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REDES DE INOVAÇÃO – DINAMIZANDO PROCESSOS DE INOVAÇÃO EM
EMPRESAS FORNECEDORAS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL
NO BRASIL
Ivan De Pellegrin
TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO.
Aprovada por:
____________________________________________________
Prof. Heitor Mansur Caulliraux, D.Sc.
____________________________________________________
Prof. Mario Salerno, D.Sc.
____________________________________________________
Prof. Adriano Proença, D.Sc.
____________________________________________________
Profa Lia Hasenclever, D.Sc.
____________________________________________________
Prof. José Antonio Valle Antunes Jr., D.Sc.
____________________________________________________
Prof. Francisco José de Castro Moura Duarte, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
MARÇO DE 2005
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II
PELLEGRIN, IVAN DE
Redes de Inovação – Dinamizando
Processos de Inovação em Empresas
Fornecedoras da Indústria de Petróleo e Gás
Natural no Brasil [Rio de Janeiro] 2004
XIV, 605 p., 29,7 cm (COPPE/UFRJ, D.Sc.,
Engenharia de Produção, 2006)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Inovação. 2. Indústria do Petróleo. 3.
Redes de Inovação.
I. COPPE/UFRJ II. Título (série)
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III
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)
REDES DE INOVAÇÃO – DINAMIZANDO PROCESSOS DE INOVAÇÃO EM EMPRESAS FORNECEDORAS DA INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL
NO BRASIL
Ivan De Pellegrin
Março/2006
Orientador: Heitor Mansur Caulliraux
Programa: Engenharia de Produção.
A institucionalização de redes de organizações (firmas fornecedoras, governo,
universidades, laboratórios de pesquisa) pode promover a articulação entre atores e
recursos do Sistema Regional de Inovação, contribuindo para o desenvolvimento de
novos produtos e serviços pelas empresas locais, bem como melhorando o seu
posicionamento enquanto fornecedoras para setores específicos.
Essa tese propõe um esquema conceitual para um modelo organizacional definido
como Rede de Inovação Horizontal Induzida - RIHI. A RIHI apóia os processos de
inovação das empresas e contribui para um ambiente favorável à colaboração e à
inovatividade.
O Caso de uma rede de inovação focada no apoio à empresas fornecedoras da
Indústria de Petróleo e Gás Natural - a Rede PETRO-RS - é estudado para subsidiar a
crítica do esquema conceitual de RIHI proposto, a partir de uma incursão empírica.
Conclui-se que as Redes de Inovação Horizontais Induzidas podem ser uma
alternativa interessante para a implementação de políticas industriais e de inovação no
que tange ao desenvolvimento da competitividade de setores produtores de bens de
capital para a Indústria de Petróleo e Gás Natural no Brasil.
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IV
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)
INNOVATION NETWORKS – DYNAMIZING INNOVATION PROCESSES IN SUPPLY COMPANIES OF THE BRAZILIAN OIL AND GAS INDUSTRY
Ivan De Pellegrin
March/2006
Advisor: Heitor Mansur Caulliraux
Department: Production Engineering.
The institutionalization of organizations networks (gathering firms, government,
universities, labs and research organizations) can improve connection between players
and resources of the Regional Innovation Systems and this may contribute to the
development of new products and services by local firms as well as to a better
positioning of these firms as suppliers of specific sectors. This thesis suggests a
conceptual framework for a network organizational model defined as Induced
Horizontal Innovation Network - IHIN. The IHIN supports the innovation processes at
the firm level and contributes to a favorable environment for cooperation and
innovativeness.
The case of an innovation network focused on supporting Oil and Gas Industry
suppliers - the case of PETRO-RS - is studied to support the critique of this conceptual
framework through an empirical analysis.
The conclusion is that the IHIN may play an important role in the implementation of
industrial and innovation policies concerning the development of competitiveness of the
supply chain for the Oil and Gas Industry in Brazil.
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V
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos para todos que de alguma forma tenham contribuído
para a realização deste trabalho, dentre os quais gostaria de destacar os que seguem.
A Rede PETRO-RS, com especial agradecimento aos profissionais, empresas
e outras organizações que foram ou são ligados a ela e que receberam o pesquisador
quando das pesquisas de campo:
o José Antônio Valle Antunes Jr., Adão Villaverde e Nelson Fujimoto (ex-
SCT/RS), Márcia Lange (SEDAI);
o Fulvio Chimisso (FURG), Telmo Roberto Strohaecker (LAMEF/UFRGS),
Luis Fernando Cantele (URI);
o Marcus Coester (Coester Automação), Maurício Graeff (ETM
Integradora de Serviços de Engenharia), José Abu-Jamra e Felipe
Andrian Techeira (Cordoaria São Leopoldo), Luis Fernando Dambroz e
Alvaro Tergolina (Dambroz), Paulo Schmidt (Koch Metalúrgica), Luciano
Karnas (Serrano Automação), Marcelo Cantele (Intecnial), Conrrado
Lacchini (Digicon), Gerbase (Altus), Cláudia Messias (Elipse Software),
José Garcia (Tecmoldin), Octavio Teichmann (Forjas Taurus);
o Vitor Odorcyck (FINEP) e Tiago Lemos (SEBRAE-RS);
o Suzana Sperry (PETRO-RS) e Marcelo Lopes (RBT);
o Hamilton Romanato Ribeiro (REFAP S.A.) e João Carlos Nunes (ex-
PETROBRAS).
Aos representantes de organizações internacionais que receberam o
pesquisador em suas visitas de referência: Johnar Olsen (Innovation Norway), Knut
Gulbrand Wangen (INTSOK – Noruega), Ewan Daniel (Aberdeen City Council), Chris
Feeman (LOGIC), Morten Holmager e Peter Blach (Offshore Center Denmark).
Ao orientador, professor Heitor Mansur Caulliraux, que propiciou a
oportunidade do Doutorado e das pesquisas no GPI, além do aprendizado entre uma e
outra atividade de trabalho. Ao professor Adriano Proença pela co-orientação e
oportunidade da convivência fraternal. Aos demais colegas do GPI, especialmente à
Sandra e à Almaisa.
Ao professor Nelson Casarotto Filho e aos colegas e amigos Roberto dos Reis
Alvarez e Marcelo Lopes, pelas críticas sobre os questionários das pesquisas de
campo. Ao companheiro Alvarez também pela convivência fraternal durante meus três
anos de residência no Rio de Janeiro e posteriormente.
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VI
Aos amigos Junico Antunes e Moisés Balestro meus agradecimentos especiais
pelo apoio nas discussões de caráter metodológico e teórico, bem como pelo apoio na
orientação ao longo dessa trajetória. Junico, muito obrigado pelas orientações e pela
amizade.
Ao amigo e colega Renato Samuel, pelo apoio e parceria no projeto da
PETRO-BC, bem como aos demais colegas de projetos na COPPE.
Ao pessoal de Macaé que participou do projeto PETRO-BC e ao Antônio
Batista do SEBRAE/RJ que foi fundamental para a concretização daquela experiência.
Ao Rodrigo Pinto pelo empenho e apoio na reta final do trabalho.
Agradeço também aos amigos da Cordoaria São Leopoldo: Zeca, Leó, Percí,
Felipe, Leandro, Fátima, Valdecir, Cíntia, entre tantos colegas com quem tive o
privilégio de trabalhar e conviver durante o período que mais contribuiu para meu
aprendizado sobre a inovação em empresas fornecedoras da indústria de petróleo do
Brasil e do mundo.
Um agradecimento especial ao Engenheiro Fúlvio Celso Petracco, mestre
maior na minha carreira profissional, sobretudo em relação à ética, ao respeito à
natureza, pela acolhida fraternal em tantos momentos e por tantos exemplos a serem
seguidos.
A todos de minha família, especialmente aos meus pais pela formação, à
minha irmã Ana e à Dona Ilse pelos constantes incentivos e aos primos e tios que me
deram forte apoio nesta e noutras empreitadas.
Um agradecimento especial também para minha esposa, Flávia, pela paciência
(que foi tão exigida) e pelo carinho, fundamental em tantas horas. Também aos seus
pais, Fernanda e Moisés, pelos incentivos nessa trajetória.
Finalmente, à minha filha Catharina, que tanto motivou para a conclusão do
trabalho, com o desejo de que tenha as oportunidades e o apoio que tive nessa
jornada.
