sistema graduacao brasileiro em escalada

10
FEMERJ – Federação de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org - 1 - SITEMA DE GRADUAÇÃO PROPOSTO PELA FEMERJ I) Introdução Uma das vantagens do sistema brasileiro é a menção dos graus geral e do lance mais difícil da via em separado, ao contrário do que acontece em sistemas como o americano e o francês, que tomam como grau de uma escalada apenas o grau do seu lance mais difícil. O sistema aqui proposto procura manter esta e outras qualidades deste sistema e ao mesmo tempo acrescentar algumas inovações que o tornem mais atual e eficiente. Algumas destas mudanças são: a adoção oficial do sistema internacional em artificiais (o sistema antigo classificava oficialmente os artificiais em A1, A2 ou A3, embora na prática no Brasil já se adote há tempos a escala até A5), a nova subdivisão (a,b,c) para lances de dificuldade elevada (VIIa ou maior) e a adoção de um grau específico de exposição. A graduação de uma via é composta aqui de duas partes principais: uma "central", de menção obrigatória, e outra de termos opcionais, que podem ser acrescidos conforme a riqueza de detalhes que se deseje passar. Aparte central é composta pelo grau geral, o grau do lance mais difícil e o grau do artificial, quando este existir. Os termos opcionais são o grau de duração, o grau de exposição, o número de passadas em artificial e o grau máximo "obrigatório" em livre. Todos estes itens são explicados abaixo. Lembramos que na atribuição do grau a uma via considera-se que o escalador está guiando e escalando "à vista", isto é, sem conhecimento prévio da via. II) O Grau Geral: O grau geral tem o objetivo de expressar a soma de todos os fatores objetivos e subjetivos que traduzem a dificuldade de uma via. Trata-se de uma média das dificuldades técnicas encontradas ao longo da via, que por sua vez pode ser ajustada de acordo com os fatores subjetivos, caso estes tenham um peso relevante na dificuldade geral. Entre estes fatores estão: distância entre as proteções, periculosidade das quedas, exigência física, qualidade das proteções e da rocha, existência ou não de paradas naturais para descanso no meio das enfiadas e possibilidade de abandono do meio da via. Como é influenciado por fatores subjetivos de toda a via, o grau geral pode eventualmente ser maior do que o grau do lance mais difícil. Isto acontece, por exemplo, em

Upload: lucas-jatoba

Post on 09-Nov-2015

215 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Descrição do sistema de graduação brasileiro utilizado na prática da escalada em rocha.

TRANSCRIPT

  • FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 1 -

    SITEMA DE GRADUAO PROPOSTO PELA FEMERJ

    I) Introduo

    Uma das vantagens do sistema brasileiro a meno dos graus geral e do lance mais difcil da via em separado, ao contrrio do que acontece em sistemas como o americano e o francs, que tomam como grau de uma escalada apenas o grau do seu lance mais difcil.

    O sistema aqui proposto procura manter esta e outras qualidades deste sistema e ao mesmo tempo acrescentar algumas inovaes que o tornem mais atual e eficiente. Algumas destas mudanas so: a adoo oficial do sistema internacional em artificiais (o sistema antigo classificava oficialmente os artificiais em A1, A2 ou A3, embora na prtica no Brasil j se adote h tempos a escala at A5), a nova subdiviso (a,b,c) para lances de dificuldade elevada (VIIa ou maior) e a adoo de um grau especfico de exposio.

    A graduao de uma via composta aqui de duas partes principais: uma "central", de meno obrigatria, e outra de termos opcionais, que podem ser acrescidos conforme a riqueza de detalhes que se deseje passar.

    Aparte central composta pelo grau geral, o grau do lance mais difcil e o grau do artificial, quando este existir. Os termos opcionais so o grau de durao, o grau de exposio, o nmero de passadas em artificial e o grau mximo "obrigatrio" em livre. Todos estes itens so explicados abaixo.

    Lembramos que na atribuio do grau a uma via considera-se que o escalador est guiando e escalando " vista", isto , sem conhecimento prvio da via.

