sÍntese da atividade e indicadores 2019 · e desenvolvimento humano são geradores de uma...
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SÍNTESE DA ATIVIDADE
E INDICADORES
2019
GRUPO JOSÉ DE MELLO | SÍNTESE DA ATIVIDADE E INDICADORES 2019 2
No Grupo José de Mello, os valores
COMPETÊNCIA, INOVAÇÃO
e DESENVOLVIMENTO HUMANO
são geradores de uma tradição de sucesso.
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Mensagem do presidente
O Grupo José de Mello voltou a apresentar bons resultados
em 2019, em linha com os exercícios anteriores e dando
continuidade a um ciclo de crescimento das nossas
plataformas e unidades de negócio, sustentado no
compromisso e na excelência das nossas equipas.
Simultaneamente, reforçámos o nosso compromisso com a
Sustentabilidade, na tripla abordagem de Pessoas, Planeta
e Desempenho.
Numa perspetiva financeira, o resultado líquido consolidado
atingiu os 72 milhões de euros, sendo assim o quarto ano
consecutivo com resultados positivos e o terceiro ano
consecutivo com um resultado acima de 65M€. Este bom
desempenho permitiu que os capitais próprios
ascendessem a um total de 451 milhões de euros,
prosseguindo a trajetória de reforço de solidez alcançada
nos últimos anos.
No último exercício, o Grupo José de Mello investiu um total de cerca de 240 milhões de euros,
destacando-se a José de Mello Saúde com cerca de 120 milhões de euros, a Brisa com cerca de
80 milhões de euros e a Bondalti com cerca de 40 milhões de euros. Estes valores representam
um aumento do investimento de cada uma das nossas plataformas face ao exercício anterior,
evidenciando uma aposta continuada na captura de oportunidades de crescimento de longo-
prazo com criação de valor. Acresce que este forte nível de investimento ocorreu ao mesmo
tempo que se manteve uma trajetória de redução da dívida líquida consolidada e de
robustecimento da estrutura financeira.
Com o objetivo de consolidarmos a posição de liderança dos nossos negócios nos respetivos
setores de atuação, mantivemos também um foco grande no serviço ao cliente, com uma oferta
de qualidade distintiva e uma aposta na inovação, área em que se destacam, entre outr as
iniciativas, as parcerias com startups no âmbito do programa Grow.
Os resultados obtidos e a estratégia seguida estão alicerçados em parcerias fortes, baseadas
na confiança. Ao longo de 2019, reforçámos parcerias acionistas e operacionais nas nossas
áreas de negócio, destacando-se a parceria com a Solvay na área química, no polo industrial da
Cantábria, em Espanha, e a parceria acionista com o Grupo Ageas Portugal na área das
residências de terceira idade e reabilitação.
Prosseguimos, em paralelo, a política de parcerias com as principais universidades portuguesas
para o desenvolvimento de projetos de investigação e para o recrutamento e formação
continuada dos nossos quadros, dando, ao mesmo tempo, o nosso contributo para a academia,
que consideramos um dos pilares fundamentais do desenvolvimento da sociedade portuguesa.
Reforçámos também o compromisso com os mais de 10 mil colaboradores do Grupo José de
Mello e, nesse sentido, continuámos a implementar nas nossas empresas um importante
conjunto de medidas de conciliação da vida profissional e familiar. À semelhança do que já tinha
ocorrido na Brisa no início de 2019, a Bondalti obteve em 2020 a certificação de Empresa
Vasco de Mello
Presidente do Conselho
de Administração
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Familiarmente Responsável, pela Fundación Másfamilia, estando o processo de obtenção de ssa
certificação em curso na José de Mello. A José de Mello Saúde prevê iniciar o processo no
decurso do primeiro semestre de 2021.
Foi ainda reforçado o compromisso com a Responsabilidade Social, com a promoção de políticas
ativas de apoio social e de promoção da sustentabilidade, afirmando o Grupo José de Mello
como um dos que mais contribui positivamente para a sociedade portuguesa. Destaca-se, neste
contexto, o Programa de Voluntariado, transversal a todas as empresas.
Gostaria também de fazer referência a três desenvolvimentos concretos ocorridos durante o
ano de 2019.
O primeiro prende-se com o início das operações da nova fábrica da Bondalti no Norte de
Espanha, um investimento que totalizou aproximadamente 55 milhões de euros, concretizado
entre 2018 e 2019. Esta fábrica representa um marco importante na internacionalização e na
diversificação geográfica da Bondalti e também do Grupo José de Mello e permitirá posicionar
a empresa como o principal produtor no segmento do cloro-álcalis na Península Ibérica.
