sistema de produção de feijão
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Embrapa Arroz e Feijo Sistemas de Produo, 2
ISSN 1679-8869 Verso eletrnica Jan/2003
Cultivo do Feijoeiro Comum Homero Aidar
Disponvel em:
http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Feijao/CultivodoFeijoeiro/index.htm
Caractersticas da Cultura
Cultivado por pequenos e grandes produtores, em diversificados
sistemas de produo e em todas as regies brasileiras, o feijoeiro comum
reveste-se de grande importncia econmica e social. Dependendo da cultivar
e da temperatura ambiente, pode apresentar ciclos variando de 65 a 100 dias,
o que o torna uma cultura apropriada para compor, desde sistemas agrcolas
intensivos irrigados, altamente tecnificados, at aqueles com baixo uso
tecnolgico, principalmente de subsistncia. As variaes observadas na
preferncia dos consumidores, orientam a pesquisa tecnolgica e direcionam a
produo e comercializao do produto, pois as regies brasileiras so bem
definidas quanto preferncia do gro de feijoeiro comum consumido. Algumas
caractersticas como a cor, o tamanho e o brilho do gro, podem determinar o
seu consumo, enquanto a cor do halo pode tambm influenciar na
comercializao. Os gros menores e opacos so mais aceitos que os maiores
e que apresentam brilho. A preferncia do consumidor norteia a seleo e
obteno de novas cultivares, exigindo destas no apenas boas caractersticas
agronmicas, mas tambm valor comercial no varejo.
O feijo preto mais popular no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, sul
e leste do Paran, Rio de Janeiro, sudeste de Minas Gerais e sul do Esprito
Santo. No restante do pas este tipo de gro tem pouco ou quase nenhum valor
comercial ou aceitao. O feijes de gro tipo carioca so aceitos em
praticamente todo o Brasil, da que 53% da rea cultivada semeada com este
tipo gro. O feijo mulatinho mais aceito na Regio Nordeste e os tipos roxo
e rosinha so mais populares nos Estados de Minas Gerais e Gois. Centenas
de cultivares de feijoeiro comum so cultivados no Brasil e normalmente
possuem sementes pequenas, embora possam tambm ser encontradas, em
algumas regies, tipos de tamanho mdio e grande, como os feijes enxofre e
jalo e mulatinho com estrias vermelhas (Chita Fina e Bagaj), e branco
importado encontrado nos supermercados.
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Graas s suas comprovadas propriedades nutritivas e teraputicas, o
feijo altamente desejvel como componentes em dietas de combate fome
e desnutrio. Ademais, ocorre uma interessante complementao protica
quando o feijo combinado com cereais, especialmente o arroz,
proporcionando, em conjunto, os oito aminocidos essenciais ao nosso
organismo. Alm do seu contedo protico, o elevado teor de fibra alimentar,
com seus reconhecidos efeitos hipocolesterolmico e hipoglicmico, aliado s
vitaminas (especialmente do complexo B) e aos carboidratos, tornam o seu
consumo altamente vantajoso como alimento funcional, representando
importante fonte de nutrientes, de energia e atuando na preveno de
distrbios cardiovasculares e vrios tipos de cncer.
Importncia Econmica
Os gros de feijo representam uma importante fonte protica na dieta
humana dos pases em desenvolvimento das regies tropicais e subtropicais,
particularmente nas Amricas (47% da produo mundial) e no leste e sul da
frica (10% da produo mundial). Seu consumo per capita no Brasil situou-se,
em 2001, em 14,9 kg/hab/ano, e, na dcada de 70, chegou a alcanar
patamares de 23-24 kg/hab/ano, sendo esta reduo atribuda, ao longo do
tempo, a vrios fatores. H grandes variaes regionais quanto ao gosto e
preferncia por tipos de gros consumidos.
O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) a espcie mais cultivada
entre as demais do gnero Phaseolus. Considerando todos os gneros e
espcies englobados como feijo nas estatsticas da FAO, este envolve cerca
de 107 pases produtores em todo o mundo. Considerando somente o gnero
Phaseolus, o Brasil o maior produtor, seguido do Mxico. Entretanto, a
produo brasileira de feijo tem sido insuficiente para abastecer o mercado
interno, devido reduo na rea plantada, da ordem de 35%, nos ltimos 17
anos. Mesmo o aumento de 48% na produtividade, verificado neste perodo,
ainda resultou numa diminuio de 4% na produo, portanto, no sendo
suficiente para atender a demanda.
O cultivo dessa leguminosa bastante difundido em todo o territrio
nacional, no sistema solteiro ou consorciado com outras culturas.
reconhecida como cultura de subsistncia em pequenas propriedades, muito
embora tenha havido, nos ltimos 20 anos, crescente interesse de produtores
de outras classes, adotando tecnologias avanadas, incluindo a irrigao e a
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colheita mecanizada. O sistema de comercializao o mais variado possvel,
com predomnio de um pequeno grupo de atacadistas que concentra a
distribuio da produo, gerando, muitas vezes, especulaes quando
ocorrem problemas na produo. Com a informatizao, os produtores tero
maior facilidade de acesso s informaes de mercado, criando melhores
possibilidades de comercializao do produto, e, conseqentemente, gerando
maior renda. A falta de informao para a comercializao do produto um dos
pontos de estrangulamento da cadeia produtiva desta cultura.
Dependendo da regio, o plantio de feijo no Brasil feito ao longo do
ano, em trs pocas, de tal forma que, em qualquer ms, sempre haver
produo de feijo em algum ponto do pas, o que contribui para o
abastecimento interno.
Em todas as safras de feijo cultivadas no Brasil, a condio
predominante de posse da terra dos produtores de proprietrios (1a Safra =
69,9%; 2a Safra = 81,3%; e 3a Safra = 75,4%), vindo a seguir a condio de
ocupante.
Considerando todos os gneros e espcies de feijo englobados nas
estatsticas da FAO (2001), a produo mundial de feijo, situou-se em torno
de 16,8 milhes de toneladas, ocupando uma rea de 23,2 milhes de
hectares. Cerca de 65,1% da produo foram oriundos de apenas sete pases,
sendo a ndia responsvel por 15,3% e o Brasil 14,6%. Apesar do pequeno
volume de produo mundial de feijo, cerca de 14% so produzidos para
exportao. Em 2000, cinco pases foram responsveis por 80,2% dessa
exportao: Myanmar, 26,9%; China, 18,5%; Estados Unidos, 14,5%;
Argentina, 11,0%; e Canad, 9,3%, movimentando-se cerca de 1 bilho de
dlares com a transao deste produto.
Clima
Dentre os elementos climticos que mais influenciam na produo de
feijo salientam-se a temperatura, a precipitao pluvial e a radiao solar. Em
relao ao fotoperodo, a planta de feijo pode ser considerada fotoneutra.
A temperatura o elemento climtico que mais exerce influncia sobre
a porcentagem de vingamento de vagens e, de maneira geral, faz referncia
sobre o efeito prejudicial das altas temperaturas sobre o florescimento e a
frutificao do feijoeiro. Temperaturas baixas reduzem os rendimentos de
feijo, por provocar abortamento de flores, que por sua vez pode, tambm,
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resultar em falhas nos rgos reprodutores masculino e feminino. Alta
temperatura acompanhada de baixa umidade relativa do ar e ventos fortes tm
maior influncia no pegamento e reteno de vagens.
A diversidade climtica, presente em todo territrio brasileiro, faz com
que ocorram temperaturas abaixo de 0C no Sul durante o inverno,
contrastando com altas temperaturas e umidade relativa do ar elevada (>80%)
nos estados localizados na regio Norte. Estas condies inviabilizam o cultivo
de feijo na Regio Sul na poca de inverno, da mesma forma que o limitam
tambm no Norte, devido ao maior risco de ocorrncia de doenas.
O feijo mais suscetvel deficincia hdrica durante a florao e o
estdio inicial de formao das vagens. O perodo crtico se situa 15 dias antes
da florao. Ocorrendo dficit hdrico, haver queda no rendimento devido
reduo do nmero de vagens por planta e, em menor escala, diminuio do
nmero de sementes por vagem.
Devido irregularidade na distribuio pluvial, o risco climtico, que
caracterizado pela quantidade de gua no solo disponvel para as culturas,
acentuado em funo da diminuio freqente na quantidade de gua para as
culturas. Muitas vezes, esta irregularidade pluvial traduzida por perodos sem
chuva que duram de 5 a 35 dias, principalmente no cerrados brasileiro,
podendo provocar reduo na produo de gros. Entretanto, acredita-se que o
efeito negativo causado pela diminuio de gua pode ser minimizado
conhecendo-se as caractersticas pluviais de cada regio e o comportamento
das culturas em suas distintas fases fenolgicas, ou seja, semeando naqueles
perodos em que a probabilidade de diminuio da precipitao pluvial menor
durante, principalmente, a fase de florescimento-enchimento de gros.
