmente organizado

em torno de um pequeno número de questões. Mas, esclarece que nessa modalidade de

investigação predominam questões ou temáticas sobre relações complexas e problemáticas.

Yin (1984) também enfatiza a importância do tipo de questões propostas para distinguir os

estudos de caso de outras modalidades de pesquisa nas ciências sociais. Afirma que a

estratégia é geralmente usada quando as questões de interesse do estudo se referem ao como e

ao porquê; quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos; e quando o

foco se dirige a um fenómeno contemporâneo em contexto natural. Usando um critério mais

geral, Yin (1984, p.14) afirma que uma investigação se caracteriza como um estudo de caso se

“surge do desejo de compreender fenómenos sociais complexos” e “retém as características

significativas e holísticas de eventos da vida real”. Os estudos de tipo exploratório devem

aprofundar a compreensão de um fenómeno pouco investigado, levando à identificação de

categorias de observação ou gerar hipóteses para estudos posteriores.

Yin (1989, p. 23) afirma que "o estudo de caso é uma inquirição empírica que

investiga um fenómeno contemporâneo dentro de um contexto da vida real, quando a fronteira

entre o fenómeno e o contexto não é claramente evidente e onde múltiplas fontes de evidência

são utilizadas". Esta definição, apresentada como uma "definição mais técnica" por Yin (1989,

p. 23), ajuda a compreender e distinguir o método do estudo de caso de outras estratégias de

pesquisa como o método histórico e a entrevista em profundidade, o método experimental e o

survey. Um relatório de estudo de caso deve incluir:

— A definição clara do “caso” e a delimitação das suas “fronteiras”;

— A descrição pormenorizada do contexto em que o caso se insere;

— A justificação da pertinência do estudo e quais os objectivos gerais que persegue;

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— A identificação da estratégia geral, justificando as razões da opção por caso “único” ou

“múltiplo”;

— A definição de qual vai ser a unidade de análise (ou unidades de análise);

— A fundamentação dos pressupostos teóricos que vão conduzir o trabalho de campo;

— A descrição clara de “como” os dados serão recolhidos, “de quem” e “quando”;

— A descrição pormenorizada da análise dos dados;

— A justificação da lógica das inferências feitas (se for caso disso);

— A definição dos critérios que aferirão da qualidade do estudo.

Os casos únicos que se incluem no conjunto estudado podem ou não ser seleccionados

por manifestar alguma característica comum. Eles são escolhidos porque se acredita que seu

estudo permitirá melhor compreensão, ou mesmo melhor teorização, sobre um conjunto ainda

maior de casos. O investigador de caso procura tanto o que é comum quanto o que é particular

em cada caso, mas o resultado final geralmente retrata algo de original em decorrência de um

ou mais dos seguintes aspectos:

a) A natureza do caso;

b) O histórico do caso;

c) O contexto (físico, económico, político, legal, estético etc.);

d) Outros casos pelos quais é reconhecido;

e) Os informantes pelos quais pode ser conhecido.

ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS

Projectos de casos múltiplos possuem vantagens e desvantagens distintas em

comparação aos projectos de caso único. As provas resultantes de casos múltiplos são

consideradas mais convincentes, e o estudo global é visto como sendo mais robusto. Ao

mesmo tempo, o fundamento lógico para projectos de caso único, não pode ser satisfeito por

casos múltiplos. É provável que o caso raro ou incomum, o caso crítico e o caso revelador

impliquem apenas em casos únicos, por definição. No estudo de caso múltiplo o investigador

estuda conjuntamente alguns casos para investigar um dado fenómeno, podendo ser visto

como um estudo instrumental estendido a vários casos. Sem ambicionar a ilusão de uma

objectividade total, nem pretender deduzir ou generalizar certezas científicas, nem mesmo

prescrever práticas pedagógicas, encara-se este estudo consciente das limitações e das

características descritivas de um estudo qualitativo: “the goal to eliciting understanding and

meaning, the researcher as primary instrument of data collection and analysis, the use of

fieldwork, an inductive orientation to analysis, and findings that are richly descriptive. “

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(Merriam, 1988, p.11) Todavia ao estudar conjuntamente vários casos, semelhantes ou

opostos, acredita-se que o seu estudo permitirá melhor compreensão, ou mesmo melhor

teorização, sobre um conjunto ainda maior de casos.

DESENHO DA INVESTIGAÇÃO

O interesse por esta temática surge, através do envolvimento em actividades de

formação com a utilização das TIC. A vontade de perceber melhor, documentar e divulgar o

que se presencia e sente de especial levou a definir este objecto de investigação. Como

Merriam afirma: “A research study begins with your being curious about something, and that

“something” is usually related to your work, your family, your community, or yourself.”

(Merriam, 2002, p.11)

A opção por um estudo qualitativo exploratório descritivo deve-se ao facto de

pretender explorar o que este contexto tem de diferente e de procurar entender a natureza

global deste fenómeno, o que significa para os seus participantes e que tipo de interacções

favorece. “Qualitative inquiry is distinguished by its emphasis on holistic treatment of

phenomena”. (Stake, 1995, p.44)

A opção tomada por esta investigação de tipo interpretativo deve-se às características

específicas da problemática levantada, dos objectivos inerentes às questões formuladas, das

estratégias de investigação escolhidas e dos dados que se desejam pesquisar (Amado, 2004b,

p. 14). Tenta-se dar sentido e interpretar perspectivas e representações dos sujeitos, perante os

significados que atribuem à problemática. Pretende-se aprofundar conhecimento nesta área e

não encontrar uma causa para os fenómenos.

