teoria da populaÇÃo - demografia
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População: Teorias Demográficas
Em 2003, o planeta contava com
cerca de 6,3 bilhões de habitantes. Do
início dos anos 1970 até 2003, o
crescimento da população mundial caiu
de 2,1% para 1,2% ao ano, o número de
mulheres que utilizam algum método
anticoncepcional aumentou de 10% para
50% e o número médio de filhos por
mulher (taxa de fecundidade) em países
desenvolvidos caiu de 6 para 2,7.
Ainda assim, esse ritmo continua elevado e, caso se mantenha, a população
do planeta será de 9 bilhões em 2050.
Desde a antiguidade, o crescimento populacional é tema de reflexão para
muitos estudiosos que se preocupam com o equilíbrio entre a organização da
sociedade, a dinâmica demográfica e a exploração dos recursos naturais.
Na China, há mais de mil anos, textos apontavam as vantagens do que era
considerada a quantidade ideal de pessoas para manter um hipotético equilíbrio
entre a disponibilidade de terras e a população local, indicando que o governo
deveria incentivar as migrações de zonas muito povoadas para outras com menor
densidades de ocupação. Na Grécia antiga, Platão e Aristóteles advertiram, como
fez Malthus na Inglaterra muitos séculos depois, que não seria possível aumentar
as áreas de cultivo na mesma velocidade do crescimento populacional, o que
tenderia a aumentar os níveis de pobreza e a escassez de
alimentos ao longo de sucessivas gerações.
Somente a partir do século XVIII, com o
desenvolvimento do capitalismo, o crescimento
populacional passou a ser estudado como um fato
positivo, uma vez que, quanto mais pessoas houvesse, mais consumidores também
haveria.
Nessa época, foi publicada a primeira teoria demográfica de grande
repercussão, formulada pelo economista inglês Thomas Robert Malthus (1766-
1834). Ao final da Segunda Guerra Mundial surgiu outra teoria demográfica
importante, a ―neomalthusiana‖, e, em resposta à ela, representantes dos países
subdesenvolvidos elaboraram a chamada ―teoria reformista‖, com conclusões
inversas às das duas teorias demográficas anteriores.
Conheça três teorias demográficas de destaque, surgidas a partir do século
XVIII e outros conceitos básicos sobre demografia.
Características e crescimento da população mundial: Países com mais de
100 milhões de habitantes em 1950, 2003 e 2050
Características e crescimento da população
mundial
• Países com mais de 100 milhões de habitantes em 1950, 2003 e 2050
Países com mais de 100 milhões de habitantes em 1950, 2003 e 2050*
1950 2003 2050*
Ordem País População (em milhões) Ordem País População
(em milhões) Ordem País População (em milhões)
1 China 555 1 China 1 304 1 Índia 1 531
2 Índia 350 2 Índia 1 085 2 China 1 305
3 Estados Unidos 150 3 Estados
Unidos 294 3 Estados Unidos 409
4 Rússia 103 4 Indonésia 220 4 Paquistão 349
5 Brasil 178 5 Indonésia 294
6 Paquistão 154 6 Nigéria 258
7 Bangladesh 147 7 Bangladesh 255
8 Rússia 143 8 Brasil 233
9 Japão 128 9 Etiópia 171
10 Nigéria 124 10 Rep. Dem. do Congo 152
11 México 103 11 México 140
12 Egito 127
13 Filipinas 127
14 Vietnã 118
15 Japão** 110
16 Irã 105
17 Uganda 103
18 Rússia** 101
ONU — Organização das Nações Unidas. Disponível em: <www.un.org/esa/population>. Acesso em: 14 abr. 2004. *Estimativa. **Em 2003, a população russa e japonesa apresentavam crescimento populacional negativo, o que explica a previsão de redução no contingente.