As simulaes do balano hdrico associadas a tcnicas de
geoprocessamento, permitiram identificar no tempo e no espao, as melhores
datas de semeadura do feijoeiro nas diferentes regies do Brasil. Com chance
de perda de dois anos em dez, ou seja, 80% de chances de sucesso, evitando-
se o veranico na fase de enchimento de gros. As variveis a serem
consideradas por ordem de importncia so: reteno de gua no solo e
durao do ciclo. Quanto maior a capacidade de armazenamento de gua no
solo, associado ao ciclo mais curto, menores sero as perdas. O risco de perda
se acentua quanto mais tarde for semeadura, independente do solo e do ciclo
da cultura. De forma geral, possvel concluir que, para semeaduras
realizadas aps 15 de fevereiro, o risco climtico bastante acentuado para a
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cultura do feijoeiro, exceto em algumas localidades do Estado de Mato Grosso,
o qual apresenta uma distribuio pluvial bastante regular.
Solos
O solo um mineral no consolidado na superfcie da terra,
influenciado por fatores genticos e ambientais, como material de origem,
topografia, clima (temperatura e umidade) e microrganismos, que se
encarregaram de formar o solo, no decorrer de um certo tempo, e sempre
diferente, nas suas propriedades e caractersticas fsicas, qumicas, biolgicas
e morfolgicas do material de origem. O manejo apropriado est relacionado
com sua classificao, que destaca suas caractersticas gerais ou especficas.
Os grupos amplos so feitos com base em caractersticas gerais e as
subdivises com base em diferenas em propriedades especficas. As
propriedades morfolgicas, fsicas, qumicas e mineralgicas so critrios
distintivos.
A maioria dos solos de cerrado onde o feijoeiro cultivado so
Oxissolos e possuem baixa fertilidade. Os valores mdios das propriedades
qumicas dos solos de cerrado em estado natural so: pH 5,2; P 2 mg kg-1, K <
50 mg kg-1; Ca < 1,5 cmolc kg-1; Mg < 1 cmolc kg-1, Zn e Cu em torno de 1 mg
kg-1, matria orgnica na faixa de 15 a 25 g kg-1 e saturao por bases < 25%.
Baseado nestes dados, pode-se concluir que os solos de cerrado so
cidos e de baixa fertilidade. Portanto, o manejo da fertilidade um dos
aspectos mais importante na produo das culturas neste solos.
Fixao Biolgica de Nitrognio
A cultura do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.) no Brasil est presente na
maioria dos sistemas de produo, principalmente naqueles vinculados
agricultura familiar. A inoculao de bactrias do grupo dos rizbios, capazes
de fixar o nitrognio atmosfrico e fornec-lo planta, uma alternativa que
pode substituir, ainda que parcialmente, a adubao nitrogenada, resultando
em benefcios ao pequeno produtor. Resultados indicam que a cultura do
feijoeiro, em condies de campo, pode se beneficiar do processo da fixao
biolgica de nitrognio (FBN) alcanando nveis de produtividade de at 2.500
kg/ha. O inoculante brasileiro, durante muito tempo, foi produzido utilizando-se
bactrias que eram obtidas no exterior e testadas pelas instituies de
pesquisa no Brasil.
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Com a evoluo destes estudos, revelou-se a inequao destas
estirpes aos solos tropicais, uma vez que esto sujeitas a um elevado grau de
instabilidade gentica, comprometendo sua capacidade de fixar nitrognio.
Este fato pode explicar, pelo menos parcialmente, a decepo de muitos
agricultores com o uso do inoculante nesta cultura at bem recentemente.
Atualmente, o inoculante comercial para o feijoeiro no Brasil produzido com
uma espcie de rizbio adaptada aos solos tropicais, o Rhizobium tropici,
resistente a altas temperaturas, acidez do solo e altamente competitiva, ou
seja, em condies de cultivo favorveis capaz de formar a maioria dos
ndulos da planta, predominando sobre a populao de rizbio presente no
solo.
A eficincia da FBN, entretanto, depende das condies fisiolgicas da
planta hospedeira que fornece a energia necessria para que a bactria possa
realizar eficientemente este processo. Alm da calagem, importante proceder
a correo do solo com os demais nutrientes. Ressalta-se a importncia do
fornecimento de fsforo, deficiente na maioria dos solos tropicais, o qual tem
efeito marcante sobre a atividade da nitrogenase, devido ao alto dispndio
energtico promovido pela atividade de FBN. O molibdnio um micronutriente
que tem efeito marcante sobre a eficincia da simbiose, sendo um constituinte
estrutural da enzima nitrogenase, que, dentro do ndulo, executa a atividade de
FBN. A aplicao foliar de molibdnio promove aumentos de produtividade em
feijoeiro inoculado, sendo que h vrios produtos disponveis no mercado para
esta finalidade.
Apesar de o feijoeiro ser uma planta com grande capacidade de
aproveitamento do nitrognio disponvel no solo, a aplicao de adubos
nitrogenados tende a afetar negativamente este processo. Solos com maiores
teores de matria orgnica, que liberam nitrognio lentamente, podem
beneficiar a planta do feijoeiro sem, contudo, reduzir a sua capacidade de
fixao.
Dentre os fatores ambientais mais importantes para o processo de
fixao biolgica de nitrognio, a ocorrncia de deficincias hdricas, ou seja,
seca durante o ciclo de cultivo tem efeito negativo em diferentes etapas do
processo de nodulao e na atividade nodular, alm de afetar a sobrevivncia
do rizbio no solo. A ocorrncia de altas temperaturas afeta, tambm, a
sobrevivncia do rizbio no solo, o processo de infeco, a formao dos
ndulos e ainda a atividade de FBN.
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O procedimento de inoculao das sementes com rizbio simples,
bastando misturar as sementes com o inoculante de rizbio para o feijo. Este
inoculante , geralmente, vendido em embalagens contendo a bactria em
veculo turfoso, o mais recomendado atualmente pela pesquisa. Alguns
cuidados devem ser tomados por se tratar de organismos vivos e sensveis ao
calor. Deste modo, recomenda-se que a inoculao seja feita sombra,
preferencialmente nas horas mais frescas do dia, utilizando uma soluo
aucarada a 10% como adesivo, ou outros produtos como goma arbica a
20%. Mistura-se 200 a 300 ml desta soluo ao inoculante (500 g) at formar
uma pasta homognea. Em seguida, mistura-se esta pasta a 50 kg de
sementes de feijo at que fiquem totalmente recobertas com uma camada
uniforme de inoculante. Deixar as sementes inoculadas secando sombra, em
local fresco e arejado, realizando o plantio at, no mximo, dois dias aps.
Caso seja inevitvel o uso de agrotxicos e micronutrientes, deve-se
tratar primeiro as sementes com estes produtos, deixar secar e s ento
proceder a inoculao. Verificar a compatibilidade do produto com o inoculante
antes da sua utilizao. Alguns produtos so extremamente txicos ao rizbio,
especialmente fungicidas, devendo-se escolher os de menor toxidez e
mantendo-se o inoculante em contato com estes produtos o menor tempo
possvel.
Calagem e Adubao
A correo da acidez do solo e a adubao das culturas, so tidas
como prticas comprovadamente indispensveis ao manejo dos solos. Entre as
tecnologias indicadas na produo de feijo, a calagem e a adubao
nitrogenada so as que tm gerado maior nmero de questionamentos. Quanto
calagem, as dvidas mais freqentes so em relao eficincia de sua
aplicao em superfcie.
Em relao ao nitrognio, as dvidas vo desde reaes e
mecanismos controladores da disponibilidade do N no solo, caractersticas e
reaes no solo das diferentes fontes de nitrognio, at prtica da adubao,
quanto a fontes, doses, mtodos de aplicao, poca mais adequada de
aplicao durante o ciclo da cultura e a necessidade de seu parcelamento e,
sobretudo, quanto aos seus aspectos econmicos. Estas tcnicas de manejo
de adubao, ainda so a melhor estratgia utilizada para maximizar a
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eficincia de uso do nitrognio e permitir aos produtores obterem mximo
retorno econmico do uso de fertilizantes.
Da mesma forma que existem muitas dvidas sobre adubao das
culturas e da correo da acidez do solo, existem, tambm, muitos problemas
prticos relacionados com transformao no solo dos resduos orgnicos
vegetais e com a aplicao de micronutrientes.
A prtica da adubao depende, de vrios fatores, os quais devem ser
previamente analisados no sentido de aconselhar aos agricultores a praticarem
uma adubao mais adequada, quanto aos aspectos agronmico (que obtenha
maior eficincia dos fertilizantes) e econmico (que resulte em maior renda
lquida ao produtor).
