tcc maj levy - versão final
DESCRIPTION
Defesa em Setor: uma nova técnica defensiva para a Doutrina Militar Terrestre BrasileiraTRANSCRIPT
(INTENCIONALMENTE EM BRANCO)
Defesa em Setor: uma nova técnica defensiva
para a Doutrina Militar Terrestre Brasileira
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO
Maj Cav CARLOS ANDRÉ MACIEL LEVY
Rio de Janeiro
2014
Maj Cav CARLOS ANDRÉ MACIEL LEVY
Defesa em Setor: uma nova técnica defensiva
para a Doutrina Militar Terrestre Brasileira
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ciências Militares.
Orientador: Ten Cel Cav ROVIAN ALEXANDRE JANJAR
Rio de Janeiro 2014
L 668d Levy, Carlos André Maciel.
Defesa em Setor: uma nova técnica defensiva para a Doutrina Militar Terrestre Brasileira./ Carlos André Maciel Levy. 2014
60 f. : il ; 30cm.
Trabalho de Conclusão de Curso – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2014.
Bibliografia: f.58-60
1. Defesa em Setor. 2. Brigadas Blindadas. 3. Brigadas Mecanizadas. I. Autor. II. Título.
CDD 355.4
Maj Cav CARLOS ANDRÉ MACIEL LEVY
Defesa em Setor: uma nova técnica defensiva
para a Doutrina Militar Terrestre Brasileira
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Ciências Militares.
Aprovado em: _______________
COMISSÃO AVALIADORA
___________________________________________________ ROVIAN ALEXANDRE JANJAR – Ten Cel Cav – Presidente
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
_____________________________________________________ JORGE FRANCISCO DE SOUZA JÚNIOR – Maj Cav – Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
____________________________________________ ANDRÉ BOU-KHATER PIRES – Maj Cav – Membro
Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
À minha esposa Andréa e minhas
filhas Taíse, Júlia e Manuela. Uma sincera
homenagem pelo carinho e compreensão
demonstrados durante a realização deste
trabalho.
AGRADECIMENTOS
Os mais sinceros agradecimentos ao meu orientador, Ten Cel Cav Rovian Alexandre
Janjar, pelo apoio prestado em todas as etapas deste trabalho, cujas observações
sempre contribuíram para o aprimoramento do mesmo.
Aos meus camaradas oficiais-alunos do Curso de Comando e Estado-Maior da
ECEME 2013/2014 pela colaboração, troca de experiências, intercâmbio de material
e desenvolvimento de ideias.
“So the defensive form of war is not a simple shield, but a shield made up of well-directed blows.” [Assim, a forma de guerra defensiva não é um simples escudo, mas sim um escudo composto por golpes bem dirigidos.] (Carl von Clausewitz, On War, 1832)
RESUMO Este trabalho teve por objetivo analisar a técnica de Defesa em Setor, utilizada pelo
Exército dos Estados Unidos da América (EUA), verificando se ela pode ser inserida
na Doutrina Militar Terrestre Brasileira (DMTB). Contou com um amplo estudo
bibliográfico e documental, a fim de elucidar algumas questões de estudo, como:
quais as características da técnica de Defesa em Setor; quais os ensinamentos e
soluções advindas desta nova técnica; se ela pode ser enquadrada pelos
fundamentos das Operações Defensivas; e se ela pode ser adotada pelo Exército
Brasileiro (EB). Para isso, o estudo comparou a doutrina defensiva brasileira com a
norte-americana. Verificou-se, também, a organização das Brigadas Blindadas e
Mecanizadas dos dois países, a fim de uma breve comparação de meios, para,
enfim, chegar-se a conclusão de que a técnica é pertinente e traz novos
conhecimentos para a DMTB.
Palavras-chave: Defesa em Setor, Brigada Blindada, Brigada Mecanizada.
ABSTRACT
This study aimed to analyze the technique of Defense in Sector, used by the Army of
the United States of America (USA), making sure it can be inserted in the Brazilian
Terrestrial Military Doctrine (DMTB). The work included a literature and documentary
review, to elucidate some study questions such as: what are the technical
characteristics of the Defense in Sector; what are the teachings and solutions coming
from this new technique; if it can be framed by the fundamentals of Defensive
Operations; and whether it can be adopted by the Brazilian Army (EB). For this, the
study compared the Brazilian defensive doctrine with the American. This study
describe, also, the organization of armored and mechanized brigades of the two
countries to a brief comparison of military means, to finally arrive at the conclusion
that the technique is relevant and brings new knowledge to DMTB.
Key Words: Defense in Sector, Armored Brigade, Mechanized Brigade.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas
AC - Anticarro
ADA - Área de Defesa Avançada
ADP - Army Doctrine Publication
AE - Área de Engajamento
AOC - Área Operacional do Continente
A Op - Área de Operações
Av Ex - Aviação do Exército
BCT - Brigade Combat Team
Bda - Brigada
BIB - Batalhão de Infantaria Blindado
Bld - Blindado
Btl - Batalhão
C² - Comando e controle
CAF - Coordenador do Apoio de Fogo
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CC - Carro de combate
DAAe - Defesa Antiaérea
Def A - Defesa de Área
Def Mv - Defesa Móvel
Def Pos - Defesa em Posição
Def St - Defesa em Setor
DMTB - Doutrina Militar Terrestre Brasileira
Dout - Doutrina
EB - Exército Brasileiro
ECEME - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
EM - Estado-Maior
EME - Estado-Maior do Exército
Eng - Engenharia
EsAO - Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
EUA - Estados Unidos da América
Ex - Exército
FA - Forças Armadas
FDI - Forças de Defesa de Israel
FEB - Força Expedicionária Brasileira
FM - Field Manual (Manual de Campanha)
FT - Força-Tarefa
FTC - Força Terrestre Componente
F Ter - Força Terrestre
GM - Guerra Mundial
GU - Grande Unidade
LAADA - Limite Anterior da Área de Defesa Avançada
L Ct - Linha de Controle
MD - Ministério da Defesa
Mdd Coor Ct - Medida de Coordenação e Controle
Mec - Mecanizado
Mvt Rtg - Movimento Retrógrado
OM - Organização Militar
Op Def - Operação Defensiva
Op Ofs - Operação Ofensiva
OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte
P Atq F - Posição de Ataque pelo Fogo
P Blq - Posição de Bloqueio
PRA - Ponto de Referência de Alvo
QO - Quadro de Organização
QOEs - Quadro de Organização Escolar
RCC - Regimento de Carros de Combate
SU - Subunidade
TO - Teatro de Operações
U - Unidade
VBC - Viatura Blindada de Combate
VBTP-MR - Viatura Blindada de Transporte de Pessoal Média de Rodas
Vtr - Viatura
Z Aç - Zona de Ação
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Defesa por Setores do Exército Argentino .............................. 14
FIGURA 2 - Exemplo de uma Defesa em Profundidade ........................... 28
FIGURA 3 - Estrutura da Brigada de Infantaria Blindada do EB................... 30
FIGURA 4 - Estrutura da Brigada de Cavalaria Blindada do EB................... 31
FIGURA 5 - Estrutura da Brigada de Cavalaria Mecanizada do EB.............. 32
FIGURA 6 - VBTP-MR Guarani ................................................................. 33
FIGURA 7 - Estrutura da Brigada de Infantaria Mecanizada do EB.............. 34
FIGURA 8 - Tipos de Brigada do Exército dos EUA .................................. 35
FIGURA 9 - Brigadas Blindada, de Infantaria e Stryker dos EUA ............... 36
FIGURA 10 - Brigada Stryker dos EUA ……………..................................... 37
FIGURA 11 - Unidade Mecanizada dos EUA.................................................. 37
FIGURA 12 - Unidade Blindada dos EUA …………...................................... 37
FIGURA 13 - Quadro com armamento de dotação de SU Inf Mec dos EUA.. 38
FIGURA 14 - Brigada usando a técnica de Defesa em Setor ..................... 40
FIGURA 15 - Ataque Sírio nas Colinas de Golan ....................................... 42
FIGURA 16 - Esquema de manobra de brigada na Defesa em Setor ........... 47
FIGURA 17 - Área de Engajamento de uma FT valor U ............................. 49
FIGURA 18 - Medidas de coordenação e controle na Defesa em Setor ..... 50
FIGURA 19 - Medidas de coordenação e controle para uma AE ................... 52
FIGURA 20 - Sistema de obstáculos para uma Área de Engajamento .......... 54
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 12
1.1 O TEMA................................................................................................ 15
1.2 O PROBLEMA...................................................................................... 15
1.2.1 Antecedentes do problema.............................................................. 15
1.2.2 O problema………............................................................................. 16
1.2.3 Alcances e Limites............................................................................ 16
1.2.4 Justificativas....................................................................................... 16
1.3 OBJETIVOS......................................................................................... 17
1.3.1 Objetivo Geral……............................................................................ 17
1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................ 17
1.3.3 Questões de Estudo........................................................................... 17
1.4 METODOLOGIA……………………………………………………..……. 18
1.4.1 Tipos de Pesquisa…………............................................................... 18
1.4.2 Coleta de Dados…............................................................................ 19
1.4.3 Tratamento dos Dados...................................................................... 19
1.4.4 Limitações do Método....................................................................... 20
2 OPERAÇÕES DEFENSIVAS.............................................................. 21
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS............................................................... 21
2.2 A DOUTRINA BRASILEIRA................................................................. 22
2.2.1 Formas de Manobra………............................................................... 23
2.2.2 Táticas e Técnicas Especiais na Defensiva.................................... 24
2.3 A DOUTRINA NORTE-AMERICANA................................................... 24
2.3.1 Fundamentos das Op Def................................................................ 25
2.3.2 Finalidade das Op Def...................................................................... 26
2.3.3 Tipos de Op Def................................................................................ 27
2.3.4 Técnicas Defensivas......................................................................... 27
2.4 CONCLUSÃO PARCIAL...................................................................... 29
3 BRIGADAS BLINDADAS E MECANIZADAS..................................... 30
3.1 COMPOSIÇÃO DAS BRIGADAS DO EB…………............................. 30
3.1.1 Brigada de Infantaria Blindada......................................................... 30
3.1.2 Brigada de Cavalaria Blindada......................................................... 31
3.1.3 Brigada de Cavalaria Mecanizada.................................................... 32
3.1.4 Brigada de Infantaria Mecanizada.................................................... 33
3.2 COMPOSIÇÃO DAS U E BDA NORTE-AMERICANAS.................... 35
3.2.1 Escalão Brigada............................................................................... 35
3.2.2 Escalões Unidade e Subunidade...................................................... 37
3.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS.................................................. 38
3.4 CONCLUSÃO PARCIAL...................................................................... 39
4 DEFESA EM SETOR........................................................................... 40
4.1 GENERALIDADES…..……………………........................................... 40
4.2 CASO HISTÓRICO............................................................................ 41
4.3 FATORES DA DECISÃO..................................................................... 42
4.3.1 Missão............................................................................................... 42
4.3.2 Inimigo............................................................................................... 43
4.3.3 Terreno e Condições Meteorológicas............................................. 42
4.3.4 Meios................................................................................................. 44
4.3.5 Tempo................................................................................................ 44
4.3.6 Considerações Civis......................................................................... 45
4.4 ORGANIZAÇÃO DA DEFESA............................................................. 45
4.5 ÁREA DE ENGAJAMENTO................................................................. 48
4.6 MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE................................. 49
4.6.1 Linhas de Controle............................................................................. 49
4.6.2 Áreas de Engajamento....................................................................... 50
4.6.3 Posições de Bloqueio....................................................................... 50
4.6.4 Linhas de Obstáculos...................................................................... 51
4.6.5 Pontos de Referência de Alvo......................................................... 51
4.6.6 Setores de Tiro................................................................................. 51
4.6.7 Posição de Ataque pelo Fogo......................................................... 51
4.6.8 Eixo de Progressão para deslocamento da reserva...................... 51
4.6.9 Linhas de Acionamento.................................................................... 52
4.6.10 Prioridade de engajamento dos fogos........................................... 53
4.7 APOIO AO COMBATE......................................................................... 53
4.7.1 Apoio de Fogo................................................................................... 53
4.7.2 Apoio de Engenharia........................................................................ 54
4.7.3 Demais Apoios................................................................................... 55
4.8 CONCLUSÃO PARCIAL...................................................................... 55
5 CONCLUSÃO...................................................................................... 56
REFERÊNCIAS.................................................................................... 58
12
1 INTRODUÇÃO
Os conflitos do Século XXI estão calcados em novos paradigmas. O avanço da
ciência e da tecnologia no mundo atual tem transformado a forma com que se
desenvolvem os conflitos. Conforme a visão de SCHUURMAN (2011, p. 47), “os
teóricos da nova guerra já provaram que as forças armadas do Ocidente precisam
alterar definitivamente a forma como encaram os conflitos armados e como se
preparam para eles.” Dessa forma, a “nova guerra” exigirá uma atualização
constante da doutrina das forças armadas, a fim de que possam estar em melhores
condições de conquistar a vitória.