    II) O Grau Geral:

    O grau geral tem o objetivo de expressar a soma de todos os fatores objetivos e subjetivos que traduzem a dificuldade de uma via. Trata-se de uma mdia das dificuldades tcnicas encontradas ao longo da via, que por sua vez pode ser ajustada de acordo com os fatores subjetivos, caso estes tenham um peso relevante na dificuldade geral. Entre estes fatores esto: distncia entre as protees, periculosidade das quedas, exigncia fsica, qualidade das protees e da rocha, existncia ou no de paradas naturais para descanso no meio das enfiadas e possibilidade de abandono do meio da via.

    Como influenciado por fatores subjetivos de toda a via, o grau geral pode eventualmente ser maior do que o grau do lance mais difcil. Isto acontece, por exemplo, em

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 2 -

    escaladas de lances fceis porm com alto grau de exposio (ver exemplos ao final do texto).

    Notao e uso:

    a. Algarismos ordinais arbicos;

    b. No h subdivises;

    c. Colocado no incio da graduao, podendo apenas ser antecedido pelo grau de durao, quando este existir;

    d. Sistema aberto para cima, podendo sempre receber um grau a mais do que o mximo grau existente em uma determinada poca; e

    e. Meno obrigatria.

    Escala: 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6 , 7 , 8 ,

    III) O Grau do Lance mais difcil:

    Trata-se do grau do lance ou seqncia mais difcil de toda a escalada, ou grau do crux. Pode ser apenas uma passada ou uma seqncia, isto , um conjunto de lances entre dois pontos naturais de descanso da via. Este grau tambm influenciado pelo nvel de exposio (um lance difcil longe do ltimo grampo tende a ter graduao mais alta do que o mesmo lance bem protegido), embora o fator dificuldade tcnica prevalea.

    Notao e uso:

    a. Algarismos romanos;

    b. Subdivises: "sup" at VIsup, e "a, b, c" acima de VIsup;As subdivises so escritas logo aps o algarismo, em minsculas e sem espaamento;

    c. Posicionado logo aps o grau geral, deixando-se um espao entre eles, e antes do grau do artificial;

    d. O sistema aberto para cima; e

    e. Meno obrigatria.

    Escala: I, Isup, II, IIsup, III, IIIsup, IV, IVsup, V, Vsup, VI, VIsup, VIIa, VIIb, VIIc, VIIIa, VIIIb, VIIIc, IXa,

    Obs.: Alm de ser usada na classificao de vias, a notao em romanos deve ser sempre utilizada para a descrio de lances de escalada isolados. A indicao da dificuldade de cada lance nos desenhos dos croquis de vias e o relato escrito de detalhes de escaladas ("tal escalador passou por uma fenda de VI") so dois exemplos onde se deve escrever o grau em romanos e no em arbicos.

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 3 -

    1. Vias de uma enfiada de corda, falsias e boulders

    Para estas vias no h sentido em se atribuir um grau geral e um grau para o lance mais difcil, uma vez que so vias curtas, de comprimento mximo de 50 ou 60 metros. Ento o grau geral abolido, e utiliza-se somente o grau do lance ou seqncia mais difcil, em romanos, para expressar a sua dificuldade. As vias muito curtas, por serem normalmente mais difceis, no costumam possuir pontos naturais de descanso neste caso a via inteira uma seqncia nica a ser graduada.

    Esta graduao vlida para boulders, falsias e vias curtas em geral, e a notao e a escala j foram descritas acima. Seguem abaixo alguns exemplos de escaladas deste tipo pelo Brasil:

    - O Tempo No Para (Galpo de Pedra, Caapava do Sul / RS) - VIsup

    - cido Ntrico (Falsias dos cidos, Urca / RJ) VIIIa

    - Coraes e Mentes (Mo. Da Pedreira, S. do Cip / MG) - IIIsup

    - Asterix (P. da Ana Chata, S. Bento do Sapuca / SP) - VIIa

    - Grampeleta (Boulder Principal, Serra Caiada / RN) - VIsup

    2. O grau mximo obrigatrio em livre

    O grau de uma via de escalada o seu grau mais em livre possvel. No entanto, um escalador cujo nvel tcnico esteja abaixo dos lances mais difceis de determinada escalada pode ter condies de repeti-la se subir tais lances em artificial, utilizando para isso as protees como pontos de apoio. Embora este no seja o melhor estilo de se repetir uma via, muitas vezes o estilo possvel para quem (ainda) no consegue faz-la totalmente em livre.

