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Nesta disciplina, com carga horária de 40 horas, procuramos lheproporcionar uma visão geral sobre o uso das tecnologias na educação,fornecendo-lhe a base que fundamentará e motivará sua prática pedagógicade utilização das tecnologias, ao mesmo tempo em que explicaremos oporquê do uso delas na escola.Quando falamos da maneira como utilizamos cada ferramenta pararealizar determinada ação, referimo-nos à técnica. A tecnologia é o conjuntode tudo isso: a ferramenta e os usos que destinamos a ela, em cada época.É do conhecimento de todos que as tecnologias estão presentes emnosso cotidiano. De fato, elas ampliam nossa visão de mundo, modificam aslinguagens e propõem novos padrões e novas maneiras de ser e estarpresentes e, consequentemente, proporcionam novas maneiras de ensinar eapreender. Assim sendo, os futuros professores devem discutir ecompreender seu papel nos processos de ensino e aprendizagem.Ensinar e aprender utilizando as tecnologias se torna um grandedesafio. Dessa forma, os nossos objetivos nesta disciplina são:Objetivo Geral:Possibilitar a análise teórico-reflexiva sobre a utilização dastecnologias da informação e comunicação na educação.Objetivos Específicos:Possibilitar aos acadêmicos:?condições de construírem conhecimentos sobre o porquê ecomo integrar as tecnologias à prática educativa;?integrar as tecnologias à prática pedagógica de modo criativo einteligente para desenvolver a autonomia e a competência dos estudantes eeducadores, como usuários e criadores dessas tecnologias e não como merosreceptores;?condições para que se tornem usuários críticos e criativos dastecnologias e não meros consumidores das mesmas; e?expressar-se por meio das novas linguagens, produzindomensagens audiovisuais utilizando as tecnologias.

TRANSCRIPT

  • TECNOLOGIA APLICADA EDUCAO

    Alcino Franco de Moura JniorFbia Magali Santos Vieira

    Karen Trres Corra Lafet de Almeida

    Montes Claros - MG, 2010

  • 2010Proibida a reproduo total ou parcial.

    Os infratores sero processados na forma da lei.

    EDITORA UNIMONTESCampus Universitrio Professor Darcy Ribeiro

    s/n - Vila Mauricia - Montes Claros (MG)Caixa Postal: 126 - CEP: 39041-089

    Correio eletrnico: [email protected] - Telefone: (38) 3229-8214

    REITORPaulo Csar Gonalves de Almeida

    VICE-REITORJoo dos Reis Canela

    DIRETOR DE DOCUMENTAO E INFORMAESGiulliano Vieira Mota

    Andria Santos DiasDbora Trres Corra Lafet de AlmeidaDiego Wander Pereira NobreJssica Luiza de AlbuquerqueKarina Carvalho de AlmeidaRogrio Santos Brant

    REVISO DE LNGUA PORTUGUESAMaria Leda Clementino MarquesWanessa Pereira Fres Quadros

    REVISO TCNICAKaren Trres Corra Lafet de Almeida

    IMPRESSO, MONTAGEM E ACABAMENTOGrfica Yago

    PROJETO GRFICO E CAPAAlcino Franco de Moura JniorAndria Santos Dias

    EDITORAO E PRODUOAlcino Franco de Moura Jnior - Coordenao

    CONSELHO EDITORIALMaria Cleonice Souto de FreitasRosivaldo Antnio GonalvesSlvio Fernando Guimares de CarvalhoWanderlino Arruda

    Copyright : Universidade Estadual de Montes Claros

    Catalogao: Biblioteca Central Professor Antnio Jorge - UnimontesFicha Catalogrfica:

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS - UNIMONTES

  • Ministro da EducaoFernando Haddad

    Secretrio de Educao a DistnciaCarlos Eduardo Bielschowsky

    Coordenador Geral da Universidade Aberta do BrasilCelso Jos da Costa

    Governador do Estado de Minas GeraisAntnio Augusto Junho Anastasia

    Secretrio de Estado de Cincia, Tecnologia e Ensino SuperiorAlberto Duque Portugal

    Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros - UnimontesPaulo Csar Gonalves de Almeida

    Vice-Reitor da UnimontesJoo dos Reis Canela

    Pr-Reitora de EnsinoMaria Ivete Soares de Almeida

    Coordenadora da UAB/UnimontesFbia Magali Santos Vieira

    Coordenadora Adjunta da UAB/UnimontesBetnia Maria Arajo Passos

    Diretor do Centro de Cincias Humanas - CCHMrcio Coelho Antunes

    Chefe do Departamento de Comunicao e LetrasAna Cristina Santos Peixoto

    Coordenadora do Curso de Letras/Ingls a DistnciaHejaine de Oliveira Fonseca

    Universidade Aberta do Brasil - UAB

  • AUTORES

    Alcino Franco de Moura Jnior

    Mestrando em Comunicao e Multimdia pela Universidade Trs-os-Montes e Alto-Douro Utad (Portugal), especialista em Mdias na Educao pela Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes, especialista em Informtica na Educao pela Universidade Federal de Lavras UFLA e graduado em Comunicao Social pelas Faculdades Integradas do Norte de Minas Funorte. Atualmente professor e pesquisador do Departamento de Cincias da Computao da Unimontes e das Faculdades Integradas Pitgoras de Montes Claros - FIP-Moc. ainda coordenador de Produo de Material Didtico da UAB/Unimontes e e-Tec Brasil/Unimontes.

    Fbia Magali Santos Vieira

    Doutora em Educao pela Universidade de Braslia UnB, mestre em Cincia da Educao pelo Instituto Superior Pedaggico Enrique Jos Varona- La Habana/Cuba, ttulo revalidado pela UnB; tambm mestre em Educao pela UnB, especialista em Educao pela UnB e pela Universidade Federal de Minas Gerais UFMG e graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes. Atualmente professora da Unimontes. tambm coordenadora-geral da Universidade Aberta do Brasil/Unimontes.

    Karen Trres Corra Lafet de Almeida

    Doutoranda em Gesto em Educao pela Universidade de Braslia UnB, mestre em Desenvolvimento Social e especialista em Metodologia e Epistemologia das Cincias Humanas e Sociais pela Universidade Estadual de Montes Claros Unimontes e graduada em Administrao em Turismo e Hotelaria pelas Faculdades Integradas Pitgoras de Montes Claros FIP-Moc. Atualmente professora da Unimontes e das Faculdades Santo Agostinho na graduao e na ps-graduao. ainda professora pesquisadora da UAB/Unimontes. Membro da Comisso Permanente de Avaliao Institucional da Unimontes.

    Colaboradores

    Brbara Cardoso Albuquerque

    Ludmilla Rodrigues de Souza

  • SUMRIO

    Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 07

    Unidade 1: Educao, comunicao e tecnologia. . . . . . . . . . . . . . . 09

    1.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

    1.2 Sociedade da Informao ou Comunicao? . . . . . . . . . . . . . 09

    1.3 Movimento Surrealista. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    1.4 O Ps 2 Guerra Mundial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

    1.5 Globalizao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    1.6 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    Unidade 2: Mdia e educao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

    2.2 A presena da mdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

    2.3 Mdia-educao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

    2.4 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    Unidade 3: A linguagem da mdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    3.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    3.2 Educao para a mdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

    3.3 Educao pela mdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    3.4 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

    Unidade 4: TIC: novas linguagens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    4.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    4.2 Multimdia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    4.3 Hipertexto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

    4.4 e-Comunicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

    4.5 e-Comunicao: linguagem interativa e persuasiva . . . . . . . . 63

    4.6 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

    Unidade 5: O computador como recurso didtico . . . . . . . . . . . . . . 66

    5.1 Introduo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

    5.2 O computador como recurso didtico. . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    5.3 Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

    Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75

    Referncias bsicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

    Atividades de Aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

  • APRESENTAO

    07

    Caro(a) acadmico(a) dos Cursos de Licenciatura da UAB/Unimontes:

    Nesta disciplina, com carga horria de 40 horas, procuramos lhe proporcionar uma viso geral sobre o uso das tecnologias na educao, fornecendo-lhe a base que fundamentar e motivar sua prtica pedaggica de utilizao das tecnologias, ao mesmo tempo em que explicaremos o porqu do uso delas na escola.

    Quando falamos da maneira como utilizamos cada ferramenta para realizar determinada ao, referimo-nos tcnica. A tecnologia o conjunto de tudo isso: a ferramenta e os usos que destinamos a ela, em cada poca.

    do conhecimento de todos que as tecnologias esto presentes em nosso cotidiano. De fato, elas ampliam nossa viso de mundo, modificam as linguagens e propem novos padres e novas maneiras de ser e estar presentes e, consequentemente, proporcionam novas maneiras de ensinar e apreender. Assim sendo, os futuros professores devem discutir e compreender seu papel nos processos de ensino e aprendizagem.

    Ensinar e aprender utilizando as tecnologias se torna um grande desafio. Dessa forma, os nossos objetivos nesta disciplina so:

    Objetivo Geral:

    Possibilitar a anlise terico-reflexiva sobre a utilizao das tecnologias da informao e comunicao na educao.

    Objetivos Especficos:

    Possibilitar aos acadmicos:

    ?condies de construrem conhecimentos sobre o porqu e como integrar as tecnologias prtica educativa;

    ?integrar as tecnologias prtica pedaggica de modo criativo e inteligente para desenvolver a autonomia e a competncia dos estudantes e educadores, como usurios e criadores dessas tecnologias e no como meros receptores;

    ?condies para que se tornem usurios crticos e criativos das tecnologias e no meros consumidores das mesmas; e

    ?expressar-se por meio das novas linguagens, produzindo mensagens audiovisuais utilizando as tecnologias.

    Para tanto, neste Caderno Didtico voc encontrar o contedo das seis Unidades propostas para essa disciplina nos cursos de formao de professores:

    C

    FE

    A

    B GGLOSSRIO

    Tecnologia: O conceito est relacionado com a produo

    de aparatos materiais ou intelectuais suscetveis de

    oferecerem solues a problemas prticos de nossa

    vida cotidiana. um construto humano e ao humano deve servir, mediando interaes

    com o meio ambiente, com o conhecimento e entre os seres

    humanos (Fiorentini, 2000).

  • 08

    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    Unidade 1: Educao, comunicao e tecnologia

    Unidade 2: Mdia e educao

    Unidade 3: A linguagem da mdia

    Unidade 4: TIC: novas linguagens

    Unidade 5: O computador como recurso didtico

    Desejamos sucesso nos estudos.

    Os autores.

  • 09

    1UNIDADE 1EDUCAO, COMUNICAO E TECNOLOGIA1.1 INTRODUO

    Caro(a) acadmico(a), apresentamos a voc a Unidade I da disciplina Tecnologia Aplicada Educao.

    nossa inteno lev-lo a refletir essa nova sociedade na qual estamos inseridos na contemporaneidade, compreender sobre os principais momentos histricos que contriburam para o momento atual em que o homem se v tomado pela cincia e dono do seu destino, diferentemente de outras pocas em que Deus era o centro de tudo, e ainda, discutir o novo papel que a tecnologia trouxe ao mundo com o fim das fronteiras e o avano do processo de globalizao.

    Por isso, os nossos objetivos so:

    ?refletir sobre a sociedade da informao: limites, possibilida-des e contradies; e

    ?discutir a relao entre educao, comunicao e tecnologia.