Yin (1984) acrescenta ainda que se trata de uma investigação empírica que se debruça

sobre um fenómeno contemporâneo dentro do seu contexto real.

No contexto educativo actual, em que as TIC têm um papel determinante a

desempenhar, este estudo surge como tentativa de entender e contribuir para a melhoria dos

processos, em particular, no contexto das actividades de formação de professores. As

representações dos professores sobre o que se considera as suas práticas em contexto

curricular foram o ponto de partida para este estudo. Todavia, não basta descobrir o que

pensam e fazem os professores nas actividades lectivas com as TIC. Tempo é de dar voz aos

formandos e formadores e de investigar sobre as suas representações, aprendizagens e práticas

na formação TIC.

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Assim, surgem neste estudo várias vozes, os formandos, os formadores, os

coordenadores dos centros de formação e através dos documentos analisados, também a voz

das instituições que orientam, regulam e normalizam o que se desenvolve no espaço e tempo

da formação.

O tempo para esta investigação é escasso e não se pretende correr o risco de dar mais

atenção a questões teóricas e metodológicas. Risco apontado no prefácio da obra Qualitative

Research and Case Study, “… many texts on qualitative research devote more space to

theoretical discussions of methodology and data collection than to the management and

analysis of data once they have been collected.” (Merriam, 1998, p. XIV). Por isso, aqui se

encontra a fundamentação das opções metodológicas, todavia, também se assume que, mais

do que numa fundamentação para uma metodologia, se aposta na recolha, análise e

interpretação dos dados.

Ilustração 4 – Cronograma da investigação

Yin aponta três indicadores essenciais para um estudo completo: a distinção entre o

fenómeno que está sendo estudado e o seu contexto; denotar-se “um esforço exaustivo” para

colectar as evidências relevantes e a sua finalização não ser determinada por limites de tempo

ou de recursos (Yin, 1984, p.142).

Cronograma da investigação 2011 2012 2013

Reformulação do projecto Outubro

Construção de instrumentos de

recolha de dados

Dezembro

Validação dos instrumentos Dezembro

Revisão da literatura Fevereiro

Entrevistas aos directores dos centros

de formação

Fevereiro

Questionários aos formadores Abril

Questionários aos formandos Maio

Relatos de vida Outubro

Análise de dados Fevereiro a Dezembro

Triangulação Janeiro

Redacção final Fevereiro

Revisão e entrega da tese Março

Page 44: Tese outubro 2011e

38

Como se pode verificar no cronograma junto, o estudo está planeado para ser

desenvolvido ao longo de 3 anos. Prevendo até ao final do mês de Dezembro de 2011 a

construção e validação dos instrumentos de recolha de dados, nomeadamente o guião de

entrevista e o protocolo para a construção do questionário e dos relatos de vida. Na etapa

seguinte pretende-se que, em Fevereiro de 2012, estejam concluídas as entrevistas aos

coordenadores dos centros de formação. Entre Abril e Maio será aplicado o questionário aos

formadores e aos formandos. Da análise de dados que será desenvolvida de Fevereiro a

Dezembro de 2012 serão identificados os casos a solicitar relatos de vida até Outubro de 2012.

De Janeiro a Março de 2013 pretende-se realizar a triangulação dos dados recolhidos, a

redacção final da tese, com as conclusões obtidas e as sugestões de continuidade de estudo.

CONTEXTO DA INVESTIGAÇÃO

A escolha de um desenho de investigação para este estudo não foi fácil, cedo se

percebe a multiplicidade de caminhos possíveis para aproximar do entendimento do fenómeno

que se pretende explorar. Segundo Hadji (2001) existem duas abordagens de investigação. A

investigação cientifica em educação (1) e a investigação da prática pedagógica (2). ”Assim, de

um lado, a investigação (sentido1) é construção e experimentação de factos cientificamente

construídos de um modelo do real; do outro (sentido2) trata-se de provar pela acção,

conduzida de uma forma pensada, um determinado modelo de dever – fazer, anterior a esta

investigação.” (Hadji, 2001, p.42)

Conhecendo pessoalmente o campo e a amostra, pode-se adaptar mais facilmente as

técnicas às circunstâncias. O conhecimento do contexto na sua globalidade e totalidade

permitem ser mais sensível a aspectos que possibilitam alargar o conhecimento da situação e

explorar respostas anómalas. Correndo o risco da interpretação pessoal e subjectiva, pertencer

ao meio que se investiga elimina as habituais limitações de tempo e espaço que se colocam ao

investigador que não pertence ao meio. “Our time and access for fieldwork are almost always

limited. If we can, we need to pick cases which are easy to get and hospitable to our inquiry.”

