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TECNOLOGIA MICORRÍZICA PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE
ESPÉCIES FLORESTAIS COM POTENCIAL PARA REFLORESTAMENTO
NATÁLIA MIRELLY FERREIRA DE SOUSA
RECIFE
MARÇO/2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE MICOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOLOGIA DE FUNGOS
TECNOLOGIA MICORRÍZICA PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES
FLORESTAIS COM POTENCIAL PARA REFLORESTAMENTO
RECIFE
MARÇO/2014
NATÁLIA MIRELLY FERREIRA DE SOUSA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Biologia de Fungos do
Departamento de Micologia do Centro de Ciências
Biológicas da Universidade Federal de
Pernambuco, como parte dos requisitos para a
obtenção do título de Mestre em Biologia de
Fungos.
Área de Concentração: Micologia Aplicada
Orientadora: Drª. Elaine Malosso
Co-orientadora: Drª. Uided Maaze Tiburcio
Cavalcante
Catalogação na Fonte:
Bibliotecário Bruno Márcio Gouveia, CRB-4/1788
Sousa, Natália Mirelly Ferreira de
Tecnologia micorrízica para produção de mudas de espécies florestais com potencial
para reflorestamento/Natália Mirrelly Ferreira de Sousa. – Recife: O Autor, 2015.
78 f.: il.
Orientadores: Elaine Malosso, Uided Maaze Tiburcio Cavalcante
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. Centro
de Ciências Biológicas. Pós-graduação em Biologia de Fungos, 2015.
Inclui referências
1. Fungos 2. Fungos do solo 3. Micorriza 4. Reflorestamento I. Malosso, Elaine (orient.) II. (coorient.) III. Título.
579.5 CDD (22.ed.) UFPE/CCB-2015-116
TECNOLOGIA MICORRÍZICA PARA PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES
FLORESTAIS COM POTENCIAL PARA REFLORESTAMENTO
NATÁLIA MIRELLY FERREIRA DE SOUSA
Data da defesa: 07.03.2014
Aprovada
COMISSÃO EXAMINADORA
MEMBROS TITULARES
_____________________________________________________________________
Elaine Malosso – (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
_____________________________________________________________________
Dr. Dário Primo
Departamento de Energia Nuclear
_____________________________________________________________________
Drª. Rejane Jurema Mansur Custódio Nogueira
Universidade Federal Rural de Pernambuco
Aos meus pais e amigos.
Ao milagre da vida e seus caminhos.
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me concedido a oportunidade de vivenciar a experiência de fazer
e completar o Curso de Pós-graduação em Biologia de Fungos.
Aos meus pais Isabel Cristina Ferreira de Sousa e Severino Ramos de Souza
pelo amor, carinhos, e cuidados a mim dedicado, por terem alimentado minha vontade
de torna-me Mestre e terem estado ao meu lado nessa busca.
Aos grandes amigos Camilla Maciel, Thiago Dantas, Débora Bittencourt, Raissa
Vila Nova Dione Ventura, Ingrid Lino, Lua Lino, Raquel Romana, Fred e Raul Brainer,
Sueny Silva, Isabelle Albuquerque, Priscila Nogueira, Guilherme Cavazzani, por
surgirem e se tornarem importantes em minha vida e hoje serem responsáveis por muito
do que sou, e por terem me estendido os braços, cedidos os ouvidos, me acolhido e
aconselhado, me descontraindo e serem as pessoas maravilhosas que são além de ótimos
companheiros de Vida.
A minha orientadora, Professora Elaine Malosso pela oportunidade, incentivo,
confiança e apoio.
A minha grande e querida amiga por ter me instruindo, aconselhando, sendo uma
irmã de coração, Danielle Karla, muito obrigada por tudo.
As Doutoras Indra Escobar e Vilma Santos, pela ajuda nas atividades no
laboratório e carinhos dedicados a equipe do laboratório de micorrizas.
À Renata Souza por ser ótima amiga e companheira de estudos, pesquisas e
também da vida.
Ao pessoal do SAF (CCB), pela amizade, carinho com a terra, amor à natureza,
cuidados com o nosso futuro e do próximo, muito obrigada pelos ensinamentos diários e
por compartilharmos de um interesse comum, perpetuação da natureza.
A alguns grandes professores do CCB que me direcionaram na vida acadêmica,
me instruíram, me muniram de censo crítico e são em grande parte responsáveis pela
aluna e futura profissional que sou.
A Profª. Leonor Costa Maia e Uided Cavalcante, pelos incentivos e
ensinamentos.
A todos os colegas do Departamento de Micologia, em especial Rafael Vilela,
Diogo Xavier, Pamella Ximenes, Daniela Buonafina, Sérgio Mendes, Inácio Pascoal a
todos os amigos e colegas que estiveram presentes na vida me fazendo vencer e dar
mais esse grande passo, muito obrigada.
RESUMO GERAL
A Mata Atlântica sofre intensas pressões antrópicas que têm posto em risco sua
capacidade de prover importantes serviços ecossistêmicos. Atualmente, mais de 90% da
área de abrangência dessa floresta foi devastada e atividades de recuperação têm sido
incentivadas utilizando, no reflorestamento, espécies nativas que se apresentem
resistentes e com capacidade para superar estresses pós transplantio. Diante disso, para
testar a hipótese de que espécies florestais (pau-brasil-Caesalpinia echinata, moringa-
Moringa oleífera e pau-ferro-Libidibia ferrea) de diferentes estágios de sucessão são
beneficiadas com a micorrização com incrementos no crescimento e captação de CO2,
objetivou-se determinar os efeitos da associação com FMA no crescimento de mudas de
espécies utilizadas no reflorestamento da Mata Atlântica. Três experimentos foram
conduzidos em telado em delineamento inteiramente casualizado em arranjo fatorial.
Para pau-brasil e moringa, os tratamentos foram (2×3): adubação (com ou sem resíduo
verde (5%) resultante da compostagem de troncos de árvores), controle sem inoculação-
FMA Nativos (NI), inoculados com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e Acaulospora
longula (Al) e 8 repetições. Para pau-ferro (2×4): plantas Diplóides e Tetraplóides e os
tratamentos (Controle absoluto - solo desinfestado e não inoculado); Controle relativo-
FMA Nativos (solo não desinfestado e não inoculado), inoculação com Ce ou Al, com 8
repetições. No solo foram determinados: diversidade e infectividade; taxa de
colonização e número de glomerosporos (antes e ao final dos experimentos); biometria
das plantas, área foliar, biomassa fresca da parte aérea e da raiz; teor nutricional, trocas
gasosas e eficiência fotossintética. Foram registradas 32 espécies de FMA e potencial
médio de infectividade de 33 propágulos cm3 solo
-1. No solo sem resíduo, mudas de
pau-brasil associadas a Ce, tiveram maior área foliar (62,65 cm2) que os demais FMA;
com exceção da matéria fresca da raiz, as demais variáveis de crescimento apresentaram
maiores valores com a adição de resíduo; a assimilação de CO2 (A: 4,99 umolCO2 m-2
.s-
1) e eficiência do uso de água (EUA: 4,17 umol.mmol
-1) foram mais elevadas nas mudas
cultivadas em solo e associadas a Ce do que nos demais tratamentos com FMA
enquanto no solo com resíduo os FMA nativos contribuíram para aumentar a A (4,24
umolCO2 m-2
.s-1
) e EUA (4,00 umol.mmol-1
); o número de glomerosporos não foi
alterado enquanto a colonização por Ce foi estimulada pela adição do resíduo. Para a
moringa, a adição de resíduo contribuiu para o aumento do diâmetro do caule (5,84-5,69
mm2) e matéria fresca (7,76-9,03 g) e seca (3,85-3,54 g) da parte aérea em todos os
tratamentos com FMA enquanto reduziu a produção de raízes nas mudas associadas a
Ce (4,09 g); no solo a inoculação com FMA introduzidos contribuiu para o aumento nas
trocas gasosas Ce (A:12,24 umolCO2 m-2
.s-1
; E:7,59 mmol.m-2
.s-1
; gs: 0,04 molm-1
.s-1
).
Al (A:10,33 umolCO2 m-2
.s-1
; E:6,99 mmol.m-2
.s-1
; gs: 0,15 molm-1
.s-1
) enquanto
reduziu a eficiência no uso da água (Al: 1,47 umol.mmol-1
; Ce: 1,66 umol.mmol-1
) em
relação aos FMA nativos. Plantas diploides de pau-ferro foram beneficiadas pela
inoculação de forma semelhante quando associadas aos FMA nativos e introduzidos; as
tetraploides tiveram maior área foliar (18,69 cm2) com a inoculação com Al em relação
a Ce. As taxas de assimilação de CO2 (7,67 umolCO2 m-2
.s-1
) e transpiração (2,26
mmol.m-2
.s-1
) foram maiores nas plantas diploides associadas a Ce e a atividade
fotossintética foi similar, independentemente da ploidia. Assim, recomenda-se para a
produção de mudas de estágio de sucessão primário (moringa) e secundário tardio (pau-
brasil) a combinação de resíduo orgânico em solo não esterilizado com alta diversidade
de FMA. Plantas de estágios iniciais de sucessão aproveitam mais os benefícios da
associação com FMA do que as de estágio sucessionais superiores. Plantas tetraploides
de pau-ferro aproveitam mais dos recursos fotossintéticos decorrentes da associação
com os FMA do que as diploides.
Palavras-chave: Caesalpinia, Libidibia, Moringa, benefícios da micorrização,
atividade fotossintetica
ABSTRACT
The marjoritary of the Atlantic Forest area was devastated, due to environmental
pressures on, endangering their ability to provide important ecosystem services.
Therefore, reforestation activities are encouraged by planting species that have strength
and ability to overcome environmental stresses after transplanting, characteristics
determined by the association with AMF. This study aimed to determine the effects of
AMF inoculation on the development of species seedlings used in reforestation of the
Atlantic Forest. Plants were inoculated with the AMF, Claroideoglomus etunicatum e
Acaulospora longula. Caesalpinia echinata e Moringa oleifera (tested for fertilization)
and Libidibia ferrea (the two ploidy levels). Three experiments were conducted in a
greenhouse in a completely randomized design in a factorial arrangement. For Brazil-wood and
moringa, treatments were (2 × 3) fertilizer (with or without green waste (5%) resulting from the
composting of tree trunks), uninoculated controls-FMA Natives (NI), inoculated with
Claroideoglomus etunicatum (Ce) and Acaulospora longula (Al) and 8 repetitions. To iron-
wood (2 × 4): tetraploid and diploid plants treatments (absolute control (not inoculated and
fumigated soil); Native Control on-FMA (not fumigated soil and uninoculated), inoculation
with Ce or Al, with 8. replications in soil samples were analyzed: diversity and infectivity;
colonization rate and number of glomerosporos (before and at the end of the experiments);
biometrics plant, leaf area, shoot biomass and root; nutritional content, gas exchange and
photosynthetic efficiency. No residue in the soil , seedlings of Brazil wood associated with
Ce , had higher leaf area ( 62.65 cm2 ) than other fungi , with the exception of root fresh
matter , the other growth variables were higher with the addition of residue , CO2
assimilation ( a: 4.99 umolCO2 m - 2 s - 1 ) and water use efficiency ( USA : 4.17
umol.mmol - 1 ) were higher in seedlings grown in soil and associated with Ce than the
other treatments with AMF while in soil with residue native AMF contributed to the
increase ( 4.24 umolCO2 m - 2 s - 1 ) and USA ( 4.00 umol.mmol - 1 ), the number of
glomerosporos not been changed while colonization by Ce was stimulated by the
addition of the residue . To moringa , adding residue contributed to the increase in stem
diameter (5.84 to 5.69 mm2) and fresh weight (7.76 to 9.03 g) and dried (3.85 to 3.54 g)
of shoots in all treatments with AMF as reduced root growth in seedlings associated
with Ce (4.09 g), soil inoculation with AMF introduced contributed to the increase in
gas exchange Ce (A: 12.24 umolCO2 m-2
s-1
, and 7.59 mmol m-2
s-1
, gs : 0.04 mol m-1
s-1
),
Al ( A: 10.33 umol CO2 m-2
s-1
, E: 6.99 mmol m-2
s-1
, gs:0.15 molm-1
s-1
) while reducing
the efficiency in the use water (Al:1.47 umol.mmol-1
, Ce:1.66 umol.mmol-1
) compared
to the native FMA . Diploid plants ironwood benefited by inoculation similarly when
combined native and introduced the AMF, the tetraploid had higher leaf area (18.69
cm2) with inoculation with Al relative to Ce . The CO2 assimilation rates (7.67
umolCO2 m-2
s-1
) and transpiration (2.26 mmol m-2
s-1
) were higher in diploid plants
associated with Ce and photosynthetic activity was similar regardless ploidy. Thus, it is
recommended for the production of seedlings stage of primary succession (moringa)
and secondary late (Brazil wood) the combination of organic waste in non-sterile soil
with high diversity of AMF. Plants of early successional enjoying more benefits of
membership in the FMA than the higher successional stage. Tetraploid plants ironwood
benefit more photosynthetic resources arising from association with the FMA than the
diploid.
Key-Words: Caesalpinia, Libidibia, Moringa, micorrhyzal benefits, photosynthesis
activit
Lista de abreviaturas
Acaulospora longula (Al)
Assimilação de CO2 (A)
Carbono (C)
Claroideoglomus etunicatum (Ce)
Condutância estomática (gs)
Controle Absoluto (C.A)
Eficiência no uso da água (EUA)
Fósforo (P)
Fungos micorrízicos arbusculares (FMA)
Nitrogênio (N)
Número mais provável de propágulos (NMP)
Potássio (K)
Transpiração (E)
Lista de Figuras
Pág.
Figura 1. Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil): plantas adultas (1),
inflorescência (e), flores (3) e sementes (4, 5, 6).....................................................
20
Figura 2. Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) (pau-ferro): folhas adultas (1),
inflorescência (2), frutos e sementes (3, 4)...............................................................
21
Figura 3. Partes da planta (1), e planta adulta (2) de Moringa................................. 23
Figura 4. Densidade de glomerosporos na rizosfera das mudas de Pau-brasil
(Caesalpinia echinata), após 150 dias de inoculação em casa de vegetação,
Recife-PE, 2012........................................................................................................
44
Figura 5. Porcentagem de colonização das raízes das mudas de Pau-brasil
(Caesalpinia echinata), após 150 dias de inoculação em casa de vegetação,
Recife-PE, 2012........................................................................................................
45
Figura 6. Densidade de glomerosporos na rizosfera das mudas de moringa
(Moringa oleifera), após 90 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE,
2013..........................................................................................................................
53
Figura 7. Porcentagem de colonização das raízes das mudas de moringa
(Moringa oleifera), após 90 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE,
2013..........................................................................................................................
53
Figura 8. Densidade de glomerosporos na rizosfera das mudas de pau-ferro
(Libidibia ferrea), após 120 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE,
2013..........................................................................................................................
61
Figura 9. Porcentagem de colonização das raízes das mudas de pau-ferro
(Libidibia ferrea), após 120 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE,
2013..........................................................................................................................
62
Lista de Tabelas
Pág.
Tabela 1. Fungos micorrízicos arbusculares (Glomeromycota) presentes no solo
utilizado nos experimentos, proveniente da Estação Experimental de Itapirema-
IPA (Goiana-PE), junho/2012..................................................................................
36
Tabela 2. Crescimento das mudas de pau-brasil (Caesalpinia echinata) cultivadas
em solo (sem e com incorporação de resíduo): não inoculadas-FMA Nativos
(NI), inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com
Acaulospora longula (Al), 150 dias após a inoculação, em casa de vegetação,
Recife-PE, 2012........................................................................................................
37
Tabela 3. Matéria fresca e seca (MFPA/MSPA) da parte aérea e raiz (MFR), e
nutrientes foliar (NPK) de mudas de pau-brasil (Caesalpinia echinata) cultivadas
em solo (com e sem a incorporação de resíduo): não inoculadas-FMA Nativos
(NI), inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com
Acaulospora longula (Al), 150 dias após a inoculação, em casa de vegetação,
Recife-PE, 2012........................................................................................................