Bibliografia:
http://www.scipione.com.br/ap/ggb/unidade6_c1_a03.htm. (acesso em 20/08/2006)
Por que a população mundial está envelhecendo? Uma análise que explica o
fenômeno do envelhecimento populacional verificado nos países desenvolvidos e a
tendência de "encolhimento" populacional nessas nações. Revolução Industrial e Crescimento Demográfico : uma reflexão sobre a
importância da industrialização da sociedade no crescimento demográfico dos
países europeus entre os séculos XVIII e XIX. Taxas - Fundamentos básicos para a leitura de dados demográficos : Taxa de
natalidade, taxa de mortalidade, taxa de crescimento vegetativo, taxa de
fecundidade, taxa de mortalidade infantil.
Teoria de Malthus : a mais famosa teoria demográfica, suas concepções,
reflexões e considerações.
Teoria neomalthusiana: teoria que, embora com postulados totalmente diferentes
daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma conclusão.
Teoria reformista (marxista) : teoria elaborada em resposta aos malthusianos,
que chega à conclusão inversa às teorias malthusianas, e muito mais adequada aos
interesses terceiro-mundistas.
Por que a população está envelhecendo?
A partir da Segunda Guerra, os avanços na ciência médica – principalmente
a descoberta dos antibióticos – aliados à urbanização causaram uma grande queda
nas taxas de mortalidade, mesmo em países pobres. O crescimento vegetativo
aumentou em todo o planeta até a década de 1970. A partir desse período, as
taxas de mortalidade – em condições normais, excluindo-se, portanto, os países
que sofreram guerras, epidemias ou grandes desastres – tenderam a estabilizar-se
em níveis próximos a 0,6% nos países desenvolvidos e
a continuar apresentando pequenas quedas nos países
subdesenvolvidos.
Em alguns países desenvolvidos, as alterações
comportamentais criadas pela urbanização e a melhoria
do padrão de vida causaram uma queda tão acentuada
dos índices de natalidade que, em alguns anos, o índice
de crescimento vegetativo chegou a ser negativo. Nos
países subdesenvolvidos, de forma geral, embora as
taxas de natalidade e de mortalidade venham declinando, a do crescimento
vegetativo continua elevada, acima de 1,7% ao ano.
Atualmente, o que se verifica na média mundial é uma queda dos índices de
natalidade e mortalidade, embora em alguns países as taxas ainda se mantenham
muito elevadas. Essa queda está relacionada principalmente ao êxodo rural (saída
de pessoas do campo em direção às cidades) e suas conseqüências no
comportamento demográfico, como:
Maior custo para criar os filhos: é mais caro e difícil criar filhos na
cidade, pois é necessário adquirir maior quantidade de alimentos básicos,
que não são mais cultivados pela família. Além disso, o ingresso dos
dependentes no mercado de trabalho urbano costuma acontecer mais tarde
que no campo, e as necessidades gerais de consumo – com vestuário,
lazer, medicamentos, transportes, energia, saneamento e comunicação –
aumentam substancialmente.
. Acesso a método anticoncepcionais: no meio urbano, as pessoas
passaram a residir próximo a farmácias, hospitais e postos de saúde,
tomando contato com a pílula anticoncepcional, os preservativos, os
métodos de esterilização, entre outros métodos contraceptivos.
. Trabalho feminino extradomiciliar: no meio urbano, aumenta
sensivelmente o percentual de mulheres que trabalham fora e
desenvolvem carreira profissional. Para essas mulheres, sucessivas
gravidezes acarretam queda no padrão de vida e comprometem sua
atividade profissional.
. Aborto: por ser uma ação ilegal na maioria dos países, os índices de
abortos clandestinos são desconhecidos. Sabe-se, porém, que a
urbanização elevou bastante a sua ocorrência, contribuindo para uma
queda da natalidade.
. Acesso a assistência médica, saneamento básico e programas de
vacinação: nas cidades, a expectativa de vida é maior que no campo.
Portanto, com a urbanização, principalmente nos países subdesenvolvidos,
caem as taxas de mortalidade. Mas isso não significa que a população
esteja vivendo melhor. Em muitos casos, está apenas vivendo mais.
