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Economia dos Intermediários Financeiros
Mestrado em Economia Monetária e Financeira
SSIISSTTEEMMAASS FFIINNAANNCCEEIIRROOSS NNAA ÁÁRREEAA DDOO EEUURROO
DDEESSEENNVVOOLLVVIIMMEENNTTOOSS RREECCEENNTTEESS
Trabalho realizado por:
Eva Janeiro Odete Carla Gonçalves
Dezembro, 2001
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I. INTRODUÇÃO 2
II. SISTEMAS FINANCEIROS NA EUROPA 4
III. A POLÍTICA MONETÁRIA ÚNICA 7
IV. O IMPACTO DO EURO NOS SISTEMAS FINANCEIROS DA EUROPA 13
1. Mercados Monetários 13
2. Mercados Obrigacionistas 18
3. Mercados Accionistas 24
V. O CASO PORTUGUÊS 27
1. Caracterização do Sistema Financeiro Português 27
2. Mercado Accionista Português 28
3. Sector Bancário Português 31
VI. CONCLUSÃO 33
BIBLIOGRAFIA 35
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I. INTRODUÇÃO
No presente trabalho, desenvolvido no âmbito da disciplina de Economia dos
Intermediários Financeiros, pretende-se analisar alguns dos desenvolvimentos
ocorridos ao nível dos mercados financeiros da área do euro, desde o início da
Terceira Fase da União Económica e Monetária (UEM).
Efectivamente, a introdução do euro em 1 de Janeiro de 1999, veio alterar de forma
muito significativa o contexto dos mercados europeus, nomeadamente devido ao
desaparecimento das onze moedas nacionais dos países que integraram a UEM
desde o seu início1. O surgimento da moeda única desencadeou um processo de
integração ao nível dos mercados financeiros europeus, que se tem vindo a
desenvolver nos últimos anos, embora a ritmos diferentes em cada mercado.
O objectivo do presente trabalho é, precisamente, o de apresentar as tendências mais
significativas deste processo de integração, no que respeita aos mercados monetários,
obrigacionistas e accionistas. No entanto, importa ter presente que os sistemas
financeiros na área do Euro são heterogéneos, pelo que não será muito apropriado
falar-se de um único Sistema Financeiro Europeu.
Assim, o trabalho tem início com uma parte (secção II) na qual se pretende chamar a
atenção para a existência de diferentes sistemas financeiros na Europa. Para assinalar
as principais diferenças, e com base na comparação entre sistemas financeiros
efectuada por Allen e Gale2, refere-se as principais características dos sistemas
financeiros alemão e francês, nos quais o sector bancário assume um papel de relevo,
por oposição ao sistema financeiro do Reino Unido, país da Europa onde os mercados
financeiros são mais desenvolvidos e têm maior importância na economia como um
todo.
Com a introdução do euro e a consequente perda de autonomia, em matéria de
política monetária, dos Estados-Membros aderentes surge a política monetária única
do Eurosistema3. A secção III incide sobre as principais características do novo
enquadramento operacional para a política monetária que teve início após a Terceira
Fase da UEM.
1 A Grécia aderiu a partir de 1 de Janeiro de 2001. 2 Allen, F. e Gale, D. (2000). 3 O Eurosistema é constituído pelos bancos centrais nacionais dos Estados-Membros que adoptaram a moeda única e pelo Banco Central Europeu.
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O objectivo do ponto seguinte será o de analisar em que medida o surgimento do euro
no início de 1999 contribuiu para acelerar o processo de desenvolvimento dos
mercados financeiros da área do euro, criando um potencial de crescimento que, no
futuro, permita aos mercados europeus atingir um patamar de desenvolvimento mais
próximo do de outros mercados, tais como os do Reino Unido e dos EUA.
Assim, a secção IV procede à análise das principais tendências da evolução
observada nos mercados financeiros da área do euro, desde o início de 1999. A
análise está divida em três partes, que incidem, respectivamente, sobre os mercados
monetários, os mercados obrigacionistas e os mercados accionistas da área do euro.
Esta análise é desenvolvida com base em alguns estudos publicados sobre o tema,
nomeadamente pelo Banco Central Europeu.
A secção V, aborda, de forma resumida, alguns dos desenvolvimentos ocorridos no
Sistema Financeiro Português, nomeadamente ao nível da estrutura de financiamento
da economia, do mercado accionista e do sistema bancário.
Finalmente, a secção VI apresenta as principais conclusões do trabalho.
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II. SISTEMAS FINANCEIROS NA EUROPA
Neste ponto o objectivo é o de apresentar os principais aspectos de caracterização
dos sistemas financeiros europeus, à luz da distinção apresentada por Allen e Gale4.
De acordo com estes autores, os sistemas financeiros podem distinguir-se pela
importância relativa dos mercados de capitais e do sector bancário. Nos países onde
os mercados financeiros são mais desenvolvidos, o sistema bancário é geralmente
mais competitivo, sendo também mais comum a especialização da actividade
bancária. Os Estados Unidos e, na Europa, o Reino Unido, são os dois exemplos
paradigmáticos de países onde os mercados financeiros estão mais desenvolvidos, e
têm um peso muito significativo na economia.
Pelo contrário, em países onde o sector bancário é mais significativo, há uma maior
tendência para a concentração da actividade bancária. Por exemplo, na Alemanha um
número reduzido de instituições representa uma parcela significativa do sector
bancário. As instituições são, igualmente, menos competitivas, e muitas vezes actuam
em vários segmentos do sector bancário (universalidade da banca).
O quadro n.º 1, retirado de Allen e Gale5, é ilustrativo da diferença existente entre
países da Europa, no tocante à importância relativa dos mercados financeiros e do
sector bancário no financiamento da economia.
Quadro n.º 1 – Activos Bancários vs Capitalização Bolsista na Europa
(1993, milhares de milhões de dólares)
Activos
bancáriosem % do PIB
Capitalização bolsista
em % do PIB
Reino Unido 2 131 259% 1 152 140%França 1 904 151% 457 36%Alemanha 2 919 152% 464 24%
Fonte: Quadro 3.1 de Allen e Gale (2000).
Constata-se que a capitalização bolsista, no Reino Unido, representava em 1993
140% do PIB, sendo muito superior à observada na França e na Alemanha, 36% e
24%, respectivamente. Além disso, no Reino Unido a capitalização bolsista
4 Allen, F. e Gale, D. (2000). 5 Allen, F. e Gale, D. (2000).
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correspondia a sensivelmente 54% do total dos activos bancários, ao passo que na
França e na Alemanha esse rácio não atingia 25%.
Da comparação dos sistemas financeiros apresentada por Allen e Gale6, evidenciamos
no quadro n.º 2 os principais aspectos que caracterizam os mercados financeiros da
França e da Alemanha, por oposição aos do Reino Unido.
Quadro n.º 2 – Mercados Financeiros na Europa
REINO UNIDO FRANÇA ALEMANHA
Mercado de Acções Muito importante; Várias Bolsas, sendo a de Frankfurt a mais importante;
Muitas empresas cotadas em bolsa.