39
Tabela 4. Atividade fotossintética: assimilação de CO2 (A), transpiração (E),
condutância estomática (gs) e eficiência no uso da água (EUA) de mudas de pau-
brasil (Caesalpinia echinata) cultivadas em solo (com e sem a incorporação de
resíduo) não inoculadas-FMA Nativos (NI), inoculadas com Claroideoglomus
etunicatum (Ce) e inoculadas com Acaulospora longula (Al), 150 dias após a
inoculação com FMA em casa de vegetação, Recife-PE, 2012...............................
41
Tabela 5. Crescimento das mudas de moringa (Moringa oleifera) cultivadas em
solo (com e sem a incorporação de resíduo): não inoculadas-FMA Nativos (NI),
inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com
Acaulospora longula (Al), 90 dias após a inoculação, em casa de vegetação,
Recife-PE, 2012........................................................................................................
46
Tabela 6. Matéria fresca e seca (MFPA/MSPA) da parte aérea e raiz (MFR), e
nutrientes foliar (NPK) de mudas de moringa (Moringa oleifera) cultivadas em
solo (com e sem a incorporação de resíduo): não inoculadas-FMA Nativos (NI),
inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com
Acaulospora longula (Al), 90 dias após a inoculação, em casa de vegetação,
Recife-PE, 2012........................................................................................................
47
Tabela 7. Atividade fotossintética: taxa de assimilação de CO2 (A), taxa de
transpiração (E), condutância estomática (gs) e eficiência no uso da água (EUA)
de mudas moringa (Moringa oleifera) cultivadas em solo (com e sem a
incorporação de resíduo) não inoculadas-FMA Nativos (NI), inoculadas com
Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com Acaulospora longula (Al),
90 dias após a inoculação com FMA, em casa de vegetação, Recife-PE,
2012..........................................................................................................................
50
Tabela 8. Crescimento das mudas diplóides e tetraplóides de pau-ferro (Libidibia
ferrea Mart. ex Tul), 120 dias após a inoculação com FMA: Controle absoluto
(C.A.), solo não inoculado-FMA Nativos (NI), Claroideoglomus etunicatum
(Ce), Acaulospora longula (Al) em casa-de-vegetação, Recife-PE,
2013..........................................................................................................................
54
Tabela 9 Biomassa fresca e seca da parte aérea (MFPA/MSPA), fresca da raiz
(MFR), e nutrientes foliar (NPK) das plantas diplóides e tetraplóides de pau-ferro
(Libidibia ferrea Mart. ex Tul), 120 dias após a inoculação com FMA: Controle
absoluto (C.A.), solo não inoculado-FMA Nativos (NI), Claroideoglomus
etunicatum (Ce), Acaulospora longula (Al) em casa-de-vegetação, Recife-PE,
2013..........................................................................................................................
57
Tabela 10. Atividade fotossintética (A: taxa de assimilação de CO2, Gs:
condutância estomática, E: taxa de transpiração, EUA: eficiência no uso da água)
das mudas de pau-ferro (Libidibia ferrea), 120 dias após a inoculação com FMA:
Controle absoluto (C.A.), solo não inoculado-FMA Nativos (NI),
Claroideoglomus etunicatum (Ce), Acaulospora longula (Al) em casa-de-
vegetação, Recife-PE, 2013......................................................................................
59
SUMÁRIO
Pág.
1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................... 18
2.2 Espécies florestais de importância histórica e/ou econômica da Mata
Atlântica....................................................................................................................
18
2.1.1 Pau-brasil......................................................................................................... 18
2.1. 2 Pau-ferro......................................................................................................... 20
2.1.3 Moringa........................................................................................................... 21
2.3 Fungos Micorrízicos Arbusculares e Benefícios Nutricionais........................... 23
2.4 Fungos Micorrícos Arbusculares na Produção De Mudas De Espécies
Florestais...................................................................................................................
26
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 30
3.1 Caracterização do substrato................................................................................ 30
3.2 Caracterização micorrízica................................................................................. 30
3.3 Obtenção do inóculo de FMA............................................................................ 31
3.4 Material vegetal.................................................................................................. 31
3.5 Inoculação........................................................................................................... 31
3.6 Condições experimentais.................................................................................... 31
3.7 Delineamento experimental................................................................................ 32
3.8 Avaliações.......................................................................................................... 32
3.9 Análises estatísticas............................................................................................ 33
4. RESULTADOS................................................................................................... 34
4.1 Solo utilizado na produção de mudas................................................................. 34
4.2 Associação micorrízica em mudas de pau-brasil................................................ 37
4.3 Associação micorrízica em mudas de Moringa.................................................. 45
4.4 Associação micorrízica em mudas de Pau-ferro................................................ 54
5. CONCLUSÕES................................................................................................... 63
6. REFERENCIAS................................................................................................... 64
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 16
1. INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é a formação florestal mais antiga do Brasil (Leitão-Filho,
1987) e sua área abrange cerca de 15% do território nacional, totalizando 127.411
km², englobando 17 estados brasileiros (SOS Mata Atlântica/Inpe, 2011). O bioma
Mata Atlântica é considerado um dos ecossistemas mais diversificados do mundo,
responsável por cerca de 8% da biodiversidade do planeta (Silva & Casteleti, 2005). Os
remanescentes da mata Atlântica estão sob intensa pressão antrópica (Morelato &
Haddad, 2000), devido à necessidade humana de prover alimentos, aliada a anseios
econômicos, ocasionando mudanças em processos ecológicos, na disposição do solo e
pondo em risco a capacidade do bioma de prestar serviços ambientais indispensáveis à
manutenção da biodiversidade.
A partir desse cenário, atividades de reflorestamento têm sido desenvolvidas
com o intuito de recuperar as áreas degradadas e restabelecer os processos naturais dos
ecossistemas, surgindo, portanto, a necessidade de produção de mudas de essências
florestais para suprir a demanda dos programas de recomposição vegetal. Além disso,
há uma preocupação para que as mudas tenham alta capacidade de sobrevivência em
campo e sejam adaptadas às condições edafoclimáticas locais, facilitando o
restabelecimento da vegetação (Carrasco & Castanheira, 2004), sendo importante
também a utilização de microrganismos benéficos na produção das mudas.
Neste sentido, a utilização de fungos micorrízicos arbusculares (FMA) tem sido
adotada como estratégia de manejo em recuperação de áreas degradadas (Trindade;
Saggin-Júnior; Silveira, 2010), pois a inoculação de mudas com esses micro-organismos
favorece o crescimento e a adaptação das plantas aos estresses bióticos e abióticos do
solo, principalmente o estresse hídrico (Moreira & Siqueira, 2006). Esses benefícios são
decorrentes dos vários efeitos e mecanismos nutricionais e não nutricionais (Soares &
Carneiro, 2010), os quais possibilitam seu uso em programas de recuperação de áreas
degradadas.
Os FMA apresentam efeitos nutricionais consistentes que determinam seu
caráter biofertilizante, o qual resulta diretamente na melhoria da absorção pelas plantas
de nutrientes de baixa mobilidade no solo, como o fósforo, e indiretamente na fixação
biológica de nitrogênio (Soares & Carneiro, 2010). Desse modo, torna-se dispensável o
uso de grandes quantidades de fertilizantes químicos, o que contribui para redução no
custo total da produção de mudas. Quando as plantas estão associadas aos FMA, são
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 17
observados aumentos significativos na demanda de carbono pelas raízes (Black, et al.,
2000), sendo essa associação responsável pelos incrementos na assimilação de CO2 pela
planta (Ramos & Martins, 2010). Esses resultados mostram a importância do uso desses
micro-organismos em projetos de recuperação de áreas, os quais aceleram a formação
de habitats, favorecendo a sucessão ecológica.
Neste sentido os fungos micorrízicos arbusculares são considerados organismos
chave para os ecossistemas, pois contribuem para mitigar os efeitos globais das
mudanças climáticas que têm alterado os processos biológicos como os ciclos
biogeoquímicos (Jonhson et al. 2013). Portanto, vincular os benefícios proporcionados
por esses microrganismos ao processo de produção de mudas de espécies florestais
torna-se necessário e promissor em um cenário onde, a necessidade por mudas de
qualidade com rápido crescimento, resistentes ao transplantio e ao baixo teor nutricional
dos solos degradados é cada vez mais urgente.
Além disso, a inoculação de mudas com FMA tem sido direcionada às espécies
de interesse econômico como as frutíferas, no Brasil, ficando a inoculação e os estudos
escassos para as espécies florestais de interesse ecológico e de reflorestamento. Diante
disso, é necessário elucidar os benefícios que as espécies de FMA, com potencial para
produção de mudas, oferecem para espécies florestais nativas da mata Atlântica. O
conhecimento desses benefícios auxiliará nas tentativas de aperfeiçoar os processos de
recuperação de áreas impactadas através da seleção de inóculos de FMA eficientes em
produzir mudas de espécies de sucessão florestal primária, secundárias e clímax. Neste
sentido, o objetivo geral desse trabalho é determinar os efeitos da inoculação com
diferentes isolados de FMA no desenvolvimento de mudas de espécies de sucessão
florestal.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 18
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Espécies florestais de importância histórica e/ou econômica da Mata Atlântica
Algumas espécies florestais são mais requeridas no processo de reflorestamento,
pois são escolhidas de acordo com o objetivo da atividade de reintrodução nas áreas
degradadas, dentre elas, o pau-brasil (Caesalpinia echinata), o pau-ferro (Libidibia
ferrea) e moringa (Moringa oleifera). O pau-brasil, além de ser uma espécie em
extinção e protegida por lei, tem alto potencial econômico (Corrêa, 2003). Esta árvore,
geralmente, está presente em reflorestamento de alta diversidade, por ser uma espécie de
estágio sucessional secundário tardio (Lorenzi, 2002).
O pau-ferro é do mesmo grupo do pau-brasil e também considerado uma espécie
de estágio de sucessão secundário, no entanto, é escolhido para reflorestamento de áreas
mais secas, pois têm origem em áreas com essas características e pode favorecer a
implantação de outras espécies mais exigentes como as clímax (Lorenzi, 2002).
A moringa, apesar de ser uma espécie exótica, também pode ser implantada em
reflorestamento de diversidade que frequentemente tenha intervenções de manejo, como
nas agroflorestas (Seghese, 2006). Essa planta é adaptável a qualquer tipo de ambiente,
além de possuir potencial medicinal e ser utilizada em tratamento de efluentes,
justificando o interesse para plantações agroflorestais. Geralmente, é implantada no
início dos projetos, antes das espécies florestais tardias, para gerar micro habitats para
as espécies tardias
2.1.1 Pau-brasil
A espécie Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil) pertence à família Fabaceae
Caesalpinioideae. É planta arbórea, recoberta de acúleos em sua casca, que mede
geralmente entre 10 e 15 m de altura (Lorenzi, 2002; Mejía & Buitrón 2008). Sua
madeira dura e pesada apresenta coloração avermelhada quando recém-cortada. O pau-
brasil é uma espécie litorânea pertencente ao domínio da Mata Atlântica que, no período
colonial, ocupava uma área que se estendia do Rio de Janeiro ao Ceará (Coimbra Filho
& Câmara 1996). No entanto, é difícil estabelecer atualmente sua área de ocorrência
devido à fragmentação da Mata Atlântica e, também, por que essa espécie foi
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 19
intensamente explorada durante a colonização devido ao valor econômico agregado
(Corrêa, 2003).
A exploração do pau-brasil caracterizou o primeiro ciclo econômico de uma
série de outros, baseados na utilização de espécies vegetais nativas dos biomas
brasileiros (Prado Júnior, 1989), caracterizando as primeiras interferências responsáveis
pelo desmatamento e fragmentação do bioma da Mata Atlântica ao longo de toda a faixa
litorânea (Hueck 1972; Almeida 2000). A história dessa espécie pode ser dividida em
três momentos: 1500 a 1875 o período econômico, de 1876 a 1972 o de extinção, e de
1973 em diante o período de recuperação, iniciado pela companha do pau-brasil da
Universidade Federal Rural de Pernambuco (Baroni, 2005).
O risco de extinção de espécies ameaçadas exige ações imediatas para a
conservação tanto in situ quanto ex situ, sendo as atividades de silvicultura e
reflorestamento fundamentais para esses fins. No Brasil, é crescente o incentivo para
produção de mudas de pau-brasil com esse objetivo, tanto no setor público quanto no
particular. Em parte, essa atividade é limitada pela baixa fertilidade do solo. A crescente
demanda por mudas de espécies florestais nativas tem exigido pesquisas relacionadas
com o uso de substratos e recipientes, capazes de proporcionar mudas que apresentem
elevadas taxas de crescimento inicial e de sobrevivência após o plantio (Cunha et al.,
2005).
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 20
Figura 1. Caesalpinia echinata Lam. (pau-brasil): plantas adultas (1), inflorescência
(e), flores (3) e sementes (4, 5, 6).
Fonte, Lorenzi, 1995.
2.1.2 Pau-ferro
A espécie Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.), o pau-ferro, também conhecida como
jucá, compõe a família Fabaceae Caesalpinioideae. É uma espécie natural da Caatinga
que possui ampla ocorrência no Brasil, característica que se associa a grandes variações
morfológicas (Lewis, 2005), lhe conferindo uma taxonomia complexa, associada a sua
alta variabilidade genética (Queiroz, 2009). A planta pode alcançar até 30 metros de
altura e floresce entre abril e maio, sendo considerada economicamente importante,
devido às múltiplas utilidades tanto na construção civil quanto no âmbito medicinal (Pio
Corrêa, 1984).
Em sua ocorrência natural na Caatinga, Beltrão & Guerra (1990) relataram a
presença de indivíduos poliploides (di e tetraploides) de pau-ferro. A heteroploidia é um
processo que altera a estrutura cromossômica do organismo em algum estágio do ciclo
de vida (Jackson, 1976). A euploidia é o evento que envolve o aumento ou diminuição
do genoma de um organismo, e quando essa euploidia multiplica o genoma em três ou
5 6
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 21
mais conjuntos completos de cromossomos, dá-se o nome de poliploidia (Jackson,
1976). Essa é a mudança citogenética mais frequente e o mecanismo cromossômico
mais comumente envolvido na evolução das plantas (Guerra, 2008).
A formação de poliploides ocorre em 30 a 70% das angiospermas (Masterson,
1994), representando um importante mecanismo de adaptação e especiação (Soltis &
Soltis, 1999). A condição poliploide tem um efeito imediato e universal: o aumento do
tamanho das células e maior quantidade de DNA (Bretagnole et al., 1995; Otto &
Whitton, 2000). Algumas dessas alterações implicam diretamente na modificação das
respostas fisiológicas da planta, inclusive respostas a estresses abióticos (Maherali et al.,
2009). Assim, células com maior volume e área de superfície vão influenciar
diretamente o mecanismo de transpiração da planta (trocas gasosas), como visto por Tal
e Gardi (1976).
Figura 2. Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) (pau-ferro): folhas adultas (1), inflorescência
(2), frutos e sementes (3, 4).
Fonte, Lorenzi, 1995.
2.1.3 Moringa
A Moringa oleifera Lam. compõe a família Moringaceae, família conhecida por
ser tolerante à seca, e possuir distribuição originada de regiões semi-áridas e
1 2
3 4
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 22
subtropicais ao longo do oceano Índico da Índia para o Sul da África, incluindo
Madagascar (Yamato et al., 2007). Essa espécie foi introduzida no Brasil há alguns
anos, e tem registros para o Estado do Maranhão desde 1950 (Amaya et al., 1992) As
árvores dessa espécie podem atingir cerca de 7 metros de altura em menos de 1 ano,
mesmo em condições de baixa precipitação plúviométrica (Odee, 1988).
A moringa possui diversas utilidades, com destaque para a ornamentação de
parques e jardins, na alimentação animal, na complementação alimentar humana e na
medicina tradicional (Vieira et al., 2008). Atualmente a moringa vem sendo cultivada e
difundida em toda área denominada “polígono das secas”. No Nordeste do Brasil,
devido, principalmente, à sua utilização no tratamento de água para uso doméstico, uma
vez que seu efeito coagulante tem capacidade para clarificar água (Gallão et al., 2006).
