sutra de lótus - bs

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    SUTRA DE LTUS.Budismo Fcil.

    Compilao de publicaes do Jornal BS.

    Observao adicionada no captulo 12 por Anne Almeida.

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    NDICE

    O Sutra de Ltus 03

    O 1 Captulo do Sutra de Ltus (parte 1) 05

    O 1 captulo do Sutra de Ltus (parte 2) 07

    Hoben segundo captulo 09

    Terceiro captulo do Sutra de Ltus Parbolas 12

    Quarto captulo do Sutra de Ltus Shingue 14

    Quinto captulo do Sutra de Ltus Parbola das Ervas Medicinais 16

    Sexto captulo do Sutra de Ltus Juki (parte 1) 18

    Sexto captulo do Sutra de Ltus Juki (parte 2) 20

    O stimo captulo do Sutra de Ltus Kejoyu 22

    Oitavo captulo do Sutra de Ltus Profecia da iluminao de Quinhentos Discpulos 24

    O nono captulo do Sutra de Ltus Ninki 26

    Hosshi o dcimo captulo do Sutra de Ltus 28

    O dcimo primeiro captulo do Sutra de Ltus Torre do Tesouro 30

    O dcimo segundo captulo do Sutra de Ltus Devadatta 32

    O dcimo terceiro captulo do Sutra de Ltus devoo encorajadora (Kanji) 35

    Dcimo quarto captulo do Sutra de Ltus Prticas Pacficas 37

    Dcimo quinto captulo do Sutra de Ltus Emergindo da Terra 39Dcimo sexto captulo do Sutra de Ltus Revelao da Vida Eterna do Buda 41

    O 17 captulo do Sutra de Ltus Distino de Benefcios 43

    O 18 captulo do Sutra de Ltus Os Benefcios da Alegre Aceitao 45

    O 19o captulo do Sutra de Ltus Os Benefcios do Mestre da Lei (parte 1) 47

    O 19o captulo do Sutra de Ltus Os Benefcios do Mestre da Lei (parte 2) 49

    O 20o captulo do Sutra de Ltus Bodhisattva 51

    O 21o captulo do Sutra de Ltus Os Poderes Msticos do Buda (parte 1) 53

    O 21o captulo do Sutra de Ltus Os Poderes Msticos do Buda (parte 2) 55

    O 22o captulo do Sutra de Ltus Transferncia 57

    23o captulo do Sutra de Ltus Os Feitos Anteriores do Bodhisattva Reis dos Remdios 59

    Dcimo quarto captulo do Sutra de Ltus Prticas Pacficas 61

    25o captulo do Sutra de Ltus - Portal Universal do Bodhisattva Percebedor dos Sons do Mundo 63

    26o captulo do Sutra de Ltus Dharani 65

    27o captulo do Sutra de Ltus Os feitos anteriores do Rei Adorno Maravilhoso 67

    28o captulo Encorajamento ao Bodhisattva Mrito Universal 69

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    O Sutra de LtusEdio 1924 - Publicado em 19/Janeiro/2008 - Pgina A8

    Sutra de Ltus (Saddharma-pundarika sutra em snscrito) foi pregado pelo Buda Sakyamuninos ltimos oito anos de vida dele. Aps a morte de Sakyamuni, seus discpulos reuniram-se

    para compilar seus ensinos, exposto no perodo de 45 a 50 anos, de maneira que pudessemser transmitidos s geraes futuras.

    Segundo a tradio budista, o Primeiro Conselho da Ordem Budista foi realizado na Gruta dasSete Folhas, perto de Rajagriha, capital do Estado de Magadha, na ndia Oriental, trs mesesaps a morte do Buda. Dela participaram 500 monges presididos por Mahakashyapa queperguntou a Ananda sobre as doutrinas e a Upali sobre as regras das disciplinas.

    Ananda foi escolhido porque havia acompanhado o Buda por um longo perodo e, como seuauxiliar pessoal, havia captado seus ensinos mais do que qualquer outro discpulo; Upali, por

    ser considerado o mais notvel a respeito das disciplinas e por dominar a fundo as regras eos regulamentos. Quando interrogado por Mahakashyapa sobre o local e o que Sakyamunihavia pregado, Ananda costumava dizer Assim eu ouvi. O Buda estava certa vez em..., razopela qual tradicionalmente todos os sutras iniciam com a frase Assim eu ouvi.

    Os membros que participaram dessa assemblia confirmaram a retido das recitaes deAnanda e Upali referentes s palavras do Buda e em seguida todos recitaram de novo e emunssono estabelecendo dessa forma a verso definitiva. Entretanto, essa verso no foiescrita, pois naquela poca os ensinos religiosos eram apenas memorizados e transmitidosoralmente.

    Aps a primeira assemblia, obedecendo a vontade de Sakyamuni, a Ordem acatou asdoutrinas e os regulamentos compilados nessa ocasio, tomando-os como seu mestre e nelesbasearam suas atividades.

    Durante um sculo aps a assemblia, as regras disciplinares que os monges deveriam seguirforam compiladas e preservadas em textos conhecidos como vinaya, enquanto as doutrinas eos ensinamentos foram compilados em diversos textos, conhecidos como sutras.

    O Segundo Conselho foi realizado cem anos depois; e duzentos anos depois, o rei Asokapromoveu o Terceiro Conselho da Ordem Budista. Quatrocentos anos aps a morte do Buda, oQuarto Conselho foi realizado com o apoio do rei Kanishka.

    Com o passar do tempo, o sutra foi traduzido e levado da ndia China. Deste pas, foitransmitido para o Japo, particularmente na sua oitava traduo, realizada por Kumarajiva eintitulada Miao-fa lien-hua ching ou Myoho-rengue-kyo.

    O termo snscrito do ttulo, saddharma, traduzido freqentemente como boa lei, mas essatraduo no expressa totalmente seu significado. O termo sat, ou sad, provm da raizsnscrita que significa existir e significa algo como verdadeiro, real, genuno ouautntico. O termo dharma pode ser traduzido como doutrina ou ensino, mas tambmpode ser interpretado como verdade ou at mesmo como essncia real dos fenmenos.

    Juntando-se os dois termos, saddharma, o resultado seria algo como verdade absoluta.

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    Pundarika significa ltus branco. Dessa forma, o ttulo desse sutra seria Ltus Branco daVerdade Absoluta. Esse ttulo remete idia de que, embora o ltus cresa no pntano, asptalas de suas flores so puras e imaculadas. Essa flor um smbolo de pureza em meio impureza, ou da iluminao em meio s questes seculares.J sutra um termo que designa antigos tratados da ndia. A traduo de Kumarajiva d ivideo Sutra de Ltus em 28 captulos, os quais consistem de uma combinao de um texto em

    prosa e um texto em versos. Os versos eram utilizados antigamente para facilitar amemorizao dos ensinos pelos seus seguidores. provvel que a parte em prosa tenha sidoacrescida posteriormente para tornar o texto uma narrativa contnua, originando sua formafinal.

    O erudito chins Tientai (537597), um dos grandes estudiosos do budismo, fundador daescola Tendai e organizador do cnone budista, foi um dos maiores propagadores do Sutra deLtus na China.

    Em 804, o monge Saityo, tambm conhecido como Grande Mestre Dengyo, levou o budismo daescola Tendai para o Japo. Dengyo acreditava que todas as pessoas possuam a natureza deBuda e que o Sutra de Ltus era o verdadeiro ensino que expunha a iluminao.

    Mas foi Nitiren Daishonin (12221282), fundador do Budismo Nitiren, quem revelou averdade intrnseca ao Sutra de Ltus, especificamente em seus captulos Meios (Hoben) eRevelao da Vida Eterna do Buda (Juryo) e manifestou-a pela invocao de seu ttulo emjapons, estabelecendo assim a prtica da recitao do Nam-myoho-rengue-kyo.

    Daishonin, que constantemente utilizava passagens do Sutra de Ltus ao expor seus ensinosaos seguidores e para escrever suas cartas, conhecidas como Gosho, baseava-se noscomentrios sobre o Sutra de Ltus feitos por Tientai. Em vrias de suas passagens, ele cita

    frases e parbolas do Sutra de Ltus, muitas vezes num linguajar simplificado tornando,assim, mais acessvel compreenso dos ensinos contidos nesse sutra.

    Fontes: Terceira Civilizao, edio no 407, julho de 2002, pg. 3. Fundamentos do Budismo, pgs. 120 e 121.

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    O 1o Captulo do Sutra de LtusEdio 1926 - Publicado em 09/Fevereiro/2008 - Pgina A8

    Introduo Parte 1

    O 1o captulo (Introduo) dividido em trs partes principais de acordo com seu contedo.

    A primeira parte a frase de abertura Assim eu ouvi, aps a qual apresentada acongregao de todos os tipos de seres sensveis reunidos no Pico da guia. Essa fase apareceno incio de quase todos os sutras.

    A segunda parte comea quando o Buda entra no samadhi do lugar dos imensurveissignificados (The Ltus Sutra [LS], pg. 5), e manifesta uma variedade de fenmenosextraordinrios.

    A terceira parte d-se em seguida, quando o Buda emite um raio de luz do tufo de cabelosbrancos entre suas sobrancelhas, iluminando dezoito mil mundos a leste.

    Com relao Assim eu ouvi, em Palavras e Frases do Sutra de Ltus, consta: Assim euouvi... so palavras que indicam f e concordncia. F significa compreenso do que foiouvido. E compreenso significa que [a pessoa procede como algum que] segue o caminho demestre e discpulo. (Vol. 1.)1Em seguida, o cenrio e os personagens so apresentados:

    Certa vez, o Buda estava em Rajagriha, no Monte Gridhrakuta (Pico da guia). Junto com ele

    havia uma multido de importantes monges cujo nmero chegava a doze mil...

    Seus nomes eram Ajnata Kaundinya, Mahakashyapa,... Ananda e Rahula. Todos eram comoesses, grandes arhats muito conhecidos pelos outros.

    Havia tambm duas mil pessoas, algumas das quais estavam ainda aprendendo e outras quej haviam concludo seu aprendizado.

    Havia a monja Mahaprajapati com seus seis mil seguidores.

    E ame de Rahula, a monja Yashodara, com seus seguidores.Havia bodhisattvas e mahasattvas, oitenta mil deles...

    ... E o Rei Ajatashatru, filho de Vaidehi, com vrias centenas de milhares de seguidores...

    Cada um deles, aps fazer uma reverncia aos ps do Buda, retirou-se e tomou seu assento.(LS3, 5).2O sutra passa ento a apresentar os participantes da assemblia na seguinte ordem:

    (1) Doze mil monges que haviam atingido o estado de arhat, o mais alto estgio dos ouvintes

    (pessoas de Erudio). So dados os nomes de vinte e um arhat como representantes deste

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    grupo, dentre os quais conhecidos discpulos como Ajnata Kaundinya, Mahakashyapa eShariputra (Sharihotsu, em japons).

    Alm do mais, outros dois mil ouvintes que ainda estavam aprendendo ou que haviamconcludo seu aprendizado tambm estavam presentes. Aqueles que ainda estavamaprendendo so os discpulos que ainda estavam praticando os trs tipos de aprendizado

    necessrios para atingir o estado de arhat, os quais so os preceitos, a meditao e asabedoria.Aqueles que haviam concludo seu aprendizado so os discpulos que j haviam atingido oestado de arhat e no tinham mais nada a aprender.

    (2) A monja Mahaprajapati, tia e me adotiva de Sakyamuni; a monja Yashodhara, esposa deSakyamuni antes de ele renunciar vida secular; e vrios milhares de seus respectivosseguidores.

    (3) Oitenta mil bodhisattvas. So apresentados 18 nomes como representantes deste grupo,dentre os quais o Bodhisattva Manjushri e o Bodhisattva Percebedor dos Sons do Mundo.

