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SUPLEMENTO DIDÁTICO Maria Clara Wasserman ABRAM ALAS PARA A MÚSICA BRASILEIRA 9

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Atividades Musicais Infanto Juvenil.Maria Clara Wasserman.

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Page 1: Suplemento Maria Clara Wasserman

SUPLEMENTO DIDÁTICO

Maria Clara Wasserman

ABRAM ALAS PARA A MÚSICA BRASILEIRA9

Page 2: Suplemento Maria Clara Wasserman

1 SÍNTESE E CONTEXTUALIZAÇÃO DE LIVROS E CDs 2

2 APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS 4

2.1 Os sambas de Chiquinha Gonzaga e Cartola 4

2.1.1 Chiquinha Gonzaga 4

2.1.1.1 Atividade complementar 1 – Caça-palavras musical 6

2.1.1.2 Atividade complementar 2 – Contrapontos no tempo 7

2.1.1.3 Atividade complementar 3 – Música para ver 7

2.1.2 Cartola 8

2.1.2.1 Trabalhando com o livro 8

2.1.2.2 Rosas que falam e cantam 9

2.2 A música de Chico Buarque 10

2.2.1 Os Saltimbancos 11

2.2.2 A Cidade Ideal 12

2.3 Modo de Aferição dos resultados 12

2.4 Atividades complementares 12

2.5 Referências complementares 12

São Paulo I OUTUBRO I 2008

Maria Clara WassermanHistoriadora. Mestre em História pela Universidade Federal do Paraná e especialista em História da Música pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Pesquisadora do Centro de Estudos João Gilberto desde sua constituição, em 2003. Autora dos suplementos pedagógicos de toda a coleção Mestres da Música no Brasil, da Editora Moderna (quatorze títulos), e responsável pela pesquisa histórica e texto do projeto Brasiliana – Radamés Gnattali (2005), coordenado pelo maestro Roberto Gnattali. Atua na área de formação de professores pelas seguintes instituições: Secretaria de Educação do Paraná, Universidade Federal do Pará, Universidade de São Paulo, Universidade Estadual do Ceará. Em 2005 foi coordenadora regional do Programa Sucesso Escolar, da Fundação Darcy Ribeiro. Docente da ONG Spectaculu, desde 2004. Elaborou, em co-autoria com Edinha Diniz, o Caderno Pedagógico da coleção Jorge Amado e Zélia Gattai, editado pelo SESI e Casa de Jorge Amado em 2008. Atualmente é Supervisora Técnica do projeto de implantação do Banco de Dados do Museu da República.

E-mail:

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Chiquinha Gonzaga Diniz, Edinha; Bonito, Angelo. São Paulo: Callis, 2000É um livro que traz a infância dessa compositora que nasceu no Rio de Janeiro em 1848 e se tornou uma pioneira: primeira maestrina, autora da primeira canção carnavalesca, primeira pianeira de choro, introdu-tora da música popular nos salões elegantes, fundadora da primeira sociedade protetora dos direitos autorais. Participou das grandes causas sociais do seu tempo, como a luta abolicionista e a causa republicana. Em 1899, compôs a pri-meira marcha do Carnaval brasileiro, Ó abre alas. Sua obra reúne dezenas de partituras para peças teatrais e centenas de músicas nos mais variados gêneros: polca, tango bra-sileiro, valsa, habanera, schottisch, mazurca, modinha etc. Neste livro, a criança entrará em contato com a jovem Chiquinha, impactada pelas impressões musicais que ecoam da cidade do Rio de Janeiro.

1 SÍNTESE E CONTEXTUALIZAÇÃO DE LIVROS E CDs

Cartola Diniz, Edinha; Bonito, Angelo. São Paulo: Callis, 2004O livro de Edinha Diniz conta sobre a in-fância desse compositor carioca, fundador da Escola de Samba Mangueira e um dos grandes mestres do samba no Brasil.Através do livro, será possível ao aluno fazer uma viagem ao universo do compositor quando jovem. Participando dos pastoris, dos ranchos e das festas em geral, o menino Angenor de Oliveira teve na infância as informações mais impactantes para a formação do futuro Cartola.