    Nessa medida, o estudo proposto nesta Unidade encontrase organizado conforme apresentado a seguir:

    Unidade 1: Educao, comunicao e tecnologia

    1.1 Introduo

    1.2 Sociedade da Informao ou Comunicao?

    1.3 Movimento Surrealista

    1.4 O Ps 2 Guerra Mundial

    1.5 Globalizao

    1.6 Referncias

    Na discusso sobre o processo ensino-aprendizagem, esperamos contribuir com sua formao e incentiv-lo(a) a aplicar o aprendido em sua prtica pedaggica.

    Bom estudo!

    Os autores.

    1.2 SOCIEDADE DA INFORMAO OU COMUNICAO?

    Vamos iniciar os nossos estudos conversando um pouco sobre a sociedade em que estamos vivendo que, por fazer uso da tecnologia, comumente chamada de sociedade tecnolgica, da informao.

    Vamos iniciar fazendo um levantamento:

    ?Quantas pessoas tm celular na sala de aula? E na famlia desses alunos, quantos tm celulares?

    ?E-mail? Quem se comunica por e-mail?

  • 10

    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    ?E o banco? Quem costuma ficar na fila do banco hoje em dia?

    No possvel concluir, pelas possveis respostas dadas por vocs, a nossa sociedade, cada vez mais, faz uso das tecnologias e se torna dependente dela. Lana-se um modelo de celular hoje e amanh j se lana outro. O que a gente percebe? O avano da tecnologia nos faz ficar dependentes da mesma. Assim, precisamos e devemos pensar no uso das tecnologias em nosso cotidiano e nos seus benefcios, mas tambm devemos refletir sobre os seus malefcios. Por isso, iniciaremos nossos estudos fazendo essa reflexo crtica sobre as implicaes das tecnologias na vida dos cidados, tentando entender o que se passa, ao invs de fazer apenas um discurso a favor do uso da tecnologia.

    Como podemos observar, o mundo contemporneo sofre transformaes estruturais significativas. Tentem lembrar como era em sua infncia a comunicao com um parente ou um amigo que morava em uma cidade mais distante. Ela tinha que ser feita por carta, o que demorava vrios dias, ou por telefone. Nem toda casa tinha telefone e, por isto, era caro, alm de difcil. Assim, as pessoas ficavam vrios dias, semanas, meses ou anos sem se comunicar.

    Ento vale pensar nas transformaes que esto ocorrendo no mundo. Esse processo histrico de desenvolvimento da cincia e da tecnolo-gia tem universalizado o homem moderno, criando condies objetivas para que a gente possa ser ao mesmo tempo universal e tribal. Como isso aconte-ce? Tudo o que acontece na outra parte do mundo, vivenciamos como se fosse conosco. Vejam, por exemplo, o terremoto do Haiti, ocorrido em janeiro de 2010. Somos ao mesmo tempo universais, pois sabemos e vive-mos o que se passa no mundo inteiro, e tribais, pois sabemos e vivemos o que se passa em nossa sociedade local, em nossa tribo. Vivemos no mundo da comunicao generalizada, a sociedade do mass media, com a multipli-cao de valores locais.

    E o que a comunicao de massa? A televiso e o rdio so meios de comunicao de massa, ou seja, a informao produzida em um ponto e distribuda para muitos ao mesmo tempo. Pessoas que geograficamente esto distantes dos grandes centros podem estar conectadas e terem acesso, ao mesmo tempo, ao que se passa no mundo, atravs de um noticirio de televiso.

    Essa sociedade utiliza os meios de comunicao e estes, por sua vez, multiplicam os valores da sociedade que produziu essa informao. Os meios de comunicao levam para as regies atingidas valores que no so locais.

    Segundo Paul Virilio e Rene Berger (1992), o desenvolvimento dos meios de transporte, desde o final do sculo XIX, promoveu modificaes no modo de viver de toda humanidade. O homem caminhava a p, depois a cavalo. Tempos depois, veio a inveno da roda. Esse movimento sugere a modificao. Hoje, deslocamos com muito mais facilidade. Estamos em

    DICAS

    Assista ao desenho animado Os Jetsons, produzido pela Hanna-Barbera (EUA) na dcada de 1960, que retrata uma famlia do sculo XXI, com todos os aparatos julgados modernos para a poca.

    C

    FE

    A

    B GGLOSSRIO

    Mass media: comunicao de massa (Barbosa e Rabaa, 2001).

    DICAS

    Assista ao filme The Matrix, distribudo pela Warner Bros., em 1999.

  • 11

    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    nossa cidade e decidimos ir a Belo Horizonte, por exemplo. Podemos ir de carro, nibus ou avio. Ento, esse ir e vir modifica a nossa forma de ser, de ver o mundo. A surge uma nova geografia, o que chamamos de desterritori-alizao, que o novo espao-tempo. Estamos perdendo a dimenso do que real e do que no o nosso espao-tempo. O mundo contemporneo passa a ser um conjunto de imagens produzidas pelos meios eletrnicos de comunicao, fazendo com que estes meios tenham consequentemente, importncia singular nesse momento histrico. O filme The Matrix retrata bem isso: um conjunto de imagens que vo sendo produzidas onde a pessoa no sabe diferenciar o que real do que no .

    O que significa este mundo de comunicao generalizada como a presena marcante dos meios de comunicao eletrnicos? Segundo Vattimo (1996), significa emancipao, que tem a ver com a possibilidade de desenraizamento, a possibilidade de libertao das diferenas e da multipli-cidade das racionalidades locais. Esse o objetivo dos meios de comunica-o de massa: emancipar.

    Ser que o uso das tecnologias tem servido para essa emancipao? Emancipar em qual sentido? No sentido de nos fazer pessoas autnomas, crticas, reflexivas, capazes de contribuir para a produo do bem comum? O que de fato essas tecnologias tm possibilitado?

    a que precisamos comear a pensar: o que est por trs dessa sociedade da comunicao? O que est por trs do uso exacerbado das tecnologias? Desse emaranhado de informaes?

    Vamos comear pela televiso. Os grupos de comunicao possu-em vrias emissoras de TV, como a TV Globo, o Futura e o GNT, que da Rede Globo, pertencente famlia Marinho. O mesmo grupo detm vrios meios, como a Globo Filmes, Globo Marcas, Globo Internacional, Globo Teatro, Jornal O Globo, G1, etc.

    E se a gente fizer um recorte e analisar o Brasil, por exemplo? Quem domina a comunicao no nosso pas hoje? A Rede Globo controla mais da metade do mercado televisivo brasileiro. O Grupo Bandeirantes, o Grupo Folha, o Grupo Slvio Santos e a Rede Record so os grupos que detm o poder da comunicao no Brasil atravs da televiso, rdio, jornal e Internet.

    Esses grupos, alm de terem o controle do que divulgado, podem defender uma ideologia que acaba homogeneizando os pensamentos de um povo.

    Vamos pegar o exemplo do Movimento dos Sem Terra. Vocs j observaram como os meios de comunicao noticiam as atividades deles? So retratados como os baderneiros que esto tomando a terra de seus proprietrios. So mostrados como aqueles que esto invadindo e destruin-do bens. Dificilmente, encontramos reportagens que mostram o outro lado do movimento, como a educao das novas geraes, enfim as experincias positivas.

    C

    FE

    A

    B GGLOSSRIO

    Desterritorializao: partindo da ideia de que territrio um

    espao de estabilidade e organizao, a

    desterritorializao uma ao de desordem, de fragmentao

    para buscar encontrar novos saberes, menos institudos, adotando uma percepo

    diferenciada que est pronta para descobrir novas ideias

    alm das previstas.

    PARA REFLETIR

    Se o poder da comunicao no Brasil est concentrado em poucos grupos, qual seria a

    implicao disso? Qual seria o risco dessa dominao?

  • 12

    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    Qual o perigo de tudo isso? Quem detm a comunicao, defen-de os interesses de uma determinada classe. E que classe essa? A classe dominante, que detm o poder. Noticiam de forma pejorativa aquilo que vai contra essa classe e, pior, acabamos formando nossa opinio sobre determi-nados assuntos a partir dessas notcias.

    O que est por trs da comunicao de massa? H o interesse das indstrias de equipamentos, da eletrnica, informtica, telefnica, cabo, satlites, alimentos, farmacutica, entretenimento e comunicao. Esse conjunto de indstrias faz com que a tecnologia v se aperfeioando cada vez mais, aumentando a possibilidade de comunicao. Alm de comuni-car, h tambm a possibilidade de influenciar e de manipular. H uma inteno velada por trs. As imagens so lanadas e recebidas cotidianamen-te em praticamente todos os lugares do mundo com intermdio dos novos avanos e recursos tecnolgicos.

    Computadores, televisores, vdeos, telefones, satlites, cabos e novos equipamentos so aperfeioados e desenvolvidos, estimulando-se o uso mais integrado e global desses recursos. Surge, ento, a multimdia, um novo conceito que engloba universo visual. O que multimdia? a tecnolo-gia capaz de juntar som, imagem e movimento. O rdio um meio que s utiliza o som. A televiso uniu o som imagem e, hoje, a computador, juntamente com a Internet, une o som, a imagem e a possibilidade de podermos interferir.

    O que aconteceu no mundo no dia 11 de setembro de 2001? O atentado s Torres Gmeas. A notcia do atentado chegou em poucos minutos a todo o mundo. Os meios de comunicao fizeram com que esse fato fosse divulgado de forma instantnea, em tempo real.

    Esse exemplo para lhes mostrar que o aperfeioamento e desen-volvimento dessas tecnologias esto estimulando, cada vez mais, o uso integrado das mesmas e isso faz com que o mundo possa estar conectado globalmente, ao vivo. Ento, o que acontecer do outro lado do mundo, todas as redes de comunicao noticiaro em questo de minutos e isso se torna de conhecimento de toda a populao mundial. Se por um lado isso traz a notcia, forma-se tambm opinies massificadas a respeito. No caso do atentado s Torres Gmeas, o mundo todo virou-se contra os muulmanos.

    Observe, hoje, a correria pela informao. Os profissionais da rea querem transmitir o mais rapidamente possvel o ocorrido. Todas as redes querem chegar aos locais mais distantes possveis para levar a informao em primeira mo. Ser que para poder manter, de fato, o cidado bem infor-mado?

    Vivemos em uma sociedade planetria, com a circulao da informao se constituindo em um dos pilares bsicos, referenciados por imagens que so produzidas ininterruptamente e que circulam por todo o mundo quase que incessantemente.

    PARA REFLETIR

    Acesse o canal Tecnologias Educacionais no Youtube, atravs do endereo eletrnico http://www.youtube.com.br/tecnologiaseduc, assista ao vdeo 11 de Setembro e analise como um fato se prolifera pelo mundo afora em um curto espao de tempo.

    DICAS

    Acesse o Canal Tecnologias Educacionais no Youtube, atravs do endereo eletrnico http://www.youtube.com.br/tecnologiaseduc e assista ao vdeo intitulado Reprter do Fantstico sobrevoa vulco que entrou em erupo na Islndia, FANTSTICO 18 04 2010. Veja os riscos que o reprter Flvio Fachel correu para mostrar o perigoso vulco Eyjafjallajokull em atividade.