. A partir da Segunda Guerra, os avanços na ciência médica –
principalmente a descoberta dos antibióticos – aliados à urbanização
causaram uma grande queda nas taxas de mortalidade, mesmo em países
pobres. O crescimento vegetativo aumentou em todo o planeta até a
década de 1970. A partir desse período, as taxas de mortalidade – em
condições normais, excluindo-se, portanto, os países que enfrentaram
guerras, epidemias ou grandes desastres – tenderam a estabilizar-se em
níveis próximos a 0,6% nos países desenvolvidos e a continuar
apresentando pequenas quedas nos países subdesenvolvidos.
Em alguns países desenvolvidos, as alterações comportamentais
criadas pela urbanização e a melhoria do padrão de vida causaram uma
queda tão acentuada dos índices de natalidade que, em alguns anos, o
índice de crescimento vegetativo chegou a ser negativo. Nos países
subdesenvolvidos, de forma geral, embora as taxas de natalidade e de
mortalidade venham declinando, a de crescimento vegetativo continua
elevada, acima de 1,7% ao ano.
Bibliografia: MOREIRA, J.C. SENE, Eustáquio. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo : Scipione, 2005. p.435.
Revolução Industrial e Crescimento
Demográfico
Calcula-se que, neste início do século XXI, a cada ano, mais de 80 milhões
de pessoas passem a habitar a Terra, uma população equivalente à da Alemanha.
Esses novos seres humanos concentram-se principalmente na África, na Ásia e na
América Latina. Justamente nessas regiões estão situados os países que
apresentam os maiores índices de crescimento demográfico do mundo.
No decorrer da
história da humanidade,
de modo geral, o ritmo de
crescimento populacional
foi lento. A natalidade
elevada era acompanhada
pela mortalidade quase
na mesma proporção. A
fome, as epidemias e as
catástrofes naturais
chegavam a dizimar
povos inteiros.
Peste Negra na Idade Média
Foi a partir dos
séculos XVII e XVIII que
o crescimento da
população acelerou-se.
Inicialmente, foi um
fenômeno restrito à
Europa, decorrente das
transformações no modo
de vida trazidas pela
Revolução Industrial.
A Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, teve forte repercussão na
organização socioespacial: houve intenso processo de migração do campo para a
cidade, além de mudanças de hábitos e novas relações de trabalho. As condições
de vida nas áreas industriais eram inicialmente precárias, mas aos poucos
ocorreram melhorias sanitárias significativas, e a população urbana passou a ter
acesso a serviços de saúde. A Revolução Industrial, enfim, não foi apenas uma
transformação no modo de produzir mercadorias, mas uma transformação
tecnológica e científica que atingiu todas as áreas do conhecimento, entre elas a
medicina.
A solução de problemas sanitários
e o avanço da medicina contribuíram para
a diminuição da mortalidade infantil e da
mortalidade da população em geral.
A elevação da expectativa de vida levou
ao aumento do número de habitantes nos
países que primeiramente se
industrializaram.
A vacina contra a varíola foi a A VARÍOLA
descoberta médica mais importante para o
crescimento populacional entre o final do
século XVIII e o início do século XIX. Graças
a ela e a outros fatores, as taxas de
mortalidade se reduziram, e a natalidade
permaneceu por longo tempo (cerca de 100
anos) em patamares elevados.
Outros fatores são considerados
responsáveis pela aceleração do crescimento
populacional dos países industrializados
europeus do século XIX, como a utilização
generalizada do trabalho infantil nesse
período, que pode ter estimulado o aumento
do número de filhos para elevar a renda
familiar. Assim, o crescimento populacional
seria resultado não apenas da diminuição da
mortalidade, mas também do aumento da
natalidade.
Trabalho infantil e feminino em indústria têxtil
. Países mais populosos em 2003
país população (em milhões)
1 China 1304 2 Índia 1065 3 Estados Unidos 294 4 Indonésia 220 5 Brasil 178 6 Paquistão 153
Classificada como uma das enfermidades mais devastadoras da humanidade, a varíola foi considerada erradicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1980. No entanto, a doença voltou às manchetes de jornais em virtude da suposição de que ela pudesse ser utilizada como arma biológica.