    Aps a apresentao desses ouvintes e bodhisattvas, ficamos conhecendo uma variedade deoutros seres sensveis do mundo saha que chegam para participarem da assemblia:

    (4) Os reis e filhos de deuses de vrios mundos celestes, tais como Shakra Devanam Indra(Taishaku), os Quatro Grandes Reis Celestes e o Rei Brahma (Bonten). Seus seguidorestotalizavam algo em torno de setenta ou 80 mil, ou bem mais de 100 mil, dependendo damaneira como se calcula seu nmero.

    (5) Oito reis drages e seus seguidores.

    (6) Quatro reis kimnara e seus seguidores.

    (7) Quatro reis gandharva e seus seguidores.

    (8) Quatro reis asura e seus seguidores.

    (9) Quatro reis garuda e seus seguidores.

    (10) O Rei Ajatashatru e seus seguidores. 3

    Este vasto nmero de seres que totalizava pelo menos vrias centenas de milhares ou atmesmo vrios milhes reunidos para a pregao do Sutra de Ltus, podem ser interpretadossimbolizando as diferentes funes e atividades inerentes prpria vida. A assemblia docaptulo Introduo uma manifestao de todos os seres dos Nove Mundos (estados deInferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranqilidade, Alegria, Erudio, Absoro, Bodhisattva) quese encontram na prpria vida do Buda.Cada um fez reverncia aos ps do Buda, postaram-se ao lado, e sentaram-se.

    Notas: Terceira Civilizao, edio no 462, fevereiro de 2007, pg. 20.

    Brasil Seikyo, edio no 1.332, 19 de agosto de 1995, pg. 4. Ibidem.

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    O 1o captulo do Sutra de LtusEdio 1928 - Publicado em 23/Fevereiro/2008 - Pgina A8

    Introduo Parte 2

    O Honrado pelo Mundo, circundado pela Assemblia de Quatro Tipos de Crentes, recebeuoferecimentos, foi honrado, venerado, e elogiado; e ento iniciou a pregao do sutraMuryogui (Infinitos Significados), na qual ele afirma: Nestes mais de quarenta anos, norevelei a verdade1 e os infinitos significados derivam de uma nica Lei2. Isso confirma queSakyamuni exps somente ensinos provisrios nos primeiros quarenta anos de pregao, eque o seu ensino mximo ensinado no Sutra de Ltus.

    Nesse sutra, Sakyamuni explica a realidade mxima da vida por meio das trinta e quatronegativas:

    Seu corpo no existe nem no existe, / No foi causado nem condicionado, nem sou eu nem ooutro, / No quadrado nem redondo, no curto nem longo, / No aparece nem desaparece,no nasceu nem foi extinto, / No foi criado nem surgiu, no foi produzido nem feito, / Noest sentado nem deitado, no est andando nem est parado, / No se move nem gira, no ocioso nem imvel, / No avana nem recua, no est em segurana nem em perigo, / No certo nem errado, no ganham nem perde, / No aquele nem este, no parte nem vem, / No azul nem amarelo, no vermelho nem branco, / No escarlate nem prpura nemqualquer outro tipo de cor.3

    O Sutra de Ltus ensina que todos os seres humanos podem atingir o estado de Buda. Qual ,ento, a verdadeira entidade de um buda? O que significa atingir o estado de Buda?

    O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, contemplou profundamente essas questese procurou resolv-las. No incio de 1944, Toda decidiu recitar dez mil Daimoku por dia paracompreender totalmente o Sutra de Ltus. Ele j havia lido esse sutra por trs vezes desde oincio do ano e em maro comeara a leitura pela quarta vez. Toda no compreendia osignificado das trinta e quatro negativas. Foi ento que no fim do ano, a palavra vidarepentinamente surgiu em sua mente. O Buda a prpria vida! uma expresso da vida! OBuda no existe fora de ns, ele se encontra em nossa vida. No, ele tambm existe fora denossa vida. uma entidade da vida csmica!4

    O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: A vida tem tambm uma enorme diversidade.Ela rica e cheia de energia. Ao mesmo tempo, opera de acordo com certas leis e tem umritmo definido. A doutrina que diz que um nico momento da vida possui trs mil mundos(itinen sanzen) descreve esta harmonia na diversidade, e aquele que compreendeu a essnciadesse princpio um Buda.5

    Quando o Buda terminou a pregao, sentou-se na posio de Ltus e entrou no samadhi dolugar dos imensurveis significados. O nome da meditao (samadhi) implica que o Sutra deLtus que o Buda est para ensinar o ensino mximo no qual se baseiam ou originam-setodos os outros ensinos.

    Nessa ocasio, quatro tipos de extraordinrias flores chovem do cu e a estremece de seismaneiras diferentes sobre o Buda e a assemblia. Os seres ficam cheios de alegria por terem

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    presenciado essa experincia sem precedentes; regozijam-se e com um esprito s fitam oBuda.

    Em seguida, o Buda emite um raio de luz do tufo de cabelos brancos entre suas sobrancelhas,iluminando dezoito mil mundos a leste. Todos os seres dos seis caminhos bem como os budase seus discpulos, em todos esses mundos, so claramente visveis.

    As pessoas presentes assemblia ficam atnitas com esse fabuloso pressgio e, em nome detodas elas, o Bodhisattva Maitreya pergunta ao Bodhisattva Majushri, que j havia praticadoservindo a inumerveis budas, sobre o seu significado. Majushri responde que, no passado, viuoutros budas lanarem um raio de luz dessa forma e, depois disso, eles sempre expuseram umensino superior.

    E diz: Creio que o Buda, o Universalmente Honrado, deseja agora expor a grande Lei, fazer cair a chuva da grande Lei, rebentar a concha da grande Lei, elucidar o significado da grandeLei... Ele deseja fazer com que todos os seres humanos ouam e aprendam a Lei, que difcilde ser acreditada por todos no mundo. Por isso ele manifestou esse auspicioso pressgio (deemitir um raio de luz do tufo de cabelos brancos entre suas sobrancelhas).6

    Majushri fala ento de experincias de vidas passadas. Ele descreve como no passado umBuda chamado Brilho do Sol e da Lua manifestou o mesmo tipo de fenmenos maravilhososquando pregou o Sutra de Ltus. Com ele elemento principal, diz Majushri, Sakyamunitambm est prestes a pregar o Sutra de Ltus.

    O Buda s desperta no segundo captulo para, enfim, comear a expor o Sutra de Ltus.

    Notas:1. Nova Revoluo Humana, vol. 4, pg. 160.2. A Sabedoria do Sutra de Ltus, vol. 1, pg. 77.3. Brasil Seikyo, edio no 1.331, 27 de maio de 1995, pg. 33.4. A Sabedoria do Sutra de Ltus, vol. 1, pg. 35.5. Ibidem.6. Ibidem, pg. 80.

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    Hoben segundo captuloEdio 1930 - Publicado em 08/Maro/2008 - Pgina A8

    No segundo captulo do Sutra de Ltus (Hoben ou Meios), Sakyamuni levanta-se serenamente

    de sua meditao e comea a expor espontaneamente o Sutra de Ltus. Essa forma de pregar,em que o Buda expe a Lei por iniciativa prpria sem nenhuma indagao, chamada depregao espontnea. Ao contrrio dos sutras anteriores que foram pregados de acordo coma capacidade das pessoas, o Sutra de Ltus exposto de acordo com o prprio desejo doBuda. Nesse sutra, Sakyamuni revela a verdade diretamente, de acordo com a prpriailuminao.

    O mesmo ocorreu com o Buda Nitiren Daishonin, que exps o ensino do Nam-myoho-rengue-kyo sem que ningum tivesse pedido a ele. Em temos de prtica budista, essa atitude indica oesprito espontneo de enaltecer a Lei Mstica com profundo reconhecimento de sua

    grandiosidade, sem levar em conta o que os outros disserem. A prtica do Gongyo umamanifestao desse esprito.

    Sakyamuni inicia dizendo: A sabedoria dos budas infinitamente profunda e imensurvel. Oportal dessa sabedoria difcil de compreender e de transpor. Nenhum dos homens deerudio ou de absoro capaz de compreend-la.

    A sabedoria do Buda profunda e imensurvel porque ela atinge a verdade fundamental davida. Sakyamuni no est louvando a sabedoria dos budas para afirmar que somente o Buda grandioso, mas, sim, que todos podem fazer com que a sabedoria do Buda brilhe na prpriavida e sejam felizes.

    Nitiren Daishonin afirma que a sabedoria significa Nam-myoho-rengue-kyo (Gosho Zenshu,pg. 725.) Sendo assim, o Nam-myoho-rengue-kyo contm a sabedoria infinitamente profundae imensurvel dos budas em sua totalidade. E o portal para chegar sabedoria do Nam-myoho-rengue-kyo a f.

    Em seguida, Sakyamuni diz: Qual a razo disso? Um buda aquele que serviu a centenas, amilhares, a dezenas de milhares, a incontveis budas e executou um nmero incalculvel deprticas religiosas. Ele se empenha corajosa e ininterruptamente e seu nome universalmente conhecido. Um buda aquele que compreendeu a Lei insondvel e nuncaantes revelada, pregando-a de acordo com a capacidade das pessoas, ainda que seja difcilcompreender sua inteno.

    Sharihotsu, desde que atingi a iluminao exponho meus ensinos utilizando vrias histriassobre relaes causais, parbolas e inmeros meios para conduzir e fazer com que renunciemaos seus apegos a desejos mundanos.

    Qual a razo disso? A razo est no fato de o Buda ser plenamente dotado dos meios e doparamita da sabedoria.

    Sharihotsu, a sabedoria do Buda ampla e profunda. Ele dotado de imensurvel

    benevolncia, ilimitada eloqncia, poder, coragem, concentrao, liberdade e samadhi

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    (meditao), [ele] aprofundou-se no reino do insondvel e despertou para a Lei nunca antesrevelada.

    Sharihotsu, o Buda aquele que sabe como discernir e expor os ensinos habilmente. Suaspalavras so ternas e gentis e podem alegrar o corao das pessoas. Sharihotsu, em sntese: oBuda compreendeu perfeitamente a Lei ilimitada, infinita e nunca antes revelada.

    Ento, Sakyamuni se recusa a continuar pregando porque a Lei que o Buda revelou a maisrara e mais difcil de compreender.

    Ele afirma: A essncia real de todos os fenmenos somente pode ser compreendida epartilhada entre os budas. Essa realidade consiste de aparncia, natureza, entidade, poder,influncia, causa interna, relao, efeito latente, efeito manifesto e consistncia do incio aofim.

    Sharihotsu, em nome da assemblia, suplica-lhe trs vezes para que explique o significado desuas palavras at que o Buda concorda e diz: Ouam atentamente sobre o segredo do Buda eseus poderes msticos.

    Os cinco mil monges, monjas, monges, leigos e leigas presentes fizeram uma reverncia aoBuda e retiraram-se. As razes de suas ofensas eram profundas, graves. Devido suaarrogncia, eles eram incapazes de entender o ensino que o Buda iria pregar.

    O Buda diz a Sharihotsu: Uma Lei maravilhosa como esta pregada somente ocasionalmentepelos budas, os tathagatas, assim como a flor de udumbara aparece somente uma vez numgrande perodo de tempo.

    Sakyamuni esclarece que os budas aparecem no mundo manchado pelas cinco impurezas (dokalpa [tempo], da aflio, dos seres viventes, da viso, e da vida) para despertar e conduzir aspessoas para a Lei Mstica. Nesse mundo, os seres viventes so miserveis, ambiciosos,invejosos e ciumentos.

    Sharihotsu, todos vocs deveriam, com pensamento nico, entender, compreender, aceitar emanter as palavras do Buda, porque nas palavras de todos os Budas no h nada em vo oufalso. No h outros veculos; h somente o Veculo nico do Buda admoesta o Buda nofim deste captulo.