As sementes contêm óleo, podendo ser usado para cozinhar,
confeccionar sabão, na indústria de cosméticos e farmacêutica. As frutas,
sementes, folhas e flores são consumidas como legumes nutritivos em alguns
países (Chawla et al.,1988; Gerdes, 1994).
Apesar de ser uma espécie exótica, a moringa tem sido introduzida em projeto
de reflorestamento em que se tem manejo intenso como em agroflorestas, pois todas as
partes da planta têm utilidade, sendo referida como a “árvore milagrosa”, rica em
vitamina A (Seghese, 2006). Por ter esse potencial essa espécie tem chamado a atenção
e incentivo para ser difundida como hortaliça (Amaya et al., 1992). Recentemente
pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco descobriram que a semente de
moringa pode ser usada para combater as larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor
da dengue e da febre amarela. Segundo o estudo, uma das proteínas contidas nas
sementes, a lectina, impede o processo de digestão da larva, provocando sua morte por
desnutrição (Agência Folha, 2008). No entanto, poucos estudos foram desenvolvidos
para o melhoramento de moringa, bem como para produção de mudas, cultivo in vitro, e
associadas aos FMA (Asaolu, 2012; Cysne, 2006).
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 23
Figura 3. Moringa oleifera Lam. (moringa): partes da planta (1), e planta adulta (2).
Fonte: puremoringabenefits.org
2.2 Fungos Micorrízicos Arbusculares e Benefícios Nutricionais
O Filo Glomeromycota congrega os fungos micorrízicos arbusculares (FMA),
pertencentes à classe Glomeromycetes. Estes são organismos biotróficos obrigatórios
formadores da associação denominada micorriza arbuscular com a maioria das plantas
vasculares (De Souza et al., 2008; Schüßler; Schwarzott & Walker, 2001). Os FMA
têm sua origem datada há cerca de 600 a 620 milhões de anos, antes mesmo do
surgimento das primeiras plantas terrestres (Redecker, 2008). No entanto, a origem da
simbiose micorrízica não é conhecida, sabendo-se apenas que evoluiu de ambientes
úmidos a partir da relação entre fungos e cianobactérias (Brundrett, 2002).
Os Glomeromycota pertencem a um grupo monofilético de fungos classificados
em quatro ordens e 19 gêneros, tendo cerca de 230 a 250 espécies descritas (Blackwell,
2011; Mycobank). Os esporos dos FMA são unidades de propagação denominadas de
glomerosporos (Goto & Maia, 2006), sendo centrais para a taxonomia do grupo que é
feita a partir de caracteres morfológicos, como: organização das paredes dos esporos,
cor, tamanho, ornamentação, presença de estruturas especializadas de germinação,
células esporogênicas, sáculos esporíferos e hifas de sustentação, além de análises
genéticas.
A associação micorrízica envolve a transferência de nutrientes minerais do
fungo para a planta, especialmente o fósforo (P), em troca de carbono, promovendo
assim a transferência de nutrientes entre os vegetais e o solo (Smith & Read, 2008).
Augé, (2001) relata que esses fungos podem ainda aumentar a capacidade das plantas
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 24
explorarem os recursos do solo como água e nutrientes essenciais de baixa mobilidade e
superarem períodos de seca. Dessa forma, as hifas dos FMA podem fornecer incremento
de até 80% na absorção de fósforo, 60% de cobre, 25% de nitrogênio, 25% de zinco e
10% de potássio para a planta hospedeira (Marschner & Dell, 1994). Assim, as plantas
micorrizadas apresentam maiores taxas fotossintéticas, atividade enzimática e produção
de substâncias reguladoras de crescimento (Colozzi Filho & Nogueira, 2007).
Os FMA são dreno de C da planta, podendo impor perdas de até 20 % do C
fixado pelo simbionte autotrófico (Berbara et al., 2006). Em resposta, há aumentos
significativos de sua taxa fotossintética, ocasionando aumentos no potencial da
produtividade primária e dreno de C da atmosfera (Jakobsen et al., 2002). Bago et al.,
2000 estimam que, globalmente, os FMA possam ser responsáveis pelo dreno anual de
cinco bilhões de toneladas (5 Gt) de C para os solos. Boa parte do carbono incorporado
retorna à atmosfera via respiração, no entanto, 25% do C incorporado ao solo fica
acumulado no micélio extra-radicular dos FMA que representa 90% de sua biomassa, e
esses, por sua vez, de 3-20% do peso da raiz (Smith & Read, 1997; Olsson et al., 1999).
Rillig & Mummey (2006) ressaltam a contribuição para a estrutura do solo como
uma importante função dos fungos micorrízicos em escala de ecossistema. Essa
contribuição deve ser considerada numa perspectiva multifuncional da ecologia das
micorrizas, pois a glomalina é uma glicoproteína produzida exclusivamente pelos FMA,
sendo que cerca de 80% é encontrada no micélio (Driver, Holben & Rillig, 2005),
representando 5% do carbono e nitrogênio do solo (Rillig et al., 2003; Lovelock et al.,
2004). Os estoques de glomalina no solo são determinados pela comunidade de FMA de
acordo com sua taxa de produção e decomposição, dinâmica da comunidade de plantas
e dos recursos inorgânicos como N, P e CO2 atmosférico (Treseder & Turner, 2007).
Outro nutriente de extrema importância translocado pelos FMA no sistema solo-
planta é o fósforo, um macronutriente presente no solo em baixas concentrações e pouco
móvel em solos intemperizados, como os tropicais. Nessas condições, as micorrizas
assumem papel determinante na sobrevivência de diversas espécies vegetais, incapazes
de mobilizar este elemento (Berbara et al., 2006). O incremento da nutrição de P em
plantas colonizadas ocasionará aumento no crescimento e na atividade fotossintética, e
aumento na taxa de transferência de carboidratos para as raízes (Bucking & Shachar-
Hill, 2005). Da mesma forma, os FMA absorvem e deslocam para as plantas
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 25
significativas quantidades de N, seja na forma de NH4+, seja na de NO3-. As enzimas
de assimilação de N estão presentes tanto em raízes quanto em estruturas do FMA. Este
elemento pode ser acumulado em fungos, o que garante gradientes de concentração
entre o espaço extra e intracelular, bem como entre células do córtex da raiz (Jolicoeur
et al., 2002).
Os FMA possuem a capacidade de acumulação de substâncias com propriedades
medicinais efetivas e, recentemente, a capacidade medicinal de planta tem sido uma
promissora para a pesquisa com FMA (Zeng et al., 2013). Estudos demonstram que
mais de 50 espécies de plantas foram analisados quanto ao potencial da micorriza para
estimular a produção de substâncias de interesse medicinal como os metabólitos
secundários: terpenóides, fenóis, alcaloides (Zeng et al., 2013), Esses estudos visam
otimizar a composição de diferentes ingredientes ativos nas plantas medicinais, e
melhoraram a qualidade do material à base de plantas.
O manejo dos solos e culturas afetam os mecanismos responsáveis pela simbiose
contribuindo para interferências na translocação dos nutrientes minerais do solo para
planta, tais como: alta fertilização do solo, aplicação de pesticidas, rotações de culturas
com plantas não-hospedeiras, poluentes diversos, inclusive orgânicos, com uso
excessivo de esterco (Berbara et al., 2006). Essas atividades tendem a diminuir a
atividade fúngica, bem como sua diversidade e produção de hifas extra-radiculares.
Alguns trabalhos apontam para a multifuncionalidade dos FMA em relação à
nutrição de plantas (Hart & Forsythe, 2012; Smith & Smith, 2012), na tentativa de
elucidar se os FMA tendem a melhorar um determinado nutriente em toda a planta.
Trabalhos desenvolvidos por Miransari et al., (2008) em plantas de milho mostram o
incremento dos nutrientes minerais P, Fe, Mn e Zn. Estudando plantas de pimenta, Kim
et al., (2009), mostraram que a inoculação de espécies de FMA, somada à presença de
rizobactérias, elevou os níveis de N, K e Ca, além dos demais citados anteriormente.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 26
2.3 Fungos Micorrízicos Arbusculares na Produção de Mudas de Espécies
Florestais
A simbiose micorrízica arbuscular é importante do ponto de vista da biologia da
restauração, pois interliga a atmosfera com o solo, mediando o ciclo de nutrientes e o
fluxo de energia. Segundo Jonhson et al. (2013), uma compreensão mais mecanicista
dessas associações de plantas e fungos podem ajudar a melhorar alterações
antropogênicas nos ciclos de C e N e comunidades bióticas. No processo de
reflorestamento e recomposição da paisagem, a tecnologia micorrízica arbuscular é
considerada como avançada, bem equilibrada, e eco-amigável em todo o mundo para
um melhor manejo, sobrevivência e sustentabilidade de mudas de árvores florestais nos
solos pouco férteis em ecossistemas tropicais e subtropicais (Dhar & Mridha, 2012).
Os fungos micorrízicos arbusculares são importantes no processo de recuperação
de áreas degradadas tanto no sentido quantitativo quanto no qualitativo, pois exercem
grande influência no crescimento e na adaptação das plantas aos estresses bióticos e
abióticos do solo (Moreira & Siqueira, 2006). Os benefícios nutricionais dos FMA no
crescimento e sobrevivência das plantas resultam de vários efeitos e mecanismos
nutricionais e não nutricionais, os quais possibilitam o seu uso em programas de
recuperação de ambientes degradados (Soares & Carneiro, 2010). Os efeitos
nutricionais conferem aos FMA o caráter de biofertilizante que resulta, principalmente,
da absorção e mineralização do nitrogênio e fósforo, balanceando a nutrição das plantas.
Dessa forma, é importante o conhecimento sobre essas espécies em relação à formação
de simbioses para garantir o sucesso dos plantios, principalmente na fase de mudas, pois
é nessa fase que a inoculação de FMA deve ser estimulada para garantir o
estabelecimento da simbiose (Zangaro & Andrade, 2002).
Diferentes espécies de FMA, promovem em conjunto crescimento e associação
com o hospedeiro diferencial, podendo aumentar a diversidade de plantas, através do
nicho diversificação e feedback negativo (Dhar & Mridha, 2012). Já a colonização das
raízes por esses fungos determinam a capacidade das plantas em resistir à seca, mudar a
elasticidade anatômica, aumentar o potencial da planta em manter a abertura estomática
e a transpiração (Augé, et al., 1987; Bethlenfalvay et al., 1988). A formação do micélio
extra-radical desempenha papel importante na estabilidade e agregação das partículas do
solo (Bethlenfalvay et al., 1988). Dessa forma, o conjunto de estruturas micorrízicas é
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 27
de fundamental importância para o desenvolvimento de plântulas, auxiliando assim na
produção e estabelecimento de mudas.
Espécies vegetais inoculadas com FMA apresentam um crescimento mais
rápido, além de requererem menos insumos, tolerando mais o estresse do transplante
para o campo. Essas são, características importantes para espécies vegetais destinadas à
recuperação ambiental (Saggin Junior & Silva 2006). A inoculação com FMA adquire
importância nas espécies que passam por fase de muda, quando se utilizam substratos
isentos de microrganismos, com o objetivo de eliminar possíveis agentes patogênicos
(Silveira & Gomes, 2007). Neste sentido, a produção de mudas em grande escala e curto
espaço de tempo, é necessária para atender aos plantios comerciais, sendo o substrato
um dos principais fatores que garantem a produção de plantas com qualidade, maior
precocidade e baixo custo (Freitas et al., 2010).
No Brasil, a inoculação de mudas com FMA tem sido direcionada às espécies de
interesse econômico como as frutíferas, ficando a inoculação e os estudos escassos para
as espécies florestais de interesse ecológico e de reflorestamento. Os primeiros estudos
no Brasil com espécies florestais foram desenvolvidos por Carneiro et al. (1994) e
Siqueira et al. (1994), que avaliaram as respostas das plantas à presença do P e a relação
entre as espécies florestais e as características de solos degradados. Os estudos
cresceram até então no âmbito nacional tomando diferentes proporções, entretanto,
ainda é necessário elucidar os aspectos da associação micorrízica principalmente os
nutricionais e de sobrevivências em campo nas espécies florestais que apresentam
dificuldade de crescimento e de estabelecimento em campo como aquelas de estágios
sucessionais tardios.
Em estudo realizado no Paraná com inoculação de fungos micorrízicos
arbusculares em espécies florestais nativas de diferentes estágios sucessionais, foi
possível observar que plantas pioneiras e secundárias iniciais apresentaram altas taxas
de colonização por FMA (Zangaro et al., 2002). Esse resultado demonstra que as
espécies vegetais que pertencem às fases iniciais da sucessão são mais susceptíveis à
simbiose micorrízica arbuscular do que as espécies tardias, e que as espécies arbóreas
possuem mecanismos de sobrevivência e adaptação mais desenvolvidos que as demais
espécies florestais de estágio de sucessão inicial.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 28
Por outro lado, Munkvold et al. (2004) relatam a diversidade funcional de
espécies de FMA e comprovam que isolados diferentes da mesma espécie de fungo
micorrízico arbuscular podem ter comportamentos diferentes em relação as variáveis de
crescimento das plantas avaliadas. Como exemplo, os autores citam a tolerância das
plantas de Agropyron smithii (Rydb.) à seca.
Nesse aspecto, diferentes isolados de Glomus microcarpum têm efeitos diversos
sobre a resistência à perda de água das folhas apresentando redução na abertura
estomática, condição para ganho de carbono pelas plantas em condições áridas (Turner
& Kramer 1980). Apesar de alguns dos estudos em casa de vegetação mostrarem pouca
especificidade dos FMA com a planta hospedeira (Sanders et al., 1996), aparentemente
existem associações preferenciais entre espécies do fungo e da planta. Tal preferência
pode se tornar mais ou menos estável com o passar do tempo (Pellet & Sieverding,
1986). Isso demonstra a importância da inoculação de mudas por um mix de espécies de
FMA para garantir o sucesso da simbiose e benefícios para as plantas.
Segundo Pouyu-Rojas et al. (2006) o potencial de algumas espécies de FMA de
se associarem a plantas arbóreas, indicando que as plantas apresentam comportamento
diferenciado em relação à susceptibilidade aos fungos e às respostas nos crescimento
decorrentes da inoculação. A amplitude de eficiência simbiótica dos fungos varia muito
na análise da compatibilidade fungo-planta hospedeira e o comportamento geral das
espécies em associação indica a ocorrência de seletividade diferenciada na relação
fungo-hospedeiro, existindo combinações de eficiência simbiótica variáveis para as
plantas hospedeiras.
Pouco se conhece da necessidade nutricional das espécies vegetais arbóreas e
suas relações ecológicas. Essas relações são fundamentais para o desenvolvimento de
tecnologias para a obtenção de mudas sadias destinadas a programas de recuperação de
áreas degradadas e para fins econômicos diversos (Gonçalves et al., 1992). Algumas
espécies florestais foram estudas quanto à sua necessidade de fósforo, dentre elas
Caesalpinia ferrea (Libidibia ferrea Mart. X Tul), mostrando resposta positiva no
crescimento inicial (Renó, 1994). No entanto, o conhecimento sobre a capacidade de
associação micorrízica e o benefício do fungo às espécies desse gênero ainda é escasso.
Numa região de Caatinga, essa mesma espécie foi inoculada com Glomus etunicatum e
foi possível observar efeito positivo da inoculação na produção de matéria seca e
acumulo de N e P, além de ter sido observada maior porcentagem de colonização das
raízes por essa espécie de FMA (Diniz, 2006).
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 29
Raros foram os trabalhos encontrados utilizando fungos micorrízicos
arbusculares na produção de mudas de Moringa oleifera. Asaolu et al., (2012) avaliaram
a eficiência e o ganho de nutrientes em mudas de moringa inoculadas com quatro
espécies de Glomus em relação à adição de esterco de cabra. Os autores verificaram que
tanto a associação com Glomus agregatum e Glomus mosseae quanto à utilização de
esterco de cabra foram considerados alternativas para a produção das mudas, tendo em
vista que foram efetivos em incrementar os teores de N, P, K, e Ca.
