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Solo Grampeado

Origens do solo grampeadoA tcnica de solo grampeado tem origem na tcnica de execuo de suportesde galerias e tneis denominada NATM (New Austrian Tunneling Method), aplicadana engenharia de minas. O mtodo NATMconsiste na aplicao de um suporte flexvel para permitir que o terreno se deforme, ocorrendo uma formao de uma regioplastificada no entorno da escavao, que pode ser reforada atravs dechumbadores. Logo aps a escavao, a cavidade que est submetida ao efeito dopeso de terras e tenses confinantes, estabilizada com um revestimento flexvel deconcreto projetado (espessura entre 10 e 30 cm), tela metlica, cambotas echumbadores curtos radiais introduzidos na zona plstica. Em geral, os chumbadoresso dispostos a cada 3 a 6m ao longo da galeria e so inseridos nomacio por percusso ou perfurao com posterior injeo de nata de cimento.Aps as aplicaes da tcnica NATM em rochas duras, novas experinciasforam efetuadas em materiais menos resistentes, tais como rochas brandas eposteriormente em solos (siltes, pedregulhos e areia) com o nome de sologrampeado ou pregado (soil nailing, em ingls)A tcnica de solo grampeado passou a se desenvolver ento a partir do inciodos anos 70. Pases como Frana, Alemanha e Estados Unidos lideraram pesquisasno sentido de se obter conhecimentos deste mtodo de estabilizao.

Definio da tcnicaO solo grampeado uma tcnica bastante eficaz no que diz respeito aoreforo do solo in situ em taludes naturais ou taludes resultantes de processo deescavao. O grampeamento do solo obtido atravs da incluso de elementoslineares passivos, semi-rgidos, resistentes flexo composta, denominadosgrampos. Os grampos podem ser barras ou tubos de ao ou ainda, barras sintticasde seo cilndrica ou retangular. Estes elementos de reforo so posicionadoshorizontalmente ou inclinados no macio, de forma a introduzir esforos resistentesde trao e cisalhamento. Sua funo minorar osdeslocamentos do macio terroso pelo acrscimo de foras internas contrrias aosistema natural de acomodao de massa. A descompressoprogressiva do solo, em funo das sucessivas fases de escavao ou de umaconfigurao de ruptura do macio, gera deslocamentos laterais no solo. Estesdeslocamentos, ento, induzem ao surgimento de foras internas aplicadas nosistema solo-reforo.

Critrios de aplicaoDentre as diversas aplicaes da tcnica de solo grampeado, deve-se citar:1. Estabilizao de taludes naturais incluso de reforos emtaludes, possivelmente instveis, com inclinaes da ordem de 45o a 70.2. Conteno de escavaes temporrias ou permanentes (Figura 3b)associadas s fundaes de edifcios, escavaes para vias subterrneas(estacionamentos ou metr), cortes para implantao de sistemas virios eescavaes para portais de tneis;3. Recuperao de estruturas de conteno tais como, cortinas de terra armada(substituio de tiras ou conexes danificadas por sobrecarga), muros deconcreto armado (antes ou logo aps as rupturas causadas pela deterioraodo muro ou de movimentos a montante) e cortinas atirantadas (aps ocolapso de ancoragens protendidas, por carregamento excessivo ou porcorroso dos tirantes). Gssler (1990 e 1991) reporta o uso da tcnica narecuperao de estruturas antigas na Alemanha que apresentavam umacondio de possvel ruptura. Outros exemplos da aplicao em obras derecuperao podem ser vistos em Ingold (2000) e Steenbergen-Kajabov etal. (2005).Quando a tcnica utilizada como estrutura de conteno ou emestabilizao de escavaes, os grampos so geralmente posicionadoshorizontalmente e os esforos so principalmente de trao. Ao contrrio, quandoesta tcnica utilizada para a estabilizao de taludes naturais, os elementos dereforo podem ser verticais ou perpendiculares superfcie potencial de ruptura e osesforos de cisalhamento e momentos fletores no devem ser desprezados(Schlosser, 1982).