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VII
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS................................................................................................... XII LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... XIII 1. APRESENTAÇÃO........................................................................................................1 1.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................1 1.2. IMPORTÂNCIA DO TRABALHO...............................................................................8 1.3. JUSTIFICATIVA.......................................................................................................14
1.3.1. Justificativa Acadêmica..................................................................................14 1.3.2. Justificativa para o Brasil ...............................................................................15 1.3.3. Justificativa do Estudo de Caso selecionado.................................................17
1.4. QUESTÃO GERAL DA PESQUISA.........................................................................18 1.5. OBJETIVOS.............................................................................................................19
1.5.1. Objetivo Geral ................................................................................................19 1.5.2. Objetivos Específicos.....................................................................................19
1.6. DELIMITAÇÕES......................................................................................................20 1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................................23 2. REFERENCIAL TEÓRICO .........................................................................................27 2.1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................27 2.2. PROCESSOS DE INOVAÇÃO................................................................................28
2.2.1. Modelos esquemáticos de inovação ..............................................................29 2.2.2. Trajetórias, paradigmas, externalidades e regimes econômicos ...................34 2.2.3. Atributos da inovação.....................................................................................39 2.2.4. Inovação e posicionamento estratégico.........................................................41
2.2.4.1. Estratégia de inovação ofensiva ..............................................................48 2.2.4.2. Estratégia de inovação defensiva ............................................................48 2.2.4.3. Estratégias dependente e imitativa..........................................................49 2.2.4.4. Estratégia Tradicional ..............................................................................50 2.2.4.5. Estratégia Oportunista .............................................................................51
2.2.5. Competências centrais e capacitações dinâmicas ........................................52 2.3. INOVAÇÃO ALÉM DAS FRONTEIRAS DA EMPRESA..........................................56
2.3.1. Sistemas de inovação ....................................................................................57 2.3.1.1. Sistema Nacional de Inovação – SNI ......................................................61 2.3.1.2. Sistema Regional de Inovação – SRI ......................................................67 2.3.1.3. Sistema Setorial de Inovação – SSI ........................................................71 2.3.1.4. Sistemas Tecnológicos – STEC ..............................................................73
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VIII
2.3.2. Fatores locais determinantes da competitividade – Teoria de clusters..........75 2.3.2.1. Os determinantes da vantagem competitiva de um cluster .....................77 2.3.2.2. A influência do Governo na competitividade do cluster ...........................87 2.3.2.3. A influência do setor privado na competitividade do cluster ....................89
2.3.3. Redes de inovação ........................................................................................92 2.4. PROPOSIÇÃO DE ESQUEMA CONCEITUAL PARA REDE DE INOVAÇÃO
HORIZONTAL INDUZIDA – RIHI .................................................................................100 2.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................107 3. METODOLOGIA DA PESQUISA..............................................................................108 3.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................108 3.2. MÉTODO DE PESQUISA......................................................................................108
3.2.1. Modalidades de Estudos de Caso ...............................................................111 3.2.2. Projeto do Estudo de Caso com Unidades Incorporadas ............................113
3.2.2.1. A questão do estudo de caso ................................................................114 3.2.2.2. Os objetivos da pesquisa de campo......................................................114 3.2.2.3. As unidades de análise..........................................................................115 3.2.2.4. A lógica que une os dados aos objetivos da pesquisa de campo .........116 3.2.2.5. As variáveis explicativas e seus desdobramentos operacionais ...........118
3.3. MÉTODO DE TRABALHO.....................................................................................123 3.3.1. Definição e Planejamento ............................................................................125
3.3.1.1. Definição do Tema Geral .......................................................................126 3.3.1.2. Levantamento do Referencial Teórico e Empírico.................................126 3.3.1.3. Definição do Tema Específico e do Esquema Conceitual Inicial...........127 3.3.1.4. Definição da Metodologia da Pesquisa e Seleção do Caso ..................127
3.3.2. Preparação, coleta e análises preliminares .................................................128 3.3.2.1. Visitas de referência no Reino Unido, Noruega e Dinamarca ...............129 3.3.2.2. Preparação de questionários .................................................................129 3.3.2.3. Levantamentos de informações e dados da PETRO-RS ......................131
3.3.3. Análises e Conclusões da Pesquisa ............................................................134 3.3.3.1. Análises .................................................................................................135 3.3.3.2. Conclusões da Pesquisa .......................................................................137
4. EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS DE APOIO ÀS CADEIAS FORNECEDORAS
DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E GÁS NATURAL....................................................138 4.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................138 4.2. O CASO DO REINO UNIDO .................................................................................140 4.3. O CASO DA NORUEGA........................................................................................147 4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................154
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IX
5. CONTEXTO DO ESTUDO DE CASO ......................................................................156 5.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................156 5.2. A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL NO MUNDO E NO BRASIL ...157
5.2.1. Elementos Históricos da Indústria de Petróleo e Gás Natural .....................157 5.2.2. Tendência Mundial das Taxas Reserva/Produção (R/T) .............................166
5.2.2.1. Petróleo..................................................................................................166 5.2.2.1. Gás Natural............................................................................................173
5.2.3. Investimentos Previstos na Indústria de Petróleo e Gás no Brasil ..............178 5.3. O FORNECIMENTO DE BENS E SERVIÇOS PARA A INDÚSTRIA DE
PETRÓLEO E GÁS NATURAL ....................................................................................184 5.4. SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAÇÃO DO SETOR DE PETRÓLEO ................193
5.4.1. Elementos da Dimensão Nacional ...............................................................195 5.4.1.1. Principais Atores da Dimensão Nacional para o SBISP........................195 5.4.1.2. Políticas, Leis e Programas da dimensão Nacional relevantes para o
SBISP .................................................................................................................198 5.4.2. Elementos da Dimensão Estadual ...............................................................210
5.4.2.1. Principais Atores da Dimensão Estadual no RS para o SBISP .............210 5.4.2.2. Políticas, Leis e Programas da Dimensão Estadual relevantes para o
SBISP .................................................................................................................211 5.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................213 6. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DO ESTUDO DE CASO .........................................216 6.1.INTRODUÇÃO........................................................................................................216 6.2. DESCRIÇÃO DA PETRO-RS – VISÃO HISTÓRICA ............................................217
6.2.1. Fase 1 – da idéia ao lançamento da rede (Dezembro/1998 a
Dezembro/1999) ....................................................................................................218 6.2.2. Fase 2 – do lançamento à primeira mudança de governo (Dezembro/1999 a
Dezembro/2002) ....................................................................................................224 6.2.3. Fase 3 – da primeira mudança de governo até os dias atuais
(Dezembro/2002 em diante) ..................................................................................241 6.3. ANÁLISE DE INDICADORES DE INOVAÇÃO DA PETRO-RS ............................252
6.3.1. Tipos de empresas do survey PETRO-RS 2005 .........................................254 6.3.2. Inovação Tecnológica ..................................................................................255 6.3.3. Inovação Organizacional..............................................................................259 6.3.4. Patentes .......................................................................................................260 6.3.5. Fontes Externas de Informação e Conhecimento........................................260 6.3.6. Parcerias pró-inovação desenvolvidas ........................................................262 6.3.7. Participação de Novos Produtos no Faturamento .......................................266
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6.4. A PETRO-RS À LUZ DAS CATEGORIAS DE ANÁLISE ......................................268 6.4.1. Estrutura da rede, objetivos e papéis dos atores.........................................269
6.4.1.1. Governo .................................................................................................270 6.4.1.2. Organizações de apoio e fomento .........................................................271 6.4.1.3. PETROBRAS.........................................................................................272 6.4.1.4. Organizações de P&D ...........................................................................273 6.4.1.5. Empresas...............................................................................................274
6.4.2. Produtos, Atividades e recursos ..................................................................276 6.4.2.1. Rotinas...................................................................................................277 6.4.2.2. Ações coletivas ......................................................................................282
6.4.3. Interações/relações entre os atores.............................................................287 6.4.4. Aspectos institucionais.................................................................................294 6.4.5. Ganhos relacionais para o ambiente local ...................................................308
6.4.5.1. Ganhos relativos a fatores relacionados com demanda........................308 6.4.5.2. Ganhos relativos a fatores relacionados com insumos .........................311 6.4.5.3. Ganhos relativos a fatores relacionados com setores correlatos e de
apoio ...................................................................................................................313 6.4.5.4. Ganhos relativos a fatores relacionados com o contexto pró-inovação 315
6.4.6. Processos de inovação ................................................................................316 6.4.6.1. Etapa 1 – Mercado Potencial.................................................................317 6.4.6.2. Etapa 2 – Invenção e/ou Concepção do Projeto Básico........................322 6.4.6.3. Etapa 3 – Projeto Detalhado e Testes ...................................................323 6.4.6.4. Etapa 4 – Reprojeto e Produção............................................................328 6.4.6.5. Etapa 5 – Distribuição e comercialização ..............................................331
6.4.7. Críticas e sugestões à Rede PETRO-RS ....................................................334 6.4.7.1. Com relação ao ambiente externo à rede..............................................335 6.4.7.2. Ambiente interno à rede.........................................................................340