    Ao contrrio da poca de Sakyamuni em que havia a necessidade de se praticar por

    incontveis existncias para atingir a iluminao na era atual denominada de Os ltimosDias da Lei, todas as pessoas podem alcanar essa condio mxima e evideniar os benefciosadvindos da prtica budista por meio da recitao do Nam-myoho-rengue-kyo, revelado porNitiren Daishonin.

    Por meio da recitao desse mantra, as pessoas manifestam os atributos de um buda comobenevolncia, ilimitada eloqncia, poder, coragem, concentrao, liberdade para conduzir aprpria vida com sabedoria, ajudando os outros tambm a obter essa mesma elevadacondio de vida.

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    Por meio dessa prtica simples e acessvel, todas as pessoas, independentemente danacionalidade ou condio social, conseguem transformar o ambiente, tornando-o um localonde as pessoas vivem felizes e tranqilas.

    Referncias: Preleo dos Captulos Hoben e Juryo. The Lotus Sutra, Burton Watson.

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    Terceiro captulo do Sutra de Ltus ParbolasEdio 1932 - Publicado em 22/Maro/2008 - Pgina A8

    No captulo anterior (Hoben ou Meios), o Buda Sakyamuni revela que os trs veculos de

    Erudio, Absoro e Bodhisattva no so nada alm de Meios que o Buda utiliza paraconduzir as pessoas iluminao. Seu discpulo Sharihotsu foi o primeiro a despertar paraisso. Ele diz ao Buda:

    Ouvi a Lei do Buda e obtive algo sem precedentes. Agora sinto a mxima alegria, e todas asminhas dvidas foram removidas. Nos sete captulos seguintes, Sakyamuni relata vriasparbolas para ajudar os outros discpulos a compreenderem o propsito de sua prtica.

    A partir do terceiro captulo Parbola (Hiyu), um aps outro, os ouvintes, comeando porSharihotsu, recebem predies de futura iluminao: Numa poca vindoura, o senhor tornar-

    se- um Buda. O seu nome ser Buda Luz da Flor (Keko). A sua terra ser chamada Imaculada(Riku). A poca, nesse tempo, ser chamada Grande Esplendor da Jia (Daiho Shogon).

    Porm, as outras pessoas reunidas tiveram dificuldade de entender as palavras do Buda eSharihotsu, compreendendo isso, solicita ao Buda que explane a sua doutrina de um modomais compreensvel. Ento, Sakyamuni conta-lhes a parbola das Trs carroas e da casa emchamas, que toma a maior parte desse captulo.

    A parbola sobre um homem muito rico que mora em uma manso. Com o passar dos anos,as vigas, as paredes e os pilares da casa se desgastam, ameaando ruir. Mesmo assim, os filhosdele se recusam a abandon-la. At que certo dia, um incndio se propaga rapidamente pela

    casa, ameaando os filhos. Contudo, eles no percebem o perigo e se recusam a deixar o local.Ao ver o incndio, o pai, desesperado, grita para que saiam da casa e se salvem, mas no atendido pelas crianas.

    Ento, ele decide usar uma estratgia. Lembrando-se de que gostavam de objetos raros, gritouo mais alto que pde:

    Saam, pois tenho aqui fora trs belssimas carroas: cada uma puxada por um carneiro, porum cervo e por um boi. Saiam e eu as darei a vocs.

    Ouvindo isso, as crianas, enfim, saem da casa e ganham carroas bem maiores e muito maisbonitas do que as prometidas. Cada uma delas era puxada por um grande boi branco edecorada com sete espcies de pedras preciosas. Observando os filhos, o pai pensou:

    Minhas riquezas so imensurveis e eu amo todos os meus filhos igualmente. No posso lhesdar veculos inferiores. Tenho riquezas suficientes para presentear todas as pessoas do meupas com carroas puxadas por bois brancos. Portanto, com certeza, no poderia deixar de darcarroas aos meus prprios filhos.

    Essa parbola repleta de significados revelados por Sakyamuni a seus ouvintes. A casa emchamas uma metfora do mundo, envolto pelas chamas de sofrimento. Os filhos que brincam

    na casa representam as pessoas que sofrem no mundo dos desejos. O pai o Buda, queaparece no mundo para salvar os filhos queridos. Na parbola, o pai usa as trs carroas como

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    um meio para salvar os filhos do incndio. No final, o pai ou Buda concede a cada um de seusfilhos a carroa do boi branco, que indica o supremo veculo da iluminao (Sutra de Ltus),capaz de conduzir todas as pessoas felicidade.

    Sakyamuni termina a explanao da parbola e ento diz a Sharihotsu que uma pessoaconsegue adentrar [o caminho] somente por meio da f. Sharihotsu era respeitado como o

    mais inteligente entre os discpulos de Sakyamuni. No entanto, o Buda declara que mesmo agrande sabedoria de Sharihotsu no era comparvel profunda doutrina do Sutra de Ltus. OBuda afirma que somente a f possibilitaria Sharihotsu alcanar a iluminao.

    Os ensinos anteriores ao Sutra de Ltus postulavam que os Budas existiam longe destemundo, ou seja, as pessoas no acreditavam serem capazes de atingir a condio de Buda. Masno Sutra de Ltus, Sakyamuni revela que todas as pessoas possuem inerente na vida essacondio que pode ser alcanada por meio da f na Lei Mstica.

    Contudo, se a f no estiver acompanhada pela ao, ter pouco efeito. por isso que o BudaNitiren Daishonin sempre traduziu a f em ao, e ensinou a seus discpulos a nuncaesquecerem de realizar a prtica individual (a recitao do mantra Nam-myoho-rengue-kyoao Gohonzon) e a prtica altrustica (ensinar a Lei Mstica a outras pessoas).

    Daishonin incorporou o estado de Buda no Gohonzon o objeto de devoo porintermdio do qual todas as pessoas que possuem f e recitam esse mantra podem extrair oestado de Buda das profundezas da vida.

    Fonte: The Lotus Sutra, Burton Watson.

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    Quarto captulo do Sutra de Ltus ShingueEdio 1934 - Publicado em 05/Abril/2008 - Pgina A8

    O notvel estudioso dos sutras Kumarajiva (344-413) chamou de F e Compreenso

    (shingue, em japons), o ttulo do quarto captulo do Sutra de Ltus, ao esprito inato deprocurar continuamente pelo auto-aprimoramento.

    O captulo inicia-se com os homens de Erudio (ouvintes) rejubilando-se com o ensino deSakyamuni segundo o qual as pessoas dos dois veculos (da Erudio e da Absoro) atingiroo estado de Buda. Eles so: Subhuti, o melhor na compreenso da vacuidade; Mahakatyayana,o melhor em debates; Mahakashyapa, o melhor na prtica para eliminar os desejos; eMahamaudgalyayana, o melhor em foras sobrenaturais.

    O termo snscrito para f e compreenso adhimukti, que literalmente significa inclinao

    ou inteno, ou seja, dirigir a mente da pessoa para algo. Pensa-se que mukti estejarelacionado palavra snscrita para liberao, moksha.

    Neste captulo, os quatro grandes ouvintes, os homens de erudio, que ouviram a parboladas trs carroas e da casa em chamas ficam contentes com sua descoberta de que o mundodo estado de Buda existe na prpria vida, dizendo:

    Esta coroa de jias insuperveis veio a ns sem ser requisitada. (LS 4, 87.) A coroa de jiasinsuperveis pode ser interpretada como indicando o ensino do Sutra de Ltus, o estado deBuda, ou a prpria vida, que contm o estado de Buda.

    Eles compreendem que a inteno do Buda substituir os dois veculos (de Erudio eAbsoro) pelo veculo supremo (do estado de Buda). Eles demonstram sua compreensocontando a segunda das sete parbolas do Sutra de Ltus, O homem rico e seu filho.

    A parbola conta a histria de um garoto que foge de casa e se torna um andarilho quepercorre o mundo vivendo em extrema pobreza. Enquanto isso, seu pai enriquece e se tornaum cidado muito respeitado em seu pas. Cerca de cinqenta anos depois, o filho retorna aopas e, sem saber, pra diante da magnfica manso do pai, que o reconhece imediatamente.Ansioso por reencontrar o filho, o pai pede aos criados que o tragam sua presena.

    Porm, o filho no o reconhece e fica amedrontado diante de tanta riqueza. Percebendo isso, opai elabora um plano. Ele envia dois servos pobremente vestidos ao filho para oferecer-lhe umemprego de limpar os lavatrios da casa pagando-lhe o dobro do usual.

    O filho aceita e trabalha arduamente. Depois de um tempo, o pai, vestido humildemente,aproxima-se do filho e trava conhecimento com ele. Gradualmente, um lao de compreenso econfiana cresce entre eles, e o filho passa a transitar livremente pela manso do pai, emboraele continue a viver numa cabana humilde na periferia.

    O homem rico ento promove o filho a administrador de sua propriedade e, passo a passo,este comea a aprender todas as suas funes. Finalmente, pressentindo a morte, o pai revela

    ao rei, ministros e parentes que seu empregado , na verdade, seu filho verdadeiro,transferindo-lhe todas as suas posses.

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    Aps contarem ao Buda a parbola, os quatro homens explicam o seu significado. Elescomparam o Buda ao homem rico, e o pobre filho a eles mesmos.

    Eles dizem ao Buda: Na realidade, somos filhos do Buda h muito tempo.

    Contudo, procuramos ensinos inferiores e ficamos satisfeitos quando os encontramos. Agora,

    neste sutra o Buda exps o supremo veculo algo que nunca espervamos. O grandetesouro do Rei da Lei chegou a ns por si mesmo.

    Do ponto de vista do Budismo Nitiren, o filho representa as pessoas que vagam pela vida semnunca encontrar o Buda. O pai o Buda Original Nitiren Daishonin, que legou o Gohonzon humanidade.

    Como o filho pobre, as pessoas vivem sem saber que so budas em potencial. Para que elespossam evidenciar essa condio de vida, Nitiren Daishonin inscreveu um mandala na formado Gohonzon, possibilitando-as a conduzir plenamente a vida cheia de esperana, ilimitadaalegria, energia vital e sabedoria.

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    Quinto captulo do Sutra de Ltus Parbola das Ervas MedicinaisEdio 1938 - Publicado em 10/Maio/2008 - Pgina A8

    Neste captulo, o Buda Sakyamuni cita a Parbolas das Ervas Medicinais (Yakusoyu, em

    japons) para mostrar a benevolncia imparcial do Buda.

    No incio do captulo, Sakyamuni elogia Kashyapa por expor de maneira correta sobre osverdadeiros mritos e virtudes do Buda. Ento, Sakyamuni comea a contar a parbola:

    No mundo existem muitas espcies de flores, capins, rvores e ervas, diferentes emtamanhos, forma e nome. Ao redor do mundo existe uma nuvem densa e grande, que acabafazendo com que a chuva caia sobre todos os lugares. Evidentemente, a chuva molha o soloseco e, como resultado, as rvores, ervas e plantas de todos os lugares so nutridas e crescem.A gua que cai da nuvem imparcial, mas as plantas recebem umidade segundo suas

    naturezas e crescem de acordo com a sua espcie. Todas as diversas rvores, sejam altas,mdias ou baixas, possuem tudo o que prprio das grandes ou pequenas, e cada uma estpossibilitada a brotar e crescer.

    Embora essa parbola seja curta em comparao com as outras expostas no Sutra de Ltus,ela repleta de significados. Aps exp-la, Sakyamuni a interpretou, dizendo:

    O aparecimento do Buda neste mundo como a grande nuvem que cobre todas as coisas. OBuda aparece neste mundo e revela a verdade da vida s pessoas sob diversos ngulos. Elesatisfaz as pessoas miserveis, liberta-as dos sofrimentos e d-lhes paz.

    Sakyamuni ensinou a Lei para todas as pessoas sem distino:Aos honrados e aos humildes, altos e baixos, justiceiros e malfeitores, aqueles de perfeitocarter e os imperfeitos, ortodoxos, heterodoxos, os vivazes e os lentos, fao com que a chuvada Lei caia com igualdade.

