técnica de imaginação ativa (artigos)
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Técnica de Imaginação ativa (IA)
- Feche-se num cômodo, explique aos familiares que irá fazer um
trabalho interior, o que requer plena concentração no que irá fazer. A
técnicas imaginativas requerem total alheamento do ambiente externo, o
que já não é imperativo nas outras; por isto, escrever, como sugerido
abaixo, ajuda-nos a nos absorver no que estamos fazendo;
- Coloque o Diário sobre a mesa com um lápis/caneta;
- Se possível, deixe uma luz de uns 25 W acesa perto do seu Diário
para que tenha uma iluminação localizada, o que ajudará a restringir
sua atenção sobre o meio ambiente. Se preferir ou não dispuser do
aparato necessário, use uma vela, que, aliás, garantirá um ambiente
mais propício, já que é um material muito usado quando se requer
interações dramáticas com o inconsciente.
- Primeiramente relaxe-se, dê três respirações profundas e deixe o
corpo apoiar-se ainda mais com o próprio peso na cadeira. Deixe as
inquietações de lado. Firme seu propósito no que irá fazer neste instante;
- Leia o sonho no Diário ou no Caderno de Registro de Sonhos,
procurando visualizar pormenorizadamente todas as nuanças da vivência
onírica;
- Feche os seus olhos e recorde o sonho com a maior variedade de
detalhes possível, parando no momento em que a situação ficou mal
resolvida ou que você queira esclarecer;
- Comece o diálogo, se a situação incluir uma pessoa; a interação, se
a figura for um animal ou alguma coisa em movimento; ou a observação,
se a condição incluir um objeto parado que chame sua atenção. Neste
último caso, contemple o assunto até que ele espontaneamente
transforme-se e dê lugar a uma situação em que você possa atuar. Se
você se lembra apenas do meio do sonho e quer desvendar o modo como as
coisas chegaram onde estão, volte no tempo;
- Uma experiência bem sucedida é aquela em que nos dispomos a "deixar
que as figuras interiores tenham vida própria" ;
- Expresse seus sentimentos, seja verdadeiro, autêntico para com os
personagens íntimos. Não tenha medo de expressar os mais profundos
pensamentos, receios, angústias e até mágoa, decepção e ódio com
relação às personalidades autônomas. Você verá que quando começar a
fazer isso o drama fluirá com uma facilidade tremenda e até com um
desfecho totalmente inesperado. Quanto mais autêntico for
interiormente, maior o sucesso que tirará da IA;
- Não se preocupe com o significado das imagens que esteja
vivenciando. Não procure interpretar ou pensar sobre as figuras que
confrontar. Espontaneamente, assim que estiver preparado, elas mesmas
lhe revelarão o que precisar saber. Não fique afobado. Deixe a
imaginação te levar e ao mesmo tempo aja de acordo com sua auto-imagem
visualizada, como faria se ocorresse no mundo exterior.
Tenha uma relação imaginativa equilibrada: não procure dominar as
situações, nem permita ser dominado;
- Ajuda muito se você adotar um ritual disparador da IA. Você pode
imaginar um mesmo portal toda vez que for iniciar o trabalho, ou
visualizar-se com uma veste especial, ou partir de um laboratório
previamente concebido para este intento, etc. Um ritual assim o
predisporá psiquicamente a conseguir o máximo de vivência na sua
imaginação;
- Registre por escrito tudo o que vier de sua mente, sem críticas, sem
preferências, sem elaboração alguma, sem preocupação qualquer a não
ser pôr no papel tudo o que se passa na sua tela mental. Escrever
ajudará a concentrar-se sem que se perca em fantasias sem direção
alguma. Robert A. Johnson prefere escrever à máquina enquanto faz a
IA. Existem maneiras mais artísticas de se registrar o evento
interior: dança, música, pintura, desenho, voz falada (usando um
gravador), encenação (pode-se usar uma filmadora), modelagem, etc. Mas
a forma mais acessível, simples e eficaz para a maioria das pessoas é
a escrita.
AVISO A PESSOAS DOMINADAS PELO AFETO OU QUE SE NORTEIAM PELAS EMOÇÕES
É importante que esses indivíduos procurem ao máximo tirar
proveito da atividade imaginativa procurando compreender todo o drama
que se descortina em sua mente, questionando as figuras sobre o motivo
de assim procederem, o por que de sua aparência, perguntando o que
você deve fazer ou até expor os suas próprias razões, se assim achar
necessário. Procure sempre permanecer ao nível do diálogo e agir o
menos que puder, isto porque as pessoas que seguem seus ímpetos ou as
que não o fazem mas passam por uma fase assim, sofrendo de depressão,
insônia, preocupação crônica, fobias, etc., necessitam de integrar,
digerir tudo isso pela cognição, pelo intelecto.
Metaforicamente, acrescente água fria se a caçarola estiver fervendo.