6.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................349 7. REVISÃO DO ESQUEMA CONCEITUAL DE RIHI ..................................................353 7.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................353 7.2. MODELO CONCEITUAL DE REDE DE INOVAÇÃO HORIZONTAL INDUZIDA..353
7.1.1. Definição e objetivos ....................................................................................354 7.1.2. Estrutura e relacionamentos ........................................................................357 7.1.3. Produtos, atividades e recursos...................................................................361 7.1.4. Representação esquemática do modelo de RIHI ........................................365
7.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................368 8. CONCLUSÕES.........................................................................................................369
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XI
8.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................369 8.2. CONCLUSÕES GLOBAIS DA PESQUISA ...........................................................370 8.3. CONSIDERAÇÕES FINAIS DA PESQUISA .........................................................387 8.4. RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS...........................................389 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................391 ANEXOS.......................................................................................................................400
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XII
LISTA DE QUADROS Quadro 1: Evolução da Oferta Interna de Energia no Brasil 1984 - 2004 ...................... 2 Quadro 2: Valor do Barril de Petróleo Brent no período 2000-2004............................... 3 Quadro 3: Lucro Líquido e Faturamento das quatro maiores empresas da América
Latina em 2003 e 2004................................................................................. 3 Quadro 4: Tecnologia do Processo e do Produto e as Estratégias Genéricas ............ 42 Quadro 5: Liderança Tecnológica e Vantagem Competitiva ........................................ 42 Quadro 6: Grau de competência desejável por função técnica da firma para diferentes
estratégias em relação à inovação............................................................. 47 Quadro 7: Dimensões dos Sistemas de Inovação e respectivas Unidades de Análise 61 Quadro 8: Situações relevantes para diferentes estratégias de pesquisa ................. 109 Quadro 9: Tipos básicos de projetos para os estudos de caso.................................. 112 Quadro 10: Dados macroeconômicos da Noruega (2002), Brasil e Rio Grande do Sul
(2004) ....................................................................................................... 147 Quadro 11: Evolução do Conteúdo Local nos fornecimentos da indústria de petróleo e
gás natural na Noruega 1970 - 1996........................................................ 148 Quadro 12: Reservas Provadas x Produção de Petróleo no mundo 1984 - 2004...... 169 Quadro 13: Consumo de Petróleo no mundo ............................................................. 171 Quadro 14: Reservas Provadas x Produção de Gás Natural no mundo 1984 - 2004 175 Quadro 15: Consumo de Gás Natural no Mundo em bilhões de metros cúbicos 1994 -
2004 ......................................................................................................... 176 Quadro 16: Conteúdo Local dos Investimentos da PETROBRAS 2006-2010 ........... 180 Quadro 17: Concentração das aquisições externas da PETROBRAS 2006-2010 .... 180 Quadro 18: Investimentos de empresas do setor de Petróleo e Gás Natural no Brasil
além da PETROBRAS em 2006-2010 ..................................................... 182 Quadro 19: Exemplos de empresas grandes contratantes da Indústria de Petróleo e
Gás Natural .............................................................................................. 187 Quadro 20: Conteúdo Local realizado nos investimentos na Indústria de Petróleo e
Gás no Brasil entre 2003 - 2005 .............................................................. 188 Quadro 21: Evolução da PETRO-RS entre 2000 - 2005 – ações, atividades e dados
gerais........................................................................................................ 251 Quadro 22: Taxa de Inovação das empresas brasileiras por porte da empresa PINTEC
2000 e Survey PETRO-RS 2005.............................................................. 257 Quadro 23: Cooperação com outras organizações PINTEC 2000 e 2003................. 262 Quadro 24: Cooperação entre empresas e organizações de P&D – RBT 2006 ........ 264 Quadro 25: Cooperação com outras organizações – Noruega 1997 ......................... 265 Quadro 26: % de empresas por faixa de participação de novos produtos no
faturamento 2004 no survey PETRO-RS 2005 ........................................ 266 Quadro 27: % de empresas por faixa de participação de novos produtos no
faturamento 2004 na PINTEC 1998 e 2000 ............................................. 267 Quadro 28: Valores do Fundo CTPETRO (em Milhões de Reais) 1999 - 2005 ......... 298
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XIII
LISTA DE FIGURAS Figura 1: Matriz Energética Mundial em 2004 ................................................................ 1 Figura 2: Modelo Linear de inovação ........................................................................... 29 Figura 3: Modelo Linked Chain (Elo de Cadeia).......................................................... 32 Figura 4: Modelo Sistêmico da Inovação...................................................................... 33 Figura 5: Dinâmica induzida pelas inovações .............................................................. 38 Figura 6: Tecnologias x Atividades da Cadeia de Valor ............................................... 44 Figura 7: Relações horizontais e verticais entre empresas de um Sistema de Valor... 45 Figura 8: Elementos de um Sistema Nacional de Inovação ......................................... 65 Figura 9: O Sistema Nacional de Inovação como uma Matriz de SRI's e SSI's........... 70 Figura 10: Fontes da vantagem competitiva da localização......................................... 78 Figura 11: As influências do governo no aprimoramento dos clusters ......................... 88 Figura 12: Influência do setor privado no aprimoramento dos clusters ........................ 90 Figura 13: Necessidade de Especialização X Diversificação de Competências da Firma
................................................................................................................... 97 Figura 14: Esquema conceitual de Rede de Inovação Horizontal Induzida ............... 102 Figura 15: O Método de estudo de caso .................................................................... 124 Figura 16: Esquema do Método de Trabalho aplicado na Tese................................. 125 Figura 17: Países membros da OECD em 2005 ........................................................ 161 Figura 18: Reservas mundiais e brasileiras de petróleo 1994 – 2004 (bilhões de barris)
................................................................................................................. 167 Figura 19: Produção mundial e brasileira de petróleo (milhares de barris/dia) .......... 167 Figura 20: Índice Reservas/Produção de Petróleo mundial e brasileiro em anos 1994 -
2004 ......................................................................................................... 168 Figura 21: Reservas de Petróleo no Brasil no período 1994 - 2004, terra e mar, em
bilhões de barris ....................................................................................... 171 Figura 22: Demanda x Produção mundial de petróleo em 2004 em Milhares de barris
por dia ...................................................................................................... 173 Figura 23: Reservas mundiais e brasileiras de Gás Natural em trilhões de metros
cúbicos 1994 - 2004 ................................................................................. 174 Figura 24: Produção mundial e brasileira de GN em bilhões de metros cúbicos 1994 -
2004 ......................................................................................................... 174 Figura 25: Índice Reservas/Produção de Gás Natural mundial e brasileiro em anos
1994 - 2004 .............................................................................................. 175 Figura 26: Reservas de GN no Brasil no período 1994 - 2004, terra e mar, em bilhões
de metros cúbicos .................................................................................... 176 Figura 27: Demanda versus Produção mundial de GN em 2004 em bilhões de metros
cúbicos ..................................................................................................... 178 Figura 28: Planejamento Estratégico e de Investimentos da PETROBRAS 2003 - 2015
................................................................................................................. 179 Figura 29: Fontes para os investimentos da PETROBRAS 2004 - 2015 ................... 182 Figura 30: Modalidades de Negociação e Compras da PETROBRAS ...................... 189 Figura 31: Segmentação das Categorias de itens adquiridos (Bens de Capital) ....... 191 Figura 32: Principais elementos do Sistema Brasileiro de Inovação do Setor de
Petróleo .................................................................................................... 194 Figura 33: Estrutura de Governança do PROMINP.................................................... 200 Figura 34: Valores realizados e previsões de Conteúdo Local alocado nos
investimentos do setor de petróleo e GN no Brasil entre 2003 - 2010..... 202 Figura 35: Estrutura Organizacional da Rede PETRO-RS a partir de Dezembro de
1999 ......................................................................................................... 225 Figura 36: Gancho KS modelado pelo pessoal do LAMEF/UFRGS........................... 230 Figura 37: Estrutura organizacional da rede PETRO-RS ........................................... 232
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XIV
Figura 38: Estande da PETRO-RS na Feira Argentina OIL & GAS EXPO 2001 ....... 236 Figura 39: Unidade de Geração de Energia Elétrica a Gás Natural........................... 238 Figura 40: Unidade de Bombeio – Cavalo de Pau ..................................................... 240 Figura 41: Estande da PETRO-RS na Argentina Oil & Gás 2003 .............................. 245 Figura 42: Porte das empresas do survey PETRO-RS 2005 ..................................... 254 Figura 43: Taxa de Inovação de Produto e Processo na PETRO-RS – Survey PETRO-
RS 2005 ................................................................................................... 255 Figura 44: Taxas de Inovação do survey PETRO-RS 2005 por faixa de pessoal
ocupado.................................................................................................... 256 Figura 45: Grau de utilização de informações externas à empresa na PETRO-RS –
Survey PETRO-RS 2005.......................................................................... 261 Figura 46: Relação Volume de Investimentos Viáveis por Taxa de Juros Nominais em
Novembro/2005........................................................................................ 264 Figura 47: Representação Esquemática das “Relações na Rede” na Fase 2 da
PETRO-RS............................................................................................... 291 Figura 48: Representação Esquemática das “Relações na Rede” na Fase 3 da
PETRO-RS............................................................................................... 291 Figura 49: Tipos de interações entre atores de uma RIHI e mecanismos de governança
preponderantes nas relações................................................................... 293 Figura 50: % de Empresas pesquisadas com linhas de produto para o mercado de
petróleo e gás no período 2000-2004 ...................................................... 328 Figura 51: Desenho esquemático da Estrutura Organizacional de uma RIHI genérica
................................................................................................................. 359 Figura 52: Desenho esquemático das relações entre os tipos de atores da RIHI
genérica.................................................................................................... 360 Figura 53: Relacionamento entre Atividades da Rede PETRO-RS e Produtos ......... 362 Figura 54: Representação esquemática da Rede de Inovação Horizontal Induzida –
RIHI .......................................................................................................... 366
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1
1. Apresentação
1.1. Considerações Iniciais
Dentre vários setores econômicos relevantes para o Brasil e para o mundo, um
dos que cada vez mais se destaca como estratégico é o setor de Energia. Em 2004, o
consumo mundial de combustíveis em geral cresceu acima da média dos 10 anos
anteriores (um crescimento da ordem de 4,3% sobre o ano de 2003), sendo que
aproximadamente 88% da demanda foi suprida por combustíveis fósseis. Do total do
consumo energético daquele ano, 66% foi ofertado pela Indústria de Petróleo e Gás
Natural, conforme ilustrado na Figura 1.