    Assim, todas as pessoas recebem a Lei do Buda de modo igual. Contudo, como elas diferemquanto capacidade de compreender os ensinos do Buda, o desenvolvimento de cada uma diferente. Portanto, algumas continuam no estado de Alegria ou Erudio; outras, no estadode Absoro. Sakyamuni compara as trs ervas medicinais e os dois tipos de rvores comesses estados de vida.

    Dos trs tipos de ervas medicinais, as inferiores esto para aqueles seres nos estados deTranqilidade e de Alegria. As ervas mdias representam aqueles nos estados de Erudio eAbsoro. E as superiores e os dois tipos de rvores, pequenas e grandes indicamaqueles no estado de Bodhisattva que aspiram tornarem-se budas.

    Sakyamuni observa: O ensino parcial do Buda pode ser comparado a uma chuva. Entretanto,a compreenso das pessoas difere, assim como as plantas e as rvores recebemdiferentemente a chuva.

    Contudo, a chuva acaba, no final, nutrindo todas as espcies de plantas e rvores, fazendo com

    que, sem exceo, dem frutos e flores. Da mesma maneira, o Buda faz com que todos atinjamigualmente o estado de Buda.

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    A grande nuvem representa o Buda; o seu surgimento e o envolvimento do mundorepresentam o aparecimento do Buda. Da mesma forma, a chuva que cai em todos os lugaresigualmente representa a pregao do Buda e chamada chuva darma.

    As vrias plantas e rvores so os vrios seres vivos e a chuva sobre eles representa ouvir aLei. Tambm se pode dizer que o crescimento e a produo de flores e frutos pelas rvores

    corresponde prtica e ao benefcio.

    A chuva cair tambm igualmente significa que a Lei que o Buda prega nica em forma, nicaem sabor (LS 5, 99). Isso significa definitivamente que a pregao do Buda contm obenefcio de possibilitar todas as pessoas tornarem-se igualmente budas; o veculo nico doBuda.

    O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, reflete sobre o significado dessa parbola:Essa a essncia da pregao do Buda do ponto de vista do Buda. Mas as pessoas, de suaparte, falham em compreender esse benefcio. A quantidade de chuva recebida e sua eficciadiferem de acordo com a personalidade particular e o tamanho das plantas e rvores.

    Similarmente, embora o Buda exponha somente o veculo nico do Buda, h diferenas emcomo as pessoas recebem esses ensinos. medida que eles so filtrados pela compreensodas pessoas, os ensinos do Buda assumem a forma dos chamados trs veculos. (BrasilSeikyo, edio no 1.389, 2 de novembro de 1996, pg. 3.)

    Numa anlise final, a parbola dos trs tipos de ervas medicinais e dos dois tipos de rvores,assim como as duas parbolas precedentes (das trs carroas e da casa em chamas e dohomem rico e de seu filho pobre), expressam o princpio da substituio dos trs veculos peloveculo nico.

    Por um lado, esclarece (como as parbolas anteriores) porque o Buda exps os ensinos dostrs veculos. Indica porque as pessoas diferem amplamente em termos de sua capacidadeintelectual e disposio para receber os ensinos do Buda. O Buda exps vrios ensinos paracorresponder capacidade e tendncia de cada qual.

    Por outro, essa parbola esclarece que embora os ensinos do Buda sejam muitos e variados,sua essncia em cada caso o veculo nico do Buda. E assim, como a chuva, cai igualmentesobre todos e possui um sabor nico.

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    Sexto captulo do Sutra de Ltus JukiEdio 1940 - Publicado em 24/Maio/2008 - Pgina A8

    No sexto captulo do Sutra de Ltus, Juki ou Concesso da Profecia, Sakyamuni confere

    profecias de iluminao aos grandes discpulos ouvintes: Kashyapa, Subhuti, Katyayana, eMaugalyayana.

    O caractere chins para profecia (ki, em japons) um verbo que significava originalmentedistinguir claramente e dar uma expresso coerente a algo. O termo concesso da profecia(juki) que aparece na traduo chinesa do Sutra de Ltus foi cunhada por Kumarajiva quandoele traduziu o sutra para a lngua indiana.

    Nas tradues anteriores foi usada a combinao dos caracteres chineses significandoexpresso de distino (kibetsu) ou concesso da profecia (juketsu). Aqui, distino

    significa distinguir claramente; e deciso significa julgar decisivamente.Acredita-se que concesso da profecia derive originariamente da palavra snscritaVyakarana, cujo significado inclui distino, anlise e desenvolvimento. Nos textosbudistas usada no sentido de uma clara resposta questo.

    Originariamente, concesso da profecia significa dar uma clara resposta, dessa forma,resolvendo as dvidas no corao das pessoas.

    O Buda concede profecias s pessoas a fim de fazer com que elas compreendam claramentee dem-lhe a conscincia e a confiana para que possam atingir o estado de Buda.

    Kashyapa o primeiro a receber a predio da iluminao. Sakyamuni profetiza que eleatingir a iluminao no futuro, se chamar Luz Brilhante e habitar a terra Virtude da Luz,numa poca (kalpa) chamada Grande Adorno.

    No snscrito, Luz Brilhante tem o mesmo sentido de glria brilhante. O nome da terra,Virtude da Luz, significa mundo da honra ou mundo cheio de glria. E Grande Adorno, onome do Kalpa, significa uma imagem de brilho grandioso.

    Kashyapa, o primeiro na prtica asctica, era de uma famlia de prestgio, mas na verdadehavia iniciado a vida de mendicante religioso antes de Sakyamuni, e por muito tempo levouuma vida itinerante em busca da verdade. Posteriormente, ele encontrou Sakyamuni, e dizemque ele decidiu tornar-se seu discpulo desde a primeira vez em que o viu. Sakyamuni via emKashyapa, que havia se devotado mais sincera e rdua das prticas, uma pessoa que brilhavaradiantemente.

    Observando a cena, Maudgalyayana e outros imploraram a Sakyamuni que tambm lhesconcedesse profecias. Eles contam a parbola da grande festa do rei e explicam que ao pedirao Buda para conceder-lhes uma profecia sobre iluminao, eles se sentem como se fossempessoas de uma terra de fome que repentinamente encontraram a festa de um grande rei, ouseja, a mais peculiar e extica cozinha.

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    Sexto captulo do Sutra de Ltus JukiEdio 1942 - Publicado em 07/Junho/2008 - Pgina A8

    Segunda e ltima parte

    Segundo explica o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, Maudgalyayana, na profecia Fragrncia do Sndalo e de Tamalapatra , significa a fragrncia das folhas das rvores desndalo e de tamala. A madeira dessas rvores era pulverizada e transformada em perfumeque era borrifado ou aplicado sobre o corpo. A madeira tambm era queimada em festivais defogos.

    O nome do kalpa, Repleto de Alegria, significa cheio de alegria e tranqilidade. E Satisfaodo Esprito, o nome da terra, significa lugar que deixa o esprito tranqilo.

    Esse kalpa, a terra e o ttulo parecem relacionar-se ao fato de Maudgalyayana ser conhecidocomo o primeiro em poderes transcedentais. Existem muitas histrias a respeito de seuspoderes transcedentais, com o episdio em que ele fez com que o Rei Brahma (Bonten, emjapons) reverenciasse e se tornasse devoto de Sakyamuni.

    Maudgalyayana subiu em um lugar no cu onde moravam o Rei Brahma e outros deuses, edemonstrou-lhes a meditao dentro de uma chama. A luz ofuscante era to brilhante quenem mesmo o Rei Brahma, que personificava o princpio universal fundamental (brmane),tinha visto algo semelhante.

    Quando Maudgalyayana declarou ser discpulo de Sakyamuni, o Rei Brahma perguntou por

    um intermedirio se havia dentre os discpulos de Sakyamuni algum que possusse essesgrandes poderes transcendentais. Ao saber que havia, o Rei Brahma alegrou-se e prometeutornar-se seguidor de Sakyamuni.

    O Rei Brahma, governante do mundo saha, ficou completamente eufrico, e a alegriaespalhou-se e permeou todo o mundo. Demonstrando seu prprio poder, o discpulo do Budaensinou ao Rei Brahma a grandiosidade de seu mestre, levando a honra tanto ao mestrequanto ao discpulo.

    Analisando sob essa perspectiva, vemos que os discpulos recebiam nomes que condiziam

    com sua personalidade. Alm disso, suas inclinaes pessoais so transformadas nasqualidades virtuosas dos budas que esto destinados a se tornarem no futuro.

    Ouvir os maravilhosos nomes do kalpa, da terra e do ttulo que se adequam perfeitamente caracterstica de cada um possibilitou que os quatro ouvintes sentissem profundamenteque eles de fato atingiriam o estado de Buda. E todos os que estavam ao seu redor poderiamcompreender, por extenso, que eles tambm se tornariam budas dignos de louvor. Emconseqncia, ondas de alegria se espalharam dentre aqueles que ouviram a concesso deprofecias.

    Nas predies sobre iluminao de Sakyamuni aos ouvintes do Sutra de Ltus, o atingir do

    estado de Buda apresentado como algo que acontecer no distante futuro. Ao contrrio,Nitiren Daishonin ensina que se pode atingir o estado de Buda na presente existncia por

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    meio da recitao do Nam-myoho-rengue-kyo (concesso da profecia) conectando as pessoas Lei Mstica. Dessa forma, plantado na profundeza da vida de cada pessoa que elas so umaentidade da Lei Mstica e possuem o ilimitado potencial da vida.

    O segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda, explica que atingir o estado de Buda nosignifica tornar-se ou tentar tornar-se um Buda.

    Significa acreditar honestamente nas palavras de Daishonin de que o mortal comum osupremo ser e que todos os fenmenos manifestam a verdadeira identidade, e despertar paraa prpria identidade como um Buda existente desde o remoto passado e por todo o infinitofuturo. (A Sabedoria do Sutra de Ltus, vol. 2, pg. 112.)

    Atingir o estado de Buda parece como atingir um objetivo, mas no o mesmo. Esse caminho um equvoco. a prpria esperana em si esperana de avanar eternamente rumo aoautodesenvolvimento, a uma maior realizao e uma crescente serenidade e satisfao navida.

    A iluminao futura que o Sutra de Ltus prediz ensina a entidade de focar o presente e ofuturo, o esprito progressivo de sempre empenhar-se para concretizar um maior crescimentoe auxiliar cada vez mais as pessoas a tornarem-se felizes esclarece o presidente Ikeda.

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    O stimo captulo do Sutra de Ltus KejoyuEdio 1950 - Publicado em 09/Agosto/2008 - Pgina A8

    Esse captulo chamado Kejoyu, que significa Parbola da cidade-imaginria. uma das sete

    parbolas do Sutra de Ltus, e est descrita na ltima parte do captulo.

    O conceito principal desse captulo o das causas e condies (innen, em japons). Essetermo, que significa relao crmica, refere-se profunda ligao existente desde vidaspassadas entre Sakyamuni e seus discpulos. Em outras palavras, expe o lao de mestre ediscpulo.

    O captulo inicia-se com Sakyamuni explicando o aparecimento de um buda chamadoExcelncia da Grande Sabedoria Universal (Daitsutisho, em japons) na poca de sanzen-jintengo, que um perodo de assombrosa durao.

    Nesse captulo, esse conceito explicado da seguinte forma: ele postula uma pessoa que reduza p todas as terras de um sistema de grandes mundos e ento segue em direo ao leste,deixando cair uma partcula de p cada vez que passa por mil mundos, e continua em seucaminho at que tenham acabado todas as partculas.

    Diz ainda que se a pessoa reduz ento a p todos os mundos por onde passou, tenham ou norecebido uma partcula de p, e se cada partcula significa um kalpa ou aeon, ento, sanzen-jintengo a durao de tempo que corresponde ao total das partculas de p.