Uma recomendao de adubao que atenda a estes princpios deve
ser fundamentada nos seguintes aspectos:
-resultados de anlises de solo complementada pela anlise de planta;
-numa anlise do histrico da rea;
-no conhecimento agronmico da cultura;
-no comportamento ou tipo da cultivar;
-no comportamento dos fertilizantes no solo;
-na disponibilidade de capital do agricultor para aquisio de
fertilizantes; e
-na expectativa de produtividade. Portanto, a recomendao de
adubao para o feijoeiro, bem como para qualquer outra cultura,
depende da anlise cuidadosa de todos esses fatores, ressaltando que
no existe uma regra geral a seguir nas recomendaes de adubao.
Quanto cultura do feijoeiro, a quantidade de fertilizantes varia de
acordo com a poca de plantio, quantidade e tipo de resduo deixado na
superfcie do solo pela cultura anterior, e com a expectativa de rendimento.
Geralmente, varia de 60 a 150 kg ha-1 de nitrognio, sendo recomendada a
aplicao em duas vezes; de 60 a 120 kg ha-1 de P2O5, dependendo,
evidentemente, do teor disponvel de fsforo no solo, das condies de risco e
da expectativa de rendimento de gros e de 30 a 90 kg ha-1 de K2O, e a fonte
de potssio, na maioria da vezes, o cloreto de potssio (60% de K2O).
Pesquisas realizadas com feijo irrigado na Embrapa Arroz e Feijo,
quanto calagem e adubao de plantio, evidenciaram aumentos de at 54%
na produtividade do feijoeiro (cultivar Apor), decorrentes da calagem e de uma
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dose econmica de adubao N-P2O5-K2O, no plantio, de aproximadamente
400 kg ha-1 do formulado 4-30-16.
A adubao fosfatada corretiva indicada para solos argilosos com
teores de fsforo abaixo de 1,0 a 2,0 mg dm-3 e arenosos com teores abaixo de
6 a 10 mg dm-3. Esta recomendao serve tanto para reas de cultivo
convencional (com revolvimento do solo), como para as reas onde se
pretende iniciar com o sistema plantio direto, devendo ressaltar que o
fertilizante dever ser incorporado ao solo. A necessidade para aplicao a
lano, varia de 120 a 240 kg ha-1 de P2O5, com base no teor total, no primeiro
ano de cultivo, dependendo do teor inicial de fsforo e da textura do solo. Neste
caso, as fontes de fsforo mais indicadas so, entre outras, o termofosfato
yoorin (cerca de 17 a 18% de P2O5 total), os hiperfosfatos Arad (33% de P2O5
total) e Gafsa (29% de P2O5 total) e alguns fosfatos parcialmente solubilizados.
Cultivares
O feijoeiro comum cultivado em todas as regies do pas
apresentando grande importncia econmica e social. As regies brasileiras
so bem definidas quanto preferncia do tipo de gro de feijo comum
consumido. Algumas caractersticas como a cor, o tamanho e o brilho podem
determinar o consumo ou no do gro, enquanto a cor do halo pode tambm
influenciar na comercializao. O feijo apresenta componentes e
caractersticas que tornam seu consumo vantajoso do ponto de vista
nutricional. Entre eles citam-se o contedo protico, o teor elevado de lisina, a
fibra alimentar, alto contedo de carboidratos complexos e a presena de
vitaminas do complexo B.
As doenas encontram-se entre os fatores mais importantes
associados baixa produtividade do feijoeiro comum no Brasil, podendo
reduzir consideravelmente a produo desta cultura. Dentre as estratgias do
manejo integrado de doenas, a resistncia gentica considerada uma
importante alternativa, de fcil adoo pelos agricultores, por ser
ecologicamente segura, diminuindo, ou at mesmo evitando, o uso
indiscriminado de defensivos agrcolas e por contribuir para a manuteno da
qualidade de vida.
Alm do tipo comercial de gro e da resistncia a doenas, os
programas de melhoramento do feijoeiro tm sido caracterizados por esforos
na obteno de planta mais eretas, resistentes ao acamamento, associadas
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eficincia em produzir grande quantidade de gros por unidade de rea,
durante o seu ciclo.
De 1981 a 1997, durante a vigncia do Sistema Brasileiro de Avaliao
e Recomendao de Cultivares, institudo pelo Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento - MAPA, a rede de avaliao de linhagens de feijo
foi conduzida pelas instituies do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuria
- SNPA, universidades, setor cooperativo e iniciativa privada. Estas instituies
empreendiam um programa integrado e dinmico de avaliao de linhagens e
cultivares, dentro das Comisses Tcnicas Regionais de Feijo - CTs Feijo,
para as regies: Sul, Sudeste/Centro-Oeste e Norte/Nordeste. Nestes 16 anos,
as CTs Feijo, por meio de reunies anuais, discutiram os resultados da rede
de avaliao de linhagens e lanaram 34 novas cultivares de feijo,
homologadas pelas Comisses Regionais de Avaliao e Recomendao de
Cultivares CRCs/MA. Destas, 20 foram desenvolvidas pelo programa
melhoramento gentico do feijoeiro comum da Embrapa. O mercado geogrfico
de recomendao destas cultivares diversificado por estados da federao, e
levando-se em considerao as vantagens comparativas que apresentam e
que as levaram a serem recomendadas, podem ser citadas : Macanudo,
Minuano, Macotao, Ouro Negro, Diamante Negro, Xamego e Guapo Brilhante,
do grupo preto; Apor, Prola, Rud e Princesa, do grupo comercial carioca;
Safira do grupo roxo; Corrrente e Bambu do grupo mulatinho.
Com a lei no 9.456 de 25/4/97, que trata da Proteo de Cultivares e o
Decreto no 2.366 de 5/11/97 que a regulamentou, o cenrio acima descrito
sofreu algumas mudanas, onde as relaes institucionais, que tinham carter
cooperativo, se deslocaram para um ambiente de "competio", agora
embasadas com contratos e convnios de cooperao tcnica acompanhados
de Planos Anuais de Trabalho. Foram extintas as CRCs e institudo o Registro
Nacional de Cultivares onde a indicao de uma nova cultivar de exclusiva
responsabilidade do obtentor. Neste novo cenrio, j h 11 cultivares
protegidas sendo uma, a BRS Valente, de gro preto, desenvolvida pelo
programa melhoramento gentico do feijoeiro comum da Embrapa. A Portaria
no 527 tambm determinou que as cultivares at ento recomendadas e
disponveis no mercado ficassem, automaticamente, inscritas no Registro
Nacional de Cultivares.
Mesmo com a Lei de Proteo de Cultivares e com o Registro Nacional
de Cultivares e sua publicao pelo MAPA, a rede oficial pblica de avaliao
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de cultivares de feijo continua com o objetivo de informar, de forma
transparente, a performance das novas cultivares nas diversas regies
brasileiras, esperando, com isso, contribuir para que a assistncia tcnica e o
agricultor possam escolher a melhor cultivar para as suas condies.
Produo de Sementes
Uma semente de qualidade deve ter:
1) pureza gentica, que ir expressar-se no potencial produtivo, nas
suas caractersticas agronmicas, na reao a doenas e pragas, nas
caractersticas da semente, entre outras;
2) pureza fsica, determinada pelo grau e tipo de contaminantes
presentes no lote;
3) qualidade fisiolgica, evidenciada pelo seu potencial em gerar uma
nova planta, perfeita e vigorosa, sob condies favorveis; e
4) bom estado fitossanitrio, pois a boa semente no deve veicular
patgenos, capazes de afeta negativamente, a emergncia e o vigor das
plntulas e constituir o inculo primrio para o desenvolvimento de epidemias
conseqente reduo no rendimento.
Outro fator importante para o processo produtivo da semente a
descrio da cultivar, que fundamenta sua identidade, resguarda os direitos de
seus criadores e, ainda, serve de suporte ao registro da cultivar, s inspees
dos campos de produo, ao processamento, anlise laboratorial e
comercializao.
A escolha da regio de produo de fundamental importncia. O
Brasil Central, norte de So Paulo, Minas Gerais e zonas do Nordeste brasileiro
apresentam clima apropriado para a produo de sementes de feijo de alta
qualidade. J as condies climticas da Regio Sul, com temperaturas mais
baixas e alta umidade, exigem dos produtores de sementes a adoo de uma
estratgia especiais de manejo e tratamento fitossanitrio, para a obteno de
um produto sadio.