Poucas empresas cotadas em bolsa.
Mercado de Dívida Importante para obrigações do SP e dívida de Bancos;
Importante em termos de dívida pública e de Bancos;
Importante em termos de dívida pública e de bancos.
Mercado doméstico de obrigações substituído pelo mercado de Eurobonds.
mercado de papel comercial significativo.
Mercado de Derivados Mercado muito activo em termos de futuros e opções.
MATIF é um dos mais importantes mercados de futuros na Europa;MONEP é uma das mais importantes praças de Opções.
Outros Mercados Mercado cambial e mercado de matérias primas (ouro) muito Importante.
Várias Bolsas de Valores, sendo a de Paris uma das mais importantes da Europa
Mercado menos desenvolvido, com volumes de transacção pouco desenvolvidos.
Fonte: Allen e Gale (2000).
Da comparação destes dados, torna-se evidente que o Reino Unido é, de entre os
três, o país europeu com mercados financeiros mais desenvolvidos, enquanto que na
França e na Alemanha o peso do sector bancário ainda é bastante acentuado, embora
nos últimos anos se tenha assistido a um esforço de desenvolvimento significativo
(nomeadamente em França onde, desde meados dos anos 80, tem havido um esforço
de modernização, a par de uma progressiva especialização das instituições
bancárias).
Apesar de a comparação entre sistemas financeiros, efectuada por Allen e Gale7,
apenas incluir três países europeus, podemos facilmente generalizar a ideia base, de
6 Allen, F. e Gale, D. (2000).
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que diferentes países terão distintos graus de desenvolvimento dos mercados
financeiros, à Europa e, em particular, à área do euro.
7 Allen, F. e Gale, D. (2000).
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III. A POLÍTICA MONETÁRIA ÚNICA8
Com a introdução do euro, a 1 de Janeiro de 1999, teve início a Terceira Fase da
União Económica e Monetária e surgiu um novo enquadramento para a política
monetária dos Estados-Membros que adoptaram a moeda única. Estes perderam a
autonomia no que respeita à definição da política monetária, ficando envolvidos na
condução da política monetária única definida pelo Conselho do Banco Central
Europeu (BCE).
Deste modo, a partir de 1 de Janeiro de 1999, as decisões de política monetária do
Eurosistema são tomadas a um nível centralizado pelo BCE e implementadas de
forma descentralizada pelos bancos centrais nacionais.
O objectivo primordial do Eurosistema consiste na manutenção da estabilidade dos
preços a médio prazo. Contudo, sem prejuízo deste, deve também apoiar as políticas
económicas gerais na Comunidade Europeia.
Para cumprir os seus objectivos o Eurosistema tem ao seu dispor uma série de
instrumentos de política monetária: realiza Operações de Mercado Aberto (OMA),
disponibiliza Facilidades Permanentes de cedência de liquidez e de depósito e impõe
a constituição de Reservas Mínimas às instituições de crédito da zona euro.
As operações de política monetária (OPM) são realizadas com um conjunto de
instituições de crédito, designadas de contrapartes elegíveis. Estas instituições têm de
estar sujeitas a reservas mínimas e satisfazer um conjunto de critérios de elegibilidade
que lhes confiram determinados requisitos operacionais e prudenciais. A título de
exemplo, em Fevereiro de 2000, de um conjunto de 7900 instituições sujeitas a
reservas mínimas, cerca de 2500 satisfaziam estes requisitos. No entanto, o número
de participantes efectivos nas OPM esteve normalmente abaixo de 1000.9
Os estatutos do Sistema Europeu de Bancos Centrais (SEBC) estabelecem que todas
as operações de cedência de liquidez do Eurosistema devem estar devidamente
garantidas. Deste modo, as contrapartes das operações de cedência do Eurosistema
têm que entregar activos, designados de activos elegíveis ou colateral, como garantia.
8 Esta secção baseou-se na publicação do BCE, “Documentação Geral sobre os Instrumentos e Procedimentos da Política Monetária do Eurosistema” (2000). 9 Galati, G. and Tsatsaronis, K. (2001).
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Estes activos subjacentes às operações de política monetária têm também que
verificar um conjunto de critérios de elegibilidade, encontrando-se agrupados em duas
listas. A lista 1 (Tier 1), constituída por instrumentos de dívida transaccionáveis que
satisfazem determinados critérios uniformes em toda a área do euro, e a lista 2 (Tier 2)
que é específica a cada Estado-Membro e constituída por activos transaccionáveis e
não transaccionáveis que satisfazem um conjunto de critérios definidos pelos Bancos
Centrais Nacionais10 respectivos.
As Operações de Mercado Aberto conduzidas pelo BCE prosseguem os objectivos de
controlo das taxas de juro, de gestão da situação de liquidez do mercado e de
sinalização da postura da política monetária, através da cedência ou absorção de
fundos do sistema interbancário do Eurosistema. Estas podem ser conduzidas através
de cinco tipos de instrumentos e de três tipos de procedimentos diferentes (o quadro
n.º 3 apresenta um resumo das OPM do Eurosistema).
Existem ainda quatro categorias de OMA, consoante o seu objectivo, regularidade e
procedimentos – ver também quadro n.º 3.
As Facilidades Permanentes (ver quadro n.º 3) destinam-se a satisfazer necessidades
ou a absorver excessos temporários de liquidez das contrapartes pelo prazo overnight
e têm também como objectivo sinalizar a postura da política monetária e estabelecer
limites para as taxas de juro overnight do mercado11.
Ao contrário das OMA cuja iniciativa pertence ao BCE, as facilidades permanentes
dependem da iniciativa das contrapartes e, em circunstâncias normais, não existem
limites à sua utilização12.
10 De acordo com critérios mínimos de elegibilidade estabelecidos pelo BCE e sujeitos à aprovação do mesmo. 11 Limite superior dado pela taxa de juro da facilidade permanente de cedência de liquidez e limite inferior dado pela taxa de remuneração da facilidade permanente de depósito. 12 No caso da facilidade de cedência, o crédito é feito contra apresentação de colateral. Neste caso, o colateral disponível para apresentar pode constituir um limite aos montantes solicitados.
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O quadro que se apresenta de seguida (quadro n.º 3) sintetiza as principais
características das operações de política monetária do Eurosistema.