Acredita-se que a varíola tenha surgido há mais de três mil anos, provavelmente na Índia ou no Egito. De lá para cá, ela se espalhou pelo mundo, causou inúmeras epidemias, aniquilou populações inteiras (como diversos povos indígenas brasileiros) e mudou o curso da história. Marcas causadas pela doença foram encontradas na face da múmia do faraó Ramsés II. A doença atingiu também personagens importantes da história ocidental, como a rainha Maria II, da Inglaterra, o rei Luiz I, da Espanha, o imperador José I, da Áustria, e o rei Luiz XV, da França.
O vírus da varíola pertence à mesma família dos vírus causadores de doenças próprias do gado bovino (a varíola bovina) e de outros animais.
No dia 14 de maio de 1796, o médico inglês Edward Jenner retirou pequena quantidade de sangue das mãos de uma camponesa que havia sido infectada com o vírus bovino e o inoculou em um garoto de oito anos. Com o tempo, constatou-se que a criança havia se tornado imune à varíola. Jenner realizou esse experimento após observar que pessoas antes infectadas com o vírus da varíola bovina (bem mais branda) nunca manifestavam a varíola humana: estava descoberta a vacina contra a enfermidade. A descoberta de Jenner mudou a história da imunologia – a própria palavra vacina vem do latim vaccinus, de vacca (vaca). (FERREIRA, Pablo. Assessoria de Imprensa da Fiocruz,
http://www.fiocruz.br/ccs/glossario/variola.htm - acesso em 24/03/2004 - adaptado ) in LUCCI, Elian Alabi ett all. Território e sociedade no mundo globalizado – geografia geral e do Brasil. São Paulo : Saraiva, 2005. p.316.
Bibliografia: LUCCI, Elian Alabi ett all. Território e sociedade no mundo globalizado – geografia geral e do Brasil. São Paulo : Saraiva, 2005. p.31
Taxas Demográficas - Fundamentos básicos
.
1 -Taxa de natalidade
Número de nascidos vivos* em um ano por mil
habitantes. É a relação entre os nascimentos anuais e a
população total, expressa por mil habitantes.
. *não incluiu os natimortos . Exemplo: .
Nascimentos anuais: 775.000 População total: 55.173.000 habitantes Taxa de natalidade:
775.000 x 1000 = 14%o
55.173.000 .
Taxa de natalidade é 14%o ou 14/1000 (lê-
se catorze crianças nascidas vivas para cada grupo de mil habitantes num ano) .
??
0/00 ??
.
Expressa-se o resultado anterior assim: 1,4% = "Hum vírgula
quatro por cento" .
2 -Taxa de mortalidade
Número de óbitos em um ano por mil habitantes. É
calculada a partir da relação entre óbitos anuais, multiplicados
por mil, e a população. Exemplo:
.
Óbitos anuais: 335.000 População total: 55.173.000 habitantes Taxa de mortalidade:
335.000 x 1000 = 6%o
55.173.000 .
Taxa de mortalidade é 6%o ou 6/1000 (lê-se
seis pessoas morreram para cada grupo de mil
habitantes num ano) .
.
Expressa-se o resultado anterior assim: 0,6% = "Zero vírgula seis
por cento"
As taxas de natalidade e de mortalidade são
expressas em porcentagem. Assim, baseando-se nos dados dos
exemplos acima (14%o e 6%o), concluímos que a:
taxa de natalidade = 1,4% / taxa de mortalidade =
0,6%. ..
3 -Taxa de crescimento vegetativo
Diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de
mortalidade. Conforme exemplos de taxas de natalidade e
mortalidade anteriores, subtraímos a menor da maior assim:
.
Taxa de natalidade: 14%o Taxa de mortalidade: -6%o Crescimento vegetativo: 8%o
Crescimento vegetativo: 8%o ou 8%
Obs: a taxa de crescimento vegetativo é também denominada taxa de crescimento natural. Assim,
baseando-se no resultado do exemplos acima
concluímos que o crescimento vegetativo é de
0,8%.
. 4 -Taxa de fecundidade
Número médio de filhos por mulher em idade de procriar,
ou seja, entre 15 e 49 anos.