Metodologia executiva, equipamentos e materiais de construoA construo de uma estrutura de solo grampeado em taludes resultantes deescavaes mecnicas ou manuais realizada em fases sucessivas de cima parabaixo. Em taludes naturais ou previamente cortados, o grampeamento pode serefetuado de forma descendente ou ascendente, conforme a convenincia. Nestecaso, a construo da estrutura em solo grampeado consistir apenas na introduodos grampos e execuo da face de concreto projetado.Em taludes resultantes de corte, o processo construtivo constitudo por trsetapas principais sucessivas: a escavao, a instalao dos grampos e aestabilizao do paramento. Em virtude das condies do terreno, a ordemda instalao dos grampos e da estabilizao do paramento pode ser invertida.

1. Escavao:Inicia-se o corte do solo na geometria de projeto. As escavaes sogeralmente realizadas em bancadas, com profundidades variando entre 1 a 2m, emfuno do tipo de solo. Em geral, os solos capazes de serem grampeados so areiasconsolidadas, areias midas com coeso capilar, argilas adensadas e rochasbrandas. No caso de solos arenosos, alturas superiores a 2,0m ou inferiores a 0,5mso raras. Em argilas sobreadensadas, pode-se alcanar profundidades superiores a2m (Bruce e Jewell, 1987).Durante as etapas de escavao, o solo deve se manter estvel. Assim comoem outras tcnicas de solo reforado, a execuo de uma estrutura em sologrampeado envolve uma fase crtica durante o processo executivo que correspondea uma instabilidade local (funo da altura de solo a ser escavada). Se o solo no sesustentar pelo perodo de tempo necessrio, sua face recm escavada deve serestabilizada imediatamente.Onde possvel, recomendado inclinar a face do talude. Isto reduzconsideravelmente a armadura do reforo (Dringenberg e Craizer, 1992). Lima Filho(2000) recomenda uma inclinao de 5o a 10o do paramento, em relao vertical,para obter-se um ganho na estabilidade geral do conjunto na fase construtiva. Outroprocedimento que pode ser realizado para minorar os deslocamentos do talude emsolo grampeado, durante as etapas construtivas, a realizao da escavao embermas ou nichos.

2. Colocao dos grampos:A introduo de grampos no solo a ser reforado pode ser feita na direohorizontal ou com uma pequena inclinao (em geral de 5o a 15o com a horizontal). AFigura 7 mostra diferentes configuraes para a extremidade dos grampos. Grampos Injetados:As barras so posicionadas no macio aps a execuo de um pr-furo (emgeral de 70 a 120mm de dimetro) e segue-se a injeo da calda do grampo. prtica comum, instalar prximo barra um ou mais tubos de injeo, perdidos, depolietileno ou similar, com dimetros de 8 a 15mm, providos de vlvulas a cada 0,5m,a at 1,5m da boca do furo. A quantidade de tubos depende das fases de injeoprevistas, e deve-se considerar um tubo para cada fase. O material constituinte dainjeo (na perfurao preexistente) nata de cimento (relao gua-cimento emtorno de 0,5 em peso) ou argamassa. Em alguns casos, aps um mnimo de 12horas, faz-se uma reinjeo do chumbador, por meio do tubo de injeo perdido,anotando-se a presso mxima de injeo e o volume de calda absorvida. No seexecuta a reinjeo, a no ser que haja dois ou mais tubos de injeo perdidos.Se as barras dos grampos forem de ao, estas devem receber tratamentoanticorrosivo (resinas epxicas ou pintura eletroltica). No caso da utilizao debarras de plstico reforadas por fibras, no h necessidade de tal procedimento,pois este material imune corroso. Ao longo das barras, devem ser dispostoselementos centralizadores, tipicamente a cada 2 ou 3m, para evitar o contato doelemento de reforo com o solo. O elemento de reforo deve estar centrado e comrecobrimento de nata totalmente assegurado. Grampos Cravados:Consiste na cravao por percusso de barras ou tubos metlicos ou perfismetlicos esbeltos com auxlio de martelete, o que leva a um processo de execuomais rpido, porm com menor resistncia ao cisalhamento