Destinado para crianças.

Chico Buarque Braga; Torres, Angela. São Paulo: Moderna, 2002Chico Buarque é um dos maiores compo-sitores brasileiros. Essa pequena biografia reúne, em forma cronológica e com boas imagens, aspectos importantes de sua carreira: os primeiros compassos, os fes-tivais da canção, o exílio e a consagração como compositor. Trata-se de um ponto de partida para conhecer o amplo universo desse artista que, com mais de 40 anos de carreira, continua em plena atividade.

Destinado para crianças e adolescentes.

Os Saltimbancos (Universal Music)Música de Luiz Enriquez, texto original de Sérgio Bardotti, tradução e adaptação de Chico Buarque. Fábula musical inspirada no conto dos Irmãos Grimm Os Músicos de Bremen. O CD, com o texto integral da peça infantil, conta a história de um jumento, uma galinha, um cão e uma gata que fogem da opressão e buscam a liberdade. Não há narrador na história, e as próprias canções vão conduzindo o desenrolar dos acontecimentos.

Destinado para crianças e adolescentes

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2 APLICAÇÕES EM ATIVIDADES MUSICAIS

As atividades a seguir têm como objetivo fazer o aluno identificar as sonoridades dos sambas de dois compositores: Chiquinha Gonzaga e Cartola.A referência inicial parte dos livros da escritora Edinha Diniz, da coleção Crianças Famosas da Editora Callis. Ambos procu-ram demonstrar as primeiras emoções, os primeiros impactos musicais de Chiquinha e Cartola, ainda crianças.Após a leitura dos livros, as atividades que seguem procuram uma série de experimentações musicais, que vão desde as primeiras impressões até arranjos e composições. Sugerimos também atividades interdisciplinares, caso você, professor, tenha possibilidade de discutir projetos pedagógicos em sua escola.Sugiro também que, ao longo do processo de construção do trabalho com os alunos, você documente os resultados através de gravações de áudio e imagem. Para as atividades desse suplemento, é importante que, ao executar uma canção em sala de aula, você chame a atenção dos alunos para os seguintes elementos:

Tema geral da canção; Os tipos de rima e formas poéticas; Recursos como alegoria, metáfora, metonímia, paródia etc; Melodia: pontos de tensão/repouso melódico; Arranjo: instrumentos predominantes e sua função no clima geral da canção; Andamento: rápido ou lento; Entoação: tipos e efeitos de interpretação vocal, levando-se em conta a

intensidade, a tessitura e ocorrência de ornamentos vocais; Gêneros e estilos musicais.

2.1 Os sambas de Chiquinha Gonzaga e Cartola

2.1.1 Chiquinha Gonzaga

Material utilizado

Livro Chiquinha Gonzaga, de Edinha Diniz.

Partitura de Ó Abre Alas

Instrumentos musicais (específicos de seu pólo e turma).

Papel e caneta.

Objetivos das atividades

Ao final destas aulas, o aluno será capaz de:

Conhecer a sonoridade das músicas do século XIX e início do século XX;

Reconhecer as diferenças de andamentos e timbres das primeiras composições;

Identificar algumas músicas da maestrina Chiquinha Gonzaga;

Criar novos arranjos com base no original.