A taxa de fecundidade da mulher brasileira caiu de 6,28
filhos, em 1960, para 2,38 filhos, em 2000. Nas famílias mais
pobres, a queda da fecundidade está muito relacionada à
esterilização. As mulheres pobres têm dificuldade de acesso a
informações e a serviços de contracepção, e muitas vezes
acabam optando pela esterilização logo após o primeiro parto.
Em 1970 a mulher brasileira tinha, em média, 5,8
filhos. Trinta anos depois, esta média era de 2,3 filhos.
No mundo, no final do século XX, a taxa de fecundidade
era de 2,9 filhos por mulher, Nos países mais desenvolvidos
esta taxa era de 1,5, e nos países menos desenvolvidos, em
torno de 3,2.
Segundo a ONU, a taxa média de fecundidade
necessária para a reposição da população é de 2,1 filhos por
mulher. Os dados da tabela a seguir mostram que, enquanto
em muitos países essa taxa supera esse valor, em outros ela é
inferior. Nesses casos, ou esses países incentivam a natalidade
(caso dos Países Baixos, que na década de 1990 estava com
crescimento populacional negativo) e aceitam a entrada de
imigrantes (caso da Itália), ou suas populações tendem a
diminuir, como mostram projeções da ONU para 2050.
Taxa de crescimento populacional
Países Taxa de crescimento da população entre 2000 e 2005 (% ao ano)
Taxa de fecundidade
Somália 4,2 7 Afeganistão 3,9 7 Arábia Saudita 2,9 5 Paraguai 2,4 4 Índia 1,5 3 Brasil 1,2 2 Estados Unidos 1,0 2 China 0,7 2 Países Baixos 0,5 2 Alemanha 0,1 1 Itália -0,1 1 Rússia -0,5 1
ONU: Divisão de Estatísticas. Disponível em http://unstats.um.org. Acesso em: 14 abr. 2004. Divisão de estatísticas do Banco Mundial. Disponível em http://devdata.worldbank.org. Acesso em 14 abr. 2004.
. Leia mais em http://www.ibge.gov.br/ibgeteen/pesquisas/fecundidade.html .
Bibliografia: LUCCI, Elian Alabi ett all. Território e
sociedade no mundo globalizado – geografia geral e do Brasil. São Paulo : Saraiva, 2005. p.315. Bibliografia: MOREIRA, J.C. SENE, Eustáquio. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo : Scipione, 2005. p.434.
Teoria de Malthus
Em 1798,
Malthus publicou
seu Ensaio sobre
a população, no
qual desenvolveu
uma teoria
demográfica que se apoiava
basicamente em dois
postulados:
1) crescimento da
população;
2) produção de
alimentos.
A população, se não ocorrerem guerras, epidemias, desastres naturais,
etc., tenderia a duplicar a cada 25 anos. Ela cresceria, portanto, em progressão
geométrica (2, 4, 8, 16, 32...) e constituiria um fator variável, que cresceria sem
parar.
O crescimento da produção de alimentos ocorreria apenas em
progressão aritmética (2, 4, 6, 8, 10...) e possuiria certo limite de produção,
por depender de um fator fixo: a própria extensão territorial dos continentes.
Ao considerar esses dois postulados, Malthus concluiu que o ritmo de
crescimento populacional seria mais acelerado que o ritmo de crescimento da
produção de alimentos (progressão geométrica versus progressão aritmética).
Previu também que um dia as possibilidades de aumento da área cultivada
estariam esgotadas, pois todos os continentes estariam plenamente ocupados pela
agropecuária e, no entanto, a população mundial ainda continuaria crescendo.
Conseqüências da dinâmica demográfica malthusiana:
A conseqüência disso seria a fome, ou seja, a falta de alimentos para
abastecer as necessidades de consumo do planeta, e as mortes, doenças, guerras
civis, disputas por territórios, etc.
Proposta de Malthus:
Para evitar esse flagelo, Malthus, que além de economista era pastor da
Igreja Anglicana, na época contrária aos métodos anticoncepcionais, propunha que
as pessoas só tivessem filhos se possuíssem terras cultiváveis para poder alimenta-
los.