Rossi diz que
"O indivíduo dominado pelo afeto, tomado de medo ou fóbico, de outro
lado, poderá aparentar perda de controle sobre seus esforços
imaginativos para continuar o sonho ou fantasia; a imagenia torna-se
vívida demais e as emoções despertadas tendem a fugir ao controle."
Logo depois Rossi recomenda o que foi indicado acima.
Também Whitmont & Perera nos avisam que para alguns indivíduos
"já inundados por material inconsciente por causa do seu nível de
regressão ou do nível inadequado de seu desenvolvimento precoce, essas
técnicas podem agravar seu senso de fragmentação e alienação." Isto
porque essas técnicas desenvolvem muito a autonomia do inconsciente, o
seu funcionamento independente da vontade. A pessoa perde ainda mais o
controle sobre a própria consciência, o próprio comportamento.
Rossi nos conta em seu livro "Os sonhos e o desenvolvimento da
personalidade", Summus Editorial, como o inconsciente pôde influenciar
uma paciente sua, importunando-a com visões de monstros que
apareciam-lhe em sinais de trânsito quando dirigia, em fantasias quase
caóticas enquanto cochilava no trabalho, etc. Observou inclusive que,
com certeza, ela não daria conta de todo esse material se não
estivesse em terapia. Muitas vezes se considerava louca, fora do
normal, até que, esforçando-se por conseguir um relacionamento com os
diversos personagens interiores, ela integrou o novo, tornando-se uma
mulher criativa, dinâmica, mais confiante e mais ela mesma. Na página
154, Davina expressa sua profunda transformação assim: "A verdade é
que uma parte maior do meu ser está guiando a pessoa toda que sou eu;
algo além da minha própria personalidade, e contudo, parte dela, e eu
devo segui-la". Isto expressa o modo como podemos chegar a um acordo
com a autonomia dos nossos afetos, de nossos processos interiores, sem
que dominemos ou sejamos dominados.
AVISO ÀS PESSOAS QUE SEMPRE SE ORIENTAM INTELECTUALMENTE OU PARA
AQUELAS QUE ESTÃO PASSANDO POR ESTA FASE
As pessoas que se orientam intelectualmente ou passam por uma
fase condizente, geralmente são observadoras, não se envolvem nas
situações, sempre pensam antes de fazer qualquer coisa, procuram ser
frias e controladas e ter o domínio da situação. São, geralmente, mais
tímidas e distantes que as outras. Necessitam, ao contrário dos
indivíduos dominados pelo afeto ou orientados pela emoção, de uma dose
do que estes elementos têm a oferecer. Normalmente admiram aqueles que
se defendem, que se mostram sem vergonha, que brigam pelo que querem e
que assumem seus valores.
Ao atuarem na imaginação devem dialogar o menos possível e agir
mais. Não necessitam de compreender a situação intelectualmente, mas
apenas agir de acordo com o que é exigido pelas situações. Lembre-se
de sempre atuar com uma resposta autêntica às diversas ações dos
diferentes personagens, objetos inanimados ou cenários.
Segundo Ernest Lawrence Rossi
"O indivíduo intelectualmente orientado geralmente bloqueará seu
sonho, sendo incapaz de prossegui-lo, ou então passará ao uso
excessivo da cognição na forma de palavras, pensamentos e associações
livres. Para tais indivíduos o irromper... (do seu mundo interior)
superestruturado intelec-tualmente requer contato com o novo na forma
de imagenia [uso das imagens - N. do Editor do site] e sentimento" .
A estes indivíduos costuma ocorrer o "branco" e é difícil para
eles deixar que apareça a primeira imagem que vier na cabeça, o que já
pode constituir um bom exercício de iniciação. Neste caso, deve-se
então descrever detalhadamente a imagem que apareceu, sem nenhum freio
quanto a nenhum conteúdo que irrompeu.
Imaginação Ativa
A Psicologia Analítica, de Carl Gustav Jung, propõe a “imaginação ativa” como uma maneira
dialética particular de lidar com o inconsciente. Esta técnica consiste em quatro fases: libertar-
se do fluxo de pensamento do ego; deixar que uma imagem de fantasia do inconsciente flua
para o campo da percepção interior; conferir uma forma à imagem relatando-a por escrito,
pintando-a, esculpindo-a, escrevendo-a como uma música ou dançando-a; confrontar-se
moralmente com o material produzido/imaginado (FRANZ, 1999).
Durante a “imaginação ativa” não existe uma meta que obrigatoriamente tenha que ser
atingida, nenhum modelo, imagem ou texto a ser usado, nenhuma postura ou controle da
respiração são recomendados, o paciente não se deita e nem o terapeuta participa das
fantasias.