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Quadro n.º 3 - Operações de Política Monetária do Eurosistema
Tipo de transacção Operações de Política Monetária
Objectivo
Cedência liquidez Absorção liquidez
Prazo Frequência Procedimento
Operações de Mercado Aberto
Operações principais de refinanciamento
Proporcionar o maior volume de refinanciamento ao sistema financeiro
Operações reversíveis
- 2 semanas Semanal Leilões normais
Operações de refinanciamento de prazo alargado
Refinanciamento complementar a prazo mais longo
Operações reversíveis
- 3 meses Mensal Leilões normais
Operações reversíveis;
Swaps cambiais
Swaps cambiais; Constituição de depósitos a prazo fixo; Operações reversíveis
Não normalizado Não regular Leilões rápidos;
Procedimentos bilaterais
Operações ocasionais de regularização
Em especial para neutralizar efeitos sobre as taxas de juro do sistema provocados por flutuações inesperadas de liquidez no mercado
Transacções definitivas (compra)
Transacções definitivas (venda)
- Não regular Procedimentos bilaterais
Operações reversíveis
Emissão de certificados de dívida
Normalizado / não normalizado
Regular e não regular
Leilões normais Operações estruturais Alterar a posição estrutural do Eurosistema face ao sistema financeiro
Transacções definitivas (compra)
Transacções definitivas (venda)
- Não regular Procedimentos bilaterais
Facilidades Permanentes
Facilidade permanente de cedência de liquidez
Satisfazer necessidades temporárias de liquidez
Operações reversíveis
- Overnight Acesso por iniciativa das contrapartes
Facilidade permanente de depósito
Absorver excessos temporários de liquidez
- Depósitos Overnight Acesso por iniciativa das contrapartes
Fonte: Banco Central Europeu
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Um outro instrumento de política monetária do Eurosistema são as reservas mínimas.
Estas surgiram tradicionalmente com dois objectivos distintos, isto é, como meio de
prevenção dos depositantes face a crises ou “corridas aos bancos” e como
instrumento de política monetária13. No entanto, com o desenvolvimento dos sistemas
financeiros, o segundo objectivo ganhou relevância sendo hoje a única função dos
regimes de reservas mínimas. Adicionalmente, na última década este instrumento tem
vindo a ser cada vez menos utilizado pelos países industrializados14, quer pela sua
eliminação, quer pela redução do coeficiente de reservas aplicado15.
O novo enquadramento da política monetária dos Estados-Membros que adoptaram a
moeda única contempla também um novo regime de reservas mínimas. Este tem
como objectivo a estabilização das taxas de juro do mercado monetário e a
criação/aumento de escassez estrutural de liquidez. A caixa n.º 1 apresenta
sinteticamente as características do regime de reservas mínimas do Eurosistema.
A implementação das reservas mínimas no quadro do Eurosistema veio introduzir
alterações nos sistemas dos vários Estados-Membros, na medida em que, por um
13 Di Giorgio (1999). 14 Di Giorgio (1999). 15 Em Portugal, o coeficiente de reservas mínimas passou de 17% para 2%, em 1994.
Caixa n.º 1 – Regime de Reservas Mínimas do Eurosistema
• Estão sujeitas a reservas mínimas as instituições de créditoestabelecidas nos Estados-Membros;
• A base de incidência para o cálculo de reservas é determinada com base
em rubricas do passivo da instituição, no último dia do mês t-1;
• O coeficiente de reservas a aplicar é de 2%;
• O período de manutenção de reservas tem a duração de 1 mês, com
início no dia 24 do mês t e fim no dia 23 do mês t+1;
• O cumprimento de reservas mínimas é determinado pelo montante médio
dos depósitos constituídos junto do BCN respectivo, no período de
manutenção em causa.
• As reservas mínimas são remuneradas, em cada período de manutenção,
à taxa média ponderada das operações principais de refinanciamento;
• O BCE pode impor sanções às instituições que não cumpram as suas
obrigações em matéria de reservas mínimas.
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lado, nem todos tinham sistemas de reservas mínimas em vigor (caso da Bélgica) e,
por outro, as características dos existentes eram diferentes. Por exemplo, no caso
português, apesar do coeficiente de reservas ser de 2% desde 1994, os períodos de
cálculo e de manutenção de reservas eram semi-contemporâneos e tinham a duração
de uma semana.
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IV. O IMPACTO DO EURO NOS SISTEMAS FINANCEIROS DA EUROPA
A adopção de uma moeda única por onze países europeus impulsionou alterações
profundas nos mercados financeiros, especialmente nos mercados europeus. Esta
secção pretende apresentar as principais tendências de evolução dos mercados
financeiros na área do euro (mercado monetário, mercado de obrigações e mercado
accionista) desde o início da Terceira Fase da UEM.
1. Mercados Monetários16 Tendências observadas desde o início da terceira fase da UEM De um modo geral, pode dizer-se que o processo de integração dos mercados
monetários europeus, decorrente da introdução da moeda única, se caracterizou pela
coexistência de diferentes ritmos de integração nos diversos segmentos de mercado.
De facto, o segmento das operações não tituladas foi aquele em que o processo de
integração se desenvolveu de modo mais rápido, ao passo que nos mercados repo e
de swaps cambiais a integração foi mais lenta. Os gráficos abaixo, onde se apresenta
a evolução do volume médio de transacções nos diferentes segmentos do mercado
monetário, ilustram claramente estes diferentes ritmos de integração.
Gráficos n.º 1 e 2 – Actividade no mercado monetário do euro17 (Volume de transacções médio por segmento: 4ºT 98 vs. 2ºT 99; 2ºT 99 vs. 2ºT 2000)
Operações não tituladas
Operações Repo
Swaps cambiais
Operações não tituladas
Operações Repo
Swaps cambiais
Comparação em termos relativos: Base 100= operações não tituladas em 1998 (4º T).
Comparação em termos relativos: Base 100= operações não tituladas em 1999 (2º T).
Fonte: BCE, Gráfico 1 do “The impact of the euro on money and bond markets” (2000) e gráfico 1 do “The euro money market” (2001)
16 Este ponto foi desenvolvido, maioritariamente, com base nos resultados relativos aos mercados monetários constantes dos documentos “The impact of the euro on money and bond markets” (2000) e “The euro money market” (2001) publicados pelo BCE. 17 Os dados apresentados resultam de inquéritos realizados pelo BCE a um painel representativo de instituições do Eurosistema, e não reflectem a totalidade do mercado, pelo que devem ser interpretados como tendências de evolução. Nalguns casos, poderá haver diferenças nos dados relativos a 1999 apresentados em cada um dos estudos.
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Constata-se que, de 1998 para 1999, a actividade média no segmento das operações
não tituladas sofreu um acréscimo significativo, seguindo-se-lhe o mercado repo. No
segmento dos swaps cambiais a evolução foi inversa, sendo a redução no volume de
operações explicada pelo efeito imediato de substituição das onze moedas nacionais
pelo euro. Entre 1999 e 2000, pelo contrário, a actividade média do segmento não
titulado não sofreu alterações significativas, ao passo que se registaram maiores
aumentos no volume médio de transacções do mercado repo e, seguidamente, nos
swaps cambiais.
No caso particular das operações não tituladas, e de acordo com os dados do BCE18,
um dos factores que contribuiu para a mais rápida integração nas operações
interbancárias foi a implementação do TARGET, que permitiu às instituições disporem
de um meio seguro e bastante eficaz de transferência de fundos entre si. Além disso,
este segmento surge como um dos principais canais de transferência de liquidez entre
as instituições, tendo grande importância para a redistribuição da liquidez primária
cedida pelo BCE.