Falhas da teoria de Malthus:
Hoje, verifica-se que suas previsões não se concretizaram: a população do
planeta não duplicou a cada 25 anos, e a produção de alimentos se acelerou graças
ao desenvolvimento tecnológico. Mesmo que se considere uma área fixa de cultivo,
a quantidade produzida aumentou, uma vez que a produtividade (quantidade
produzida por área; toneladas de arroz por hectare, por exemplo) também vem
aumentando ao longo das décadas.
Por que Malthus errou?
Essa teoria, quando foi elaborada, parecia muito consistente. Os erros de
previsão estão ligados principalmente às limitações da época para a coleta de
dados, já que Malthus tirou suas conclusões partindo da observação do
comportamento demográfico em uma determinada região, com população
predominantemente rural, e as considerou válidas para todo o planeta no
transcorrer da história, sem considerar os progressos técnicos advindos da natural
evolução humana. Não previu os efeitos decorrentes da urbanização na evolução
demográfica e do progresso tecnológico aplicado à agricultura.
Reflexões finais
Desde que Malthus apresentou
sua teoria, são comuns os
discursos que relacionam de
forma simplista a ocorrência
da fome no planeta ao
crescimento populacional. A
fome que castiga mais da
metade da população mundial
é resultado da má distribuição
da renda e não da carência na
produção de alimentos. Nos
primeiros anos do século XXI,
a produção agropecuária
mundial era suficiente para
alimentar cerca de 9 bilhões de
pessoas, enquanto a população
do planeta era pouco superior
a 6 bilhões. A fome existe
porque as pessoas não
possuem o dinheiro necessário
para suprir suas necessidades
básicas, fenômeno este
facilmente observável no
Brasil, onde, apesar do enorme
volume de alimentos
exportados e de as prateleiras
dos supermercados estarem
sempre lotadas, a panela de
muitos trabalhadores
permanece vazia ou sua
alimentação é muito mal
balanceada.
.
.
.
.
Nesta foto, crianças vasculham um lixão em busca de alimento e objetos que possam vender por uns poucos trocados.
Bibliografia: MOREIRA, J.C. SENE, Eustáquio. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo : Scipione, 2005. p.431.
Teoria Neomalthusiana
Com o fim da Segunda Guerra, foi
realizada uma conferência de paz em 1945,
em São Francisco (Estados Unidos), que deu
origem à Organização das Nações Unidas
(ONU). Na ocasião, foram discutidas
estratégias de desenvolvimento, para evitar a
eclosão de um novo conflito militar em escala
mundial. Havia apenas um ponto de consenso
entre os participantes: a paz depende da
harmonia entre os povos e, portanto, da
diminuição das desigualdades econômicas no
planeta. Assim sendo, como explicar e, mais
difícil ainda, enfrentar a questão da miséria
nos países subdesenvolvidos?
Por que os países desenvolvidos defendem o neomalthianismo?
Esses países (subdesenvolvidos) buscaram
identificar a raiz de seus problemas na colonização
de exploração realizada em seus territórios e na
desigualdade das relações comerciais que
caracterizaram o colonialismo e o imperialismo. Por
isso, passaram a propor amplas reformas nas
relações econômicas, em escala planetária, que
diminuiriam as vantagens comerciais e, portanto, o
fluxo de capitais e a evasão de divisas dos países
subdesenvolvidos em direção aos desenvolvidos (o
que não é vantajoso para estes últimos).
Qual foi a solução dos países desenvolvidos?
Neste contexto histórico, foi formulada a teoria demográfica
neomalthusiana, uma tentativa de explicar a ocorrência da fome e do atraso nos
países subdesenvolvidos. Ela é defendida por setores da população e dos governos
dos países desenvolvidos – e por alguns setores dos países subdesenvolvidos – com
o intuito de se esquivarem das questões econômicas.
Segundo essa teoria, uma numerosa população jovem, resultante das
elevadas taxas de natalidade verificadas em quase todos
os países subdesenvolvidos, necessitaria de grandes
investimentos sociais em educação e saúde. Com isso,
sobrariam menos recursos para serem investidos nos
setores agrícola e industrial, o que impediria o pleno
desenvolvimento das atividades econômicas e, conseqüentemente, da melhoria das
condições de vida da população.