(Stake, 1995, p.4)

Optando pela recolha e análise de dados, com pesquisa de campo, assume-se a função

de instrumento mediador da investigação, procurando recolher e analisar os significados dados

às experiências, práticas e percepções dos formandos, formadores e coordenadores “…data are

mediated through this human instrument, the researcher, rather than through some inanimate

inventory, questionnaire or computer.” (Merriam, 1998, p.7) Procurando manter um espírito

crítico constante, opta-se por procurar explicações ou perspectivas diferentes daquelas

Page 45: Tese outubro 2011e

39

adoptadas no estudo e examinar as evidências de acordo com essas perspectivas. Segundo Yin

as evidências devem ser suficientemente poderosas para sustentar as conclusões e ganhar a

confiança do leitor quanto à seriedade do trabalho realizado. Isso também significa que deve

ser escrito de maneira clara e motivadora, “seduzindo” o leitor, de modo a que este permaneça

“ligado” na narrativa até o final. (1984, p.142)

População e amostra

Este estudo tem como população alvo os professores do Ensino Básico e Secundário

de seis centros de formação da zona centro: Cascais; Oeiras; Alverca; Olivais; Loures e

Sacavém. A amostra é constituída por 300 professores (cinquenta de cada centro) que

realizaram formação nos referidos centros de formação, sendo de diferentes grupos

disciplinares, seleccionados aleatoriamente de uma lista de endereços de e-mail fornecidos

pelo centro de formação.

Esta opção tem diversas justificações: primeiro – por ser a zona de residência da

investigadora e a proximidade facilitar o contacto presencial com a amostra; segundo – por se

tratar de um estudo sobre formação e os centros de formação serem os organismos

habitualmente mais ligados à formação contínua, sendo referência ideal e fonte de dados sobre

práticas de formação; terceiro – como formadora conheço pessoalmente os centros de

formação e mais fácil se torna o acesso aos formadores e o acolhimento do estudo no centro

de formação; quarto – por estes centros de formação abarcarem um número muito

significativo de formadores e formandos o que permite ter um maior número de dados e

aumentar a fidelidade e fiabilidade do estudo; quinto – por existir um grande número de

escolas associadas a estes centros de formação que desenvolvem projectos muito pertinentes

para o estudo.

ESTRATÉGIA E INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

Opta-se por um estudo exploratório, com recurso a recolha de dados através de

entrevista semi-estruturada além da aplicação de questionários e de registos de relatos de vida.

Além da análise documental que permite a proposta de estratégias, surge a necessidade

de realizar entrevistas aos directores dos centros de formação, um questionário aos

formadores/formandos, questionário de respostas fechadas, com o objectivo de validar o

interesse, eficácia e a pertinência, das estratégias propostas, (...) (Estrela, 2007) a alguns

professores será ainda pedido um relato de vida, para aprofundar o conhecimento sobre alguns

projectos/ formação.

Page 46: Tese outubro 2011e

40

O registo de dados não é apenas o registo da presença no campo de investigação, é o

que se reuniu enquanto lá esteve o investigador. Para permitir uma interpretação mais fiel dos

factos procura-se dar ênfase à descrição pessoal do que foi presenciado, ao tempo, ao lugar e

às experiências sensoriais. “Uma investigação sem um registo de dados rico em pormenores é

simplesmente uma invenção.” (Graue &Walsh, 2003, p.173)

Os próximos capítulos deste estudo apresentam as diversas técnicas e instrumentos de

recolha de dados utilizados.

“The collection of data on site is termed “fieldwork”, and it involves: a) generally,

participant or non participant observation and interviewing; b) probably, the collection of

documentary evidence and descriptive statistics, and the administration of tests and

questionnaires; and c) possibly, the use of photography, motion pictures, or videotape

recordings.” (Stenhouse, 1988, p.49)

A fidelidade e a validade dos dados recolhidos são, também, objecto de particular

atenção neste estudo. “O único pecado em investigação é a arrogância, em particular a

arrogância metodológica, a arrogância de pensarmos que o nosso método nos coloca acima de

qualquer preocupação.” (Graue &Walsh, 2003, p.156)

A recolha de dados em documentos

“The third major source of data is documents. These can be written, oral, visual (such

as photographs), or cultural artefacts. Public records, personal documents, and physical

material are types of documents available to the researcher for analysis.” (Merriam, 2002,

p.13)

A recolha de documentos para a caracterização do campo, população, amostra e

contexto da investigação foi feita nos arquivos da escola, dos centros de formação e nas

respectivas páginas da Internet. A grande vantagem deste tipo de recolha de dados foi poder

ser feita sem depender da presença de outros elementos, da sua boa vontade ou

disponibilidade. Todavia, foi necessário solicitar a permissão do órgão de gestão da escola e

dos centros para aceder a alguns dados e fazer a sua utilização neste estudo.

“The strength of documents as a data source lies with the fact that they already exist in

the situation; they do not intrude upon or alter the setting in ways that the presence of the

investigator might. Nor are they dependent upon the whims of human beings whose

cooperation is essential for collecting data through interviews and observations” (Merriam,

2002, p.13)

Page 47: Tese outubro 2011e

41

Na formação procede-se à recolha de artefactos que confirmem algumas actividades

realizadas, as ferramentas utilizadas, assim como o nível de algumas competências envolvidas

nessas actividades.

Para proceder à recolha e análise dos artefactos que pudessem integrar este estudo, foi

também necessário solicitar a permissão dos seus autores. Tudo isto mediante a garantia de

anonimato e respeito pela obra, sua propriedade e autoria. “Manter a confidencialidade

relativamente aos artefactos requer especial cuidado.” (Graue &Walsh, 2003, p.154). Os

artefactos, como todos os dados, têm de ser gerados, o processo de os acumular é muito activo

e criativo mas não precisam ser coleccionados fisicamente. Por isso, sempre que possível

procede-se à recolha por fotografia digital para não acumular excessivos artefactos para

análise.