Duração da proposta: duas aulas de uma horaPúblico-alvo: crianças e jovens

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Abram alas para a música brasileira 0 Maria Clara Wasserman 3

Ó Abre AlasLeia com seus alunos o livro Chiquinha Gonzaga, de Edinha Diniz. Dependendo da idade das crianças, faça um passeio visual pelas ilustrações e faça uma leitura em grupo. Segundo o livro, quando criança Chiquinha assistiu à inauguração da iluminação elétrica do Passeio Público, no Rio de Janeiro, impactou-se com o som que vinha da banda do coreto e, em seu diálogo com o irmão Juca, comentou como a música a encantava por dentro, muito mais do que o impacto visual dos fogos de artifício a que assistia. Aos 11 anos, Chiquinha compôs uma canção de Natal e sua primeira composição.Após a atividade de leitura, coloque para os alunos ouvirem algumas músicas de Chiquinha, como Corta-Jaca, Lua Branca ou Atraente. Depois comente que, além das centenas de composições, Chiquinha Gonzaga também compôs a primeira marcha carnavalesca. Leia para eles o texto ao lado.

“Início do ano de 1899. Morava Chiquinha Gonzaga no bairro do Andaraí [Rio de Janeiro] onde o cordão Roda se Ouro tinha a sua sede. Naquela tarde ensaiavam. A maestrina sentou ao piano e compôs uma música inspirada no cordão. Esta atitu-de banal, por incrível que pareça, ainda não tinha ocorrido a nenhum compositor.E assim surgia Ó Abre Alas.

Ó abre alas!Que eu quero passarEu sou da liraNão posso negar

Ó abre alas!Que eu quero passarRosa de OuroÉ que vai ganhar

Era a primeira canção carnavalesca brasileira, que nascia como marcha-rancho. (...) É certo que ranchos e cordões já se utilizavam de algumas canções, inclusive um tipo de marcha própria para rancho em seu andamento. O que a compositora fez foi fixar definitivamente esse gênero e criar a canção carnavalesca.”

DINIZ, Edinha. Chiquinha Gonzaga: Uma história de vida. São Paulo : Record. 1991.

A seguir, coloque para ouvirem Ó Abre Alas e, com a partitura (você pode acessá-la gratuitamente no site www.theperfectscores.com/search/scoredetails.php?recordID=10604&Submit=Search.), execute-a com os instrumentos disponíveis.

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Para turmas iniciantes, faça um gráfico no quadro-negro para que os alunos ouçam a canção acompanhando apenas a curva melódica. Peça que eles terminem o desenho da canção sozinhos e depois façam uma associação com as curvas melódicas da partitura: Aqui estão os versos Ó Abre Alas:

Comente com seus alunos que as primeiras marchas carnavalescas aconteciam com um andamento mais lento do que as de hoje, lembrando as procissões religiosas. No decorrer do tempo, com o advento da gravação elétrica (1929) a sonoridade dos registros foi mudando, o que refletiu também nas mudanças de composições e no andamento do próprio Carnaval, que hoje é bem mais rápido.Coloque os alunos sentados em círculos e mostre exemplos musicais antigos e modernos, como marcha-rancho, marchinha, samba e samba-enredo, entre outros. Tais exemplos podem ser mostrados em instrumentos ou em áudio1.Agora divida os alunos em equipes e peça para cada grupo executar Ó Abre Alas com os instrumentos disponíveis, criando novos arranjos ou tocando a marcha em outros gêneros, como samba-enredo, marchinha, rock ou até mesmo funk, de acordo com a preferência de cada um.A seguir, cada equipe apresentará o resultado de sua recriação para o resto da classe e explica a razão de suas escolhas.

À medida que for explicando aos seus alunos os ritmos e danças da época da Chiquinha Gonzaga, faça um jogo com eles. Explique os termos abaixo e toque um exemplo para eles. Na medida em que forem achando as respostas, vão somando pontos.

Dança originária da Boêmia e muito popular nos salões do Segundo Reinado. Canção e dança introduzida em Cuba, pelos africanos. Compasso binário, 2/4, primeiro tempo acentuado, andamento lento, em

fragmentos de 4, 8 ou 16 compassos. De origem portuguesa, cantada com acompanhamento de violão. Muito usada em salões desde os tempos da colonização até o

Segundo Reinado. Em 1914, esse tango foi executado pela primeira-dama do país, Nair de Teffé, em recepção oficial no Palácio do Catete, causando

escândalo político. Estilo de música popular que surgiu na década de 1870, no Rio de Janeiro. Estilo de marcha com andamento mais lento, característica dos antigos Carnavais.