Matriz Energética Mundial (2004)
37%
24%
27%
6% 6% PetróleoGás NaturalCarvãoNuclearHidroelétrica
Figura 1: Matriz Energética Mundial em 2004
Fonte: BRITISH PETROLEUM (2005b).
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2
No Brasil, em 2004, o Petróleo e o Gás Natural tiveram uma participação
significativa na Matriz Energética, tendo representado, respectivamente, 39,1% e 8,9%
da oferta interna de energia, conforme demonstra o Quadro 1.
Quadro 1: Evolução da Oferta Interna de Energia no Brasil 1984 - 2004
EVOLUÇÃO DA OFERTA INTERNA DE ENERGIA - UNIDADE: 10³ tep*
IDENTIFICAÇÃO 1984 1994 2004 % em 2004 2004/1984
ENERGIA NÃO RENOVÁVEL 58.276 83.215 119.757 56,1% 106%PETRÓLEO E DERIVADOS 46.535 66.692 83.381 39,1% 79%GÁS NATURAL 2.406 5.128 18.982 8,9% 689%CARVÃO MINERAL E DERIVADOS 8.477 11.353 14.225 6,7% 68%
URÂNIO (U3O8) E DERIVADOS 857 43 3.170 1,5% 270%ENERGIA RENOVÁVEL 65.068 74.227 93.613 43,9% 44%HIDRÁULICA E ELETRICIDADE (*) 14.314 23.595 30.804 14,4% 115%
LENHA E CARVÃO VEGETAL 33.340 24.854 28.193 13,2% – 15%DERIVADOS DA CANA-DE-AÇÚCAR 15.989 22.773 28.756 13,5% 80%
OUTRAS RENOVÁVEIS 1.425 3.004 5.860 2,7% 311%TOTAL 123.343 157.442 213.370 100% 73%
(*) tep = Tonelada Equivalente de Petróleo.
Fonte: MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (2005).
O Quadro 1 mostra que houve uma inversão na matriz de energia no Brasil nas
última duas décadas. Em 1984, a oferta interna de energia renovável1 foi superior à de
energia não renovável. Entre 1984 e 2004 houve um crescimento de 106% da oferta
de energia não renovável, frente a um crescimento de 44% da oferta de energia
renovável, sendo que o maior crescimento refere-se à oferta de gás natural (689%),
alcançando 8,9% da oferta total de energia no país.
Essa ocorrência de maior participação das fontes não renováveis na matriz
energética, especialmente do petróleo e do gás natural, foi global. O pico da taxa
reservas/produção de petróleo no mundo deverá ocorrer no período 2010-2020
(LEITE, 2005), o que sugere tendências de manutenção ou crescimento do valor
1 O termo energia renovável é utilizado pelo pesquisador para explicar o Quadro 1 e refere-se à fonte de energia e não à energia propriamente dita. O termo energia renovável não seria rigorosamente correto do ponto de vista científico caso se referisse a uma forma de energia, haja vista que a segunda Lei da Termodinâmica mostra que os processos de transformação de energia em calor não são 100% reversíveis, portanto, qualquer forma de energia convertida em calor não é 100% renovável.
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médio do barril de petróleo nos próximos anos. O Quadro 2 apresenta o valor nominal
do barril de petróleo Brent no período 2000 a 2004.
Quadro 2: Valor do Barril de Petróleo Brent no período 2000-2004
Ano U$/Barril 2000 28,50 2001 24,44 2002 25,02 2003 28,83 2004 38,27
Fonte: BRITISH PETROLEUM (2005b).
Para a Indústria de Petróleo e Gás Natural, esses cenários, com preço e
demanda estáveis ou crescentes, são favoráveis para viabilizar as atividades de
Exploração e Produção (E&P) em águas ultra-profundas, como é o caso do Brasil. As
principais reservas brasileiras são offshore, localizadas em lâminas d’água entre 300 e
3.000 metros de profundidade, o que implica em grandes investimentos em bens de
capital e em serviços especializados, além de grandes desafios tecnológicos para um
amplo conjunto de cadeias fornecedoras.
Outros aspectos que sugerem atenção para a Indústria de Petróleo e Gás
Natural são: é fortemente concentrada nas empresas operadoras (no caso do Brasil
em uma empresa estatal, a PETROBRAS), com importância econômica ampla, pois,
além de ser fonte energética para praticamente todos os demais setores da economia,
é insumo para a Indústria Petroquímica, a qual também é transversal a um grande
número de setores.
Na amostra das 500 maiores empresas em faturamento da América Latina as
quatro maiores empresas são estatais de Petróleo e Gás (AMÉRICA ECONOMIA,
2005). O Quadro 3 mostra a PETROBRAS como a empresa mais lucrativa em 2004,
apesar de não ser a maior em faturamento.
Quadro 3: Lucro e faturamento das quatro maiores empresas da América Latina 2003 - 2004
Lucro Líquido (US$ Milhões)
Vendas (US$ Milhões) Empresa
2004 2003 2004 2003 PETROBRAS 6.728,00 6.159,00 40.763,00 33.181,00 PDVSA 6.600,00 3.100,00 63.200,00 46.000,00 PETRÓLEOS MEXICANOS -1.268,40 -3.718,00 69.834,00 55.726,00 PEMEX REFINATION -1.978,00 -3.222,00 28.350,00 27.420,00
Fonte dos dados: AMÉRICA ECONOMIA (2005).
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A dinâmica tecnológica dessa indústria no Brasil é marcante desde os anos
19602. A participação da PETROBRAS no desenvolvimento de tecnologia e de
fornecedores nacionais tem sido um fator relevante para a economia brasileira,
sobretudo em função das inovações resultantes de projetos de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) do CENPES (Centro de Pesquisas da PETROBRAS).
Os números projetados no Plano de negócios 2006-2010 da PETROBRAS, em
termos de valor médio anual adicionado à economia brasileira, equivalem a cerca de
10% do PIB Nacional (BARUSCO FILHO, 2005), assim distribuídos: (i) R$ 92
bilhões/ano de faturamento médio; (ii) R$ 49 bilhões/ano com a cadeia produtiva dos
gastos operacionais; e (iii) R$ 35 bilhões/ano com as cadeias produtivas dos
investimentos (correspondente aos desdobramentos das aquisições de várias cadeias
produtivas fornecedoras da estatal). A PETROBRAS projeta ainda para esse período a
ocupação anual de 160 mil postos de trabalho diretos e 502 mil postos de trabalho
indiretos, como efeito de sua atuação no Brasil (BARUSCO FILHO, 2005).
O total de investimentos diretos projetados para essa indústria no Brasil3 no
período 2006-2010 monta US$ 66,2 bilhões, dos quais a PETROBRAS deve participar
com 74% (TEIXEIRA, 2005; BARUSCO FILHO, 2005). Esses investimentos envolvem
produtos de alto valor agregado, com alto padrão tecnológico4, representando uma
oportunidade sem precedentes para as empresas nacionais fornecedoras, de várias
cadeias produtivas, haja vista a diversidade de itens demandados. Nesse contexto há
uma série de necessidades (e oportunidades) de desenvolvimento de produtos e
processos novos para o mercado mundial, cujas demandas tecnológicas já vêm sendo
tratadas por programas do CENPES, como o PROCAP 30005.
O ambiente de concorrência global no qual estão inseridas empresas
brasileiras da indústria em geral, e em especial aquelas de capital majoritariamente
Nacional que são fornecedoras da indústria de Petróleo e Gás Natural, sugere a
necessidade de esforços de catch up tecnológico em relação a fornecedores
noruegueses, ingleses, escoceses, dinamarqueses, norte-americanos, canadenses,
2 O item 5.2.1 deste trabalho descreve sinteticamente a história dessa indústria no mundo e no Brasil. 3 Dados referentes a investimentos na indústria de petróleo mundial e no Brasil podem ser vistos em http://www.iea.org, página do IEA – International Energy Agency e em http://www.prominp.com.br, página do PROMINP – Programa Nacional de Mobilização da Indústria do Petróleo. Detalhes sobre previsões de investimentos da PETROBRAS para o período 2003 – 2007 são apresentados no Capítulo 4 desta Tese. 4 O Anexo III apresenta uma relação de bens e serviços utilizados pela indústria de Petróleo e Gás Natural. No Capítulo 3 deste documento estão descritos os investimentos planejados pela PETROBRAS para o período 2003 a 2007, o que dá uma visão mais clara sobre os tipos de bens e serviços relacionados a tais investimentos. 5 PROCAP 3000 é o programa do CENPES que visa desenvolver capacitações para produção de petróleo e gás natural em lâminas d’água de até 3.000 metros de profundidade.