    A seguir, aparecem os dezesseis prncipes, filhos de Excelncia da Grande Sabedoria Universal

    antes de ele ter renunciado ao mundo. Sabendo que seu pai havia se tornado buda, osprncipes aproximam-se dele e pedem-lhe que exponha a Lei.

    Alm deles, os reis Brahma dos mundos nas dez direes de todo o Universo tambm pedemunanimemente que Excelncia da Grande Sabedoria Universal exponha a Lei. Atendendo aopedido, Excelncia da Grande Sabedoria Universal comea a expor parcialmente a Lei. Mas osdezesseis prncipes no ficam satisfeitos e imploram que ele exponha a verdadeira causa desua iluminao.

    O sutra diz que aps Excelncia da Grande Sabedoria Universal ter exposto o Sutra de Ltuspor um perodo de oito mil kalpas, ele entra em meditao por um perodo de oitenta e quatromil kalpas. Durante e aps sua meditao, os dezesseis prncipes, que haviam se tornadobodhisattvas, expem o ensino do Sutra de Ltus assim como seu pai havia feito.

    O Buda Sakyamuni diz, a seguir, que todos aqueles bodhisattvas j atingiram a iluminao eesto ensinando a Lei em suas terras. E revela que ele era o 16o prncipe e que os homens deErudio que eram seus discpulos naquele momento e aqueles que apareceriam aps seufalecimento so os seres que ele havia comeado a instruir naquela poca.

    Aps explicar o relacionamento crmico ligando ele e seus atuais discpulos, Sakyamuni falasobre a parbola da cidade imaginria e a terra de tesouros.

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    A parbola sobre uma caravana que viaja pelo deserto, guiada por um nico lder e enfrentauma longa e difcil jornada rumo a uma terra de tesouros. Mas, ao longo do caminho, aspessoas ficam extremamente fracas e desmotivadas, e dizem ao lder que no podem maiscontinuar.

    Se retornassem, todos os seus esforos at aquele ponto teriam sido em vo. O lder, ento,

    usa seus poderes msticos para criar uma grande cidade e encoraja essas pessoas acontinuarem, dizendo-lhes que quando entrassem nela, poderiam desfrutar a paz e atranqilidade. Ao ouvirem isso, as pessoas se alegram e seguem para a cidade, ondedescansam o corpo completamente exausto e recuperam as foras.

    Depois, o lder faz a cidade desaparecer e diz s pessoas que a cidade era uma iluso que elehavia criado para que elas descansassem e que seu verdadeiro destino, a terra de tesouros,estava prximo.

    A cidade imaginria que o lder lhes havia mostrado correspondia aos ensinos intermediriosdos Trs Veculos que o Buda exps a fim de guiar as pessoas rumo iluminao. A terra detesouros representa o veculo nico do Buda que o objetivo ltimo que as pessoas devemalcanar.

    Especificamente, essa parbola esclarece que o nvel de despertar atingido pelos ouvintes e ospratyekabuddhas (que corresponde cidade imaginria) um meio, e que a insuperveliluminao do Buda (a terra de tesouros) a verdadeira iluminao para a qual eles devemdirecionar seus esforos nica e exclusivamente.

    Aqueles que lamentam diante de novos objetivos no conseguem tornar real o princpio de acidade imaginria idntica terra de tesouros em sua vida.

    Segundo o presidente Ikeda, precisamos desafiar a ns mesmos com seriedade e firmezapara atingirmos nossos objetivos. Com a determinao de superar todos os obstculos,devemos avanar abrindo caminhos.

    Mais tarde, quando olharmos para trs, veremos que esses momentos, embora talvez difceis,foram de fato os mais significativos e recompensadores de nossa vida. Eles sero um tesourode memrias douradas, cenas grandiosas no eterno drama de nossa vida pelas trs existnciasdo passado, presente e futuro. (A Sabedoria do Sutra de Ltus, vol. 2, pg. 163.)

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    Oitavo captulo do Sutra de Ltus Profecia da iluminao de Quinhentos DiscpulosEdio 1956 - Publicado em 20/Setembro/2008 - Pgina A8

    No stimo captulo do Sutra de Ltus, o Buda Sakyamuni revelou que a relao entre ele e seus

    discpulos estendia-se desde o passado inimaginavelmente remoto. No oitavo captulo,Furuna, um dos dez principais discpulos de Sakyamuni compreende profundamente osensinos de seu mestre e recebe dele a predio de que se tornaria o Buda Lei Radiante.

    Os arhats, que observavam a cena, ficaram contentes com essa predio e desejaram tambmque o Buda fizesse uma predio sobre eles. Entendendo isso, Sakyamuni disse a Kasho:Dotarei os arhats com uma predio especfica. Entre eles, Kyojinnyo servir a 6.200 bilhesde budas e alcanar o estado de Buda. Ele se chamar Buda Universalmente Brilhante. Osoutros quinhentos arhats tambm alcanaro a iluminao e tero o mesmo ttulo.

    Os quinhentos arhats ficaram radiantes com as palavras do Buda e, ao mesmo tempo, estavamarrependidos. Eles disseram ao Buda: Acreditvamos erroneamente que tnhamos alcanadoa iluminao. Mas agora compreendemos o nosso erro. Somos verdadeiramente ignorantes.Estvamos satisfeitos com a nossa sabedoria superficial.

    Ento, eles contaram a Parbola da Pedra Preciosa Escondida no Manto, a quinta das seteparbolas contidas no Sutra de Ltus.

    Essa parbola narra sobre um homem que ao visitar seu amigo recebido com vrias garrafasde vinho. Ele se embriaga e cai adormecido. O amigo tendo de sair com urgncia costura antesuma gema de valor incalculvel no forro da roupa do visitante. O homem, no percebendo que

    possua a gema, comeou a vagar pelo mundo, vivendo em extrema penria. Tempos maistarde, ele reencontra o amigo, e s ento descobre que durante todo aquele perodo tivera emseu poder uma gema inestimvel.

    O amigo (o Buda) sabia que o outro possua a gema em sua roupa (o mundo do estado deBuda em sua vida), embora o visitante (os seres dos nove mundos) no compreendesse isso.Aps relatar essa parbola, os quinhentos arhats compararam o Buda ao amigo que deu ainestimvel gema.

    Eles disseram: O Buda certa vez dedicou-nos e fez-nos aspirar suprema sabedoria.Entretanto, tal como a pessoa que visitou o seu amigo embebedou-se e caiu adormecido, nosesquecemos da verdadeira inteno do Buda a de nos levar suprema sabedoria. Aps isso,alcanamos o estado de arhat e, acreditando que tnhamos alcanado a iluminao, estvamossatisfeitos com a nossa compreenso superficial.

    O Buda penetrou em nossa mente e contou-nos: O que alcanastes no a verdadeirailuminao. Desde h muito, plantei a semente do estado de Buda dentro do corao de vocs.Contudo, ao longo do caminho, ficaram totalmente satisfeitos por terem atingido essailuminao superficial. Agora, notamos o nosso erro. E como felizmente nos foi dada a nossaespecfica predio de iluminao, a nossa alegria alm da expresso.

    Com essa parbola, os arhats compararam o amigo que costurou uma inestimvel gemadentro da roupa do homem ao Buda Sakyamuni, que plantou a semente da iluminao dentro

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    das pessoas, inclusive neles. No entanto, em algum momento, eles abandonaram a f no Sutrade Ltus, convertendo-se a ensinos superficiais.

    Como o homem que errou por toda a terra sofrendo de contnua pobreza, eles estavamdestinados ao ciclo dos seis mundos inferiores. E tal como o homem ao qual fora ensinadopelo amigo a respeito da existncia da gema, eles tambm foram finalmente capazes de

    compreender que o Buda, h muito, havia plantado a inestimvel gema dentro deles.

    A gema indica claramente o Sutra de Ltus. Indica tambm o estado de Buda inerente nocorao de todas as pessoas.

    Do ponto de vista do Budismo Nitiren, a gema o Gohonzon. O amigo que costurou uma gemapreciosa na parte interna do casaco indica que o Buda Nitiren Daishonin inscreveu oGohonzon o objeto de devoo para as pessoas dos ltimos Dias da Lei. Os que soincapazes de compreender a fora do Gohonzon so como o homem que se embebedou atficar inconsciente, e ento vagou sem objetivos.

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    O nono captulo do Sutra de Ltus NinkiEdio 1960 - Publicado em 18/Outubro/2008 - Pgina A8

    O nono captulo (Ju Gaku Mugaku Ninki, Profecias concedidas aos Aprendizes e Adeptos)

    freqentemente abreviado como captulo Ninki, no qual Sakyamuni profetiza a iluminaofutura de seus discpulos Ananda, Rahula e dois mil discpulos de Erudio.

    Inicialmente, Ananda e Rahula tomam a iniciativa e imploram ao Buda que lhes conceda umapredio. Seguindo-os, os outros dois mil discpulos tambm o fazem.

    Os oito mil bodhisattvas presentes na assemblia que tinham comeado a buscar a iluminaopensaram: Nunca antes o Buda havia feito uma predio, at mesmo aos grandesbodhisattvas. Por que esses homens de Erudio seriam merecedores de receb-la?.

    O Buda, compreendendo o sentimento deles, disse-lhes: Ananda sempre desejou ouvir mais dos ensinos do Buda do que qualquer outra pessoa.Dediquei-me completamente prtica constante. Como resultado, alcancei a iluminao.Ananda protege os meus ensinos e proteger os ensinos dos Budas que viro.

    Ele conduzir muitos bodhisattvas iluminao e se tornar um buda chamado SengaieJizaitsu (Rei do Poder irrestrito das Montanhas e Mares de Sabedoria). por isso que Ananda digno da minha predio.

    Prosseguindo, Sakyamuni dirigiu-se a Rahuk: Somente eu sei da vossa inconspcua, mas difcil prtica. No mundo vindouro, atingir o

    estado de Buda e se chamar Buda Tyoshippoke (Andando sobre Sete Flores Preciosas).

    Ento, Sakyamuni concede uma profecia de iluminao futura a dois mil discpulos shomon,tanto os aprendizes (gaku, em japons) como aqueles que, tendo dominado a iluminaoshomon e, tornando-se arhats, nada mais tm a aprender (mugaku, em japons).

    Sakyamuni declara que todos esses dois mil discpulos tornar-se-o budas com o nome Hoso(Sinal de Jia).

    No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin explica que os dois mil homens deErudio representam todas as pessoas deste mundo, e que somente o mantra Nam-myoho-rengue-kyo, a Lei fundamental pela qual os budas atingem a iluminao, possibilitam todasas pessoas dos ltimos Dias da Lei a atingirem a iluminao.

    Ele ainda afirma que, independentemente do quo sbia e inteligente uma pessoa possa ser,no conseguir construir uma felicidade indestrutvel se no basear a vida na Lei Mstica.

    Ananda um exemplo de prtica budista. O significado de seu nome alegria, e e le foi umdos dez principais discpulos de Sakyamuni. Era primo do Buda e filho do Rei Kokubon, tio deSakyamuni.

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    Diz-se que ele nasceu no mesmo dia em que Sakyamuni atingiu a iluminao sob a rvoreBodhi. O rei Kokubon enviou um mensageiro ao Rei Jobon, pai de Sakyamuni, informando-lhedo nascimento de seu filho. O Rei Jobon ficou to feliz que chamou-o de Ananda (alegria).

    Como seu nome indica, por toda sua vida Ananda serviu alegremente ao Buda e devotou-se prtica budista. Do ponto de vida simblico, Nitiren Daishonin declara que Ananda representa

    as pessoas que alegremente praticam o Nam-myoho-rengue-kyo. Ananda, portanto, significaalegria da f.

    Esse captulo tambm ensina que mesmo os indivduos mais ignorantes podem atingir oestado de Buda se abraarem o Gohonzon e conclui o ensino da substituio dos trs veculospelo veculo nico de Sakyamuni. Os captulos subseqentes tratam da prtica e propagaodo sutra aps o falecimento do Buda e sua transmisso para as eras futuras.