no contato solo-grampo(valores tpicos da ordem de 30 a 40kPa). Em alguns casos pode ser empregadomartelete manual no processo de cravao.O tipo de instalao por cravao no recomendado quando h ocorrnciade pedregulhos, nem no caso das argilas porosas, como as de So Paulo e deBraslia, onde a resistncia mobilizada reduzida. H tambm limitaes nocomprimento mximo, da ordem de 6m, condicionado eficincia de cravao dogrampo (Ortigo et al., 1993).Os grampos apresentam usualmente rigidez, tal que os esforos cisalhantes emomentos fletores no devem ser desprezados (Schlosser, 1982). Determinadoscuidados devem ser considerados no aspecto de proteo contra a corroso. Em geral, nos elementos cravados, a preveno feita adotando-se uma espessuraadicional de recobrimento com resina ou pintura anticorrosiva.A escolha de qualquer uma das duas tcnicas supracitadas envolve no scritrios econmicos, mas tambm outros fatores tcnicos, particularmente, o tipo desolo envolvido no problema, a eficincia dos grampos para os tipos de terrenosenvolvidos (ensaios de arrancamento) e a altura de escavao.Uma tcnica alternativa de execuo dos grampos foi desenvolvida naFrana, consistindo na cravao por percusso de um tubo de ao medida que seinjeta nata de cimento atravs da ponta sob presso elevada. Os muros assimexecutados so denominados de Hurpinoise, em reconhecimento ao tcnico Hurpinque desenvolveu o mtodo (Ortigo e Palmeira, 1992). Este processo maiseficiente para solos arenosos (Gssler, 1990). Novas tecnologias:Um processo semelhante aos grampos cravados foi desenvolvido pela firmaDywidag, tendo a denominao comercial de Titan, ainda no disponvel no Brasil(Figura 8). Trata-se de um tubo de ao ranhurado dispondo de coroa que introduzido por rotopercusso. gua e ar so empregados como fluido de perfurao.Ao final injeta-se calda de cimentoOutras tecnologias esto em desenvolvimento, tais como a execuo degrampos tipo parafusos, feitos com barras de ao de alta resistncia, introduzidas nomacio com o auxlio de uma perfuratriz rotativa ou roto percussiva.3. Construo de parede no local:Em geral o revestimento da parede de concreto projetado com uma malhade tela soldada (Figura 10a). Podem ser utilizados painis pr-fabricados, em funode aspectos arquitetnicos (Figura 10b). Uma boa alternativa de execuo da face,para taludes em corte, a utilizao de blocos pr-fabricados do tipo Terrae (Figura10c). Estes do um bom acabamento para a obra, facilitam a execuo e garantem adrenagem (Saramago et al., 2005; Ferreira Jr. et al., 2006). Flum e Rgger (2004) eFlum et al. (2005) reportaram outra soluo alternativa para a execuo da face coma utilizao de uma malha de arame de ao de alta resistncia, combinada com oadequado grampeamento do talude. Em taludes com inclinao mais suave (daordem de 45o), possvel adotar revestimento vegetal (Pinto e Silveira, 2001) ougrama armadaNo Brasil, o revestimento comumente utilizado o concreto projetado com espessura de 10cm sobre tela metlica (tela soldada deao CA-60) do tipo Q196 ou similar (Lima Filho, 2000).No caso do revestimento em concreto projetado, sua aplicao depende docorreto dimensionamento das redes de conduo de ar, vazo e presso docompressor e principalmente do ajuste da bomba e da projeo manual (Zirlis e Pitta,1992). A aplicao do concreto projetado pode ser feita por via mida ou seca. Ousual por via seca por ser mais prtico. O trabalho pode ser interrompido ereiniciado sem perdas de material e de tempo para limpeza do equipamento. Aelevada energia de projeo produz uma compactao adequada do concreto quecolabora para garantir uma alta resistncia, bem como o adensamento da capasuperficial do solo com uma eficiente colagem. A resistncia compresso doconcreto projetado, associada ao tempo de cura apresentada na Figura 13. Maisdetalhes sobre a aplicao do concreto projetado por via mida e via seca podem servistos em Zirlis e Pitta (1992), Byrne et al. (1998) e