Recentemente, nas vrzeas tropicais do Estado do Tocantins, durante
a entressafra do arroz, o feijoeiro tem sido cultivado utilizando o mtodo de
subirrigao. Pela elevao do nvel de gua nos canais, a gua na gleba
eleva-se por capilaridade, tornando-se disponvel semente e, mais tarde, s
razes das plantas. Este mtodo, por no apresentar limitaes com relao
disseminao de doenas, tem proporcionado excelentes resultados. A
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irrigao por asperso favorece a disseminao e o desenvolvimento de
doenas da parte area e a irrigao por sulco, pode causar o transporte de
estruturas de resistncia de patgenos (clamidosporas, esclercios, etc.) de um
local para outro. Assim, uma nova alternativa para a obteno de sementes de
alta qualidade sanitria, fisiolgica e gentica pode ser viabilizada pela
produo, em vrzeas tropicais, com subirrigao durante o inverno.
A semente gentica, cuja produo de responsabilidade da equipe de
melhoramento, deve reproduzir fielmente as caractersticas hereditrias da
cultivar e estar livre de misturas varietais e de doenas transmissveis por
semente. Dependendo da quantidade inicial de semente gentica e da
demanda por semente bsica pode ser produzida uma classe intermediria,
denominada de semente "pr-bsica". Esta classe, embora no oficialmente
reconhecida na legislao, tem sido utilizada com certa freqncia, visando
obteno de maior volume de semente bsica na multiplicao subseqente.
A necessidade de maior quantidade de semente bsica decorre da
maior demanda de semente certificada, resultante da recomendao de
determinada cultivar ou do aumento da utilizao de sementes de outras
categorias. Para a obteno da semente gentica, nos lotes de produo de
sementes para o segundo ano dos ensaios de valor de cultivo e uso (VCU),
que a ltima fase de avaliao das linhagens do programa de melhoramento,
100 plantas so selecionadas e colhidas individualmente. A semente
proveniente destas plantas semeada manualmente em linhas de 5m de
comprimento, distanciadas de 1m, constituindo um bloco de 100 linhas. Para a
obteno de aproximadamente 2000 kg de semente "pr-bsica", semeado 1
ha, com uma distncia entre linhas de 0,7m e uma densidade de plantio de
cinco sementes por metro linear. Os blocos devem ser separados com
corredores de, no mnimo, 5m de largura.
Para a produo da semente bsica e demais categorias de semente,
regies com temperaturas mnimas superiores a 17C, nos meses de abril a
setembro (por exemplo: noroeste de Gois e Estado do Tocantins), so as
mais apropriadas para a obteno de semente com alta qualidade sanitria.
Semeadura
Para se obter sucesso em uma lavoura importante reunir todas as
condies que favoream a planta a expressar todo o seu potencial produtivo.
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A escolha da rea, a qualidade das sementes e a operao de
semeadura, especialmente no que se refere poca, profundidade em que
as sementes so colocadas, o espaamento entre fileiras e o nmero de
sementes por metro, so fatores bastante importantes e devem ser levados em
considerao.
O feijoeiro uma planta com sistema radicular delicado, com sua maior
parte concentrada na camada de at 20 cm de profundidade do solo, por isso,
deve-se ter um cuidado especial na escolha da rea. Solos pesados,
compactados, sujeitos a formar crosta na superfcie ou ao encharcamento no
so adequados para a cultura do feijoeiro, recomendam-se solos friveis, com
boa aerao, de textura areno-argilosa, relativamente profundos e ricos em
matria orgnica e elementos nutritivos.
A semente de boa qualidade permite a formao de lavoura uniforme,
maximiza o aproveitamento dos demais insumos utilizados, evita a propagao
e diminui as fontes de contaminao de doenas na lavoura, reduz a
disseminao de plantas nocivas e a agressividade daquelas j presentes no
solo. O seu custo corresponde normalmente de 10 a 20% do custo total da
lavoura.
Quanto semeadura, as pocas recomendadas concentram-se,
basicamente, em trs perodos, o chamado das "guas", nos meses de
setembro a novembro, o da "seca" ou safrinha, de janeiro a maro, e o de
outono-inverno ou terceira poca, nos meses de maio a julho. No plantio de
outono-inverno ou terceira poca, que s pode ser conduzido em regies onde
o inverno ameno, sem ocorrncia de geadas, como em algumas reas de
So Paulo, Minas Gerais, Gois e Esprito Santo, o agricultor, via de regra,
necessita irrigar a lavoura. Na poca da "seca" nem sempre as chuvas so
suficientes durante todo o ciclo da cultura, sendo conveniente, neste caso,
complementar com irrigao.
A profundidade de semeadura pode variar conforme o tipo de solo. Em
geral recomendam-se de 3-4 cm para solos argilosos ou midos e de 5-6 cm
para solos arenosos.
A densidade, ou o nmero de plantas por unidade de rea, resultado
da combinao de espaamento entre fileiras de plantas e nmero de plantas
por metro de fileira. Espaamentos de 0,40 a 0,60 m entre fileiras e com 10 a
15 plantas por metro, em geral proporcionam os melhores rendimentos.
-
O gasto de sementes varia em funo de diferentes fatores: a)
espaamento entre fileiras, b) nmero de plantas por metro de fileira, c) massa
das sementes, e d) poder germinativo. Portanto, considerando esses fatores,
verifica-se que ele normalmente varia numa faixa de 45 a 120 kg por hectare.
Irrigao
O rendimento do feijoeiro bastante afetado pela condio hdrica do
solo. Deficincias ou excessos de gua, nas diferentes fases do ciclo da
cultura, causam reduo na produtividade em diferentes propores. As fases
de florao e de desenvolvimento da vagem so as mais sensveis
deficincia hdrica. A reduo na produo sob estresse hdrico deve-se
baixa porcentagem de vingamento das flores, quando o estresse ocorre na fase
da sua abertura e ao abortamento de vulos, produzindo vagens chochas, se
ocorrer estresse na fase de sua formao. Em condies de excesso de gua
no solo, o desenvolvimento vegetativo e o rendimento so bastante
prejudicados. A fase de incio da frutificao a mais sensvel m aerao do
solo.
A irrigao por asperso, nos sistemas convencional, auto propelido e
piv central, tem sido o mtodo mais utilizado na cultura do feijoeiro. Em menor
escala tambm tm sido utilizadas a irrigao por sulcos e a subirrigao em
solos de vrzeas. Considerando-se o mtodo de irrigao por asperso, o
sistema piv central o mais apropriado para irrigar reas individuais maiores
e, por isto mesmo, o mais usado na cultura do feijoeiro em terras altas na
regio dos Cerrados, visto que a lucratividade final obtida com esta cultura
depende, entre muitos fatores, do tamanho da rea plantada.
A irrigao por sulcos tem sido usada na cultura do feijoeiro, tanto em
terras altas como em vrzeas sistematizadas e drenadas. Os sulcos
normalmente apresentam a forma de V, com 0,15 a 0,20 m de profundidade e
0,25 a 0,30 m de largura. O espaamento entre sulcos depende da textura do
solo e do perfil de umedecimento. Geralmente utilizado o espaamento de
0,9 a 1,2 m, com duas linhas de plantas entre os sulcos.
Utiliza-se tambm o espaamento de 1,8 m, com quatro linhas de
plantas entre os sulcos.
A subirrigao mais apropriada para terras baixas ou solos de
vrzeas e, por isso mesmo, funciona como uma drenagem controlada. Na
subirrigao, a umidade atinge as razes das plantas por meio da ascenso
-
capilar. Em vrzeas, o lenol fretico deve ser mantido a uma profundidade tal
que permite obter a melhor combinao entre gua e ar na zona radicular.
O manejo da irrigao do feijoeiro pode ser feito pelos mtodos do
tensimetro, do turno de rega e do tanque Classe A. Pela simplicidade e
praticidade dada maior nfase ao mtodo do tensimetro.
Os tensimetros so aparelhos que medem a tenso da gua do solo.
Para seu uso, necessria tambm a determinao da curva de reteno de
gua, que uma propriedade fsico-hdrica do solo, determinada em
laboratrio. Ela relaciona o contedo de gua do solo com a fora com que ela
est retida por ele. O tensimetro deve ser instalado entre as fileiras de plantas
de feijo e em duas profundidades, uma a 15 cm e outra a 30 cm, lado a lado,
cujo conjunto forma uma bateria. A leitura do tensimetro de 15 cm representa
a tenso mdia de um perfil de solo de 0-30 cm de espessura, o qual engloba a
quase totalidade das razes do feijoeiro. Este tensimetro chamado
tensimetro de deciso, porque indica o momento da irrigao (quando irrigar).
J o tensimetro instalado a 30 cm chamado tensimetro de controle, porque
verifica se a irrigao est sendo bem feita, para que no haja excesso ou falta
de gua. Nos sistemas convencional e autopropelido, o tensimetro se presta,
principalmente, no acompanhamento da tenso da gua do solo e como
instrumento de validao do turno de rega implantado. J no sistema piv
central, constitui o instrumento mais prtico para indicar o momento da
irrigao. Neste sistema, as baterias devem ser instaladas a 4/10, 7/10 e 9/10
do raio do piv, em linha reta a partir da base.