    Por este motivo, na hora de graduar uma via, alguns escaladores gostam de mencionar o grau mximo "obrigatrio" em livre da escalada, isto , aquele que, mesmo utilizando as protees como ponto de apoio, o escalador necessariamente tem que conseguir guiar em livre para repeti-la. Neste caso o "novo crux" passa a ser mais baixo, substituindo o crux real na graduao. O crux real mencionado entre parntesis, junto com a indicao do artificial que o substitui.

    Por exemplo: Suponha que numa via de 3 VIsup o lance de VIsup possa ser subido pisando-se em duas das protees (artificial A0, portanto), fazendo com que o grau mximo em livre passe a ser IV. O grau desta via pode ser expresso ento como 3 IV (A0/VIsup). Isto , a via de 3 grau, o crux de VIsup e caso este seja feito em artificial A0 o novo crux (grau obrigatrio) passa a ser IV. O termo entre parntesis (A0/VIsup) significa "ou voc faz um A0 ou faz um VIsup".

    Outra aplicao para esta forma de graduao est em vias conquistadas com trechos em artificial e que com o passar dos anos foram feitas em livre, mas que conservam a grampeao original do antigo artificial.

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 4 -

    Notao e uso:

    a. O "novo crux" colocado depois do grau geral, em substituio ao crux real;

    b. A seguir coloca-se entre parntesis o grau do artificial, uma barra e o grau do crux real, sem espaamento entre eles; e

    c. Uso opcional.

    IV) O grau do artificial (A)

    Entende-se por artificial o uso de meios no naturais (ou pontos de apoio artificiais) para progresso numa escalada.

    O grau adotado aqui segue o sistema internacionalmente mais utilizado, indo de A0 a A5, e possuindo subdivises ("+"). Apenas o A0 recebe uma definio um pouco diferente em relao a outros pases. Quanto ao grau reservado para (futuras) escaladas mais difceis do que A5, adota-se aqui o A5+ em vez de A6, para se manter uma lgica sequencial, a exemplo de algumas publicaes como o j citado "Mountaineering the freedom of the hills".

    O grau do artificial de uma via o grau da sua enfiada mais difcil, e no uma mdia dos diferentes trechos em artificial.

    Quando o artificial possui poucos pontos de apoio, pode-se desejar mencionar a quantidade destes pontos. Neste caso, coloca-se o nmero de pontos de apoio entre parntesis, logo depois do grau. Ex: 4 V A1(3) ou 4 V A2+(2).

    Quanto a via possui trecho em cabo de ao, adiciona-se a letra "C" ao final. Ex: 4 V C.

    Convm comentar que a graduao de artificiais leva em conta principalmente a qualidade das colocaes que seguram o escalador e o tamanho da queda em potencial. Assim sendo, possvel a existncia de artificiais com poucas passadas mas de graus elevados. Por exemplo: uma sequncia de 4 ou 5 copperheads e rurps fragilmente colocados aps um longo lance de escalada em livre sem proteo pode vir a receber um grau alto, apesar de ser um trecho curto.

    Artificiais fixos podem ser A0 ou A1, conforme sua extenso. Artificiais de cliff so sempre maiores do que A1, variando conforme a distncia da ltima proteo slida e a dificuldade de progresso. Estes fatores tambm se aplicam ao material mvel em geral.