2.1.1.1 Atividade complementar 1 – Caça-palavras musical

EDSMOLRVXS

AMSAEEAIXA

MASZQJZIMP

XRSUTEYIOO

OCSRPLAIDA

BHSCAINIIL

AAMAXIXENQ

ÇRSOAZRIHO

EASMAXEIAZ

XNTOAZAIOU

QCAPOLCAIP

IHLHATRIAE

LOCOROXPPG

ECHOROOILO

RDSIAZAOCA

PAUMAAXIUO

1. Você pode conseguir esses exemplos nos sites: www.chiquinhagonzaga.com, e no site do Instituto Moreira Salles: http://ims.uol.com.br/ims/

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Chiquinha Gonzaga conheceu Carlos Gomes e sofreu influência dos grandes compositores da sua época. Este é um bom momento para executar em sala de aula alguns compositores contemporâneos de Chiquinha Gonzaga, como Ernesto Nazaré, Carlos Gomes e ainda outros do universo da música erudita: Stravinsky, Ravel, Bartok, entre outros.

2.1.1.2 Atividade complementar 2 – Contrapontos no tempo

Peça para seus alunos desenharem os instrumentos musicais mais usados na época da Chiquinha Gonzaga. Faça uma exposição com os desenhos em sala de aula.

2.1.1.3 Atividade complementar 3 – Músicas para ver

Sugestão de atividade: monte em seu pólo um Teatrode Revista com as canções de Chiquinha Gonzaga, uma daspioneiras do Teatro de Revista no Brasil. Você pode escolherum texto pronto ou criar, com a turma, um texto satírico de costumes,antigo ou moderno. A peça pode ser musicada pelos próprios alunos.

2.1.2 Cartola

Material utilizado

Livro Cartola, de Edinha Diniz.

Instrumentos musicais (específicos de seu pólo e turma).

Papel e caneta.

Objetivos gerais

Ao final destas aulas o aluno será capaz de reconhecer as composições de Cartola e identificar peculiaridades de suas composições.

Duração da proposta: duas aulasPúblico-alvo: substituir por idades

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Sente com seus alunos em círculo e faça um passeio pelo livro de Edinha Diniz. Peça para olharem as imagens e, a seguir, cada um lê um parágrafo do livro. Ao término, peça para comentarem o que mais chamou a atenção na história da infância do compositor Cartola e ainda leia com eles o texto ao lado.

2.1.2.1 Trabalhando com o livro

CARTOLA E O CARNAVALAngenor de Oliveira, o Cartola, fundou a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira em 1928. Nos dez primeiros anos foi o compositor oficial dos sambas-enredo da escola. É de sua autoria o primeiro samba escolhido para a escola desfilar, Chega de Demanda, Vale do São Francisco e Tempos Idos. Passou muito tempo esquecido e só gravou o seu primei-ro disco aos 65 anos de idade. Cartola teve um reconhecimento tardio, mas compôs mais de 400 sambas e hoje é um dos prin-cipais nomes da música brasileira. Suas canções são de grande riqueza harmônica e, segundo ele mesmo, nas escolas de samba de sua maturidade não cabiam mais aqueles tipos de sambas.

Para ilustrar a leitura, mostre aos seus alunos algumas sonoridades diferentes do samba. A maioria das pessoas não sabe a diferença entre samba de raiz, samba-enredo, pagode, samba-canção etc. Lembre que tais diferenças se encontram desde a composição, passando pelo arranjo até a própria interpreta-ção. Traga para a sala de aula algumas músicas como Ó Abre Alas, de Chiquinha Gonzaga; Alvorada, de Cartola; um samba-enredo moderno, de sua escolha.Mostre as diferenças de andamento, os instrumentos utilizados em cada uma das músicas, o tema presente nas letras etc. Antes de comentar, dê um tempo para que os alunos ouçam e fiquem com a percepção mais aguçada.