Neste contexto, pode-se observar que o Exército (Ex) dos Estados Unidos da
América (EUA) tem procurado desenvolver uma doutrina (Dout) atualizada, pois,
como superpotência unipolar no cenário mundial, necessita estar preparado para
atuar nos mais remotos conflitos.
O Exército Brasileiro (EB), por outro lado, tem tido dificuldade em manter a sua
doutrina atualizada, uma vez que não participa de uma guerra desde a 2ª Guerra
Mundial, quando enviou a Força Expedicionária Brasileira (FEB) para o Teatro de
Operações (TO) Europeu.
“Na visão militar, o homem só aprende pela experiência. Se tem pouca
oportunidade de aprender pela própria experiência terá então de aprender pela
experiência dos outros. Daí o gosto do militar pelo estudo da História."
(HUNTINGTON, apud DARÓZ, 2013)
Dessa forma, estudar a evolução da Doutrina Militar Norte-Americana pode ser
útil para a atualização da Doutrina Militar Terrestre Brasileira (DMTB).
Segundo CLAUSEWITZ (1832, p.191), “os exemplos históricos tornam tudo
claro e ainda proporcionam o melhor tipo de prova nas ciências empíricas. Isto é
verdadeiro principalmente na arte da guerra”.
Com o objetivo de atualizar a sua doutrina militar, o Estado-Maior do Exército
(EME) Brasileiro lançou, no início de 2013, um novo conceito operacional para o
emprego da Força Terrestre (F Ter): as Operações no Amplo Espectro.
Neste novo conceito operacional, as forças a serem empregadas devem estar
aptas a conduzir operações combinando atitudes, simultânea ou sucessivamente,
em operações ofensivas, defensivas, de pacificação e de apoio a órgãos
13
governamentais, tudo isso em um ambiente conjunto e interagências e, por vezes,
multinacional (BRASIL, EB 20-MF-10.102, 2014, p. 1-2).
De acordo com NASCIMENTO (2013, p.8), visualizam-se três momentos
marcantes na evolução do EB ao longo dos últimos trinta anos:
o primeiro, por ocasião da FT 90, com os reflexos iniciais já no ano de 1986, talvez um dos esforços de transformação de curto prazo de maior impacto na Força (criação dos Grandes Comandos Militares, mecanização de diversas Unidades, aquisição e repotencialização de blindados, implantação da Aviação do Exército, ampliação das escolas militares, etc.); um segundo momento quando da adoção da Doutrina Delta, na metade da década de 90, rompendo com consagrados conceitos ainda decorrentes da Segunda Guerra Mundial; e o momento atual, ocasião em que o Estado-Maior do Exército (EME) conduz mais um ambicioso Processo de Transformação da Força, ao mesmo tempo que apresenta um novo conceito doutrinário para seu emprego, intitulado Operações no Amplo Espectro.
O primeiro momento citado, o da FT 90, levou à reformulação do Manual de
Campanha de Operações, no ano de 1988 (BRASIL, C 100-5, 2ª ed., 1988).
O segundo momento, com a adoção da Doutrina Delta (BRASIL, IP 100-1,
1996), modificou substancialmente a Dout anterior, levando à reformulação dos
principais manuais de campanha do EB, entre eles novamente o de Operações
(BRASIL, C 100-5, 3ª ed.,1997).
A Doutrina Delta, de forma geral, privilegiou as Operações Ofensivas (Op Ofs).
Entretanto, sentia-se a necessidade do Exército também evoluir no tocante às
Operações Defensivas (Op Def). Autores como Ribeiro, Diniz e Rosa, entre outros,
já levantaram a necessidade de atualização da DMTB voltada para o estudo da
defensiva.
Segundo RIBEIRO (2007, p. 131):
Em relação à doutrina adotada pelo Exército dos EUA, a doutrina em vigor no EB é menos agressiva nos escalões brigada e inferiores, explora menos a iniciativa dos escalões subordinados, e, embora enfatize o máximo de emprego de ações ofensivas, prioriza a manutenção do terreno e explora com menos ênfase o conceito de armas combinadas na defesa.
A doutrina defensiva do Ex Norte-Americano, por sua vez, conta com uma
gama maior de opções para que um Estado-Maior possa planejar a sua defesa.
Como exemplo, dentro da Defesa de Área (Def A), eles podem utilizar duas formas
de manobra: a Defesa Avançada (Forward Defense) ou a Defesa em Profundidade
(Defense in Depth) (EUA, FM 3-90.6: Brigade Combat Team, 2010, p. 3-13).
A partir de 2013, surgiu o terceiro momento citado por Nascimento, com o novo
Conceito Operativo do EB de Operações no Amplo Espectro. Com base nele, estão
14
sendo editados diversos manuais pelo EME, incluindo o novo manual de Operações
(BRASIL, EB 20-MF-10.103, 4ª ed., 2014).
As Operações no Amplo Espectro são o cerne da DMTB, por descrever, em
sua essência, como as forças terrestres devem se amoldar para atender às
necessidades específicas das operações terrestres como parte de uma Força
Conjunta (BRASIL, EB 20-MF-10.103, 2014, p. 3-3).
Mesmo após a edição de novos manuais, como o da Força Terrestre
Componente (BRASIL, EB 20-MC-10.202, 2014), e o de Operações (BRASIL, EB
20-MF-10.103, 2014), observa-se que a base da doutrina defensiva brasileira não foi
alterada, havendo espaço para a inserção de novas táticas e técnicas de defesa.
No ano de 2011, a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) e a Escola
de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) realizaram estudos acerca do
tema: “as Op Def no contexto da Doutrina Delta”. Com base nesses estudos,
sugeriram a adoção da técnica de “Defesa em Setor” (Def St) na doutrina brasileira
(BRASIL, EsAO, 2011).
Figura 1 - Defesa por Setores do Exército Argentino. Fonte: ARGENTINA, ROB 00-01, 2007.
A Defesa em Setor é uma técnica defensiva que é empregada em diversos
exércitos no mundo, entre eles o dos EUA e o da Argentina (ver figura 1). Nela a
tropa utiliza a profundidade da zona de ação para derrotar o inimigo dentro de seus
PA
LACPC
Res
Res
M
M
M
M
Res
15
limites, mantendo a segurança do flanco e garantindo a unidade de esforços. Os
setores dão aos comandantes subordinados a liberdade de descentralizar o
planejamento dos fogos e permitem que os mesmos aloquem suas forças para se
adequar ao terreno e se desdobrem em profundidade (EUA, FM 17-95, 1996).
1.1 O TEMA
Este trabalho teve por tema a análise de uma nova técnica defensiva, possível
de ser adotada pela DMTB, denominada de “Defesa em Setor”.
1.2 O PROBLEMA
1.2.1 Antecedentes do Problema
Após a Guerra do Yom Kippur, ocorrida em outubro de 1973, entre Israel e a a
coligação Egito-Síria, os EUA sentiram a necessidade de reformular as suas Forças
Armadas (FA) (SCHUBERT e KRAUS, 1998, p. 68-72).
Com base em estudos sobre a doutrina ofensiva da então União Soviética, o Ex
dos EUA ficou, por vários anos, obsessivo em como repulsaria o ataque de uma
possível força do Pacto de Varsóvia através da fronteira da Alemanha. Os planos
defensivos eram baseados na presunção de que o Pacto de Varsóvia excederia
demasiadamente as forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)
(DINIZ, 2005).
Segundo Ribeiro (2007, p. 24), no ano de 1982, os EUA lançaram uma nova
doutrina de defesa, conhecida por “Batalha Ar-Terra”. Para o Exército Norte-
Americano, esta nova doutrina foi traduzida no manual FM 100-5 Operações. Uma
das inovações do referido manual foi a introdução de uma técnica defensiva usada
na Defesa em Posição (Def Pos), denominada de “Defesa em Setor”. Seu objetivo
foi tornar a defesa mais dinâmica, delegando mais iniciativa aos escalões
subordinados, de modo a permitir que realizassem um desgaste nas forças inimigas,
por meio de pequenas ações ofensivas, sem, contudo, caracterizar uma Defesa
Móvel (Def Mv), que é empregada pelo escalão divisão e superiores.
Conforme relata Diniz (2005, p. 22), a Defesa em Setor pode ser conduzida do
escalão Corpo de Exército até o escalão Unidade, tendo sido experimentada durante
a Guerra do Golfo, no ano de 1991, sendo que as subunidades e pelotões
participariam da defesa inseridos na manobra de suas unidades enquadrantes.
16
O fator primordial para o desenvolvimento desta técnica defensiva, baseava-se na possibilidade do inimigo dispor de uma faixa do terreno muito grande para mobiliar suas vias de acesso, aliado ao fato dos EUA não disporem de forças suficientes para efetuar uma defesa linear em toda frente do campo de batalha, o que exigiria a mobilização de um exército muito maior do que o existente na Europa. Assim sendo, se for verificado o que prescreve a Doutrina Delta para o combate convencional, em Área Operacional do Continente (AOC), a qual pressupõe uma guerra de movimento em grandes distâncias, com carências de recursos e informações, com grande dispersão de Unidades, em ambiente de combate continuado e não linear, poder-se-ia supor a possibilidade do EB adotar a técnica defensiva da Defesa em Setor, dentro de uma operação defensiva ou numa parada temporária em curso de uma operação ofensiva. (DINIZ, 2005, p. 22)
1.2.2 O Problema
Sabendo-se da dificuldade do EB de conseguir manter-se atualizado, e tendo
ciência de que o Exército dos EUA está no ápice da doutrina mundial, não seria o
caso de estudar a doutrina de emprego deles em Operações Defensivas?
Quais seriam as principais diferenças doutrinárias no tocante às Op Def entre
os dois exércitos? Há táticas e técnicas que podemos aproveitar em nossa doutrina?
Diante do exposto, o problema foi assim enunciado:
- A técnica de Defesa em Setor, empregada pelo Exército dos Estados Unidos,
é relevante e pode ser implementada na DMTB?
1.2.3 Alcances e Limites do Estudo
O estudo foi voltado para a análise da técnica de Defesa em Setor, existente na
doutrina do Ex dos EUA, dando-se ênfase para o nível Brigada (Bda). Dentre os
diversos tipos de Bda existentes, o trabalho se concentrou nas Bda Blindadas (Bld) e
Mecanizadas (Mec).
Não se pretendeu discutir sobre adequação de quadros de organização (QO) a
ser adotado pelas organizações militares (OM) e pelas grandes unidades (GU) para
emprego da técnica. O estudo em questão fez apenas referências sobre o material e
pessoal empregados por ambos os exércitos. Caso o autor o fizesse, correria o risco
de mudar o foco de seu trabalho, ampliando inadequadamente sua análise.
Por tratar-se de uma pesquisa bibliográfica, e carecer de uma experimentação
de campo, a investigação foi limitada pela impossibilidade de se generalizar os
resultados ao ambiente real de combate.
1.2.4 Justificativas
17
A pesquisa espera contribuir para a atualização da doutrina de emprego do EB,
em particular nas Op Def. Pretende apresentar uma nova técnica defensiva – a
Defesa em Setor – possível de ser empregada pelas Bda Bld e Mec. Pretende,
ainda, levantar dados importantes para a formulação de novas táticas, técnicas e
procedimentos a serem adotados no campo de batalha, em especial por forças
blindadas e mecanizadas.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Verificar se a técnica de Defesa em Setor, existente na doutrina do Exército
dos EUA, pode ser empregada pelo EB.
1.3.2 Objetivos Específicos
a) descrever a técnica de Defesa em Setor existente na doutrina norte-
americana;
b) identificar se ela traz novos ensinamentos e soluções para o emprego de
tropas blindadas (Bld) e mecanizadas (Mec) em Op Def;
c) identificar se ela é adequada e se pode ser enquadrada pelos fundamentos
da defensiva da DMTB; e
d) sugerir mudanças na DMTB.
1.3.3 Questões de Estudo
Conforme Neves e Domingues (2007, p. 48), em trabalhos cujo objetivo geral é
descrever um evento ou um processo, normalmente utiliza-se questões de estudo
para nortear o desenvolvimento da pesquisa. Elas são o ponto de partida para
encontrar um caminho que leve ao melhor conhecimento acerca do problema, e são
fundamentais para chegar a uma solução. A adoção das questões de estudo se dá
em substituição ao processo de formulação de hipóteses.