Daqui resultou que o crescimento das operações não tituladas reflectisse, sobretudo, o
acréscimo significativo das operações entre instituições de diferentes países da área
do euro, tal como se observa nos gráficos seguintes.
Gráficos n.º 3 e 4– Actividade no Mercado Monetário do Euro (Desagregação da concessão de crédito por tipo de contraparte)
1998 (4ºT)
54%25%
21%
Contrapartes domésticas
Contrapartes da Área EuroOutras contrapartes
1999 (2ºT)
40%
39%
21%
Contrapartes domésticas
Contrapartes da Área EuroOutras contrapartes
Fonte: BCE, Gráfico 5 do “The impact of the euro on money and bond markets” (2000).
18 “The impact of the euro on money and bond markets” (2000).
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Constata-se que o peso das contrapartes domésticas passou, entre final de 1998 e
meados de 1999, de 54% para 40%, por contrapartida do acréscimo das transacções
dentro da área euro, cujo peso aumentou no mesmo período de 25% para 39%.
Em termos históricos, o crescimento da actividade cross-border no mercado
interbancário do euro pode, igualmente, ser observado no gráfico n.º 5, tal como é
apresentado por Galati e Tsatsaronis19.
Gráfico n.º 5 - Actividade Cross-border do Mercado Interbancário do Euro (saldos em final de trimestre, em milhares de milhão de dólares)
Fonte: BIS, Gráfico 2.1 de Galati. e Tsatsaronis. (2001).
É evidente o crescimento mais acentuado da actividade interbancária entre as
instituições da área euro a partir de 1999, não só em termos absolutos, mas também
em termos relativos, i.e., da sua importância no total das operações.
O processo de integração no segmento das operações não tituladas caracterizou-se,
ainda, por uma elevada concentração da actividade nos prazos mais curtos do
mercado, nomeadamente nas operações overnight. Isto é explicado pelo facto de este
segmento estar muito associado à gestão de tesouraria das instituições. De facto, o
BCE realiza operações regulares de cedência de liquidez numa base semanal, pelo
que a gestão de tesouraria das instituições assenta sobretudo em operações entre um
dia e uma semana. O gráfico n.º 6 permite ver a concentração dos volumes médios de
transacção nos prazos mais curtos do mercado.
19 Galati, G. e Tsatsaronis, K. (2001).
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Gráfico n.º 6 – Operações não tituladas do mercado monetário do euro (Concessão de crédito por prazo: 2ºT 99 vs. 2ºT 2000)
Comparação em termos relativos: Base 100= operações overnight em 1999 (2º T). Fonte: BCE, Gráfico 3 do “The euro money market” (2001)
A crescente centralização da gestão de tesouraria, associada ao fenómeno da
concentração bancária, contribuiu para o acréscimo nos montantes médios das
operações (tick size). Além disso, o processo de integração contribuiu para o aumento
da liquidez do mercado, que pode ser comprovado pela redução progressiva dos
spreads bid-ask das operações, como se pode ver no quadro n.º 4.
Quadro n.º 4 – Spreads BID-ASK do mercado monetário do euro
Overnight 1 semana 3 meses 6 meses 1 anoJUL-DEZ 99 spread médio 12,9 8,5 11,4 10,2 9,9
desvio padrão 7,6 2,4 5,4 3,8 3,2
JAN-DEZ 00 spread médio 9,2 8,0 8,0 8,5 9,2desvio padrão 4,4 2,8 2,8 3,0 3,3
JAN-NOV 01 spread médio 9,6 8,1 8,1 9,0 10,0desvio padrão 5,7 2,3 2,3 2,9 3,2
Fonte: REUTERS
Esta redução é mais significativa nos prazos mais curtos do mercado monetário, o que
se explica pela maior relação existente entre estes e a actividade de gestão de
tesouraria das instituições.
Em termos do funcionamento do mercado monetário, um outro aspecto importante da
integração prende-se com a rapidez com que foram adoptadas, como indexantes de
outras operações, as taxas de juro do euro, nomeadamente a EONIA e a EURIBOR. A
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título de exemplo, refira-se o acentuado crescimento dos contratos IRS (interest rate
swaps) sobre a EURIBOR a 3 meses verificado entre 1999 e 2000, ilustrado no gráfico
n.º 7.
Grafico n.º 7 – Contratos IRS transaccionados na LIFFE
Fonte: BCE, Gráfico 8 do “The euro money market” (2001)
No mercado repo, a integração é visível pelo aparecimento progressivo de um
mercado de colateral à escala europeia, com a progressiva redução dos spreads entre
os diferentes países. Todavia, em termos de actividade cross-border, existe ainda
predominância das operações em specials, reflectindo o facto de as operações serem
maioritariamente collateral-driven20.
Os factores subjacentes ao menor grau de integração do segmento repo prendem-se
com a existência, nos diversos países, de sistemas de transacção e liquidação de títulos, bem como de diferentes enquadramentos legais e fiscais destas transacções21.
20 “The euro money market” (2001). 21 “The euro money market” (2001).
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2. Mercados Obrigacionistas22
Tendências observadas desde o início da terceira fase da UEM A introdução do euro trouxe também alterações significativas ao mercado
obrigacionista europeu. Da análise do período compreendido entre 1 de Janeiro de
1999 e 31 de Dezembro de 2000, foram identificadas algumas tendências23 que
caracterizam a evolução deste mercado e a influência que a moeda única teve sobre
ele.
A exposição que segue será repartida em duas fases, correspondentes às tendências
do mercado primário e do mercado secundário.
Mercado Primário
A primeira tendência respeita a um crescimento contínuo do mercado de obrigações
denominadas em euros. Os montantes vivos de obrigações em euros passaram de um
total de € 5 715 biliões no primeiro trimestre de 1999 para € 6 623 biliões no último
trimestre de 200024, como se pode observar no quadro n.º 5.
Quadro n.º 5 – Obrigações denominadas em euros por tipo de emitente
Fonte: Quadro 1 da publicação do BCE, “The euro bond market”
Uma segunda tendência, também observável no quadro anterior, está relacionada com
a alteração da estrutura deste mercado no que respeita às entidades emitentes. Em
22 Este ponto baseou-se em “The euro bond market” (2001) e em Galati, G. e Tsatsaronis, K. (2001). 23 “The euro bond market” (2001). 24 “The euro bond market” (2001).
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1999 e 2000 verificou-se uma redução do peso das obrigações públicas e, em
contrapartida, um aumento da vertente privada. Esta tendência verifica-se, quer em
termos de montantes vivos, quer em termos de novas emissões, sendo mais
acentuada quando se trata de emissões líquidas (quadro n.º 5).