Ainda segundo os neomalthusianos, quanto maior o número de habitantes
de um país, menor a renda per capita e a disponibilidade de capital a ser distribuído
pelos agentes econômicos.
Hum... está parecendo que já assisti esse filme...
Verifica-se que essa teoria, embora com postulados totalmente diferentes
daqueles utilizados por Malthus, chega à mesma conclusão: o crescimento
populacional é o responsável pela ocorrência da miséria.
Propostas para reduzir a pobreza, segundo os neomalthusianos.
Seus defensores passam a propor, então, programas de controle da
natalidade nos países subdesenvolvidos mediante a
disseminação de métodos anticoncepcionais. É uma tentativa
de enfrentar os problemas socioeconômicos partindo
exclusivamente de posições contrárias à natalidade, e ainda
acobertar os efeitos danosos dos baixos salários e das
péssimas condições de vida que vigoram nos países subdesenvolvidos, apenas com
base em uma argumentação demográfica.
Além do mais, afirmar que os países subdesenvolvidos desperdiçam em
investimentos sociais um dinheiro que deveria ser destinado ao setor produtivo é
uma conclusão bastante simplista.
Bibliografia: MOREIRA, J.C. SENE, Eustáquio. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo : Scipione, 2005. p.432.
Teoria Reformista (ou marxista)
Na mesma época em que foi criada a teoria neomalthusiana,
representantes dos países subdesenvolvidos elaboraram, em resposta, a teoria
reformista (ou marxista), que chega a uma conclusão inversa à das duas teorias
demográficas anteriores.
População jovem e numerosa é atraso socioeconômico?
Uma população jovem numerosa, em virtude de elevadas taxas de
natalidade, não é causa, mas conseqüência do subdesenvolvimento. Em países
desenvolvidos, marcados por um elevado padrão de vida
da população, o controle da natalidade ocorreu de
maneira simultânea à melhoria da qualidade de vida da
população, além de ter sido passado espontaneamente
de uma geração para outra à medida que foram se
alterando os modos e os projetos de vida das famílias,
as quais, em geral, passaram a ter menos filhos ao longo do século XX. Uma
população jovem numerosa só se tornou empecilho ao desenvolvimento das
atividades econômicas nos países subdesenvolvidos porque não foram realizados
investimentos sociais, principalmente em educação e saúde.
Investimentos sociais são fatores de atraso?
Essa situação gerou um imenso contingente
de mão-de-obra sem qualificação, que
continuamente ingressa no mercado de trabalho.
Tal realidade tende a rebaixar o nível médio de
produtividade por trabalhador e a empobrecer
enormes parcelas da população desses países. É
necessário o enfrentamento, em primeiro lugar, das questões sociais e
econômicas para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio.
Quando o cotidiano familiar transcorre
em condições miseráveis e as pessoas não têm
consciência das determinações econômicas e
sociais às quais estão submetidas, vivendo de
subempregos, em submoradias e
subalimentadas, como esperar que elas
estejam preocupadas em gerar menos filhos?
Argumentos à favor da teoria reformista
Para os defensores dessa corrente, a tendência
de controle espontâneo da natalidade é facilmente
verificável ao se comparar a
taxa de natalidade entre as
famílias brasileiras de classe
baixa e as de classe média. À
medida que as famílias obtêm condições dignas de vida
– educação, assistência médica, acesso à informação,
etc. -, tendem a ter menos filhos.
Os investimentos em educação são fundamentais para a melhoria de todos os
indicadores sociais. No mundo inteiro, quanto maior a escolaridade da mulher,
menor tende ser o número de filhos e também menor a taxa de mortalidade
infantil (importante indicador de qualidade de vida).
Essa teoria, enfim, é a mais realista, por analisar os problemas
econômicos, sociais e demográficos de forma objetiva, partindo de situações reais
do dia-a-dia das pessoas.
Bibliografia: MOREIRA, J.C. SENE, Eustáquio. Geografia Geral e do Brasil: espaço geográfico e globalização. São Paulo : Scipione, 2005. p.433.