A irrigao deve ser feita toda vez que a mdia das trs baterias dos
tensimetros de deciso, instalados a 15 cm de profundidade, alcanar a faixa
de 30-40 kPa (0,3-0,4 bar). As irrigaes baseadas nas leituras dos
tensimetros devem iniciar 15 a 20 dias aps a emergncia das plantas. Logo
aps a semeadura, devem-se fazer irrigaes mais freqentes, para manter a
camada superficial do solo sempre mida, favorecendo a germinao e o
desenvolvimento inicial das plantas e recarregando de gua o perfil do solo
abrangido pelo tensimetro de deciso. A irrigao deve ser suspensa quando
as folhas da planta de feijo vo se tornando amareladas pelo
amadurecimento.
O procedimento para determinao da quantidade de gua a ser
aplicada o seguinte: de posse da curva de reteno de gua, verifica-se
quanto 30-40 kPa correspondem em contedo de gua no solo, dado em cm3
-
de gua/cm3 de solo. Em seguida, calcula-se a diferena entre o contedo de
umidade a 10 kPa (capacidade de campo) e a 30-40 kPa. Esta diferena,
multiplicada pela profundidade de 30 cm, indicar a lmina lquida de irrigao.
Na subirrigao, pelas leituras dos tensimetros, sabe-se a
necessidade ou no de se movimentar o lenol fretico. Se as leituras
indicarem baixa tenso de gua, ou seja, alta umidade do solo, a profundidade
do lenol fretico deve ser rebaixada e vice-versa.
O mtodo do turno de rega (TR) o mais utilizado pelos irrigantes. So
levados em considerao fatores do solo, como: "capacidade de campo", ponto
de murcha permanente, densidade do solo; e fatores da planta, como:
profundidade efetiva das razes, fator de disponibilidade de gua e
evapotranspirao mxima, para calcular o intervalo entre duas irrigaes
sucessivas.
O TR determinado segundo a equao:
em que:
TR = turno de rega, em dia;
LL = lmina lquida de irrigao, em mm;
ETc = evapotranspirao da cultura, em mm/dia;
AD = gua disponvel do solo, em mm;
f = fator de disponibilidade de gua, adimensional;
CC = "capacidade de campo" do solo, % em peso;
PM = ponto de murcha permanente, % em peso;
Ds = densidade do solo, em g/cm3;
Pe = profundidade efetiva das razes da planta, em cm.
Tanto o valor de Pe como o de Etc variam ao longo do ciclo do
feijoeiro, podendo ser determinados dois ou mais turnos de rega. O mtodo do
TR, como critrio de quando irrigar mais apropriado para ser empregado
quando se utilizam os sistemas de asperso convencional ou autopropelido
e/ou por sulcos.
O mtodo do tanque Classe A consiste no uso de um tanque de ao
inoxidvel ou galvanizado, com 121,9 cm de dimetro interno e 25,4 cm de
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profundidade, e que deve ser cheio d'gua at 5 cm da borda superior. No se
deve permitir variao do nvel da gua maior do que 2,5 cm. Como os
processos de evaporao da gua livre no tanque (Ev) e a evapotranspirao
da cultura (Etc) so semelhantes apenas nos seus aspectos fsicos, devem ser
considerados dois coeficientes, Kp (coeficiente do tanque Classe A) e Kc
(coeficiente da cultura), para converter Ev em Etc, segundo a equao:
Etc = Ev x Kp x Kc
Assim, o quando irrigar corresponde ao momento em que a soma dos
valores de evaporao de tanque, multiplicados pelos coeficientes, alcanar o
valor da lmina lquida de irrigao, previamente determinada, a ser aplicada a
cultura.
Manejo de Plantas Daninhas
O manejo de plantas daninhas envolve atividades dirigidas s plantas
daninhas (manejo direto) e ao sistema formado pelo solo e pela cultura (manejo
indireto). O manejo direto refere-se eliminao das plantas daninhas com uso
de herbicidas, ao mecnica ou manual e ao biolgica. Para o uso de
herbicidas necessrio identificar as plantas daninhas e o estdio de
crescimento para a recomendao de doses e tipos de herbicidas. No manejo
do solo (manejo indireto) trabalha-se com a relao sementes ativas e inativas.
Neste caso, a recomendao diminuir o banco de sementes das plantas
daninhas, promovendo a germinao destas espcies antes do plantio e depois
control-las com o uso de tcnicas como, por exemplo, a aplicao seqencial
de dessecantes. O manejo cultural se baseia na construo de plantas de
feijoeiro com capacidade de manifestar seu potencial produtivo mximo e
competir com as plantas daninhas, pela utilizao de prticas como o equilbrio
na fertilidade do solo, o estande de plantas uniforme, o manejo de adubao, o
arranjo espacial das plantas e a poca adequada de plantio. Outro tipo de
manejo cultural o uso de cobertura morta, com capacidade de diminuio da
emergncia das plantas daninhas por efeitos alelopticos e fsicos. O plantio
consorciado de culturas com forrageiras antes do plantio do feijo est sendo
uma prtica usada para a produo da cobertura morta, sem afetar o
cronograma de plantio do produtor. Todas estas prticas do manejo de plantas
daninhas tm a finalidade de aumentar a eficincia e a economicidade da
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lavoura; a preservao ambiental, evita o adensamento do solo, o acmulo de
resduos de herbicidas e a seleo de plantas daninhas resistentes.
Manejo de Doenas
O feijoeiro comum (Phaseolus vulgaris L.) cultivado durante todo o
ano, numa grande diversidade de ecossistemas, o que faz com que inmeros
fatores tornem-se limitantes para a sua produo. Entre estes fatores, um dos
principais so as doenas as quais, alm de diminurem a produtividade da
cultura, depreciam a qualidade do produto.
O feijoeiro hospedeiro de inmeras doenas de origem fngica,
bacteriana e virtica. As doenas fngicas esto divididas em dois grupos com
base na sua origem. Assim, temos as doenas denominadas da parte area e
cujos agentes causais no sobrevivem no solo e, as doenas de solo, cujos
agentes causais encontram-se adaptados para sobreviverem neste ambiente.
Entre as principais doenas fngicas, da parte area do feijoeiro comum
encontram-se a antracnose, a mancha-angular, a ferrugem, o odio e a
mancha-de-alternria alm de duas outras recentemente identificadas nesta
cultura e denominadas de sarna e carvo. Entre as principais doenas cujos
agentes causais apresentam capacidade de sobreviver no solo encontram-se o
mofo-branco, a mela, a podrido-radicular-de-Rhizoctonia, podrido-radicular-
seca, a murcha-de-fusrio e a podrido-cinzenta-do-caule. As doenas de
origem bacteriana mais importantes so o crestamento-bacteriano-comum e a
murcha-de-Curtobacterium. Os vrus do mosaico-comum e do mosaico-
dourado so as doenas virticas de maior importncia que podem ocorrer na
cultura do feijoeiro comum.
Com exceo da ferrugem, do odio e do mosaico dourado todas as
doenas, com maior ou menor intensidade, so transmitidas pelas sementes.
De um modo geral, as doenas de origem fngica e bacteriana podem ser
disseminadas, longa distncia atravs das sementes infectadas e as doenas
fngicas, tambm atravs das correntes areas. curta distncia, estas
doenas so disseminadas pelas sementes infectadas, vento, chuvas, insetos,
animais, partculas de solo aderidas aos implementos agrcolas, gua de
irrigao e pelo movimento do homem. O vrus do mosaico-comum
transmitido pelas sementes e por afdeos enquanto que o vrus do mosaico-
dourado transmitido pela mosca-branca.
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As condies de ambiente que favorecem as principais enfermidades
variam desde temperaturas moderadas (antracnose, odio, mofo-branco,
podrido-radicular-de-Rhizoctonia) a altas (ferrugem, mancha-angular, mela,
podrido-cinzenta-do-caule, podrido-radicular-seca, crestamento-bacteriano-
comum e murcha-de-Curtobacterium), alta umidade relativa ou gua livre
(maioria das doenas) ou baixa umidade tanto do ar como do solo para o odio
e a podrido- cinzenta-do-caule.
Para o controle da maioria destas doenas deve-se utilizar, sempre que
possvel, uma combinao adequada de mtodos. Entre os mais empregados,
encontram-se as prticas culturais, o controle qumico e a resistncia da
cultivar a um ou mais patgenos desde que disponvel. Como sugesto, pode-
se citar uma srie de prticas que os produtores devem empregar com a
finalidade de diminuir as perdas ocasionadas pelas doenas: isolamento da
cultura, eliminao do hospedeiro do patgeno ou do vetor, evitar introduo na
rea de resduos de cultura ou de solo infectado, utilizao de semente de
qualidade, tratamento qumico da semente, poca de semeadura, rotao de
culturas, preparo do solo, arao profunda, aumento do espaamento,
cobertura morta do solo, controle da gua de irrigao, uso de herbicidas,
cultivares resistentes, pulverizaes foliares com fungicidas/inseticidas,
destruio dos resduos de culturas infectadas, entre outras.