O segundo desenvolvimento que gostaria de destacar diz respeito à evolução das Parcerias
Público-Privadas na Saúde. Não obstante o compromisso e disponibilidade da José de Mello
Saúde para encontrar soluções que lhe permitissem continuar a gerir os hospitais de Braga e
de Vila Franca de Xira, em condições financeiramente equilibradas, não foi possível chegar a um
acordo com o Estado. Neste contexto, a gestão do Hospital de Braga reverteu para o Estado no
final de agosto de 2019, numa transição assegurada de forma bem-sucedida e sem disrupções
para os utentes do hospital. Ainda neste contexto, e também em 2019, foi tomada a decisão da
não renovação da Parceria Público Privada no Hospital de Vila Franca de Xira, pelo que a
respetiva gestão reverterá para o Estado no final de maio de 2021. Apesar destes
desenvolvimentos, reitero o enorme orgulho que temos no trabalho desenvolvido nestes
hospitais ao longo dos anos, refletido na sucessiva distinção dos hospitais de Braga e de Vila
Franca de Xira como os melhores do país e, em simultâneo, na confirmação por diversas
entidades da poupança muito significativa gerada ao Orçamento de Estado.
O terceiro desenvolvimento consiste na concretização, no final de 2019, de uma parceria
estratégica no setor das residências de terceira idade e de reabilitação com o Grupo Ageas
Portugal, o qual passará a deter uma participação de 30% do capital da SPSI, a sociedade que
gere operacionalmente duas residências assistidas em Lisboa e no Estoril. Esta parceria
permitirá à empresa reforçar as suas capacidades, consolidar o seu posicionamento de
liderança pela qualidade e lançar, em simultâneo, um plano de expansão com abertura de novas
unidades no país. Reforçámos, desta forma, a nossa aposta neste setor de atividade, que
acreditamos estar alinhado com as principais macrotendências.
Pela sua enorme relevância estratégica e impacto no posicionamento corporativo do Grupo José
de Mello, importa também referir a celebração, já em abril de 2020, de um acordo para a venda
de uma participação de cerca 40% da Brisa, mantendo o Grupo José de Mello uma participação
de cerca de 17% e um papel ativo na gestão da empresa. A concretização desta operação, que
está dependente de aprovação das entidades reguladoras, resulta na saída de um parceiro
histórico do Grupo José de Mello da estrutura acionista da Brisa, a gestora de fundos de
investimento Arcus, e permite estabelecer uma nova parceria estratégica com um consórcio de
investidores internacionais de dimensão relevante, com uma visão de longo prazo e experiência
na gestão de infraestruturas, incluindo dois dos maiores fundos de pensões do mundo – a
holandesa APG e o sul-coreano National Pension Service – e a gestora de ativos de uma das
maiores seguradoras da Europa, a Swiss Life. Este acordo confirma a robustez e
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sustentabilidade financeira da Brisa e o seu potencial de crescimento e valorização,
reconhecendo também a consistência e o bom desempenho da gestão do Grupo José de Mello.
Considerando o contexto económico de grande adversidade em que foi celebrado, este acordo
é também um sinal de confiança de importantes investidores internacionais na economia
portuguesa.
Esta operação permitirá ao Grupo José de Mello reforçar a sua estrutura de capitais e as
perspetivas de investimento nos seus atuais negócios e em novos negócios, continuando, desta
forma, a cumprir o legado histórico de contribuir para o crescimento e para o desenvol vimento
da economia portuguesa.
Finalmente, não posso deixar de referir a pandemia associada ao novo coronavírus (COVID -19),
que tem implicações muito negativas sobre a economia global e sobre a economia portuguesa,
com fortes repercussões nos negócios do Grupo José de Mello, desde logo ao nível de uma
redução significativa das receitas, em particular na Brisa e na José de Mello Saúde, a que se
junta uma enorme incerteza sobre o ritmo da recuperação económica futura.
Apesar do clima de grande adversidade, gostaria de enaltecer a resposta rápida e efetiva por
parte de todas as nossas empresas, que demonstraram uma enorme capacidade de adaptação,
garantindo a proteção dos colaboradores e clientes e, ao mesmo tempo, o normal
funcionamento das atividades e das operações.