Estudos feitos com espécies do gênero Moringa mostraram que a inoculação
com espécies de Acaulospora, Glomus, Scutellospora e Gigaspora foram eficientes em
aumentar a aquisição de nutrientes das plantas com destaque para Gigaspora margarita
(Panwar & Vyas, 2002). Neste sentido, os trabalhos têm demonstrado como os fungos
micorrízicos arbusculares auxiliam as plantas de moringa no ganho nutricional, e
biomassa, corroborando a ideia de que esses organismos são importantes tanto para as
comunidades vegetais quanto para o melhoramento do solo, através da alocação de
nutrientes minerais, facilitando o estabelecimento dessas plantas em regiões adversas.
Outro trabalho realizado em região semiárida de Madagascar mostrou, através de
análises moleculares das raízes, alto grau de colonização da simbiose micorrízica
arbuscular para diferentes espécies de moringa (Yamato et al., 2008). Com base na
região SSU do rDNA, e após análises filogenéticas, os autores constataram a presença
das espécies de FMA Glomus sinuosum e Glomus intraradices. Isso demonstra que
esses fungos estão intimamente relacionados às espécies de moringa por estarem bem
adaptados aos solos da região, podendo, assim, serem referidos como espécies-chave
para inoculação de mudas desse vegetal para auxiliar em possíveis programas de
recuperação de áreas degradadas.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 30
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização do Substrato
O substrato utilizado nos experimentos foi obtido com a mistura de solo
peneirado (não desinfestado) e adição de 5% de resíduo verde, fornecido pela Prefeitura
da cidade do Recife, resultante da compostagem de troncos de árvores. O solo foi
proveniente da Estação Experimental de Itapirema do Instituto Agronômico de
Pernambuco-IPA (Goiana-PE) apresentou as seguintes características:
P: 3 mg/dm3; pH: 5,7 H2O; Ca: 0,65 cmolc/dm
3; Mg: 0,6 cmolc/dm
3; Na: 0,04
cmolc/dm3; K: 0,07 cmolc/dm
3; Al: 0,55 cmolc/dm
3; H: 1,75 cmolc/dm
3; S: 1,4
cmolc/dm3; CTC: 3,7 cmolc/dm
3; v: 37%; m: 29%. O solo é classificado com
Espodossolo (Embrapa, 2006).
3.2 Caracterização micorrízica
Alíquotas de 20g do solo (coletado no IPA e também misturados com resíduo
orgânico) foram utilizadas para avaliação do número de glomerosporos, potencial
infectivo do solo e identificação das espécies com registro da abundância.
Número de glomerosporos no solo: Os glomerosporos foram recuperados utilizando o
método de decantação e peneiramento úmido (Gerdemann & Nicolson, 1963) seguido
por centrifugação em água e sacarose (Jenkins, 1964). Em seguida, foram quantificados
em placa de contagem para esporos de FMA com auxílio de estereomicroscópio (40×) e
separados.
Identificação e determinação da abundância das espécies no solo: Os glomerosporos
foram montados em lâminas para microscopia com PVLG (álcool-polivinílico e
lactoglicerol) e PVLG + reagente de Melzer e identificados com base nas características
morfológicas, utilizando publicações específicas (Schenck & Pérez, 1990), segundo a
taxonomia atual de Oehl, et al. (2011) e descrições de novas espécies com consulta ao
banco de dados da International Culture Collection of Arbuscular Mycorrhizal Fungi –
INVAM (http://invam.caf.wvu.edu). A abundância determinada a partir da contagem de
esporos viáveis, por espécie identificada.
Potencial infectivo do solo e substrato: O potencial infectivo do solo e substrato foi
determinado utilizando a técnica do número mais provável de propágulos infectivos
(NMP) (Feldmann & Idzack,1994). Diluições sucessivas do solo foram realizadas nas
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 31
proporções de 0, 1:10, 1:100, 1:1000 (solo:areia autoclavada) com cinco repetições.
Como planta hospedeira foi utilizada o milho (Zea mays L.) e os potes foram mantidos
em telado por 30 dias e a avaliação (presença ou ausência de colonização em cada
repetição) realizada após lavagem, diafanização e coloração das raízes (Phillips &
Hayman, 1970). A estimativa do NMP de propágulos infectivos de FMA foi
determinada aplicando os resultados à tabela de Cochran (1950).
3.3 Obtenção dos inóculos de FMA
Os FMA Claroideoglomus etunicatum (Becker & Gerd.) Walker & Schüßler
(URM 03) e Acaulospora longula Spain & Schenck (URM FMA 07) foram
multiplicados em potes com solo e areia (1:1), utilizando plantas de milho (Zea mays)
como hospedeiro, em ciclo de três meses.
3.4 Material vegetal
Sementes de pau-brasil (Caesalpinia echinata Lam.) e moringa (Moringa
oleifera), foram desinfestadas com Hipoclorito de Sódio (0,05%), por 15 minutos,
lavadas e embebidas em água destilada esterilizada por 12 horas. As sementes do pau-
ferro, (Libidibia ferrea Mart. ex Tul.), foram escarificadas com ácido sulfúrico (98%),
por 30 min (Sola, 2011). E em seguida embebidas em água, por 2h, e colocadas para
germinar em potes de 180 mL com vermiculita esterilizada em autoclave (121ºC, 30
min.).
3.5 Inoculação
A inoculação foi realizada utilizando solo-inóculo (300 esporos de FMA/pote)
depositado próximo às raízes das plântulas que continham duas folhas definitivas.
Foram utilizados potes com 260 mL de substrato (solo e solo+resíduo orgânico) onde as
plântulas permaneceram por sete dias e, posteriormente, foram transferidas para sacos
pretos de polietileno (14 × 27 cm) contendo 3,0 Kg de solo.
3.6 Condições experimentais
Todos os experimentos foram mantidos em telado sem controle das condições
ambientais de umidade, temperatura e luminosidade, em casa de vegetação. A irrigação
foi realizada diariamente com 50 ml de água não esterilizada.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 32
3.7 Delineamento experimental
Para as espécies pau-brasil e moringa, os experimento foram conduzidos em
delineamento do tipo inteiramente casualizado em arranjo fatorial de 2 × 3,
correspondendo a 2 tratamentos de adubação (com ou sem resíduo orgânico) × 3
tratamentos de inoculação [controle sem inoculação-FMA Nativos (NI), inoculados com
Claroideoglomus etunicatum (Ce) e Acaulospora longula (Al)], com 8 repetições,
totalizando 48 unidades experimentais/planta.
As plantas de pau-ferro foram separadas pelo nível de ploidia (diplóides e
tetraplóides) e o experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado
com quatro tratamentos, sendo eles: 1. Controle absoluto (solo desinfestado e não
inoculado); 2. Controle relativo-FMA Nativos (solo não desinfestado e não inoculado);
3. Inoculado com Claroideoglomus etunicatum e 4. Inoculado com Acaulospora
longula, com oito repetições para cada tratamento para as plantas diplóides e
tetraplóides, totalizando 64 unidades experimentais.
3.8 Avaliações
Ao final dos experimentos (Pau-brasil - 150 dias; Moringa – 90 dias; Pau-ferro -
120) foram determinados: crescimento das mudas, trocas gasosas e eficiência
fotossintética, número de glomerosporos, porcentagem de colonização micorrízica,
incremento e eficiência da inoculação micorrízica.
Crescimento das mudas: A altura das mudas foi determinada utilizando-se uma trena;
número de folhas por contagem; diâmetro do caule medido com o auxílio de um
paquímetro digital; área foliar utilizando o Programa ImageJ; biomassa fresca da parte
aérea e raiz e, biomassa seca da parte aérea após secagem do material em estufa de
circulação de ar (60 ºC) até peso constante, com pesagens em balança digital.
Trocas gasosas e atividade fotossintetica: A assimilação de CO2 (A), transpiração (E)
e condutância estomática (gs) foram obtidas pelas medições de concentração de CO2 e
fluxo de ar utilizando o aparelho Li-6400 (Li-Cor, Lincoln, NE, USA) ao final do
experimento o crescimento e eficiência do uso da água (EUA) foi calculada pela razão
entre (A/E) [(μmol m-2
s-1
) (mmolH2O m-2
s-1
)].
Número de glomerosporos e percentagem de colonização: Ao final do experimento
os glomerosporos foram extraídos e contados conforme descrito. A colonização foi
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 33
avaliada segundo Phillips & Hayman (1970) e o percentual de colonização calculado
pelo método da interseção de quadrantes (Giovannetti & Mosse, 1980).
Incremento e eficiência micorrízica: As taxas de incremento e eficiência da
inoculação no crescimento das plantas foram calculadas, segundo Weber et al. (2004),
pelas fórmulas:
Incremento: I(%)=100[(X-Y)/Y] e Eficiência Micorrízica: EM(%)=100[(X-Y)/X]
O incremento promovido pela inoculação foi calculado com a média das variáveis nos
tratamentos inoculados em relação ao controle não inoculado e a eficiência da
inoculação, com base na massa da matéria seca total das plantas. Nas duas fórmulas, X
representou a característica da planta micorrizada, e Y a da planta controle.
Teor de macro-nutrientes (NPK): As quantidades foliares do nitrogênio, fósforo e
potássio foram determinadas segundo os métodos de Thomas et al. (1967), Murphy &
Ryley (1962) e Embrapa (1999). Os resultados foram expressos em g/kg. Para
quantificar os teores de nitrogênio, fósforo e potássio o material vegetal foi digerido
utilizando-se ácido sulfúrico e peróxido de hidrogênio (Thomas et al. 1967).
3.9 Análise estatística
Para análise, os dados do número de glomerosporos foram transformados em
logX+1 e os dados da colonização de raízes em arc sen (×/100). Os dados foram
submetidos à análise de variância (ANOVA) e as médias comparadas pelo teste de
Tukey (P ≤0.05) utilizando o programa Assistat 7.7.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 34
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Características do solo e potencial de inoculação micorrízica para produção de
mudas
O solo utilizado para produção das mudas apresentou quantidade média de 5,72
esporos g solo-1
, e potencial de infectividade que variou entre 33 propágulos cm3
solo-1
no solo sem a adição do resíduo, e 4,5 propágulos cm3 solo
-1 na mistura
solo/resíduo (5%). Número semelhante de glomerosporos foi encontrado em outros
estudos na Mata Atlântica (Pereira et al., 2014). Esse número é considerado ideal
para produção de mudas, podendo refletir o grau de colonização das plantas
(Trindade et al., 2010). Diante disso, pode-se afirmar que os FMA nativos do solo
possuíram alta poder competição para colonizar as raízes das plantas estudadas,
diante dos FMA introduzidos.
Do mesmo modo, Cavalcante et al. (2002) estudando o desenvolvimento de
maracujazeiro verificaram que as plantas submetidas à inoculação com 200, 300 e
400 esporos de FMA não tiveram o desempenho alterado nem a colonização das
raízes. Borges et al. (2007) observaram que a inoculação com 5 esporos de
Gigaspora margarita por planta promoveu aumento quadrático da colonização das
mudas de bananeiras. Em mudas de cafeeiro, Saggin Júnior et al. (1992), quando
adicionaram ao solo 0,5 esporos/g, garantiram o bom desenvolvimento e colonização
dessas plantas.
Isso pode significar que a quantidade de glomerosporos no solo de Itapirema já
pode indicar o potencial que as espécies possuem para serem infectivas e, assim,
efetivas na promoção de desenvolvimento das mudas. A quantidade de
glomerosporos no solo pode também demonstrar a capacidade que os FMA nativos
possuem, em termos de benefício ao vegetal, por estarem bem adaptados ao solo, e
refletirem grau de competitividade igual ou superior ao dos FMA inoculados.
Pellegrino et al. (2011) mostrou que os FMA do campo e os nativos re-introduzidos
foram efetivos em aumentar a produtividade e qualidade de plantas quando
comparados aos exóticos introduzidos.
Foi possível observar a presença de 32 espécies de fungos micorrízicos
arbusculares no solo, distribuídas em oito famílias e dez gêneros. As famílias mais
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 35
representativas foram Acaulosporaceae e Glomeraceae, apresentando seis e nove
espécies, respectivamente. No entanto, foi possível observar que as espécies
Racocetra tropicana e Glomus macrocarpum foram as mais abundantes no solo
utilizado para produzir as mudas (Tabela 1). Resultados semelhantes foram
encontrados em solos dos agroecossistemas inseridos no domínio Mata Atlântica
(Pereira et al., 2014). Outros autores relatam diversidades diferentes para a região da
Mata Atlântica, porém, com predominância principalmente para os gêneros
Acaulospora, Glomus e Scutellospora (Zangaro e Moreira, 2010). Os mesmos
autores explicam que a dominância de um ou mais gêneros de FMA em determinado
ambiente pode ser o resultado da interação de alguns fatores do ambiente como
fatores edáficos e climáticos (Oehl et al., 2010), características morfológicas e
fisiológicas das espécies vegetais, compatibilidade genética das espécies de FMA e
plantas que ocorrem no local.
Dessa forma, dentre as propriedades químicas do solo, o pH pode ter sido o fator
que mais influenciou a presença desses gêneros dominantes no estudo. O gênero
Acaulospora, bem como Gigaspora e Scutellospora, tendem a ser dominantes em
solos com valores de pH baixo, enquanto que Glomus domina em ambientes com
faixa de pH tendendo à neutralidade (Siqueira et al., 1989; Trufem, 1999). Ainda
segundo Carrenho (1998), estes gêneros possuem maior capacidade de adaptação a
solos submetidos a diferentes variações ambientais, mostrando que as espécies são
resistentes a perturbações.
Alguns trabalhos demonstram que a inoculação de mudas com FMA indígenas da
Mata Atlântica aumenta a sobrevivência das espécies vegetais nativas (Pasqualini et
al., 2007; Zangaro et al., 2012) quando incorporadas às áreas em recuperação, o que
indica que os FMA também podem ser utilizados para auxiliar a reabilitação de áreas
ameaçadas (Silva et al., 2012). É possível que a riqueza de espécies de FMA do solo
proveniente de Goiana seja bem maior que a registrada nesse trabalho, já que houve
apenas uma coleta do solo, em uma época do ano. Considerando que as espécies de
FMA podem ser sazonais, algumas podem não ter esporulado no período em que a
coleta e avaliações foram realizadas.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 36
Tabela 1. Fungos micorrízicos arbusculares (Glomeromycota) presentes no solo
utilizado nos experimentos, proveniente da Estação Experimental de Itapirema-IPA
(Goiana-PE), junho/2012
Espécies Abundância
Acaulosporaceae
Acaulospora foveata Trappe & Janos 1
Acaulospora mella Spain & N.C. Schenck 8
Acaulospora morrowiae Spain & N.C. Schenck 1
Acaulospora scrobiculata Trappe 4
Acaulospora sp. 1 8
Acaulospora spinosa Walker & Trappe 6
Dentiscutataceae
Dentiscutata scutata (C. Walker & Dieder.) Oehl, F.A.
Souza & Sieverd. 2
Fuscutata aurea Oehl, C.M. Mello & G.A. Silva 6
Fuscutata heterogama Oehl, F.A. Souza, L.C. Maia & Sieverd. 11
Entrophosporaceae
Claroideoglomus claroideum (N.C. Schenck & G.S. Sm.) C. Walker & A.
Schüssler 1
Claroideoglomus etunicatum (W.N. Becker & Gerd.) C. Walker & A.
