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SINOPSE Zinos, dono do restaurante Soul Kitchen, enfrenta uma maré de azar. Tudo começa quando a namorada decide deixá-lo para seguir uma carreira em Xangai. Despedaçado, ele assiste ao esmorecer do Soul Kitchen, cuja clientela desaparecera em boicote ao novo Chef gourmet. Decidido a seguir a namorada, Zinos deixa o restaurante nas mãos do irmão Illias, um antigo recluso pouco confiável. E, como à boa vontade nem sempre se junta a boa sorte, as suas decisões vão revelar-se um desastre…

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Eis um restaurante que serve pizza fria, hambúrguer de peixe com salada de batata e macarrão com queijo. Soul Kitchen está localizado em Hamburgo-Wilhelmsburg, e embora não seja famoso por uma cousine de requinte, a comida que Zinos, um greco-

alemão, atira para a frigideira satisfaz os vizinhos e clientes habituais da casa. A boa música que se faz ouvir também ajuda. Soul, funk, enchem o lugar no antigo armazém que Zinos partilha com Sokrates, o velho construtor de barcos.

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NOTA DE PRODUÇÃO Soul Kitchen é um audaz e obsceno Heimatfilm. Tal como é típico deste género alemão dos anos 50, o filme é sobre a amizade, o amor e a vida numa espécie de aldeia comunitária – o Soul Kitchen. É sobre «Heimat» ou o lar como o lugar da família e dos amigos, como um espaço de evasão e de magia onde se apaixona e se falha no amor.

Soul Kitchen não é só sobre relações, é um ataque ao chamado enobrecimento urbano (gentrification) quando os antigos bairros povoados pela classe operária se transformam em lugares modernos com projectos de especulação imobiliária. A história de Soul Kitchen poderia acontecer em qualquer grande cidade, em qualquer parte do mundo. Neste filme, a acção decorre na cidade natal de Fatih Akin, em Hamburgo, e especialmente no subúrbio de Wilhelmsburg, que é actualmente o centro da expansão urbana daquela cidade. Soul Kitchen surge de uma vontade de criar uma história clássica – fazer cinema, mas da forma mais original possível – para sermos fiéis ao género, mas mantendo apesar disso o nosso próprio estilo. A história é autêntica, tal como os actores.

Um protagonista essencial neste filme é a música, seguindo a tradição de Head-On. «A música é o alimento da alma», grita um desesperado Zinos à inspectora das finanças quando esta abandona o restaurante com a sua aparelhagem na mão. O material é confiscado por falta de pagamento. A música Soul é o coração do seu restaurante em Wilhelmsburg: dos excêntricos Kool & The Gang, Quincy Jones e Mongo Santamaria ao clássico R&B de Sam Cooke ou Ruth Brown. Mas nem toda a música é Soul – a banda sonora é uma mistura do Hip Hop de Hamburgo e electrónica, rock ao vivo, rebetika e «La Paloma». E ainda uma canção de Hans Albers, um dos maiores e mais populares cantores, e actores, da Alemanha dos anos 30 e 40.

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A IDEIA A ideia do Soul Kitchen já andava no ar há algum tempo. Eu tinha de pensar sempre no Adam Bousdoukos, meu amigo de longa data, e na sua Taberna no bairro de Ottensen, em Hamburgo. Isto era mais do que um restaurante para nós: era um recreio para a aventura, um sítio para se celebrar, um lar. Eu queria transparecer este sentimento e esta forma de vida, com os quais tão fortemente me identifico, sabendo que não teria a oportunidade de o fazer caso fosse mais velho. Não posso estar para sempre em festas ou a sair à noite durante cinco noites seguidas por semana. A uma certa altura, começam as dores de cabeça, achamos a música muito alta, não aguentamos o fumo. Estamos a envelhecer, e isso é positivo, porque a um dado momento este estilo de vida acaba por desaparecer. No entanto, é valioso fazer um filme sobre isso, até porque no final tudo se resume a um problema existencial. É sobre beber, comer, festejar, dançar e sobre o lar. Eu queria fazer um filme sobre o lar, retirando aquele que se define por nacionalidade, não é alemã ou turca, o lar não como a localização mas como uma maneira de estar, como uma atitude. A história de como o Soul Kitchen foi feito é uma odisseia que teve início em 2003. O Adam e a namorada tinham acabado de se separar e comecei simplesmente a escrever: «Adam está destroçado e o restaurante poderia estar a correr melhor.» Quando dei por mim, tinha já vinte páginas de argumento e tinha terminado a primeira versão em cinco dias. Depois surgiu o Leão de Ouro pelo Head-On. Nessa altura, não achei o Soul Kitchen suficientemente importante. Não me consegui