  • 13

    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    DICAS

    O Youtube, site de compartilhamento de vdeos,

    completa 5 anos de existncia e est presente em mais de 200

    pases. A cada minuto, 24 horas de vdeos so postadas e

    h cerca de 2 bilhes de visualizaes por dia.

    DICAS

    Reveja a discusso sobre cincia no Caderno Didtico

    de Iniciao Cientfica, trabalhado no 1 perodo do

    seu curso.

    A sociedade do mass media, que a sociedade da comunicao, est introduzindo modificaes profundas no conjunto de valores da huma-nidade, estabelecendo uma nova ordem com consequncias ainda no plenamente identificadas. Ns ainda no temos conscincia das implicaes que isso pode nos trazer. Temos que pensar nas modificaes que nos chegam. H relatos de professores que, ao ministrarem suas aulas em uma comunidade do Norte de Minas Gerais, as crianas cobriam as cabeas como fazem os bandidos do Rio de Janeiro, quando no querem ser identifi-cados. Brincavam desta forma por terem acesso a esse tipo de informao.

    As cincias, as artes, o lazer e as tcnicas esto se transformando, colocando em crise os valores que constituam a base da sociedade moder-na. Vivemos em um momento de crise desses valores. O que pode e o que no pode, o que e o que no .

    No final do sculo XIV, a sociedade, com o renascimento cutlural, viveu uma crise na passagem da Idade Mdia para a Era Moderna. O mundo na Idade Medieval era teocntrico. S era verdade aquilo que era definido por Deus, segundo a Igreja Catlica, que determinava os valores da convi-vncia humana. Deus definia o plano religioso, filosfico e artstico. As pessoas que desafiavam esse plano eram punidas com a Inquisio. Grande exemplo disso foi Giordano Bruno, um frade que resolveu defender a teoria de que o universo era infinito e, por isso, havia uma nova viso de homem. Um dos pontos chaves de sua teoria a cosmologia, segundo a qual o universo seria infinito, povoado por diversos sistemas solares e que haveria vida inteligente nesses sistemas. Isso foi uma heresia contra a Igreja, pois ela defendia que s existia um sistema solar, um s Deus e um s mundo.

    Por volta do sculo XIV, o homem, ento, passa a ocupar o centro do universo. Surge um movimento de busca pelo novo, rompendo com o passado e visando construo de um mundo centrado numa cultura mais humanstica. Inaugura-se a Era Moderna, que vai adquirindo uma nova feio, dando um novo contorno e rompendo com os valores da poca.

    Nas artes, a imitao dos modelos foi substituda pelo culto ao novo, pela busca do diferente daquilo que representava o mundo artstico de antes. At a Idade Mdia, a arte era a capacidade de imitar. Quanto mais prximo ao real, mais importante seria e na Era Moderna rompe-se com esse modelo da imitao. A arte passa a criar o novo. Olhar e criar as coisas a partir da minha interpretao.

    Na cincia, o mundo sai do teocentrismo, da interpretao de Deus e passa a valorizar o uso da razo. A cincia passa a criar o chamado mtodo cientfico, que a capacidade de comprovar as hipteses. Temos um proble-ma, levantamos as possveis respostas para esse problema e o testamos. Como acontece esse movimento? Atravs do processo de experimentao e experincia. Isso rompeu com a interpretao teocntrica.

    Na poltica, a modernidade vai se caracterizar pela presena marcante do Estado e uma economia baseada numa organizao hierarqui-

    C

    FE

    A

    B GGLOSSRIO

    Teocntrico: Deus no centro de tudo.

    Heresia: Doutrina que se ope aos dogmas da Igreja. Ato ou

    palavra ofensiva religio.

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    zada, tendo como centro a produo de bens fsicos, pela utilizao da energia e a existncia de uma fora de trabalho desqualificada. At ento, quem comandava era a monarquia, o poder era passado de pai para filho. O que a gente percebe? Uma mudana nesse modelo a partir da Revoluo Francesa.

    A economia que estava voltava para aspectos de pequenos negci-os comea a crescer. Mais frente vamos perceber as implicaes disso. A busca pelo novo e o rompimento com o antigo implicou, evidentemente, na valorizao de um sentido especial para a histria, ou seja, o que marca a passagem da Idade Medieval para a Era Moderna? que, justamente, tudo passa a se centrar no homem.

    A Revoluo Industrial, no sculo XIX, com o desenvolvimento da mquina a vapor em 1848 e, posteriormente, dos motores eltricos de combusto, introduzem novas variveis ao mundo moderno, com repercus-ses de grande impacto. Possibilitou o deslocamento das pessoas de forma mais rpida. Essa possibilidade de fazer com que pudssemos sair de um lugar e ir a outro teve um enorme impacto no cotidiano e na forma como vivemos agora.

    O que causou todo esse desenvolvimento cientfico? A descoberta, pelo homem, de que ele pode se deslocar de um lugar para outro com maior facilidade e, cada vez que ele se desloca, descobre um novo mundo, levan-do-o consigo, trazendo um outro mundo. Tudo isso possibilita essa mudana que vivemos hoje. Novos elementos passam a ser incorporados na histria da humanidade, frutos do desenvolvimento e da tcnica, da mobilidade que o homem passa a viver. Temos assim por exemplo, o telgrafo, o telefone, a fotografia e o cinema, que comeam, especificamente, a impulsionar e dar origem a esse mundo miditico.

    Quando se fala em desenvolvimento tecnolgico, centra-se muito no computador e na Internet. Mas percebemos que esse processo comeou no sculo XIV, na passagem da sociedade medieval para a moderna, acele-rando, a partir do sculo XIX, com a Revoluo Industrial, o marco do desenvolvimento da mquina a vapor em 1848, e a partir do surgimento de novas tecnologias. Uma tecnologia que tambm possibilitou o avano foi o daguerretipo, mquina que possibilitou a primeira reproduo das ima-gens. Qual a ideia que a gente tinha de arte? Apenas de algo pintado pelos artistas.

    No final do sculo XIX e incio do sculo XX vamos viver um momento especial de efervescncia social, cientfica e cultural. Em 1905, Albert Einstein anuncia os primeiros resultados da Teoria da Relatividade. O que ele defende? Que tudo relativo, que nada verdade absoluta, o que hoje amanh pode no ser mais, e isso faz com que a gente comece a pensar de uma forma diferente. Em 1912, temos a difuso do rdio; em 1913, a introduo do conceito de linha de montagem na produo de automvel.

    DICAS

    O daguerretipo foi criado por acaso. Louis Jacques Mand Daguerre, seu inventor, apanhou uma chapa revestida com prata e sensibilizada com iodeto de prata que, apesar de exposta, no apresentara sequer vestgios de uma imagem. Ele a guardou, displicentemente, em um armrio. Ao abri-lo, no dia seguinte, encontrou sobre ela uma imagem revelada, a primeira fotografia.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    Qual a contribuio desse conceito de linha de montagem? At ento, o movimento de produo era artesanal. O que seria, ento, um movimento artesanal? Vamos pegar, por exemplo, a confeco de uma cala. A costurei-ra corta o pano, costura, coloca o zper e faz a barra. Para fazer tudo isto, ela demorava, aproximadamente, um dia.

    Com o surgimento da linha de montagem na produo, h um setor que corta, outro que costura, outro que coloca o zper e outro que faz a barra, ou seja, a matria-prima vai passando de setor em setor. Assim, ao invs de produzir uma cala por dia, pode-se produzir cem calas. Qual a vantagem? Quantidade maior do produto, gerando mais lucro.

    Qual a consequncia desta linha de montagem? O trabalhador que corta s vai saber cortar. O que costura s vai saber costurar. Assim, o traba-lhador perde a dimenso do produto, do valor do seu trabalho. Ocorre a alienao do trabalhador.

    1.3 MOVIMENTO SURREALISTA

    Em 1913, Freud anuncia a descoberta do inconsciente e do meca-nismo do sonho, que tem implicaes na nossa vida. A partir de 1920, surge o desenvolvimento do movimento surrealista, que a valorizao da inter-pretao que cada um d s coisas. Ao visitar, por exemplo, uma exposio de arte moderna e observar um quadro com uma rvore de cabea para baixo e um bicho de vrias pernas, muito comum aos seres humanos estranhar essa obra. Pensamos: mas isso no existe. Pode no existir na realidade, mas pode existir em nossa imaginao. O artista passa a valorizar o seu inconsciente e seus sonhos. O movimento surrealista valoriza a inter-pretao de cada um.

    Em 1922, acontece algo no Brasil que revoluciona as artes. O que seria? A Semana de Arte Moderna, que , justamente, a valorizao do que surreal. O que pode ser real para mim, pode no ser para voc. a interpre-tao que cada um d ao mundo que vivemos. Nesse movimento de efer-vescncia das artes, onde tudo relativo e nada verdade absoluta, as pessoas comeam a duvidar de tudo.

    No sculo XX acontecem ainda duas grandes guerras, que modifi-cam o panorama mundial. Qual a grande tecnologia desenvolvida na 1 Guerra? O telgrafo. Dessa capacidade de comunicar atravs do cdigo Morse, na 2 Guerra, em 1940, nasce a Internet. A essa altura, o cdigo Morse; j conseguia ser interpretado pelos inimigos, obrigando os militares ao desenvolvimento de algo mais seguro.

    As indstrias eletrnicas e de equipamentos comeam, assim, a investir cada vez mais no desenvolvimento de pesquisas para aprimorar tecnologias que possam melhorar o sistema comunicativo planetrio. A televiso ganha fora na 2 Guerra Mundial. A energia nuclear, criada a partir

    DICAS

    Assista ao filme Tempos Modernos (1936), do ator e

    diretor Charles Chaplin, e veja a crtica a essa linha de

    produo industrial.

    DICAS

    A Internet surgiu a partir da Advanced Research and

    Projects Agency - ARPA, uma agncia norte-americana que

    pretendia conectar os computadores dos seus

    departamentos de pesquisa. Nasceu a partir da Arpanet,

    uma rede que interligava quatro instituies:

    Universidade da Califrnia e Santa Brbara; Instituto de

    Pesquisa de Stanford e Universidade de Utah, tendo

    incio em 1969. O objetivo foi compartilhar segredos militares

    da poca.

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    dos estudos de Einstein, tambm utilizada para acionar motores e criar armas de guerra.

    1.4 O PS 2 GUERRA MUNDIAL

    Aps a 2 Guerra o mundo entra em crise e as indstrias de inform-tica e de comunicao passam a desempenhar um papel significativo, ganhando cada vez mais fora.

    A partir do momento em que a televiso comea a transmitir notcias, a indstria comea a investir no desenvolvimento de mais tecnolo-gias. Valores modernos comeam, ento, a ser colocados em cheque. Ocorre a crise do mito, a matriz da racionalidade. A partir da, o homem comea a criar mquinas para superar a razo, a cincia e o progresso.

    A mquina surge na Revoluo Industrial para substituir o trabalho braal. A partir do surgimento desses motores, o homem comea a desenvol-ver tecnologias para substituir o seu trabalho intelectual. Vejam, como exemplo: quem hoje grava nmero de celular? No preciso grav-los, pois todo aparelho tem uma agenda telefnica. Tudo isto coloca a sociedade e a modernidade em seu limite histrico. At onde poderemos ir? Depositamos nossa confiana no que est na tecnologia e nos meios de comunicao. S passa a ser verdade quando a informao est na mquina, no extrato do caixa eletrnico, no aparelho celular, nos meios de comunicao. Isto o que o filsofo Herbert Marcuse (2005) chama de racionalidade tecnolgica: colocamos toda razo, toda verdade na tecnologia.