Schüßler 1
Gigasporaceae
Gigaspora albida Schenck & Smith 1
Gigaspora decipiens I.R. Hall & L.K. Abbott 1
Gigaspora gigantea Gerd. & Trappe 9
Gigaspora margarita Becker & Hall 14
Glomeraceae
Glomus clarum T.H. Nicolson & N.C. Schenck 14
Glomus glomerulatum Sieverding 16
Glomus intraradices Schenck & Smith 1
Glomus macrocarpum Tul. & C. Tul. 37
Glomus microcarpum Tul. & C. Tul. 1
Glomus sp. 1 1
Glomus sp. aff aureum 1
Glomus sp. aff honatus 6
Glomus spinulijesum 1
Paradentiscutataceae
Paradentiscutata maritima B.T. Goto, D.K. Silva, Oehl & G.A. Silva 2
Racocetraceae
Cetraspora pellucida (T.H. Nicolson & N.C. Schenck) Oehl, F.A. Souza &
Sieverd. 7
Cetraspora sp. 1 1
Racocetra coralloidea (Trappe, Gerd. & I. Ho) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. 3
Racocetra fulgida (Koske & C. Walker) Oehl, F.A. Souza & Sieverd. 12
Racocetra tropicana Oehl, B.T.Goto & G.A.Silva 100
Scutellosporaceae
Orbispora pernambucana Oehl, D.K. Silva, N. Freitas & L.C. Maia 3
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 37
Scutellospora calospora C. Walker & F.E. Sanders 4
Total: 32 286
4.2 Associação micorrízica em mudas de pau-brasil
A incorporação do resíduo orgânico ao solo proporcionou maior altura, diâmetro
do caule, número de folhas, área foliar, matéria fresca e seca da parte aérea das plantas
de pau-brasil, no entanto não houve diferenças significativas para os tratamentos de
inoculação (Tabela 2). Na ausência do resíduo, quando as plantas foram inoculadas com
Claroideoglomus etunicatum, apresentaram maior altura, área foliar, matéria fresca e
seca da parte aérea do que aquelas não inoculadas, cultivadas no solo com FMA nativos
(Tabela 2). Esse resultado revela a importância da potencial do solo em disponibilizar
nutrientes para as plantas. O solo continha baixas concentrações de nutrientes e a
incorporação do resíduo pode ter aumentado os níveis de minerais do solo, refletindo no
aumento da biometria das plantas de pau-brasil. Por outro lado, Resende et al. (2000)
observaram que plantas com crescimento lento são pouco influenciadas pela adubação.
Do mesmo modo, Singh, et al. (2000) concluíram que as espécies leguminosas
(arbóreas tropicais) responderam com menor intensidade à adubação que espécies não
leguminosas. Outros estudos mostraram que plantas de pau-brasil responderam
positivamente ao tratamento de diferentes tipos de adubação (Canal, 2010). No entanto
pode ser observado que o inóculo Ce foi efitivo aumentar a altura das plantas de pau-
brasil, mostrando que possui maior capacidade de competir com os nativos. Já adição do
resíduo orgânico suprime a atividade dos FMA em incrementar os parâmetros
biométricos da espécie vegetal, pois não foi possível observar efeitos do fungo nesses
tratamentos.
Tabela 2. Crescimento das mudas de pau-brasil (Caesalpinia echinata) cultivadas em
solo (sem e com incorporação de resíduo): não inoculadas (NI-FMA Nativos),
inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com Acaulospora
longula (Al), 150 dias após a inoculação, em casa de vegetação, Recife-PE, 2012
Tratamentos de
Inoculação
Altura (cm) Diâmetro do caule
(mm) Nº de Folhas Área Foliar (cm
2)
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
Resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
NI 10.37 bB 19.25 aA 3.45 bA 4.07 aA 6.50 bA 9.62 aA 29.32 bB 82.5 aA
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 38
Ce 14.25 bA 18.12 aA 3.87 bA 4.00 aA 7.50 bA 9.12 aA 62.65 bA 83.76 aA
Al 12.56 bAB 18.37 aA 3.77 bA 3.92 aA 7.25 bA 8.50 aA 40.92 bAB 66.47 aA
CV (%) 14,38 12,19 11,81 25,10
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
Por outro lado, os resultados mostram que a comunidade de fungos nativos foi
tão eficiente na promoção do crescimento das mudas de pau-brasil quanto os isolados de
FMA introduzidos. O mesmo foi sugerido por Paluch et al. (2013) quando estudou o
efeito da adição de inoculo comercial em espécies de plantas pioneiras em experimento
conduzido em casa de vegetação em solo não esterilizado. Os autores ainda atribuem os
resultados obtidos às características do solo. Souza et al. (2007) estudando o
crescimento de plantas de pau-brasil em diferentes níveis de sombreamento no Espírito
Santo, não registraram diferenças significativas no número de folhas e diâmetro do
caule, corroborando os resultados obtidos nesse estudo.
A espécie de FMA Claroideoglomus etunicatum foi efetiva em aumentar o
crescimento de plantas de eucalipto em até 85%. A adição de substratos na produção de
mudas melhorou o desempenho de espécies florestais, e somado à inoculação por
espécies de Glomus foram efetivos em promover ganho vegetal (Souza et al., 2009). Por
consequência houve aumento na aquisição de P e decréscimos nas quantidades de Al,
Fe, Zn e Cu das plantas (Babu & Reddy, 2011). A mesma espécie de FMA também
promoveu o crescimento de leguminosas em experimento em casa de vegetação,
aumentado os teores de açucares da planta e melhorando a comunidade microbiana do
solo (Li et al., 2012). Outros isolados do gênero Glomus produzidos em canteiros,
promoveram respostas positivas em mangueiras, aumentando a alturas das plantas, bem
como a matéria seca (Mohandas, 2012). O mesmo isolado (Claroideoglomus
etunicatum) em combinação com diferentes substratos, beneficiou o crescimento e de
mudas de Neem (Monte Júnior et al., 2012). Isso demonstra que essa espécie de FMA
pode ser introduzida em programas de recuperação de áreas degradadas por promover
ganho vegetal. E pode aumentar a sustentabilidade e qualidade dos ecossistemas,
contribuindo para a restauração ecológica, preservação e manutenção de espécies
vegetais em extinção (Matos et al., 1999).
A matéria seca e fresca da parte aérea diferiu significativamente entre os
tratamentos enriquecidos com o resíduo vegetal, apresentando maiores valores as
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 39
plantas cultivadas com a adição do resíduo. Entre os tratamentos de inoculação foram
encontradas diferenças apenas para os solos que não receberam resíduo. Tanto para
MFPA quanto MSPA, a inoculação com Ce favoreceu o aumento da biomassa em
relação aos FMA nativos. No entanto para a matéria seca da raiz a adição de resíduo ao
solo e a inoculação com as espécies de FMA não foram capazes de proporcionar ganhos
na biomassa (Tabela3).
Tabela 3. Matéria fresca e seca (MFPA/MSPA) da parte aérea e raiz (MFR), e
nutrientes foliares (NPK) de mudas de pau-brasil (Caesalpinia echinata) cultivadas em
solo (com e sem a incorporação de resíduo): não inoculadas (NI-FMA nativos),
inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com Acaulospora
longula (Al), 150 dias após a inoculação, em casa de vegetação, Recife-PE, 2012
Tratamento de
inoculação
Solo
Solo
+
Resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
MFPA (g) MSPA (g) MFR (g)
NI 4,43bB 10,00aA 2,13bB 4,95aA 1,64aA 1,74aA
Ce 7,50bA 9,88aA 3,80bA 5,29aA 1,86aA 1,95aA
Al 5,87bAB 9,54aA 2,75bAB 4,78aA 2,07aA 1,79aA
CV (%) 22,89 20,82 26,13
Nitrogênio
(g/kg)
Fósforo
(g/kg)
Potássio
(g/kg)
NI 19,7 aA 19,2 aA 2,09 aA 1,5 aA 19,5 aA 8,94 bA
Ce 21,3 aA 24,1 aA 2,13 aA 1,3 aA 11,5 aA 12,9 aA
Al 21,7 aA 21,5 aA 1,9 aA 1,6 aA 12,1 aA 13,5 aA
CV (%) 16,12 37,57 20,62
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
Resultados semelhantes foram encontrados por Samarão et al. (2011) ao estudar
o desenvolvimento de plantas de gravioleira em solo não esterilizado; Eles observaram
que os FMA nativos foram tão efetivos quanto os exóticos em promover o ganho de
biomassa pelas plantas. Respostas positivas também foram obtidas com ganhos de
biomassa fresca e seca da parte aérea em mudas de pessegueiro associadas à
Claroideoglomus etunicatum (Nunes et al., 2013). Esse resultado demonstra a
importância das espécies do gênero Glomus como biofertilizantes em projetos de
recuperação de áreas degradadas envolvendo a produção de mudas de espécies
florestais, pois esses FMA têm a capacidade de beneficiar espécies vegetais de grande
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 40
porte, além de serem bem plásticas e conseguirem se adaptar às diferentes perturbações
do solo (Carrenho, 1998).
As quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio foliar não diferiram entre os
tratamentos de inoculação e adição de resíduo orgânico nas mudas de pau-brasil. Essas
diferenças podem não ter sido detectadas devido à idade das plantas, consideradas ainda
jovens, já que possuem crescimento lento. No solo sem adubação a inoculação de Ce foi
capaz apenas de incrementar a quantidade N foliar em 7,5% e 9,2% nos tratamentos
com Al. Para os demais nutrientes não houve aumentos. Já no solo com adubação, a
inoculação de Ce e Al aumentou o N foliar em 20, 3% e 10,3%, respectivamente. Para o
P apenas o tratamento com Al incrementou em 6,2% as quantidades foliar e o K
aumentou em 30,6 e 33,7% nos tratamentos inoculados com Ce e Al, respectivamente.
No entanto apesar de não sido verificadas diferenças significativas quanto a absorção do
NPK, a inoculação foi capaz aumentar quantidades consideráveis desses nutrientes.
Alguns autores afirmam que as micorrizas podem contribuir com 80% da absorção de
fósforo, 25% da absorção de nitrogênio e 10% de potássio (Marschner & Dell, 1994).
Isso significa que de acordo com esses valores os FMA poderam ser mais efetivos na
absorção do N e K.
Como pode ser observado, os isolados de FMA possuem capacidades diferentes
de beneficiar o hospedeiro. De acordo com Abbott et al. (1992), algumas características
do FMA podem ser usadas para definir um isolado como eficiente, tais como: ter
habilidade em absorver nutrientes do solo, principalmente o P, e transferi-lo para o
hospedeiro, entre outras. A avaliação da eficiência simbiótica baseada no crescimento
ou no aspecto nutricional é essencial quando se pretende selecionar fungos destinados a
programas de inoculação (Saggin Júnior & Siqueira, 1995). Nesse trabalho, as espécies
de fungos inoculadas foram mais eficientes em aumentar as quantidades de K, com
destaque para a espécie Al. Segundo Gamper et al. (2004), o nitrogênio é absorvido em
maiores quantidades que o fósforo, o qual é considerado o principal nutriente envolvido
na simbiose micorrízica.
Além disso, a introdução de mudas micorrizadas em área perturbadas é
fundamental para a reabilitação dos habitats, pois se sabe que para maximizar a entrada
de C no solo, necessita-se maximizar a produtividade vegetal (Rees et al., 2005). Isso se
deve ao fato de que a produção primária acima do solo é a única fonte de matéria
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 41
orgânica para a maioria dos solos (Van De Geijn & Van Veen, 1993). O aumento da
biomassa vegetal representa um dos principais mecanismos de fixação de C atmosférico
pelas plantas, e sua incorporação ao solo ocorre após os resíduos vegetais serem
metabolizados pela biota e convertidos em matéria orgânica do solo. Além disso, a
presença de FMA nas raízes é um indicativo do sucesso na alocação de C no solo,
através das hifas e produção da glomalina (Jonhson et al., 2013; Smith & Read, 1997) e
atividades funcionais desses fungos nos ecossistemas.
Não foi possível observar diferenças significativas quanto à presença de resíduo
orgânico no solo para a assimilação de CO2, no entanto houve diferenças nos
tratamentos e inoculação. A adição de inóculo de Claroideoglomus etunicatum,
favoreceu a assimilação de CO2 nas plantas de pau-brasil, porém quando o solo foi
adubado, a maior taxa de assimilação foi proporcionada pelo FMA nativos do solo, no
tratamento sem inoculação (tabela 4). Com relação à transpiração e condutância
estomática não houve diferenças entre os tratamentos de inoculação, porém a presença
do resíduo orgânico no solo diminuiu a condutância dos estômatos das folhas de pau-
brasil no tratamento inoculado com Ce, em relação ao não adubado.
A incorporação do resíduo orgânico no solo foi capaz de induzir diferenças na
eficiência no uso da água do pelo pau-brasil. No entanto, nos tratamentos sem adubação,
a inoculação de Ce, incrementou a EUA, e os FMA nativos no tratamento com
adubação também proporcionaram um aumento na EUA pelas plantas. A inoculação
com a espécie Claroideoglomus etunicatum incrementou o crescimento das plantas de
pau-brasil que apresentaram incrementos na altura (36%), biomassa fresca e seca da
parte aérea (40% e 43%), área foliar (114%), assimilação de CO2 (42%) e eficiência do
uso da água (59%).
Tabela 4. Atividade fotossintética: assimilação de CO2 (A), transpiração (E),
condutância estomática (gs) e eficiência no uso da água (EUA) de mudas de pau-brasil
(Caesalpinia echinata) cultivadas em solo (com e sem a incorporação de resíduo) não
inoculadas-FMA Nativos (NI), inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e
inoculadas com Acaulospora longula (Al), 150 dias após a inoculação com FMA em
casa de vegetação, Recife-PE, 2012
Tratamen
tos de
Inoculaçã
o
A (µmol.m-2
s-1
) E (mmol.m-2
s-1
) gs (mol.m-2
s-1
) EUA
(µmol CO2 mmolH2O)
Solo
Solo
+
Solo
Solo
+
Solo
Solo
+
Solo
Solo
+
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 42
resíduo resíduo resíduo resíduo
NI 3,49aAB 4,24aA 1,32aA 1,11aA 0,03aA 0,03aA 2,62aAB 4,00aA
Ce 4,99aA 2,70bAB 1,28aA 0,96aA 0,04aA 0,02bA 4,17aA 2,81aAB
Al 2,70aB 2,28aB 1,23aA 1,15aA 0,03aA 0,03aA 2,26aB 2,03aB
CV (%) 38,92 27,87 30,47 39,82
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
A assimilação de dióxido de carbono promove perda de água, e diminuição desta
perda pode restringir a entrada de CO2, devido ao fechamento estomático (Shimazaki et
al., 2007). Outros autores afirmam que a relação entre a fotossíntese e a transpiração
indica a eficiência no uso de água (EUA), em que os valores observados relacionam a
quantidade de carbono que a planta fixa, por cada unidade de água que perde (Jaimez et
al., 2005). Os valores de EUA apresentados pelo pau-brasil acompanham os valores da
assimilação de CO2 e transpiração. Os valores de fotossíntese corroboram com os
resultados obtidos por Baroni et al. (2005) em plantas de pau-brasil, cultivadas sob
diferentes intensidades de luz. A resposta das plantas de pau-brasil à micorrização
demonstra a importância dos FMA para os ecossistemas. Birhane et al. (2012)
inoculando espécie de Glomus em plantas de Boswellia papyrifera, obtiveram o mesmo
padrão de aumento dos parâmetros biométricos da planta, resultando em aumento da
taxa fotossintética.
Por outro lado, a relação entre a taxa de fotossíntese e o crescimento não é
direta, e sim de retroalimentação, na qual não só a taxa fotossintética pode modificar o
crescimento, mas também a taxa de crescimento influencia a taxa fotossintética
(Kerbauy, 2008). A base desse mecanismo é que a alta concentração de fotoassimilados
aumenta a capacidade dos drenos já existentes e estimula a formação de novos drenos
(Braghirolli, et al., 2012). Estudos estimam que o C alocado para os FMA varia de 5 a
20 % dos fotossintatos da planta hospedeira (Jakobsen & Rosendahl, 1990; Pearson &
Jakobsen, 1993), demonstrando a importância desses fungos e da simbiose micorrízica
como via de entrada de C no solo. Drigo et al. (2010), estudando a alocação de CO2
pelos FMA, encontraram que a espécie Fuscutata rubra foi responsável pela
assimilação de 30% dos fotossintatos em condições atmosféricas e 40% em condições
ambientais, mostrando que as espécies inoculadas têm performances diferentes
dependendo das condições ambientais.