Nos anos em análise a performance orçamental dos governos da área do euro, em
geral, excedeu as expectativas devido a um rápido crescimento económico e às
receitas excepcionais da venda de licenças para as redes de telemóveis da terceira
geração (licenças UMTS). De facto, o défice orçamental da área do euro, em
percentagem do PIB, desceu de 2.1% em 1998 para 1.2% em 1999, registando um
excedente de 0.3% em 2000. A Bélgica, a Alemanha, o Luxemburgo, a Holanda e a
Finlândia foram os países que, em 2000, registaram ou um orçamento equilibrado ou
um excedente.25
Esta melhor performance orçamental veio reduzir as necessidades de financiamento
de muitos governos da zona euro, o que por sua vez se reflectiu na redução do peso
das emissões de dívida pública. Adicionalmente, vários governos aproveitaram os
fundos adicionais para proceder à reestruturação da sua dívida, realizando buybacks e
debt exchanges.
No que respeita ao aumento do financiamento no mercado de capitais por parte dos
emitentes privados são também apontadas várias razões. A primeira, respeita ao
espaço deixado em aberto pela redução das emissões públicas que aumentou as
oportunidades do sector privado. A própria introdução da moeda única aumentou
essas oportunidades devido ao aumento do número de potenciais investidores. Outra
razão apontada está relacionada com os processos de grandes fusões e aquisições e
com as maiores necessidades de financiamento que lhes estão associadas (como por
exemplo a aquisição de licenças UMTS). Por último, a própria internacionalização do
mercado de obrigações do euro que é cada vez maior, i.e., as emissões de obrigações
denominadas em euros por não residentes da área do euro tem vindo a crescer
bastante.
Uma outra tendência de evolução que se verificou após a introdução do euro foi o
aumento da concorrência entre emitentes. Esta afecta quer o segmento público, quer o
privado do mercado obrigacionista e tem promovido a procura de novos tipos de
instrumentos, bem como a convergência dos quadros legislativos e regulamentares
nacionais (um exemplo é preparação de legislação para adopção de Pfandbriefe na
Irlanda, seguindo o exemplo da França, Espanha e Luxemburgo).
25 “The euro bond market” (2001).
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Quanto ao segmento privado a concorrência aumentou por via do aumento do número
de emitentes que passaram de uma base nacional para toda a área do euro.
O aumento da competitividade no que respeita às obrigações públicas foi bastante
notório, uma vez que os emitentes passaram de uma situação de quase monopólio
para uma situação de partilha de mercado (com os restantes Estados-Membros). Em
consequência registou-se uma tendência para a estandardização e o aumento de
transparência das obrigações emitidas pelo Estado, nomeadamente uma melhoria na
política de comunicação. Um exemplo da alteração da política de comunicação foi a
publicação de boletins e relatórios, numa base mais regular e mais frequente que
antes da introdução do euro, para informar convenientemente os intermediários e
investidores (por exemplo, Portugal passou a publicar trimestralmente informação que
antes divulgava numa base semestral).
Apesar da tendência para a homogeneização de produtos e procedimentos que adveio
do aumento da concorrência no mercado de emissões, prevalecem algumas
discrepâncias entre as estratégias dos diferentes gestores públicos de dívida. Estas
estão relacionadas com as especificidades próprias de cada país e têm a ver com os
montantes em dívida e as necessidades de financiamento. Os emitentes de maior
porte têm tendência a emitir ao longo de toda a curva de rendimentos, uma vez que os
elevados montantes de que dispõem lhes permitem obter liquidez em todo o espectro
de maturidades. Pela razão oposta, os países mais pequenos tendem a focar-se em
determinadas maturidades.
A introdução da moeda única promoveu ainda a convergência em termos das yields
das obrigações públicas dos vários países da área do euro. Esta convergência teve
início ainda na fase de preparação para a introdução do euro (1997-1998) e manteve-
se bastante estável a partir dessa altura, uma vez que os prémios de risco entre as
várias moedas desapareceram e a política monetária é comum aos vários países. De
acordo com Galati e Tsatsaronis26, os diferenciais entre estas taxas reduziram-se de
cerca de 300 (em 1996) para 30 pontos base, em algumas maturidades.
O gráfico n.º 8 mostra essa evolução através da representação de médias mensais
das diferenças entre a yield mais alta e a mais baixa das obrigações públicas, num
conjunto de países da área do euro (Alemanha, França, Itália, Espanha, Holanda e
Bélgica).
26 Galati, G. e Tsatsaronis, K. (2001).
- 21 -
Gráfico n.º 8 – Convergência de yields
Fonte: Gráfico 3.2 de Galati, G. e Tsatsaronis, K. (2001).
No início da terceira fase da UEM existiam algumas expectativas relativamente à
emergência de uma curva de referência única para as yields da área do euro27. No
entanto, da observação do gráfico constata-se que, entre o início de 1999 e 2000, a
convergência não aumentou muito, mantendo-se os spreads relativamente estáveis.
Esta manutenção dos spreads deixa antever que os investidores ainda não parecem
ser totalmente indiferentes à compra de obrigações de países diferentes, mesmo que
dentro da área do euro.
Relativamente ao sector privado, existe ainda um ponto a salientar. Verifica-se que a
grande parte das emissões de residentes é efectuada por instituições financeiras.
Estas emissões representavam, em Dezembro de 2000, cerca de 89% do montante
vivo de obrigações privadas.
No entanto, esta situação altera-se quando se tratam de emissões de não residentes.
Nesse caso, a supremacia do sector financeiro não é tão evidente, uma vez que, na
mesma data, as obrigações emitidas por instituições não financeiras representavam
cerca de 33%. Tendo em conta que no final de 1998 esta percentagem era de 19%, o
sector não financeiro é considerado o mais dinâmico neste segmento do mercado.
Os gráficos que se apresentam de seguida mostram a distribuição percentual das
emissões de obrigações privadas, por tipo de instituição, em Dezembro de 2000,
quando se tratam de emitentes da área do euro e quando se tratam de não residentes.
- 22 -
Gráficos n.º 9 e 10 – Montantes vivos de obrigações privadas denominadas em euros (em Dezembro de 2000)
Fonte: Gráfico 4 do “The euro bond market” (2001).
Esta diferença entre residentes e não residentes da zona euro poderá reflectir, em
certa medida, os diferentes pesos relativos, para o financiamento da economia, dos
sectores bancário e não bancário existentes entre a área do euro e as outras
economias que estarão a emitir obrigações denominadas em euros.
Como vimos na secção II a área do euro é caracterizada por um tipo de financiamento
em que o sector bancário assume um papel primordial face ao mercado de capitais.
Desse modo parece natural que as empresas não financeiras não recorram tanto ao
mercado de capitais, uma vez que se financiam através do sector bancário. Noutros
países como o Reino Unido ou os Estados Unidos em que o mercado de capitais é
muito mais desenvolvido é natural uma maior apetência do sector não financeiro para
se financiar no mercado de capitais.
Mercado Secundário Relativamente ao mercado secundário, verificou-se um aumento dos volumes
transaccionados, quer no sector público, quer no privado.
Em seguida apresentam-se dois gráficos com a evolução, entre 1997 e 2000, dos
volumes transaccionados de obrigações públicas e de obrigações privadas.