    Rene Berger (1992) vai definir duas revolues em andamento na atual sociedade a partir desses valores introduzidos pelos meios de comuni-cao e transporte. Quais so essas duas revolues? A primeira, chamada de telmica, est relacionada aos meios de transporte, com deslocamento cada vez mais veloz e com os veculos cada vez mais sofisticados. Se o nosso deslocamento de um lugar para o outro fica mais rpido porque cada vez mais se utilizam veculos mais sofisticados. A segunda revoluo a telemti-ca, que vai combinar a informtica com a telefonia.

    A revoluo telmica est para o corpo, quer dizer, para o desloca-mento, como a telemtica est para a mensagem. Este fenmeno chamado por Berger de teletropismo: quanto mais aumenta a velocidade da transmis-so da mensagem, mais tende a aumentar a velocidade dos vetores telmi-cos, mais a rea de nosso deslocamento tende a se expandir e mais se expande a rea de transmisso das mensagens. Quanto mais aumenta a transmisso de mensagens, mais se desenvolvem os vetores telmicos, ou seja, os meios que nos conduzem a esse deslocamento e quanto mais aumenta nosso deslocamento, mais se expande a transmisso das mensa-gens. Assim, a exploso dos meios de comunicao transforma-se num conceito superado a partir das multiplicidades e possibilidades de contar histrias, colocando em crise os metarrelatos, a ideia de progresso e de

    DICAS

    A primeira transmisso comercial de TV ocorreu em 1928, nos Estados Unidos, onde a emissora WGY transmitiu uma pea de teatro para poucos nova-iorquinos. Em 1941, a Federal Communications Commission FCC autoriza o incio das transmisses de TV pagas por patrocinadores nos EUA, marcando o incio da histria da TV aberta como veculo de massa. No Brasil, as primeiras transmisses ocorreram em 1950, pela TV Tupi, ganhando notoriedade em 1954, com a transmisso do velrio e transporte do corpo do ento presidente Getlio Vargas.

    DICAS

    Assista ao filme A Terceira Onda (1981), baseado no livro de Alvin Tofler, que fala sobre o fim da era agrcola, o sepultamento do industrialismo e o surgimento de uma nova civilizao.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    evoluo. Esse conjunto de transformaes coloca a modernidade no seu limite histrico e aponta uma mudana no modo de produo dos paradig-mas. O homem deixa de ser o centro e a informao, a produo de imagens passa a ser um dos vetores mais significativos.

    O homem o sujeito que produz informao, mediado pelas tecnologias. Assim temos que pensar: o que seria verdade nas informaes que recebemos?

    Precisamos refletir sobre dois aspectos acerca da famosa Era da Informao: a importncia e as implicaes dos meios de comunicao e as implicaes dessa cultura globalizada em nossas vidas. Percebemos, ento, que os consumidores dos meios de comunicao esto se sentindo cidados do mundo, muito mais do que do seu prprio pas. Mas, ao mesmo tempo, esto se sentindo solitrios e a vida comea a ficar ameaada com a nossa identidade pessoal. O individualismo se sobrepe, abalando o nosso histri-co conceito de comunidade.

    1.5 GLOBALIZAO

    O regime capitalista vive hoje a economia de mercado. Vivemos na chamada globalizao, que surgiu nos sculos XV e XVI, com as grandes navegaes, quando o homem descobriu que poderia se deslocar de um continente para o outro, abrindo um novo mundo de possibilidades e outras maneiras de viver. O processo de globalizao se instaura quando o homem volta para o seu continente de origem, trazendo novas vises. Dessa forma, o processo de globalizao no algo to novo assim. Ele representa um processo de larga durao, com ciclos de retrao, de ruptura, de orienta-o, em que antigos costumes mesclam-se com os novos. Na verdade, estamos desde o sculo XIV nesse processo de interligar as culturas num enriquecimento do sistema capitalista.

    Quais as caractersticas econmicas da globalizao? As relaes econmicas do mundo globalizado so moldadas pelas exigncias das empresas, corporaes ou conglomerados multinacionais ou planetrios. Existem grandes indstrias que comandam e controlam o mundo e a maioria delas esto nos Estados Unidos. Elas definem a maneira de ser e de estar do cidado, s que no percebemos isso. Quem nos conduz, quem define o que vamos vestir e consumir so as empresas multinacionais. As relaes econmicas so definidas a partir desses conglomerados, dessas corpora-es. Em relao poltica, o ideal neoliberal reafirmado como a nica opo possvel. Ningum mais ouve falar do socialismo. Ouve-se falar apenas no ideal neoliberal, que defende que o mercado quem define a economia mundial e no mais o Estado ou o povo. Qual o papel do Estado, ento? Regulamentar decises do mercado. Algumas naes como China e Cuba resistem a esse ideal. E os modos de comunicao? A telemtica, tecnologia de satlite, capacidade de armazenamento dos bancos de dados

    O momento em que vivemos agora no tem Deus como centro, nem o homem. A

    informao o centro. Sendo assim, quem produz a

    informao? Quem distribui essa informao? Quem que

    comunica?

    PARA REFLETIR

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    ampliam a capacidade de produo, acumulao e veiculao de dados e informao.

    Essa globalizao da economia atinge de forma direta o mundo da cultura. Os bens simblicos difundidos atravs dos filmes, programas de TV, rdio, livros, revistas e jornais alimentam o imaginrio da maior parte dos seres humanos de todas as raas, religies e poder aquisitivo.

    Observem as novelas. As residncias do ncleo pobre delas possu-em em suas casas televiso, geladeira, micro-ondas e telefone celular. As pessoas de classe menos favorecida assistem s novelas e acreditam que em suas casas tambm precisam ter esses produtos para viver. Resultado: um consumo desenfreado, imposto por um modelo que afeta nosso modo de viver.

    A revoluo tecnolgica tem importante papel nesse processo de mudana econmico-ideolgico-cultural do mundo contemporneo. ele quem designa este momento histrico de Era da Informao. A revoluo no s o conjunto dos instrumentos tcnicos disponveis ou a capacidade de produzir, armazenar e distribuir dados, mas o prprio uso poltico desse processo. Enquanto a revoluo tecnolgica garante a produo, armazena-mento e difuso de informaes, as relaes econmicas e o iderio neoli-beral fixam os cdigos que possibilitam o acesso leitura e ao aproveitamen-to dos bens materiais e simblicos. a fome com a vontade de comer. Enquanto a Era da Informao incute em ns valores atravs dos meios de comunicao, dizemos o que certo ou o que errado pelo que difundido pelos meios de comunicao.

    Quais so os mltiplos efeitos da Era da Informao? Como a revoluo tecnolgica faz para garantir sua legitimidade social nos mecanis-mos da Era da Informao? o que o Igncio Ramonet, citado por Soares (1996), defende: a imposio da sociedade, o que a gente chama de ditadu-ra do pensamento nico. O que seria essa ditadura? uma soma grande de valores e conceitos que so reproduzidos de uma forma exaustiva. Uma forma que nos leva a internalizar esses valores e passamos, assim, a achar que o que diz essa ditadura verdade, que o padro, que tem que ser copiado por todos ns ou que tem que ser eliminado. Quem que difunde isso? Quem determina como devemos ser, o que devemos pensar ou como devemos agir? So os meios de comunicao, a mdia, o conjunto de meios, o rdio, a televiso, a Internet e o jornal impresso. Um produto divulgado por vrios desses veculos, tendo vrios tipos de propagandas, com a mesma mensagem em ambas. s vezes, achamos linda a mensagem porque tem um ator famoso que faz a propaganda, fazendo-nos acreditar que a melhor opo do mundo. Acabamos no percebendo o que h por trs disso tudo.

    Outro conceito fundador da nova Era pode ser expresso: preciso comunicar. Essa substituio da ideologia do progresso pela ideologia da Informao levou os dirigentes polticos a substituir os objetivos sociais de primeira instncia (ideias republicanas de igualdade e fraternidade) por

    C

    FE

    A

    B GGLOSSRIO

    Neoliberalismo: doutrina que admite a interveno do Estado para equilibrar os interesses sociais com os interesses privados, no jogo econmico-poltico.

    ATIVIDADES

    Acesse o site:http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/conheca_pais/china e conhea a China, a 2 maior economia do mundo, ficando atrs apenas dos Estados Unidos. Discuta no Frum as impresses sobre este pas.

    Faa uma anlise dos produtos adquiridos por voc no ltimo ano. Reflita sobre a real necessidade de cada um. Reflita, por exemplo, a necessidade de se adquirir um novo modelo de celular. Para ter qualidade de vida, ser que precisamos mesmo possuir 10, 20, 30 pares de sapato ou buscar de forma incessante aquele carro do ano?

    PARA REFLETIR

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    plataformas virtuais sustentadas pela propaganda globalizada ou pelo marketing poltico. Ento, percebe-se que hoje os governos colocam disposio do cidado o site eletrnico do governo, onde podemos recla-mar e acompanhar os processos e solicitaes. Ao invs de lutar por esses ideais de fraternidade e de igualdade, o que os governos esto fazendo? Desenvolvendo canais que "facilitam" a comunicao do cidado. Mas ser que, de fato, esses canais melhoram a vida do cidado? Temos que pensar nos atributos universais da Era da Informao. Ela planetria. Hoje eu comunico com qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Existe um investimento no desenvolvimento dessas redes que conectam as pessoas, os estados e as empresas. Ela permanente porque as redes de informao esto disponveis vinte e quatro horas por dia. imediata porque a atualida-de das notcias garante aos consumidores a sensao e o sentimento mpar de serem contemporneos de seu mundo, e imaterial porque o objeto de comunicao virtual, substituindo muitas vezes a realidade. Quando falamos de comunicao, temos que pensar nesses quatro atributos.

    Quais condies so criadas para que essa rede, cada vez mais, possa se consolidar? A implantao de infraestrutura de natureza tcnica, a formao de alianas entre Estado e empresariado e a busca de legitimao social dos meios de comunicao. Se assistirmos programao diria, percebemos que, cada vez mais, cada meio de comunicao quer criar um canal para que a populao possa se comunicar e transferir para esse meio a soluo dos problemas e a concesso por parte dos consumidores da legiti-midade perseguida. Hoje no nos dirigimos mais ao poder pblico para resolver nossos problemas. Procuramos os meios de comunicao para denunciar nossos problemas com o Estado. Quem nunca foi a algum hospital e, na espera da enorme fila para atendimento, no ouviu algum dizer que chamaria a televiso para esse hospital? O principal efeito da incidncia das novas modalidades de comunicao reside na prpria concepo de espao (onde estou?) e na busca de referncias (quem sou?). Estamos todos buscan-do, neste momento, nossa identidade. Queremos nos encontrar neste mundo virtual. Estamos passando por um processo de desterritorializao. O que seria isso? Significa dissolver ou deslocar o espao e o tempo. Os indiv-duos no sabem mais onde esto, para onde se encaminham, quais as ideias que tinham, tm ou poderiam ter, nem o que so. Rompem-se os significa-dos de conceitos, categorias, leis e interpretaes codificadas nas noes de sociedade civil, estado nacional, povo, cidado, cidadania, classe social, grupo tnico, movimento social, partido poltico, corrente de opinio pblica, diversidade, desigualdades e antagonismos.