Plantas que estocam mais água conseguem manter por mais tempo os estômatos
abertos, resultando em aumentos (em maior ou menor grau) nas taxas de assimilação e
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 43
transpiração (Birhane et al., 2012). Os presentes resultados corroboram os obtidos por
Querejeta et al. (2006), no entanto, quando esses autores compararam a inoculação dos
FMA nativos e introduzidos sob condições de estresse, observaram que os nativos
aumentaram a condutância estomática de Pistacia lentiscus e Retama sphaerocarpa. Por
outro lado, Augé (2004) demonstrou em seus estudos que plantas que crescem em solo
na presença de FMA têm sua condutância estomática aumentada. Estrada et al. (2013),
estudando o desenvolvimento de plantas em condições salinas, observou que a
condutância estomática diminuiu em tratamentos inoculados e não inoculados, porém,
em condições não salinas não houve diferenças significativas com relação a esse
parâmetro. Isso pode significar que sob condições ambientais normais o fungo mantém
estável a estrutura dos estômatos, resultando em aumento nas taxas fotossintéticas. Isso
pode aumentar as taxas de assimilação pela proteção do sistema fotossintético e
aumento das taxas de transpiração (Estrada et al., 2013). Birhane et al. (2012)
observaram que a inoculação com Glomus e Gigaspora foi capaz de aumentar a
eficiência no uso da água pelas plantas sob condições de estresse hídrico.
A densidade de glomerosporos foi maior nos tratamento com FMA nativos e
inoculados com Ce, em ambos os solos, não diferindo estatisticamente entre si (Figura
4). Esses resultados não mostram diferenças no número de glomerosporos com a adição
de resíduo, indicando que a esporulação dos FMA pode não está relacionada a
quantidade de matéria orgânica do solo. E corroboram os resultados obtidos por
Nakatani et al. (2011), mostrando que a adição de matéria orgânica ao solo reduz o
número de glomerosporos. Isso reflete a estratégia de sobrevivência dos FMA, pois a
grande disponibilidade de nutrientes minerais no solo reduz a atividade dos FMA. No
entanto, pode-se afirmar que a adição do inóculo de Claroideoglomus etunicatum não
foi capaz de estimular a produção de glomerosporos tanto da comunidade de FMA
nativos do solo quanto do próprio inoculante. Tudo isso reflete a eficiência da
associação, pois os melhores desempenhos das mudas de pau-brasil foram observados
nos tratamentos inoculados com Claroideoglomus etunicatum. Já a inoculação com Al
não promoveu crescimento vegetal nem f capaz de estimular a produção de
glomerosporos, isso pode refletir a diversidade funcional das espécies, indicando a
incompatibilidade dela com a promoção do crescimento com pau-brasil.
Coste et al. (2005), estudando a relação entre a concentração de N na folha com
características fotossintéticas de 14 espécies de árvores tropicais, observou uma
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 44
baixa correlação entre o aumento da concentração d e N com a capacidade
fotossintética e concluiu que a variação na fotossíntese está mais relacionada com o N
alocado para esta função do que sua concentração foliar. Para o pau-brasil pode-se
observar que o conteúdo de nitrogênio na folha não variou e a fotossíntese (A) também.
Figura 4. Densidade de glomerosporos na rizosfera das mudas de pau-brasil
(Caesalpinia echinata), após 150 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE,
2012. NI=FMA Nativos; Ce=inoculação com C. etunicatum; Al=inoculação com A.
longula. Letras minúsculas comparam cada tratamento de inoculação entre as condições
de solo e letras maiúsculas comparam os tratamentos de inoculação em cada condição
do solo.
As porcentagens de colonização dos FMA Nativos e de Ce foram
significativamente maiores quando o resíduo foi incorporado ao solo, não apresentando
diferenças entre os tratamentos de inoculação (Figura 5) com médias variando entre
12,4% a 39,4% nos tratamentos não adubados, e entre 40,3% a 58,9% nos tratamentos
em que houve adição de resíduo ao solo. A eficiência da associação e a efetividade dos
FMA variam em função das taxas de colonização micorrízica e das espécies de fungo
(Pouyu-Rojas et al., 2006), ou seja, algumas combinações entre fungo e hospedeiro
podem ser mais eficientes que outras (Kiers et al., 2000). De acordo com Saggin Júnior
& Siqueira (1995), as diferenças na porcentagem de colonização micorrízica podem ser
causadas pelo balanço entre o benefício nutricional, promovido pelo fungo à planta, e o
dreno de fotoassimilados da planta para o fungo. Foi observado que as plantas de pau-
brasil tiveram maior desenvolvimento de alguns parâmetros avaliados nos tratamento
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 45
em que houve a incorporação do resíduo orgânico, demonstrando que a disponibilidade
mineral do solo incrementou os níveis de crescimento das mudas de pau-brasil. Dhar &
Mridha (2012), estudando a colonização de espécies florestais, observaram que a
colonização das plantas não ultrapassou a taxa de 70%, mostrando que essa faixa de
colonização é comum para espécies florestais de grande porte.
Figura 5. Porcentagem de colonização das raízes das mudas de Pau-brasil (Caesalpinia
echinata), após 150 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE, 2012.
NI=FMA Nativos; Ce=inoculação com C. etunicatum; Al=inoculação com A. longula.
Letras minúsculas comparam cada tratamento de inoculação entre as condições de solo
e letras maiúsculas comparam os tratamentos de inoculação em cada condição do solo.
4.3 Associação micorrízica em mudas de moringa
A altura das mudas de moringa não diferiu entre os tratamentos de inoculação no
solo sem resíduo e foram significativamente maiores do que a altura das plantas na
presença do resíduo orgânico, porém na presença do resíduo os FMA nativos do
tratamento sem inoculação, promoveram maior crescimento da moringa. As mudas que
tiveram o resíduo orgânico incorporado ao solo apresentaram diâmetro de caule maior
não sofrendo influencia da inoculação. Com relação à área foliar das plantas de moringa
não houve beneficio da adubação e da adição do inóculo de FMA, sendo que todas as
plantas apresentaram desempenhos semelhantes (tabela 5).
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 46
Tabela 5. Crescimento das mudas de moringa (Moringa oleifera) cultivadas em solo
(com e sem a incorporação de resíduo): não inoculadas-FMA nativos (NI), inoculadas
com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com Acaulospora longula (Al), 90
dias após a inoculação, em casa de vegetação, Recife-PE, 2012
Tratamentos de
Inoculação
Altura
(cm) Diâmetro do caule
(mm) Área Foliar
(cm2)
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
NI 105,11aA 101,28aA 3,68bA 5,84aA 37,38aA 37,78aA
Ce 103,99aA 93,69bB 3,58bA 5,95aA 12,83aA 24,17aA
Al 104,81aA 99,33bA 3,76bA 5,69aA 28,31aA 42,27aA
CV (%) 3,03 7,51 45,29
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
A adição do resíduo orgânico ao solo estimulou a atividade da comunidade
nativa de FMA, em relação aos FMA introduzidos com reflexos na altura das plantas de
moringa. Além do mais, a adição de resíduo às mudas de moringa favoreceu o
desenvolvimento secundário das plantas, podendo ser observado pelo maior diâmetro do
caule, independentemente do tratamento de inoculação. Contrariamente aos resultados
encontrados no presente estudo, Farias et al. (2008) obtiveram resultados positivos
quanto ao beneficiamento na inoculação de Claroideoglomus etunicatum em mudas de
moringa.
Poucas são as informações sobre o efeito da micorrização no desenvolvimento
de plantas de moringa. Por outro lado, efeitos positivos na altura e biomassa das mudas
foram obtidos por Asaolu et al. (2012) que avaliaram o efeito da inoculação e da
adubação em plantas de moringa e verificaram que a combinação de duas espécies de
Glomus e esterco bovino é uma alternativa para produção de mudas dessa espécie
vegetal, corroborando os resultados apontados nesse estudo. Seus resultados mostraram
que as plantas de moringa, após 60 dias de cultivo, atingiram altura de 65 cm. Os
resultados deste estudo, no entanto, apontam que as plantas de moringa conseguiram
ultrapassar essa altura em menor tempo que pode ser devido os efeitos da inoculação
com FMA combinada à adição de resíduo orgânico.
Estudos demonstram como as espécies vegetais de diferentes estágios
sucessionais respondem à inoculação. Siqueira et al. (1998), estudando o crescimento
micotrófico de diferentes espécies arbóreas, observaram que as pioneiras responderam
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 47
melhor à inoculação do que as espécies vegetais de estágios sucessionais mais
avançados. Os resultados demonstram a elevada dependência micorrízica das plantas
pioneiras pelos FMA. Pasqualini et al. (2007) estudaram a resposta de crescimento de
espécies arbóreas pioneiras e secundárias utilizadas na recuperação de ambiente e
classificaram as espécies pioneira como responsivas ou altamente responsivas enquanto
que as secundárias foram classificadas como independentes. Portanto, plantas que
desenvolvem mecanismos nutricionais diferentes, apresentam resposta a micorrização e
dependência micorrízica diferentes.
A matéria seca e fresca da parte aérea das plantas de moringa foi
significativamente maior nos tratamentos com adição do resíduo orgânico e não
responderam aos tratamentos de inoculação. De forma contrária, a matéria fresca da raiz
não foi estimulada pelo resíduo e ainda contribuiu para a redução de sua produção no
tratamento de inoculação com Ce (Tabela 6).
Nos tratamentos sem adubação, a inoculação com Claroideoglomus etunicatum
foi capaz de incrementar 18,7% e com Acaulospora longula 31%, a biomassa seca da
parte aérea das plantas de moringa. Nos tratamentos adubados, os FMA nativos ou
introduzidos não proporcionaram incrementos na matéria fresca ou seca das plantas de
moringa.
Tabela 6. Matéria fresca e seca da parte aérea (MFPA/MSPA) e fresca da raíz, e
nutrientes foliares (NPK) da raiz de mudas de moringa (Moringa oleifera) cultivadas
em solo (com e sem a incorporação de resíduo): não inoculadas-FMA nativos (NI),
inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e inoculadas com Acaulospora
longula (Al), 90 dias após a inoculação, em casa de vegetação, Recife-PE, 2012
Tratamentos de
Inoculação
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
MFPA (g) MSPA (g) MFR (g)
NI 4,40bA 7,76aA 0,91bA 3,85aA 5,71aA 5,68aA
Ce 3,12bA 6,98aA 1,12bA 3,84aA 5,99aA 4,09bB
Al 3,98bA 9,03aA 1,32bA 3,54aA 5,81aA 5,93aA
CV (%) 22,95 22,53 15,06
Nitrogênio
(g/kg)
Fósforo
(g/kg)
Potássio
(g/kg)
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 48
NI 33,7 aA 35,4 aA 2,83 aA 2,34 aA 20,2 aA 13,4 aB
Ce 33,9 aA 40,7 aA 2,87 aA 2,39 aA 19,6 aA 19,9 aA
Al 34,5 aA 27,6 aA 2,31 aA 2,57 aA 11,4 bA 19,9 aA
CV (%) 37,7 20,12 15,26
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
A biomassa das mudas de moringa foi beneficiada com a inoculação de Glomus
mosseae e Glomus agregatum e quando foram adicionados ao solo fertilizantes minerais
NPK, indicando que a inoculação com FMA seguida de adubação mineral é uma
alternativa para aumentar a produção de moringa (Asaolu et al., 2012). Sukesh et al.
(2013), estudando a produção de mudas de Vatica chinensis (espécie pioneira que
cresce em bordas de floresta), mostraram que inoculação com espécies de Glomus e
Acaulospora, isoladamente ou combinadas, proporcionaram incrementos na biomassa
das plantas. Caravaca et al. (2005), ao pesquisarem o desenvolvimento de arbustos em
ecossistemas degradado na região mediterrânea, verificaram que as plantas
submetidas à inoculação com Glomus claroideum e ou com a mistura de FMA nativos
tiveram maior altura, diâmetro basal, massa seca e comprimento de raízes.
Estudos realizados por Jha et al. (2012) mostraram que a biomassa total de duas
espécies de bambu também aumentou com a inoculação de espécies do gênero
Acaulospora e Glomus, mas a biomassa seca da raiz foi incrementada apenas por
espécies do gênero Glomus. O mesmo não foi possível observar nesse trabalho, pois a
biomassa da raiz só foi menor no tratamento com adição de Ce. Resultados semelhantes
foram encontrados por Sugai et al. (2011) quando inocularam espécies de Glomus e
Gigaspora em mudas de angico e obtiveram resultados positivos quanto ao aumento da
biomassa, indicando que essa combinação de FMA foi a que mais beneficiou as mudas.
Para as quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio (Tabela 6) não foram
observadas diferença entre os tratamentos de inoculação e adição de resíduo orgânico
nas mudas de moringa, a não ser para o potássio que no solo com adição de resíduo
orgânico foi observado menor quantidade no tratamento com FMA-nativos e no solo
sem a adição do resíduo orgânico no tratamento com Al. No solo que sofreu adição de
resíduo orgânico foi possível observar incrementos de 14,9% do nitrogênio, 2,1% do
fósforo, e 48,5% do potássio no tratamento com Ce e 9,8% de incremento para o fósforo
e 48,5% para o potássio foliar no tratamento com adição de Al. No solo que não sofreu
adição do resíduo, a inoculação de Ce e Al não proporcionou aumento nas quantidades
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 49
de NPK foliar, isso pode estar atrelado a menor atividade do fungo quando o solo é
adubado, requerendo menos da atividade micorrízica.
Para as plantas de moringa, pode-se observar que a inoculação com as espécies
de FMA foi mais eficiente na aquisição de nutrientes em relação ao pau-brasil. Nesse
experimento o maior benefício foi proporcionado por Ce, diferentemente do pau-brasil.
Hart et al. (2012) demonstraram que a inoculação com espécie de Glomus foi a única
que proporcionou aumentos nas quantidades de nutrientes foliar. As diferenças entre
moringa e pau-brasil podem ser explicadas pela capacidade dos fungos de serem mais
eficientes em beneficiar plantas de estágio sucessional menor (moringa), plantas com
rápido crescimento em relação às tardias na sucessão ecológica. Esse resultado também
reflete o grau de associação micorrízica. As plantas de moringa foram mais colonizadas
do que as de pau-brasil, logo, puderam obter maior benefício da simbiose. Pasqualini et
al. (2007) também obtiveram resultandos semelhantes quando avaliaram a colonização
de espécies florestais de diferentes estágios sucessionais. Inoculando Glomus e
Acaulospora, verificaram colonização de 30 a 60% em espécies pioneiras e nenhuma
colonização em espécies secundárias.
Geralmente, melhor nutrição, especialmente em relação ao P, e aquisição de
água é responsável por aumentos na biomassa das plantas (Sieverding, 1991). Essa
afirmação corrobora os resultados obtidos nesse estudo. A espécie Moringa oleifera é
referida como potencialmente medicinal. Trabalhos têm relatado o aumento da
biomassa pela inoculação com FMA de outras plantas medicinais perenes (Gupta e
Janardhanan, 1991; Arpana e Bagyaraj, 2007). Isso demonstra a importância da
inoculação para o aumento na produtividade das plantas medicinais, favorecendo,
consequentemente, o aumento dos metabólitos secundários.
A assimilação de CO2 das plantas de moringa foi significativamente maior nos
tratamentos sem adição de resíduo e, dentre esses, a inoculação com Ce mostrou o
maior valor. A inoculação com Ce foi capaz de incrementar a assimilação em 40% e
com Al em 20%. A transpiração das mudas de moringa foi significativamente maior nos
tratamentos inoculados com FMA em solo não adubado, e a adição de resíduo orgânico
favoreceu a transpiração das mudas de moringa nos tratamentos com FMA nativos. A
condutância estomática foi maior nos tratamentos com inoculação sem adição de
resíduo, acompanhando os resultados da transpiração. Não houve diferenças
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 50
significativas para a eficiência no uso de água nas plantas em que o solo foi adubado,
quando comparado ao não adubado, no entanto, contrariamente aos resultados da
transpiração e condutância estomática, as plantas no solo sem adição do resíduo
orgânico e associadas aos FMA introduzidos tiveram um menor desempenho em relação
àquelas apenas com FMA nativos, quanto ao uso eficiente da água (Tabela 7).