Alguns desses artefactos encontram-se neste estudo como ilustração e prova da

qualidade do trabalho realizado pelos formandos. Em anexo encontra-se uma grade com a

inventariação de todos os artefactos incluídos neste estudo. Cada um tem uma história e uma

razão de escolha, a legenda foi atribuída pela investigadora mas, cada trabalho, foi recolhido

durante o ano lectivo de 2011/2012.

O relato de vida

O relato de vida permite abordar, de um modo privilegiado, o universo subjectivo, ou

seja, as representações e os significados que atribui ao mundo que o rodeia e aos

acontecimentos que relata. É, por vezes, no acto de se contar que o próprio indivíduo encadeia

situações e motivos que nunca foram por ele explicitados. Num discurso orientado no tempo,

o entrevistado é levado a rever-se em diferentes contextos e a situar as diferentes personagens.

Contar-se é também olhar-se e identificar momentos marcantes de transição e mudança. Na

realidade, uma história de vida não é uma sequência «uniforme» de acontecimentos, mas é um

traçado, por vezes sinalizado por acontecimentos marcantes. Trata-se ao mesmo tempo de

olhar um conjunto de «pequenos fragmentos de vida» e de os situar num contexto mais

alargado.

Como refere Hoerning (1988, 38), este tipo de estudo começa num momento preciso

da história de vida, sendo uma variável, tão importante como a idade, o género ou outras. O

narrador, ao contar-se, constrói a sua identidade, reconstruindo o seu passado, revelando

lugares de conflito, rupturas e aquisições/aprendizagens que fez com outros e consigo mesmo.

O conteúdo de uma narrativa de vida pode ser utilizado em três momentos da

investigação: na fase exploratória, na fase analítica e na fase de síntese teórica (Daniel

Page 48: Tese outubro 2011e

42

Bertaux, 1988, 19). A primeira utilização (exploratória) é porventura a mais frequente, já que

não implica uma grande formalização do guião temático nem a exaustão na procura da

informação. O objectivo principal é «entrar» no terreno e detectar alguns dos processos mais

evidentes. A preocupação principal do investigador é a de «fazer emergir as linhas de força

[…] os nós do terreno» (D. Bertaux, 1988, 19). Na fase analítica, o objectivo reside na

construção, a partir da transcrição das narrativas de vida, de tipologias, de hipóteses, ou seja,

na elaboração de uma teoria que permita interpretar o sentido da realidade. A fase de síntese,

ou seja, a passagem ao texto escrito, exige do autor a capacidade de transpor para a palavra

não só o modelo teórico explicativo, mas também a própria realidade observada. Daí ser

frequente introduzir expressões retiradas das entrevistas, das narrativas individuais, no sentido

de ilustrar o discurso científico, que valem na medida em que contribuem para levar o leitor a

situar a análise teórica numa realidade concreta.

Encontra-se, através da narrativa de vida, o sentido, o pormenor, a particularidade, que

permite olhar a realidade por dentro. A narrativa de vida é uma metodologia que conduz o

investigador a procurar o «essencial». «Através da narrativa da sua história, o indivíduo

debruça-se sobre si mesmo e é obrigado a organizar, de uma forma coerente, as suas memórias

desorganizadas e as suas percepções imediatas […]» (Cipriani et al., 1985, 261).

O discurso gravado é marcado por momentos de silêncio, sobreposições de vozes,

monossílabos, frases incompletas, que deverão ser respeitados na transcrição e tidos em conta

na leitura e interpretação do texto escrito.

Ao relato está subjacente um contrato entre o investigador e o entrevistado. Segundo

Chanfrault-Duchet (1988, 28-29), esse contrato é, ao mesmo tempo, narrativo, autobiográfico

e interpessoal. É narrativo, na medida em que o entrevistador solicita que o entrevistado «lhe

conte como foi…», usando um fio condutor temporal que confere coerência ao discurso

narrativo. É autobiográfico, uma vez que essa narrativa se centra numa vida concreta, que fala

na primeira pessoa e se torna o sujeito da história que é contada. É interpessoal, porque o

entrevistador tem, um projecto, o de investigar um determinado objecto, devendo procurar

fazer convergir o discurso do narrador para os seus objectivos.

Há em cada relato uma fase de enquadramento, que pode ser formal (o preenchimento

de um ficha de caracterização), mas que na prática permite aos dois intervenientes a definição

dos limites em que vai decorrer a conversa. Acontece, por vezes, que a narrativa é feita em

diferentes graus de profundidade; num primeiro tempo o entrevistado apenas situa espaços e

personagens, marca datas numa história que parece igual a tantas outras. Só a atenção do

investigador consegue dar conta de contradições, vazios de sentido e num segundo momento o

Page 49: Tese outubro 2011e

43

entrevistado é levado a retomar o mesmo percurso, esclarecendo zonas de sombra deixadas na

primeira «versão» da narrativa. (Chanfrault-Duchet, 1988, 29). O guião para o relato de vida

está estruturado em duas partes.(em anexo) Primeiro uma grade de identificação a ser

preenchida com os dados pessoais do formando, depois seis questões que orientam o relato, já

que se pretende restringir o relato a aspectos particulares e evitar a dispersão da informação.