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entre outros6. Empresas destes países vêm fornecendo produtos para essa indústria
há vários anos, inclusive para demandas específicas de atividades de exploração e
produção em águas profundas, como no caso do Mar do Norte. Com as tendências de
queda das reservas e da produção naquela região, uma série de esforços
colaborativos envolvendo empresas, organizações de apoio e governos, vem sendo
desenvolvida para aumentar a competitividade das empresas fornecedoras daqueles
países em mercados alvo como o Golfo do México, a Costa Brasileira e a Costa da
África.
A articulação desses atores com vistas a inovações vem sendo tratada como
peça-chave para a competitividade das firmas e para o desenvolvimento econômico de
países, regiões e setores em geral. A competitividade está cada vez mais associada à
capacidade de inovação institucional, organizacional e tecnológica, desde o nível do
Estado até o nível da Firma, e em todos os setores da economia (OECD, 1997).
Em 1999, uma pesquisa promovida pela Agência Nacional do Petróleo – ANP
(ANP, 1999) já indicava que a Indústria Nacional Brasileira teria tecnologia e
capacidade produtiva e de engenharia para atender cerca de 70% da demanda por
bens e serviços para o setor de Petróleo. Esse estudo mostrava que em 1999 a
Indústria Brasileira atendia tão somente cerca de 30% dessa demanda.
Ainda em 2003, a maior parte dos suprimentos (em valor) para a PETROBRAS
nas atividades de E&P, permanecia composta direta ou indiretamente de itens
importados. Estudo de PELLEGRIN & SAMUEL (2004), baseado em dados da
PETROBRAS, aponta que mais de 50% do valor das aquisições de produtos e
contratos de serviços da PETROBRAS na região da Bacia de Campos naquele ano
eram fornecimentos diretos de empresas externas. O mesmo estudo aponta ainda que
uma parte do que é adquirido internamente (no Brasil), é realizado junto a empresas
(nacionais) de capital externo, que por sua vez utilizam recursos de suas matrizes no
exterior, como rebocadores oceânicos, barcos de apoio, ferramentas, plataformas,
equipamentos, componentes, engenharia, tecnologias, entre outros.
Esses dados sugerem a possível existência de restrições no Sistema Brasileiro
de Inovação do Setor de Petróleo, restrições essas, que teriam limitado o potencial de
inovação das firmas fornecedoras de capital nacional nas últimas décadas,
demandando a importação de tecnologias, bens e serviços externos pela Indústria
Nacional.
6 Os países Escandinavos, especialmente Noruega e Dinamarca, e do Reino Unido, especialmente Escócia e Inglaterra, têm uma indústria de Petróleo e Gás Natural bastante desenvolvida em relação atividades offshore, enquanto países como EUA e Canadá destacam-se mais pela sua indústria onshore.
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6
Diretrizes estratégicas do Governo Federal Brasileiro apontam para a
articulação de ações que visem maximizar o fornecimento a partir das firmas
nacionais, através da substituição competitiva de importações (REDE BRASIL DE
TECNOLOGIA, 2005; PROMINP, 2006)7. Nessa linha, uma série de projetos vem
sendo viabilizada a partir do Fundo Setorial CT-PETRO do MCT/FINEP, através de
financiamento de estudos e projetos específicos para o setor de Petróleo, visando
desenvolver as inovações que essa indústria demanda (REDE BRASIL DE
TECNOLOGIA, 2005).
Esses esforços são consonantes com o referencial teórico desta tese, o qual
postula que, embora o locus principal da inovação seja a empresa, os processos de
inovação tecnológica ocorrem dentro de um sistema mais amplo, envolvendo outros
atores, cujas interações são mediadas por elementos de natureza institucional. Ainda,
a viabilização econômica dos processos de inovação poderá depender de outros
atores, como governo (políticas e legislação relativas a inovações tecnológicas,
proteção dos novos entrantes nacionais, fomento, etc.) e/ou agentes financeiros, além
da capacidade de colaboração entre os próprios clientes/usuários e seus
fornecedores.
Algumas experiências no Brasil, como a da Rede PETRO-RS e a Rede Brasil
de Tecnologia (RBT) mostram caminhos possíveis para apoiar as empresas brasileiras
a buscarem competitividade internacional (VILLAVERDE et al., 2000; BALESTRO et
al., 2004; BALESTRO e PELLEGRIN, 2005). Fundamentalmente, essas iniciativas
tratam de apoiar as firmas através de ações colaborativas com os demais atores dos
Sistemas de Inovação, ações essas que tenham impacto na produtividade ou na
capacidade de inovar das empresas. São experiências públicas, privadas ou híbridas
que envolvem a coordenação e a execução de um conjunto de ações e projetos,
articulando vários atores para atuarem de forma sinérgica. Reforçam-se questões tais
como captação de informações (e oportunidades) de mercado, representação política,
relações sociais e empresariais, além da flexibilidade no uso de recursos externos,
com vantagens de redução de riscos e de custos em vários aspectos.
O caso apresentado neste trabalho, da Rede PETRO-RS, indica que o Brasil
pode fazer uso da experiência de Redes de Inovação para expandir o fornecimento
das firmas nacionais para a indústria de petróleo e para outros setores, com
competitividade em nível global.
Os resultados medidos mostram que essa rede vem potencializando as
inovações tecnológicas no Estado do Rio Grande do Sul, ao facilitar as interações
7 Mais detalhes no Capítulo 4 da tese.
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7
entre atores (firmas, Universidades, instâncias do Governo Estadual e Federal,
Unidades da PETROBRAS em outros Estados e em outros países, FINEP, SEBRAE,
entre outros), além de estar potencializando a institucionalização de novas formas de
relacionamento no tecido econômico. A PETRO-RS vem apoiando a articulação dos
atores para desenvolvimento de projetos colaborativos e para desenvolver relações
mais qualificadas entre os mesmos. Esses projetos já resultaram no desenvolvimento
de uma série de produtos novos pelas firmas do Rio Grande do Sul, além da
ampliação do número de fornecedores locais para a PETROBRAS e para o exterior.
Outras ações da PETRO-RS viabilizaram a participação de empresas do RS
em eventos, tais como missões ao exterior e exposição em feiras nacionais e
internacionais. Algumas firmas elevaram significativamente o seu faturamento para o
setor de petróleo, e muitas delas creditam parte desses resultados às ações da
PETRO-RS.
A própria constituição da Rede PETRO-RS, pode ser considerada como uma
inovação organizacional para a Indústria Nacional de Petróleo, na medida em que o
seu modus operandi foi original no país, potencializando os processos de inovação
com o desenvolvimento de ações de governança horizontais (ou simétricas)8 sobre os
elementos dos Sistemas de Inovação Nacional, Regional e Setorial envolvidos.
O modelo de organização da PETRO-RS está sendo disseminado
nacionalmente pela própria PETRO-RS, bem como pelo Ministério da Ciência e da
Tecnologia (MCT) através da Rede Brasil de Tecnologia (RBT). Essa disseminação,
que esteve como objetivo da rede desde a sua origem, é estratégica, uma vez que a
performance dos processos de inovação desenvolvidos pelos atores da PETRO-RS
depende, em grande medida, de organizações e de instituições nacionais e setoriais.
Em última análise, trata-se de uma contribuição concreta para o fortalecimento do
Sistema Brasileiro de Inovação do Setor de Petróleo, propriamente dito.
A partir dessas considerações iniciais, este Capítulo introdutório da tese
apresenta os elementos formais da pesquisa, tais como a importância do trabalho,
alguns conceitos básicos, as justificativas de natureza econômica e acadêmica, as
questões de pesquisa, seus objetivos e suas delimitações. Apresenta também, ao
final, uma descrição sobre a estrutura deste documento.
8 Por ações de governança horizontais ou simétricas entende-se a articulação dos atores compartilhando a mesma capacidade de influência (poder de decisão). Fornecedores e outros atores (laboratórios de P&D, governo, agentes financeiros e de fomento, por exemplo) articulam-se numa lógica de organização horizontal em parceria com a PETROBRAS, distinta (mas não excludente) de outras formas de organização, também exitosas, onde os esforços de desenvolvimento das cadeias de fornecimento e/ou dos parceiros de P&D partem da PETROBRAS, numa lógica top down (verticalizada e/ou assimétrica). Sobre redes horizontais e verticais (top down) ver CASAROTTO FILHO & PIRES (2001). Sobre redes simétricas e assimétricas ver GRANDORI & SODA (1995) e AMATO NETO, (2000). O item 2.3.3 deste trabalho apresenta essas formas organizacionais.
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8
1.2. Importância do trabalho
Como em tantas outras matérias, a história é fundamental para a compreensão
das atuais fronteiras do conhecimento sobre o tema da Inovação. Isso tanto no que diz
respeito à evolução dos aspectos teóricos, como em relação ao conhecimento das
experiências empíricas.
Já na edição de Alexander Hamilton dos Reports of the Secretary of the
Treasury on the Subjects of Manufactures9 (HAMILTON, 1791 apud CHANG, 2004) e
na obra The National System of Political Economy10, de Friederich List (LIST, 1885),
argumentava-se o que se comprova hoje: que os países que lograram maior sucesso
em termos de desenvolvimento industrial e econômico, desenvolvem fortemente ações
político-estruturais de suporte e fomento ao desenvolvimento de capital intelectual, de
empresas inovadoras.