Gostava de deixar uma palavra de apreço pelo esforço de todos os colaboradores na adaptação
ao novo paradigma de vida, conciliando preocupações pessoais, familiares e profissionais,
assim como agradecer a sua dedicação, resiliência e sentido de responsabilidade, quer em
funções de teletrabalho, quer em funções presenciais, em especial aos colaboradores que,
durante a situação de confinamento decorrente da pandemia, asseguraram a produção de
químicos essenciais, a utilização de infraestruturas rodoviárias, a manutenção de equipamentos
e edifícios, a proteção e bem-estar dos idosos e, sobretudo, àqueles que estiveram na linha da
frente dos cuidados de saúde.
Tendo consciência dos desafios que enfrentamos, tenho também uma enorme confiança na
resiliência e perseverança do Grupo José de Mello para prosseguir a trajetória de crescimento,
alicerçado no trabalho e investimento realizado nos últimos anos, na capacidade de resposta
das nossas equipas e na robustez financeira, reforçada com a operação de venda de uma
participação significativa na Brisa. Com o propósito de continuarmos comprometidos com o
desenvolvimento de Portugal, mantemos em curso um ambicioso plano de investimentos.
Antes de terminar, gostaria de renovar o nosso compromisso com a defesa e a promoção de um
futuro sustentável. Acredito que o Grupo José de Mello deve ter um papel relevante na
promoção da Sustentabilidade, em conjunto com outras empresas e grupos, governos e
sociedade civil. Ao longo dos anos, temos colocado, cada vez mais, este tema no topo da nossa
agenda e prosseguiremos esse caminho com uma atuação consistente em todas as nossas
empresas.
Por último, como no passado, deixo um agradecimento a todos os colaboradores do Grupo José
de Mello pelo sucesso alcançado nos últimos anos e reitero a sua importância para o
desenvolvimento, de forma sustentável, do nosso futuro.
Vasco de Mello
28 de maio de 2020
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Principais indicadores
Em 2019 assistiu-se a uma evolução muito positiva dos principais indicadores consolidados,
como consequência natural do crescimento generalizado da atividade de todas as plataformas
de negócio.
Os proveitos operacionais aumentaram, atingindo 1,8 mil milhões de euros e o EBITDA
aumentou 6%, situando-se a margem do EBITDA em 40,4%. Em 2019 o EBIT foi impactado com
a constituição de uma provisão extraordinária - caso fosse expurgado esse efeito, o EBIT teria
aumentado 22 milhões de euros.
Os resultados financeiros de 2019 registaram uma melhoria assinalável em, aproximadamente,
50%.
A redução do passivo bancário, em 97 milhões de euros, resulta da amortização de dívida
efetuada pelo Grupo, mantendo-se, assim, a trajetória de redução da dívida financeira
prosseguida nos últimos anos.
De destacar, ainda, o robustecimento dos capitais próprios consolidados (aumentaram 40
milhões de euros), fruto, essencialmente, do montante do resultado líquido consolidado.
(Milhares de euros)
2019
2018
Proveitos operacionais 1 799 973 1 795 483
Cash flow operacional (EBITDA) 706 198 664 875
Margem do EBITDA, % 40,4% 37,9%
Resultados operacionais (EBIT) 376 423 411 262
Resultados financeiros -60 860 -121 340
Resultado líquido 71 682 64 674
Ativo Líquido 5 831 579 5 806 980
Capitais Próprios 450 676 410 444
Passivo Financeiro 4 046 716 4 144 088
EBITDA / Ativo Líquido 12,1% 11,4%
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Atividade 2019
A economia portuguesa cresceu 2,2% em 2019, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística
(INE). Apesar deste crescimento representar um abrandamento face ao ano anterior (2,6% em
2018), este valor supera as projeções de todas as instituições nacionais e internacionais, que
apontavam para um crescimento mais moderado, em linha com o abrandamento da atividade
global.
De forma positiva contribuíram o consumo privado, que cresceu 2,3% (contra 2,9% em 2018),
suportado, em parte, pela contínua diminuição da taxa de desemprego (6,5%), e pela aceleração
do investimento fixo, impulsionado pelo setor da construção, num contexto de grande
dinamismo do mercado imobiliário nacional.
De forma negativa contribuiu a procura externa líquida (-0,6% contra -0,4% em 2018),
verificando-se uma desaceleração das exportações de bens e serviços (de 4,5% em 2018 para
3,7% em 2019) superior à das importações de bens e serviços (de 5,7% em 2018 para 5,2% em
2019).
Em 2019, a taxa de inflação fixou-se nos 0,3%, registando assim um valor muito inferior ao de
2018 (1,2%), em grande parte devido à evolução dos preços dos bens energéticos e também à
evolução mais moderada dos preços relacionados com o turismo.