    Esse processo no unssono e nem unvoco. Na verdade, o que a gente percebe? que as tribos e as sociedades no se dissolvem, mas vo se recriando. Por exemplo: no movimento dos nazistas, resolve-se criar uma sociedade pura e, assim, exterminar os judeus. Mas, ser que os ideais de Hitler no continuam presentes na nossa sociedade quando rejeitamos o

    DICAS

    Vrios programas de televiso ganham audincia pautados

    pelas mazelas de nossa sociedade. O precursor no

    Brasil foi o programa Aqui e Agora, do SBT. Se algum tinha

    algo a reclamar era s chamar o Aqui e Agora que ganhava

    voz em rede nacional. O programa j no est mais no

    ar, mas vrios outros assumiram o seu lugar: Programa do

    Ratinho, Brasil Urgente, Balano Geral, etc.

    ATIVIDADES

    Acesse o site www.yahoo.com.br/tecnlogiase

    duc, clique no Programa Datena Parte 1 Enchente

    em So Paulo e veja um exemplo dessas denncias da

    televiso.

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    negro, o mulumano ou quando desconfiamos de outro ser humano ou quando criamos os nossos grupos e defendemos nossos interesses? Exemplo disso so as religies e seitas, as lnguas e os dialetos, os nacionalismos e as nacionalidades, as ideologias e as utopias, que ressurgem como se fossem erupes vulcnicas, mas com diferenas e significados.

    Na vida diria, a multido de trabalhadores, populaes ou coletivi-dades dispersas em grupo esto articuladas pelo alto, a partir de centros decisrios desterritorializados, recebendo as mesmas mensagens em todos os lugares e ao mesmo tempo, de forma mais ou menos homognea.

    O que vivemos neste momento? A burocratizao do mundo, tendncia generalizada acomodao, que transfere para o poder externo e invisvel as decises que determinaro a vida das pessoas e grupos humanos. Estamos nos acomodando e transferido para os meios de comunicao as decises que determinam o futuro de nossas vidas. Diante da sonolncia das maiorias burocraticamente comportadas, o sistema de meios de informao ganha terreno livre para apresentar-se em momentos de conflitos ou de angstias coletivas, como o verdadeiro representante dos desejos da popula-o. No nos damos conta disso e, como consequncia, ocorre a uniformi-zao do pensamento.

    Os modos de vida dos cidados esto impregnados de racionalida-de. Como construir uma sociedade civil autnoma, quando a dimenso pblica cada vez mais controlada pelas mdias privadas? Ento, qual o papel da educao nesse processo? Pelo impacto psicossocial da Era da Informao na vida das pessoas, necessria uma profunda reflexo por parte dos pais, educadores e dos gestores da vida sociopoltica do Pas. Precisamos fazer uma leitura crtica e uso crtico dessas tecnologias. Pode-mos nos tornar leitores e consumidores passivos ou usurios crticos. Chama-mos a ateno para o uso emancipativo das tecnologias, para a contribuio na construo de um mundo melhor. Como professores, esse o nosso papel neste momento. Temos que nos transformar em usurios crticos e reflexivos dessas nossas tecnologias, ultizando-as numa perspectiva crtica.

    C

    FE

    A

    B GGLOSSRIO

    Unssono: que se harmoniza com outro. Unnime; concorde.

    Unvoco: realidades distintas, com o mesmo sentido. Que tem um s significado; que s admite uma interpretao; inequvoco.

    REFERNCIAS

    BERGER, Rene. Il nuovo golem- Televisione e media, tra simulacri e simulazione. Milo: Raffaello Cortine, 1992

    FIORENTINI, L. M.; MORAES, R. A. Curso UniRede de Formao em EAD. Mdulo 1. In: UniRede.

    Disponvel em http://nead.ufpr.br/uni/modulo1/intro_unid_1.html.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    JNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgncia de uma nova linguagem: novos paradigmas comunicacionais com a popularizao da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.

    Moderno Dicionrio da Lngua Portuguesa. Melhoramentos: So Paulo. Disponvel em http://michaelis.uol.com.br. Acesso em 24/08/2010.

    PRETTO, Nelson De Luca. Uma escola sem/com futuro. Campinas, SP: Papirus, 1996.

    SOARES, Ismar de Oliveira. Sociedade da Informao ou da Comunicao? So Paulo: Editora Cidade Nova, 1996.

    SOARES, Suely Galli. Educao e comunicao. So Paulo: Cortez, 2006.

    VIEIRA, Fbia Magali Santos. Ciberespao e educao: possibilidades e limites da interao dialgica nos cursos online da Unimontes Virtual. Faculdade de Educao. Universidade de Braslia, 2003. 128 p.

    VATTIMO, Gianni, A sociedade transparente. Lisboa: Relgio D gua, 1992.

    ________________ O fim da modernidade. So Paulo: Martins Fontes, 1996.

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    2UNIDADE 2MDIA E EDUCAO2.1 INTRODUO

    Nesta Unidade, convidamos voc, acadmico(a), a discutir sobre Mdia e Educao. Atualmente, as crianas passam mais tempo em frente televiso ou ao computador do que na escola ou com a famlia. Mesmo na escola, elas esto passando grande parte do tempo diante do computador. Ao sair na rua, podemos observar os outdoors na cidade com propagandas das escolas, anunciando os laboratrios de informtica, como um grande diferencial qualitativo. As escolas, hoje, esto investindo em tecnologia. Elas esto usando e trazendo para a escola a tecnologia para atrair as crianas e, com isso, preciso refletir sobre o papel do educador.

    Segundo Moran (2001), todos ns somos educados pela mdia. Sendo assim, o que compreendemos como mdia? o conjunto dos meios de comunicao, portanto, o rdio, a televiso, a Internet, o jornal e as revistas so meios de comunicao. A esse conjunto de meios, chamamos de mdia. Quando falamos que algum est na mdia, ela est no jornal, na televiso, no rdio ou na revista. Quando Moran diz que somos todos educados pela mdia, ele quer dizer que ficamos a maior parte do tempo diante da televiso ou do computador, tendo nossas opinies formadas por esses meios de comunicao.

    O que podemos fazer, ento? Qual o papel da educao nesse processo? Veremos que a televiso traz valores como, por exemplo, a questo da conscientizao de preservao do planeta. Algumas campanhas transmitem uma mensagem contra as drogas, mas perceptvel que algumas coisas, ao invs de educar, fazem o contrrio. Portanto, qual o papel da educao neste processo? Hoje, falamos na questo de mdias e educao. Qual seria o papel da mdia e da educao? A mdia um segmento da educao, uma linha dentro do processo educacional que tem a funo de cuidar dessa educao pela mdia e da educao para a mdia. Sendo assim, nossos objetivos nesta Unidade so:

    ?identificar as caractersticas da comunicao pela mdia;

    ?compreender a influncia desses veculos sobre os modos de ser e comportar dos cidados; e

    ?possibilitar aos acadmicos condies para que se tornem usurios crticos e criativos das tecnologias, e no meros consumidores das mesmas.

    Desta forma, o estudo encontrase assim organizado:

    Unidade 2: Mdia e educao

    2.1 Introduo

    2.2 A presena da mdia

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    2.3 Mdia-educao

    2.4 Referncias

    Assim, esperamos contribuir com sua formao e incentiv-lo(a) a aplicar o aprendizado em sua prtica pedaggica.

    Bom estudo!

    Os autores.

    2.2 A PRESENA DA MDIA

    A revoluo tecnolgica, que tem alterado nossa forma de estar no mundo, surgiu por volta de 2.700 anos depois da inveno do alfabeto e trata da integrao de vrios modos de comunicao em uma rede interativa que, pela primeira vez na histria, integra no mesmo sistema as modalidades escrita, oral e audiovisual da comunicao humana. A integrao entre textos, imagens e sons no mesmo tempo e espao, em condies abertas e de baixo custo, muda consideravelmente a comunicao e, consequente-mente, a cultura.

    Segundo Castells (1999, p. 353), a difuso da televiso, aps a 2 Guerra Mundial, alterou a estrutura e a organizao dos meios de comunica-o, que foram adaptados para atender as audincias televisivas. O sistema dominado pela televiso, por enviar uma mensagem similar de alguns emissores para uma audincia de milhes de receptores ao mesmo tempo, constituiu-se em um meio de comunicao de massa.

    Vivemos em um ambiente de mdia. A maior parte de nossos estmulos simblicos vem dos meios de comunicao. Somos fundamental-mente informados pelos meios de comunicao, sendo a televiso o princi-pal deles e agora, tambm, a Internet.

    Para Castells (1999, p. 362), a mdia a expresso de nossa cultura e nossa cultura funciona principalmente por intermdio dos materiais propiciados pela mdia. Enquanto o processo de comunicao se efetiva atravs da interao emissor/receptor para interpretao da mensagem, a televiso, como um grande meio de comunicao, caracteriza-se por ser um sistema de mo nica, que no possibilita a interao.

    Apesar da audincia macia, a televiso tem determinado uma audincia segmentada e diferenciada, uma vez que a mesma no um objeto passivo e no recebida por todos os telespectadores da mesma forma e ao mesmo tempo. Os estudos de Youichi, citado por Castells (1999, p. 364), demonstram que existe uma evoluo de uma sociedade em massa para uma sociedade segmentada, resultante das novas tecnologias de comunicao que enfocam a informao especializada, diversificada, tornando a audincia cada vez mais segmentada por ideologias, valores, gostos e estilos de vida.

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    Com a chegada do computador e, principalmente, com o avano da Internet, a audincia pde se libertar e se manifestar. A tecnologia digital permitiu, alm da compactao e transmisso de todos os tipos de mensa-gens, inclusive sons, imagens e dados, formando uma rede capaz de comu-nicar todas as espcies de smbolos para qualquer parte do mundo, que tenha acesso a uma linha telefnica, a possibilidade de o usurio navegar por mares nunca antes navegados, atravs do hipertexto.

    Tais avanos tm alterado tambm as formas de aprender e de ensinar em todas as sociedades. Diante dessas perspectivas, importante compreender, como educadores, como os sujeitos se apropriam das novas tecnologias educacionais que o avano tecnolgico vem colocando a nossa disposio, e como as instituies escolares, principalmente aquelas que se dedicam educao virtual, vo se apropriando destes instrumentos e integrando-os s suas prticas.

    Do ponto de vista educacional, por muito tempo, a televiso foi julgada e condenada pelos malefcios que traria s novas geraes. Seu carter antieducativo foi cantado, em prosa e versos, por milhes de educadores nestas ltimas dcadas. Acusada de ser a culpada por muitos males que afligem a sociedade, desde crimes violentos ao desinteresse pelos estudos, foram propostas como punio, a censura, o seu desligamento e at tir-la do ar.

    Como disse Moran (2001), somos todos educados pela mdia, embora no somente por ela, sendo assim, deve ser na escola que pode-mos e devemos compreender e incorporar a linguagem da mdia, desven-dando seus cdigos, suas possibilidades expressivas e possveis manipula-es. A partir do estudo sobre a mdia, podemos desenvolver habilidades para compreender seus processos comunicacionais e persuasivos, resistir a eles quando for o caso e utiliz-los como colaborativos.