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    Hosshi o dcimo captulo do Sutra de LtusEdio 1962 - Publicado em 08/Novembro/2008 - Pgina A8

    O 10o captulo Hosshi (Mestre da Lei) consiste em trs elementos. Primeiro, explica os cinco

    modos de praticar o Sutra de Ltus; segundo, o Buda ensina uma parbola (no includa naschamadas sete parbolas do Sutra de Ltus); terceiro, explica as regras para propagar o Sutra.

    O captulo comea com a pregao de Sakyamuni ao Bodhisattva Rei dos Remdios e oito milbodhisattvas, dizendo:Se algum sentir alegria em ouvir um nico verso ou frase do Sutra de Ltus aps minhamorte, dot-lo-ei com a predio da iluminao. Quem quer que abrace, leia, recite, explane etranscreva mesmo um nico verso do Sutra de Ltus e o reverencie como se fosse o Buda,deve ter certa vez feito oferecimentos a dez bilhes de budas e cumprido os seus grandesdesejos sob estes budas.

    Pela sua benevolncia pelas pessoas, renascero no mundo mundano. Eles so grandesbodhisattvas que alcanaram a iluminao e sero reverenciados por todas as pessoas. Elesdesejaram renascer neste mundo e pregar o Sutra de Ltus pela sua benevolncia pelaspessoas.

    Sejam homens ou mulheres, se secretamente ensinarem a uma nica pessoa uma frase doSutra de Ltus aps o meu falecimento, saibam que eles sero os enviados do Buda, mandadospara levar avante a tarefa do Buda. Aqueles que mais merecem essa descrio so os queensinam o Sutra amplamente entre as pessoas.

    Mesmo que algum, durante uma eternidade inteira, calunie o Buda face a face, o seu pecado ainda leve. Porm, mesmo uma nica palavra m, se calunia os leigos ou monges que lem erecitam o Sutra de Ltus, o seu pecado tremendamente grave. Em contraste, o Buda apoiarcom os seus ombros os que lem o recitam o Sutra de Ltus.

    Sakyamuni ainda diz: Meus sutras so inumerveis, sejam os j ensinados, os que esto sendoensinados agora ou aqueles a serem ensinados no futuro. De todos esses sutras, o Sutra deLtus o mais difcil de crer e o mais difcil de compreender. Como o dio e a inveja para comeste sutra abundam mesmo durante a vida do Buda, quo pior ser no mundo aps o seufalecimento? Contudo, os que acalentarem e propagarem o sutra aps o falecimento do Budasero protegidos com a veste do Buda.

    Ento, Sakyamuni relata a seguinte parbola: suponham que um homem, por causa de suaextrema sede, procure pela gua cavando num planalto. Embora cave desesperadamente,somente v a terra seca. Ele pensa que a gua est muito longe sob o solo. Pelo incessanteesforo, finalmente, alcana a lama mida e compreende que a gua est prxima mo.

    Sakyamuni explica, ento, o seu significado: Os bodhisattvas so como este homem. Se notivessem ainda ouvido este sutra, estariam longe da iluminao. Em contraste, se ouvem estesutra e se esforam para domin-lo, a iluminao no se encontra muito distante. Isso porquea iluminao de todos os bodhisattvas pertence a este sutra.

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    Depois, o Buda revela como pregar o Sutra de Ltus aps o seu falecimento por meio das trsregras de propagao: Manto, assento e recinto.

    O recinto o estado de mente que mostra grande piedade e benevolncia para com todos osseres vivos; o manto o esprito de gentileza e tolerncia e o assento o vazio de todos osfenmenos.

    Sakyamuni usa a imagem do manto, do assento e do recinto para esclarecer o esprito doBuda ao expor o Sutra de Ltus. E clama s pessoas que exponham amplamente o ensino,dizendo: Se os senhores se basearem nesse esprito, ento, mesmo que encontremdificuldades, certamente podero conduzir as pessoas iluminao assim como o Buda fez.

    O termo hosshi, ou mestre da Lei, significa aquele que ensina as cinco prticas [de abraar, ler,recitar, ensinar e transcrever o Sutra de Ltus].

    A respeito das cinco prticas, Nitiren Daishonin afirma: Quando abraar o Sutra de Ltus erecitar o Nam-myoho-rengue-kyo est observando simultaneamente todas as cinco prticas...Este o ensino principal para os discpulos e crentes de Nitiren. No procure nenhum outro.(As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pg. 214.)

    Nos ltimos Dias da Lei, as cinco prticas consistem unicamente em abraar o Gohonzon osupremo objeto de devoo revelado por Nitiren Daishonin que permite a todas as pessoas aatingir infalivelmente o estado de Buda na presente existncia.

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    O dcimo primeiro captulo do Sutra de Ltus Torre do TesouroEdio 1964 - Publicado em 22/Novembro/2008 - Pgina A8

    O Buda Sakyamuni ensinou os dez primeiros captulos do Sutra de Ltus no topo do Pico da

    guia. Contudo, no 11o captulo, ele e aqueles que se reuniram para ouvir seu ensino tomamsuas posies no cu em torno da Torre de Tesouro, comeando, assim, a Cerimnia no Ar.Essa cerimnia o assunto dos doze captulos consecutivos, incluindo o 22o captulo,Transferncia.

    O nome do captulo Torre de Tesouro se origina da imensa torre adornada de jias quesurge no seu incio. A torre, na realidade, indica especificamente a torre do Buda MuitosTesouros que emerge da terra no captulo Surgimento da Torre de Tesouro do Sutra deLtus e pra flutuando no ar.

    Logo depois, uma voz poderosa ressoa da torre, dizendo: Buda Sakyamuni, ensinastes o Sutrade Ltus aos homens, e todas as suas doutrinas so verdadeiras! Naturalmente, toda aaudincia maravilhou-se ao ver a magnfica torre e ouvir essa majestosa voz.

    Embora maravilhados, ficam intrigados com a estranha ocorrncia. Entre eles, encontrava-seo Bodhisattva Grande Eloqncia que pergunta ao Buda o que estava acontecendo. E o Budaresponde que dentro da torre vivia o Buda Muitos Tesouros. Esse buda havia jurado que apsatingir o estado de Buda apareceria numa Torre de Tesouro para atestar a legitimidade doSutra de Ltus onde quer que algum a ensine.

    Ouvindo isso, o Bodhisattva Grande Eloqncia desejou ansiosamente ver esse buda.

    Compreendendo esse desejo, Sakyamuni revela que o Buda Muitos Tesouros fez uma vez umprofundo juramento: Se o Buda quisesse que ele fosse visto pelas pessoas na cerimnia doSutra de Ltus, deveria chamar antes todos os outros budas.

    Sakyamuni, ento, lana uma luz ao oriente, fazendo com que inumerveis terras de budas setornassem visveis assemblia. Em cada um desses mundos, os budas disseram aos seusbodhisattvas: Eu devo ir onde est o Buda Sakyamuni que est no mundo saha e prestarhomenagem Torre de Tesouro do Buda Muitos Tesouros.

    Instantaneamente, cada um dos budas vem ao mundo saha, tornando-o puro. Eles se renemgradualmente de dez direes do Universo e, aps os inumerveis mundos purificados seremocupados, os budas dizem aos seus ouvintes que prestem homenagem ao Buda espargindo-lheflores com pedras preciosas e digam-lhe que desejam ver a Torre de Tesouro aberta.

    Sakyamuni, percebendo que outros tambm desejam o mesmo, ergue-se no ar e abre a torreadornada. Todas as pessoas vem, ento, o Buda Muitos Tesouros em seu interior e ouvem-noelogiar o Buda Sakyamuni e dizer que veio ouvir o Sutra de Ltus.

    O Buda Muitos Tesouros convida Sakyamuni a sentar-se ao seu lado. Vendo-os juntos, aassemblia deseja reunir-se a eles. Por isso, Sakyamuni, com seus poderes msticos, ergue agrande assemblia no ar.

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    Sakyamuni pergunta assemblia: Quem propagar amplamente o Sutra de Ltus nestemundo saha? Logo entrarei no nirvana e desejo transferir o Sutra de Ltus a algum para quepossa ser perpetuado.

    Sem esperar resposta, Sakyamuni prossegue falando da dificuldade de propagar o Sutra deLtus aps sua morte. Ele salienta ainda a necessidade de seus discpulos fazerem seus

    juramentos, dizendo:

    Aps atingir a iluminao, ensinei numerosos sutras. Dentre eles, entretanto, o Sutra deLtus o supremo. Quem ser capaz de conservar esse sutra e recit-lo aps meufalecimento? difcil abraar esse sutra e aquele que o faz mesmo por curto tempo alegrar amim e a todos os outros budas.

    Como se pode notar, a Torre de Tesouro desempenha um importante papel nesse captulo. Elaindica a grandeza e a preciosidade da vida humana. A torre fechada significa que, sem exceo,todas as pessoas possuem em si o estado de Buda. Entretanto, ele encontra-se dormente nelas.

    A abertura das portas indica a manifestao dessa condio.

    Sobre o significado dos materiais preciosos que adornam a torre, Nitiren Daishonin ensinaque todos eles representam qualidades da vida (audio, f, preceitos, convico, devoo,apego e reflexo).

    Audio significa discernir o falso do verdadeiro; f, crer na verdade; preceito, controlar a simesmo e no ser desencaminhado pelos desejos; convico, ter uma mente inabalvel que noseja influenciada pelo ambiente; devoo, buscar incessantemente a perfeio; apego, ir almda preocupao consigo mesmo e ter compaixo para com os outros; reflexo, sempre refletire corrigir seus prprios erros. Assim, os materiais preciosos indicam a perfeio da vida

    humana.

    Em seu escrito Carta a Abutsu-bo, Nitiren Daishonin esclarece: Aqueles que recitam o Nam-myoho-rengue-kyo, no importando sua classe, so a prpria Torre de Tesouro e,semelhantemente, so o prprio Buda Muitos Tesouros. (As Escrituras de Nitiren Daishonin,vol. 3, pg. 232.)

    Assim, a Torre de Tesouro indica aqueles que desenvolvem sua natureza de Buda recitando oNam-myoho-rengue-kyo e, num sentido amplo, todas as pessoas, pois possuempotencialmente a semente do estado de Buda inerente em sua vida.

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    O dcimo segundo captulo do Sutra de Ltus DevadattaEdio 1966 - Publicado em 06/Dezembro/2008 - Pgina A8

    O captulo Devadatta revela dois princpios extremamente importantes: que at os mais

    malficos dos homens podem atingir a iluminao se abraarem o Sutra de Ltus e que tantoos homens quanto as mulheres podem atingir o estado de Buda.

    Neste captulo, o Buda Sakyamuni comea descrevendo sua prvia existncia, quando havianascido como um rei que buscava o Sutra de Ltus e a suprema iluminao. Disposto arenunciar o trono em favor de seu primognito, ele anuncia por todo o reino que buscavaalgum que lhe pudesse ensinar a Lei.

    Um dia, um eremita veio procura dele e disse que possua o ensino do Mahayana chamadoMyoho-rengue-kyo, e que lhe ensinaria a Lei. O rei ficou to contente ao ouvir isso que jurou

    servi-lo dedicadamente. Para esse mestre, ele passou a colher frutos, buscar gua, juntarlenha, preparar comida. Durante mil anos, ele serviu o eremita e no deixou que esse mestresofresse desconforto. Durante esse perodo, ele aprendeu a Lei, atingindo finalmente o estadode Buda.

    A seguir, Sakyamuni revela as identidades do rei e do eremita. Ele disse: O rei daquele tempofoi eu prprio; e o eremita, Devadatta. Com o seu auxlio pude atingir a iluminao. Por isso, oconsidero um bom amigo.