A execução orçamental e os níveis de dívida pública mantiveram a tendência de melhoria,
estimando-se um saldo público equilibrado e a contínua queda dos juros da dívida soberana
nacional. Estes indicadores contribuíram para uma visão mais favorável e de confiança dos
investidores em relação à economia portuguesa, tendo-se refletido em contínuas melhorias do
rating, tendo a Fitch reafirmado a notação, a Moody’s alterado a perspetiva para positiva e a
Standard & Poor’s melhorado a notação durante o ano de 2019.
O GRUPO JOSÉ DE MELLO
O Grupo José de Mello é um grupo económico de reconstrução recente, com uma estrutura
acionista estável e de base nacional, sendo um dos maiores grupos empresariais portugueses.
Com uma intervenção diversificada na economia, o posicionamento competitivo do Grupo José
de Mello assenta principalmente em três plataformas de negócios: infraestruturas rodoviárias
e mobilidade (Brisa), indústria química (Bondalti) e prestação de cuidados de saúde (José de
Mello Saúde), mas também no setor imobiliário, no domínio das soluções residenciais para a
terceira idade (José de Mello Residências e Serviços) e na área da manutenção (ATM).
Em 2019, foram investidos cerca de 240 milhões de euros, somando assim mais de 1,8 mil
milhões de euros os investimentos realizados desde 2010. Em linha com o ano anterior, grande
parte dos investimentos foram realizados pela José de Mello Saúde (58%), sobretudo no
aumento de capacidade e na extensão da sua área de atuação, seguindo-se a Brisa (37%), com
projetos de melhoria nos níveis de serviço prestado e um foco especial no esforço de inovação
e de adaptação aos novos desafios dos serviços de mobilidade. Na Bondalti, destaca-se a
conclusão da construção da unidade industrial em Torrelavega, na região espanhola da
Cantábria.
O Grupo José de Mello atingiu um volume total de exportações de cerca de 78 milhões de euros,
provenientes na sua quase totalidade (99%) das vendas da Bondalti para mercados fora de
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Portugal. Os proveitos operacionais gerados no mercado externo contribuíram em 37 milhões
de euros para os resultados consolidados.
O compromisso do Grupo com a inovação manteve-se com a contínua aposta no Grow, programa
orientado para o apoio e aceleração de startups. Através das diferentes iniciativas do Grow, o
Grupo José de Mello tem promovido a modernização e desenvolvimento da ec onomia, dando
espaço a novos projetos de inovação, para além de incentivar a criação de negócios
potencialmente disruptivos e escaláveis.
No seu terceiro ano de atividade, o
Grow consolidou uma posição de
iniciativa corporativa de referência
no ecossistema de inovação
nacional, tendo realizado um total
de oito pilotos, dos quais dois na
José de Mello Saúde, um na
Bondalti e cinco na Brisa, contando
com um total de 25 pilotos desde
2017. Estes pilotos permitiram às
startups testarem e adaptarem as
suas soluções tecnológicas às
necessidades de um cliente real.
Ainda em 2019, foi contratualizada
uma parceria continuada com uma
startup, somando nove desde 2017.
Em 2019, o Grupo José de Mello
terminou o ano com 10.719
colaboradores, uma redução de
15% face a 2018, justificada em grande parte pelo fim do contrato de gestão da parceria público-
privada do Hospital de Braga. No decurso do exercício de 2019, foram investidos mais de 4,6
milhões de euros em formação, somando um total de 26,4 milhões de euros investidos desde
2010, procurando seguir os valores fundamentais e transversais a todas as empresas
participadas: Competência, Inovação e Desenvolvimento Humano.
BONDALTI
A Bondalti é uma das maiores empresas químicas portuguesas, com enfoque na produção e
comercialização de químicos industriais nos segmentos orgânicos (anilina e derivados) e
inorgânicos (cloro-alcalis). É líder de vendas de anilina, enquanto produtor não integrado, no
mercado europeu, e o segundo maior produtor de cloro da península ibérica.
O ano de 2019 voltou a ser um ano muito relevante para a atividade da Bondalti. Os resultados
da atividade corrente da empresa situaram-se em linha com os valores previstos em orçamento.
Logo no início do ano foi realizada a paragem programada de manutenção do complexo químico
de Estarreja, com a suspensão da atividade produtiva durante cerca de um mês, que exigiu a
presença de 450 trabalhadores externos e o compromisso e empenho de todos no sentido de
esta ocorrer de forma eficiente e segura. Fruto desta paragem, os indicadores económicos do
ano resultam inferiores pela redução na capacidade disponível. Este período é, contudo,
encarado como uma oportunidade de implementação de projetos de IDI com impacto futuro na
eficiência, segurança e melhoria ambiental das operações.