    2.3 MDIA-EDUCAO

    Como j dissemos anteriormente, a mdia nos educa e influencia nossa maneira de ser, de pensar e de comportar. Assim sendo, tambm devemos ser educados para utiliz-la, e exatamente nisso que a nossa sociedade est falhando: ns somos educados pela mdia, mas no educa-mos para a mdia. Recentemente, foi veiculada nos canais de televiso a propaganda das sandlias Havaianas. Alm de nos convencer a comprar o produto, qual a mensagem da propaganda?

    Por trs de uma simples roda de samba h uma mensagem que impe, sutilmente, a ditadura do pensamento nico: ns temos que pensar em roda de samba, na farra. No devemos pensar no aquecimento global, no podemos discutir poltica e no podemos refletir sobre a atual conjuntu-ra do processo econmico do Pas. Querem nos induzir a pensar em outras coisas. No se v, no Brasil, nenhuma propaganda na televiso propondo

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    B GGLOSSRIO

    Hipertexto: possibilita a leitura do texto com conexes a outros textos.

    Acesse o Canal no Youtube, www.youtube.com.br/tecnologiaseduc, clique no vdeo Comercial Havaianas com Marcos Palmeira - Roda de Samba e discuta com seus colegas sobre a alienao sugerida no comercial.

    ATIVIDADES

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    uma anlise sobre a questo econmica, sobre as influncias das multinacio-nais no Pas. As propagandas, os programas de entretenimento, os filmes e as novelas desviam a nossa ateno para outras questes menos relevantes. Induzem-nos a pensar que discutir questes importantes cansativo e desgastante. Acabam nos influenciando a fazer coisas de importncia menor, como ir para uma roda de samba, tomar cerveja, refrigerante ou ir praia. Entretanto, preciso refletir esse tipo de questo. Estamos expostos mdia. Muitas vezes, a mdia, com suas propagandas, acabam nos ludibrian-do e, nesse processo, acabamos ficando alienados e impotentes.

    Os modos de acesso ao conhecimento, no futuro, so difceis de serem imaginados. Por exemplo, o desenho dos Jetsons, na dcada de 70, eram futursticos e inalcanveis. Porm, hoje, as tecnologias futursticas do desenho so atuais, apesar da tecnologia da indstria mundial estar em constante evoluo. No podemos imaginar o que acontecer em termos de evoluo na prxima dcada.

    Assim, perguntamos: o que voc, como professor(a), pode fazer para mudar esse cenrio? Centrar nos seus alunos e, tendo em vista que eles sero os cidados do futuro, deve prepar-los para que eles possam compre-ender o que est acontecendo e participem efetivamente dessa sociedade.

    Para centrar nesses usurios, necessrio entender a autodidaxia de forma a adequar mtodos e estratgias de ensino. Cada pessoa tem uma maneira de aprender. Cada um interpreta o mundo de acordo com suas experincias. preciso que se tenha a percepo de como os alunos apren-dem e nesse processo deve-se adequar as estratgias e os mtodos de ensino. No podemos nos esquecer de que as novas geraes so nativas digitais, enquanto a maioria dos professores so imigrantes digitais, ou seja, esto aprendendo a usar a tecnologia para se comunicar. As crianas, atualmente, j nascem sabendo utiliz-la. Observem o desenvolvimento de uma criana: quando um beb sai da sala de parto e vai para o apartamento ou enfermaria, ainda na maternidade, a primeira coisa que a enfermeira faz ligar a televiso. Ento, a criana, j comea a receber os estmulos audiovi-suais. Quando ela vai para casa, a me a coloca no bero, liga o rdio e vai cuidar dos seus afazeres. Portanto, ela continua recebendo estmulo auditi-vo. Quando ela comea a se sentar, a me a coloca no carrinho e liga a TV em programas infantis, em seguida. A me, ao ligar a televiso, utiliza o controle remoto. Se a criana comear a chorar, a me entrega a ela o controle remoto. Em seguida, a criana descobre que pode mudar de canal, aumen-tar e diminuir o volume utilizando o controle. Com um ano de idade, ela ganha uma carrinho de controle remoto. Com dois anos, ela ganha um videogame. Assim, elas se tornam nativas digitais, pois j nascem utilizando a tecnologia.

    Observem as crianas das mais diferentes classes sociais. De que elas brincam? As crianas de classes economicamente favorecidas possuem computadores de ltima gerao em casa, conectados Internet. As crianas

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    Autodidaxia: a capacidade que possui um indivduo de

    aprender sozinho, sem apoio humano.

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    de classe economicamente desfavorecidas frequentam diariamente Lan Houses e Telecentros e utilizam com grande habilidade os recursos mais avanados e sofisticados da informtica.

    preciso entender como as crianas se apropriam da informao. Como as mesmas so processadas e de que maneira transformam essa informao em conhecimento. No se pode perder de vista as finalidades da educao, que formar cidados para exercer sua cidadania. Assim, preciso distinguir indivduo de cidado.

    Portanto, o que educar? Para Paulo Freire, educar um processo de hominizao, que leva o indivduo condio de sujeito. O que ser sujeito? aquele que tem conscincia social. Ento, cidado um sujeito porque tem conscincia social. Essa conscincia nos permite compreender onde estamos, quem somos, para onde vamos, de onde viemos e, principal-mente, compreender o processo no qual estamos inseridos. Assim, a nossa conscincia deveria nos possibilitar, diante da compra de um produto, refletir sobre a real necessidade do mesmo ou se o produtor que est me instigando a compr-lo.

    Assista um canal da TV aberta, domingo, noite, por exemplo. Quem, normalmente, est frente da TV, no domingo noite? A famlia. Ento, observe que as propagandas so, em sua maioria, direcionadas famlia. H uma disputa, invisvel, entre as lojas de eletrodomsticos, por exemplo, para convencer a famlia a adquirir seus produtos.

    As novelas, por sua vez, determinam tambm um modelo de vida, uma vez que, ao se ver determinados objetos ou coisas, queremos t-los por achar que so inovadores e esto na moda.

    Diante do exposto, considerando que o papel primeiro da educa-o formar cidados para a vida em sociedade, os alunos precisam ter condies de desenvolver estratgias para a apropriao crtica e criativa de todos os recursos tcnicos disposio desta sociedade. Assim, a funo do professor, na perspectiva da Mdia e Educao, fazer com que os alunos e as famlias reflitam de forma crtica sobre as influncias dos meios de comu-nicao em nossas vidas.

    A mdia possui algumas contribuies que nos ajudam no processo de emancipao em que estamos vivendo. A utilizao dessas mdias ajuda as crianas a organizar e planejar o tempo, as tarefas, os testes; a preencher formulrios e adquirir competncias tcnicas e teatrais. perceptvel que as crianas que tm muito contato, principalmente, com a televiso e, agora, com a Internet, desenvolvem algumas habilidades. Patrcia Grenfield (1998), em seu livro O Desenvolvimento do Raciocnio na Era Eletrnica, discute as contribuies dos meios eletrnicos no desenvolvimento do pensamento das crianas. Segundo ela, o videogame, os programas televisivos, a Internet e o computador podem ajudar no desenvolvimento do raciocnio e do pensamento. Ento, esses meios, podem contribuir para o nosso processo de aprendizagem.

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    B GGLOSSRIO

    Do latim medieval individuus (indivisvel), que formado de in + dividuus. O vocbulo dividuus vem de dividere (dividir).

    DICAS

    Acesse o site http://www.ime.usp.br/~vwsetzer e leia os textos de Vademar Setzer. Dentre vrias discusses, ele ressalta que a televiso uma tragdia para a humanidade.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    Mas os meios tambm podem causar malefcios. Crianas que ficam diante da televiso sozinhas sem um adulto por perto, com viso crtica, acabam criando uma ideologia de mundo a partir das informaes dos meios de comunicao. Isso a alienao. As mdias tambm criam manias, dependncia e isolamentos. Muitas vezes, as crianas se desligam da realidade fsica e socioafetiva. O perigo est no fato de essas crianas acaba-rem vivendo mais em um mundo virtual, como salas de bate-papo e MSN. Assim, acabam tendo mais amigos virtuais e poucos amigos presencias. Temos que lembrar sempre que somos homens e no mquinas. Portanto, necessitamos de contatos fsicos e sociais. Por isto, educamos em sociedade, sendo o nosso processo educacional, antes de tudo, social.

    Hoje, quase todas as crianas e jovens brasileiros possuem Orkut, Facebook ou Twitter. Passam grande parte do seu tempo atualizando os seus perfis e lbuns de fotos e interagindo em comunidades virtuais ou com seus tweets. Se observarmos com ateno, veremos que elas tm vrias pessoas cadastradas, mas ser que aquelas pessoas tambm so suas amigas no presencial ou somente no virtual?

    O problema no mundo virtual que podemos criar uma identida-de. Podemos demonstrar uma personalidade que no somos no momento presencial. Atrs da mquina tem um ser humano, mas o ser humano pode criar uma outra personalidade.

    Existem comunidades virtuais 3D, como o Second Life, em que as pessoas criam uma segunda identidade e vivem no mundo virtual, onde permitido ser o que quiser e at voar.

    Observem como essas possibilidades tm contribudo para o aumento do nmero de crimes de pedofilia. As pessoas criam uma identida-de de crianas, da mesma idade, e acabam convencendo as outras. Da, o crime acontece.

    DICAS

    O Orkut (www.orkut.com.br) e o Facebook

    (www.facebook.com.br) so os maiores sites de

    relacionamento da atualidade. O Twitter (www.twitter.com) um microblog onde o mximo

    de caracteres aceito 140. Nele podemos ter milhes de

    seguidores e seguir milhes de pessoas. Luciano Huck o

    brasileiro com maior audincia no Twitter no momento. Possui

    mais de 2 milhes de seguidores.

    Figura 1: Cena da comunidade virtual 3D Second Life, onde um grupo de avatares, ou seja, identidades virtuais, apresentam seus visuais exticos. Fonte: http://colunas.g1.com.br/instanteposterior/2007/06

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    Ento, como podemos ver, se as mdias trazem contribuies, junto, tambm, trazem problemas, dificuldades e at crimes. Temos que estar atentos a isso. Como educadores, precisamos pensar em algumas questes:

    1. Como a escola poder contribuir para que todas as nossas crianas se tornem usurias criativas e crticas dessas novas ferramentas e no meras consumidoras compulsivas de representaes novas de velhos clichs?

    2. Como podemos contribuir para que os nossos alunos, de fato, possam assistir televiso, usar a Internet de uma forma criativa e no ficar s absorvendo todas as mensagens, como Tome Coca-Cola, Coca-Cola o melhor refrigerante do mundo?

    3. E mais: como pode a escola pblica assegurar a incluso de todos na sociedade do conhecimento e no contribuir para a excluso de futuros ciber-analfabetos?

    DICAS

    Acesse o site:http://edutec.net/Noticias%20e%20Eventos/Apoio/edsetze1.htm e leia a transcrio do debate ocorrido no Programa Opinio Pblica, da TV Cultura, em 28 de maio de 1999, entre Valdemar Setzer e Eduardo Chaves. O assunto: o uso da informtica na educao.

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    B GGLOSSRIO

    Ciberespao: termo idealizado por William Gibson, em 1984. Em seu livro Neuromancer, descrevia como um espao virtual composto por cada computador e usurio conectados em uma rede mundial.