No presente trabalho foram levantadas as seguintes questões de estudo:
a) a técnica de Defesa em Setor traz novos ensinamentos e soluções para o
emprego de tropas Bld e Mec em Op Def?
18
b) ela é adequada e pode ser enquadrada pelos fundamentos da defensiva da
DMTB?
c) o EB poderá adotar a referida técnica desde já, ou terá que realizar
adaptações em sua estrutura ou meios militares?
1.4 METODOLOGIA
A seguir, estão evidenciados os tipos de pesquisa que foram utilizados no
presente trabalho, em relação aos objetivos específicos propostos e aos meios
empregados. Seguindo as taxionomias de Vergara (1998) e de Neves e Domingues
(2007), foram utilizados os seguintes tipos de pesquisa: aplicada, qualitativa,
descritiva, documental e bibliográfica.
1.4.1 Tipos de Pesquisa
Quanto à natureza, o presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa do
tipo aplicada, pois tem por objetivo a geração de conhecimentos para aplicação
prática, voltados à implementação de uma nova técnica de combate para ser
utilizada em Op Def. Para tal, utiliza-se do método indutivo como forma de viabilizar
a tomada de decisões acerca do alcance da investigação, das regras de explicação
dos fatos e da validade de suas generalizações (NEVES e DOMINGUES, 2007).
Quanto à forma de abordagem, a pesquisa é considerada qualitativa, uma vez
que contemplou a subjetividade, sendo influenciada pela visão particular do
pesquisador, seguindo um procedimento reflexivo e crítico na busca de respostas
para o problema apresentado. Seu planejamento e execução fizeram parte de um
processo sistematizado que compreende várias etapas detalhadas, seguindo as
normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, NBR 15287:2005), na
qual consta o item “metodologia”.
Com base em Vergara (1998), pode-se afirmar que ela também é uma
pesquisa descritiva, porque pretende descrever as características da técnica de
Defesa em Setor. Enquadra-se também como pesquisa bibliográfica, porque tem
sua fundamentação teórico-metodológica na investigação sobre assuntos de
desenvolvimento de doutrina militar disponíveis em livros, manuais e artigos de
acesso livre ao público em geral. Por fim, ainda é documental, uma vez que se utiliza
19
de documentos de trabalhos, notas de aula e relatórios do EB e do Exército dos
EUA, não disponíveis para consultas públicas.
1.4.2 Coleta de Dados
O estudo teve início com uma pesquisa bibliográfica na literatura (livros,
manuais, revistas especializadas, jornais, artigos, internet, monografias, teses e
dissertações), buscando informações sobre operações defensivas, doutrinas,
estratégias militares, táticas, técnicas e procedimentos pertinentes ao assunto.
Nessa oportunidade, foram levantados os fundamentos das Op Def e algumas
características da técnica de Defesa em Setor.
A seleção das fontes de pesquisa foi baseada em publicações de autores de
reconhecida importância no meio acadêmico e em artigos veiculados em periódicos
indexados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) ou em similares internacionais, como a Military Review.
Em prosseguimento, utilizou-se a pesquisa documental nos arquivos do EB,
mais especificamente do Estado-Maior do Exército (EME), órgão responsável pelo
desenvolvimento da doutrina militar terrestre no Brasil, e em fontes do Exército dos
EUA, como CDs e DVDs de cursos realizados por oficiais brasileiros naquele país. O
objetivo principal foi o de levantar informações em documentos não publicados,
como relatórios, pareceres, despachos em processos, notas de aula e palestras,
entre outros.
As conclusões decorrentes das pesquisas bibliográfica e documental
permitiram verificar se o EB poderá adotar a técnica de Defesa em Setor, a
semelhança do Exército Norte-Americano.
1.4.3 Tratamento dos Dados
Foi utilizado o método de análise de conteúdo, que, para VERGARA (1998, p.
56), é “uma técnica para o tratamento de dados que visa identificar o que está sendo
dito a respeito de determinado tema”. Dessa forma, foram identificados os
fundamentos e o estágio atual do desenvolvimento da doutrina militar em Op Def no
Brasil e nos EUA.
20
1.4.4 Limitações do Método
A metodologia escolhida para esta pesquisa apresenta algumas dificuldades e
limitações em relação à coleta e ao tratamento dos dados.
Quanto à coleta de dados, o método estará limitado ao acesso aos manuais de
campanha do Exército dos EUA. Da mesma forma, o acesso a alguns documentos
doutrinários internos norte-americanos foram vetados ou limitados.
Outro fator que influenciou neste tratamento foi a própria condição de militar
deste pesquisador, mesmo sabendo da necessidade de se manter certo
distanciamento nas interpretações dos dados coletados.
21
2 OPERAÇÕES DEFENSIVAS
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
As Operações no Amplo Espectro são o Conceito Operativo do Exército, que
interpreta a atuação dos elementos da Força Terrestre para obter e manter
resultados decisivos nas operações, mediante a combinação de Operações
Ofensivas, Defensivas, de Pacificação e de Apoio a Órgãos Governamentais,
simultânea ou sucessivamente, prevenindo ameaças, gerenciando crises e
solucionando conflitos armados, em situações de Guerra e de Não Guerra (BRASIL,
EB 20-MF-10.103, 2014, p. 3-6).
Nesse contexto, as Op Def são operações terrestres realizadas, normalmente,
sob condições adversas, como inferioridade de meios ou limitada liberdade de ação,
em que se procura utilizar integralmente o terreno e as capacidades disponíveis para
impedir, resistir ou destruir um ataque inimigo, inflingindo-lhe o máximo de desgaste
e desorganização, buscando criar condições favoráveis para a retomada da ofensiva
(BRASIL, EB 20-MF-10.103, 2014, p. 4-9).
Normalmente, a defesa por si só não gera resultados decisivos. Quando
obrigado à defensiva, o comandante deve, por todos os meios, reverter a situação e
retomar a ofensiva o mais rápido possível, possibilitando às forças terrestres
reassumir a iniciativa das ações. No entanto, mesmo em atitude defensiva as ações
dinâmicas da defesa devem ser maximizadas, pela intensiva utilização de contra-
ataques e outras manobras.
As Op Def constituem-se em atitudes temporárias adotadas pela força
terrestre até que, criadas condições favoráveis, possa tomar ou retomar a ofensiva.
No quadro 1, pode-se verificar as principais tarefas e finalidades das Op Def:
Operações Defensivas
Principais Tarefas
- Realizar Defesa em Posição - Realizar Movimento Retrógrado
Finalidades
- Criar condições mais favoráveis para Op subsequentes - Impedir o acesso do inimigo à determinada área - Reduzir a capacidade de combate do inimigo - Economizar força, em proveito de uma ação decisiva em outra área - Ganhar tempo - Produzir conhecimento necessário ao processo decisório - Proteger a população, ativos e infraestruturas críticas.
Quadro 1 – Principais tarefas e finalidades das Op Def Fonte: BRASIL, EB 20-MF-10.103 - Operações, 2014, p. 3-7.
22
2.2 A DOUTRINA BRASILEIRA
Em 26 de setembro de 2013, o EME aprovou as Bases para a Transformação
da Doutrina Militar Terrestre Brasileira, que estabeleceram o Conceito Operativo de
Operações no Amplo Espectro.
A partir deste documento, diversos manuais foram revisados, dando origem a
grandes mudanças doutrinárias. Apesar da doutrina anterior (Doutrina Delta) ter sido
revogada, grande parte dos conceitos doutrinários não foram alterados.
Observa-se no quadro 2, os tipos de Op Def previstas na Doutrina Delta:
Quadro 2 – Tipos de Op Def Fonte: BRASIL, C 100-5, 1997, p. 6-19.
O novo manual de Operações, editado em 2014, manteve os mesmos tipos e
formas de manobra das Op Def, descritos no quadro 2 (BRASIL, EB20-MF-10.103,
2014, p. 4-12).
Segundo Trovizo (2011), a doutrina brasileira deixa pouca flexibilidade para o
planejador, quando em postura defensiva, pois o mesmo não teria muitas opções de
formas de manobra para utilizar na Def Pos.
Dentre as principais fontes que balizam a doutrina para as operações
defensivas no EB, podem-se destacar os seguintes manuais: Força Terrestre
Componente (FTC) (EB20-MC-10.202, 2014), Operações (EB20-MF-10.103, 2014),
A FTC nas Operações (EB20-MC-10.301, 2014), A Divisão de Exército (C 61-100,
1990), Brigada de Cavalaria Mecanizada (C 2-30, 2000), Forças-Tarefas Blindadas
(C 17-20, 2002), Regimento de Cavalaria Mecanizado (C 2-20, 2002), Batalhões de
Infantaria (C 7-20, 2003), Estado-Maior e Ordens (C 101-5, 2003) e Brigada de
Aviação do Exército (IP 1-30, 2003).
23
Ainda, segundo TROVIZO (2011):
Do estudo do arcabouço doutrinário em vigor, pode-se resumir que o ideário brasileiro que orienta os planejamentos dos escalões táticos terrestres define a defensiva como uma postura temporária, cuja meta é criar as melhores condições para a decisão do combate. A mesma literatura já consolidou também a atitude ofensiva como a chave para o sucesso defensivo, em qualquer situação.
2.2.1 Formas de Manobra
Nas operações defensivas, o comandante pode empregar cinco formas de
manobra tática defensiva: defesa de área e defesa móvel (na defesa em posição),
retraimento, ação retardadora e retirada (no movimento retrógrado).
A defesa de área (Def A) tem por objetivo a manutenção ou o controle de uma
determinada região específica, por um determinado período de tempo. É a forma de
manobra defensiva que tira o máximo de proveito dos obstáculos existentes, reduz a
possibilidade do ataque noturno ou da infiltração e força o atacante a empregar o
máximo poder de combate para romper a posição defensiva (BRASIL, C 2-30,
2000).
Quando for imperativa a manutenção de determinada faixa do terreno, o
comandante toma por base, principalmente, a capacidade dos fogos e das forças
empregadas na Área de Defesa Avançada (ADA), para engajar e repelir o atacante.
Adota-se uma Def A, normalmente, quando as forças terrestres disponíveis não
reúnem as características ou estrutura adequada para a adoção de outras formas de
manobra defensiva ou estão em áreas de terreno que não se prestam para a
realização da defesa móvel ou o movimento retrógrado (Mvt Rtg) (BRASIL, EB20-
MF-10.103, 2014, p. 4-12).
A Defesa Móvel (Def Mv) emprega uma combinação de ações ofensivas,
defensivas e retardadoras. Nessa forma de manobra tática defensiva, o comandante
emprega um menor poder de combate à frente, na área da ADA, e vale-se da
manobra, dos fogos e da organização do terreno para recuperar a iniciativa. A
defesa móvel visa à destruição das forças inimigas e, para isso, apoia-se no
emprego de forças ofensivas dotadas de elevada mobilidade e poder de choque
(BRASIL, EB20-MF-10.103, 2014, p. 4-12).
Para o Movimento Retrógrado temos as seguintes formas de manobra:
24
a. Ação retardadora - É o Mvt Rtg no qual uma força, sob pressão, troca espaço por tempo, procurando infligir ao inimigo o máximo de retardamento e o maior desgaste possível, sem se engajar decisivamente no combate. Na execução de uma ação retardadora, o mínimo de espaço é trocado pelo máximode tempo. Normalmente, o retardamento é conseguido tanto nas posições como entre elas. A força de retardamento mantém o contato permanente com o inimigo e o retarda continuamente. Uma ação retardadora é conduzida, normalmente, em mais de uma posição. Neste caso, pode empregar a técnica do retardamento em posições sucessivas ou do retardamento em posições alternadas, ou ainda, utilizar uma adequada combinação de ambos. b. Retraimento - É um Mvt Rtg por meio do qual o grosso de uma força engajada rompe o contato com o inimigo, de acordo com a decisão do Esc Sp. Alguns elementos permanecem em contato, para evitar que o inimigo persiga o grosso das forças amigas e para infligir-lhe danos, pelo fogo e pela manobra. c. Retirada - É um Mvt Rtg no qual uma força, que não está em contato com o inimigo, desloca-se para longe dele, segundo um plano bem definido, visando evitar um combate decisivo, em face da situação existente. Normalmen-te, é executada para permitir que as operações futuras de combate sejam conduzidas sob condições mais favoráveis ou em local, ou oportunidade, mais convenientes. (BRASIL, C 2-30, 2000, p. 6-43)
2.2.2 Táticas e Técnicas Especiais na Defensiva
Segundo o manual de Operações, as ações defensivas não se limitam aos
tipos e formas de manobra clássicas. Valendo-se de táticas e técnicas diversas,
outras ações podem ser executadas visando à condução do combate continuado e
não linear, com ênfase nas manobras que apliquem a mobilidade e o poder de
choque, tais como: Ações Dinâmicas da Defesa, Dispositivo de Expectativa, Defesa
Avançada, Defesa Elástica, Defesa em Contraencosta, Defesa em Posição de
Combate, Defesa em Ponto Forte, Defesa Circular, Defesa Contrareconhecimento,
Defesa Contra Tropa Aeroterrestre e Assalto Aeromóvel, Defesa Linear e Defesa
Não Linear (BRASIL, EB20-MF-10.103, 2014, p. 4-14).