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Confrontada com a impossibilidade de prosseguir a sua atividade industrial em maio, a
Innovnano desenvolveu todos os esforços para minimizar o impacto que a decisão de cessação
da atividade causou nas vidas pessoais e profissionais de quase três dezenas de colaboradores
que resultaram na integração de oito pessoas da Innovnano noutras empresas do universo
Bondalti. Foram ainda desenvolvidos diversos processos no seguimento desta decisão, estando
em curso ações para venda de ativos, imóveis e valorização do portfólio de Propriedade
Intelectual.
Conforme previsto, no último trimestre do ano, a unidade industrial em Torrelavega, localizada
na região espanhola da Cantábria, iniciou a sua atividade, concretizando um projeto de
engenharia de dimensão com quase dois anos de intenso trabalho desenvolvido por técnicos
da Bondalti e equipas contratadas. O investimento realizado, no montante global de 60 milhões
de euros, posicionará a Bondalti como o principal produtor no segmento do cloro-álcalis na
Península Ibérica. De salientar também a constituição de todas as estruturas de suporte à
atividade nesta nova geografia, com destaque para a equipa de 38 pessoas em Torrelavega -
preparadas, formadas e motivadas para o desenvolvimento da nova operação – que integra 16
ex-trabalhadores da Elnosa, localizada na região espanhola da Galiza.
Outro ponto relevante foi o refinanciamento de toda a divida da Bondalti, com importante
redução do custo do endividamento, aumento da maturidade da divida existente (até 2027) e o
estabelecimento de condições para o desenvolvimento de novos investimentos.
BRISA
A Brisa é um operador de mobilidade com uma forte experiência de operação, nacional e
internacional, e com uma base sólida na gestão de autoestradas e no desenvolvimento de um
ecossistema de serviços de mobilidade, sob a marca comercial Via Verde.
A eficiência define a sua cultura corporativa e é o fator impulsionador da capacidade para
responder, com clareza, aos desafios que a mobilidade e os novos negócios enfrentam num
mundo em permanente mudança.
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O modelo de negócio da Brisa é sustentado numa abordagem integrada dos principais
segmentos de negócio, criando valor para todos os seus stakeholders a nível financeiro,
humano, tecnológico, social e ambiental. Cada segmento tem diferentes tipologias e
intensidades de capital e juntos promovem um crescimento sustentável da empresa.
O portfolio de ativos da Brisa está dividido nos seguintes segmentos de negócio:
I) Concessões de autoestradas
Gestão de concessões de autoestradas e serviços transversais de suporte, incluindo operação
e manutenção (O&M), gestão de ativos e outros serviços (áreas de serviço, por exemplo). Inclui
empresas como a Brisa Concessão Rodoviária (BCR), Brisa Operação & Manutenção (Brisa O&M),
Brisa Gestão de Infraestruturas (BGI) e Brisa Áreas de Serviço (BAS).
II) Tecnologias para a mobilidade
Desenvolvimento e comercialização de soluções tecnológicas para a gestão eficiente das
infraestruturas e da mobilidade. Segmento constituído pela A-to-Be.
III) Serviços e pagamentos de mobilidade
Gestão e cobrança eletrónica de serviços em infraestruturas rodoviárias e outras; ecossistema
integrado de prestação de serviços e soluções avançadas de mobilidade. Inclui empresas como
a Via Verde Portugal (VVP) e a Via Verde Serviços (VVS).
IV) Serviços automóvel
Prestação de serviços relacionados com o setor automóvel, incluindo inspeção, telemática ou
utilização partilhada. Inclui empresas como a Controlauto (CTA), Via Verde Connected Cars
(VVCC) e Via Verde Carsharing (VVCS).
V) Outros
Serviços de apoio logístico e de gestão administrativa e financeira.
A Brisa foca-se na maximização de criação de valor dos seus ativos atuais desenvolvendo, em
simultâneo, novas oportunidades de negócio, enquanto fornecedora de serviços de tecnologia
e mobilidade. A prossecução dos seus objetivos está sempre associada a uma sólida
consciência dos temas associados à responsabilidade social e ambiental.