A pessoa simplesmente começa com o que vem de dentro dela, com uma situação de sonho
relativamente inconclusiva ou uma momentânea modificação do estado de espírito. Se surge
um obstáculo, a pessoa que medita é livre para considerá-lo ou não como tal; é ela que resolve
como deve ou não reagir diante dele (FRANZ, 1999, p. 179).
FRANZ, Marie-Louise von. Psicoterapia. São Paulo : Paulus, 1999.
maginação Ativa
Segundo Capitulo sobre imaginação ativa do livro Psicoterapia da Marie-Louise Von Franz.
Divirtam-se.
Gostaria de me concentrar em alguns pontos que formam o caráter específico da imaginação
ativa de Jung em comparação com o grande número de outras técnicas que estão aparecendo
hoje em dia por toda parte. Encontramos hoje grande número de pessoas que praticaram
alguma técnica de imaginação antes de se submeterem à análise junguiana; e, de acordo com
minha experiência, percebi que é muito difícil fazer com que elas consigam realizar a
verdadeira imaginação ativa. Esta última pode ser melhor dividida em quatro partes ou fases.
1- Como sabemos, primeiro devemos esvaziar a nossa consciência do ego, libertando-nos do
fluxo de pensamentos do ego. Isso já é bastante difícil para muitas pessoas que não
conseguem interromper a ‘mente alucinada’, como a chamam os zen budistas. O processo é
mais fácil no caso da pintura e mais fácil ainda no caso da atividade com areia. Entretanto, está
última fase fornece à consciência figuras já existentes. Embora seja verdade que isso pareça
tornar possível passar por cima da “esterilidade”, ou ausência de quaisquer idéias (que é
freqüentemente a primeira coisa que ocorre), ao mesmo tempo tem a tendência de provocar
dificuldades posteriores quando o analisando precisa se envolver com a verdadeira imaginação
ativa. A maioria das técnicas de meditação oriental, como o zen, certos exercícios de ioga, bem
como a meditação taoísta, põem-nos diante dessa primeira fase. Na meditação zen, temos que
eliminar não apenas todos os pensamentos do ego, como também quaisquer fantasias que
possam ascender do inconsciente. Temos que rechaçá-los por meio de um koan ou deixá-lo
passar desapercebidos. O único objetivo da postura física sentada é a interrupção simbólica de
toda atividade.
2- Nesse ponto, temos que deixar que uma imagem de fantasia oriunda do inconsciente flua
para o campo da percepção interior. Ao contrário das técnicas orientais acima mencionadas,
neste caso nós acolhemos a imagem em vez de enxotá-la ou desconsiderá-la, passando a nos
concentrar nela. Depois de atingirmos esse ponto, temos que ficar atentos a dois tipos de erro:
o primeiro é quando nos concentramos demais na imagem que surgiu e literalmente a
“fixamos”, congelando-a, por assim dizer; o segundo é quando não nos concentramos o
suficiente, o que faz com que as imagens internas comecem a se modificar rápido demais e um
“filme interno” acelerado comece a passar. Na minha experiência, pude perceber que são
basicamente as pessoas do tipo intuitivo que costumam cometer esse último erro. Elas
escrevem infindáveis contos de fantasia que não têm um ponto focal, ou não se envolvem em
um relacionamento pessoal com os eventos interiores. Esse é o nível da imaginação passiva, da
imaginatio fantastica que contrasta com a imaginatio vera, como chamariam os alquimistas.
Isso me lembra muito a katathyme Birlderleben (vida de imagem catatímica) de H.Leuner.
Leuner admitiu haver sido inspirado pela imaginação ativa de Jung, tendo porém decidido
simplificá-la – não obtendo, na minha opinião, resultados muito bons. Acho muito difícil ajudar
os analisando que se dedicaram a essa forma de prática da imaginação a mudar para a
verdadeira imaginação ativa. A objectivierung des Unvewussten (objetificação do inconsciente)
de W.L. Furrer também apresenta as mesmas deficiências, bem como a técnica mais antiga de
le rêve éveillé (sonho desperto) de René Desoilee. Essas técnicas também permitem a
presença e a intervenção do analista, o que é um grande erro que discutirei mais adiante.