    Notao e uso:

    a. Letra A maiscula seguida de numerao de 0 a 5, em arbicos, sem espaamento entre a letra e o nmero;

    b. Subdivises: "+", colocado aps o nmero sem espaamento;

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 5 -

    c. Posicionado depois do grau do lance mais difcil e antes do grau de exposio (E), caso exista;

    d. No caso de cabos de ao, letra C maiscula, posicionada depois do lance mais difcil ou do artificial (A), caso este exista, e antes do grau de exposio (E), caso exista;

    e. O nmero de pontos de apoio vem em arbicos, colocado entre parntesis logo aps o grau do artificial, sem espaamento. Seu uso no obrigatrio; e

    f. O grau do artificial de uso obrigatrio;

    Escala:

    A0: Pontos de apoio slidos (" prova de bomba") isolados ou em uma curta sequncia, com pouca exposio; pndulos; uso da proteo para equilbrio ou descanso; e tensionamento da corda para auxlio na progresso;

    A1: Peas fixas ou colocaes slidas de material mvel, todas elas fceis e seguras, em uma seqncia razoavelmente longa;

    A2: Colocaes de material mvel geralmente slidas porm mais difceis. Algumas colocaes podem no ser slidas, mas estaro logo acima de uma boa pea. No h quedas perigosas.

    A2+: Como o A2, mas com possibilidade de mais colocaes ruins acima de uma boa. Potencial de queda aproximado de 6 a 9 metros, mas sem atingir plats. Pode ser necessria uma certa experincia para encontrar a trajetria correta da escalada.

    A3: Artificial difcil. Possui vrias colocaes frgeis em seqncia, com poucas protees slidas. O potencial de queda de at 15 metros, equivalente ao arrancamento de 6 a 8 peas, mas geralmente no causa acidentes graves. Geralmente so necessrias varias horas para guiar uma enfiada, devido complexidade das colocaes.

    A3+: Como o A3, mas com maior potencial de quedas perigosas. Colocaes frgeis, como cliffs de agarra em arestas em decomposio, depois de longos trechos com protees que agentam somente o peso do corpo. comum que escaladores experientes levem mais de trs horas para guiar uma enfiada.

    A4: Escaladas muito perigosas. Quedas potenciais de 18 a 30 metros, com perigo de se atingir plats ou lacas de pedra. Peas que agentam somente o peso do corpo.

    A4+: Como o A4, mas so necessrias vrias horas para cada enfiada de corda. Cada movimento do escalador deve ser calculado para que a pea onde ele se encontra no seja arrancada apenas com o peso do seu corpo. Longos perodos de presso psicolgica.

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 6 -

    A5: Este o extremo, sob o ponto de vista tcnico e psicolgico. Nenhuma das peas colocadas em toda a enfiada capaz de segurar mais do que o peso do corpo, quando muito. As enfiadas no podem possuir protees fixas nem buracos de cliff.

    A5+: Como um A5 em que as paradas no so slidas. Qualquer queda fatal para todos os componentes da cordada. At o presente (2002) no se conhece nenhuma via de escalada com essa graduao.

    V) O Grau de Durao (D)

    Expressa o tempo de durao da via quando repetida vista por uma cordada que tenha prtica nas tcnicas exigidas e que tenha segurana no grau da via. A escala utilizada a internacional, tendo a notao sido modificada para maior clareza, j que aquela escala utiliza os mesmos algarismos romanos que aqui utilizamos para o lance mais difcil da via. Assim sendo, os graus I, II, III, etc utilizados no exterior equivalero no sistema brasileiro aos graus D1, D2, D3, etc, sendo o D de "durao".

    O grau de durao da via s considera a asceno, no incluindo o tempo de retorno, seja ele feito por rapel ou caminhada.

    Notao e uso:

    a. Letra D maiscula seguida de numerao (de 1 a 7), em arbicos, sem espaamento entre a letra e o nmero;

    b. Posicionado no incio do grau da via, antes de todos os outros fatores; e

    c. Utilizao opcional.

    Escala:

    D1: Poucas horas de escalada;

    D2: Meio dia de escalada;

    D3: Um dia quase inteiro de escalada;

    D4: Um longo dia de escalada;

    D5: Requer uma noite na parede. Cordadas muito velozes podem repeti-la em um dia;

    D6: Dois dias inteiros ou mais de escalada. Normalmente inclui longos e complicados trechos de escalada artificial; e

    D7: Expedies a locais de acesso remoto com longa aproximao e muitos dias de escalada.