Resultados semelhantes foram obtidos por Wu e Xia (2006), quando avaliaram o
desempenho fotossintético das plantas de Citrus tangerine inoculadas com Glomus
versiforme. Neste trabalho com Citrus foi possível observar que todos os parâmetros
fotossintéticos foram aumentados em relação às plantas não micorrizadas. A espécie
Glomus intraradices, quando inoculada em plantas de citros, aumentou em 32% o fluxo
de C das plantas para o fungo (Pearson & Jakobsen, 1993). A mesma espécie inoculada
em feijão aumentou 37% essa translocação (Peng et al., 1993). O fluxo C do hospedeiro
para o FMA tem sido relatado e varia desde 4 a 20% do total de fotoassimilados (Smith
& Read, 1997). Esses resultados podem estar relacionados à diversidade funcional das
espécies de FMA, refletida na afinidade de colonização do hospedeiro, assim como
observado nesse trabalho. Em outro estudo, a mesma espécie de FMA beneficiou a
fotossíntese de mudas de algodão bravo (Ipomoea carnea), uma espécie vegetal pioneira
(Amaya-Carpio et al., 2009).
Tabela 7. Atividade fotossintética: taxa de assimilação de CO2 (A), taxa de transpiração
(E), condutância estomática (gs) e eficiência do uso da água (EUA) de mudas moringa
(Moringa oleifera) cultivadas em solo (com e sem a incorporação de resíduo) não
inoculadas-FMA Nativos (NI), inoculadas com Claroideoglomus etunicatum (Ce) e
inoculadas com Acaulospora longula (Al), 90 dias após a inoculação com FMA, em
casa de vegetação, Recife-PE, 2012
Tratamentos
de
Inoculação
A (µmol.m-2
s-1
) E (mmol.m-2
s-1
) gs (mol.m-2
s-1
)
EUA
(µmol CO2 mmol
H2O)
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
Solo
Solo
+
resíduo
NI 8,55aB 4,65bA 3,56aB 2,56aA 0,09aB 0,05bA 2,45aA 1,86bA
Ce 12,24aA 4,33bA 7,59aA 2,42bA 0,19aA 0,04bA 1,66aB 1,80aA
Al 10,33aAB 3,78bA 6,99aA 2,33bA 0,15aA 0,04bA 1,47aB 1,59aA
CV (%) 26,71 31,27 34,79 19,20
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 51
A espécie Moringa oleifera é uma planta de regiões semiáridas e, por isso, bem
adaptada a condições ambientais adversas. Nesses casos, as plantas tendem a diminuir a
condutância dos estômatos, bem como a transpiração, e aumentar a eficiência no uso de
água. Nesse trabalho, as plantas apresentaram atividades fotossintéticas normais,
baseado no controle, diferindo dos resultados obtidos por Rivas et al. (2007) quando
avaliaram a condição fotossintética dessa espécie em ciclos sucessivos de déficit
hídrico. Em plantações na região do mediterrâneo, relações positivas foram encontradas
entre a taxa fotossintética e a condutância estomática das plantas (Oliet et al., 2013).
Isso demonstra que o aumento da assimilação de CO2 pode ser administrado pela
regulação da abertura estomática.
Variáveis de crescimento das plantas de moringa podem estar correlacionadas
com variáveis de trocas gasosas e atividade fotossintética, as plantas que apresentaram o
melhor desempenho em termos de altura e biomassa, também obtiveram maiores
incrementos na assimilação. Resultados semelhantes foram encontrados por Oliet et al.,
(2013) em regiões do mediterrâneo, que também observaram que o crescimento
potencial das raízes de Zizyphus lotus L. e Ceratonia siliqua L. acompanhou as taxa de
assimilação em casa de vegetação e após o transplantio para o campo.
Quanto à eficiência no uso de água, os resultados podem ser explicados pelas
respostas das plantas no solo que não recebeu resíduo vegetal, tratamento em que a
atividade fotossintética foi maior, já que a eficiência no uso de água é uma razão entre
assimilação e transpiração. Tanto os fungos nativos do solo quanto os inoculados, nos
tratamentos sem adição do resíduo orgânico, foram eficientes em promover benefícios
para as plantas de moringa indicando que para planta de estágios sucessionais iniciais
apenas a presença de propágulos eficientes de FMA nativos no solo ou introduzidos é
suficiente para que mudas de moringa tenham um adequado crescimento inicial. Isso
mostra que essa pode ser uma prática a ser aplicada em programas de recuperação de
áreas degradas que produzam mudas de espécies florestais em viveiro. Lacerda et al.
(2011) também recomendam a aplicação de FMA na produção de mudas de espécies
florestais, em particular de espécies de FMA do gênero Glomus.
A densidade de glomerosporos foi ligeiramente menor nos tratamentos que
receberam adubação, no entanto, não foi possível observar diferenças estatísticas entre
eles (Figura 6). Não houve diferenças significativas em relação à colonização,
mostrando que os propágulos dos FMA nativos ou introduzidos tiveram a mesma
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 52
capacidade de colonizar as raízes de moringa. Os estudos de Brito (2013) e Lacerda et
al. (2011) indicam que a espécie Glomus clarum foi capaz de colonizar 80% a 90% das
raízes das espécies arbóreas. Esses resultados corroboram os encontrados no presente
experimento com moringa em que Claroideoglomus etunicatum foi responsável por
taxa de colonização de 97% nas raízes.
Zangaro et al. (2000) observaram que a colonização micorrízica em casa de
vegetação e em campo tendeu a ser maior em espécies pioneiras e secundárias iniciais
(com variação de 25 a 70%) do que em secundárias tardias e climácicas (com variação
de 2 a 22%). Esses autores ainda demonstraram que a dependência micorrízica das
espécies pioneiras foi de 90%, comparada à das espécies secundárias iniciais (48%),
secundárias tardias (12%) e climácicas (14%) e que a resposta micorrízica foi
inversamente correlacionada com o estádio sucessional.
Os trabalhos desenvolvidos por Sugai et al. (2011) mostraram que as plantas
cultivadas em solo preservado natural tiveram o crescimento melhor do que as
cultivadas em solo esterililizado submetido à inoculação com Glomus etunicatum e
Paraglomus brasilianum. Gross et al. (2004), estudando Anadenanthera peregrina,
concluíram que em plantas cultivadas em solo de cerrado não autoclavado houve alta
taxa de colonização fúngica nas raízes, influenciando positivamente nos teores P na
planta. Isso indica que a comunidade nativa de FMA possui espécies eficientes em
promover o crescimento de espécies arbóreas. O mesmo pode ser constatado nesse
trabalho, quando não foram observadas diferenças no potencial de colonização dos
FMA nativos do solo em relação aos introduzidos, mostrando que a comunidade desses
fungos no solo é tão competitiva quanto à daqueles multiplicados em canteiro.
Siqueira et al. (1998) afirmam que o desenvolvimento de espécies vegetais é
inversamente proporcional ao peso das sementes e ao estagio de sucessão de espécies
florestais. Segundo os autores, espécies pioneiras têm sementes leves, alta
suscetibilidade à penetração e taxa de colonização e respondem tanto à inoculação com
FMA quanto à aplicação de superfosfato, enquanto que as espécies secundárias tardias
são mais dependentes das reservas das sementes do que de FMA e superfosfato para o
crescimento inicial. Espécies secundárias tardias podem tornar-se dependentes de
micorriza nos estágios de crescimento posteriores e fungos glomóides e o fósforo no
solo são fatores importantes, à luz da ecologia florestal e tecnologia de reflorestamento,
nos trópicos, em solos de baixa fertilidade (Siqueira et al., 1998).
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 53
Figura 6. Densidade de glomerosporos na rizosferas das mudas de moringa (Moringa
oleifera), após 90 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE, 2013. Letras
minúsculas comparam dentro de cada tratamento de inoculação as condições de solo e
letras maiúsculas comparam os tratamentos de inoculação em cada condição do solo.
NI=FMA Nativos; Ce=inoculação com C. etunicatum; Al=inoculação com A. longula.
Figura 7. Porcentagem de colonização das raízes das mudas de moringa (Moringa
oleifera), após 90 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-PE, 2013 Letras
minúsculas comparam dentro de cada tratamento de inoculação as condições de solo e
letras maiúsculas comparam os tratamentos de inoculação em cada condição do solo.
NI=FMA Nativos; Ce=inoculação com C. etunicatum; Al=inoculação com A. longula.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 54
4.4 Associação micorrízica em mudas de pau-ferro
As plantas diploides e tetraploides de pau-ferro associadas à FMA tiveram altura
semelhante entre si. As plantas diploides, quando inoculadas com Ce, tiveram maior
altura do que as associadas a FMA nativos e Al enquanto as tetraploides não mostraram
diferenças (Tabela 8). Apesar das plantas terem respondido positivamente à inoculação
com Ce, os demais tratamentos com FMA foram capazes de proporcionar incrementos
de 40% (FMA nativos) e 75% (solo inoculado Al) em relação ao controle em que as
mudas foram cultivadas em solo esterilizado. As plantas tetraploides obtiveram
beneficio maior da micorrização com relação à altura com incrementos de 52% no
tratamento com FMA nativos e 114% e 123% com a adição de Ce e Al,
respectivamente.
Para o diâmetro do caule, comparando os tratamentos de inoculação, apenas as
plantas do controle absoluto (diploides e tetraploides) apresentaram menores valores em
relação aos demais. Quando se comparou a ploidia, as diploides tiveram maior diâmetro
do caule do que as tetraploides apenas nas plantas do controle absoluto (Tabela 8). As
taxas de incremento da inoculação mostraram menores valores nas plantas diploides em
relação às tetraploides. Os incrementos obtidos com a inoculação, em relação ao
controle absoluto, mostraram valores de 44% nas plantas diploides com Ce e Al
enquanto as tetraploides inoculadas com Ce tiveram incremento de 73% e com Al de
53%. Tanto nas plantas diploides quanto nas tetraploides a presença dos FMA nativos
do solo no tratamento sem inoculação proporcionou incremento de 30%.
Tabela 8. Crescimento de plantas diplóides (D) e tetraplóides (T) de pau-ferro
(Libidibia ferrea Mart. ex Tul), 120 dias após a inoculação com FMA: Controle
absoluto (C.A.), solo não inoculado-FMA Nativos Claroideoglomus etunicatum (Ce),
Acaulospora longula (Al) em casa-de-vegetação, Recife-PE, 2013
Tratamentos
de Inoculação
Altura
(cm)
Diâmetro do caule
(mm) Nº de Folhas
Área Foliar
(cm2)
D T D T D T D T
C.A. 23.00 aC 16.40 bB 2.67 aB 2.13 bB 9.00 aB 8.20 aB 15.78 aA 9.19 bB
NI 32.40 aB 34.60 aA 3.50 aA 3.17 aA 13.60 aA 9.20 bB 19.46 aA 11.93 bAB
Ce 40.40 aA 35.20 aA 3.87 aA 3.69 aA 13.80 aA 13.00 aA 17.03 aA 11.78 bB
Al 32.60 aB 36.60 aA 3.51 aA 3.29 aA 13.40 aA 8.80 bB 17.55 aA 18.69 aA
CV (%) 13,58 10,56 16,10 26,07
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 55
Os resultados obtidos nesse estudo mostram como esperado que as plantas
diploides, quando na presença do FMA, conseguiram acompanham desenvolvimento
similar as tetraploides, e que estas, teriam menor influencia da associação micorrízica.
Resultados semelhantes foram encontrados por Sudová et al. (2010) quando inocularam
espécies do gênero Glomus em plantas com diferentes níveis de ploidia, e verificaram
que plantas com nível de ploidia menor (diploides) foram beneficiadas pelos FMA e que
as plantas com nível maior não obtiveram respostas de crescimento positivas. Os
autores consideram que a complexidade da interação entre plantas e FMA associados
com o nível de ploidia da planta hospedeira tem sido um componente que pode modular
o funcionamento da simbiose. Costa et al. (2001) observaram que plantas de dois
genótipos de aceroleira responderam, diferentemente, a duas espécies de FMA
mostrando benefícios em relação à altura, biomassa da parte aérea e área foliar. Por
outro lado, Jun & Allen (1991) não observaram diferenças no desenvolvimento de seis
tipos de plantas de trigo com diferentes níveis de ploidia (diploide, triploide e
hexaploide) com a micorrização.
Alguns autores consideram que a duplicação do genoma pode estar associada
com células maiores, maior biomassa aérea e subterrânea, crescimento e taxas de
desenvolvimento mais lento, mudanças na morfologia floral e fenologia de floração
(Sugiyama, 2005; Schlaepfer et al., 2010; Husband & Schemske, 2000). Desse modo
algumas hipóteses foram criadas para tentar demonstrar como plantas com níveis de
ploidia diferentes podem responder à micorrização. Partindo do princípio que com o
aumento da diversidade genética, ou seja, maior heterozigosidade, os poliploides
deveriam ser mais tolerantes a estresses abióticos que os diploides; os processos de
desenvolvimento seriam geralmente mais lentos em poliplóides; haveria maior número
de células por unidade de área, em diploides, necessitando de maior freqüência de
divisão celular, ocasionando, consequentemente, maior demanda de energia e nutrientes
(Levin, 2002), refletindo maior necessidade de associação com os FMA.
Em estudos sobre inoculação com FMA em plantas de ciclo curto, Sudová et al.
(2010) afirmam que a manutenção da simbiose micorrízica arbuscular em plantas
poliploides pode representar um investimento desnecessário que pode levar à depressão
no crescimento. O desenvolvimento dos poliploides pode ser ainda mais inibido pelo
custo da manutenção da simbiose micorrízica arbuscular. Diferenças relacionadas à
ploidia no tamanho das células e divisão mitótica entre os diplóides e poliplóides podem
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se traduzir em diferentes custos de construção do corpo. Diplóides de A. amellus com
sistemas radiculares menos desenvolvidos podem ter nutrientes mais limitados e, por
conseguinte, em geral, podem ser mais dependentes da simbiose micorrízica arbuscular
para adquirir uma quantidade suficiente de nutrientes. Os diferentes citotipos podem
mostrar adaptações locais para diferentes condições ambientais (Borges et al., 2012).
No presente trabalho, as adaptações locais levam a outras conclusões, pois
apesar de não terem sido evidenciadas diferenças significativas quanto a alguns
parâmetros de crescimento, o melhor beneficio foi conferido às plantas tetraploides, o
que pode ser observado nas taxas de incremento no crescimento, demonstrando que os
benefícios da simbiose podem depender estritamente da necessidade da planta. No
entanto, por não terem sido encontradas diferenças significativas quanto às variáveis de
crescimento estudadas, sugere-se que as plantas diploides alcançaram, com raras
exceções, capacidade de crescimento semelhante a das plantas tretraploides.
Quanto ao número de folhas, as plantas diploides foram beneficiadas com a
presença de propágulos de FMA, nativos ou introduzidos, enquanto as tetraploides
apresentaram maior número apenas quando os FMA nativos estavam associados ao Ce
introduzido. No entanto, comparando as diploides e tetraploides, no solo com FMA
nativos, não inoculado, e com Al, as tetraploides obtiveram o número de folhas menor
(Tabela 8). As plantas diplóides apresentaram valores de área foliar semelhantes entre
os tratamentos enquanto nas tetraplóides a área foliar foi maior nas plantas associadas a
Al. Entre os dois níveis de ploidia, as diploides associadas aos fungos nativos, a Ce e até
no controle absoluto, os valores foram maiores em relação às tetraploides. (Tabela 8).
Acredita-se que esses resultados estão relacionados a maior necessidade as plantas
diploides de associarem as micorrizas e conseguir desenvolvimento similar as
tetratploides. Nesse estudo as diploides se beneficiaram melhor com a inoculação de Ce
e as tetraploides com Al, isso poder refletir a diversidade funcional desses fungos. Nos
experimentos anteriores Ce conseguir ser mais efetivos do que Al, daí as diploide
requerem e se beneficiarem mais dessa inoculação com Ce.