(guião em anexo) As seis questões são: Quando e como começou a usar as TIC? Que

formação em TIC frequentou? Que actividades realiza habitualmente com as TIC? Em que

projectos de escola já participou? Descreva os projectos em que participou! Que ferramentas

TIC utilizou nesse projecto?

O guião online encontra-se acessível no seguinte endereço digital:

https://docs.google.com/spreadsheet/viewform?formkey=dDN1R2V5OHdwaDBtTjFq

YTBFYjdYU0E6MA

A entrevista

A entrevista surge como o instrumento mais adequado para delimitar os sistemas de

representações de valores e normas veiculados por um indivíduo. “Interviewing is necessary

when you cannot observe behaviour, feelings, or how people interpret the world around

them.” (Merriam, 1998, p.72) Com a entrevista pretende-se recolher uma visão “de dentro”

captando as “reconstruções dos fenómenos a partir das declarações dos actores” Quivy

(1992,p.197).

Segundo Ghiglione e Matalon (1992) distinguem-se quatro tipos de utilização da

entrevista: controlo, verificação, aprofundamento, exploração. Cada uma destas utilizações

apresenta um grau de liberdade maior ou menor, relativamente a um saber anterior. Optou-se

por realizar entrevistas de tipo exploratório para encontrar “pistas de reflexão, ideias e

hipóteses de trabalho” Quivy (1992, p.68)

Serão realizadas entrevistas aos (seis) coordenadores dos centros de formação de modo

a identificar os modelos de acções de formação mais desenvolvidos em cada centro, o

interesse e desejo de frequência revelados pelos formandos.

Pretende-se a recolha de informação a dois níveis, não apenas sobre as actividades

cujos efeitos podem ser directamente observados, mas também sobre as expectativas,

percepções e valor que os directores atribuem às tecnologias, assim como os objectivos

pessoais e a interpretação das experiências vividas pelos formandos e formadores ou

acontecimentos relatados ou presenciados pelos coordenadores. Esta expressão de teorias e

Page 50: Tese outubro 2011e

44

opiniões, facilitada pelo questionamento e promotora de reflexão podem revelar-se

extremamente importantes para a recolha de variabilidade de pensamento, partilha e

formulação de novas ideias.

A entrevista semi-estruturada

Dado o carácter particular da informação a obter, na entrevista aos directores, optou-se

por uma entrevista de tipo exploratório que permite contextualizar e recolher informação para

organizar melhor o questionário aos formadores.

É usual o recurso às entrevistas do tipo não-estruturado e semi-estruturado sempre que

o objectivo é o aprofundamento de questões em relação a uma determinada situação. Na

entrevista semi-estruturada existe um esquema de entrevista. Porém, a ordem pela qual os

temas podem ser abordados é livre, cabendo ao entrevistador conduzir as questões para temas

que o entrevistado não chegue a abordar.

Guião de entrevista ao Coordenador

O guião de entrevista, elaborado para o coordenador, baseia-se no modelo proposto por

Estrela (1994). Inspirado neste modelo, foram introduzidas algumas alterações que pareceram

pertinentes na condução e registo da entrevista. Assim, foi particularmente importante

conduzir a entrevista com base num guião de questões previamente pensadas e sequenciadas,

reservando a flexibilidade para as adaptar ao discurso do entrevistado, sem perder de vista os

objectivos gerais e os temas organizadores da entrevista. Um guião deste tipo permite, sempre

que necessário, uma adaptação e clarificação das questões perante as dúvidas, orientação do

discurso e silêncios do entrevistado. “The largest part of the interview is guided by a list of

questions or issues to be explored, and neither the exact wording nor the order of the questions

is determined ahead of time.” (Merriam, 2002, p.13)

Guião de entrevista:

Tema: As TIC em projectos de escola. Estratégias de formação contínua de professores.

Objectivos da entrevista

Delinear o perfil do coordenador do centro de formação a nível das TIC;

Identificar as representações do coordenador face à formação em TIC;

Page 51: Tese outubro 2011e

45

Identificar projectos dinamizados no contexto do centro de formação;

Validar a tipologia de projectos previamente estruturada;

Recolher informação complementar sobre o tema que o entrevistado possa fornecer.

Ilustração 5 – Guião da entrevista

Bloco Tópico Objectivo Indicadores

1 Legitimação da

entrevista e

motivação.

Explicar a finalidade

da entrevista;

Motivar o

entrevistado;

Garantir o

anonimato e

confidencialidade

dos dados e

informações

prestadas.

Informar sobre as finalidades da

entrevista e do estudo; Pedir ajuda ao

entrevistado num momento de

caracterização da problemática e procura

de pistas para orientar a investigação;

Explicitar a importância desta entrevista

como indispensável à investigação,

valorizando a necessidade de entreajuda e

interacção; Assegurar a confidencialidade

das informações e dados prestados pelo

entrevistado;

Assegurar o anonimato do entrevistado;

Pedir autorização para que a entrevista

seja filmada e gravada.

2 Utilização

pessoal das TIC.

Identificar as

utilizações pessoais

das TIC.

Quando e como começou a utilizar as

TIC em contexto pessoal?

Que formação em TIC teve?

3 Representações

relativas às TIC.

Identificar o papel

que o coordenador

atribui às TIC.

O que entende por TIC?

Que papel atribui às TIC, actualmente, na

educação?