Hachich et al. (1999).As fases de escavao, instalao dos grampos e estabilizao da face sorepetidas at completar a escavao projetada.Sistemas de drenagem devem ser previstos quando se utiliza a tcnica desolo grampeado. A prtica usual recomenda a execuo dos dispositivosconvencionais de drenagem profunda e de superfcie. Estes dispositivos devem serconsiderados na fase de projeto, de forma a evitar o fluxo interno de gua e devemser instalados antes da construo da parede de concreto.Como drenagem profunda h drenos subhorizontais profundos de tubos deplsticos drenantes de 38 a 50mm (1 a 2) de dimetro. Estes tubos so envoltospor tela de nylon #60 ou por BIDIM OP20 que devem ser especificadas em funo dotipo de solo (para se evitar a colmatao dos drenos em solos argilosos). So drenoslineares embutidos no macio em perfuraes no solo de 63 a 100mm (2 a 4) eseus comprimentos se situam normalmente entre 6 e 18mQuanto aos aspectos executivos, ressalta-se que boa parte dos problemasverificados em obras de conteno est relacionada com deficincias de drenagem.Tidas geralmente como intervenes auxiliares, as obras de drenagem so toimportantes quanto a estrutura em si. Recomenda-se, durante a fase de projeto, adeterminao das posies e fluxos do lenol fretico para o correto ajuste dosistema de drenagem. Outro problema comum das obras de conteno consiste na falta demanuteno. preciso checar, por exemplo, se as canaletas do sistema dedrenagem esto trincadas, se a gua est correndo por ali, se h muito sujeira e seos barbacs esto em bom estado e/ou desobstrudos. Cuidar da proteo natural ouartificial outro item importante de manuteno. A vegetao, por exemplo, protegea superfcie do terreno contra a eroso e dificulta a penetrao de guas pluviais nosolo. tambm conveniente executar uma pequena ficha, com o prprioparamento, abaixo do nvel final da escavao, evitando a possibilidade decarreamento de finos por ao de infiltrao de gua, alm de manter o soloconfinado atrs do paramento. Garante-se assim a estabilidade no p do talude emsolo grampeado. A profundidade da ficha (f) depende essencialmente da qualidadedo terreno, bem como da geometria do paramento. Para efeito de projeto, pode-seadotar f=0,20m para alterao de rocha e f=0,40m para solos em geral (Lima Filho,2000).No existe at o presente momento normalizao brasileira que regulamentea execuo de estruturas em solo grampeado. Dias (1992) apresenta uma sugestode procedimentos bsicos para a execuo de estabilizao de taludes com sologrampeado, estruturado nos moldes da Associao Brasileira de Normas Tcnicas(ABNT), com a finalidade de subsidiar a elaborao de uma futura norma sobre oassunto.

Aplicao da tcnicaObras de solo grampeado tm sido freqentes no Brasil devido adequaodos solos tropicais. Em 1966, a empresa Rdio Perfuraes e Consolidaes aplicou57concreto projetado com tela metlica para a estabilizao de taludes na barragem deXavantes. Em 1970, a SABESP utilizou o mtodo NATM na construo do tnel deaduo do Sistema Cantareira em So Paulo (Figura 20). Na estabilizao do taludedo emboque, empregaram-se chumbadores curtos, tela metlica e concretoprojetado, aproveitando o sistema utilizado na construo de tneis (Zirlis et al.,1999). A partir de 1972, nos tneis e taludes da Rodovia dos Imigrantes foramexecutadas contenes com chumbadores (perfurados e injetados com calda ousomente cravados a percusso) alm de reticulados de micro-estacas.Desde 1976, estruturas de solo grampeado de at 12m vm sendoconstrudas em So Paulo, com grampos executados em concreto moldado in locoe a face de elementos pr-moldados, com denominao comercial de Rimobloco.Zirlis e Pitta (1992) descreveram 8 casos de obras permanentes em sologrampeado em taludes resultantes de processo de escavao e em taludes naturais.Em todos os casos foram previstos sistemas de drenagem superficial (canaletas,caixas de passagem e barbacs) e, eventualmente, drenos subhorizontais profundos.