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 7 -

    VI) O grau de exposio (E)

    O grau de exposio de uma via procura expressar seu o grau de comprometimento psicolgico. Como visto anteriormente, a exposicao est includa, junto com outros fatores, no grau geral da escalada. No entanto, a sua meno especfica em separado uma informao muitas vezes importante, principalmente em se tratando de escaladas em ambiente de montanha, e muitos escaladores optam por utiliz-lo na graduao das vias.

    A primeira vez que um termo que expressasse exclusivamente o grau de exposio foi utilizado ocorreu com o lanamento do Guia de Escaladas dos Trs Picos (1998), por Alexandre Portela, Srgio Tartari e Isabela de Paoli. Os autores criaram um sistema fechado com 5 subdivises, e que teve repercusso bastante positiva por parte da grande maioria dos escaladores que utilizaram aquela publicao como fonte de informaes sobre as escaladas de Salinas (Friburgo), regio includa no guia. Como resultado, decidiu-se nos seminrios incluir este grau no sistema.

    Os fatores considerados aqui so principalmente a distncia e a qualidade das protees e o risco de vida em caso de queda, mas tambm a dificuldade tcnica dos lances (embora este fator tenha menor peso).

    Este grau diz respeito apenas parte de escalada livre da via. A exposio dos trechos em artificial est includa no grau do artificial.

    Notao e uso:

    a. Letra E maiscula, seguida de numerao de 1 a 5, em arbicos, sem espaamento entre a letra e o nmero;

    b. Posicionado ao final do grau da via, depois de todos os outros fatores; e

    c. Sua utilizao opcional.

    Escala:

    E1: Vias bem protegidas (ex: a maior parte das vias do Anhangava/PR, Cuscuzeiro/SP, Lapinha/MG e Coloridos, Urca/RJ)

    E2: Vias com proteo regular (ex: vias do Morro da Babilnia, na Urca/RJ e Serra do Lenheiro/MG); E3: Proteo regular com trechos perigosos (ex: vias na Serra dos rgos/RJ e Pedra do Ba/SP); E4: Vias perigosas (em caso de queda) (ex: algumas vias de Salinas/RJ e Marumbi/PR); E5: Vias muito perigosas (em caso de queda) (ex: algumas vias de Salinas/RJ e Cinco Pontes/ES).

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 8 -

    VII) Exemplos de aplicao do sistema:

    1. Suponhamos que uma determinada via seja curta (uma enfiada de corda ou mesmo um boulder), e a sequncia mais difcil seja VIIb. O grau da via ento VIIb.

    2. Suponhamos agora que essa via tenha na verdade duas ou mais enfiadas. Ento o grau mdio dos lances da via deve ser aferido, e ajustado um pouco para cima (ou no) conforme a exposio, exigncia fsica e outros fatores subjetivos. Suponhamos que esse grau seja 5. Ento o grau da via 5 VIIb.

    3. Mas no meio da via h um artificial de cliffs graduado em A2. Grau: 5 VIIb A2.

    4. Se esse artificial constituir de apenas trs pontos de apoio, voc pode querer explicitar isso. Soluo: 5 VIIb A2 (3).

    5. Suponhamos que a via no tenha artificial nenhum, pois feita em livre. Como vimos acima, seu grau ento 5 VIIb. Mas o crux (VIIb) tem a possibilidade de ser feito em artificial segurando em um ou dois dos grampos de proteo (um A0, portanto), e a o lance mais difcil passa a ser um Vsup. Voc pode informar isso na graduao da seguinte forma: 5 Vsup (A0/VIIb).

    6. Bem, acontece que esta via particularmente exposta (um E4), e embora isto j tenha influenciado o grau geral voc pode querer dar a informao em separado. Ento o grau da via 5 VIIb E4. E se houver o artificial A2, 5 VIIb A2 E4.

    7. E finalmente a via em questo to longa e trabalhosa que se trata de um big wall, e uma cordada normal levar dois dias para repetir. O grau ento: D5 5 VIIb A2 E4.

    Em suma: O grau pode ser expresso de maneira to simples como VIIb ou to extensa como D5 5 VIIb A2 E4, conforme as caractersticas da via e os objetivos de quem a gradua. Mas na prtica, a maioria das vias s requer mesmo o uso de dois termos: o grau geral e o crux.