“O estado presente das nações é o resultado da acumulação de descobertas,
invenções, melhorias, acertos e erros de todas as gerações que têm vivido
antes de nós; eles formam o capital intelectual atual da raça humana, e cada
nação separada é produtiva somente na proporção em que tenha
conhecimento sobre como se apropriar daqueles conhecimentos das gerações
passadas e incrementá-los pelas suas próprias competências” (LIST, 1885, p.
79).
LIST (1885) antecipou, de certa forma, as idéias sistêmicas dos estudos
contemporâneos sobre inovação, especialmente a necessidade de articulação de um
conjunto de atores, tais como Governo, firmas, agentes financeiros, organizações de
educação e treinamento, de Pesquisa e Desenvolvimento, entre outros. LIST ressaltou
a importância de elementos como a aprendizagem interativa entre usuários e
produtores, a acumulação de conhecimento, adaptação de tecnologia importada,
promoção de indústrias estratégicas, etc. Ele também colocou ênfase no papel do
Estado na coordenação e condução de políticas de longo prazo para a indústria e para
a economia de uma forma geral.
9 “Relatórios do Secretário do Tesouro sobre a Questão das Manufaturas”, original publicado nos EUA no ano de 1791. 10 “O Sistema Nacional de Política Econômica”, original publicado na Alemanha no ano de 1841.
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9
Joseph A. Schumpeter em sua obra Capitalism, Socialism and Democracy11
(SCHUMPETER, 1976), apresenta a tese do desequilíbrio inerente ao sistema
capitalista em mercados competitivos, onde os atores buscam a diferenciação como
estratégia principal para auferir ganhos de monopólio temporário, ao oferecerem novos
produtos e serviços. Essas, entre outras obras, vieram embasando o arcabouço
teórico sobre Inovação, com abordagens para o entendimento da dinâmica da
economia e da competitividade, desde o nível do Estado Nação até o nível da firma, e
suas conexões.
Na sua obra de 1942, Schumpeter já propunha que as inovações
desenvolvidas pelas firmas são o motor da economia capitalista, e que essas
inovações podem ser de diversas naturezas, por exemplo, “novos bens de consumo,
novos métodos de produção ou de transporte, novos mercados e novas formas
organizacionais que a firma capitalista cria” (SCHUMPETER, 1976, p. 83). Percebe-se
claramente em Schumpeter a preocupação com inovações de natureza
organizacional, além de inovações tecnológicas.
As contribuições teóricas de Schumpeter ganharam novo impulso, sobretudo a
partir dos anos 1980, com os economistas evolucionistas12 (NELSON & WINTER,
1982, DOSI, 1982 e 1988, entre outros) 13. Essa linha teórica reforça a idéia da
empresa como agente central da inovação através da implementação de suas
estratégias competitivas, baseada em incorporação de tecnologia e mudanças
organizacionais. Nessa abordagem as inovações são desenvolvidas a partir de um
processo interativo que envolve fatores internos e externos à firma, tanto nas fases de
geração como de difusão tecnológica (NELSON & WINTER, 1982).
Essa concepção teórica parte de uma série de críticas à teoria econômica
neoclássica. A escola evolucionista entende a concorrência não como um estado
representativo ou com tendência ao equilíbrio (visão estática e clássica), mas como
um processo dinâmico, que induz os agentes a formularem estratégias de
diversificação. Nessa visão, as estratégias vencedoras são aquelas selecionadas pelo
mercado, e o resultado são rendimentos extraordinários temporários alcançados pelas
empresas inovadoras.
No contexto analítico evolucionista, tanto o mercado como as empresas (por
suas decisões) selecionam certas estratégias que as firmas ou a estrutura de mercado
ou da indústria seguirão. Apesar de ser muito difícil predizer o sucesso de uma
inovação, é razoável supor que uma inovação de sucesso possa gerar uma situação
11 “Capitalismo, Socialismo e Democracia”. Original publicado nos EUA no ano de 1942. 12 Ou evolucionários. 13 Essa linha teórica é mais detalhada no item 2.2.2. deste Capítulo.
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10
de desequilíbrio temporário no mercado ou na indústria. Essa situação de desequilíbrio
possivelmente terá respostas por parte dos concorrentes, porém, respostas que a
priori são desconhecidas. Assim, o equilíbrio pode ser admitido como um caso (ou
acaso) particular do processo, uma característica momentânea, mas que não perdura
no longo prazo, pois a estrutura de mercado estará constantemente sujeita ao
processo competitivo, o qual resulta em desequilíbrio, potencializado pelas inovações.
A hipótese da racionalidade dos agentes econômicos é abandonada sobretudo
devido à existência de incertezas no horizonte de análise. O processo de tomada de
decisão ocorre em um ambiente onde há limitação cognitiva dos agentes, os quais
estão sujeitos também às limitações relativas à disponibilidade de informações e,
principalmente, onde há mudança estrutural constante, com grau de incerteza elevada.
Na prática, os agentes econômicos, particularmente as firmas, tem objetivos a
serem perseguidos e tomam decisões baseadas em racionalidade limitada14. Além de
existir uma diversidade entre os agentes, estes mesmos tomam decisões em
condições de informação incompleta e distinta. Normalmente as decisões são tomadas
com base em heurísticas (um conjunto de regras de rotina), ou seja, seguindo um
conjunto de procedimentos e metas, conscientes de que os objetivos não estarão
assegurados. Para os economistas da escola evolucionista essa articulação para a
tomada de decisão é, em última análise, a definição da estratégia – um processo de
busca de novas oportunidades, através de inovações, sobre o contexto tecnológico
atual ou futuro já percebido pelo agente.
Verifica-se que, neste contexto, o desenvolvimento pela firma de uma rede de
relacionamentos que lhe permita obter informações mais atualizadas e com menor
grau de incerteza sobre mercado e tecnologia, poderia significar uma redução
substancial dos riscos associados aos processos de inovação.
Essa abordagem também enfatiza que o progresso tecnológico tem
características de cumulatividade, isto é, as experiências passadas e os investimentos
já comprometidos em recursos incorrem em características de irreversibilidade ao
processo de busca de oportunidades econômicas. A busca tem também caráter
contingente em função da trajetória tecnológica atual e incorpora um elevado grau de
incerteza, pois os resultados econômicos não são conhecidos a priori, tampouco a
reação dos concorrentes.
As inovações, por sua vez, não costumam se dar exclusivamente de um só
golpe, a partir de um produto ou processo inteiramente novo. Há um desdobramento
de inovações incrementais que podem ser desenvolvidas tanto pela firma que deu
14 Sobre racionalidade limitada ver SIMON (1955 e 1979).
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11
origem à inovação (respostas a feedback dos consumidores), como pelas firmas
concorrentes, que em postura defensiva poderão buscar incorporar melhorias ao
produto original. NELSON & WINTER (1982) chamam esse processo inovativo de
“trajetória natural”, ou progresso ao longo de curvas de aprendizagem.
A partir dos anos 1980 o aprofundamento das discussões sobre os fenômenos
que envolvem a inovação trouxe consigo novos conceitos. Por exemplo, os conceitos
de trajetórias tecnológicas (path dependence), paradigmas tecnológicos, assim como o
conceito de atributos da inovação (oportunidade, cumulatividade e apropriabilidade)
destacados por DOSI (1982 e 1988), apóiam o entendimento sobre a existência de
componentes endógenos e exógenos à firma que impactam a eficácia dos seus
processos de inovação.
Também ganha novo impulso, na década de 1980, a discussão sobre a
relevância da dimensão local para a competitividade. Enquanto a apropriabilidade dos
retornos econômicos de uma firma, propiciados pela inovação, é, notadamente, um
aspecto de natureza privada, existem outros resultados ao longo dos processos de
inovação que podem ser vistos como não privados, ou quase-públicos, caracterizados
como externalidades positivas (DOSI, 1988). Na aquisição de máquinas e
equipamentos, e nos relacionamentos entre produtores e usuários de bens de capital
ou serviços normalmente ocorrem trocas de informações, comunicação de
especificações técnicas, visitas, entre outras práticas, as quais são elementos
fundamentais para os processos de inovação, mesmo que algumas vezes essas
atividades não envolvam transações financeiras ou sejam informais. Boa parte de tais
transações, também geram impostos que, de forma direta ou indireta, contribuirão
para manter e/ou desenvolver recursos (como infra-estrutura tecnológica) à disposição
das firmas. Esses fenômenos representam um conjunto estruturado de externalidades
que pode, algumas vezes, ser reconhecido como um “ativo coletivo” (LUNDVALL 1984
e 1988 apud DOSI, 1988 p. 1146) de um grupo de firmas e ou indústrias de um país
ou de uma região, ou seja, tendem a ser internalizados pelas firmas individualmente,
estando “em potencial”15 no ambiente.
Nesse sentido, PORTER (1990) apresenta a teoria de clusters como resultado
da compilação de cerca de 180 referências bibliográficas sobre a temática das
vantagens oferecidas por uma localidade à competitividade das empresas. Baseia-se
também em 34 relatórios e estudos de caso sobre clusters, conduzidos em 17
diferentes regiões do mundo, por diversos pesquisadores. Essa abordagem discute
que os ganhos de competitividade propiciados pela participação da firma em um
15 Grifo do pesquisador.
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12
cluster são fundamentados em duas grandes linhas, a saber: (i) ganhos de
produtividade; e (ii) através de inovações. O autor enfatiza a importância das
inovações, situando a discussão, fundamentalmente, no âmbito das relações externas
da firma, sem aprofundar a discussão sobre os fatores internos que permitem à
empresa alcançar e internalizar esse tipo de vantagem competitiva.