Vantagens e limitaes do solo grampeadoAs principais vantagens da tcnica em solo grampeado, que incentivaram odesenvolvimento nas ltimas trs dcadas, so as seguintes:1. Baixo custo. Em escavaes de cerca de 10m de profundidade, atinge-se de10% a 30% de economia em relao s cortinas atirantadas (Bruce e Jewell,1986). Dringenberg e Craizer (1992) mostram uma reduo, em torno de 20%nos custos, relativamente a outras modalidades de conteno. Estabilizaesem solo grampeado demonstram serem bastante atraentes, principalmentecomo estruturas com limitao de altura ou onde possvel combinar atcnica com outro tipo de conteno (Myles, 1995). No desenvolvimento deprojetos geotcnicos associados a programas de urbanizao em favelas, atcnica de solo grampeado bastante adotada, pois o menor custo possibilitapara uma determinada verba, um maior nmero de intervenes (Lima Filhoet al., 2005). Na Europa, reporta-se que o custo de execuo de uma obra emsolo grampeado , em geral, 20% inferior ao custo de execuo de cortinas atirantadas. Nos Estados Unidos, grampos injetados podem custar de 10% a30% menos que a tcnica de cortina atirantada. A Tabela 12 apresenta umafaixa de valores para a execuo de obras em solo grampeado nos EstadosUnidos (Byrne et al., 1998). Vale ressaltar que o custo para a execuo deuma conteno em solo grampeado funo de vrios fatores, tais como otipo de solo, a acessibilidade ao local, a altura da conteno, o tipo dematerial da face da escavao, o tratamento contra corroso dos grampos e avida til da estrutura (temporria ou permanente).Em comparao com a tcnica de micro-estacas em solos homogneosarenosos, a tcnica de solo grampeado mostra-se mais econmica. Bruce eJewell (1986) concluem que, para uma mesma geometria do talude, em soloarenoso, a densidade de incluses horizontais (grampos horizontais) bemmais reduzida que a de incluses verticais (micro-estacas). Comparaescom a tcnica de solo reforado mostram que estruturas em solo grampeadopodem apresentar custos menores (Ingold, 1995).Tozatto (2000), em estudos sobre 7 estruturas de conteno de baixa altura(H=3m), aponta a soluo em solo grampeado, como sendo bastanteatraente, com custo superior apenas ao da soluo de muro de gravidade emsolo-cimento (Figura 27);

2. Adaptabilidade s condies locais. Devida utilizao de equipamentos depequeno e mdio porte, que permitem a execuo do solo grampeado emlocais de difcil acesso (Moraes e Arduino, 2003; Soares e Gomes, 2003;Erhlich, 2003; Lima Filho et al., 2005). Em grampos injetados, as perfuraesso realizadas com equipamentos pesando entre 50 e 1000 kgf (Zirlis e Pitta,1992);3. Flexibilidade. Estruturas em solo grampeado so flexveis e compactas,apresentando adequada resistncia a esforos dinmicos.Conseqentemente, esta tcnica mostra-se interessante em regies sujeitasa terremotos (Shen et al., 1981);4. Reduo da quantidade de equipamentos e materiais de construo. Aexecuo de solo grampeado requer apenas o uso de equipamentos leves deuma mquina para escavao de terra, uma mquina perfuradora e umequipamento de injeo. A bancada para o posicionamento do equipamentode perfurao/cravao deve ter pelo menos 6m de comprimento (Bruce eJewell, 1987);5. Rapidez de construo. Os trabalhos de escavao, perfurao e injeopodem ser realizados simultaneamente em posies diferentes da frente detrabalho;6. Adaptabilidade