Depois, se seu pólo tiver instrumentos de percussão ou se tiver acesso aos seus sons através de gravações, faça com eles uma brincadeira: traga instrumentos de Carnaval ou a gravação dos mesmos. Deixe que ouçam e descubram os sons. Faça uma espécie de gincana e, à medida que descobrem o instrumento, ganham pontos. Eis os principais:

Surdo de primeira: é o maior surdo, o que dá o andamento principal ao samba.

Caixa: dá o som característico ao samba. É sempre tocada com duas baque-tas. Marca o andamento, mas permite floreios, que não ocorrem nos surdos.

Repique: é uma resposta à caixa, utilizado nas paradas e nas viradas do samba, como sinal para a volta dos demais instrumentos.

Chocalho: ajuda a caixa a dar o suingue do samba, de forma mais leve. Tamborim: um dos instrumentos mais importantes, fazendo o desenho do

samba. Os sons diferentes são produzidos pela forma da baqueta. . Cuíca: o som da cuíca é produzido através de uma pequena haste que fica

em seu interior, que puxa um couro esticado que reveste o instrumento. Seu andamento depende da marcação dos surdos, que são seguidos pela cuíca.

Agogô: tem um dos sons mais agudos da bateria. Reco-reco: formado por uma haste e um pedaço de madeira ou metal, seu

som é produzido pelo atrito entre essas partes. Pandeiro: dá um ritmo característico ao samba, mas tem um som pouco

audível no conjunto da bateria, por isso já não é muito utilizado. Prato: é outro instrumento utilizado basicamente como “alegoria” pelos

ritmistas. O som, produzido pela batida de um prato no outro, é bastante forte.

Após a audição, se os alunos tiverem os instrumentos em mãos, peça que reproduzam os sons. Monte com eles uma mini-bateria de escola de samba.

Atenção: Caso não seja possível realizar a atividade por não haver instrumentos de percussão em seu pólo, coloque um CD de Cartola ou execute uma das músicas do compositor em algum instrumento seu. Faça com eles um exercício de percepção conforme o quadro da página 1 desse suplemento. Peça para os alunos anotarem cada tópico e depois registre tudo em um grande quadro. Explique para os alunos que este foi um exercício de decupagem musical, pois retiraram da canção e separaram em várias partes todos os elementos possíveis.

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Traga para a sala de aula a letra de As Rosas não Falam, de Cartola. Tal letra você pode encontrar no site www.letras.terra.com.brMostre a canção aos alunos e analise com eles os seguintes elementos:

Letra: converse com seus alunos sobre as figuras de linguagem utilizada nos versos do compositor. Observe também como Cartola utiliza rimas ricas (rima pobre é aquela que mistura verbo com verbo, substantivo com substantivo, assim por diante).

Sonoridade: gênero, arranjo, melodia etc. (de acordo com o quadro da p. 1). Dependendo do intérprete, analise também a entoação; Depois da análise, comente com os alunos que, apesar do que diz a música de Cartola, as rosas dos alunos vão cantar e falar. Se for

possível, confeccionem uma grande rosa de cartolina. Tal rosa deve expressar o sentimento deles e ter um espaço para escrever seus versos. Se possível, ajude-os também a não criarem rimas pobres (Ex. amor – flor);

Depois, já com a rosa confeccionada e a letra pronta, incentive-os a comporem uma melodia para a letra que escreveram. Pergunte-lhes qual o gênero escolhido e qual a sonoridade que gostariam de utilizar;

Chegou a hora de ajudá-los a compor. Com um instrumento harmônico (violão, piano, cavaquinho etc.), toque um acorde maior ou menor, de acordo com a letra composta pelo aluno: se for uma letra alegre, um acorde maior - uma letra triste ou melancólica, acordes menores. Mostre aos alunos os sons que compõem as tonalidades, faça-os repetir nos instrumentos e deixe-os livres para fazer as composições com base nos acordes que aprenderam. Se os alunos já souberem tocar, deixe-os improvisarem junto com você em seus próprios instrumentos;

Ao fim, os alunos apresentam os resultados para a classe ou mesmo para a escola.