    Sakyamuni profetiza, ento, que Devadatta atingiria a iluminao futuramente e se chamariaBuda Rei Celeste. Durante seus dias, esse Buda pregaria a Lei Mstica, salvando muitas

    pessoas.

    O fato seguinte a ser referido nesse captulo a iluminao da filha do Rei Drago. Entre osadeptos do Buda Muitos Tesouros havia um bodhisattva chamado Acmulo de Sabedoria. Eledesejava voltar sua terra e, por isso, queria pedir autorizao ao Buda Muitos Tesouros. MasSakyamuni o impede e chama o Bodhisattva Monju, que sai do Palcio do Drago, sob ooceano, e eleva-se ao ar.

    O Buda Acmulo de Sabedoria pergunta ao Monju quantas pessoas ele havia salvado noPalcio do Drago e Monju responde que havia salvado inmeras pessoas. Para provar isso,aqueles que haviam sido salvos por ele surgem do oceano e elevam-se ao ar. O Buda Acmulode Sabedoria pergunta se algum deles havia atingido o estado de Buda imediatamente,praticando Sutra de Ltus. O Bodhisattva Monju responde que a filha do Rei Drago, de apenasoito anos de idade uma garota benevolente e sbia havia atingido a iluminaoinstantaneamente.

    *Em seguida, a filha do Rei Drago aparece e diz: Eu juro pregar os ensinos Mahayana parasalvar todas as pessoas angustiadas.

    Mas Sharihotsu desafia a menina, afirmando que o caminho do Buda exige um tempoinimaginavelmente longo para ser atingido. Alm disso, ele lembra que as mulheres no

    poderiam atingir essa condio.

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    A filha do Rei Drago possua uma pedra mais preciosa que um grande mundo e oferece-a aoBuda que a aceita imediatamente. Dirigindo-se ao Buda Acmulo de Sabedoria e Sharihotsu,pergunta: Eu ofereci minha pedra ao Buda e ele a aceitou imediatamente. No foi muitorpido? Eles respondem: Sim, foi. Ento, a filha do Rei Drago declara: Vejam, com seuspoderes msticos, como atinjo rapidamente o estado de Buda.

    Todas as pessoas reunidas na assemblia testemunham a filha do Rei Drago ir a um outromundo puro e atingir a iluminao. Eles observam ela pregar a Lei Mstica s pessoas daquelaterra e compreendem, de corao, que as mulheres podem atingir a iluminao do mesmomodo como os homens, e que no se leva incontveis tempos para que isso acontea.

    Sobre o ttulo desse captulo, Devadatta foi primo e inimigo eterno de Sakyamuni. Durantegrande parte de sua vida, ele tentou prejudicar de todas as formas o Buda, e at mesmoassassin-lo. Devadatta era extremamente arrogante e foi repreendido por Sakyamuni devidoa isso diante de toda uma audincia.

    Em vez de aceitar a repreenso como benevolncia do Buda para que se desenvolvesse,Devadatta ficou irado e buscou cada oportunidade para tirar a vida do Buda. Certa vez , eletentou quebrar a unio harmoniosa da comunidade budista.

    Por isso, participantes da assemblia ficaram surpresos ao ouvir que Devadatta atingiria ailuminao. Nos ensinos anteriores ao Sutra de Ltus, isso seria impossvel. Contudo, essecaptulo ensina que Devadatta representa uma parte inerente vida das pessoas, quandomanifestam a arrogncia, o egosmo, os cimes, o desejo pela fama e poder. So aspectos quedestroem as pessoas e causam a misria do mundo.

    O fato de Sakyamuni ter profetizado a iluminao de Devadatta significa que o Sutra de Ltus

    possui a chave para erradicar o mal e conduzir todas as pessoas, mesmo as piores, iluminao.

    Apesar de suas maldades, Devadatta agiu como um bom amigo (zentishiki), pois as suasmaldades somente serviram para provar a grandiosidade de Sakyamuni e de seus ensinos.

    Embora seja um caso extremo, isso nos ensina que, no importando quo ruins sejam ascircunstncias que nos encontremos, a prtica do budismo tem o poder de transformar tudoem algo positivo e os inimigos em bons amigos so molas propulsoras para o nossoprprio desenvolvimento como valores humanos.

    *nota de Anne Almeida:A traduo para o portugus simplifica questes importantes, como por exemplo:

    Ele no se refere a pessoas no sutra e sim SERES VIVENTES.

    O juramento do Buda no conduzir todas as pessoas no caminho da iluminao e simTODOS OS SERES VIVENTES.

    Ilimitados seres viventes obtero o fruto do Estado de Arhat. Ilimitados seres viventesdespertaro para a iluminao do Pratyekabuda.

    Um inconcebvel nmero de seres viventes resolutamente decidir-se-o pela Via do Buda eencontraro a no-regresso.

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    O dcimo terceiro captulo do Sutra de Ltus devoo encorajadora (Kanji)Edio 1970 - Publicado em 10/Janeiro/2009 - Pgina A8

    Neste captulo, os Bodhisattvas Reis dos Remdios, Grande Eloqncia e mais outros vinte mil

    bodhisattvas juram praticar o Sutra de Ltus aps o falecimento do Buda:

    Ns juramos abraar, ler, recitar e ensinar este sutra aps o falecimento do Buda. Os povosda malfica era aps o seu falecimento sero arrogantes e gananciosos quanto aoferecimentos. Eles sero inclinados a se voltarem contra o caminho da iluminao.Dificilmente eles se iluminaro. Apesar disso, com a fora da grande benevolncia, iremos ler,recitar, ostentar e copiar este sutra. No pouparemos nem a prpria v ida para isso.

    Ento, quinhentos arhats, cuja iluminao lhes foi assegurada, dizem ao Buda: Ns tambmjuramos propagar amplamente este sutra em outros mundos.

    A seguir, aqueles que estavam ainda aprendendo e os que ainda nada mais tinham a aprender,num total de oito mil pessoas, levantaram-se dos seus assentos e juraram ao Buda: Nstambm juramos propagar este sutra amplamente em outros mundos. A razo disso queneste mundo saha, as pessoas so ms, arrogantes, irrascveis, falsas e desonestas.

    A tia do Buda, Makahajahadai, levanta-se tambm junto com seis mil monjas, olhando para oBuda. Sakyamuni pergunta:

    Por que esse olhar to preocupado? Dever estar preocupada porque no lhe foi feita apreviso sobre sua iluminao? Voc se tornar uma grande mestra no futuro, junto com

    essas seis mil monjas. Ir seguir o caminho de bodhisattva e tanto voc como as demaisatingiro o estado de Buda.

    A me de Ragora, Yashudara, pensa: Somente a mim deixou de ser concedida a iluminaopelo Buda. E ento, o Buda diz a ela: No futuro, voc se tornar uma grande mestra efinalmente atingir o estado de Buda.

    Todas as mulheres, exultantes, juram que ensinaro amplamente este sutra em outrosmundos. E o Buda olha para os inumerveis bodhisattvas que chegaram ao estgio em quenunca mais se afastariam.

    Eles dizem ao Buda: Ns viajaremos pelos mundos e faremos as pessoas copiarem,guardarem, lerem e recitarem este sutra, explicaremos o seu significado e praticaremosexatamente como o sutra ensina.

    Eles juram que da por diante iro propagar o sutra enfrentando a oposio dos TrsPoderosos Inimigos que aparecero na maligna era aps o falecimento do Buda: as pessoasignorantes do budismo que acusam os devotos do Sutra de Ltus, atacando-os com espadas ebastes; religiosos arrogantes e astutos que caluniam os devotos; aqueles que gozam dorespeito do pblico em geral e que, temendo perder a fama e os lucros, induzem asautoridades a perseguir os devotos do Sutra de Ltus.

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    E eles dizem: Ns enfrentaremos todas essas perseguies. Para ensinar este sutra, ns ossuportaremos. No pouparemos nossa vida, somente cuidaremos do supremo caminho.Conservaremos o que o Buda nos conferir. Os maus religiosos da era maligna iro maltrata-nos e seremos banidos repetidamente.

    Neste captulo, Sakyamuni mostra a dificuldade de propagar a Lei Mstica nos ltimos Dias da

    Lei aps o falecimento do Buda. Aquele que, conforme predisse Sakyamuni, enfrentou os TrsPoderosos Inimigos e propagou a Lei foi Nitiren Daishonin, que foi exilado duas vezes,primeiro na Pennsula de Ito e depois Ilha de Sado. Ele foi tambm quase decapitado naPerseguio de Tatsunokuti. Por isso, Daishonin denominou-se devoto do Sutra de Ltus.

    Da mesma forma, os praticantes do Budismo Nitiren comprovam por meio de sua conduta quetambm so devotos do Sutra de Ltus.

    No sutra consta: Ns, com a fora da grande benevolncia, iremos ler, recitar, ostentar ecopiar este sutra. No pouparemos nem a prpria vida para isso.

    Qual o significado da frase no pouparemos?

    No significa desprezar a prpria vida, pelo contrrio, significa ao e determinao commente objetiva.

    Geralmente, os que dedicam todas as suas energias a alguma coisa desenvolvem um certobrilhantismo e at mesmo nobreza. Quando um estudioso tem uma mentalidade determinadana busca da verdade, a sua aparncia o demonstra.

    O mesmo pode ser dito a um mdico que pe seu corao e sua alma no tratamento de um

    paciente. De qualquer modo, quando uma pessoa concentra todas as suas foras em um nicoobjetivo, podemos dizer que ela est vivendo a frase no pouparemos a prpria vida.

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    Dcimo quarto captulo do Sutra de Ltus Prticas PacficasEdio 1972 - Publicado em 24/Janeiro/2009 - Pgina A8

    Este captulo recebeu este nome porque nele o Buda Sakyamuni explica a natureza da prtica

    pacfica numa poca malfica. O captulo, o ltimo dos ensinos tericos, descreve os quatromeios pacficos de prtica, em resposta pergunta do Bodhisattva Manjushri referente maneira como os bodhisattvas deveriam praticar numa poca maligna.

    Os quatro meios pacficos da prtica relacionam-se com as aes, palavras, pensamentos ejuramento. O captulo Prticas Pacficas tambm contm a parbola da pedra preciosaescondida no topete.

    Ao pacfica significa acalmar o corpo e evitar influncias malignas e praticar num local depaz e tranquilidade.

    Palavras pacficas expor calmamente o Sutra de Ltus, sem depreciar irrefletidamente oulouvar outras pessoas e sutras.

    Pensamentos pacficos manter, ler e expor o Sutra de Ltus sem inveja, arrogncia ouatitude afetada e evitar disputas doutrinais.

    E o juramento pacfico fazer um voto profundamente benevolente pela salvao de todos osseres e praticar de acordo com o ensino.

    Segundo Tientai, esses quatro tipos de prtica referem-se ao mtodo de propagar o Sutra de

    Ltus sem permitir a si prprio ser perturbado fsica e espiritualmente pelas vriasinfluncias negativas que acompanham uma era maligna.

    O presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: Mesmo quando estamos propagando a LeiMstica sem nos preocuparmos com a nossa vida, no devemos fazer absolutamente nadaque difame a Lei.

    Por termos a mais elevada considerao pela Lei, precisamos exercitar plenamente nossasabedoria propagando-a1. Prtica pacfica indica praticar a Lei Mstica em ao, palavras econduta as trs categorias de ao isto , com todo o ser.

    Neste captulo, o Buda afirma: Aquele que l este sutra estar em qualquer ocasio livre depreocupaes e ansiedades; e igualmente livre de doena e dor, e sua expresso ser vigorosae radiante. Ele caminhar destemidamente como o rei leo. O brilho de sua sabedoria sercomo a luz do Sol... (LS14, 209-210).

    O que devemos fazer para realizar a prtica pacfica na era atual e experimentar a paz efelicidade nesta existncia? No Registro dos Ensinos Orais, o Buda Nitiren Daishonin explica:A entidade dessas prticas pacficas este (ensino do) Nam-myoho-rengue-kyo transmitidopelo Bodhisattva Prticas Superiores. (Gosho Zenshu, pg. 798.)