4 Utilização das

TIC em contexto

curricular.

Identificar os

recursos TIC mais

utilizados.

Que recursos TIC mais utiliza em

contexto curricular? Com que objectivos?

Que actividades? Que ferramentas? Com

que frequência?

5 Projectos ligados Identificar Com que objectivos? Que actividades e

Page 52: Tese outubro 2011e

46

A entrevista ao coordenador do centro será realizada, presencialmente, mediante marcação

prévia e de acordo com o entrevistado; em local escolhido por este, de preferência na escola,

procurando que seja um espaço neutro, sem constrangimentos de tempo, ruído ou

interferências de outros; será feito o registo áudio e vídeo mediante o acordo do entrevistado.

Depois de assegurar o anonimato e a confidencialidade, será também garantido que o

conteúdo da entrevista depois de transcrito será enviado e dado a conhecer ao entrevistado,

assim como será dado feedback do estudo quando concluído.

Protocolo da Entrevista

A entrevista está estruturada em sete blocos de questões, formuladas segundo

objectivos específicos. A primeira parte da entrevista procura motivar o entrevistado,

explicitando os objectivos da mesma e a finalidade do estudo, segue-se uma segunda parte

constituída por três blocos de questões, com as quais se pretende delinear o perfil do

ao centro de

formação.

projectos no

contexto do centro

de formação.

com que frequência? Como gere / planeia

o tempo e o espaço neste tipo de

projectos? Que recursos TIC foram

utilizados?

6 Frequência de

acções de

formação.

Identificar os

diferentes tipos de

formação mais

frequentados no

centro.

Que tipo de acções de formação TIC

predominam no centro? Quantos

formandos? A nível dos agrupamentos

existe prática de formação TIC em

contexto de escola?

Existem comunidades de aprendizagem?

7 Recolha de

informação e

elementos

complementares.

Recolher

informação

complementar

sobre o tema que o

entrevistado possa

fornecer.

Que outras informações considera

pertinentes e importantes para a

compreensão deste tema?

Assegurar que o conteúdo da entrevista

depois de transcrito será dado a conhecer

ao entrevistado;

Assegurar que será dado feedback do

estudo ao entrevistado.

Page 53: Tese outubro 2011e

47

entrevistado face às TIC, finalmente no último conjunto de questões procura-se obter dados

sobre os projectos e actividades de formação desenvolvidas no âmbito do centro de formação.

O questionário aos formandos e formadores

Com este questionário pretende-se identificar o tipo de formação frequentada por cada

formador/ formando, caracterizar a forma como realiza a sua própria formação e como vê os

modelos de formação actuais. Será também solicitada a identificação de projectos e de escolas

facilitadoras de formação em contexto de escola.

Os formandos/formadores a questionar são 300 (50 de cada centro), dos seis centros de

formação, anteriormente referidos, mas de diferentes grupos disciplinares, seleccionados

aleatoriamente de uma lista de endereços de e-mail fornecidos pelo centro de formação.

Como instrumentos de recolha de dados será aplicado um questionário online –

enviado por e-mail.

Tema: As TIC em projectos de escola. Estratégias de formação de professores.

Delinear o perfil do entrevistado a nível das TIC;

Objectivos do questionário

Identificar projectos dinamizados no contexto do centro de formação;

Validar a tipologia de projecto previamente estruturada;

Protocolo do questionário

O questionário está estruturado em quatro blocos de questões, formuladas segundo

objectivos específicos. A primeira parte do questionário procura identificar o formando

delineando o seu perfil de utilizador TIC; no segundo bloco de questões procura-se

caracterizar o historial formativo do formando; no terceiro bloco questiona-se sobre os

projectos com TIC em que o entrevistado participou, finalmente no último bloco solicita-se

que identifique e opine sobre as actividades de formação TIC frequentadas no âmbito do

centro de recursos ou outros contextos. Depois de assegurar o anonimato e a

confidencialidade, é também garantido que o conteúdo do questionário, depois de analisado,

se envia e dá a conhecer ao entrevistado, como também se dá feedback do estudo quando

concluído.

O questionário online encontra-se acessível no seguinte endereço digital:

https://docs.google.com/spreadsheet/gform?hl=en_US&key=0AqTis7688ZCNdEZZO

Ux2RWhBR1JHQ2lEZ255cFd5OUE#edit

Page 54: Tese outubro 2011e

48

Estrutura do questionário

Ilustração 6 – Estrutura do questionário

Estrutura do relato de vida

O relato de vida, a solicitar aos professores formandos, segue um guião estruturado em

duas partes. Inicia com uma grelha de identificação do perfil do formando. Segue-se um bloco

de seis questões orientadoras para ajudar na delimitação do conteúdo das respostas. Para o

perfil é solicitada informação relativa à: idade; género; tempo de exercício da profissão; tempo

de utilização das TIC; centro de formação a que pertence e grupo disciplinar. Na segunda parte é questionado sobre: quando e como começou a usar as TIC; que

formação em TIC frequentou; que actividades realiza habitualmente com as TIC; em que

projectos de escola já participou; é pedido que descreva os projectos em que participou e que

ferramentas TIC utilizaram nesse projecto.

Bloco Objectivos Indicadores

1

Identificação sumária do

entrevistado.

Idade; Género; Formando/ formador;

Grupo disciplinar; Centro de formação.