O conceito de externalidades tecnológicas (DOSI, 1988), por sua vez, apóia o
entendimento da dinâmica entre componentes endógenos e exógenos à firma. Essa,
dentre outras contribuições, vem embasando a abordagem de Sistemas de
Inovação16, a qual, sem perder a referência da firma como o locus principal da
inovação, discute aspectos sistêmicos, além das fronteiras da firma. Os primeiros
trabalhos empíricos desenvolvidos a partir da década de 1990 com essa abordagem
visavam estudos comparativos entre a competitividade de diferentes países. Formava-
se, nessa época, o arcabouço teórico sobre Sistema Nacional de Inovação17.
A abordagem de Sistemas de Inovação evoluiu também para outras dimensões
além da Nacional, a saber: Sistema Regional de Inovação18, Sistema Setorial de
Inovação19 e Sistemas Tecnológicos de Inovação20.
O desenvolvimento da abordagem de Sistemas de Inovação inspirou uma
tipologia para classificação das inovações, a qual sugere que as inovações podem ser
de três naturezas:
1. Inovações Tecnológicas: dizem respeito ao desenvolvimento de produtos (bens
e serviços) novos ou substancialmente modificados, e ao desenvolvimento de
novos materiais;
2. Inovações Organizacionais: referem-se a forma de organização do trabalho,
aos métodos e técnicas de gestão, aos modelos e processos de negócio, e a
estrutura organizacional;
3. Inovações Institucionais: dizem respeito às “regras do jogo ou condições
estruturais” (EDQUIST et al., 1998; p. 04). Podem ser subdivididas em três
grupos:
a. de natureza informal cognitiva (prioridades, crenças, cultura);
b. informal normativa (normas, valores, sistemas de autoridade, códigos
de conduta); e
16 Essa abordagem é apresentada adiante neste capítulo. 17 Ver síntese no item 2.2.4 deste capítulo. Para detalhes ver FREEMAN (1987), LUNDVALL (1992), NELSON (1993), EDQUIST et al. (1998); OECD (1999 e 2002b) e FREEMAN (2002). 18 Ver síntese no item 2.2.4 deste capítulo. Para detalhes ver COOKE (1996), COOKE & MORGAN (1998), OEA (2001), OECD (2001), CHUNG (2002) e COOKE, HEIDENREICH e BRACZYK (2004). 19 Ver síntese no item 2.2.4 deste capítulo. Para detalhes ver MALERBA (2002 e 2004). 20 Ver síntese no item 2.2.4 deste capítulo. Para detalhes ver CARLSSON & STANKIEWICZ (1995) e CARLSSON et al., (2002).
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c. formal de regulação (leis, regras formais, sanções, regulamentações,
contratos, normas técnicas, entre outras).
Esse arcabouço teórico discute que o desenvolvimento e a sustentação da
competitividade da firma, da indústria, de uma região e/ou de uma nação, passam,
necessariamente, pela existência de um ambiente local favorável ao desenvolvimento
dos fatores que impactam os processos de inovação das firmas.
Desde o modelo mais clássico utilizado para representar processos de
inovação, o modelo linear Technology Push, passando por modelos mais interativos
como o Linked Chain ou Elo de Cadeia (KLINE & ROSEMBERG, 1986), até o modelo
sistêmico (OECD, 1999), todos incluem um conjunto de atores participantes dos
processos de inovação, externos à empresa. Ganham importância, nesses contextos,
as atividades que devem ser desenvolvidas pela firma para melhor interagir com
atores externos, bem como os recursos que estão “em potencial” 21 no ambiente e que
poderão ser utilizados para alavancar sua competitividade.
Os desenvolvimentos teóricos e as pesquisas empíricas mais recentes
reforçam que dentre os fatores mais decisivos para a sustentabilidade de posições
estratégicas e para a evolução da competitividade estão o acesso e a aplicação de
novas tecnologias de produto, de processo e de gestão, bem como o desenvolvimento
de novos insumos e de novos mercados. Destacam-se as capacitações relacionais da
firma, para apropriação de conhecimento e informações e para alcançar outros
recursos externos necessários aos processos de inovação (OECD, 2002a), a partir de
interações com outros atores.
Muitos desses fatores que impactam na competitividade individual de cada
empresa podem ser impulsionados através da melhoria da qualidade nas relações
inter-firmas, assim como do aprimoramento das relações entre empresa e
organizações de apoio, como Universidades e Centros de Pesquisa, financiadores,
Governo, entre outros (OECD, 2002b; DYER & SINGH, 2004). Nessa linha POWELL,
KOPUT & DOERR-SMITH (1996) apresentam evidências de que o crescimento das
empresas está relacionado com as suas relações de rede. A absorção de
conhecimento externo depende, entre outras coisas, da rede de relações inter-
organizacionais que as empresas estabelecem.
Em paralelo com a evolução dos conceitos de Sistemas de Inovação,
discussões sobre modelos inter-organizacionais, tais como redes de inovação e redes
de cooperação ganharam espaço. Um dos aspectos mais relevantes nessa temática é
21 Grifo do pesquisador.
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o fato de que essas formas de organização vêm propiciando principalmente para
firmas de pequeno e médio porte, mesmo em países menos desenvolvidos, maiores
oportunidades para alcançar níveis superiores de competitividade, através de ações
de colaboração horizontal e vertical em suas cadeias produtivas, ou mesmo entre
diferentes setores da indústria (DEBRESSON & AMESSE, 1991; ROTHWELL, 1996;
POWELL, KOPUT e DOERR-SMITH, 1996; KUMARESAN & MIYAZAKI, 1999;
KÜPERS & PYKA, 2002; NOOTEBOOM, 2004).
O conceito de Rede de Inovação Horizontal Induzida que é proposto nesta tese
vem ao encontro dessas questões, seja a serviço da firma, enquanto mecanismo de
apoio aos seus processos de inovação, seja a serviço do Estado, enquanto
mecanismo de apoio à execução de políticas de inovação.
1.3. Justificativa
A seguir serão apresentadas as justificativas do trabalho a partir de três
diferentes prismas inter-relacionados: (i) da Academia; (ii) do País; e (iii) do Caso
selecionado.
1.3.1. Justificativa Acadêmica
As abordagens teóricas sobre inovação vêm sendo desenvolvidas com
colaborações diversas, principalmente de pesquisadores de Economia Industrial, da
Sociologia, das Engenharias e da Administração entre outras áreas do conhecimento.
Dentre vasto arcabouço teórico relacionado ao tema, destacam-se nesta tese, tópicos
da Economia e da Engenharia de Produção, a saber: (i) questões relativas aos
elementos sistêmicos do ambiente onde a firma inovadora está inserida; e (ii) questões
pertinentes aos fatores determinantes da competitividade local que impactam os
processos de inovação da firma; (iii.) questões relacionadas com o modelo
organizacional de uma rede de inovação.
Particularmente para os pesquisadores de Engenharia de Produção mais afins
com as temáticas da estratégia e da microeconomia, o estudo dos processos de
inovação e de suas interfaces apresenta-se como um tema relevante. Ele trata
diretamente de capacitações dinâmicas e da articulação de recursos internos e
externos da empresa, elementos esses que impactam na sua competitividade. São
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questões, por exemplo, sob a perspectiva de sistemas de inovação e/ou sob a
perspectiva da estratégia competitiva, relacionadas com o entendimento de “por que”
e/ou “como” a articulação de uma rede de atores distintos pode apoiar as empresas,
de forma individual e coletiva, nos seus processos de inovação.
As questões da tese associam-se ao quadro contemporâneo de pesquisa sobre
Inovação, especialmente Sistemas e Redes de Inovação. Redes de Inovação é um
campo em conformação, com contribuições de diferentes disciplinas e várias áreas do
conhecimento, sendo necessário avançar as pesquisas que contribuam teórica e
empiricamente com o mesmo (ALVAREZ, 2004). Uma das principais contribuições que
se pretende trazer com este trabalho é analisar, com certo grau de detalhamento,
porque uma Rede de Inovação, que, pode-se dizer, está no nível “meso”, pode apoiar
os processos de inovação da firma, que está no nível “micro”.
Pretende-se trazer contribuições à “Teoria da Inovação22”, tanto de cunho
conceitual como prático. Desenvolve-se, a partir do referencial teórico, um esquema
conceitual para um tipo de Rede de Inovação, a Rede de Inovação Horizontal Induzida
- RIHI, evidenciando os elementos institucionais que mediam as interações entre os
atores participantes dos processos de inovação entre outros fatores determinantes da
competitividade local. Esse esquema é analisado à luz de um Estudo de Caso e dá
origem a um modelo que é proposto para ser testado em trabalhos futuros. Também,
um conjunto de dados é levantado, tanto em entrevistas estruturadas como em
entrevistas em profundidade (semi-estruturadas), de forma a contribuir com as
pesquisas empíricas sobre o tema de Redes de Inovação.