Levin (2002) afirma que diploides e poliploides apresentam diferentes
tolerâncias ecológicas, então ploliploides podem se estabelecer em locais removidos da
população progenitora tão bem quanto entre elas. Então se as diferenças fisiológicas e
ecológicas favorecem o estabelecimento de um único citótipo, muitas mudas poderão
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 57
perecer, porque elas não são capazes de se estabelecer nessas condições, o que reduzirá
o tamanho efetivo populacional (Borges et al., 2012). Portanto torna-se importante a
associação com os FMA para o estabelecimento das mudas de níveis de ploidias
menores.
Os resultados mostram que, em geral, independentemente do nível de ploidia, as
plantas de pau-ferro são sensíveis à ausência de FMA apresentando menor crescimento
na ausência da inoculação com FMA exóticos ou quando os FMA nativos foram
eliminados do solo, com a esterilização.
As plantas diploides e tetraploides não diferiram entre si quanto à biomassa
fresca e seca da parte aérea e biomassa fresca da raiz. Dentre elas, apenas o tratamento
controle absoluto foi menor (Tabela 9). A presença de propágulos de FMA nativos no
solo no tratamento não inoculado pode incrementar 77% e 65% da matéria fresca e seca
da parte aérea, respectivamente, das plantas diploides e 69% da matéria seca da raiz,
porém os isolados de FMA introduzidos não foram capazes de incrementar a biomassa
das plantas. Já para as plantas tetraploides, a presença de propágulos de FMA nativos do
solo, nos tratamentos não inoculados, aumentou em 65% e 66% da biomassa fresca e
seca das plantas respectivamente, e 48% da biomassa fresca da raiz. A inoculação com
Ce foi capaz de incrementar a matéria seca (69%) e fresca (72%) da parte aérea e
matéria fresca da raiz (45%) quando comparadas à Al. Esses resultados demonstram que
as plantas tetraploides conseguem aproveitar melhor os benefícios da simbiose em
relação a esse parâmetro.
Tabela 9. Biomassa fresca e seca da parte aérea (MFPA,/MSPA), fresca da raiz (MFR),
e nutrientes foliares (NPK) de plantas diploides (D) e tetraploides (T) de pau-ferro
(Libidibia ferrea Mart. ex Tul), 120 dias após a inoculação com FMA: Controle
absoluto (C.A.), solo não inoculado-FMA Nativos, Claroideoglomus etunicatum (Ce),
Acaulospora longula (Al) em casa-de-vegetação, Recife-PE, 2013
Tratamentos de
Inoculação
MFPA (g) MSPA (g) MFR (g)
D T D T D T
C.A. 0,56 aB 0,90 aB 0,57 aB 0,62 aB 0,85 bB 1,74 aB
NI 2,45 aA 2,63 aA 1,86 aA 1,85 aA 2,81 aA 3,38 aA
Ce 2,46 aA 2,93 aA 2,19 aA 2,25 aA 2,16 bA 3,19 aA
Al 2,76 aA 2,80 aA 1,99 aA 2,01 aA 3,28 aA 3,26 aA
CV (%) 23,62 29,14 25,82
Nitrogênio (g/kg) Fósforo (g/kg) Potássio (g/kg)
C.A. 23 aA 19,3 aA 2,7 aA 1,9 aA 8,7 aA 12,4 aA
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NI 17,1 aA 20,5 aA 1,6 aA 1,7 aA 5,5 aA 8,9 aA
Ce 18,8 aA 24,1 aA 2,5 aA 3,2 aA 9,2 aA 9,2 aA
Al 13,8 aA 17,8 aA 1,6 aA 2,1 aA 7,2 aA 6,9 aA
CV (%) 28,39 35,87 33,97
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
As quantidades de nutrientes (N, P e K) foliares não variaram significativamente
entre os tratamentos de inoculação nas plantas diploides e tetraploides (Tabela 9). No
entanto, nas plantas tetraploides houve incrementos de 5,85% para o N no tratamento
com a comunidade nativas de FMA sem adição de inóculo e incrementos de 20% no
tratamento inoculado com Ce. A inoculação com a espécie Ce aumentou em 40,6% os
níveis foliares de P e Al incrementou 9,52%. Para os demais nutrientes não foram
detectadas diferenças significativas nem as plantas diploides variam quanto aos
nutrientes. Isso significa que as plantas se beneficiaram melhor a associação com Ce
em relação as diploides, e que em associação com os FMA as tetraploides conseguem
exploram mais o recurso do solo do que as deploides.
Lendenmann et al. (2011) também observaram que espécie de Glomus foram
eficientes em aumentar a aquisição de fósforo por plantas de Medicago truncatula.
George (2000) não observou diferenças nas quantidades de nitrogênio em plantas
quando foram inoculadas; o mesmo autor afirma que as concentrações desse nutriente
na parte aérea não foi influenciado pela micorrização. Relações positivas entre conteúdo
de macro-nutrientes (N, P e K) foliares, principalmente do N, e a assimilação de CO2
foram encontradas em espécies vegetais no mediterrâneo, mostrando que as espécies
florestais tendem aumentar suas taxa de sobrevivência quando transplantadas, pois os
estoques de nitrogênio interno são suficientes para tolerar estresses, pela formação de
novos tecidos vegetais (Oliet et. al., 2013). Resultado semelhante pode ser observado
para o pau-ferro com a inoculação de Ce e Al, auxiliando na aquisição de nutrientes e no
aumento da assimilação de CO2.
A assimilação de CO2 das plantas diploides e tetraploides foi maior nos
tratamentos inoculados com Ce. No entanto, as diploides e tetraploides diferiram apenas
nos tratamentos inoculados com Ce e Al, apresentando menores valores nas plantas
diploides. Na ausência do fungo no tratamento controle absoluto, pode-se perceber que
a assimilação foi maior nas plantas diploides (Tabela 10). A presença de propágulos de
FMA nativos no solo pode proporcionar às plantas incremento na fotossíntese de 30%
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 59
para os dois genótipos de pau-ferro. Já a adição de Ce e Al, aos FMA nativos,
incrementou em 45% a assimilação de CO2 nas plantas diploides enquanto as
tetraploides tiveram incrementos de 106% e 71% com a adição de Ce e Al,
respectivamente. Acredita-se que na ausência dos FMA as plantas diploides tendem a
aumentar a demanda do carbono proveniente da fotossíntese e assim a capturar mais
CO2 para manter as atividades metabólicas o que pode explicar a maior assimilação
nessas plantas em relação às tetraploides que possuem mais recursos para sobreviver e
não requer tanto da assimilação de CO2.
Tabela 10. Atividade fotossintética (A: taxa de assimilação de CO2, Gs: condutância
estomática, E: taxa de transpiração, EUA: eficiência no uso de água) de plantas
diplóides (D) e tetraplóides (T) de pau-ferro (Libidibia ferrea), 120 dias após a
inoculação com FMA: Controle absoluto (C.A.), solo não inoculado-FMA Nativos (NI),
Claroideoglomus etunicatum (Ce), Acaulospora longula (Al) em casa-de-vegetação,
Recife-PE, 2013
Tratamentos
de Inoculação
A (µmol.m-2
s-1
) E (mmol.m-2
s-1
) gs (mol.m-2
s-1
) EUA
(µmol CO2 mmol H2O)
D T D T D T D T
C.A. 5,28 aB 4,77 aC 1,01 aB 1,03 aB 0,02 aB 0,02 aB 5,37 aA 6,58 aA
NI 7,10 aAB 6,65 aBC 2,31 aA 2,25 aA 0,07 aA 0,08 aA 3,09 aA 3,02 aB
Ce 7,67 bA 9,84 aA 2,26 bA 2,93 aA 0,06 aA 0,08 aA 3,57 aA 3,40 aB
Al 5,41 bB 8,20 aAB 1,22 bB 2,32 aA 0,03 bB 0,07 aA 4,45 aA 3,55 aAB
CV (%) 17,44 25,31 28,93 44,72
Médias seguidas da mesma letra, maiúsculas na coluna, e minúsculas na linha, não diferem entre si pelo
teste de Tukey (p<0,05).
Bazzaz et al. (1983) puderam observar em plantas de Phlox drummondii que as
taxas de assimilação foram 10% menores nas plantas tetraploides em relação às
diploides. Outro trabalho mostrou que a taxa de assimilação das plantas hexaploides de
Panicum virgatum foi 15% menor do que a das tetraploides (Wullschleger et al.,1996).
Pode-se perceber que nossos resultados corroboram os apresentados pelos estudos
citados acima, baseados nas taxas de assimilação do controle absoluto, onde as plantas
tetraploides tiveram menor desempenho fotossintético.
Por outro lado, ficam evidentes os benefícios decorrentes da associação
micorrízica com as plantas de pau-ferro. Apesar a afirmação de que plantas com níveis
de ploidia maior tendem a se associarem menos com os FMA, foi possível observar que
a adição de inóculos de FMA às plantas de pau-ferro, proporcionou maior atividade
fotossintética nos indivíduos com maior nível de ploidia, demonstrando que apesar de
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 60
todo mecanismo fisiológico melhorado nas plantas tetraploides, os FMA ainda
proporcionam melhores performances a essas plantas. Então, o que seria um custo
desnecessário (investir na simbiose para as poliploides) acaba se tornando benefício em
termos de ganho de carbono para a planta e consequentemente para o fungo associado.
Em relação à transpiração, somente foram diferentes os tratamentos inoculados
com Ce e Al das plantas diploides quando comparadas às tetraploides. Nas diploides, a
transpiração foi maior nos tratamentos de inoculação com Ce e FMA nativos. Já nas
tetraploides, apenas o controle absoluto foi menor em relação às demais (Tabela 10).
A duplicação cromossômica está tipicamente associada ao declínio da densidade
de estômatos na folha, dado que a transpiração está relacionada com o controle do
aparato estomático (Li et al., 1996). Em muitas espécies, o declínio da transpiração tem
acompanhado o aumento do tamanho do estômato (Levim, 2002). Porém, o aumento no
tamanho do estômato não contrabalanceia sua quantidade, pois o espaço dos poros
estomáticos é menor em indivíduos poliploides. As plantas diploides inoculadas,
apresentaram menor transpiração em relação às tetraploides inoculadas. Nossos
resultados indicam que a inoculação pode modificar esse sistema, já que essa condição,
controlar mais a transpiração, em indivíduos tetraploides é derivada, e admite-se que às
diploides pedem desenvolver o mesmo mecanismo que as tetraploides. Outro estudo
mostrou a capacidade de turgor das plantas diploides e pentaploides de Betula
papyrifera, indicando que os indivíduos pentaploides são capazes de manter o turgor,
durante o mais baixo potencial hídrico do tecido do que os diploides (Li et al., 1996).
Quando a condutância estomática das plantas diploides e tetraploides foi
comparada, verificou-se que apenas o tratamento de inoculação com Al nas diploides foi
menor (Tabela 10). A presença de propágulos de FMA no solo foi capaz de incrementar
a condutância estomática em cerca de 145% das plantas diploides e de 63% das plantas
tetraplóides. A adição de inóculos de Ce e Al aumentou a eficiência da condutância
estomática em 132% das plantas diploides. Já nas tetraploides a adição de inóculos de
FMA aos nativos aumentou a condutância estomática das plantas em 200% (Ce) e 148%
(Al).
Com relação à eficiência no uso de água, as plantas diploides não diferiram das
tetraploides. Porém, o tratamento controle absoluto das tetraploides foi o que obteve
maior aproveitamento no uso de água em relação aos demais (Tabela 11). Esses
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 61
resultados corroboram as hipóteses de que plantas poliploides possuem um melhor
mecanismo fisiológico para aproveitamento da água, assim como é sugerido um aparato
fisiológico mais evoluído para superar condições ambientais desfavoráveis ao
desenvolvimento vegetal (Levim, 2002). Plantas diploides têm preferências por
ambientes mais úmidos dos que as tetraploides (Levim, 2002). Como não foram
detectadas diferenças entres as diploides e tetraploides, nesse parâmetro, isso demonstra
que a inoculação foi capaz de compensar qualquer deficiência no sistema fotossintético
das plantas que resultaria num desperdício hídrico.
Em estudos comparativos da fotossíntese de diferentes poliploides de Rhodiola
sachalinensis foi possível observar que as plantas tetraploides tiveram maior
desempenho fotossintético (assimilação de CO2, transpiração, condutância estomática)
do que as plantas diploides estudadas (Liu et al., 2011). Estudando diferentes níveis de
ploidia em diferentes cultivares de manga, González-Rodríguez & Grajal-Martín,
(2013) observaram que as plantas tetraploides apresentaram menores valores de
assimilação líquida de CO2 e condutância estomática. Para outros cultivares de manga
os autores não encontraram diferenças significativas nos dois níveis de ploidia
estudados. Esses resultados corroboram com o que foi encontrado neste trabalho com
relação à atividade fotossintética das plantas de pau-ferro. As similaridades encontradas
nos dois níveis de ploidia estudados podem refletir a fase jovem das plantas em que
alguns mecanismos fisiológicos relacionados à ecologia e adaptabilidade podem não ser
expressos.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 62
Figura 8. Densidade de glomerosporos na rizosfera de plantas diplóides e tetraplóides
de Pau-ferro (Libidibia ferrea), após 120 dias de inoculação em casa de vegetação,
Recife-PE, 2013. Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05):
minúsculas comparam cada tratamento de inoculação entre as condições de ploidia e
maiúsculas comparam os tratamentos de inoculação em cada condição de ploidia.
NI=FMA Nativos; Ce=inoculação com Claroideoglomus etunicatum; Al=inoculação
com Acaulospora longula.
Figura 9. Porcentagem de colonização das raízes de plantas diplóides e tetraplóides de
pau-ferro (Libidibia ferrea), após 120 dias de inoculação em casa de vegetação, Recife-
PE, 2013. Letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey (p<0,05): minúsculas
comparam cada tratamento de inoculação entre as condições de ploidia e maiúsculas
comparam os tratamentos de inoculação em cada condição de ploidia. NI=FMA
Nativos; Ce=inoculação com Claroideoglomus etunicatum; Al=inoculação com
Acaulospora longula.
A porcentagem de colonização micorrízica e a densidade de glomerosporos não
foram estatisticamente diferentes entre os tratamentos das plantas diploides e
tetraploides (Figuras 8 e 9). Isso pode indicar que existem diferentes preferências pela
associação entre os níveis de ploidia das plantas, e que diferentes benefícios podem ser
expressos pelas espécies de FMA inoculadas. A comunidade de FMA permaneceu
estável no solo, após a adição dos inóculos, conseguindo manter as mesmas frequências
de esporulação.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 63
5 CONLUSÕES
Os FMA nativos do solo, isoladamente ou em mistura com os introduzidos
Claroideoglomus etunicatum e Acaulospora longula, são efetivos na promoção do
crescimento de mudas de pau-brasil, moringa e pau-ferro.
Recomenda-se para a produção de mudas de espécies florestais de estágio de
sucessão primário (moringa) e secundário tardio (pau-brasil) a combinação de FMA e
resíduo orgânico em solo não esterilizado, pois melhoram o desempenho das mudas.
O isolado da espécie de FMA Claroideoglomus etunicatum é mais efetivo em
aumentar os níveis de assimilação de CO2 em plantas de moringa e para o uso eficiente
da água em pau-brasil, em relação ao isolado de Acaulospora longula.
Plantas de estágios iniciais de sucessão aproveitam mais os benefícios da
associação com FMA do que as de estágio sucessionais superiores.
Plantas tetraploides de pau-ferro se beneficiam mais dos recursos fotossintéticos
decorrentes da associação com os FMA do que as diploides.
As plantas diploides e tetraploides de pau-ferro não apresentam respostas
diferenciadas, em relação à preferencia, na associação com os FMA nativos,
isoladamente ou em mistura com os introduzidos (Claroideoglomus etunicatum e
Acaulospora longula).
Plantas tetraploides de pau-ferro são mais prejudicadas na ausência da associação
micorrízica.
Os dois inóculos são eficiente em incrementar os níveis de nutricionais das
espécies florestais, principalmente do fósforo e potássio.
Sousa, Natalia – Tecnologia micorrízica para o reflorestamento 64
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