3- Chegamos agora a terceira fase. Ela consiste em conferir uma forma à imagem de fantasia
interiormente percebida seja relatando-a por escrito, pintando-a, esculpindo-a, escrevendo-a
como uma musica ou dançando-a (em cujo caso os movimentos da dança devem ser
anotados). Na dança, o corpo vem a participar, o que é às vezes fundamental, principalmente
quando certas emoções e a função interior são tão inconscientes que é como se estivessem
enterradas no corpo¹. Com freqüência, também esclarece melhor uma questão muito discutida
hoje em dia – o papel do corpo na análise. Com efeito, a obra alquímica, de acordo com Jung,
nada mais é do que uma imaginação ativa realizada com substâncias químicas, ou seja,
misturando-as, aquecendo-as, e assim por diante. Os alquimistas orientais, especialmente os
taoístas chineses, faziam isso principalmente procurando trabalhar com os materiais no
próprio corpo e mais raramente com suas retortas no laboratório. Os alquimistas ocidentais
trabalhavam com a matéria principalmente fora do corpo, na retorta, afirmando que “nossa
alma imagina grandes coisas fora do corpo”. Paracelso e seu discípulo Gerhard Dorn, contudo,
também trabalharam com o chamado firmamento dentro do corpo, no qual esperavam
produzir influências mágicas externas. Achavam que essas influências mágicas tinham um
relacionamento sincrônico per analogiam com a matéria do corpo. Dessa forma, a imaginação
ativa está essencialmente ligada ao corpo através do significado simbólico dos seus
componentes químicos. Pessoalmente, já vivenciei com freqüência fortes reações física
positivistas e negativas a imaginações ativas corretas ou erroneamente executadas. Certo
analisando até mesmo sofreu grave ataque cardíaco psicogênico, quando agia contra seus
sentimentos em uma imaginação ativa. Afetos e emoções intensos representam às vezes um
obstáculo à prática da imaginação ativa. O próprio Jung, segundo ele relata em suas memórias,
tinha às vezes que recorrer a exercícios de ioga para controlar suas emoções antes que fosse
capaz de extrair delas uma imagem com a qual pudesse se relacionar em uma imaginação
ativa.
Certo tipo de imaginação ativa pode ser realizado como uma conversa com partes
internamente examinadas do nosso corpo, na qual também escutamos o que elas dizem (como
Odisseu fazia às vezes, na Odisséia, com seu coração ou seu “freno”). Essa técnica é às vezes
favorável no caso de um sintoma físico psicogênico. Sempre que a matéria está envolvida, seja
dentro ou fora do corpo, podemos esperar fenômenos sincrônicos, o que demonstra que essa
forma de imaginação ativa é especialmente “carregada de energia”. Em seu aspecto negativo,
ela se aproxima da magia e dos perigos desta última, sobre os quais falarei adiante.
Dois tipos de erro, que Jung descreve em sua dissertação A dinâmica do inconsciente,² tendem
a ocorrer nessa terceira fase. Um deles consiste em atribuir ênfase exagerada à elaboração
estética do conteúdo da fantasia, transformando-a em uma obra de arte, o que faz com que a
pessoa negligencie sua “mensagem” ou significado. Na minha experiência, isso acontece
principalmente no caso da pintura e dos relatos escritos. O excesso de forma mata o conteúdo,
assim como a arte de certos períodos históricos “enterrou os deuses em ouro e mármore”.
(Hoje em dia, freqüentemente sentimos mais prazer em contemplar um amuleto primitivo ou
a arte rústica dos cristãos primitivos do que a arte decadente de Roma.) As funções da
sensação e do sentimento são as primeiras a nos induzir em erro neste caso. Esquecemos que
o que estamos retratando é apenas a aparência de uma realidade interna e que o objetivo é
entrar em contato com a realidade e não com a aparência.
O outro tipo de erro consiste em fazer o oposto. A pessoa faz rapidamente um esboço do
conteúdo e imediatamente entra na questão do significado. Os tipos intuitivos e pensamento
são os que especialmente cometem esse erro. Isso demonstra uma falta de amor e dedicação.
Podemos facilmente perceber isso quando um paciente nos traz um esboço descuidado ou um
relato escrito com negligência, dizendo que já sabe “o significado”. Essa terceira fase, na qual
fornecemos ao inconsciente uma maneira de se expressar, freqüentemente proporciona
grande alívio, mas ainda não é a verdadeira imaginação ativa.
4 – Chegamos agora à quarta fase, a fase decisiva, aquela que está ausente em quase todas as
técnicas de imaginação – a confrontação moral com o material já produzido. Nesse ponto, Jung
nos adverte com relação a um erro freqüentemente cometido que compromete todo o
processo. Trata-se do erro de entrarmos nos eventos internos com um ego fictício em vez de
com o verdadeiro ego.
Gostaria de ilustrar o que acabo de dizer com um exemplo. Certo analisando sonhou que
encontrou um casco de cavalo no deserto. O casco era de certo modo muito perigoso e
começou a persegui-lo. Era uma espécie de demônio relacionado com o deus Wotan. O
homem tentou continuar a fantasiar esse sonho em uma imaginação ativa. Ele estava agora
correndo montado no cavalo, mas o demônio estava ficando cada vez maior e conseguindo
chegar cada vez mais perto. O analisando deu a volta e de algum modo conseguiu esmagar o
demônio com os pés. Quando ele me contou isso, fiquei impressionada com a estranha
discrepância entre a aparência dele e o resultado da história. Ele parecia assustado e
atormentado. Assim sendo, disse-lhe que de certa maneira eu não acreditava no final feliz da
história, mas não sabia por quê. Uma semana depois ele me confessou que quando o demônio
pata de cavalo o alcançou ele (o analisando) se partiu em dois. Somente uma parte do seu ego
venceu o demônio; a outra se afastou da ação e ficou observando do lado de fora. Por
conseguinte, ele só alcançou a vitória com um ego-herói fictício; seu verdadeiro ego evadiu-se,
secretamente dizendo de si para si: “Afinal de contas, é apenas fantasia”.