Utilização pessoal das TIC. Identificar as utilizações pessoais das TIC.

2 Utilização das TIC em contexto

curricular.

Identificar as utilizações profissionais das TIC;

identificar os recursos TIC mais utilizados;

indicar a frequência e objectivos do uso das

TIC;

3

Projectos já realizados. Identificar os projectos realizados no contexto

da escola; identificar as TIC envolvidas nesses

projectos;

4

Frequência de acções de formação. Identificar os diferentes tipos de formação

frequentados; expressar opinião face aos

diferentes tipos de formação; expressar opinião

face ao local onde realiza/frequenta a

formação;

Page 55: Tese outubro 2011e

49

1 - Assinale com uma cruz em cima da opção adequada ao seu caso pessoal, de modo a registar a suas características particulares:

Ilustração 7 – Estrutura do relato de vida

2 – Responda às seguintes questões recordando o seu passado de utilização das TIC. Nº Questões Resposta 1 Quando e como começou a usar as TIC? 2 Que formação em TIC frequentou?

3 Que actividades realiza habitualmente com as TIC?

4 Em que projectos de escola já participou?

5 Descreva os projectos em que participou!

6 Que ferramentas TIC utilizou nesse projecto?

Conclusão

Com base nos resultados dos questionários e das entrevistas, foram identificadas

algumas escolas como facilitadoras de formação em contexto de escola, tornando-se objecto

de investigação para identificar as estratégias de formação utilizadas, modo de implementação

e resultados obtidos. Nessas escolas foi também pedido a alguns professores um relato de vida

sobre como surgiram esses projectos, como foram implementados, de que modo fizeram a

diferença na sua vida e na vida da escola, ainda como contribuíram para a formação pessoal e

profissional dos colegas. Obtidos os dados junto de coordenadores de centros de formação,

formandos e formadores, resta a tarefa de os analisar.

ANÁLISE E TRIANGULAÇÃO DE DADOS

O processo de análise e de recolha dos dados são simultâneos e encontram-se em

constante adaptação e reconstrução, como se confirma na seguinte afirmação de Merriam

Questões A B C D E F 1 Idade Menos de 24 25-34 35-44 45 -54 55- 64 Mais de 65 2 Género Masculino Feminino

3 Anos de profissão

Menos de 4 De 5 a 10 De 11 a 15 De16 a 20 De 20 a 25

Mais de 26

4 Anos de uso das TIC

Menos de 4 De 5 a 10 De 11 a 15 De16 a 20 De 20 a 25

Mais de 26

5 Centro de formação

Oeiras Cascais Alverca Loures Olivais V. F. Xira

Línguas est. Matemática História Ciências 6 Grupo disciplinar Português Desporto Tecnologias Artes

Page 56: Tese outubro 2011e

50

(2002): “In qualitative research, data analysis is simultaneous with data collection. That is,

one begins analyzing data with the first interview, the first observation, the first document

accessed in the study. Simultaneous data collection and analysis allows the researcher to make

adjustments along the way, even to the point of redirecting data collection, and to “test”

emerging concepts, themes, and categories against subsequent data.”(Merriam, 2002, p.14)

A análise desses resultados do questionário é quantitativa descritiva. “For adapt source

triangulation, we look to see if the phenomenon or case remains the same at other times, in

other spaces, or as persons interact differently”. (Stake, 1995, p.112)

A opção pelo questionário com perguntas fechadas justificou-se pelo facto de os dados

serem mais “quantificáveis”, encontrando-se o estudo numa fase em que se pretende validar e

fazer interpretações lógicas de dados já recolhidos e exaustivamente analisados. “All

researchers recognize the need not only for being accurate in measuring things but logical in

interpreting the meaning of those measurements.” (Stake, 1995, p.112) O enviesamento

introduz-se no registo de dados influenciado por atitudes e convicções pessoais. Dificilmente

se consegue eliminar o enviesamento, mas pode ser identificado e os seus efeitos

explicitamente controlados através da multiplicidade de abordagens metodológicas.

“(Methodological triangulation) with multiple approaches within a single study we are likely

to illuminate or multiply some extraneous influences.” (Stake, 1995, p.114)

Os instrumentos de análise de dados

A análise de dados quantitativos realiza-se através do programa Excel; As variáveis a

investigar a priori são: Interesse; Eficácia; Pertinência; A análise dos dados qualitativos das

entrevistas realiza-se mediante técnica qualitativa de análise de dados, análise de conteúdo e

recurso a software específico.

O tratamento e análise dos dados surgem à medida que os dados forem surgindo, de

modo a permitir uma análise indutiva.

Antes da entrega da tese torna-se necessário fazer uma revisão de todo o texto, cuja

redacção final implica não apenas a apresentação dos dados da investigação feita, as

conclusões obtidas, respostas às questões da investigação, se existirem, sugestões de futuras

investigações.

A tarefa de elaboração de uma investigação requer, hoje em dia, o domínio de uma

diversidade de competências que envolvem forçosamente a utilização das tecnologias. Estas

permitem, pesquisar informação, guardar, seleccionar, editar e organizar adequadamente os

documentos, respeitar as normas da escrita em vigor, tirar proveito do processador de texto

Page 57: Tese outubro 2011e

51

para gerar índices, gerir e ordenar a bibliografia, numerar ilustrações, tabelas e gráficos,

detectar e corrigir os principais tipos de erros de escrita, formatar o texto, paginar, entre tantas

outras potencialidades, sem esquecer a comunicação com orientadores, outros colegas e

investigadores.