1.3.2. Justificativa para o Brasil
Algumas questões que justificam a condução deste trabalho de pesquisa, sobre
o ponto de vista da importância nacional do tema, foram colocadas no item “1.2.
Importância do Trabalho”, neste Capítulo. Essas questões vem se tornando ainda mais
relevantes com o incremento da competição resultante da globalização e com a
aceleração dos desenvolvimentos tecnológicos, particularmente com as tecnologias da
informação e seu impacto sobre a difusão do conhecimento e da informação
propriamente dita.
22 Grifo do Pesquisador. O termo Teoria da Inovação está colocado na Tese como o conjunto ou arcabouço teórico sobre inovação, por exemplo, a abordagem evolucionista e a economia da inovação.
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O modelo conceitual de Rede de Inovação proposto é aplicável para situações
em que a localização geográfica das empresas não seja concentrada, e onde haja
diversidade tecnológica ou de setores da economia23. Este foco parece ser
particularmente interessante para o Brasil, país de dimensões continentais, onde
empresas que tenham interesses comuns possam estar geograficamente dispersas. E
em especial, atualmente, para empresas inseridas nas diversas cadeias de
fornecimento da indústria de petróleo, dadas as condições favoráveis de investimento
previstas para esse início de século nesse setor no Brasil.
O conjunto de tópicos a seguir procura sintetizar as questões que justificam
essa pesquisa, sob o prisma nacional:
O setor de petróleo e gás natural tem importância estratégica em âmbito
mundial. Essa importância se traduz, em termos econômicos, em uma
participação relevante na produção econômica mundial atual, como principal
insumo energético para praticamente todos os demais setores e, também,
como matéria-prima para a indústria petroquímica, com derivações diversas, na
química fina e farmacêutica, novos materiais, entre outras áreas;
Trata-se de uma indústria dinâmica, especialmente nos países como o Brasil,
onde as reservas concentram-se em águas ultra-profundas, o que demanda
constante investimento em novas tecnologias de produtos (bens e serviços).
O setor é intensivo em capital, sendo abastecido por cadeias de fornecimento
diversas e não exclusivas, oportunizando, em muitos casos, que as inovações
demandadas transbordem para outros setores da economia, tanto com respeito
às tecnologias de materiais, de produtos e de processos de fabricação como
também em relação à inovações na organização do trabalho, na gestão do
conhecimento e da inovação, novos modelos de negócio, melhorias na
articulação dos atores dos processos de inovação entre si e destes em relação
aos elementos institucionais determinantes da competitividade das empresas;
O estudo de modelos inter-organizacionais que contemplem a questão da
dispersão geográfica dos atores participantes parece ser relevante em países
com dimensões continentais, como o Brasil;
A atratividade desse setor no Brasil para os fornecedores internacionais,
particularmente do Reino Unido, Noruega, Dinamarca, entre outros, é
crescente, devido aos investimentos previstos no Brasil e devido à redução de
23 Esse interesse especial por Redes de Inovação com empresas geograficamente dispersas, e de diferentes setores da economia, decorre justamente da escassez de pesquisas nesses contextos, ao passo que há riqueza de referências bibliográficas sobre aglomerados (clusters) na literatura que, normalmente, referem-se a concentrações setoriais. Sobre inovação em clusters ver PORTER (1990 e 1999) e OECD (2001).
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reservas de seus países de origem, especialmente no Mar do Norte. Este fato
tende a tornar o ambiente de competição mais acirrado para as empresas
brasileiras, as quais têm potencial para atender a tais demandas; e
Pouco há escrito, de forma estruturada, a respeito dos elementos que
concorrem para a definição das possibilidades de participação de empresas
locais no fornecimento da indústria de petróleo e gás natural, seguindo a
abordagem de Sistemas e/ou Redes de Inovação24. Esta tese propõe um
conjunto de conceitos e idéias articuladas que visam explicar porque e como
uma Rede de Inovação pode contribuir para que as empresas nacionais
possam ser mais competitivas no atendimento às demandas da indústria do
petróleo e gás natural.
1.3.3. Justificativa do Estudo de Caso selecionado
Como comentado anteriormente neste Capítulo, a indústria de Petróleo no
Brasil vêm atravessando uma fase de grandes desafios e grandes avanços
tecnológicos, criando um ambiente rico em oportunidades para empresas
empreendedoras, que invistam em desenvolvimento de produtos e serviços. A
abertura do setor e a legislação atual trazem também uma nova dinâmica ao setor,
colocando as empresas nacionais em concorrência direta com as de outros países. A
fase atual pela qual passa a indústria nacional do petróleo conta ainda com a
vanguarda tecnológica da PETROBRAS em várias tecnologias relacionadas com
exploração e produção em águas ultra-profundas, refino de óleos pesados, entre
outras. Essa dinâmica do ambiente no qual estão inseridas as empresas fornecedoras
nacionais, deve perdurar ainda por pelo menos uma década25.
A experiência bastante recente de uma Rede de Inovação para essa indústria
no Brasil indica que é possível melhorar a competitividade de um conjunto de
empresas nacionais, a partir da ação de organizações inter-firma como a Rede
PETRO-RS. Com uma nova abordagem organizacional para essa cadeia de
suprimentos multi-setorial, onde a colaboração entre empresas e dessas com
organizações de apoio assume papel central, um conjunto de empresas e outros
atores do Estado do Rio Grande do Sul vêm, de forma articulada, respondendo às
24 Alguns estudos como os de Alex Tubino Dantas e os de André Furtado tratam desse tema, mas não sobre o enfoque proposto nesta pesquisa, de redes de inovação. 25 No Capítulo 4 da tese são apresentados indicadores referentes a taxa de produção sobre reservas e outras informações que apontam para um horizonte de atividades na indústria brasileira de petróleo e gás natural, pelo menos, até o ano de 2025.
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novas demandas tecnológicas e desenvolvendo inovações, aumentando sua inserção
no mercado nacional e internacional. O estudo do caso da Rede PETRO-RS visa
auxiliar o entendimento sobre “por que” uma Rede de Inovação é efetiva para apoiar
os processos de inovação das firmas nacionais em ambientes de diversidade e
dinâmica tecnológica como o que vive a indústria de petróleo no Brasil.
A opção de focalizar a pesquisa no Caso da PETRO-RS está associada
também às características particulares daquele contexto econômico, onde as
empresas estão geograficamente dispersas e pertencem a diversos setores da
indústria, o que também poderá ser o caso de outras redes PETRO que vem se
estruturando em outros Estados do país.
Procurou-se, ainda, na literatura, experiências similares à PETRO-RS no
exterior, sendo que uma viagem para visitas de referência à organizações de apoio a
empresas fornecedoras da indústria de petróleo foi realizada, envolvendo Noruega,
Dinamarca e Reino Unido. Nenhuma das organizações visitadas permite um estudo de
caso comparativo, muito embora uma série de informações colhidas seja relevante
para as análises do caso e conclusões da pesquisa.
1.4. Questão geral da pesquisa
O problema de pesquisa foi estruturado a partir da seguinte questão geral:
Por que uma Rede de Inovação pode apoiar os processos de inovação de
um grupo de empresas?
Essa questão conforma o objetivo geral e um conjunto de objetivos específicos,
apresentados adiante, que foram perseguidos pelo pesquisador durante o projeto. Ela
norteou as etapas de busca e seleção de referências bibliográficas, teóricas e
empíricas, bem como contribuiu para a definição do método de estudo de caso como
estratégia de pesquisa a ser empregada, conforme detalhado no Capítulo 3 deste
trabalho.
Trata-se de uma questão de natureza proeminentemente exploratória, inserida
em contexto teórico em conformação. A questão geral está relacionada ao
entendimento sobre os elementos determinantes e/ou de impacto sobre os processos
de inovação das empresas que possam ser mais facilmente alcançados a partir de
esforços coletivos e/ou coordenados em forma de rede. A exploração dos elementos
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teóricos associados a essa questão têm, como ponto de partida, uma pesquisa
preliminar de caráter explanatório, que serve de base para a construção de um
esquema conceitual inicial sobre Redes de Inovação, apresentado no final do Capítulo
2 da tese.
A questão geral traz embutida a necessidade de avançar também na
explanação de “como” uma rede de inovação pode apoiar os processos de inovação.
Essa questão refere-se, principalmente, às questões relacionadas com estrutura,
atividades e recursos que compõem o modus operandi de uma rede de inovação e à
participação dos diversos tipos de atores na mesma. Entretanto, a questão também
remete para os processos de inovação das empresas, o que, não necessariamente,
encontra homogeneidade, ou seja, as ações e recursos disponibilizados pela Rede de
Inovação que forem mais significantes para uma empresa não necessariamente o
serão para outra, dado que pode existir diversidade de demandas entre as empresas
da mesma rede, fruto de diferentes bases tecnológicas, mercados distintos e/ou
estratégias distintas, entre outras razões. Essa situação implica em realizar
levantamentos tanto no nível da coordenação da Rede de Inovação, como no nível
das empresas, a fim de investigar potenciais diferenças entre as unidades de análise
e, assim, caracterizar um quadro mais completo sobre o tema.
1.5. Objetivos
São os seguintes os objetivos geral e específicos do presente trabalho.
1.5.1. Objetivo Geral
O objetivo geral dessa