    Figura 2: Cartaz do incio do sculo XX da Coca-Cola. H mais de 100anos no mercado, um dos principais smbolos do consumismo.Fonte: http://www.brasilcult.pro.br/ensaios/cola/coca_cola.htm

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    Hoje, na Internet, podemos fazer amigos, compras, vendas e estudos. Podemos fazer quase tudo que fazemos no espao presencial. Para Pierre Levi, um filsofo francs, nesse espao da Internet, onde estudamos, compramos, vendemos, conhecemos amigos, pessoas e lugares, est sendo gestada uma nova cultura, uma nova maneira de ser e de estar. Est surgindo uma nova linguagem e um novo comportamento: a cibercultura. Hoje, existe uma nova linguagem na Internet e a estamos usando nos aparelhos de celulares, como a simplificao do cad por kd" e do voc por vc. No Quadro 1, apresentamos alguns ideogramas muito utilizados na Internet.

    E como ficamos nessa nova cultura? Somos imigrantes digitais, ento. Como temos analfabetos da lngua, passamos tambm a ter os ciberanalfabetos, que so pessoas que no sabem utilizar essa nova linguagem da Internet. E como vo ficar essas pessoas no futuro, j que no sabem utilizar o computador? Sero excludas? Mais uma forma de excluso em nossa sociedade?

    Diante destas questes, temos que pensar no nosso papel de educadores, comprometidos com a promoo do cidado.

    Douglas Kellner (s/d) chama a nossa ateno para o importante papel da educao nesse processo de mudana. Ele defende a multialfabetizao, ou seja, no podemos hoje ficar presos somente ao

    Ideograma Representao

    []'s (Abraos)

    :-**-: Beijo na boca

    _m(o_o)m_ Espiando por cima do muro

    #:-O Estou arrancando meus cabelos!

    :@ Eu juro!

    :-T Hmmm!

    (:-* Muitos beijos!

    :-O Ohhh!

    |:-O Ohhhhhh!

    ;-) Piscadinha

    :-" Tenho um segredo!

    :-C T de queixo cado!

    @-,--`- Uma rosa para voc

    Fonte: JNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgncia de uma nova linguagem: novos paradigmas comunicacionais com a po-pularizao da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.

    Quadro 1: Aes representadas por ideogramas na Internet

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    aprendizado da escrita da lngua. Temos que aprender a ler o mundo, como diz Paulo Freire. Precisamos ler as mensagens que esto por trs dos meios de comunicao, ler o que esta atrs de uma manchete, ler o que est na propaganda do jornal, o que est na propaganda de televiso, ver um programa de televiso, uma novela ou um site na Internet. Ento, ele diz que a educao precisa cultivar uma variedade de novos tipos de alfabetizaes para tornar a educao relevante.

    O grande risco est no fato de que ficamos concentrados no trabalho em sala de aula em torno dos livros e jornais, mas esquecemos que nossos alunos vo ter acesso a outras leituras, chamadas por Paulo Freire de leitura de mundo. Portanto, precisamos refletir o papel do professor nesse processo.

    Segundo Kellner (s/d), as novas tecnologias esto alterando todas as partes de nossa sociedade e cultura. Precisamos compreend-las e utiliz-las, tanto para entender quanto para transformar os nossos mundos. Assim, o objetivo deste autor introduzir novas alfabetizaes para dar fora a indivduos e grupos que tradicionalmente tm sido excludos. Deste modo, ele acredita que possvel reconstruir a educao, tornando-a capaz de reagir melhor frente aos desafios de uma sociedade democrtica e multicultural.

    Qual o nosso papel? , de fato, preparar essas crianas, os nossos alunos para compreender e utilizar essas tecnologias para transformar o mundo, ou seja, para no serem manipulados ou para no continuarem a ser manipulados.

    O que a Coca-Cola fez conosco? Criou uma necessidade, que era afetiva e poltica de um momento de crise e nos tornou dependentes desse produto. A tendncia que todos os produtos queiram fazer isso conosco.

    Segundo Kellner (s/d), nada se fez ou se desenvolveu a respeito. Fala-se muito dessa educao meditica, mas nada de fato foi feito. Fazer a alfabetizao crtica da mdia seria um projeto que estimularia a participao e o trabalho conjunto de pais, filhos e educadores. Para superar este desafio, ele sugere que assistir a shows de televiso ou filmes juntos poderia promover discusses produtivas entre os assistentes, aguando-lhes a percepo do que est por trs do texto meditico. No somente colocar o filme para as pessoas assistirem. assistir a eles, com comentrios e discusses, vendo as diferentes nuances apresentadas.

    O professor no pode dizer que no assiste a televiso. Ele precisa fazer isso, sim, a ela, pois tem que saber tudo o que se passa, em todos os canais de televiso, principalmente aqueles a que seus alunos assistem com mais frequncia. preciso fazer esse trabalho para, assim, contribuir para o aumento da criticidade desses alunos, evitando a manipulao da mdia.

    Para Kellner (s/d), a alfabetizao meditica envolve o desenvolvimento de concepes interpretativas e crticas. Ento, o que devemos fazer? Desenvolver essa interpretao e essa crtica, engajando-nos

    DICAS

    Acesse o Canal no Youtube, pelo endereo www.youtube.com.br/tecnologiaseduc, e assista ao vdeo Mundo Coca-Cola A construo de um mito, dividido em nove partes, e conhea a histria do mito Coca-Cola.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    no levantamento de textos mediticos e particularmente desafiadores, que abarquem uma discusso cuidadosa de critrios crticos e especificamente morais, pedaggicos, polticos ou estticos. Ento, alfabetizao meditica, crtica, envolve a ocupao de uma posio acima da dicotomia de protetor ou censor. No julgar no dizer se est certo ou errado, mas possibilitar a reflexo do certo, e o porqu de se estar certo. Se est errado, por que? Se est errado, do ponto de vista de quem? Se est certo, do ponto de vista de quem? Quem est por trs disso? Qual o interesse nessa questo?

    O que a televiso nos mostra hoje? A Lei do Gerson. Observe os programas como Big Brother Brasil. Observe as conversas. Apesar de sabermos que tudo manipulado, as pessoas aparentemente falam uma coisa, mas, por trs, tramam. A nossa vida um Big Brother. Em um determinado momento, temos uma postura. Em outros momentos, temos outra. A vida real assim e o programa consegue representar isso muito bem.

    Kellner (s/d), chama tambm a ateno para a alfabetizao, considerando a multimdia. Quando defende as mltiplas alfabetizaes, chama a nossa ateno para a necessidade de sabermos ler a imagem, o som e a sua combinao, ou seja, a multimdia e suas subjacncias.

    Observe que o marketing da cerveja, ao produzir a propaganda, considerando as caractersticas do povo brasileiro, combina sons, imagens e movimentos. Imagens que mexem com os nossos sentimentos, interesses e necessidades, combinadas com o ritmo da msica. Observe que a propaganda no diz verbalmente: beba Skol, ela a melhor. Mas quando se chega a um bar, qual a primeira cerveja que se pede? Por que a Skol? Porque a cerveja que desce redondo. E quem definiu que a Skol melhor que a Kaiser, que a Skol melhor que a Antrtica e a Brahma? A mdia.

    Preste ateno no que a mdia faz conosco. Fique atento s mensagens que a propaganda transmite. Ela fala bem da Skol? Ela fala que a Skol a melhor cerveja? No. Como o slogan? Desce redondo. Tudo que desce redondo bom. Ela cria em ns, atravs do jogo de imagem, que coisas redondas so coisas boas e coisas quadradas so coisas ruins: mquina de calcular, relgio, livros de qumica, arquivo, tudo ruim. E o som? alucinante. Brasileiro gosta de ritmo e isso vai criando a ideia, que acaba indo para o nosso subconsciente e internalizamos isso. Assim, a Skol passa a ser considerada a melhor cerveja.

    Paulo Freire chama a nossa ateno para a leitura do mundo, para lermos o que est por trs. Ser que de fato aquele o melhor produto? Ser que de fato precisamos dele? O que mais importante: trabalhar para comprar aquele produto ou trabalhar para promover a emancipao de outras pessoas? O que mais importante? So coisas em que devemos pensar. Ento, temos dois grandes desafios: educar para a mdia, pois temos que ser educados, e educar nossos alunos parar utilizar os meios de comunicao.

    C

    FE

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    B GGLOSSRIO

    Dicotomia: diviso de um gnero em duas espcies que

    absorvem o total.

    DICAS

    Lei do Gerson lei de ganhar, de levar vantagem em tudo,

    no importando as regras ou os meios. O que importa ganhar

    sempre. Surgiu com uma propaganda, em 1976, quando

    o jogador de futebol Gerson protagonizou um comercial de

    cigarros. Nele, o jogador defendia a ideia de que levava

    vantagem em tudo. Por isso, usava aqueles cigarros.

    C

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    B GGLOSSRIO

    Subjacncias: que est por baixo, por trs.

    DICAS

    Acesse o Canal de Tecnologias Educacionais no Youtube

    (www.youtube.com.br/tecnologiaseduc) e assista ao vdeo Skol

    yeah no. Verifique a simbologia utilizada do sim e

    no e constate que para entender o comercial citado necessrio ter conhecimentos

    prvios apresentados pela mdia.

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    Temos, devemos e podemos utilizar os meios de comunicao para educar. Voc, prezado(a) acadmico(a), percebe a contradio? Educar para ver e educar utilizando, esse o nosso desafio. Como que eu vou contribuir para o processo de hominizao dos meus alunos, utilizando os meios de comunicao para ler e no para ser manipulado? Como proceder para que faam uma leitura interpretativa e crtica? Como podemos utilizar isso e desenvolver esse senso crtico? Esse o nosso desafio.

    REFERNCIAS

    BARBERO. Jesus M. Novos Regimes de Visualidades e Descentralizaes Culturais. In:___. Mediatamente! Televiso, Cultura e Educao. SEES/MEC. Braslia: 1999.

    BELLONI, Maria Luza. O que Mdia - Educao. Campinas: Autores Associados, 2001.

    CARNEIRO, Vnia Lcia Quinto. Televiso/vdeo na comunicao educativa: concepes e funes. In:___. TV na escola e os Desafios de Hoje Curso de Extenso Mdulo 2 SEED/MEC e Unirede. Braslia: 2000.

    CASTELLS, Manuel. A cultura da virtualidade real: a integrao da comunicao eletrnica, o fim da audincia de massa e o surgimento de redes interativas. In: ___. A Sociedade em Rede Traduo Roneide Venncio Majer. So Paulo: Paz e Terra, 1999.

    Ciberespao. Disponvel em

    http://www.infoescola.com/Internet/ciberespaco. Acesso em 24/08/2010.

    GREENFIELD, Patrcia Marks. O desenvolvimento do raciocnio na era da eletrnica: os efeitos da TV, computadores e videogames. So Paulo: Summus Editora, 1998.

    JNIOR, Alcino Franco de Moura. A insurgncia de uma nova linguagem: novos paradigmas comunicacionais com a popularizao da Internet. Montes Claros: Funorte, 2001.

    KELLNER, Douglas. Novas tecnologias: novas alfabetizaes. Texto no publicado e traduzido por Newton Ramos-de-Oliveira, Pesquisador do Grupo "Teoria Crt ica e Educao", ncleo de S. Carlos (Unesp/Ufscar/CNPq).