A utilização do Excel permite ainda a construção de grades, a introdução de dados e

fórmulas assim como a produção de gráficos.

Page 58: Tese outubro 2011e

52

Dados obtidos nas entrevistas

Dados obtidos nos questionários a formadores

Dados obtidos nos questionários a formandos

Dados obtidos nos relatos de vida

Dados obtidos nos artefactos

Triangulação dos dados

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53

CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES E ESTUDOS FUTUROS

Page 60: Tese outubro 2011e

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Page 66: Tese outubro 2011e

ANEXOS

Page 67: Tese outubro 2011e

ii

GUIÃO PARA O RELATO DE VIDA

1 - Assinale com uma cruz em cima da opção adequada ao seu caso pessoal, de modo a registar a suas características particulares:

2 – Responda às seguintes questões recordando o seu passado de utilização das TIC. Nº Questões Resposta

1 Quando e como começou a usar as TIC?

2 Que formação em TIC frequentou?

3

Que actividades realiza habitualmente com as TIC?

4 Em que projectos de escola já participou?

5 Descreva os projectos em que participou!

6 Que ferramentas TIC utilizou nesse projecto?

Questões A B C D E F

1 Idade Menos de 24

25-34 35-44 45 -54 55- 64 Mais de 65

2 Género Masculino Feminino

3 Anos de profissão Menos de 4 De 5 a 10 De 11 a 15 De16 a 20

De 20 a 25

Mais de 26

4 Anos de uso das TIC Menos de 4 De 5 a 10 De 11 a 15 De16 a 20

De 20 a 25

Mais de 26

5 Centro de formação Oeiras Cascais Alverca Loures Olivais V. F. Xira Línguas est. Matemátic

a História Ciência

s

6 Grupo disciplinar Português Desporto Tecnologias Artes

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iii

GUIÃO PARA O QUESTIONÁRIO

Questões A B C D E 1 Idade - de 24 25-34 35-44 45 -54 54- 65 2 Género masculino feminino 3 Anos de profissão -de 5 6 a 10 11 a 15 14 a 20 20 ou + 4 Grupo disciplinar Ciências Humanidades Tecnologias Artes Desporto 5 Centro de formação Oeiras Cascais Loures Sacavém Olivais

6 Quando iniciou o uso das TIC?

+ de 5 + de 10 + de 15 + de 20 + de 25

7 Que formação TIC frequentou?

Minerva Cursos em instituições pagas

Cursos do centro de formação

Programa Competências TIC

Auto didacta

8 Computador Internet Quadro Interactivo

Software educativo

Moodle

9

Que recursos TIC utiliza na aula?

Chat Fórum Wikis Blogs Telemóvel

10 Computador Internet Quadro Interactivo

Software educativo

Moodle

11

Que recursos TIC utiliza em casa?

Chat Fórum Wikis Blogs Telemóvel

12 Com que frequência utiliza as TIC em aula?

Nunca Todos os dias 1 aula por semana

1 aula por mês 1 ou 2 aulas por ano

13 Que actividade realiza mais frequentemente?

Usar o e-mail

Pesquisar na Internet

Comunicar via chat

Participar em fóruns

Publicar online

14 Com que objectivo utiliza as TIC?

Comunicar Ver filmes Procurar informação

Criar recursos para as aulas

Jogar online

15 Em que tipo de projectos já integrou as TIC?

Projecto curricular de turma

Comenius/ E-twinning

Jornal escolar

Clube de TIC ou semelhante

Actividades extra curriculares

16 Computador Internet Quadro Interactivo

Software educativo

Moodle

17

Que recursos/ferramentas utilizou nesses projectos?

Chat Fórum Wikis Blogs Telemóvel

18 Em que contexto realizou a formação TIC?

Curso de formação pago

Curso de formação no centro

Oficina de formação

Circulo de estudos

Comunidade de prática

19 Como prefere a sua formação?

Presencial E-learning B-learning Autónoma Nenhuma

20 Como encara a formação em E-learning?

Não me interessa

Teria curiosidade

Considero interessante

Considero viável

Considero pertinente

21 Em que local prefere fazer formação?

Em casa Na escola No centro formação

Na universidade

Na sala de aula

22

Como encara a hipótese de fazer formação em B – learning?

Não me interessa

Teria curiosidade

Considero interessante

Considero viável

Considero pertinente

23 Que formação lhe merece mais confiança?

Presencial E-learning B-learning Autónoma Nenhuma

24 Que formação TIC lhe foi/seria mais útil para a prática lectiva?

Excel Power Point Moodle Quadros interactivos

Blogs e páginas Web

25

Como prefere ter formação TIC?

Com outra pessoa que domine o tema.

Com colegas que não conheço.

Com colegas da minha escola.

Com um especialista.

Aprendo melhor em autonomia.

Page 69: Tese outubro 2011e

iv

GRADES DE ANÁLISE DE CONTEÚDO DAS ENTREVISTAS

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v

GRADES DE ANÁLISE DADOS

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vi

GRÁFICOS DA TRIANGULAÇÃO DE DADOS

Page 72: Tese outubro 2011e

vii

GRÁFICOS DAS CONCLUSÕES