Quando e estado observável de um analisando deixa, como nesse caso, de se harmonizar com
o que aconteceu em uma imaginação ativa, podemos admitir que ocorreu esse erro de ego
fictício. É difícil manter isso afastado. Outro analisando, em uma imaginação ativa, teve um
longe e romântico caso amoroso com uma figura da anima. Ele nunca disse a ela que se casara
recentemente. Quando eu lhe fiz perguntas a respeito disso, respondeu que nunca faria isso
na vida real (ocultar que era casado). Assim, seu ego na imaginação ativa não era o mesmo que
seu ego no dia-a-dia! Estava claro que a coisa toda não era completamente real para ele; era
mais como se estivesse escrevendo um romance do que fazendo uma imaginação ativa. Esse
ponto é tremendamente importante, porque toda eficácia da imaginação ativa depende dele.
As pessoas com um caráter muito fragmentado ou com psicoses latentes não conseguem de
modo nenhum fazer a imaginação ativa ou só conseguem com o ego fictício.
Por esse motivo, Jung nos aconselhou a não utilizarmos a técnica da imaginação ativa com
pacientes do grupo de casos limítrofes. Na realidade, o analisando do meu segundo exemplo
não era uma pessoa doente e, sim, um intelectual. O intelecto é um grande trapaceiro; ele nos
ilude e nos leva a desconsiderar o aspecto moral dos eventos, e nos deixa dominar pela dúvida
de que, afinal de contas, a coisa toda não passa de uma fantasia e uma veleidade. A
imaginação ativa requer certo grau de ingenuidade.
Jung comentou certa vez que a psiquiatria de hoje descobriu as três primeiras etapas do
processo, mas não consegue compreender a quarta. A maioria das técnicas de imaginação
atuais não chegam a atingir esse ponto. Existe ainda outro aspecto que ainda não foi
compreendido. A maioria das técnicas criativas ou imagéticas atuais permite certa participação
do analista ou até mesmo exige que ele intervenha. Ou ele propõe o tema (como na técnica de
Happich ou no treinamento autógeno avançado de J. H. Schultz) ou intervém, fazendo
sugestões, quando o analisando “empaca”. Jung, por outro lado, costumava deixar seus
pacientes “empacados” onde quer que estivessem até que encontrassem por si mesmos uma
saída. Ele nos contou que teve certa vez uma paciente que estava sempre caindo em certas
“armadilhas” na vida real. Recomendou a ela que fizesse uma imaginação ativa.
Imediatamente ela se viu, na imaginação, atravessando um campo e encontrando um muro.
Ela sabia que tinha que passar para o outro lado, mas como? Jung apenas disse: “O que você
faria na vida real?” Ela simplesmente não conseguiu pensar em nada. Finalmente, depois de
muito tempo, pensou em caminhar ao longo do muro para ver se ele terminava em algum
ponto. Não terminava. Então, ela procurou uma porta ou uma abertura. Novamente, não
chegou a lugar nenhum, e Jung não ofereceu nenhuma ajuda. Finalmente, ela pensou em ir
buscar um martelo e uma talhadeira para abrir um buraco no muro. Essa foi a solução.
O fato de a mulher levar tanto tempo para achar uma solução foi reflexo do seu
comportamento inepto na realidade exterior. Por esse motivo é absolutamente fundamental
não oferecermos ajuda; se o fizermos, o paciente não aprende nada e continua tão infantil e
passivo quanto antes. Por outro lado, quando dolorosamente aprender suas lições na
imaginação ativa, ele também aprenderá alguma coisa com relação à sua vida exterior. Jung
não ajudava os pacientes, ainda que permanecessem “empacados” por semanas, insistindo em
que continuassem a tentar sozinhos achar uma solução.