Em 2019, o crescimento de tráfego na rede da concessão BCR manteve-se sólido, suportado
pelo dinamismo da atividade macroeconómica. O Tráfego Médio Diário (TMD) aumentou 3,7%
em termos homólogos, a que corresponde um volume de tráfego de 21.373 veículos/dia.
Destaque para o forte crescimento orgânico de 4,4%, o qual foi negativamente influenciado pelo
efeito de calendário (-0,5%), pela greve dos motoristas em agosto (-0,2%) e pelas condições
climatéricas desfavoráveis registadas no 4º trimestre do ano.
A taxa de crescimento do TMD foi positiva em todas as autoestradas da concessão, a qual
registou crescimentos de procura entre os 2,4% (na A5) e os 8,0% (registados na A10). A análise
da evolução do tráfego por tipo de veículo revela que os veículos pesados registaram um
aumento ligeiramente superior ao dos ligeiros (crescimento de 4,5% nos veículos pesados e de
3,6% nos veículos ligeiros).
Para além da sua estrutura financeira e contratual, que confere um elevado nível de proteção
aos credores, a BCR manteve uma gestão financeira prudente e conservadora, uma forte
posição de liquidez e uma redução gradual do seu nível de alavancagem.
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A notação de rating atribuída à BCR pela Fitch é de “A-” (Stable Outlook), a qual se manteve
inalterada durante o ano. A Moody’s reviu em alta o Outlook para a BCR de “Stable” para
“Positive” em agosto, mantendo inalterado o rating de “Baa2”.
Os proveitos operacionais da Brisa aumentaram 34,8 milhões de euros (+4,7%), suportados pelo
aumento das receitas de portagem, as quais beneficiaram do referido aumento do tráfego na
rede BCR. Destaque ainda para o aumento das receitas associadas às áreas de serviço,
decorrente da renegociação de contratos e da dinamização da atividade relacionada com o
conceito Colibri Via Verde.
Apesar da preocupação que a Brisa mantem com a otimização e racionalização da sua estrutura
de custos, os custos operacionais aumentaram 11,4 milhões de euros (+5,9%) em 2019. Este
aumento decorreu dos investimentos realizados nas novas áreas de negócio relacionados com
as áreas de serviço, tecnologia e prestação de serviços de mobilidade e ainda pelos custos
associados à prestação de serviços de consultoria.
O crescimento da atividade operacional permitiu um aumento do EBITDA consolidado em 23,4
milhões de euros (+4,2% face ao período homólogo), tendo atingido os 577,1 milhões de euros.
As amortizações e provisões registaram um aumento significativo, o qual se deve
maioritariamente à constituição de uma provisão em 2019 relacionada com processos fiscais,
no montante de 57,3 milhões de euros. De referir que desde 1 de janeiro de 2019 a BCR passou
a considerar o nível de tráfego no cálculo da amortização do direito de concessão, o que
contribuiu para o decréscimo das amortizações no exercício.
O resultado financeiro de 2019 foi positivo em 1,8 milhões de euros, o que representa um
aumento de 64,3 milhões de euros face a 2018. Esta melhoria reflete a queda do custo médio
ponderado da divida aliada à redução da dívida líquida, assim como ao efeito da realização de
reservas de conversão cambial que gerou um impacto positivo nos resultados financeiros no
montante de 53 milhões de euros. O resultado antes de imposto (EBT consolidado) melhorou
5,5%, atingindo 316,9 milhões de euros.
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Em 2019, o resultado líquido da Brisa registou um ligeiro decréscimo face a 2018, situando -se
nos 152 milhões de euros.
Ao longo do ano a Brisa realizou investimentos (CAPEX) no montante de 76,8 milhões de euros
para melhoria dos serviços prestados, dos quais 60,3 milhões de euros com o intuito de
assegurar a manutenção do elevado nível de segurança e conforto de quem viaja nas
autoestradas. Foram ainda realizados outros investimentos no montante de 16,5 milhões de
euros, procurando a inovação permanente e a adaptação aos novos desafios nas áreas da
mobilidade e tecnologia.
O rácio de geração de caixa (EBITDA – CAPEX) atingiu o montante de 500,3 milhões de euros,
reflexo de um ano de atividade operacional muito positivo.
JOSÉ DE MELLO SAÚDE
A José de Mello Saúde presta cuidados de saúde apoiados em mais de 70 anos de experiência,
com base num modelo que permite diferenciação, através de grandes hospitais que incluem
subespecializações em áreas de referência, e conveniência, através de uma rede de hospitais e
clínicas de proximidade.