27 “The euro bond market” (2001).
Residentes da área do euro
80%
9%11%
MFIs (incluindo o Eurosistema)
Instituições f inanceiras não monetárias
Instituições não f inanceiras
Não residentes da área do euro
44%
22%
33%
Bancos (incluindo Bancos Centrais)
Instituições f inanceiras não monetárias
Instituições não f inanceiras
- 23 -
Gráfico n.º 11 – Transacções de obrigações públicas da área do euro França Alemanha Holanda
Fonte: Gráfico 3.3 de Galati, G. e Tsatsaronis, K. (2001).
Gráfico n.º 12 – Transacções de obrigações privadas
Dólar Euro Libra
Fonte: Gráfico 3.5 de Galati, G. e Tsatsaronis, K. (2001).
Relativamente às obrigações privadas é bastante evidente o crescimento do volume
de transacções em euros após a introdução da moeda única (1999 e 2000),
especialmente quando comparado com as transacções de obrigações em dólares e
em libras, cujo crescimento foi muito menor nesses anos.
De acordo com o BCE28 tem-se verificado, desde a introdução do euro, uma tendência
para o aumento da diversificação geográfica de obrigações dentro da área do euro.
Isto é, tendo em conta os dados disponíveis, concluiu-se que a detenção de
obrigações públicas por investidores domésticos (residentes no mesmo país da área
do euro que o emitente) tem vindo a diminuir.
Por outro lado, verificou-se também uma crescente diversificação de carteiras de
obrigações para o sector credit, isto é, para classes de activos com risco de crédito
(inclui Pfandbrief, obrigações de bancos, etc.).
28 “The euro bond market” (2001).
- 24 -
Com a introdução da moeda única e consequente desaparecimento de taxa de câmbio
e início da política monetária única, os investidores perderam a oportunidade de
diversificar os seus investimentos dentro da área do euro, com vista à obtenção de
maiores rendimentos à custa de um risco maior. Logo, procuraram outras alternativas
das quais o referido sector credit foi o mais evidente29.
Entraves a uma maior Integração
Apesar dos desenvolvimentos já verificados e que foram abordados nos pontos acima
existem ainda algumas barreira que impedem uma maior integração do mercado do
euro.
Salientam-se o ambiente heterogéneo, na área do euro, em termos de impostos e os
custos administrativos que ainda prevalecem para quem deseja investir fora do seu
país.
Destes custos administrativos contam-se, por um lado, os que estão relacionados com
as infra-estruturas, uma vez que a elevada fragmentação dos sistemas de liquidação e
compensação aumenta os custos em tempo e trabalho administrativo para efectuar as
transacções. Por outro lado, a existência de um número relativamente baixo de
instituições com rating, bem como os aspectos legais diferenciados relacionados com
as obrigações são também apontados como impulsionadores dos referidos custos
administrativos que limitam a integração dos mercados.
3. Mercados Accionistas30
No que se refere aos mercados accionistas europeus, de acordo com os dados
apresentados pelo BCE, registou-se um crescimento muito acentuado da actividade
nos anos recentes. Este crescimento de actividade pode ser observado no gráfico n.º
29 “The euro bond market” (2001). 30 Este ponto baseia-se na análise apresentada pelo BCE no documento “The euro equity market” (2001).
- 25 -
13, no qual se apresenta a evolução da capitalização bolsista na área euro, por
comparação com outros países, nomeadamente os EUA31..
Gráfico n.º 13 – Capitalização bolsista de títulos domésticos (em percentagem do PIB)
Fonte: BCE, Gráfico I do “The euro equity market” (2001)
A partir deste indicador da dimensão dos mercados accionistas conclui-se que, na
área euro, o crescimento destes mercados se processou a um ritmo mais acelerado do
que noutros países. No período compreendido entre 1998 e 2000, a capitalização
bolsista no conjunto dos países pertencentes à área do euro passou de 64% para 89%
do PIB, ou seja uma variação de cerca de 39%, contra aproximadamente 5% nos
EUA. Todavia, a dimensão dos mercados no conjunto da área do euro continua a ser
significativamente inferior à dos mercados norte-americanos.
Um dos principais factores de expansão nestes mercados terão sido as privatizações
em diversas economias europeias, que contribuíram para o aumento significativo da
oferta de produtos. Também se pode referir que o rácio de novas emissões na
capitalização bolsista, em termos médios do período compreendido entre 1998 e 2000,
foi superior a 4% na área euro, contra 2% nos EUA32.
31 “The euro equity market” (2001). 32 “The euro equity market” (2001).
0%
50%
100%
150%
200%
Área Euro 21% 28% 35% 47% 64% 85% 89%
Resto UE 65% 96% 113% 129% 146% 178% 161%
EUA 54% 94% 109% 130% 145% 181% 152%
Japão 99% 69% 65% 51% 64% 102% 68%
1990 1995 1996 1997 1998 1999 2000
- 26 -
O número de empresas cotadas em bolsa também apresentou um crescimento
significativo33, tal como se mostra no gráfico n.º 14.
Gráfico n.º 14 – Número de empresas cotadas em bolsa
1998 1999Variação 1998-
99 2000Variação 1999-
2000Área Euro 3895 4416 13% 4914 11%Resto UE 3182 3078 -3% 3785 23%EUA 7738 7421 -4% 7194 -3%Japão 1890 1933 2% 2096 8%
010002000300040005000600070008000
Área Euro Resto UE EUA Japão
199819992000
Fonte: BCE, Gráfico 2 do “The euro equity market” (2001)
Outro aspecto a referir é o facto de, após a introdução do euro, a eliminação do risco
de câmbio ter contribuído para a internacionalização dos investimentos favorecendo,
em particular, investimentos pan-europeus. Um exemplo é o grande crescimento
verificado ao nível dos investidores institucionais, tais como fundos de investimento e
fundos de pensões.
Neste contexto, verificou-se igualmente uma crescente tendência de diversificação das
carteiras de activos, em que os investidores procuram uma afectação mais eficiente
para as suas carteiras. Isto contribuiu para a expansão dos investimentos
cross-border, por via dos quais os investidores procuram activos de elevada
capitalização e estratégias de investimento passivas (investimento em fundos com
rentabilidade associadas à evolução de índices bolsistas). Além disso, a capitalização
de activos no segmento accionista impulsionou o crescimento acentuado do mercado
de derivados sobre acções.
Ao nível da estrutura de mercado, o aspecto mais importante a salientar será o início do processo de consolidação entre bolsas europeias e, igualmente, entre sistemas de liquidação, desencadeado pelo crescimento acentuado dos investimento cross-border.
33 “The euro equity market” (2001).
- 27 -
V. O CASO PORTUGUÊS
1. Caracterização do Sistema Financeiro Português
Tendo em conta os dois tipos básicos de sistemas financeiros considerados por Allen
e Gale34, que referimos na secção II – Sistemas Financeiros na Europa, Portugal
encontra-se no grupo de países nos quais a importância do sector bancário no
financiamento da economia é superior à do mercado de capitais. Contudo, tal como
tem sido tendência na área do euro, o mercado de capitais português tem vindo a
desenvolver-se nos últimos anos.