a solos heterogneos. Apesar da utilizao dominante datcnica em solos homogneos, uma estrutura em solo grampeado pode serexecutada em solos heterogneos, observando-se que a densidade,espaamento, orientao e comprimento dos grampos variar conforme aresistncia. Experincias bem sucedidas tm sido reportadas em taludesgrampeados em solos residuais (Sigourney, 1996; Wong et al, 1997; Pinto eSilveira, 2001; Tozatto et al., 2001; Bernardes et al., 2004; Sayo et al.,2005);7. Possibilidade de ajuste do projeto. Com o avano das escavaes e oconhecimento do material exposto durante a escavao, o sistema de sologrampeado permite adaptaes do projeto. Essa dinmica do projeto em meio obra , talvez, um dos grandes mritos do sistema de conteno em sologrampeado (Azambuja et al., 2001);70Por outro lado, a tcnica de solo grampeado apresenta certas desvantagens,tais como :1. Movimentaes lateral e vertical inerentes tcnica. Deslocamentos laterais everticais constituem uma limitao que particularmente importante em reasurbanas devido presena de estruturas vizinhas. Em geral este limite de0,30% a 0,50%H, onde H a altura da escavao. Em casos onde estasdistores so inaceitveis, o projeto pode incluir ancoragens pr-tencionadasno topo do talude em solo grampeado. Devem-se medir os deslocamentos emtodas as fases de construo e os manter dentro dos limites de tolerncia prdefinidos;2. Uso no recomendado em solos abaixo do nvel dgua, tendo em vista adificuldade de escavao. Neste tipo de situao pode-se manter o NArebaixado, no entanto a presena do NA a posteriori poderia acarretar aproblemas de instabilidade do talude, assim como, de durabilidade dosgrampos;3. Uso pode ser dificultado em certas condies de solo: areias sem coesoaparente, ou em solos contendo uma alta porcentagem de argila, onde o teorde umidade poderia aumentar depois da construo, devido ao possvelingresso de gua que acarretaria uma perda da resistncia do solo e,conseqentemente, uma significativa reduo da resistncia ao cisalhamentosolo/grampo (Bolton e Stewart, 1990; Davis e Morgan, 2005). Um decrscimonos valores de resistncia ao cisalhamento na interface solo-grampo pode setornar evidente se, depois da construo, o solo se tornar saturado (Schlossere Unterreiner, 1990). Em solos no-coesivos, no possvel garantir aestabilidade de escavaes verticais (estas escavaes, com cerca de 1 a 2mde altura, devem se manter estveis por um ou dois dias, em mdia). Aeficcia do solo grampeado pode no ser comprovada em solos argilosos demenor consistncia, com N(SPT) inferior a 10 golpes, pela dificuldade de semanter a face da escavao estvel antes da execuo do concreto projetado(Clouterre, 1991);4. Vida til em ambientes agressivos ou sujeitos fluncia. Considerando tantoestruturas temporrias quanto permanentes, particular ateno deve ser dadaao tempo que os grampos sero utilizados em solos corrosivos (ambientesagressivos) e para movimentos a longo prazo na estrutura, particularmenteassociado ao fenmeno de creep nos solos. Em argilas moles, com LLmaior que 20% e resistncia no-drenada (Su) menor que 50kPa, no se71indica este tipo de soluo por causa de possveis movimentaesassociadas de fluncia (Abramson et al., 1996). Entretanto, em estruturastemporrias, a aplicao da tcnica de solo grampeado pode ser eficiente emsolos moles (Oral e Sheahan, 1998; Sheahan, 2000).