2.1.2.2 Rosas que falam e cantam

Essa série de atividades tem o compositor Chico Buarque como tema principal. Selecionamos, dentro de sua vasta obra (mais de 400 composições) o trabalho com a peça Os Saltimbancos. Este, além de ser voltado para o público infanto-juvenil, permite uma série de atividades musicais.

2.2 A música de Chico Buarque

Material utilizado

Livro Chico Buarque, de Ângela Braga Torres.

Cd Os Saltimbancos, de Chico Buarque.

Instrumentos musicais (específicos de sua oficina).

Papel e caneta.

Objetivos gerais das atividades

Conhecer aspectos da vida e da obra de Chico Buarque

Perceber as características poético-musicais das canções do compositor.

Objetivos específicos

Ao final das atividades, os alunos serão capazes de:

Compreender e reconhecer música dissonante;

Reconhecer e reproduzir as sete notas da escala e descobrir os timbres e afinação do grupo;

Estimular o desenvolvimento da criatividade através da experimentação teatral com a peça Os Saltimbancos.

Melhorar a percepção auditiva, através da pesquisa das músicas de Chico Buarque.

Duração da proposta: no mínimo três aulas de uma hora cadaPúblico-alvo: crianças e jovens

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Leia com seus alunos o livro de Ângela Braga Torres e comente passagens importantes da vida do compositor: a fase em que morou na Itália, a relação com o pai, as influências musicais e literárias, os festivais da canção e a consagração com A Banda, o período das canções de protesto até as crônicas do cotidiano. Peça aos alunos que pesquisem em casa, em livros e com a família, sobre as músicas de Chico. Diga que tragam letras, livros e discos para a sala de aula. Nesta primeira aula de sensibilização para a obra do artista, deixe que cada um mostre o que trouxe, lendo, cantando ou colocando algum fonograma para os colegas ouvirem. Selecione algumas das músicas trazidas pelos alunos e refaça a audição: pergunte sobre os instrumentos da canção, sobre tons, andamento, gênero etc. Convide-os então para conhecer melhor a obra de Chico Buarque através da peça Os Saltimbancos.

2.2.1 Os Saltimbancos

Para começar, leia com os alunos o roteiro da peça e depois coloque para ouvirem todo o CD. Isso fará com que se sintam dentro da própria história.A seguir, selecione a faixa Minha Canção onde estão presentes as sete notas da escala, com devidos nomes e alturas. Cada verso da música começa com o nome da nota que está sendo executada na melodia. Aqui é possível (assim como acontece no próprio texto), trabalhar a afinação e a memória melódica dos alunos. Acompanhe-os em um teclado ou piano. Depois, como brincadeira, toque uma nota e peça para os alunos reproduzirem: eles podem repetir cantando ou escrever a mesma em plaquinhas. Na medida em que você toca, os alunos levantam a placa. Ganha o jogo quem acertar mais notas. A seguir, peça aos alunos que criem outras letras com base nessa escala, conservando o nome das notas na primeira palavra de cada verso. A música que eles criam pode ser mais simples, com 7 versos, correspondendo às 7 notas. Peça então que troquem os versos de lugar: em vez de DÓ RÉ MI LÁ SOL FÁ SI, eles podem ter qualquer outra combina-ção. Explique que é assim com todas as músicas: uma combinação das notas e que tal jogo não tem fim.Trabalhe com a faixa Esconde-Esconde. Mostre a canção para os alunos e faça-os perceber as notas dissonantes. Reproduza as dissonâncias nos instrumentos disponíveis em sala de aula. Explique que essas notas que parecem um tanto desagradáveis ao ouvido, dão um clima de suspense à música. Explique também que esse recurso é muito utili-zado em filme de terror e suspense. Agora, com os instrumentos, peça que criem um som dissonante. A seguir, coloque um outro disco, de Schöemberg ou Stravinsky e organize uma grande brincadeira de esconder. O rock instrumental, em que o som da guitarra também pode ser utilizado.