Dentre todas as táticas e técnicas defensivas citadas no novo manual de
Operações, não é citada a técnica da Defesa em Setor. Apesar de ser uma técnica
difundida em diversos exércitos no mundo, ela ainda não foi inserida na DMTB.
2.3 A DOUTRINA NORTE-AMERICANA
Conforme relata Ribeiro (2007, p.43), grande parte da doutrina de Op Def
atualmente em vigor no Ex dos EUA foi introduzida por meio da edição de 1982, do
manual FM 100-5 - Operações. Este manual ficou conhecido por haver introduzido,
naquele exército, a doutrina conhecida como “Batalha Ar-Terra”.
25
O casal Alvin e Heidi Toffler, em seu livro Guerra e Anti-Guerra (1993),
descreve em detalhes, no seu capítulo 7, como os generais Donn Starry e Donald
Morelli, principais mentores desta nova doutrina, perceberam a necessidade de
repensar a doutrina dos EUA então vigente.
Essa doutrina foi inspirada na Guerra do Yom Kippur (1973), na qual houve
um ataque maciço de blindados sírios e egípcios, usando a tática concebida pela
doutrina russa, contra as forças de Israel. Apesar da esmagadora vantagem dos
oponentes, Israel venceu a guerra. Starry fora enviado para a região, onde
pesquisou cada metro quadrado das Colinas de Golan, além de entrevistar diversos
oficiais que participaram dos combates. De seu trabalho extraiu duas grandes lições:
A lição primordial, para Starry, foi que os “coeficientes iniciais” não determinam o resultado. “Não faz diferença quem está em vantagem ou desvantagem numérica”. A outra inconfundível lição foi que quem tomar a iniciativa, “quer esteja em desvantagem ou em vantagem numérica, quer esteja atacando, quer defendendo, vai ganhar”. (TOFFLER, 1995, p. 66)
Desde sua primeira aparição, a doutrina da Batalha Ar-Terra tem sido
atualizada, refinada e rebatizada. O manual FM 100-5 - Operações, foi atualizado no
ano de 2001 e passou a se chamar FM 3-0, Operations.
Sob uma nova iniciativa conhecida como Doutrina do Exército 2015, os
manuais fundamentais (capstone) passaram a ser designados por Publicações
Doutrinárias do Exército (Army Doctrinal Publications — ADP). O manual ADP 3-0 -
Operações Terrestres Unificadas (Unified Land Operations) representa o primeiro
manual publicado sob esse conceito (EUA, ADP 3-0, 2011).
Apesar das mudanças táticas e técnicas introduzidas pela adoção de novos
meios militares, as novas versões do manual de Operações, atualmente o ADP 3-0,
de 2011, ainda tem no seu cerne a doutrina criada pela dupla Starry-Morelli e sua
equipe (EUA, ADP 3-0, 2011).
A seguir, serão explanados os principais fundamentos e princípios
doutrinários que orientam o emprego do Ex dos EUA em Op Def.
2.3.1 Fundamentos das Op Def
Conforme o manual ADP 3-0 (2011, p. 5), as operações defensivas são
operações realizadas para deter um ataque inimigo, ganhar tempo, economizar
forças, e/ou criar condições favoráveis para passar às operações ofensivas ou de
26
estabilidade. Estas operações incluem a defesa móvel, a defesa de área e os
movimentos retrógrados.
Segundo o manual ADP 3-90, Ofensiva e Defensiva (2012, p. 10), apesar de
a ofensiva ser o tipo mais decisivo de operação de combate, a defesa é o tipo mais
forte. A sua força inerente provém da habilidade do defensor ocupar suas posições
antes do ataque e usar o tempo disponível para preparar suas defesas. As
preparações só terminam quando o defensor retrair ou começa a lutar. O defensor
pode estudar o terreno e selecionar as posições defensivas, a fim de concentrar os
efeitos dos fogos nas prováveis vias de acesso. Combina os efeitos dos obstáculos
naturais e artificiais para canalizar a força atacante para suas áreas de engajamento.
Coordena e ensaia o plano defensivo enquanto adquire familiaridade com o terreno.
O defensor não espera ser atacado passivamente. Ele busca modos de atingir
agressivamente e debilitar as forças inimigas atacantes antes da iniciação do
combate aproximado. Ele manobra para colocar o inimigo numa posição de
desvantagem e o ataca em toda oportunidade, por meio de fogos diretos e indiretos.
Usa uma combinação de elementos móveis e estáticos para privar o inimigo da
iniciativa. Ele detém o inimigo buscando uma oportunidade para fazer a transição
para a ofensiva (EUA, ADP 3-90, 2012).
As Op Def, por si só, não ganham a guerra. O seu propósito é criar condições
para uma contraofensiva que permita às Forças Terrestres recuperarem a iniciativa.
Embora operações ofensivas sejam sempre vitais para se alcançar resultados
decisivos, é frequentemente necessário, até mesmo aconselhável, às vezes
defender. Defende-se para ganhar tempo, assegurar a posse de acidentes capitais,
facilitar operações futuras, manter contato com o inimigo ou degradar seu poder de
combate (EUA, ADP 3-90, 2012).
2.3.2 Finalidade das Op Def
De acordo com o manual FM 3-0 (2008, p. 3-10), as Op Def têm por
finalidade deter o ataque inimigo. As forças defensoras esperam o momento exato
de surpreender o inimigo e barram o seu movimento. A espera do ataque inimigo
não é uma atividade passiva. As forças inimigas devem ser procuradas para ser
atacadas e enfraquecidas antes mesmo do combate começar.
27
2.3.3 Tipos de Op Def
Os três tipos de Op Def realizadas pelo Ex dos EUA são a defesa móvel (Def
Mv), a defesa de área (Def A) e os movimentos retrógrados (Mvt Rtg), conforme
quadro abaixo:
Defensive Operations
Primary Tasks Purposes
•Mobile defense •Area defense •Retrograde
•Deter or defeat enemy offensive operations •Gain time •Achieve economy of force •Retain key terrain •Protect the populace, critical assets, and infrastructure •Develop intelligence
Quadro 3 – Tipos de Op Def do Ex EUA Fonte: EUA, FM 3-0 C1, 2011, p. 3-6.
A Def Mv visa à destruição das forças atacantes, depois de permitir-lhes que
avancem para uma posição que os exponha a um forte contra-ataque. Na Def A o
defensor se concentra em negar às forças inimigas acesso a um determinado
terreno, por um tempo específico, limitando a sua liberdade de manobra e
canalizando-as para uma área de fogos ajustados para ser destruído pelo fogo. Os
Mvt Rtg retiram forças amigas para longe do inimigo para ganhar tempo, preservar
forças, colocar o inimigo em posição desfavorável, ou evitar o combate em
condições desfavoráveis. Os comandantes na defensiva combinam os três tipos de
Op Def para enfrentar a situação (EUA, FM 3-0 C1, 2011, p. 3-9).
Interessante notar que os comandantes têm a liberdade de optar e combinar
quaisquer dos tipos, de acordo com a situação tática que se apresente. A ênfase é
dada na oportunidade de se realizar a transição da defensiva para a ofensiva, em
qualquer dos escalões. Todos os três tipos de operações usam elementos móveis e
estáticos.
2.3.4 Técnicas defensivas
Segundo o manual FM 3-90.5 (2005, p. 6-47), há cinco técnicas básicas de
defesa para as Bda Bld e Mec: a Defesa em Setor, a Defesa em Posição de
28
Bloqueio, a Defesa de Perímetro, a Defesa em Contra Encosta e a Defesa em Ponto
Forte.
A Defesa em Setor é uma técnica utilizada para realizar a defesa em
profundidade do campo de batalha (ver figura 2). Setor é o nome que se dá para a
Área de Operações (A Op) em uma missão defensiva. Os escalões Bda e Unidade
(U) designam setores a defender para seus subordinados.
Segundo o manual dos EUA FM 3-90.6: Brigade Combat Team (2010, p. 71), a
defesa em profundidade é a forma preferida de manobra para as Brigadas de
Combate Pesadas e para as Brigadas Stryker, porque ela reduz o risco da força
inimiga atacar rapidamente e quebrar a continuidade defensiva. O inimigo não é
capaz de explorar uma penetração por causa de outras posições defensivas
empregadas em profundidade. Dessa forma, ela proporciona mais espaço e tempo
para derrotar o ataque inimigo. Ela visa essencialmente a destruição do inimigo, não
estando tão apegada à manutenção do terreno.
Figura 2 – Exemplo de uma Defesa em Profundidade. Fonte: EUA, FM 3-90.2, 2003, p. 6-10.
29
Conforme relata Ribeiro (2007, p. 54), a Defesa em Setor é, das técnicas
defensivas, a que proporciona o maior grau de liberdade de manobra e
planejamento de fogos ao escalão subordinado numa determinada Zona de Ação (Z
Aç). É a técnica mais usada quando a Bda dispõe de espaço para manobrar, tanto
em largura quanto em profundidade na sua Z Aç, e deseja evitar o engajamento
decisivo prematuramente.
Para usar a técnica, entretanto, são necessários alguns condicionantes
operacionais e táticos. São eles: mobilidade tática, superioridade aérea local,
comando e controle (C²) eficazes, um apoio de engenharia que permita o
lançamento de obstáculos em curto prazo e um apoio de fogo de longo alcance.
Quando do emprego da técnica, as Forças-Tarefas (FT) defendem como
unidades taticamente semiautônomas, com grande alerta situacional e com eficiente
apoio de fogo e de inteligência. Nesta situação, ainda, dificilmente terão contato
umas com as outras, apesar de envolvidas na mesma operação. Para tanto, deverão
dispor do apoio imediato de uma reserva do escalão enquadrante.
A técnica da Defesa em Setor, por ser o alvo principal desta monografia,
será estudada com maiores detalhes no Capítulo 4 do presente trabalho.
2.4 CONCLUSÃO PARCIAL
Comparando-se a doutrina defensiva do EB com a do Ex EUA, observa-se
que a doutrina brasileira é menos agressiva no escalão brigada, explorando em
menor grau a iniciativa dos escalões subordinados. Apesar de dar ênfase ao
emprego de ações ofensivas, a nossa doutrina defensiva continua priorizando a
manutenção do terreno, em detrimento de focar as ações do inimigo e a elas se
contrapor da melhor forma.
Cabe salientar que, apesar das recentes modificações no manual de
Operações do EB, verificou-se que a técnica de Defesa em Setor ainda não foi
absorvida pela doutrina brasileira.
Dessa forma, conclui-se, parcialmente, que a técnica de Defesa em Setor
poderia tornar a nossa doutrina mais dinâmica.
30
3 BRIGADAS BLINDADAS E MECANIZADAS
Neste capítulo será apresentada a organização das brigadas blindadas (Bda
Bld) e mecanizadas (Bda Mec) do EB e do Ex dos EUA.
Como já explanado, não se pretendeu discutir sobre adequação de quadros de
organização (QO) a ser adotado pelas organizações militares (OM) e pelas grandes
unidades (GU) para o emprego da técnica de Defesa em Setor. O estudo em
questão fez apenas referências sobre o material e pessoal empregados por ambos
os exércitos, a fim de servir de base para algumas conclusões e comparações que
serão realizadas no decorrer do trabalho.
3.1 COMPOSIÇÃO DAS BRIGADAS DO EB
Atualmente o EB conta com os seguintes tipos de Bda Bld e Mec: Bda Inf Bld,
Bda C Bld, Bda Inf Mec e Bda C Mec. Veremos a composição de meios de cada
uma delas.
3.1.1 Brigada de Infantaria Blindada
As Bda Bld constituem-se em forças altamente móveis e potentes, equipadas e
adestradas para conduzir o combate embarcado. Seu poder de combate repousa no
emprego combinado dos carros de combate e dos fuzileiros blindados.
Em princípio, as Bda Bld organizam suas peças de manobra para o combate
sob a forma de forças-tarefas (FT): FT RCC e FT BIB.