Com o uso controlado de drogas, a quarta fase está novamente ausente. A pessoa que
supervisiona carrega toda a responsabilidade em vez de isso caber à pessoa que esta fazendo a
imaginação. Deparei com um livro interessante de autoria de dois irmãos, Terence e Dennis
McKenna, chamado The invisible landscape.³ Esses dois corajosos jovens foram ao México e
fizeram experiências em si mesmo com uma planta alucinógena recém-descoberta no local. De
acordo com o relato deles, sofreram estados mentais esquizofrênicos que provocaram uma
“expansão dos seus horizontes espirituais”. Infelizmente, não fornecem uma descrição precisa
das experiências, apenas dicas a respeito de terem visitado outros planetas e recebido a ajuda
de um ser invisível que freqüentemente aparecia como um inseto gigantesco. A segunda parte
do livro apresenta os insights que se originaram do seus “horizontes espirituais mais amplos”,
e é aí que surge o desapontamento. Eles não são de modo nenhum diferentes de outras
especulações atuais altamente intuitivas a respeita da mente, da matéria, do sincronismo, e
assim por diante. Não apresentam nada novo ou criativo, apenas coisas que os autores bem
informados facilmente poderiam ter criado conscientemente. O ponto mais importante surge
no final, quando o livro termina com a idéia de que toda a vida na Terra será destruída e, por
essa razão, teremos que fugir para outro planeta ou escapar internamente, em direção à
esfera da mente cósmica.
Gostaria de comparar o exposto com um sonho. Trata-se do sonho de um estudante, que não
corre o risco de se tornar psicótico e que está atualmente fazendo análise junguiana. Sou grata
a ele por permitir que eu narre seu sonho. Depois que fiz esta palestra, Edward Edinger
apresentou o mesmo sonho e ofereceu excelente interpretação dele.4 O sonho (em forma
levemente reduzida) é o seguinte:
“Estou caminhando ao longo do que são chamadas as Palisades, das quais podemos
contemplar Nova Iorque. Estou andando ao lado de uma figura de anima desconhecida para
mim; ambos somos conduzidos por um homem que é nosso guia. Não restou pedra sobre
pedra em Nova Iorque – o mundo foi destruído. Incêndios se alastram por toda parte; milhares
de pessoas correm sem ruma em todas as direções. O rio Hudson inundou grandes partes da
cidade. Anoitece. Bolas de fogo no céu assobiam em direção a Terra. É o fim do mundo.
O que causou isso foi uma raça de gigantes que veio do espaço. Vi dois deles sentados no meio
das pedras, indiferentemente pegando um punhado de pessoas atrás do outro e engolindo-os
como se fossem uvas. Era uma visão horrível... Nosso guia nos explicou que esses gigantes
haviam vindo de diferentes planetas onde eles viviam em paz uns com os outros. Haviam
aterrizado em discos voadores (eram as bolas de fogo). A terra que conhecíamos fora na
verdade planejada pelos gigantes. Eles haviam “cultivado” nossa civilização da maneira como
cultivamos legumes e verduras em estufa. Agora tinham vindo para a colheita. Havia uma
razão especial para isso, que eu só vim a saber mais tarde.
Eu fora salvo porque minha pressão sanguínea era levemente alta. Se fosse normal ou alta
demais, eu teria sido devorado. Assim, fui escolhido para passar por essa provação através do
fogo e, se eu conseguisse superá-la com êxito, teria permissão para salvar também outras
almas. Vi então, diante de mim, um gigantesco trono dourado, brilhante como o sol. Nele
estavam sentado o rei e a rainha dos gigantes. Eles eram os responsáveis pela destruição do
nosso planeta.
Minha provação, além do tormento de ter de vivenciar tudo isso, consistia em ter que galgar
os degraus do trono até o ponto em que conseguisse olhar diretamente no rosto deles. Isso se
deu em estágios. Comecei a ascensão. O caminho era longo, mas sabia que tinha percorrê-lo,
que o destino do mundo e da humanidade dependia de mim. Aí acordei, ensopado de suor.
Compreendi depois, quando acordei, que a destruição da terra era a festa de casamento do rei
e da rainha.”
Esse sonho lembra a invasão da Terra por gigantes descrita no livro bíblico de Enoc, que foi
interpretada por Jung como uma “invasão prematura (da consciência) realizada pelo
inconsciente coletivo”. Isso provocou uma inflação generalizada. Os anjos que (segundo Enoc)
haviam gerado gigantes com mulheres humanas forneceram à humanidade muitas novas
formas de conhecimento, e isso ocasionou uma inflação. Está claro que o sonho acima reflete
nossa semelhante situação atual, e o livro dos irmãos McKennas mostra claramente, entre
outras coisas, aonde leva uma exploração prematura das visões do inconsciente coletivo – ou
seja, a um estado mental extremamente precário. Ao mesmo tempo, contudo, esse sonho
adequadamente mostra a diferença entre a alucinação causada pelas drogas e uma
abordagem feita pelo inconsciente que não foi procurada. No sonho, a pessoa recebe uma
tarefa: chegar até o rei e a rainha. Por outro lado, de acordo com as conclusões dos McKennas,
tudo que o indivíduo precisa fazer é tentar se afastar. Parece então que um aspecto
construtivo do inconsciente só é constelado quando está frente a frente com um ego
individual como parceiro. Essa é a situação que buscamos atingir na imaginação ativa, e é por
isso que o uso de drogas – ainda que sob uma supervisão responsável – ou a prática de
técnicas de imaginação nas quais o analista assume o comando não são adequados, porque
então o ego não é capaz de se confrontar com o inconsciente.