Manejo de Pragas
Ao cultivo do feijoeiro pode estar associada uma srie de espcies de
artrpodes e moluscos, que podem causar redues no rendimento do feijoeiro
que varia de 11 a 100%, dependendo da espcie da praga, da cultivar plantada
e da poca de plantio.
Dentre as principais pragas com ocorrncia generalizada nas regies
produtoras incluem a mosca-branca, as vaquinhas, a cigarrinha-verde e os
carunchos.
Pragas principais com ocorrncia regional incluem o caro-branco, a
larva-minadora, a lagarta das folhas, os tripes, a lagarta-elasmo, a lagarta
rosca, as lesmas, as lagartas-das-vagens e os percevejos.
Como pragas ocasionais e de ocorrncia localizada tem-se o caro
rajado, a bicheira-do-feijoeiro, a broca-das-axilas, a broca-da-vagem, o
gorgulho-do-solo e o tamandu-da-soja.
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Tecnologias de manejo integrado de pragas do feijoeiro (MIP-Feijo),
se bem implementadas, podem reduzir, em mdia, 50% a aplicao de
qumicos, sem aumentar o risco de perdas de produo devido ao ataque de
pragas. O MIP-Feijo leva em considerao o reconhecimento das pragas que
realmente causam danos cultura, a capacidade de recuperao das plantas
aos danos causados pelas pragas, o nmero mximo de indivduos dessas
pragas que podem ser tolerados antes que ocorra dano econmico (nvel de
controle), e o uso de inseticidas seletivos de forma criteriosa. Desta forma,
espera-se produzir feijo mais eficientemente, minimizando os custos,
diminuindo o impacto ambiental dos produtos qumicos e garantindo a
sobrevivncia dos inimigos naturais das pragas (insetos benficos).
Uso de Agrotxicos
Existem vrios produtos fitossanitrios que esto sendo
comercializados para o uso na cultura do feijoeiro. Muitos destes produtos tm
venda livre nas formulaes classificadas nas classes toxicolgicas III e IV
(pouco txicos e praticamente no-txicos) e obrigatoriedade de venda
controlada aquelas das classes I e II (altamente txicos e medianamente
txicas) deixar formulaes com caractersticas altamente poluentes que no
tivessem sido classificadas nas classes I e II (Portaria n 007 de 13/01/1981, do
Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento - MAPA). De acordo com
esta Portaria, os produtos de venda controlada e venda restrita somente
podero ser comercializados mediante receita agronmica.
Estes produtos fitossanitrios registrados para o uso na cultura do
feijoeiro so importantes na proteo das plantas quanto ao ataque de pragas,
doenas e plantas daninhas, mas podem ser perigosos se forem usados de
forma incorreta. No Brasil, estima-se que entre 150 mil a 200 mil trabalhadores
se contaminam com agrotxicos todos os anos.
Com a utilizao segura dos produtos qumicos, por meio da
participao e orientao dos produtores rurais, tcnicos da extenso rural,
pesquisadores e consultores podem evitar contaminaes dos operadores,
produtores e outros residentes rurais, podendo viver em um ambiente natural
saudvel, com gua limpa nos crregos, lagos, rios e aqferos, e em
ecossistemas naturais estveis e diversos.
-
Colheita e Ps-colheitaA mecanizao do feijoeiro, independente do sistema
de cultivo empregado, no apresenta maiores problemas nas operaes
agrcolas realizadas antes da colheita e no beneficiamento dos gros. So
utilizados equipamentos convencionais a outras culturas, como a do arroz, do
milho e da soja, para preparo do solo, semeadura, tratos culturais e limpeza e
classificao dos gros. Entretanto, para mecanizar a colheita do feijoeiro
diversos fatores relacionados ao sistema de cultivo, rea de plantio e planta
(ocorrncia de planta acamada, maturao desuniforme, baixa altura de
insero e fcil deiscncia de vagens) tm dificultado o emprego de colhedoras
convencionais.
Diversos mtodos so usados na colheita do feijoeiro, os quais variam
em funo do sistema de cultivo, do tipo de planta e do tamanho da lavoura.
O arranquio mecanizado das plantas de feijo pouco utilizado no
Brasil, devido ao elevado percentual de perda de gros provocado por essa
operao. Os equipamentos, at ento disponibilizados no mercado nacional,
eram providos de faco ou de barra giratria que arrancavam as plantas ao
trabalharem abaixo da superfcie do solo. Recentemente, foi disponibilizado no
mercado um equipamento mais eficiente para ceifar as plantas sobre o solo,
acionado pelo trator ou pela colhedora convencional.
Com o surgimento de grandes lavouras em monocultivo, a colheita tem
sido feita por processos semi-mecanizados (arranquio manual das plantas e
trilhamento com recolhedora trilhadora); mecanizado indireto em duas
operaes (ceifamento das plantas com ceifadora e trilhamento com
recolhedora trilhadora) e mecanizado direto em uma operao com colhedora
automotriz apropriada.
As colhedoras automotrizes convencionais apresentam desempenho
insatisfatrio no feijoeiro em relao perda e danificao de gros. Porm,
uma melhoria no desempenho dessas mquinas tem sido obtida ao equip-las
com plataformas de corte flexveis e com mecanismos para diminuir a
danificao e a mistura de terra nos gros.
Para que a ceifadora de plantas ou a recolhedora trilhadora ou a
colhedora automotriz tenha desempenho satisfatrio, proporcionando baixo
percentual de perdas de gros e boa capacidade de trabalho, necessria a
adoo de diversos procedimentos nas fases de instalao, conduo e
colheita do feijoeiro. O terreno para a instalao da lavoura deve estar
adequadamente preparado para receber as sementes e os adubos. Aps o
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preparo, o solo deve ficar sem valetas, buracos, razes e plantas daninhas para
facilitar o trabalho da colhedora. A semeadura deve ser feita para se obter
espaamentos uniformes entre plantas. Velocidade de operao da semeadora
inferior a 6 km/h e o uso de mecanismos apropriados e bem regulados para
dosar sementes e adubos e para movimentar o solo contribuem para a
melhoria da qualidade do plantio. A lavoura deve ser conduzida para controlar
plantas daninhas, doenas ou pragas e ser adubada na poca recomendada,
de forma a favorecer a colheita. A colheita feita fora de poca afeta a produo
da lavoura por aumentar a percentagem de perda de gros. Quando o feijoeiro
deixado por um longo perodo no campo aps a maturao, ocorrem perdas
de gros pela deiscncia das vagens, seja natural ou provocada pela operao
de arranquio das plantas, principalmente em regies de clima quente e seco.
Retardamento na colheita tambm deprecia os gros, que ficam expostas por
mais tempo ao ataque de pragas. A uniformidade de maturao das plantas e
das vagens um fator de extrema importncia para que a colheita seja
processada em timas condies. Fatores relacionados ao solo, topografia
do terreno, ao ambiente, s prticas culturais, s doenas, disponibilidade de
gua para as plantas e ao hbito de crescimento das cultivares causam
desuniformidade na maturao do feijoeiro.
Conforme a colheita, o beneficiamento do feijo tambm constitui-se
numa operao de grande importncia, pois os mtodos de colheita no
proporcionam um produto final limpo e padronizado em condies de ser
comercializado. necessrio que o produto colhido passe por um processo de
limpeza para melhorar a pureza, germinao e vigor. O beneficiamento feito,
geralmente, por dois equipamentos principais: a mquina de ar e peneira e a
mquina densimtrica que possui mais recursos para separar impurezas de
tamanho e densidade prximos da semente. Aps o beneficiamento, o feijo
armazenado, destinado ao plantio ou ao consumo, deve receber tratamentos
especiais para evitar sua depreciao.
Mercado e comercializao
A oferta de feijo ocorre na primeira safra principalmente nas regies
Sul e Sudeste e na Regio de Irec, na Bahia, cuja colheita est concentrada
nos meses de dezembro a maro. A colheita da segunda safra acontece entre
os meses de abril e julho e a terceira safra, em que predomina o cultivo de
feijo irrigado, est concentrada nos Estados de Minas Gerais, So Paulo,
-
Gois/Distrito Federal e oeste da Bahia, sendo ofertada, no mercado, entre
julho e outubro. Embora estes perodos possam apresentar variaes de ano
para ano, pode-se identificar que h colheita praticamente o ano todo, e que
existe sobreposio de pocas em algumas regies.