A Bda Inf Bld conta com a seguinte estrutura:
Figura 3 – Estrutura da Bda Inf Bld do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
31
Segundo o manual Quadro de Organização Escolar (QOEs) 100-1, da ECEME
(2014, p. 25), a Bda Inf Bld tem as seguintes quantidades de viaturas blindadas:
Tipo de Bld Qtde
VBTP 216
VBC CC 132
VBC OAP 24
VBC L Msl 9
VBR 7
Quadro 4 – Vtr Bld da Bda Inf Bld do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
3.1.2 Brigada de Cavalaria Blindada
Muito semelhante à Bda Inf Bld, a Bda C Bld conta com a seguinte estrutura:
Figura 4 – Estrutura da Bda C Bld do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
Segundo o manual escolar QOEs 100-1, da ECEME (2014, p. 25), a Bda C
Bld tem as seguintes quantidades de viaturas blindadas:
Tipo de Bld Qtde
VBTP 216
VBC CC 132
VBC OAP 24
VBC L Msl 9
VBR 7
Quadro 5 – Vtr Bld da Bda C Bld do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
32
3.1.3 Brigada de Cavalaria Mecanizada
A Bda C Mec é uma Grande Unidade (GU) básica de combinação de armas,
constituída por unidades de combate, apoio ao combate e de apoio logístico, com
capacidade de atuação operacional independente e de durar na ação. Dependendo
da missão, organizações adicionais de combate, apoio ao combate e apoio logístico
podem ser dadas em reforço à Bda (BRASIL, C 2-30, 2000).
A Bda C Mec é tática e logisticamente autônoma, o que lhe permite operar
isoladamente, embora por tempo limitado, como uma força blindada leve. O
prolongamento de sua participação em operações depende de um apoio logístico
(Ap Log) adequado e oportuno.
A Bda C Mec conta com a seguinte estrutura:
Figura 5 – Estrutura da Bda C Mec do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
Segundo o manual escolar QOEs 100-1, da ECEME (2014, p. 26), a Bda C
Mec tem as seguintes quantidades de viaturas blindadas:
Tipo de Bld Qtde
VBTP 81
VBR 46
VBC CC 28
VBC OAP 18
VBC L Msl 9
Quadro 6 – Vtr Bld da Bda Inf Mec do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
33
3.1.4 Brigada de Infantaria Mecanizada
Segundo Deus (2013, p. 38), o Estado-Maior do Exército (EME) aprovou, em
2010, as bases doutrinárias da Brigada de Infantaria Mecanizada (Bda Inf Mec) e do
Batalhão de Infantaria Mecanizado, e estabeleceu as diretrizes para a implantação,
em caráter experimental, da base doutrinária da Bda Inf Mec. A concepção básica
destas diretrizes prevê a implantação da doutrina de combate da Infantaria
Mecanizada sendo executada de forma progressiva.
Para que isso seja possível, foi criado o Projeto GUARANI, que tem por objetivo
transformar as Organizações Militares de Infantaria Motorizada em Mecanizada e
modernizar as Organizações Militares de Cavalaria Mecanizada. No bojo do projeto
estão sendo desenvolvidas novas famílias de Viaturas Blindadas de Rodas, a fim de
dotar o EB de meios para incrementar a dissuasão e a defesa do território nacional.
A primeira viatura desenvolvida foi a Viatura Blindada para Transporte de Tropa
Média de Rodas Guarani (ver figura 6), possibilitando a substituição das viaturas
URUTU, fabricadas pela ENGESA, que estão em uso há mais de 40 anos.
Figura 6 – VBTP-MR Guarani. Fonte: TECNOLOGIA E DEFESA, 2014.
No contexto do Processo de Transformação do EB, a 15ª Brigada de Infantaria
Motorizada foi escolhida para ser primeira Grande Unidade de Infantaria do Exército
Brasileiro a ser contemplada com veículos blindados sobre rodas, sendo
34
transformada em 15ª Brigada de Infantaria Mecanizada, pela Portaria nº 142, do
Comandante do Exército, em 13 de março de 2013.
O Centro de Instrução de Blindados, localizado em Santa Maria (RS), e a 15ª
Brigada de Infantaria Mecanizada, situada em Cascavel (PR), foram as primeiras
OM a receber a VBTP-MR Guarani, sendo os locais onde serão realizadas as
experimentações doutrinárias (DEFESANET, 2014).
Segundo o QOEs 100-1, da ECEME (2014, p. 26), a Bda Inf Mec conta com a
seguinte estrutura:
Figura 7 – Estrutura da Bda Inf Mec do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
De acordo com o mesmo manual escolar, a Bda Inf Mec tem as seguintes
quantidades de viaturas blindadas:
Tipo de Bld Qtde
VBTP 210
VBC CC (S/R) 54
VBC OAP 24
VBC L Msl 9
VBR 7
Quadro 7 – Vtr Bld da Bda Inf Mec do EB. Fonte: ECEME, QOEs 100-1, 2014.
35
3.2 COMPOSIÇÃO DAS UNIDADES E BRIGADAS NORTE-AMERICANAS
3.2.1 Escalão Brigada
A Bda é a maior organização do Exército definido pela combinação de armas,
além de ser a força de combate corpo a corpo primária. Para as operações de
combate, o componente terrestre das forças-tarefas conjuntas é construído em torno
da Brigade Combat Team (BCT) (ver figura 7).
Figura 8 – Tipos de Bda do Ex dos EUA. Fonte: EUA, Site oficial do Ex EUA, 2014.
A BCT inclui unidades e capacidades de cada função bélica. Ela é organizada
em tarefas para atender às exigências da missão específica. Atualmente, existem
três tipos de BCTs. Eles são a Equipe de Combate da Brigada Blindada (Armored
BCT), a Equipe de Combate da Brigada de Infantaria (Infantry BCT), e a Equipe de
Combate da Brigada Stryker (Stryker BCT).
Segundo o manual FM 3-90.6, Brigade Combat Team, de 2010, as Bda do Ex
dos EUA tem as seguintes estruturas:
36
Figura 9 – Brigada Blindada, Brigada de Infantaria e Brigada Stryker dos EUA. Fonte: EUA, FM 3-90.6, 2010, p. 1-10.
Todos os BCTs incluem elementos de manobra, fogos, reconhecimento,
apoio logístico, inteligência militar, polícia militar, comunicações e engenharia (ver
figura 8). O escalão superior pode acrescentar elementos aos BCTs para uma
missão específica, com recursos não orgânicos da estrutura BCT. O acréscimo pode
incluir elementos de aviação, blindados, canhões ou foguetes de artilharia, defesa
antiaérea, polícia militar, assuntos civis, elementos de apoio à informação,
engenheiros de combate, químicos, biológicos, radiológicos e nucleares, e/ou
sistemas adicionais de inteligência. Esta flexibilidade organizacional permite aos
BCTs funcionar em todo o espectro do conflito (EUA, FM 3-90.6, 2010, p. 1-6).
A figura 9 exemplifica a constituição de uma Bda Stryker.
37
Figura 10 – Brigada Stryker dos EUA. Fonte: EUA, FM 3-90.6, 2010, p. 1-13.
3.2.2 Escalões Unidade e Subunidade
As unidades atuam geralmente integrando FT. Recebem elementos de
Artilharia Antiaérea (até uma Bia), Engenharia (até uma SU), Artilharia de Campanha
(até uma Bia) e outros apoios necessários (RIBEIRO, 2007, p. 60). As figuras 11 e
12 dão uma boa noção da organização de U mecanizadas e blindadas:
Figura 11 - Unidade Mecanizada. Figura 12 – Unidade Blindada.
Figura 11 - Unidade Mecanizada. Figura 12 – Unidade Blindada. Fonte: EUA, FM 3-90.2, 2002, p. 2-2. Fonte: EUA, FM 3-90.2, 2002, p. 2-3.
38
As unidades Bld e Mec do Ex dos EUA possuem grande capacidade de
destruição, especialmente contra tropas mecanizadas e blindadas, fruto de seu
armamento de dotação. Para se ter uma ideia, observa-se a grande quantidade de
meios AC de que dispõe uma única FT SU Inf Mec (ver figura 13): são um total de
52 mísseis, com alcance entre 2500 e 3750 m, além de cinco metralhadoras 12,7
mm (munição perfurante), de 10 canhões de 25 mm (com munição AC) e de quatro
canhões de 120 mm, com razoável capacidade de estocagem de munição
(RIBEIRO, 2007, p. 62).
Figura 13 – Quadro com armamento de dotação de uma SU Inf Mec dos EUA. Fonte: RIBEIRO, 2007, p. 63.
3.3 COMPARAÇÃO ENTRE OS MEIOS
Existe uma certa similaridade quanto aos efetivos e organização das frações
Bld e Mec entre o EB e o Ex dos EUA, seja quanto aos cargos, seja quanto às
funções previstas.
Entretanto, comparando-se os meios previstos para as tropas Bld e Mec do
EB com as do Ex dos EUA, verifica-se a grande superioridade dos EUA em relação
aos armamentos AC.
Uma FT SU Inf Bld brasileira atua com os canhões de suas VBC e mais cinco
canhões/foguetes AC (com alcance inferior a 1000 m), enquanto uma FT SU dos
EUA conta, além dos canhões de suas VBC, com os canhões de 25 mm das VBTP e
com 52 mísseis AC, com alcance entre 2500 e 3750 m (RIBEIRO, 2007, p. 87).
39
3.4 CONCLUSÃO PARCIAL
Comparando-se a organização para o combate das Bda Bld e Mec do EB com
a do Ex dos EUA, observa-se que elas tem estruturas semelhantes. Entretanto, o EB
ainda está realizando a experimentação doutrinária de sua Bda Inf Mec, visando um
aprimoramento de seu Quadro de Organização, enquanto o Ex norte-americano já
possui uma larga experiência em combate no emprego de suas tropas, o que facilita
a sua consolidação doutrinária.
Concordando com Diniz (2005, p. 88), observo que a utilização das Bda Bld
brasileiras na condução da Defesa em Setor poderia se dar da mesma forma que no
exército dos EUA, tendo em vista que a organização básica da Bda Bld pouco difere.
Apresenta algumas diferenças no tocante aos equipamentos utilizados, tais como
viaturas blindadas e armamentos, entretanto, ambas tem grande mobilidade, poder
de fogo e potência de choque, igualando-se em natureza, onde todas as peças de
manobra são dotadas de viaturas de combate sobre lagartas, quer sejam de
transporte de pessoal, carros de combate e de apoio de fogo.
Nesse contexto, o grande diferenciador entre as Bda Bld brasileiras e norte-
americanas, seria a capacidade do poder de fogo direto norte-americano ser bem
maior que o brasileiro, haja vista o armamento principal dos seus CC (M1 – Abrams
com canhão de 120mm) e das suas VCI (M2 ou M3 – Bradley com canhão de 25mm
e Msl AC TOW), o que lhes proporcionaria um maior poder de destruição nas forças
inimigas. Além disso, o Ex dos EUA possui uma quantidade bem maior de armas AC
no nível FT SU.
Dessa forma, seria interessante que houvesse um incremento em armas AC
nos Quadros de Dotação de Material das Bda Bld e Mec do EB, a fim de melhorar a
Defesa contra Blindados de nossas tropas, além de possibilitar uma gama maior de
Pos Def aos Cmt a partir do nível SU.
40
4 DEFESA EM SETOR
4.1 GENERALIDADES
A Defesa em Setor é a técnica defensiva que proporciona o maior grau de
liberdade de manobra ao elemento subordinado em uma determinada Z Aç (ver
figura 14), sendo particularmente adequada para tropas blindadas e mecanizadas.
Figura 14 – Brigada usando a técnica de Defesa em Setor. Fonte: EUA, FM 3.90-3, 2001, p. 6-19.
A Defesa em Setor está baseada em uma doutrina de emprego defensivo
onde as tropas ocupam posições subsequentes no interior de áreas destinadas a
realização de ações de desgaste e destruição do inimigo (Setor), estabelecendo
Áreas de Engajamento (AE) e posições de bloqueio, procurando desgastar o
inimigo, canalizá-Io e contê-Io, preparando os contra-ataques de destruição em
profundidade. A manobra passa a ser conduzida em maior profundidade do que na
Defesa de Área, mesclando-se os conceitos de Defesa em Posição com os de
Movimentos Retrógrados (EsAO, 2011, p.8).
41
4.2 CASO HISTÓRICO
Traços de uma defesa em setor podem ser verificados quando se estuda as
batalhas árabes-israelenses. Ao findar a Guerra dos Seis Dias, em junho de 1967,
as Forças de Defesa de Israel (FDI) conquistaram as Colinas de Golan, que
pertenciam à Síria. A reconquista destas colinas foi a causa da guerra seguinte,
conhecida como a Guerra do Yom Kippur, no ano de 1973 (LIMA, 2000, p. 28).