    Em outras palavras, o componente principal da prtica pacfica abraar o ensino do Nam-myoho-rengue-kyo.

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    Contudo, praticar pacificamente no significa viver uma vida calma e tranquila, semproblemas. transformar todas as circunstncias negativas em causas para a paz efelicidade por meio da prtica da suprema Lei do Nam-myoho-rengue-kyo. viver de formacorreta e digna, com o esprito de jamais ser derrotado e de no poupar a prpria vida em prolda Lei Mstica.

    Aps falar sobre os quatro modos de prtica pacfica, Sakyamuni expe a parbola da pedrapreciosa escondida no topete. A parbola sobre um rei girador da roda que recompensa osque lutaram bravamente dando-lhes vrios tesouros. Porm, h um objeto do qual ele no sedesfaz, uma pedra preciosa que mantm escondida em seu topete.

    Finalmente, ele tira essa jia e a concede ao soldado que havia lutado com insupervelcoragem na batalha. Essa jia representa o Sutra de Ltus, que o mais precioso tesouro queo Buda concede. Com esta parbola, Sakyamuni compara a pedra nos cabelos ao Sutra deLtus, e os demais tesouros aos sutra anteriores ao de Ltus. Sakyamuni diz:

    Este Sutra de Ltus o mais profundo de todos os sutras.

    Assim como o sbio rei girador da roda nunca havia concedido a brilhante jia a ningum,Sakyamuni jamais havia exposto antes o verdadeiro ensino (Sutra de Ltus).

    Da mesma forma, Nitiren Daishonin concedeu a pedra preciosa (Nam-myoho-rengue-kyo) atoda a humanidade, possibilitando a todas as pessoas manifestar uma elevada condio devida interior e assim conduzir a prpria vida no caminho da paz e da felicidade plena,independentemente das adversidades que possam encontrar no decorrer da vida.

    Nota:1. Brasil Seikyo, edio no 1.447, 7 de fevereiro de 1998 pgs. 3-4.

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    Dcimo quinto captulo do Sutra de Ltus Emergindo da TerraEdio 1974 - Publicado em 07/Fevereiro/2009 - Pgina A8

    Sakyamuni comea a pregar o ensino essencial do Sutra de Ltus neste captulo denominado

    Emergindo da Terra (Yujutsu). Ele inicia com Sakyamuni recusando-se a transferir a Lei aosbodhisattvas dos outros mundos que demonstraram o desejo de propag-la.

    Em um nmero oito vezes maior que o das areias do Rio Ganges, esses bodhisattvas juntam-se assemblia. Com as mos postas em profunda reverncia, eles se curvam e dizem ao Buda:Honrado pelo Mundo! Permita-nos proteger, ler, recitar, transcrever e adorar este sutra nomundo saha aps o seu falecimento. Juramos preg-lo amplamente em toda a Terra.

    Mas o Buda responde: Desistam, homens de f devota! No h necessidade de faz -lo. Nestemundo saha existem inumerveis outros bodhisattvas. Eles conservaro este sutra e o

    ensinaro amplamente aps minha morte. Nesse momento, a terra treme e das rachadurassurgem inumerveis outros bodhisattvas.

    Eles aparentam ser extremamente nobres e brilhantes. Eles eram liderados por quatrobodhisattvas: Prticas Superiores (Jogyo), Prticas Ilimitadas (Muhengyo), Prticas Puras(Jyogyo) e Prticas Firmemente Estabelecidas (Anryugyo).

    Atnito com a cena, o Bodhisattva Maitreya pergunta ao Buda de onde vieram e quem lhesensinou a Lei e os iluminou.

    Essa uma parte da preparao para o Buda revelar a eternidade do seu estado de Buda.

    Sakyamuni diz que eles so discpulos a quem vinha ensinando desde o distante passado. Noentanto, Maitreya e os outros bodhisattvas no conseguem compreender o significado dedistante passado.

    Eles dizem: No curto tempo desde que atingira a iluminao em Bodhigaya, como pde oBuda preparar esses inumerveis bodhisattvas e lev-los iluminao?

    Isso implica que Sakyamuni havia atingido a iluminao em um remoto passado, muitodistante daquela vida. Pela primeira vez, ele revela o conceito budista da eternidade da vida.

    No Registro dos Ensinos Orais, Nitiren Daishonin revela brevemente o que o captulopretende explicar. Ele diz: Todo o captulo Emergindo da Terra ensina a misso dosbodhisattvas enviados pelo verdadeiro Buda. A prtica desses bodhisattvas o Nam-myoho-rengue-kyo. Isso o que o sutra quer dizer com o termo recitavam. Conduziam, no mesmosutra, significa conduzir todas as pessoas ao paraso do Pico da guia.

    Recitavam e conduziam, no Sutra de Ltus, deriva da passagem do captulo Emergindo daTerra: Entre os bodhisattvas haviam quatro lderes, o primeiro chamado Pr ticasSuperiores, o segundo, Prticas Ilimitadas, o terceiro, Prticas Puras e o quarto, PrticasFirmemente Estabelecidas. Esses quatro bodhisattvas eram os lderes que recitavam e

    conduziam. O Bodhisattvas da Terra so aqueles que recitam o Nam-myoho-rengue-kyo elevam outras pessoas a recit-lo.

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    O Sutra de Ltus paga o mais alto tributo aos Bodhisattvas da Terra. Isso mostra a grandezada existncia deles. A questo saber de onde surgem as suas maravilhosas caractersticas. OSutra de Ltus diz que eles viviam num espao sob o mundo saha e que dali surgiram. Mas totalmente inacreditvel que homens possam surgir debaixo da terra. No Registro dosEnsinos Orais, Daishonin esclarece:

    Esses quatro bodhisattvas vivem embaixo, e a interpretao de Tientai em Palavras e Frasessobre o Sutra de Ltus refere-se a embaixo como a profundidade ltima da vida ou verdadeabsoluta.

    Aplicando vida diria, os quatro bodhisattvas representam as funes do Nam-myoho-rengue-kyo. Quando recitamos esse mantra e nos dedicamos ao caminho do bodhisattva(salvar outras pessoas por meio da Lei Mstica), manifestamos as vrias qualidades do estadode Buda como a eternidade, felicidade, verdadeira identidade e pureza.

    O captulo diz em parte: Eles no possuem manchas dos desejos mundanos, como os botesde ltus na gua. Essas palavras descrevem brevemente uma qualidade fundamental dosBodhisattvas da Terra.

    Os belos botes de ltus no se desenvolvem em guas lmpidas, mas num imundo pntano. Opntano lamacento o smbolo das duras realidades da sociedade e dos sofrimentos daspessoas. Os Bodhisattvas da Terra so aqueles que enfrentam dignamente a difcil realidadedo dia-a-dia ao lado das pessoas que sofrem e lutam em companhia delas.

    Apesar de tudo, quando uma pessoa est totalmente coberta de lama difcil ficar limpa.Muitas pessoas tendem a se perder diante das dificuldades, apesar dos elevados ideais de suajuventude. A pessoa precisa ter uma grande energia vital para no sucumbir diante das

    circunstncias desfavorveis.

    A gua lamacenta representa ainda a desiluso, o desejo e o carma negativo. O boto de ltus,a natureza de buda. Em outras palavras, essa analogia indica tambm a nossa nobre misso doKossen-rufu baseada em um profundo senso de responsabilidade e benevolncia para coma humanidade.

    Como o prprio Nitiren Daishonin afirma: Nitiren e os seus discpulos que recitam o Nam-myoho-rengue-kyo so todos Bodhisattvas da Terra.

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    Dcimo sexto captulo do Sutra de Ltus Revelao da Vida Eterna do BudaEdio 1976 - Publicado em 21/Fevereiro/2009 - Pgina A8

    Dos 28 captulos do Sutra de Ltus, os mais importantes so o 2o, Hoben (Meios) e o 16o,

    Juryo (Revelao da Vida Eterna do Buda).

    O captulo Juryo revela a insondvel profundidade e durao da iluminao de Sakyamuni. Dao ttulo: ju significa durao da vida do Buda, especificamente a de Sakyamuni, e ryo,sondar. Sondar a durao da vida do Buda significa saber h quanto tempo ele Buda.

    Isso no quer dizer que esse captulo revela a eternidade da vida. A crena na eternidade davida j havia se propagado entre praticamente todos os antigos filsofos indianos muito antesdo advento do budismo e assim no mereceu nenhuma discusso nesse captulo que enfoca adurao da vida de Sakyamuni como Buda, ou seja, quanto tempo passou desde que ele

    originariamente atingiu o estado de Buda.Sakyamuni apresenta aqui uma distncia de tempo inimaginavelmente longa chamadaGohyaku-Jintengo, quando ele atingiu a iluminao pela primeira vez, e declara que desdeento esteve sempre aqui neste mundo pregando a Lei para salvar a humanidade:

    Desde ento eu tenho estado neste mundo para ensinar a Lei. Como as pessoas tmdiferentes naturezas, desejos, comportamentos, ideias e julgamento, propus diferentesensinos a eles por meio das vrias histrias de relaes causais, parbolas e de outros modos,devido ao meu desejo de plantar sementes da iluminao em seu corao.

    Seus contemporneos consideravam Sakyamuni como um prncipe que havia iniciado asausteridades religiosas ainda jovem e que havia finalmente atingido a iluminao perto dacidade de Gaya.

    Ningum havia nem mesmo considerado a possibilidade de ele ter sido Buda antes disso e,quando atingiu a iluminao, pensaram que foi porque ele era especial. O captulo Revelaoda Vida Eterna do Buda deixa claro que mostra o erro dessa forma de pensar.

    Depois, ele revela a verdadeira causa que o fez atingir o estado de Buda: Uma vez, eu tambmpratiquei as austeridades de bodhisattva, e a vida que ento adquiri continua imutvel.

    Embora eu, na realidade, nunca falea, profetizo minha prpria morte. Se virem o Budaconstantemente presente e eterno neste mundo, eles se tornaro arrogantes e egostas, enegligenciaro a prtica do budismo.

    Portanto, o Buda ensina como expediente que raro viver nas pocas que um Buda surgeneste mundo. Quando os homens ouvem estas palavras, certamente compreendem que rarover um Buda e passam a aspirar por ele. E, assim fazendo, plantam a causa da iluminao emseu corao.

    Sakyamuni, ento, relata a parbola do bom mdico, para ensinar aos homens que o Buda usa

    um recurso para salv-los. A parbola sobre um mdico muito sbio e habilidoso que tinhamuitos filhos. Certa vez, ao retornar de uma longa viagem, ele encontrou todos agonizando,

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    pois haviam ingerido veneno acidentalmente. O mdico preparou um remdio, mas algunsdeles se recusaram a tom-lo. O veneno j havia penetrado na mente deles, afetando seuraciocnio. Para salv-los, o bom mdico usou um subterfgio. Disse-lhes que precisaria partirimediatamente, mas que deixaria o remdio para que o tomassem, afinal, ele no sabia seviveria muito tempo devido idade avanada.

    Ele partiu e, depois, enviou um mensageiro para comunicar-lhes o seu falecimento. Apesar deabalados, os filhos doentes se lembraram do ltimo desejo do pai e finalmente ingeriram oremdio, recuperando a sade. Feliz, o pai retornou para casa e revelou aos filhos a verdade.Aps contar a parbola, Sakyamuni diz que, da mesma forma, ele tambm utiliza meios paraconduzir as pessoas ao caminho do Buda.

    Neste captulo, Sakyamuni revela os Trs Princpios Msticos (San-myo) da Verdadeira Causa(a causa da iluminao original de Sakyamuni), do Verdadeiro Efeito (sua iluminao original)e da Verdadeira Terra (o lugar onde o Buda vive e ensina).

    A verdadeira causa refere-se prtica fundamental que conduz as pessoas a manifestarem