De acordo com dados do Banco de Portugal35 (quadro n.º 6), a capitalização do
mercado accionista em 1997 foi de 38% do PIB, enquanto que em 1999 e 2000
ascendeu a 63% e 58%, respectivamente.
Quadro n.º 6 – Capitalização do Mercado Accionista (em percentagem do PIB)
1997 1998 1999 2000
Alemanha 40 48 72 67
Espanha 53 65 76 89
França 49 65 112 110
Países Baixos 128 146 185 171
Itália 30 45 66 70
Portugal 38 54 63 58
Área do Euro 48 62 90 88
Fonte: Quadro II.7.5 do Relatório do Banco de Portugal, ano 2000
De salientar que, apesar deste crescimento, o peso da capitalização do mercado
accionista português no PIB se encontra ainda bastante abaixo do registado, em
média, para a área do euro (90% e 88% em 1999 e 2000, respectivamente). Da
análise do quadro acima verifica-se que no ano 2000, dos países considerados,
Portugal era o que contava com a menor capitalização. Não obstante, no período
34 Allen, F. e Gale, D. (2000). 35 Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal (2000).
- 28 -
analisado, a capitalização do mercado accionista português esteve ainda acima da
registada em Itália (1997 e 1998) e na Alemanha (1998).
2. Mercado Accionista Português
A análise da capitalização do mercado accionista nacional (quadro n.º 6), realizada no
ponto anterior, indicia o desenvolvimento que o mercado de capitais português
observou nos últimos anos. Neste ponto vamos analisar a evolução do índice
accionista português de referência, o PSI20, num quadro comparativo com outros
índices europeus e norte-americanos.
O gráfico n.º 15, que se apresenta de seguida, mostra a evolução de alguns índices de
acções (o PSI20 português, o GDAXI alemão, o MIB30 italiano, o CAC40 francês, e o
DJI norte-americano), para o período de Janeiro de 1993 a Novembro de 2001, em
termos de valores de fecho mensais.
Gráfico n.º 15 – Evolução de alguns Índices de Acções (1993 – 2001)
Fonte: REUTERS
De salientar uma tendência de crescimento generalizada e mais acentuada a partir de
meados de 1997, bem como de descida após o início do ano 2000. A simples
observação do gráfico permite-nos identificar uma tendência para a variação conjunta
dos índices dos vários países, especialmente a partir de 1997.
0
10.000
20.000
30.000
40.000
50.000
Jan-
93
Jul-9
3
Jan-
94
Jul-9
4
Jan-
95
Jul-9
5
Jan-
96
Jul-9
6
Jan-
97
Jul-9
7
Jan-
98
Jul-9
8
Jan-
99
Jul-9
9
Jan-
00
Jul-0
0
Jan-
01
Jul-0
1
PSI20 GDAXI MIB30 DJI CAC40
- 29 -
Esta observação é confirmada pelos coeficientes de correlação entre os vários
índices36, que são apresentados em seguida. Se assumirmos que as correlações entre
as rendibilidades dos mercados accionistas são um bom indicador do grau de
integração entre esses37, verifica-se uma integração progressiva da bolsa nacional
com as bolsas europeias e americanas, ao longo dos últimos anos.
O gráfico n.º 16 apresenta os coeficientes de correlação linear entre as variações
semanais do PSI20 e um conjunto de outros índices de acções, em dois períodos de
tempo (1993-1996 e 1997-2000).
Gráfico n.º 16 – Coeficientes de correlação linear com o PSI20
(1993-1996/1997-2000)
Fonte: Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 2000
A análise do gráfico mostra um aumento significativo da integração do mercado
accionista português nos mercados europeus e americanos. Verifica-se ainda que a
proximidade do mercado português face aos mercados europeus é superior à sua
proximidade face aos americanos. Adicionalmente, como seria de esperar, o mercado
português encontra-se mais correlacionado com os mercados dos países da zona euro
que com o Reino Unido.
De facto, no período 1997-2000 os coeficientes de correlação do PSI20 com os
índices americanos (Nasdaq, DJIA e S&P500) não ultrapassaram 0.50, enquanto que
36 A análise que se segue é baseada num conjunto de dados diferentes dos usados no gráfico n.º 15, bem como contempla a introdução de índices adicionais. 37 Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 2000.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
PSI2
0
Nasd
aq
DJIA
S&P5
00
FT10
0
Stox
x50
CAC4
0
MA
DX
DAX
MIB
30
1993-1996 1997-2000
- 30 -
com os restantes índices as correlações foram sempre superiores a 0.60, excepto no caso do índice do Reino Unido (FT100) em que este coeficiente se situou nos 0.55.
De salientar que a tendência para o aumento da integração entre mercados
accionistas, no período analisado, estendeu-se a todos os países e não apenas ao
caso português, reflectindo a integração dos mercados financeiros nível global.
Esta constatação é confirmada pela evolução dos coeficientes de correlação linear
entre as variações semanais de todos os índices considerados, nos dois períodos em
análise, que se apresentam nos quadros n.º 7 (1993-1996) e n.º 8 (1997-2000).
Quadro n.º 7 – Coeficientes de correlação linear entre variações semanais de índices de acções (1993-1996)
PSI20 Nasdaq DJIA S&P500 FT100 Stoxx50 CAC40 MADX DAX MIB30
PT - PSI20 1
EUA - Nasdaq 0.12 1
EUA - DJ Industrial 0.18 0.65 1
EUA - St.& Poors 500 0.14 0.76 0.92 1
RU - FTSE100 0.20 0.41 0.50 0.50 1
EUR-DJ Euro Stoxx50 0.30 0.43 0.51 0.52 0.74 1
FR - CAC40 0.25 0.35 0.44 0.46 0.62 0.86 1
ES - MADX 0.34 0.32 0.40 0.38 0.51 0.70 0.59 1
DE - DAX 0.26 0.38 0.40 0.42 0.59 0.85 0.63 0.52 1
IT - MIB30 0.11 0.20 0.20 0.20 0.39 0.63 0.49 0.43 0.45 1
Fonte: Quadro 1 da caixa II.7.1 do Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 2000
Quadro n.º 8 – Coeficientes de correlação linear entre variações semanais de índices de acções (1997-2000)
PSI20 Nasdaq DJIA S&P500 FT100 Stoxx50 CAC40 MADX DAX MIB30
PT - PSI20 1
EUA - Nasdaq 0.50 1
EUA - DJ Industrial 0.39 0.55 1
EUA - St.& Poors 500 0.47 0.77 0.91 1
RU - FTSE100 0.55 0.59 0.66 0.72 1
EUR-DJ Euro Stoxx50 0.68 0.66 0.65 0.73 0.79 1
FR - CAC40 0.65 0.59 0.60 0.68 0.74 0.93 1
ES - MADX 0.71 0.60 0.55 0.63 0.68 0.84 0.76 1
DE - DAX 0.64 0.66 0.65 0.71 0.71 0.92 0.83 0.75 1
IT - MIB30 0.62 0.54 0.49 0.56 0.62 0.81 0.75 0.76 0.72 1
Fonte: Quadro 2 da caixa II.7.1 do Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 2000
- 31 -
3. Sector Bancário Português
No sector bancário, os efeitos do início da terceira fase da UEM começaram a fazer-se
sentir alguns anos antes da introdução do euro, observando um incremento
significativo em 1999, nomeadamente ao nível de alterações tecnológicas e aumento
da concorrência.