A “Linha Púrpura”, linha de cessar fogo estabelecida entre a Síria e Israel,
em 10 de junho de 1967, foi palco de um dos maiores feitos militares das FDI.
Quando do início do conflito, encontravam-se mobiliando aquela linha a 7ª Brigada
Blindada, ao norte, e a Brigada BARAK, ao sul. Os feitos heroicos da 7ª Brigada
Blindada foram narrados no livro de Chaim Herzog, “A Guerra do Yom Kippur”, em
seu capítulo oitavo (HERZOG, 1977, p.148).
A 7ª Bda Bld combateu em uma área de 18 Km de largura com cerca de
3.200 m de profundidade e foi capaz de resistir aos maciços ataques sírios
(HERZOG, 1977, p.161). Além dos atos de heroísmo e do adestramento das FDI,
duas decisões de seu comandante, o General Avigdor, contribuíram
significativamente para o resultado final. A de ter à mão uma reserva, quaisquer que
fossem as circunstâncias, e a de manter três batalhões, em posição, nas alturas
dominantes do terreno e desdobrados em profundidade. Dessa forma, conseguiu
estabelecer excelentes áreas de engajamento, onde boa parte das forças inimigas
foram destruídas (ver Figura 15).
Nessa ocasião, a 7ª Bda Bld e a Bda BARAK resistiram, com cerca de 150
carros de combate, ao ataque de cinco Divisões Sírias, escalonadas em
profundidade, com mais de 1400 blindados (REIS, 2013, p. 4). Apesar da
desproporção dos meios, as tropas israelenses conseguiram deter o ataque sírio,
até a chegada dos reforços que foram mobilizados.
Conforme relata HERZOG, os carros de combate (CC) israelenses que
estavam posicionados na linha de frente permaneceram em suas posições
avançadas até que as forças sírias se aproximavam a tal ponto que eles seriam
destruídos. Nesse momento, retraíam para posições a retaguarda, que tinham sido
preparadas anteriormente e que eram bem conhecidas da guarnição, de onde
continuavam defendendo. Dessa forma, foi possível resistir ao ataque Sírio nas
Colinas de Golan (HERZOG, 1977).
42
Figura 15 – Ataque Sírio nas Colinas de Golan. Fonte: REIS, 2013, p. 5.
Pode-se considerar que as técnicas defensivas utilizadas pela 7ª Bda Bld
Israelense nas Colinas de Golan serviram de base para a formulação da Defesa em
Setor, que seria adotada pelo exército norte-americano a partir de 1982.
4.3 FATORES DA DECISÃO
Durante o Exame de Situação, metodologia concebida para a solução de um
problema militar, em qualquer nível, o comandante deve realizar o estudo dos
Fatores da Decisão, a fim de optar por como irá cumprir a sua missão.
Conforme o novo manual de Operações do EB (BRASIL, EB 20-MC-10.103,
2014, p. 3-11), os principais Fatores da Decisão a considerar são: MISSÃO,
INIMIGO, TERRENO e CONDIÇÕES METEOROLÓGICAS, MEIOS, TEMPO e
CONSIDERAÇÕES CIVIS.
A seguir, veremos quando o comandante deve optar por realizar a Defesa em
Setor, com base nos Fatores da Decisão.
43
4.3.1 Missão
Segundo o manual de Operações, 2014, “a missão é prescrita pelo escalão
superior, contendo aspectos considerados no contexto da manobra por ele
idealizada”. A Defesa em Setor é uma técnica que pode ser utilizada em diversas
formas de manobra e situações de combate.
Considerando o fator missão, o comandante de uma Bda Bld ou Mec poderá
optar pela Defesa em Setor quando:
- for determinado pelo escalão superior por meio de ordem direta ou intenção;
- a situação impuser a destruição do inimigo;
- visualizar que poderá obter grande surpresa e êxito com tal técnica;
- os demais fatores da decisão indicarem.
4.3.2 Inimigo
O aspecto mais importante que deve ser considerado é o estudo da matriz
doutrinária do inimigo. Estudando-a desde os tempos de paz, busca-se conhecer
as suas formas de atuação nos diversos ambientes operacionais.
Ao se determinar as vulnerabilidades do inimigo, deve-se levar em
consideração para a decisão por uma Defesa em Setor:
- o grau de mobilidade deste inimigo;
- o valor e a natureza das forças possíveis de serem empregadas dentro da
zona de ação da Bda;
- o valor dos seus multiplicadores do poder de combate, como, por exemplo,
os apoios de fogo e de engenharia.
4.3.3 Terreno e Condições Meteorológicas
O terreno é um dos fatores mais decisivos para a adoção da técnica de
Defesa em Setor por uma brigada. Os aspectos que devem ser considerados no
terreno para a escolha dessa técnica defensiva, entre outros, são:
- possuir boa rasância para as armas de tiro tenso;
- apresentar regiões que favoreçam a instalação de núcleos defensivos em
profundidade e nos flancos;
- quando o terreno não possuir boa região de bloqueio junto ao Limite Anterior
da Área de Defesa Avançada (LAADA);
44
- quando for demasiado desfavorável defender junto ao LAADA, em razão do
terreno de posse do inimigo exercer grande dominância sobre toda área adjacente
ao contato;
- quando o terreno dificulta repelir o ataque inimigo à frente do LAADA;
- quando o terreno permitir o estabelecimento de áreas de engajamento.
4.3.4 Meios
Embora a Defesa em Setor possa ser realizada por todos os tipos de brigada
e escalões subordinados, são as Bda Bld e Mec, com as suas FT U, as mais aptas a
empregar esta técnica defensiva, principalmente, devido ao seu grau de mobilidade,
poder de fogo e à sua maior diversidade em armas e calibres.
É importante levar em consideração que, quando se opta por uma Defesa em
Setor, se deve dispor de maciço apoio de fogo, especialmente anticarro (AC), para
realizar a destruição do inimigo pelo fogo.
Deve-se raciocinar que, em princípio, o atacante dispõe de superioridade de
meios em relação ao defensor, porém, ao se realizar a Defesa em Setor, o poder
relativo de combate no tocante a apoio de fogo deverá ser superior ao do adversário
nas AE previstas.
4.3.5 Tempo
O combate moderno potencializou a importância do fator tempo, embora o
mesmo já estivesse presente nos estudos de situação e nas considerações para a
tomada de decisão. A correta administração do tempo tornou-se, então,
imprescindível para que se consiga a sincronização das ações nos momentos e
locais decisivos. Para a Defesa em Setor a sincronização das ações deverá buscar o
máximo benefício dos meios empregados, particularmente quando atuando nas AE.
Nas operações defensivas, por exemplo, o tempo é fator fundamental na
ocupação da posição, na organização do terreno, na instalação de obstáculos, na
criação de áreas de engajamento, no planejamento dos fogos, no escalonamento da
defesa em profundidade e nos treinamentos de contra-ataques. A fim de ganhar o
tempo mínimo necessário para tais ações, os escalões mais elevados valem-se de
forças de segurança (BRASIL, EB 20-MC-10.103, 2014, p. 3-13).
As Bda Bld e Mec, empregando a Defesa em Setor, podem conduzir uma Def
A com uma frente bem maior do que se conduzissem uma defesa tradicional, devido
ao fato de que, na defesa tradicional, não há tempo ou espaço para reposicionar as
45
forças. A defesa em profundidade permite que as forças de segurança e forças da
área de defesa avançada identifiquem a operação decisiva do inimigo e controlem a
profundidade da penetração inimiga na área de defesa avançada. Devido às suas
ações defensivas, é conseguido o tempo necessário para reagir às ações do inimigo
e permitir a tomada de ações ofensivas para eliminar as opções inimigas, como, por
exemplo, conduzir contra-ataques nos flancos e retaguarda do inimigo (RIBEIRO,
2007, p. 47).
4.3.6 Considerações Civis
As Considerações Civis tornaram-se mandatórias como um dos fatores
preponderantes da decisão. A importância que as operações no nível tático têm
recebido no “Espaço de Batalha”, mesmo as empreendidas por frações elementares,
deve-se à imediata repercussão que essas ações podem produzir nas sociedades e,
consequentemente, na Expressão Política de um país (EB 20-MF-10.103, 2014, p.
3-14).
As Considerações Civis podem ser traduzidas pela influência das instituições
civis, das atitudes e atividades das lideranças civis, da população, da opinião
pública, do meio ambiente, de infraestruturas construídas pelo homem, das agências
civis, com capacidade de influir e formar opiniões entre os nacionais ou
internacionais, no Espaço de Batalha.
Dessa forma, na escolha da técnica de Defesa em Setor, deve-se considerar
todos os efeitos colaterais que as ações acarretarão sobre a população da área de
operações.
4.4 ORGANIZAÇÃO DA DEFESA
De maneira geral, a organização da Defesa em Setor se assemelha a uma
defesa de área tradicional, compreendendo:
- área de segurança;
- área de defesa avançada; e
- área de reserva.
Na Defesa em Setor, a tropa defende em profundidade para derrotar as forças
inimigas. Esta defesa é diferente da Def A tradicional, que visa a retenção do
terreno. Agora a missão se concentra na força inimiga. O terreno dentro do setor é
usado para obter uma vantagem, mas a retenção do mesmo não é o objetivo da
46
defesa. O foco está no desgaste do inimigo através da profundidade do campo de
batalha. Como defensor, a tropa mantém alguma iniciativa no sentido de que não
aceita o engajamento decisivo em uma linha especificada. Ele vai aceitar o combate
decisivo apenas quando e onde ele consiga a destruição da força inimiga (EUA, FM
71-100.2, 1993).
Para isso, são estabelecidas linhas de desengajamento. Elas são linhas
facilmente identificáveis no terreno que, quando atravessadas pelo inimigo, indicam
ao defensor que é hora de ocupar a sua próxima posição. O comandante pode
utilizar essas linhas tanto na ação retardadora, quanto na defesa em posição,
sempre que se queira evitar um engajamento decisivo (ver figura 16). Devem ser
estabelecidos critérios para o retraimento, como, por exemplo, um determinado
número de blindados inimigos ter ultrapassado a linha de desengajamento, ou ter
sido atingido um determinado percentual de perdas amigas (EUA, ADRP 3-90, 2012,
p. 4-5).
Salienta-se também o aumento de importância da Força de Cobertura em
uma ação de defesa em setor. Se ela passar a agir de forma mais ativa e agressiva,
procurando atingir os pontos decisivos do inimigo, cedendo o terreno somente onde
for pressionada, estará cumprindo suas atribuições, que são de canalizar,
desorganizar forças inimigas e degradar seu poder de combate de forma mais eficaz
(EsAO, 2011, p.8).
A Defesa em Setor tem muitos pontos em comum com uma ação
retardadora (movimento retrógrado). As forças são posicionadas para negar
acidentes capitais ao inimigo, para observá-lo desde o mais longe, e atingi-lo com
fogos longínquos, preservando ao máximo a liberdade de manobra. A diferença está
na atitude a tomar quando sob pressão: ao invés de simplesmente retrair, as forças
avançam e se posicionam lateralmente, só recuando quando o inimigo perder seus
meios ou efetivamente conquistar terreno (RIBEIRO, 2007, p.53).
No planejamento das ações, o comandante considera as vias de acesso
para as tropas blindadas e mecanizadas inimigas, estima o tamanho da força
atacante empregada e o tempo que o alvo estará exposto. Determina onde os
blindados podem ser destruídos e onde as armas anticarro podem ser posicionadas
para destrui-los nas AE (EsAO, 2011, p.8).
Para cumprir a missão de defesa do setor, o comandante pode usar
quaisquer das técnicas defensivas previstas, tais como: núcleos defensivos, pontos
47
fortes ou posições de bloqueio. O que se busca é o resultado: é esperado que o
inimigo designado pelo escalão superior (seja ele uma vanguarda, ou a tropa de
reconhecimento, ou outra qualquer) seja derrotado dentro do setor designado, ou
sejam infligidos danos suficientes para que ele perca sua capacidade ofensiva.
Observa-se que é uma técnica defensiva essencialmente orientada ao inimigo.
Figura 16 – Esquema de Manobra de Bda na Defesa em Setor. Fonte: EUA, FM 3-90.2, 2003, p. 6-11.
O relatório da EsAO, versando sobre a Doutrina Delta e as Op Def, em 2011,
considera a Defesa em Setor como uma forma de manobra eficaz de desgastar ou
destruir as forças inimigas onde realiza seu ataque principal (EsAO, 2011, p. 18).