Em 2019, a José de Mello Saúde manteve a ambição de fortalecer e expandir a rede CUF. Neste
sentido, o ano foi marcado pela inauguração do Hospital CUF Sintra e pela abertura do bloco
cirúrgico da Clínica CUF Almada. O reforço da estratégia de crescimento materializou-se ainda
nas obras de construção do futuro Hospital CUF Tejo e de expansão dos Hospitais CUF Sintra e
CUF Torres Vedras.
A qualidade clínica e a experiência do cliente da José de Mello Saúde voltaram a ser
reconhecidas em 2019, com distinções que atestam o reconhecimento do mercado e de
entidades independentes do setor.
Ao nível da qualidade clínica, destacam-se a manutenção da certificação pela SGS na globalidade
da prestação de cuidados de saúde da José de Mello Saúde, bem como nos Contact Centers CUF,
de acordo com a norma ISO 9001.2015; a renovação da certificação Eusoma da Unidade de
Diagnóstico e Tratamento Integrado da Mama do CUF Instituto de Oncologia (Hospitais CUF
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Infante Santo e CUF Descobertas); a manutenção da acreditação ACSA no Centro de Referência
de Oncologia de Adultos no Cancro do Reto nos dois polos CUF Infante Santo e CUF
Descobertas; a manutenção da acreditação Joint Commission International (JCI) no Hospital
CUF Porto e no Hospital de Vila Franca de Xira; e o reconhecimento pela Entidade Reguladora
da Saúde ao Hospital de Braga e Hospital Vila Franca como os melhores hospitais de Portugal
dentro dos seus grupos de referência, classificados através do Sistema Nacional de Avaliação
em Saúde (SINAS).
No que concerne à área da experiência do cliente, registou-se a distinção da rede CUF, pelo
quarto ano consecutivo, com os prémios “Escolha do Consumidor” (categoria Saúde & Bem -
Estar), “Escolha do Consumidor Excellentia”, “Cinco Estrelas” e “Marca de Confiança” (categoria
de Hospitais Privados). A notoriedade da marca CUF mantém-se superior à dos concorrentes
em termos de Notoriedade Sugerida e Notoriedade Espontânea, segundo estudos realizados
em junho de 2019.
No final do 2019, o portfólio da José de Mello Saúde incluía nove hospitais, nove clínicas de
ambulatório e a gestão de um hospital público em regime de Parceria Público-Privada,
totalizando 919 camas de internamento, 1060 gabinetes e 75 blocos operatórios, dos quais 11
são salas de parto.
O ano de 2019 foi marcado pelo fim do contrato de gestão da parceria público-privada do
Hospital de Braga. A saída do Hospital de Braga do universo da José de Mello Saúde, a 31 de
agosto, representou uma redução de 658 camas de internamento, 195 gabinetes e 26 blocos
operatórios mas, acima de tudo, uma perda de centenas de colaboradores aos quais a José de
Mello Saúde reconheceu e agradeceu o empenho não só pelos dez anos de dedicação,
profissionalismo e excelência clínica, mas também por terem permitido que a transição do
hospital para a esfera pública ocorresse de forma exemplar e minimizando o impacto para a
população. O Hospital de Braga manteve a sua posição de relevância no seio do Serviço Nacional
de Saúde (SNS), representando um peso significativo em termos de atividade, e contribuindo
decisivamente para o aumento de resposta do SNS aos cidadãos.
No decurso do exercício de 2019, a José de Mello Saúde apresentou performances operacional
e financeira sólidas. Apesar do fim do contrato da parceria público-privada do Hospital de Braga,
verificou-se um aumento da atividade realizada. Foram registadas mais de 2,7 milhões de
consultas (aumento de 2,2% face a 2018, apesar de incluirmos apenas oito meses de atividade
do Hospital de Braga), operados cerca de 83,4 mil doentes (-6,4% que no homólogo) e
aproximadamente 73,9 mil doentes saídos do internamento (-7,7% que no ano anterior).
Os proveitos operacionais atingiram um valor de 701,5 milhões de euros, um crescimento de
2,7% em relação a 2018. Na atividade privada, registou-se um crescimento de 12,3%
relativamente ao ano anterior, totalizando 496,6 milhões de euros. No setor público-privado, os
proveitos operacionais decresceram 13,9% quando comparado com o ano anterior, o que é
explicado pelo fim da parceria público-privada do Hospital de Braga em agosto.