Comparao com outros sistemas de estabilizao solo grampeado x micro-estacasO sistema de reforo por micro-estacas consiste na criao de um blocomonoltico rgido de solo reforado, o qual se estende at uma determinadaprofundidade abaixo da superfcie de ruptura. O sistema formado por um conjuntode estacas de pequeno dimetro com inclinaes variadas, introduzidas no solo a fimde produzir no terreno uma massa de solo reforada, a qual suporta a zona semreforo semelhante ao mecanismo do muro de peso (Bruce e Jewell, 1986).A principal diferena entre os dois sistemas est no fato de que ocomportamento das micro-estacas significativamente influenciado pelo arranjogeomtrico dos reforos solo grampeado x terra armadaUma comparao entre as duas tcnicas mostra grandes similaridades nageometria, no comportamento global e em algumas premissas de projeto, mastambm indicam algumas importantes diferenas.Solo grampeado uma tcnica de reforo in situ do solo, com escavaesem sucessivas etapas. Terra armada uma tcnica de reforo de aterros, onde aestrutura reforada construda em sucessivas fases de baixo para cima. Desta maneira, existem diferenas entre as duas tcnicas no desenvolvimento dosdeslocamentos e deformaes, assim como nas tenses desenvolvidas no solo paraa mesma geometria dos reforos.Durante as sucessivas fases de escavao, o solo grampeado (atrs daparede) sujeito descompresso lateral e a recalques. Como resultado, no final daconstruo ocorre um leve desaprumo da face e os deslocamentos horizontais everticais so, em geral, mximos no topo da escavao. Ao contrrio, em paredes deterra armada, os deslocamentos laterais no p da parede aumentam durante assucessivas fases de reaterro devido descompresso das camadas inferiorescausada pelo peso do solo. O resultado que, durante a construo, pequenasdeformaes ocorrem na base da estrutura onde os deslocamentos horizontais seromximos. A Figura 29 ilustra a regio das deformaes mximas nas duasestruturas. Com relao rigidez dos reforos, em estruturas em solo grampeado, oselementos de reforo podem resistir a esforos de trao, assim como, a momentosfletores. A capacidade para resistir a momentos fletores depender da rigidez dogrampo a qual geralmente maior em grampos injetados do que em gramposcravados. A mobilizao dos momentos fletores e esforos cisalhantes nas barrasdependem de alguns parmetros: rigidez do elemento de reforo (grampo),deformaes e deslocamentos na massa de solo reforada e orientao dosgrampos. Ao contrrio, na terra armada, as tiras de reforo so completamenteflexveis e ope-se apenas a esforos de trao (Schlosser, 1982; Bastick, 1990).Com relao natureza do solo, em reforos com terra armada, o tipo de solodo reaterro um solo granular, homogneo, com predominncia de partculas dedimetro reduzido. Seu teor de umidade mantido controlado e com valoresrelativamente baixos. Ao contrrio, em paredes de solo grampeado, o solo aqueledo terreno natural. Muitas vezes so heterogneos, apresentando teor de umidadeelevado (Schlosser, 1982).Com relao s similaridades entre as duas tcnicas, deve-se citar: O elemento de reforo introduzido no solo sem pr-tenso; as forasdesenvolvidas nos reforos surgem quando da ocorrncia de deformaes nosolo; As foras desenvolvidas nos reforos so sustentadas pelo atrito entre osolo e o elemento de reforo; A face de ambas as estruturas (concreto projetado para solo grampeado eelementos pr-fabricados para terra armada) no apresentam funo estrutural; As estruturas em solo grampeado e terra armada so sistemasconsistentes e flexveis. Por esta razo, elas oferecem vantagens em situaesde terremotos. Em ambas as estruturas, verifica-se uma alta resistncia dasmesmas em relao a esforos dinmicos (efeitos ssmicos) (Choukeir et al.,1997; Jones, 1998; Tufenkjian e Vucetic, 1992). solo grampeado x cortina atirantadaPodem-se citar algumas comparaes entre as duas tcnicas, tais como: As ancoragens so tencionadas aps a instalao no terreno e idealmenteevitam os movimentos na estrutura. Em contraste, estruturas em solo grampeadono so pr-tensionadas e requerem uma pequena deformao no solo paratrabalharem. Sendo assim, os mecanismos de transferncia