    Seguem abaixo outros exemplos:

    VIsup Via de uma enfiada, boulder ou falsia cujo crux VIsup.

    D2 4 VIsup A2 E2 Via de grau mdio (geral) 4 , crux VIsup e artificial A2 cujo grau de exposio E2

    (grampeao regular) e a durao D2 (meio dia de escalada).

    IV E3 Via curta de crux IV grau e exposio regular com trechos perigosos (E3).

    3 IVsup (A0/VI) Via de 3 grau com crux de VI, mas cujo crux obrigatrio IVsup.

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 9 -

    D6 7 VIIb A3+ E4 Via de 7 grau com crux de VIIb e artificial A3+ que tem grau de exposio E4 (via

    perigosa) e durao de alguns dias.

    5 IV Via de 5 grau cujo crux de IV grau.

    5 IV E4 Pode ser a mesma via anterior, mas decidiu-se tornar explcito o grau de exposio. Note

    que o alto grau de exposio desta via faz com que o grau geral seja maior do que o do crux.

    VIII) Graduao de algumas vias no Brasil pelo sistema:

    Entre o Sol e a Lua (Casa de Pedra, Bag, RS) - 5 V

    O Dia da Marmota (P. do Cuscuzeiro, Analndia, SP) - 5 VIsup

    Tragados pelo tempo (Corcovado, RJ) D5 6 VIsup A3+

    pera Selvagem (Sa. Do Lenheiro, S. J. del Rei, MG) - 4 V

    Infarto Neurolgico (Ibitirati, PR) - 6 VIsup A2 E4

    Agulha do Diabo (Serra dos rgos, RJ) - 3 IIIsup A1 C

    Universo Paralelo (Pa. do Pntano, Andradas, MG) VIIa

    Los Encardidos (Marumbi, PR) D5 6 VI A2

    Tente Outra Vez (Torres RS) VI

    Alcatraz (Serra Caiada, RN) - 5 VIIa E2

    Face Leste do Pico Maior (Friburgo, RJ) - 5 IVsup E3

    IX) Consideraes finais

    Como dito anteriormente, o novo sistema vem sendo testado na prtica desde o incio do ano 2000 em diferentes regies do pas, e aps este perodo j possvel fazer algumas observaes:

    a. A mudana de notao existente entre o sexto e o stimo grau foi bem assimilada pelos escaladores na linguagem oral parece estar bem difundido que depois do "sexto sup" vem o "sete a", "sete b", etc, e no mais os "stimo" e "stimo sup". Mas, na escrita, ainda se usa muito os arbicos para estes graus ("7a", "7b", etc), quando o correto "VIIa", "VIIb", etc.

  • (Continuao do Sistema de Graduao Proposto pela FEMERJ......................................................................... ). ________________________________________________________________________________________

    FEMERJ Federao de Esportes de Montanha do Estado do Rio de Janeiro - http://www.femerj.org

    - 10 -

    b. Outro equvoco ainda comum o uso de subdivises no grau geral e o uso de arbicos na classificao de lances ("5 sup"), em vez dos romanos.

    c. O uso do grau de exposio se tornou rapidamente popular, e embora tenha por vocao maior utilidade nas regies de "vias de montanha", vem sendo usado corriqueiramente em escaladas urbanas. Alguns escaladores sugeriram que este fator passe a ser de uso obrigatrio.

    X) Bibliografia

    - Documentos tcnicos da extinta FMERJ, 1974 e 1975;

    - Catlogo de Escaladas do Estado do Rio de Janeiro Andr Ilha e Lcia Duarte, 1984;

    - Guia de Escaladas da Urca Flvio Daflon e Delson Queiroz, 1996;

    - Guia de Escaladas dos Trs Picos Alexandre Portela, Srgio Tartari e Isabela de Paoli, 1998;

    - Guia de Escaladas de Guaratiba Andr Ilha, 1999;

    - Notas dos seminrios de graduao Frum Interclubes, 1999;

    - Mountaineering The Freedom of the Hills 6a edio - The Mountaineers, 1996.