    LVY, Pierre. Cibercultura. So Paulo: Ed. 34, 1999.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    Moderno Dicionrio da Lngua Portuguesa. Melhoramentos: So Paulo. Disponvel em http://michaelis.uol.com.br. Acesso em 24/08/2010.

    MORAN, Jos Manuel. Linguagem da TV e do Vdeo. In:___. TV na escola e os Desafios de Hoje Curso de Extenso Mdulo 1 SEED/MEC e Unirede. Braslia: 2001

    SOARES, Ismar de Oliveira. Sociedade da Informao ou da Comunicao. So Paulo: Cidade Nova, 1996.

    VIEIRA, Fbia Magali Santos. A Internet como Meio Eletrnico de Comunicao. In: Revista Unimontes Cientfica. v. 3., jun./02. Montes Claros: Editora Unimontes, 2002.

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    3UNIDADE 3A LINGUAGEM DA MDIA3.1 INTRODUO

    Nesta Unidade, vamos discutir as caractersticas da comunicao desenvolvida pela mdia, principalmente pela televiso. Os meios de comunicao possuem uma linguagem poderosa e dinmica, que facilita a interao com os usurios, aumentando seu poder de influncia. Como somos todos, tambm, educados pela mdia, devemos, na escola, procurar compreender e incorporar essas linguagens, seus cdigos, suas possibilidades expressivas e possveis manipulaes. A partir deste estudo, esperamos desenvolver habilidades que o ajudem a compreender, criticamente, o processo comunicacional da mdia, utilizando-a colaborativamente e resistindo, quando necessrio. Assim sendo, os nossos objetivos nesta Unidade so:

    ?identificar as caractersticas da comunicao atravs dos meios de comunicao, principalmente da televiso;

    ?analisar a influncia desses veculos sobre os modos de ser e comportar dos cidados; e

    ?desenvolver estratgias pedaggicas para incluir a televiso e o vdeo em atividades curriculares.

    Desta forma, o estudo encontrase assim organizado:

    Unidade 3: A linguagem da mdia

    3.1 Introduo

    3.2 Educao para a mdia

    3.3 Educao pela mdia

    3.4 Referncias

    Assim, esperamos contribuir com sua formao e incentiv-lo(a) a aplicar o aprendido em sua prtica pedaggica.

    Bom estudo!

    3.2 EDUCAO PARA A MDIA

    Como assistimos no vdeo Mundo Coca-Cola, um produto norte- americano, um modelo americanizado de ser imposto. Nada mais que uma tentativa de uniformizar, de homogeneizar o pensamento de todas as pessoas, de todos os continentes. Por isso, temos que ter muito cuidado com as marcas. Temos que ter cuidado com o que est por trs de uma grande campanha de publicidade, por exemplo.

    Vocs viram atravs do desse filme que um produto hoje, para se impor, cria em ns uma falsa necessidade. Ele desperta em ns uma necessida-de de mudar nossa maneira de pensar, de ser e at de se comportar no mundo.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    Quem responsvel por criar em ns esta falsa necessidade? A propaganda est a servio desse trabalho, ou seja, a mdia. Os meios de comunicao se utilizam dela para transmitir as mensagens, nos conven-cendo e persuadindo.

    Como voc pode observar, a propaganda no diz beba Coca-Cola ou Coca-Cola o melhor produto. Ela utiliza uma linguagem, com imagens, sons e cenas para nos sensibilizar, criar em ns uma necessidade. Imagine trilhes de aparelhos de televiso em todas as casas do mundo inteiro assistindo a essas propagandas... O que tudo isto vai criando em ns...

    Em se tratando de crianas e jovens, que ainda no tm opinio formada, qual tem sido o papel da escola diante desta situao?

    Nesta Unidade, vamos refletir e discutir sobre a linguagem da televiso e os modos de aprender para que voc, futuro professor, assuma uma postura crtica diante dos elementos educativos que a mdia pode oferecer.

    3.2.1 A linguagem da TV

    A televiso um meio de comunicao de massa muito poderoso. Para tudo que queremos divulgar, informar e formar, utilizamos a televiso. Por qu? Porque a televiso, alm de ter o poder de unir a imagem, o som e o movimento, um produto de fcil acesso. O rdio tambm um produto acessvel pelo seu poder aquisitivo, mas trabalha somente a audio. Apesar de toda a sua magia ao aguar a imaginao dos seus ouvintes, vivemos em uma sociedade meditica. Estamos acostumados e muito mais fcil com-preender a realidade a partir da unio da imagem com o movimento, e a televiso nos permite isso. Assim, para que a escola cumpra o seu papel de educar para a mdia, os futuros professores precisam refletir sobre as caracte-rsticas da comunicao desenvolvida por ela, principalmente pela televiso, e desenvolver habilidades e atitudes para compreender melhor esse proces-so, resistindo, se for necessrio, e utilizando-a tambm quando necessrio, compreendendo a influncia desses veculos sobre os modos de ser e comportar dos cidados.

    Para atingirmos esses objetivos, precisamos identificar as caracte-rsticas da linguagem da TV. Segundo Moran (2001), a imagem televisiva se sobrepe linguagem e mensagem, somando-as, sem, entretanto, separ-las. Isso facilita a interao com a audincia e aumenta seu poder de influn-cia. O que a televiso deseja? Primeiro, como qualquer outro meio de comunicao, ela precisa de um patrocinador e esse quer audincia. Ele s patrocina porque deseja vender seu produto. Assim, ele patrocina progra-mas, que podem vender esses produtos. Desta forma, a televiso tem que aumentar a audincia, chamando a ateno para atrair patrocinadores.

    ATIVIDADES

    Para compreender melhor os artifcios que os meios de

    comunicao utilizam para criar tudo isso em nossas vidas,

    sem que tenhamos conscincia, acesse a sala

    virtual da disciplina e assista s propagandas disponveis l.

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    Letras/Ingls Caderno Didtico - 4 Perodo

    Por que a televiso precisa sempre aumentar sua audincia? Porque ela precisa vender o produto dos seus anunciantes. Ento, ela precisa influenciar as pessoas para que essas comprem e consumam esse produto. Assim, o patrocinador continua patrocinando e a televiso ganhando.

    Para convencer as pessoas a adquirir e consumir os produtos dos patrocinadores, a televiso utiliza a tcnica de superpor os diferentes tipos de linguagens, de diferentes maneiras. Assim, ela transmite sua mensagem de diferentes formas e em diferentes linguagens.

    Por que Silvio Santos considerado um grande comunicador? Porque ele d a mesma informao de vrias maneiras. E isso que a televiso faz: utiliza vrias linguagens para poder nos convencer.

    Todos so tocados pela comunicao televisiva. Essa comunicao sensorial, mexe com nossos sentidos. Quantas vezes ao assistirmos a uma propaganda, por exemplo, a um comercial de uma churrascaria quase sentimos um gostinho, o cheiro de carne assada e uma consequente vontade de comer churrasco?

    Assim, a linguagem televisiva mexe com os nossos sentidos, mexe com as nossas emoes. Quantas vezes, ao assistirmos a uma novela ou a um filme, no nos colocamos no lugar dos personagens? A linguagem televisiva nos ajuda a nos colocarmos do outro lado, no lugar do personagem. Ela mexe com a nossa razo. A imagem, o sentido e a emoo confundem a nossa razo e muitas vezes no sabemos mais quem somos, onde estamos, de onde viemos e para onde vamos. A nossa cabea vira um emaranhado de coisas, uma confuso, porque a linguagem televisiva mexe ao mesmo tempo com os nossos sentidos, as nossas emoes e acaba influenciando a nossa razo.

    A linguagem da televiso poderosa e dinmica, como vimos na propaganda da Coca-Cola e da Skol. Ela consegue fazer um jogo de ima-gens, de sons, de ritmo, de movimento que nos envolvem. Assim, ela res-ponde s sensibilidades das crianas, dos jovens e dos adultos. Todo este movimento acaba, de certa forma, interferindo nas nossas atividades per-ceptivas, imaginativas e comportamentais. Muitas vezes, pensamos assim: se fulano pode, eu tambm posso. Acabamos perdendo a dimenso da realida-de e comprando aquele carro que fulano comprou, mas parcelado em at 80 vezes, ou seja, em mais de seis anos.

    Na verdade, todos ns, jovens, crianas, adultos e idosos tambm somos educados pela mdia. No s por ela, mas tambm pela escola, pela famlia e pela igreja. Todas estas instituies influenciam nossa educao. Mas, a mdia e os meios de comunicao, principalmente a televiso, influenciam muito mais, pois tm esse poder de atuar sobre os nossos sentidos, de interferir e de influenciar as nossas emoes e a nossa razo. Por isso, a escola pode e deve compreender e incorporar mais e melhor essas novas linguagens, desvendando seus cdigos, suas possibilidades expressi-vas e possveis manipulaes.

    ATIVIDADES

    Um dos maiores cones da televiso brasileira Slvio Santos. Assista a um programa dele e verifique como ele transmite a mensagem s pessoas.

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    Tecnologia Aplicada Educao UAB/Unimontes

    Na Unidade II, discutimos as multialfabetizaes, defendidas por Kellner (s/d). Segundo ele, necessrio aprendermos a ler diferentes textos, ler o que est escrito na linguagem do livro, mas tambm ler a notcia do telejornal, a novela, a propaganda, o site da Internet, o outdoor, o jornal impresso ou o panfleto. Nesta perspectiva, precisamos, como futuros educadores, ensinar nossos alunos a ler criticamente os diferentes portado-res de textos para compreenderem e interpretarem a mensagem por trs da linguagem, que tem como objetivo a manipulao.

    A TV sempre fala, evocando os nossos sentimentos e emoes que, muitas vezes, nem conhecemos. Observem como as novelas, cada vez mais, esto relacionadas com fatos e situaes da nossa vida cotidiana.

    Se observarmos com cuidado, veremos que os problemas da novela so os mesmos que perpassam as nossas vidas: a nossa relao com nossos irmos, a relao com nossos esposos, com a nossa me, com nossos filhos, a amizade com os nossos amigos.

    Ento, para quem a televiso fala? Fala para os nossos sentimentos.

    Por que as novelas da Globo costumam dar audincia?

    Vamos comear pela novela Malhao, destinada aos adolescen-tes. A trama l est relacionada a questes do dia a dia de uma escola, de uma academia, dos alunos da educao bsica. aquela personagem que apaixona pelo namorado da outra. A outra que quer tomar o namorado da melhora amiga. O outro que tem inveja do amigo, etc.

    A novela da seis uma novela destinada a quem? Aos adolescentes e aos jovens. A novela das seis e das sete so voltadas para os jovens, para jovens senhoras, mes de famlia, que trabalham durante o dia e esto em casa nesse horrio, preparando o jantar ou vendo televiso com os filhos. Por isso, so mais engraadas ou romnticas.

    E a novela das nove? O pblico j mais maduro. A trama envolve histrias mais profundas.

    O que est por trs disso tudo? Primeira coisa: as ideias vm embu-tidas numa roupagem sensorial, intuitiva e afetiva. O filme O Show do Truman, o Show da Vida mostrou muito bem isto: a mudana de cenrio, a trilha sonora. Tudo que assi