Tanto as cenas apocalípticas do livro dos McKennas quanto as do sonho acima descrito estão
relacionadas com o medo que temos de uma guerra nuclear. Mas em vez de fugir para o
espaço, o sonho entrega à pessoa a tarefa de observar face a face o casamento do rei com a
rainha. Essa tarefa representa a união dos opostos – do pai com a mãe, da mente com a
matéria, e assim por diante. Lembro-me de que Jung nos disse certa vez, quando lhe
perguntamos se uma terceira guerra mundial era inevitável, que só seria possível evitar essa
guerra se um número suficiente de pessoas conseguisse manter unidos os opostos dentro de
si. Neste caso, também, todo o fardo coletivo repousa sobre os ombros de uma só pessoa, a
que sonhou. O inconsciente só consegue nos mostrar uma saída para a crise se nós, enquanto
indivíduo, permanecermos conscientes dos opostos.
Um importante tema no sonho é o guia, o qual instrui o sonhador. Essa figura só aparece
quando o analista não assume seu lugar. Hermes, a alma orientadora dos alquimistas,
chamava a si mesmo de “o amigo solitário” (cuiusque segregati – cada um que está separado
do rebanho). O resultado mais importante da imaginação ativa, segundo Jung, é fazer com que
o analisando se torne independente do analista. Por esse motivo, não devemos interferir nela
(a não ser para operar correções no método). Quando um analisando lê para mim uma
imaginação ativa, com freqüência penso em silêncio: “Eu nunca teria feito ou dito isso!” Isso
demonstra como é individual a maneira pela qual as reações do ego surgem em relação ao
inconsciente na imaginação ativa – e é isso que determina qual o curso que os eventos
tomarão.
Uma nova (ou melhor, antiqüíssima) abordagem da imaginação ativa é a descrita nos livros de
Carlos Castaneda. Trata-se do método do bruxo e xamã Don Juan, que ele chama de “sonho”.
Por trás disso estão as antigas tradições dos xamãs dos índios mexicanos. Correm boatos de
que grande parte do conteúdo desses livros foi inventado por Castaneda, embora tenha
utilizado material genuíno dos xamãs. O “sonho” certamente é parte desse material genuíno.
Ele é exoticamente índio e jamais poderia ter sido inventado por um homem branco. O
“sonho” é alcançado com a ajuda de fenômenos externos da natureza. O mestre Don Juan leva
Castaneda para as regiões incultas e solitárias da natureza. Na penumbra da noite, Castaneda
pensa ver a forma escura de um animal moribundo. Terrivelmente assustado, ele quer fugir,
mas depois olha com mais atenção e percebe que se trata apenas de um galho sem vida. Mais
tarde, Don Juan diz: “O que você fez não é nenhum triunfo... Você desperdiçou um belo poder,
um poder que soprou vida naquele galho morto... Aquele ganho era um animal de verdade e
estava vivo no momento em que o poder o tocou. Como o que o mantinha vivo era o poder, o
truque era, como no sonho, sustentar a visão”.5
O que Don Juan chama de poder aí é o mana, mulungu, etc., em outras palavras, o aspecto
energético do inconsciente coletivo. Ao desvalorizar sua fantasia, olhando para ela de maneira
racional, Castaneda afugentou o poder e perdeu a oportunidade de “parar o mundo”. (Essa é a
expressão de Don Juan para interromper o pensamento do ego.) Don Juan também chama
esse sonho de “insanidade controlada”, o que lembra o comentário de Jung de que a
imaginação ativa é uma “psicose voluntária”.
Esse tipo de imaginação ativa com coisas externas da natureza lembra a arte dos alquimistas,
que realizam sua imaginação ativa com metais, plantas e pedras, mas com uma diferença: os
alquimistas sempre tinham um vaso. Esse vaso era seu imaginatio vera et non fantastica ou
sua theoria. Desse modo, eles não se perdiam e mantinham um “controle” dos eventos no
sentido literal, uma espécie de filosofia religiosa. Don Juan também tinha esse controle, mas
ele não consegue transmiti-lo para Castaneda e, portanto, sempre tem que assumir a
liderança.
Como já mencionamos, os rituais que acompanham a imaginação ativa são particularmente
eficazes, mas ao mesmo tempo perigosos. Isso freqüentemente constela um grande número
de eventos sincrônicos, os quais facilmente podem ser interpretados como magia. As pessoas
que correm o perigo de se tornarem psicóticas freqüentemente também interpretam
erroneamente esses eventos de uma maneira perigosa. Lembro-me do caso de um homem
que no início de um lapso esquizofrênico atacou fisicamente a mulher. Ela chamou o policial
do povoado e um psiquiatra. Enquanto os dois homens, junto com a mulher e o marido
perturbado, estavam de pé no saguão de entrada da casa, a única lâmpada que iluminava a
cena explodiu em mil pedaços, e eles ficaram no escuro cobertos de pedaços de vidro partido.