Peça para os alunos criarem uma paródia com a canção Cidade Ideal. Cada um canta, acompanhado de algum instrumento, sobre como seria a sua cidade ideal. O trabalho pode ser feito em equipes e é ideal para avaliar como os alunos estão percebendo e incorporando os conhecimentos musicais.Após o exercício inicial, proponha que a turma se divida para interpretar a peça para a escola. Por fim, divida a turma em equipes: atores/cantores, músicos, cenógrafos (quem vai fazer cenário), figurinistas, produtores (que cuidarão da organização do evento e da divulgação), contra-regras (que cuidarão do palco) etc. Após um período de ensaio, apresente a peça.

2.2.2 A Cidade Ideal

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Em todas as atividades, a avaliação deve ser contínua e você deve preparar um instrumento próprio para acompanhar o processo de aprendizagem. Ao final, vol-te aos objetivos de cada atividade e veja se atingiu as metas. Sempre termine o bloco de exercícios musicais com os alunos apresentando algo que aprenderam.

2.3 Modo de Aferição dos Resultados

Além do CD Os Saltimbancos original, você pode incorporar canções dos Saltimbancos Trapalhões, que tem como cenário principal o circo. Algumas canções: Piruetas, Hollywood, Rebichada etc. Analise as diferenças dos arranjos e explore a sonoridade das canções que tem instrumentos elétricos (bateria, sintetizador, guitarra). Assim eles podem diferenciar instrumento acústico de elétrico.

Pesquise com seus alunos a origem medieval do termo Saltimbancos. Eram músicos? Que instrumentos tocavam? Como era a música medieval?

Leia para eles o livro Os Músicos de Bremen e compare as duas histórias.

2.4 Atividades complementares

ALENCAR, Edigar de. Carnaval carioca através da música (2 vs). Francisco Alves, 1978.BARBOSA DA SILVA, Marilia e Oliveira Fo., A. Cartola, os tempos idos. Rio de Janeiro: Funarte, 1983.BARROS E SILVA, Fernando. Chico Buarque. São Paulo: Publifolha, 2004.CABRAL, Sérgio. No tempo de Almirante. Uma história do rádio e da MPB. Rio de Janeiro: Fco. Alves, 1990.CARVALHO, Gilberto. Chico Buarque: análise poético-musical. Rio de Janeiro: Codecri, 1983.DINIZ, Edinha. Chiquinha Gonzaga: Uma história de vida. São Paulo: Record, 1991.EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da MPB. MEC/Funarte (2 vs), 1978.EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas do carnaval carioca. MEC/Funarte, 1982.EFEGÊ, Jota. Maxixe: a dança excomungada. Conquista, 1974.GUIMARÃES, Francisco (Vagalume). Na roda de samba. MEC/Funarte, 1978.LIRA, Mariza. Chiquinha Gonzaga: grande compositora brasileira. MEC / Funarte, 1978.MENEZES, Adelia B. Desenho mágico: poesia e política em Chico Buarque. São Paulo: Hucitec, 1982.PINTO, Alexandre G. O Choro. MEC/Funarte, 1978. VALENÇA, Suetônio S. Tra-lá-lá: Lamartine Babo. Funarte, 1981.

2.5 Referências complementares

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