O uso de setores permite flexibilidade e previne que o inimigo concentre um
poder de fogo superior contra a maior parte das forças que defendem. O terreno é
dividido em setores, sob a responsabilidade de uma fração, selecionados pelo
defensor, onde a tropa inimiga terá a sua mobilidade restringida pelos sistemas de
fogos e de barreiras dentro de áreas de engajamento. Nesses locais, sofrerá a ação
48
de fogos ajustados de posições de bloqueio e de contra-ataques, que visarão o
desgaste ou a destruição do inimigo, quebrando a impulsão do seu ataque (EUA, FM
3-90.2, 2003).
As ações dinâmicas de defesa crescem de importância com o emprego da
Def St, pois terão por finalidade minimizar os "riscos" no dispositivo flexível da tropa
que conduz este tipo de ação. Nesse contexto, o maior escalão em presença na
defesa deve adotar todas as medidas a fim de evitar um possível desbordamento
por parte do inimigo (EsAO, 2011, p.18).
Segundo Goulart (2008, p. 4), a essência do emprego de forças blindadas na
defensiva consiste em realizar uma defesa dinâmica, sendo que, para isso, essas
forças devem utilizar a profundidade da zona de ação para manobrar, alternando
entre ações de bloqueio do inimigo, de retardamento e de contra-ataque.
Na Def St o dispositivo defensivo permite flexibilidade, pois a defesa é
posicionada conforme o movimento da tropa atacante. Há uma grande liberdade de
ação ao elemento subordinado, que recebe a missão pela finalidade e planeja a
organização da posição defensiva de forma que possa explorar da melhor forma
todos os seus meios disponíveis (EsAO, 2011, p. 18).
4.5 ÁREA DE ENGAJAMENTO
De acordo com o Manual C 7-20 (2003, p. 5-19):
Chama-se área de engajamento (AE) a região selecionada pelo defensor, onde a tropa inimiga, com seu movimento canalizado e sua mobilidade restringida por um eficiente sistema de barreiras (com obstáculos naturais e artificiais), é engajada pelo fogo ajustado, simultâneo e concentrado de todas as armas de defesa. Tem a finalidade de causar o máximo de destruição, especialmente nos blindados inimigos, e de provocar o choque mental e físico pela violência, surpresa e letalidade dos fogos aplicados.
A AE deve possuir dimensões compatíveis com a força inimiga a ser
destruída e a eficácia das armas integrantes dos núcleos de defesa. No escalão U,
normalmente o valor do inimigo na área de engajamento corresponde ao escalão de
ataque, ou até todas as peças de manobra de duas companhias inimigas. Quando a
AE for valor SU, admitirá, no interior da área, o escalão de ataque de uma
subunidade ou todas as suas peças de manobra (ver Figura 17).
49
Figura 17 – Área de Engajamento de uma FT valor U. Fonte: BRASIL, C 17-20, 2002, p. 6-37.
4.6 MEDIDAS DE COORDENAÇÃO E CONTROLE
Para uma defesa ser coesa, sabe-se que os elementos de manobra não
podem dispor de total liberdade, sob o risco de fratricídio e de comprometer a
manobra do escalão enquadrante como um todo. Para proporcionar a coordenação
e a sincronização das ações, são estabelecidas medidas de coordenação e controle
(Mdd Coor Ct), tais como (RIBEIRO, 2007, p. 53):
4.6.1 Linha de controle (Phase Line, em inglês)
Linha de controle (L Ct) é uma linha balizada por acidentes nítidos do terreno,
facilmente identificável, utilizada para controlar ou coordenar a progressão de uma
ou mais unidades ou fasear uma operação e facilitar a adoção de plano alternativo
(C 20-1, 2003, p. L-3). Na Def St ela é traçada com a finalidade de regular a
progressão das frações, durante os retraimentos para posições em profundidade na
Z Aç (ver figura 18).
50
4.6.2 Áreas de Engajamento (Engagement Areas, em inglês)
Como observado no item 4.5, as AE são consideradas Mdd Coor Ct
importantes na organização da Def St. Dentro das AE serão desenvolvidos os
esforços principais voltados para a destruição das forças inimigas.
Figura 18 – Medidas de Coordenação e Controle na Defesa em Setor. Fonte: Estados Unidos (FM 3.90-3, 2001, p. 6-19) (Adaptado pelo autor)
4.6.3 Posições de Bloqueio (P Blq)
A P Blq é uma posição no terreno ocupada por uma tropa com o objetivo de
bloquear uma via de acesso, e deve, sempre que possível, ter as seguintes
características (C 2-20, 2002, p. 5-5 e 7-29):
1) domínio sobre as principais penetrantes do inimigo;
2) aproveitamento do terreno com boas características defensivas;
3) bons campos de tiro sobre as áreas de engajamento;
4) itinerários desenfiados para deslocamentos (retraimentos e rocadas); e
5) condições de transitabilidade através campo.
51
4.6.4 Linhas de Obstáculos
Os obstáculos táticos e os fogos manipulam o inimigo, dirigindo-o para a área
desejada, conforme a concepção da manobra e a intenção do comandante. Os
efeitos desejados dos obstáculos sobre o inimigo podem ser a dissociação, a
canalização, a fixação e o bloqueio, conforme se vê na figura 20 (C 7-20, 2003, p.5-
23).
4.6.5 Pontos de referência de alvos (PRA)
São pontos nítidos do terreno, naturais ou artificiais (preparados ou não pela
tropa), designados pelo defensor para definir alvos e facilitar a definição dos setores
de tiro dos núcleos defensivos e das armas de apoio de tiros diretos ou indiretos.
Podem ser usados para delimitar uma AE (ver figura 19). São numerados pelo
Coordenador de Apoio de Fogo da U, visando facilitar a identificação e rápida
designação dos mesmos (C 7-20, 2003, p.5-24).
4.6.6 Setores de tiro
Devem ser designados para os núcleos da defesa que atuarão na orla das AE
e para as armas de apoio (ver figura 19). São estabelecidos um setor principal e um
secundário, a ser empregado mediante ordem (C 7-20, 2003, p.5-24).
4.6.7 Posição de Ataque pelo Fogo (P Atq F)
Posição preparada ou não, a ser ocupada temporariamente, de onde são
realizados fogos diretos para destruir o inimigo a distância (ver figura 19). Visando
empregar o máximo volume possível de fogos para bater o inimigo no interior da
área de engajamento, poderá ser utilizado poder de fogo da reserva, principalmente
dos carros. Deve ser prevista uma posição da qual a reserva, ou suas frações,
possam atacar, pelo fogo, o inimigo que penetrou na AE, cooperando com sua
destruição (C 7-20, 2003, p.5-24).
4.6.8 Eixo de progressão para deslocamento da reserva
O deslocamento da reserva ou de suas frações para uma P Atq F será feito
em um eixo de progressão, uma vez que o deslocamento será com as frações
desdobradas no terreno, visando diminuir a eficiência da ação do inimigo,
principalmente com seus fogos de artilharia e ataques aéreos (ver figura 19). O
52
momento ideal para o início do deslocamento para a posição será determinado
através de linhas de acionamento (C 7-20, 2003, p.5-24).
Figura 19 – Medidas de Coordenação e Controle para uma Área de Engajamento. Fonte: BRASIL, C 7-20, 2003, p. 5-25.
4.6.9 Linhas de acionamento
São linhas estabelecidas no terreno para controlar o desencadeamento dos
fogos nas AE, conforme se vê na figura 19 (acima). São marcadas tomando-se por
base o alcance de utilização das diversas armas empregadas e a influência do
terreno e dos obstáculos existentes nos fogos dessas armas (C 7-20, 2003, p.5-24).
LEGENDA:
- A - Simbologia de Posição de Ataque pelo Fogo (P Atq F).
- B - Simbologia de um Ponto de Referência de Alvos (PRA).
- C - Linhas de Acionamento.
- D - Delimitação de setores de tiro principal e secundário, utilizando-se PRA.
No caso, demonstrado os St de 2 Pel Fzo e da fração de carros da reserva, na P
Atq F.
- E - E Prog para deslocamento da reserva.
53
4.6.10 Prioridade de engajamento dos fogos
Deve ser realizada uma hierarquização na seleção da arma a ser
empregada, considerando a natureza e localização do alvo inimigo, alcance eficaz
das armas e o efeito desejado (C 7-20, 2003, p.5-24).
4.7 O APOIO AO COMBATE
Segundo Ribeiro (2007, p. 55), o emprego dos apoios de forma integrada e
sincronizada com a manobra é considerado crítico e essencial na Defesa em Setor.
A mentalidade de armas combinadas deve ser aprimorada na DMTB, a fim de tornar-
se uma realidade presente em todos os escalões da força.
O comandante tático é o responsável pelo planejamento de emprego dos
apoios. A decisão conta com o assessoramento técnico do elemento que presta o
apoio, mas é o elemento de manobra que define os efeitos desejados. Os apoios
devem participar de todo o processo de tomada de decisão, para que as linhas de
ação sejam formuladas de forma integrada. Cada detalhe é acertado e consolidado
em matrizes de sincronização, que devem ser exaustivamente ensaiadas.
4.7.1 Apoio de Fogo
Para o Ex dos EUA, o escalão U, normalmente, é o menor escalão que
elabora um conceito para os fogos na defensiva. Aos escalões inferiores cabe a
execução e as solicitações de apoio. Para tanto, a partir deste escalão, há um oficial
de ligação de artilharia e sua equipe designada, para coordenar e operacionalizar o
apoio de fogo. Além do oficial de ligação, as U recebem equipes para trabalharem
junto às SU (RIBEIRO, 2007, p. 55).
Estas equipes são compostas pelo Observador Avançado e auxiliares (num
total de aproximadamente seis elementos), que se deslocam numa Vtr Bld com
equipamentos especiais para a condução do tiro. Esta equipe deve ser preparada
para a solicitação de fogos da Força Aérea Componente, da Força Naval
Componente, da Aviação do Exército (Av Ex) ou de qualquer outro apoio de fogo
suplementar (RIBEIRO, 2007, p. 55).
É o comandante tático, por meio de uma diretriz de fogos, que determina como será prestado o apoio. Ele determina, ainda, quem será responsável pela condução das concentrações, determina seu tipo e o efeito desejado, em cada fase da operação (RIBEIRO, 2007, p. 55).
54
4.7.2 Apoio de Engenharia
É, normalmente, a partir do escalão U que se determina o emprego dos meios de engenharia, com uma concepção geral sobre os trabalhos a serem executados. Para se chegar a esta concepção, o Cmt tático é informado, previamente, sobre quais meios e que quantidade de pessoal disporá para a operação. Assessorado por um Oficial de Engenharia (Eng), o Cmt tático decidirá de que forma empregará os meios de que dispõe (RIBEIRO, 2007, p. 56).
Fazendo-se um comparativo com as necessidades de apoio de Eng para
a realização de uma Defesa Elástica, observa-se que, assim como na Defesa em
Setor, cresce de importância a preparação das áreas de engajamento selecionadas,
onde a tropa inimiga, com a sua mobilidade restringida pelo terreno e pelo sistema
de barreiras, é engajada pelo fogo ajustado, simultâneo e concentrado de todas as
armas. Para isso, o sistema de barreiras, o posicionamento dos núcleos defensivos
e a ação das forças de segurança devem ser orientados para canalizar as forças
inimigas para o interior das áreas de engajamento, conforme se vê na figura 20
(BARBOSA, 2003, p. 5).
Figura 20 – Sistema de obstáculos para uma Área de Engajamento. Fonte: BRASIL, C 7-20, 2003, p. 5-23.
Cabe salientar ainda o apoio de Eng na construção de obstáculos AC no
interior das AE. O sucesso da operação depende da separação dos blindados
55
inimigos da infantaria que os acompanha e protege, permitindo batê-los por partes.
Dessa forma, o êxito da Defesa em Setor dependerá de uma excelente integração
entre todos os meios AC, sejam eles obstáculos ou os diversos tipos de armas AC
disponíveis.
4.7.3 Demais apoios
Os planejamentos de Defesa Antiaérea (DAAe); Defesa Química, Biológica e
Nuclear; Comando e Controle (C²); Guerra Eletrônica e Logística são, igualmente,
coordenados e sincronizados com a manobra do comandante tático. Nenhum apoio,
mesmo proporcionado pelo escalão superior, pode realizar deslocamentos ou
interferir, de alguma forma, na manobra executada no interior de determinada Área
de Operações sem o conhecimento do comandante tático responsável por ela. Estes
detalhes são revistos na fase de confecção da matriz de sincronização e
devidamente esclarecidos no decorrer dos ensaios (RIBEIRO, 2007, p. 56).