de carga tambmapresentam diferenas marcantes, conforme mostra a Figura 30. Basicamente,os grampos so intervenes com um trabalho inicial passivo, enquanto ostirantes comeam a trabalhar ativamente. Ao contrrio do preconizado na teoriaclssica de empuxos de terra, os termos ativo e passivo referem-se formade mobilizao dos esforos nos grampos. Os grampos esto em contato com o terreno em todo o seu comprimento(tipicamentede 3 a 10m) enquanto que as ancoragens transferem a carga aolongo do comprimento de ancoragem;74 A densidade de grampos tipicamente mais elevada que a de tirantes(1 grampo a cada 0,5 a 5m2); As cargas elevadas aplicadas nos tirantes durante a execuo exigem ainstalao de placas de ancoragens para evitar o puncionamento. Nos gramposso colocados, eventualmente, pequenos suportes apenas (placas metlicas); Os tirantes so geralmente mais longos (15 a 45m) que os grampos edeste modo, necessitam de equipamentos mais pesados; A cortina atirantada apresenta um maior grau de confiabilidade em funoda fixao de critrios para execuo e controle atravs de ensaios aos quais ostirantes devem ser submetidos (NBR 5629/96). No caso de solo grampeado,rarssimas vezes os grampos so testados e, quando o so, o nmero de ensaios insignificante em relao rea estabilizada (Falconi e Alonso, 1996); Estruturas mistasEstruturas mistas so estruturas de conteno nas quais o reforo do solo insitu combina a tcnica de solo grampeado com outros mtodos de conteno(cortina atirantada, muros de peso, terra armada, sistemas de contraventamento,etc.). A Figura 31 ilustra alguns exemplos tpicos.Em geral, o objetivo de uma estrutura mista limitar os deslocamentoslaterais do macio reforado ou a instabilidade em estruturas de altura elevada.Podem ser utilizadas em casos de alturas de escavao elevadas ou quando seconfronta com problemas de instabilidade devido presena de fluxo dgua.

Durabilidade de estruturas grampeadasA corroso um dos mais importantes fenmenos associados durabilidadede obras em solo grampeado. Em estruturas permanentes, a proteo contra o efeitode corroso nos grampos deve ser considerada. Algumas medidas podem e devemser tomadas para a proteo das barras de ao (grampos) da corroso: Aumento da seo dos grampos; Proteo com pintura ou revestimentos especiais; Proteo com separadores/obstculos de plsticos;76A tcnica mais comum para combater o processo de corroso nos grampos o aumento da seo transversal dos mesmos. Esta tcnica eficiente apenas paraos tipos de aos usados em grampos submetidos corroso uniforme e no numprocesso de corroso concentrado (Turner, 1999). As recomendaes do ProjetoClouterre (Schlosser et al., 1992) indicam as espessuras extras em funo do tempode vida til da estrutura (Tabela 13). O projeto ressalta que outros aspectos devemser considerados, tais como: tipo de solo, resistividade do solo, teor de umidade, etc.Outras recomendaes para combater a corroso de grampos podem soencontradas em Shiu e Cheung (2002).Outro procedimento empregado para combater a corroso a utilizao demateriais sintticos e compostos, tais como plsticos reforados por fibras (FRP Fibre reinforced plastics), barras de plstico reciclvel (Ortigo, 1996; Loehr et al.,2000; Sommers et al., 2002) ou a utilizao de grampos com fibras de polipropileno(Magalhes, 2005; Leite, 2007). Estes materiais so imunes corroso por umagrande maioria de agentes agressivos.As barras de FRP so produzidas por um processo denominado pultruso eo produto final apresenta grande resistncia trao (at trs vezes a do ao), baixopeso especfico, mas o custo em geral superior ao do ao. O uso do plsticoreforado s recomendado em meio ambiente de extrema agressividade, o queno ocorre em geral no Rio de Janeiro (Ortigo e Sayo, 2000).Os grampos executados com fibras de polipropileno so formados a partir deuma mistura de argamassa (cimento, gua, areia e aditivo) reforada com fibras depolipropileno. Estes elementos representam uma alternativa interessante do ponto devista econmico, uma vez que apresentam resistncias ao arrancamento da ordemde praticamente 50% das observadas para os grampos convencionais (Magalhes,2005; Leite, 2007).