O EBITDA foi de 97,9 milhões de euros, um aumento de 37,6% em relação a 2018, resultado do
crescimento sustentado da atividade assistencial, novos projetos de expansão, implementação
da IFRS16 e recebimento extraordinário na parceria público-privada do Hospital de Braga,
relativa à decisão favorável do Tribunal Arbitral sobre a comparticipação do Estado nos
programas verticais. O EBITDA Recorrente Ajustado, que exclui o recebimento extraordinário
em Braga (13 milhões de euros) e anula o efeito da norma IFRS16, atinge os 79,9 milhões de
euros (+12,3%) e uma margem de 11,6% (+1,2 p.p.).
GRUPO JOSÉ DE MELLO | SÍNTESE DA ATIVIDADE E INDICADORES 2019 14
O EBITDA da atividade privada teve um crescimento de 50,1% e a margem respetiva melhorou
em 4,3 p.p., para 16,9%. No setor público, o EBITDA teve o aumento significativo de 15,3 milhões
de euros vs. 2018, refletindo o impacto positivo do recebimento extraordinário de 13 milhões de
euros em Braga.
O resultado líquido consolidado foi de 29 milhões de euros, um crescimento de 86,1% em relação
a 2018.
O ativo total aumentou 95,1 milhões de euros (+11,6%) face ao final de 2018, em grande medida
devido ao crescimento do ativo fixo tangível (+85,7 milhões de euros) e da aplicação da norma
contabilística IFRS16 (+28,5 milhões de euros).
O investimento consolidado da José de Mello Saúde foi de 118,5 milhões de euros.
A 31 de dezembro de 2019, a dívida líquida financeira situava-se em 438,9 milhões de euros,
resultando num rácio de dívida líquida sobre EBITDA de 4,48 vezes.
Em 2020, a José de Mello Saúde prosseguirá com a expansão da rede CUF, inaugurando o
Hospital CUF Tejo, abrindo o Hospital CUF Torres Vedras depois de obras de ampliação e a
totalidade do novo Hospital CUF Sintra. Será ainda dada continuidade aos projetos de expansão
do Hospital CUF Santarém e da clínica CUF Montijo.
A interação com o ecossistema de inovação (startups e outros) e a ligação à academia
permanecerão também como linhas de atuação com vista à identificação de oportunidades de
diferenciação, fomento da investigação e desenvolvimento e captação de conhecimento.
Manter-se-á igualmente a aposta na obtenção de elevados níveis de qualidade clínica e de
satisfação do cliente em todas as unidades clínicas e hospitalares da José de Mello Saúde.
JOSÉ DE MELLO RESIDÊNCIAS E SERVIÇOS
A José de Mello Residências e Serviços detém a SPSI - Sociedade Portuguesa de Serviços de
Apoio e Assistência a Idosos, que tem por objeto a promoção, desenvolvimento, exploração e
gestão de estabelecimentos de apoio social a idosos, residências assistidas , condomínios
residenciais e residências medicalizadas, a gestão de condomínios e a prestação de serviços de
apoio ao domicílio, bem como a prestação de serviços de consultoria e/ou assessoria técnica a
projetos da mesma natureza.
O perímetro foi alargado com a inclusão da Burkina, S. A., detida a 100% pela S.P.S.I., e que atua
no ramo imobiliário, tendo como objeto da sua atuação a compra, venda e arrendamento de
imóveis. Em dezembro de 2018 esta sociedade adquiriu os imóveis onde decorre a atividade da
SPSI, passando a ser responsável pela sua gestão.
Nas residências assistidas, ao longo de 2019, foi dada continuidade, ao plano de consolidação
que incidiu no crescimento nos mercados atuais, tendo sido mantido um preçário flexível com
preços competitivos. Foi dada continuidade às intervenções que visam a modernização de
alguns equipamentos e que resultam em melhoramentos operacionais concretos, com
benefícios nos circuitos e vivência do dia a dia. Desta forma, foi possível manter um elevado
número de residentes ao longo do ano de 2019.
GRUPO JOSÉ DE MELLO | SÍNTESE DA ATIVIDADE E INDICADORES 2019 15
Um dos principais destaques do ano de 2019 foi a assinatura do acordo de parceria estratégica
entre a SPSI e o Grupo Ageas Portugal, que permitirá à SPSI robustecer as suas operações.
Na atividade desenvolvida ao longo de 2019, a José de Mello Residências e Serviços aumentou
em 3,7% as vendas e serviços prestados. O resultado líquido obtido em 2019 foi de 123.669
euros, retomando assim resultados positivos, fruto do trabalho de todas as equipas que
continuaram a exercer a sua atividade com foco na excelência da prestação de serviços e na
melhoria contínua da eficiência das operações.