Existem vrios fluxos de abastecimento, pois as regies produtoras
variam durante o ano. Observa-se, inclusive, casos que numa determinada
poca do ano um estado exportador e, em outra poca, recebe feijo de
outra regio. Para facilitar o estudo foi considerado somente o mercado
atacadista da cidade de So Paulo. Verificou-se que, nos meses de janeiro e
fevereiro esse mercado abastecido com o produto remanescente da colheita
de dezembro, do prprio Estado, alguma produo colhida no ms e
complementada com produto dos estados do sul e da produo de Minas
Gerais, Gois, Bahia e Mato Grosso do Sul. Em maro, nos Estados de So
Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul j se encerra a colheita. Em abril,
inicia-se a colheita da segunda safra, que vai at junho. Neste perodo, volta a
entrar produto do prprio Estado, de Gois, Rio Grande do Sul, Paran, Santa
Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. O Estado de
Rondnia desempenha um papel importante no abastecimento, neste perodo.
No incio de junho, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina encerram suas
colheitas e iniciam-se as do oeste da Bahia. Entre julho e agosto, s vezes, o
mercado recebe produto importado. Em setembro, encerram-se as colheitas do
Paran e das lavouras irrigadas de So Paulo, Gois, Bahia, Mato Grosso e de
Minas Gerais. Novembro considerado perodo de entressafra, a oferta baixa
e se restringe s safras precoces de So Paulo, Paran e Rio Grande do Sul.
Em dezembro, intensificam-se as colheitas nestes Estados.
Calculou-se um ndice mdio mensal de distribuio de colheita de
feijo comum no Brasil, onde se observou que nos meses de dezembro, janeiro
e junho ocorrem picos de colheita das safras das guas e seca,
respectivamente. No perodo de fevereiro a maio, ocorrem colheitas com
ndices prximos mdia de 8%. Resultados semelhantes so observados em
julho e agosto. No perodo de setembro a novembro os ndices so os mais
baixos. No perodo de dezembro a agosto colhe-se cerca de 92% do total
produzido no ano e no perodo de entressafra (setembro a novembro) colhe-se
cerca de 8%.
No segmento do agronegcio h uma concorrncia entre as cadeias
produtivas e a competitividade de uma determinada cadeia definida por
-
vrios fatores como eficincia agronmica, qualidade do produto e informao,
entre outros. No caso de haver assimetria de informao sobre a quantidade e
qualidade do produto que ser ofertado pelas regies produtoras, podem surgir
oportunidades ou aes que beneficiem certos segmentos mais bem
informados da cadeia produtiva. No caso do feijo esse fato torna-se mais
relevante, devido dinmica de produo e comercializao ser complexa e
praticamente desconhecida. Para Ferreira (2001) esse um dos pontos de
estrangulamento do agronegcio do feijo, exacerbado por freqentes
ocorrncias de falhas nas previses de mercado desse produto.
Ocorreram profundas transformaes nos canais de comercializao e
partir dos anos 90 com os supermercados apresentando uma ntida tendncia
concentrao. Entre 1995 e 1998, as cinco maiores organizaes tiveram sua
participao no mercado ampliada, de 27%, para 47,9%. Para Silva (1996),
esta mudana contribuiu para reduzir o nmero de agentes intermedirios no
processo de distribuio dos produtos agrcolas. Outra conseqncia foi que,
em busca de maior competitividade, os varejistas modernizaram seus pontos
de vendas, induziram os fornecedores a criarem alternativas de apresentao
do produto e, sobretudo, passaram a oferecer produtos com melhor qualidade.
Em outras palavras, foram demandados mais e melhores servios na
intermediao. A conseqncia direta dessa mudana sobre a cadeia produtiva
do feijo a exigncia por matria-prima de melhor qualidade.
Os trabalhos comprovam, por unanimidade, que h queda do consumo
per capita de feijo no Brasil, entretanto, sua magnitude no est bem
dimensionada, no havendo consenso sobre as causas. O consumo per capita
de feijo ao longo dos ltimos 40 anos apresenta uma tendncia decrescente
da ordem de 1,3% ao ano, enquanto a populao cresceu 2,2%. Porm, o
decrscimo no ocorre de forma contnua, existindo oscilaes entre os anos.
Observando as margens de comercializao absoluta e relativa,
comparando o desempenho antes e aps o Plano Real, ou seja, entre os
perodos de 1990-94 e 1995-99. Nota-se que a margem absoluta entre o
atacado e o produtor sofreu uma reduo de R$15,30, entre o atacado e o
varejo aumentou R$4,18 e entre o varejo e o produtor diminuiu R$11,66. Em
termos relativos, a margem entre o varejo e o produtor aumentou 5,2%, entre o
atacado e o produtor diminuiu 2,4%, entre o atacado e o varejo aumentou
12,3%. Os resultados mostram que consumidor pagou praticamente a mesma
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quantidade pelos servios de intermediao entre os nveis atacado e produtor
e mais entre o atacado e o varejo.
O teste de correlao contempornea entre os preos mensais do
varejo da cidade de So Paulo e o preo do varejo das demais metrpoles foi
de 99,9%, ou seja, os preos no varejo se modificam simultaneamente,
independente da regio consumidora. No estudo de causalidade,
considerando-se todos os estados da Federao, s foram encontradas
relaes significativas entre os sete principais estados produtores.
O feijo sofreu um grande impacto frente s mudanas scio
econmicas ocorridas nos ltimos anos, caracterizadas pela estabilidade
econmica, abertura de mercados, menor interveno do governo na produo
e comercializao e maior participao na venda a varejo de grandes
supermercados. Os principais reflexos esto relacionados com a reduo
relativa na renda total dos produtos agrcolas, uma maior participao de feijo
importado na abastecimento interno, maior exigncia de qualidade do feijo
ofertado, apesar de ter ocorrido reduo dos preos mdios nos trs nveis de
mercado, sendo que a maior defasagem foi no setor produtivo.
Neste contexto derivam muitas dvidas e inseguranas para todos os
segmentos envolvidos na cadeia produtiva do feijo. Os produtores so
prejudicados porque tm dificuldades para obter informaes e acabam tendo
prejuzos na venda de suas produes. Desta forma, no arriscam fazer
investimentos que poderiam tornar a cultura mais eficiente e segura.
Glossrio
Abitico: Criado, provocado ou induzido sem a participao de organismos vivos. Acrvulo: Estrutura de reproduo assexual caracterstico dos fungos da ordem melanconiales. Agronegcio: Comrcio relativo a terras cultivveis ou cultivadas. Apotcio (Gr. apotheke = depsito): Um ascocarpo aberto. Arrendatrio: Aquele que alugou a terra. Ascocarpo (Gr. askos = saco + karpos = fruto): Corpo frutfero que contm ascos. Ascsporos (Gr. askos = saco + sporus = sementes, esporo): Esporo resultante de meiose e contida dentro de um asco. Basidisporo (Gr. basidium = base pequena + sporus = sementes, esporo): Esporo resultante de cariogamia e meioses contido no interior de um basdio. Bitico: Relativo ou pertencente vida ou aos seres vivos. Criado, provocado ou induzido pela ao de organismos vivos. Cmara pupal: Invlucro da pupa. Cancro: Leso necrtica com bordos bem limitado em rgos vegetais. Capacidade de campo: Quantidade de gua contida no solo, aps ter sido drenado o excesso de gua gravitacional e aps ter diminudo muito a velocidade do movimento descendente da gua.