4.8 CONCLUSÃO PARCIAL
As brigadas blindadas e mecanizadas contam atualmente com uma ampla
variedade de técnicas e táticas defensivas, que procuram se contrapor a um maior
número de situações possíveis criadas pelo atacante no campo de batalha moderno.
No presente capítulo, observou-se que a Defesa em Setor, apesar de ainda não
ter sido contemplado pela DMTB, é uma técnica defensiva que dá grande
flexibilidade ao comandante, permitindo que ele possa conduzir uma defesa em
profundidade em sua zona de ação.
Além disso, a técnica favorece a iniciativa do defensor, que não fica estático,
aguardando os golpes do atacante. Ao contrário, quem defende em setor está
sempre em movimento, procurando o melhor local para abater o seu adversário.
Dessa forma, conclui-se parcialmente que a Defesa em Setor é uma técnica
defensiva essencialmente orientada ao inimigo, não tendo como foco a manutenção
do terreno. Por isso, acredita-se que ela possa ser especialmente útil para a DMTB,
sendo particularmente adequada para tropas blindadas e mecanizadas.
56
5 CONCLUSÃO
O presente trabalho teve por objetivo analisar a técnica de Defesa em Setor,
verificando se a mesma pode ser adotada pela DMTB, particularmente nas Bda Bld
e Mec do EB.
Conforme visto no Capítulo 1, apesar do EME estar reformulando a doutrina
brasileira, a partir do Processo de Transformação do EB, iniciado em 2010, verificou-
se que o novo Conceito Operativo do Exército de Operações no Amplo Espectro não
abarcou, até o presente momento, a técnica da Defesa em Setor.
Dessa forma, pretendeu-se responder as seguintes questões de estudo:
a) a técnica de Defesa em Setor traz novos ensinamentos e soluções para o
emprego de tropas Bld e Mec em Op Def?
b) ela é adequada e pode ser enquadrada pelos fundamentos da defensiva da
DMTB?
c) o EB poderá adotar a referida técnica desde já, ou terá que realizar
adaptações em sua estrutura ou meios militares?
Bem, inicialmente, iremos discutir a primeira questão.
Conforme o estudo apresentado, a técnica de Defesa em Setor vem ao
encontro do processo de modernização de nossa doutrina militar, tornando a defesa
mais dinâmica e flexível, pois proporciona maior liberdade de ação aos escalões
subordinados, ao mesmo tempo em que exige maior sincronização dos sistemas
operacionais até o nível SU. Além disso, a Def St desvia o foco da defensiva da
manutenção do terreno, vocacionando a defesa mais para as atitudes do inimigo,
buscando a neutralização de suas ações e a retomada da iniciativa do combate.
No tocante à segunda questão, pode-se concluir que a Defesa em Setor é
adequada e pode ser enquadrada pelos fundamentos da defensiva da DMTB, uma
vez que supre as seguintes demandas: apropriada utilização do terreno; segurança;
apoio mútuo; defesa em todas as direções; defesa em profundidade; flexibilidade;
máximo emprego de ações ofensivas; dispersão; utilização do tempo disponível; e
integração e coordenação das medidas de defesa.
Em relação à questão: se o EB poderá adotar a referida técnica desde já, ou
terá que realizar adaptações em sua estrutura ou meios militares, cabe algumas
observações:
57
a) o EB ainda está realizando a experimentação doutrinária em sua Bda Inf
Mec, o quê permitirá um aprimoramento natural em seu Quadro de Organização;
b) seria interessante que houvesse um incremento em armas AC nos Quadros
de Dotação de Material das Bda Bld e Mec do EB, a fim de melhorar a Defesa contra
Blindados de nossas tropas, além de possibilitar uma gama maior de Pos Def ao
comandante tático; e
c) há a necessidade de um forte apoio de Eng para a execução do Plano de
Barreiras na Defesa em Setor, uma vez que a tropa irá atuar em uma Z Aç mais
profunda, em que são previstas diversas Áreas de Engajamento ao longo da
mesma.
Após essas pequenas considerações apresentadas, afirma-se que sim, o EB
poderá adotar a Defesa em Setor em sua doutrina desde já, pois a adoção da
técnica não vai requerer grandes mudanças nos quadros de organização das
unidades, além de representar um grande avanço rumo à modernização doutrinária.
As Operações Defensivas devem ser planejadas para se contraporem a forças
inimigas cada vez mais móveis e com maior poder de fogo. Para isso, o defensor
deve ter um variado leque de opções, a fim de adotar a manobra mais vantajosa
para o cumprimento de sua missão. Dessa forma, a Defesa em Setor pode ser mais
opção para o emprego em Op Def na doutrina brasileira.
CARLOS ANDRÉ MACIEL LEVY – Maj Cav
58
REFERÊNCIAS
ABNT. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Informação e documentação – Trabalhos Acadêmicos – Apresentação (ABNT NBR 14724:2002). Rio de Janeiro: ABNT, 2002. ARGENTINA, Ejército. Estado Mayor General Del Ejército Argentino. ROB-00-01: Conducción del Ejército Argentino. Buenos Aires, 2007. BARBOSA, Cloves Fernandes. A Defesa Elástica conduzida pela Brigada de Infantaria Blindada do Exército Brasileiro. Artigo Científico. ECEME, 2007. BRASIL. Exército. Estado-Maior. C 100-5: Operações. 2. ed. Brasília: EGGCF, 1988. ______. C 100-5: Operações. 3. ed. Brasília: EGGCF, 1997. ______. EB20-MF-10.103: Operações. 4. ed. Brasília: EME, 2014. ______. EB20-MF-10.102: Doutrina Militar Terrestre.1. ed. Brasília: EME, 2014. ______. EB20-MC-10.202: Força Terrestre Componente. 1.ed. Brasília: EME, 2014.
______. IP 100-1: Bases para a Modernização da Doutrina de Emprego da Força Terrestre – Doutrina Delta. 1. ed. Brasília: EGGCF, 1996. ______. IP 1-30: Brigada de Aviação do Exército. 1. ed. Brasília: EGGCF, 2003. ______. C 17-20: Forças-Tarefas Blindadas. 3. ed. Brasília: EGGCF, 2002. ______. C 7-20: Batalhões de Infantaria. 3. ed. Brasília: EGGCF, 2003. ______. C 2-30: Brigada de Cavalaria Mecanizada. 2. ed. Brasília: EGGCF, 2000. ______. C 2-20: Regimento de Cavalaria Mecanizado. 2. ed. Brasília: EGGCF, 2002. ______. C 20-1: Glossário de Termos e Expressões para uso no Exército. 3. ed. Brasília: EGGCF, 2003. ______. C 61-100: A Divisão de Exército. 2. ed. Brasília: EGGCF, 1990. ______. C 101-5: Estado-Maior e Ordens. 2. ed. Brasília: EGGCF, 2003. ______. O Processo de Transformação do Exército Brasileiro. 3. ed. Brasília: EME, 2010. CLAUSEWITZ, Carl Von. Da Guerra. Prefácio de Anatole Rapaport. Trad. Maria Teresa Ramos. São Paulo: Martins Fontes Ed., 1979 [1832].
59
DEFESANET. Guarani – Novas Capacidades com Proteção. Disponível em: <http://www.defesanet.com.br/guarani/noticia/14684/Guarani---Novas-capacidade-com-Protecao/> Acesso em: 23 mar. 2014. DEUS, Walter Henrique Amaral. A Infantaria Mecanizada: uma realidade no Exército Brasileiro. Doutrina Militar Terrestre em Revista. Ano 1. ed. 2. Brasília, 2013. DINIZ, Caio Valeriani. A Defesa em Setor conduzida pela Brigada Blindada do Exército Brasileiro. Dissertação de Mestrado. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Rio de Janeiro, 2005. ECEME. Manual Escolar (ME 21-253) – Formatação de Trabalhos Acadêmicos. 2. Ed. Rio de Janeiro: ECEME, 2007. ______. Manual Escolar (QOEs 100-1) – Organização das Forças Militares do Teatro de Operações. Rio de Janeiro: ECEME, 2014. ESAO. Relatório Nr 001/Div Ens – As Operações Defensivas no Contexto da Doutrina Delta. Rio de Janeiro: ESAO, 2011. ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA. Headquarters. Department of the Army. FM 3-0: Operations. Washington, D.C., 2008. ______. FM 3-0 C1: Operations. Washington, D.C., 2011. ______. FM 3-90: Tactics. Washington, D.C., 2001. ______. FM 3-90.1: Offense and Defense. Washington, D.C., 2013. ______. FM 3-90.2: The Tank and Mechanized Infantry Battalion Task Force. Washington, D.C., 2003. ______. FM 3-90.5: Heavy Brigade Team. Washington, D.C., 2005. ______. FM 3-90.6: Brigade Combat Team. Washington, D.C., 2010. ______. FM 17-95: Cavalry Operations. Washington, D.C., 1996. ______. ADP 3-90: Offense and Defense. Washington, D.C., 2012. ______. ADP 3-0: Unified Land Operations. Washington, D.C., 2011. ______. ADRP 3-90: Offense and Defense. Washington, D.C., 2012. ______. FM 71-100: Division Operations. Washington, D.C., 1996. ______. FM 71-100.2: Infantry Division Operations. Washington, D.C., 1996.
60
______. FM 3-21.10: The Infantry Rifle Company. Washington, D.C., 2006. ______. FM 3-21.20: The Infantry Battalion. Washington, D.C., 2006. ______. FM 3-21.31: The Stryker Brigade Combat Team. Washington, D.C., 2003. ______. Site do Exército dos EUA. Disponível em: <http://usacac.army.mil/CAC2/doctrine> . Acesso em: 17 fev. 2014. GOULART, Fernando Rodrigues. A defesa dinâmica. Revista Ação de Choque n.7. Centro de Instrução de Blindados, Santa Maria, 2008. HERZOG, Chaim. A Guerra do Yom Kippur; tradução de Júlio Galvez. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1977. HUNTINGTON, Samuel. apud DARÓZ, Carlos Roberto C. Site de História Militar. Disponível em: <http://darozhistoriamilitar.blogspot.com.br/2013/02/pensamento-militar.html>. Acesso em: 20 mar. 2013. LIMA, Álvaro Roberto Cruz Ferreira. Reflexos da Doutrina Delta no emprego das Brigadas de Infantaria em operações defensivas: uma visão. Monografia. Rio de Janeiro: ECEME, 2000. NASCIMENTO, Hertz Pires do. A Abrangente Concepção de Emprego da Força Terrestre. In Military Review (edição brasileira), maio-jun, 2013, p. 8-17. NEVES, Eduardo Borba; DOMINGUES, Clayton Amaral. Manual de Metodologia da Pesquisa Científica. Rio de Janeiro: EB/CEP, 2007. 204 p. ISBN: 978-85-7806-0001-5. REIS, Flávio Américo. A Repercussão da Guerra do Yom Kippur para a evolução da DMTB e para o Aperfeiçoamento da Arte da Guerra no EB, particularmente no que se refere ao Emprego de Blindados. Disponível em: <http:// www.ecsbdefesa.com.br/fts/YomKippur.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2013. RIBEIRO, Marcelo Carvalho. Defesa em Setor nas Brigadas Blindadas e Mecanizadas. Dissertação de Doutorado. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Rio de Janeiro, 2007. ROSA, Emerson Colpo Gaier. O Emprego das Operações de Defesa em Posição para a Doutrina Delta: sua validade no combate moderno. Monografia. Escola de Comando e Estado-Maior do Exército. Rio de Janeiro, 2012. TECNOLOGIA E DEFESA. EB confirma 86 Guarani 6x6 LED. Disponível em: <http://www.tecnodefesa.com.br/>. Acesso em: 23 mar. 2014. TOFFLER, Alvin e Heidi. Guerra e Anti-Guerra: sobrevivência na aurora do Terceiro Milênio.1. ed. Rio de Janeiro: BIBLIEX,1995.
61
TROVIZO, Ricardo de Castro. As Operações Defensivas Segundo a Doutrina Delta: uma interpretação. In: V ENABED - Encontro Nacional da Associação de Estudos da Defesa: Democracia, Defesa e Forças Armadas. Congresso, Fortaleza: 2011. SCHUBERT, Franck N.; KRAUS, Theresa L. Tempestade do Deserto: Operações da Guerra do Golfo. 1. ed. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1998. SCHUURMAN, Bart. Clausewitz e os Estudiosos da “Nova Guerra”. In Military Review (edição brasileira), set-out, 2011. p. 47-56.
VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 2. ed. São Paulo: Editora ATLAS, 1998.