O homem perturbado imediatamente chegou à conclusão de que como o sol e a lua haviam
ocultado sua luz na crucificação de Cristo, o que acontecera fora um sinal de que ele, o
salvador do mundo, estava sendo injustamente detido. No entando, o que aconteceu foi
exatamente o oposto: o evento sincrônico estava levando uma mensagem sadia – estava
advertindo-o para que não tivesse um blecaute mental (uma lâmpada significa a consciência
do ego, ao contrário do sol, que é a Divindade). Neste caso, estamos no movendo em terreno
perigoso. Embora esse evento não tenha relação com uma imaginação ativa, eventos
semelhantes freqüentemente ocorrem durante a imaginação ativa. Esse exemplo demonstra
como podemos perder o rumo nessa “psicose voluntária”. Assim, o alquimista Zósimus
corretamente adverte contra os demônios que podem confundir o trabalho alquímico.
Tocamos aqui na distinção entre a imaginação ativa e a magia, particularmente a magia negra.
Como sabemos, Jung adverte contra o tipo de imaginação ativa que envolve pessoas vivas. Ela
pode afetá-las magicamente, e toda magia, inclusive a magia “branca”, tem um efeito
bumerangue em relação à pessoa que a prática. Por conseguinte, a longo prazo, ela é
destrutiva. Lembro-me também de um caso no qual Jung me aconselhou a usá-la. Eu tinha
uma analisando mais velha que estava totalmente possuída pelo seu animus; ela não estava
mais acessível e estava à beira de um lapso psicótico. Jung me aconselhou a falar com o
animus dela em uma imaginação ativa. Isso iria ajudá-la, porém me prejudicaria, mas ele disse
que ainda assim eu deveria tentar, como último recurso. De fato, o efeito foi benéfico, e Jung
me ajudou depois a combater o efeito bumerangue. Não obstante, nunca mais ousei repetir a
experiência.
A fronteira entre a imaginação ativa e a magia é extremamente sutil. No caso da magia, existe
sempre algum desejo em jogo, relacionado com uma intenção boa ou destruitiva. Também
observei que uma forte possessão da parte do animus ou da anima impede as pessoas de
fazerem a imaginação ativa. Isso torna impossível a necessária abertura interior. Só devemos
praticar a imaginação ativa com objetivo exclusivo de obter a verdade a respeito de nós
mesmos. Mas, na prática, freqüentemente um desejo ulterior se insere sub-repticiamente, e a
pessoa cai na imaginatio fantástica. Notei um perigo semelhante no oráculo I Ching. Se a
pessoa não abandona, antes de lançar as moedas, todo e qualquer desejo com relação a um
resultado específico, ela freqüentemente interpreta erroneamente o oráculo. Existe também o
caso oposto de ver ou ouvir “a coisa certa” na imaginação ativa e depois duvidar de que a coisa
seja genuína. Com freqüência, a imaginação ativa nos liberta disso, fazendo de repente algo
tão surpreendente que pensamos: “Eu não poderia de modo nenhum ter inventado isso!”
Finalmente, temos ainda a fase final – aplicar na vida cotidiana o que aprendemos na
imaginação ativa. Lembro-me de um homem que prometeu à sua anima, durante a imaginação
ativa, que dedicaria a ela dez minutos por dia. Ele se atrapalhou e ficou com um mau humor
neurótico que durou até perceber que não havia mantido a promessa. Mas é claro que isso se
aplica a todas as percepções da análise. Essa é a “abertura da retorta” na alquimia, algo que é
naturalmente produzido quando compreendemos a etapa anterior. Quando uma pessoa deixa
de fazer isso, é um indício de que não completou realmente a quarta fase da confrontação
moral.
Notas:
¹ - Cf. R. F. C. Hull, “Bibliographical Notes on Active Imagination”, in Spring, 1971; E. Humbert,
“L´imagination acive d´après C. G. Jung”, in Cahiers de Psychologie Junghienne, Paris, 1977; C.
G. Jung, “The Transcendent Function”, CW8.
² - C. G. Jung, “The Transcendent Function,” CW8.
³ - Terence e Dennis McKenna, The Invisible Landscape, Seabury Press, Nova Iorque, 1975.
4– Ver Edward F. Edinger, “The Myth of Meaning”, Quadrant 10, 1977, pp. 34ss.
5 – Carlos Castaneda, Journey to Ixtlan, Simon and Schuster, Nova Iorque, 1972, pp 132-33.
(Trad. Bras.: Viagem a Ixtlan, Record, Rio de Janeiro.)