Considerando a quota de mercado dos cinco maiores grupos bancários portugueses
como um indicador do nível da concentração de actividade, observa-se que entre 1997
e 1999 o sector bancário português sofreu consecutivas reduções de concentração, à
medida que a referida quota se foi reduzindo38 (quadro n.º 9).
Quadro n.º 9 – Quota de mercado dos cinco maiores grupos bancários
1995 1996 1997 1998 1999 2000
Crédito a clientes 76.0 79.6 77.3 76.9 75.0 83.3
Recursos de clientes 80.6 84.9 82.8 81.7 80.3 85.1
Activo 77.6 83.0 78.1 77.1 75.1 83.4
Balcões 79.4 78.3 76.0 76.5 75.6 81.8
Fonte: Relatórios do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 1999 e 2000
Esta redução da concentração deveu-se à perda de quota de mercado por parte de
alguns dos maiores grupos e ao dinamismo dos bancos de menor dimensão e bancos
não domésticos (quadro n.º 10) que se expandiram em vários segmentos, aumentando
a sua quota.
No ano 2000 deu-se a inversão dessa tendência de forma marcante, registando-se um
aumento significativo da concentração de actividade no sector bancário português.
Este aumento é visível nas quotas mercado dos cinco maiores grupos e deveu-se a
várias operações de fusão e aquisição por parte desses grupos, em especial de um
deles. A concentração foi de tal modo que, no final do ano, os dois maiores grupos
bancários detinham uma quota de mercado de cerca de 50%. 39
38 Relatórios do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 1998, 1999 e 2000. 39 Relatório do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 2000.
- 32 -
Os últimos anos foram também marcados pela entrada em actividade de novos
bancos, nomeadamente de instituições não domésticas. Assim, dos sete novos
bancos que iniciaram actividade em Portugal no ano 2000, cinco eram não
domésticos.
Este facto, associado a aquisições efectuadas no mercado português por parte de um
grupo não doméstico, resultou também num incremento substancial da quota de
mercado destas instituições no mercado português, tal como se pode observar no
quadro n.º 10.
Quadro n.º 10 – Quota de mercado dos bancos não domésticos
1995 1996 1997 1998 1999 2000
Crédito a clientes (Bruto) 8.0 7.6 8.3 8.8 11.2 17.9
Recursos de clientes 5.8 4.9 6.2 6.2 6.8 16.6
Activo 8.4 7.6 11.7 11.6 12.8 20.6
Balcões 7.9 7.2 7.2 7.1 6.7 15.8
Fonte: Relatórios do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 1999 e 2000
O gráfico n.º 17 apresenta a evolução do número total de bancos, bem como do
número de bancos não domésticos no sistema bancário português, entre 1995 e 2000.
Gráfico n.º 17 – Número de Bancos
Fonte: Relatórios do Conselho de Administração do Banco de Portugal, 1999 e 2000
47 50
58 5862 62
17 1923
26 2933
0
10
20
30
40
50
60
70
Dez. 1995 Dez. 1996 Dez. 1997 Dez. 1998 Dez. 1999 Dez. 2000
Total Não Domésticos
- 33 -
VI. CONCLUSÃO
Este trabalho incidiu sobre os mercados financeiros na Europa e os seus
desenvolvimentos mais recentes, nomeadamente os que resultaram da introdução do
euro, a moeda única da União Económica e Monetária a partir de 1 de Janeiro de
1999.
Com o estudo desenvolvido, constatámos que o sistema financeiro europeu, mais
concretamente o sistema financeiro da área do euro, é caracterizado por um elevado
peso do sector bancário no financiamento da economia, em detrimento do mercado de
capitais. No entanto, os mercados na área do euro têm vindo a desenvolver-se
bastante nos últimos anos, desenvolvimento esse também promovido pela moeda
única e pela consequente eliminação do risco de câmbio entre.esses países, que
proporcionou a expansão das transacções cross-border.
Ao nível dos mercados monetários é de assinalar o crescimento acentuado do volume
de transacções, o aumento da liquidez e a crescente importância das operações entre
contrapartes da área do euro.
No mercado obrigacionista, as grandes tendências do mercado primário foram o
crescimento contínuo do mercado, a alteração da estrutura dos emitentes de mercado
(com a perda de peso relativo do sector público e consequente aumento do sector
privado), o aumento da concorrência entre emitentes e a convergência em termos das
yields de obrigações públicas dos vários países da zona euro. No mercado secundário
observou-se uma tendência para o aumento dos volumes transaccionados.
Os mercados accionistas registaram, igualmente, um ritmo de crescimento acelerado
nos últimos anos, patente, por exemplo, na crescente capitalização bolsista e no
aumento sustentado do número de empresas cotadas em bolsa.
Constatámos que esta realidade se aplica também a Portugal, tendo-se registado, nos
últimos anos, um aumento significativo da capitalização do seu mercado accionista.
Observou-se, também, um aumento da integração do mercado accionista português
com os mercados internacionais, especialmente com os dos países pertencentes à
UEM.
De referir que, apesar do crescimento no mercado accionista, este encontra-se ainda
bastante aquém do desenvolvimento observado no conjunto dos países da área do
euro.
- 34 -
Em Portugal assistiu-se, ainda, a um aumento da competitividade no sector bancário,
que se traduziu numa redução da quota de mercado dos principais bancos (entre 1997
e 1999), associada ao dinamismo de bancos mais pequenos, nomeadamente não
residentes. Outro factor a revelar-se na análise do mercado português foram as
operações de fusões e aquisições que, no ano 2000, tiveram um papel marcante ao
nível do aumento da concentração bancária.
Do estudo efectuado podemos concluir que, em termos gerais, o euro veio dar um
forte contributo ao desenvolvimento dos mercados financeiros europeus, na medida
em que conduziu ao aprofundamento da integração monetária na área do euro.
Os mercados europeus beneficiaram, igualmente, da tendência de globalização
financeira à escala mundial, que se acentuou nos últimos anos.
Todavia, a dimensão dos mercados financeiros europeus é, ainda, inferior à verificada
em países como os EUA ou o Reino Unido.
- 35 -
BIBLIOGRAFIA
• Allen, F. e D. Gale (2000), Comparing Financial Systems, MIT Press.
• Banco Central Europeu (2000), Documentação Geral sobre os Instrumentos e
Procedimentos da Política Monetária do Eurosistema, Setembro.
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