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Capacidade de compensao: O mesmo que plasticidade, a capacidade das plantas de produzirem mais individualmente estando mais isoladas, compensando assim a produo do menor nmero de plantas por unidade de rea, pela maior produo por planta. Casulo: Capa ovide filamentosa, dentro da qual a lagarta sofre a transformao em crislida (pupa) e de onde nasce a mariposa ou borboleta. Caupi: Feijo da espcie Vigna unguiculata, tambm conhecido como feijo macassar, feijo de corda, feijo fradinho. Clamidsporo: (Gr. chlamys = manto + sporos = semente, espora): Clula hifal, fechada por uma grossa parede celular, que finalmente se separa da hifa me e comporta-se como esporo de resistncia. Clorose: Amarelecimento ou branqueamento de tecidos clorofilados, freqentemente causado por parasitas (bactrias, vrus, fungos, insetos etc.) ou por deficincia mineral. Consrcio: Explorao, simultnea ou no, de duas ou mais culturas, na mesma rea. Crtex radicular: Camada mais externa da raiz e de estrutura mais ou menos concntrica. Decumbente: Que est inclinado ou deitado. Que se deita sobre o solo mantendo a extremidade erguida. Prostrado. Demanda: Quantidade de um bem que a pessoa quer possuir. Densidade do solo: Razo entre a massa de uma amostra de solo seco a 105 C e o volume da amostra nas condies naturais. Desfoliante: Herbicida que provoca a queda das folhas. Desnitrificao: Reduo de nitrito ou nitrato para formas gasosas de nitrognio pela atividade microbiana ou por redutores qumicos, produzindo nitrognio molecular ou xido de nitrognio. Processo intensificado em condies de anaerobiose. Ecdise: Mudana de tegumento dos artrpodes. Enzima: Protena com propriedade cataltica ou seja, com poder de aumentar a velocidade das reaes qumicas. Epifitotia: (Gr. epi = sobre + phyton = planta): Alta incidncia de uma doena vegetal. Esclercio: (Gr. skleron = duro): Corpo perdurante duro, resistente s condies desfavorveis, que pode permanecer latente por longo perodo de tempo e germinar quando se apresentam condies favorveis. Esporo: (Gr. sporos = semente, espora): Pequena unidade de propagao que funciona como semente, mas que se diferencia dela porque o esporo no tem embrio pr formado. Estdio vegetativo: Fase do desenvolvimento de uma planta. Estgio larval: O estgio imaturo de desenvolvimento, entre ovo e pupa em insetos com metamorfose completa. Estande: Nmero de plantas por unidade de rea. Estirpe: Um grupo de microrganismo/vrus da mesma espcie que difere quanto as suas caractersticas fisiolgicas/virulncia. Estrato: Cada uma das camadas. Estresse hdrico: Condio de limitao ao desenvolvimento da planta pela ausncia ou fornecimento inadequado de gua. Estresse osmtico: Condio de limitao ao desenvolvimento da planta pelo excesso de sais solveis no solo. Evaporao: Processo fsico que consiste na passagem lenta e gradual do estado lquido para o de vapor, em funo do aumento da temperatura. Evapotranspirao mxima (Etm): Perda de gua para a atmosfera por evaporao e transpirao de uma cultura em condies timas de densidade de plantas, fertilidade e disponibilidade de gua no solo, com determinada bordadura e condies atmosfricas tpicas, em qualquer estdio de desenvolvimento.
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Exsudado: Substncias liberadas pelos vegetais, incluindo carboidratos, aminocidos e compostos fenlicos na forma de flavonides. Fisiolgico: Relativo ao estudo das funes e do funcionamento normal dos seres vivos, esp. dos processos fsico-qumicos que ocorrem nas clulas, tecidos, rgos e sistemas dos seres vivos sadios; biofisiologia. Flavonide: Compostos qumicos resultantes do metabolismo vegetal, que, entre outras funes, atuam como indutores dos genes da nodulao do rizbio. Fungigao: Mtodo de aplicao de fungicidas utilizando a gua de irrigao. Gentico: Relativo gentica, cincia voltada para o estudo da hereditariedade, bem como da estrutura e das funes dos genes. Gradiente qumico: Variao de concentrao de substncias qumicas. Halo: Estrutura circundante ao hilo, nas sementes de algumas leguminosas. Hifas (Gr. hyphae = tecido): Unidade estrutural dos fungos de aspecto tubular. Hipoctilo: Parte da plntula situada abaixo dos cotildones e que se estende at a insero da raiz. Inoculao: Introduo artificial de microrganismo especfico em um organismo vivo, tal como semente, visando sua disseminao. Inoculo: Estruturas reprodutivas de um fungo (diferentes tipos de esporos), unidades bacterianas e partculas de vrus que, ao penetrar em uma planta, so capazes de induzir doena. Instar: O crescimento do corpo do inseto mais ou menos cclico, com perodos de descanso alternados com perodos de atividade. Portanto, o inseto cresce em sucessivas mudas (ecdise) e o intervalo entre uma muda e outra chamado de instar. Por exemplo, o primeiro instar sendo entre a ecloso da larva e a primeira muda. Irrigao por asperso: Mtodo de irrigao no qual a gua (sob presso adequada) distribuda sob forma de chuva sobre o terreno, por tubos perfurados ou aspersores. Irrigao por sulcos: Mtodo de irrigao superficial, no qual se faz passar gua nos sulcos entre as linhas de culturas. Isolado: Cultura pura de um fungo ou bactria. Leghemoglobina: Composto qumico, de colorao rsea, responsvel pelo transporte de oxignio de forma combinada dentro dos ndulos. Similar a hemoglobina encontrada nos mamferos. Lixiviao: Processo de translocao de nutrientes das camadas superficiais de um solo para as camadas mais profundas em decorrncia de um processo de lavagem devido tanto precipitao pluviomtrica quanto ao uso sistemtico da irrigao. Miclio (Gr. mykes = fungo): Massa de hifas, de aspecto cotonoso, que constitui o corpo do fungo. Mosaico: Designao comum a vrias doenas causadas por vrus, caracterizada por formar um padro difuso de manchas amareladas e verde-escuras sobre a folhagem. Necrose: Morte das clulas ou tecido orgnico. Nicho de mercado: Poro rendosa e pouco explorada. Nitrato redutase: Protena componente do sistema enzimtico de plantas ou microrganismos requerida para a reduo de nitrato amnia. Nitrogenase: Protena componente do sistema enzimtico das bactrias fixadoras de nitrognio, responsvel pela reduo biolgica do nitrognio atmosfrico em forma assimilvel pelas plantas. Ndulo: Estrutura facilmente destacvel, que se forma nas razes das plantas, principalmente da famlia leguminosa, onde em seu interior se encontram bactrias com capacidade de reduzir o nitrognio contido no ar para formas assimilveis pelas plantas. Ocupante: O que est ou ficou na posse. Oferta: Disponibilidade de mercadoria, ou de servio de determinada espcie,
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como objeto prprio de transao. Ontogenia: Desenvolvimento do organismo desde a fecundao at a maturidade. Parasita: Diz-se do organismo que vive s expensas de um outro, dele obtendo alimento e causando-lhe dano. Patgeno: Agente especfico, causador de doena. Pattipo: Populao do patgeno com uma caracterstica patognica em comum. Raa fisiolgica. Picndio (Gr. pyknom = concentrado + idion = sufixo diminutivo): Corpo frutfero assexual, oco, recoberto interiormente por conidforos. Planta nociva ou planta daninha: qualquer planta que cresce num determinado local e momento inadequados. Plntula: Estdio inicial do desenvolvimento do embrio em decorrncia da germinao da semente, at a formao das primeiras folhas. Plen: Massa de p fino constituda por micrsporos (gro de plen) contidos na antera das flores das angiospermas ou nos estrbilos masculinos das gimnospermas. Polfago: Que se alimenta de vrias plantas. Ponto de murcha permanente: Contedo de umidade do solo no momento em que as folhas de uma planta que cresce no solo comeam a passar por uma reduo permanente no seu contedo de umidade, como resultado da deficincia no suprimento de umidade do solo, e no mais recuperam a sua turgidez. Pupa: O estgio entre a larva e o adulto em insetos com metamorfose completa. Neste estgio no se alimentam e normalmente so inativas. Pstula: Pequena elevao ou leso no tecido epidrmico vegetal, causada por fungos ou suas frutificaes. Quimiotaxia: Movimento de bactrias em direo s razes estimulada pela liberao de substancias qumicas exsudadas pelas plantas. Rizbio: Bactria com capacidade de formar ndulos nas razes de plantas, principalmente da famlia leguminosa, reduzindo o nitrognio atmosfrico a forma assimilvel pelas plantas. Rizosfera: Regio que circunda as razes e sofre influncia destas. Saprfita: Microrganismo que obtm os elementos nutritivos de tecidos orgnicos mortos ou de matrias inorgnicas. Senescncia: Que est em processo de envelhecimento. Simbiose: Associao de dois seres vivos onde ambos se beneficiam. Sistema de produo: Conjunto de prticas e procedimentos inerentes implantao e conduo de uma lavoura. Sistmico: Produto absorvido pela planta e que se transloca a outros rgos. Subirrigao: Mtodo de irrigao, comum em vrzeas, no qual a gua aplicada diretamente sob a superfcie do solo, geralmente por meio da criao, manuteno e controle do lenol fretico a uma profundidade preestabelecida. Tegumento: Camada ou conjunto de camadas externas de tecido que envolve a semente. Tetrazlio: Substncia utilizada para identificar reas de tecido morto em sementes. Uredsporos: (L. urere = queimar + Gr. sporos = sementes, esporo):Esporo binucleado produzido pela ferrugem. Vrzea: Grande extenso de terra plana margem de um rio ou ribeiro. Vascular: Referente aos vasos do xilema e floema da planta. Vetor: Ser vivo capaz de transmitir de forma ativa ou passiva um agente infeccioso. Volatilizao: Passagem de uma substncia do estado slido ou lquido para o estado gasoso. Xilema: Parte linificada ou lenhosa do sistema vascular dos vegetais superiores.