libertar completamente da pressão que advém do sucesso. No entanto, precisamos sempre de uma nova história para manter a nossa empresa de produção corazón internacional no activo. Fundámos a empresa por causa do Head-On. E então fizemos o Crossing the Bridge. E o Soul Kitchen manteve-se na gaveta, embora tivéssemos continuado a sua história. Até que decidi produzir o filme e comprometer-me-ia a encontrar um realizador. Mas estava incomodado comigo mesmo por ter feito os dois filmes Head-On e The Edge of Heaven. Parece que andava obcecado em fazer filmes mais sérios. Não queria ser um escravo do meu próprio sucesso e por isso perguntei-me: «Para quem é que eu estou realmente a fazer isto?» Soul Kitchen não é a terceira parte da minha trilogia «Love, Death and Devil» As duas partes da trilogia, (Head-On e The Edge of Heaven), foram extremamente árduas, fatigantes, exigindo-nos um grande sacrifício. Com o Soul Kitchen eu quis recuperar. Supostamente, seria um exercício de «apontar o dedo», algo para me relembrar que a vida não é só sobre a dor e a introspecção. É uma espécie de time out antes de voltar a lidar com o diabo – e eu sei que isso não vai ser leve. Também quis fazer o Soul Kitchen antes de ser tarde de mais para que se considere credível… Nem por um momento pensei que isto se fosse tornar num dos mais exigentes, dispendiosos, e complicados projectos que eu tive. Existe uma estranha filosofia na realização que diz: se não sofreres durante a realização de um filme, então o resultado não será muito bom.» Até ao Soul Kitchen tudo isso soava-me só a conversa. Mas ao fazer este filme «fácil», eu aprendi uma grande lição.

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HAMBURGO Sentia que devia um filme a esta cidade. Recentemente, dois amigos vieram de Nova Iorque visitar-me. Primeiro perguntaram-me porque é que eu ainda cá morava. Respondi: «Porque me sinto mesmo bem. Conheço todos os atalhos, onde buscar os melhores vegetais. Porque é que quererei mudar-me para outra cidade?» Jantámos e fomos sair ao centro da cidade. Primeiro fomos a uma festa electrónica no antigo edifício Frappant em Altona, depois fomos para Schanzen, depois para Mandalay e para o Bernstein bar. Finalmente, acabámos em Kiez, na Red Light District de Hamburgo. Às 6 da manhã, todas as pessoas deixavam os bares e seguiam para a rua, instalando-se na popular Hamburguer Berg. Estava quente, a amanhecer e os meus dois amigos americanos estavam impressionados. Por fim, disseram-me: «Ok. Percebemos agora porque é que não te queres ir embora. Tens a arquitectura, a comida, os bares… e as mulheres mais bonitas.» Espero que tenhamos conseguido capturar um pouco de tudo isto em Soul Kitchen. Resolvemos escolher espaços que em pouco tempo vão desaparecer: The Mandarin Casino, The Astra Stube em Sternbrücke, que vai ser demolido para dar lugar a uma ponte. Ou o bar no velho edifício Karstadt em Altona. Comprei o meu primeiro vinyl naquele edifício comercial de Kardstadt - Parade de Prince & Revolution. E claro Wilhelmsburg representa a transformação da cidade. O subúrbio está prestes a tornar-se no lugar da moda, e o antigo bairro industrial com os seus trabalhadores e imigrantes vão, aos poucos, desaparecendo.

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CASTING A minha mulher Monique, que tem um forte sentido para caras, pessoas e histórias, apoiou-me na junção deste elenco. Naturalmente, tínhamos criado várias personagens que coincidissem com as nossas All-Stars: Adam Bousdoukos é Zinos; Biron Ünel é Shayn e Moritz Bleibtreu é Illias. Encontrámos os restantes actores conforme estes se ajustassem com os anteriores. Mais de doze papéis tinham de combinar não significando que tivessem de ser iguais, todos têm de se destacar individualmente, mas ao mesmo tempo, têm de funcionar em conjunto. Foi especialmente importante que as três mulheres Anna (Dorka Gryllus), Nadine (Pheline Rogan) e Lúcia (Anna Bederke), que são muito distintas entre si, representassem objectos de atracção e desejo. Neste aspecto, Monique fez um trabalho esplêndido.

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O actor Bousdoukos chegou efectivamente a ser dono de um restaurante em Hamburgo durante vários anos, deixando-o no ponto para este papel.

Este promete a Zinos confeccionar quatro pratos perfeitos que todos vão adorar. Só que, do dia para a noite, o espaço fica vazio depois de os clientes regulares boicotarem a comida de Shayn. E o barulho ruidoso de uma banda rock, que Zinos arranjou para substituir a falha do sistema de som, não ajudou.

O filme segue os esforços de Zinos para salvar o seu restaurante, resolver o seu problema das costas, e reconquistar a sua namorada Nadine, além de tentar manter o irmão fora da prisão. Tudo acontece num ritmo muito animado.

Com um bom elenco e vários pequenos papéis bem determinados, Bleibtreu como o irmão desgraçado, Unel que interpreta o inquieto Chef e Bederke, como a empregada-de-mesa - todos se destacam no filme.

Além de tudo isso, Zinos magoa as costas depois de tentar renovar a velha cozinha do restaurante para agradar os delegados de saúde e um velho amigo, um especulador da imobiliária, Neumann, que começa a assombrá-lo para que lhe venda o espaço para reconstrução.

Frenético. Música eclética. Inteligente. Fatih Akin torna Soul Kitchen num lugar para o público saborear.

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Ray Bennett, The Hollywood Reporter

É encantadora a mudança de rumo de Akin, depois Head-On e The Edge of Heaven que abordavam temas com maior gravidade. O co-argumentista Adam Bousdoukos desempenha um energético, mas simpático, Zinos. Este é dono de um restaurante popular chamado Soul Kitchen numa área negligenciada da cidade de Hamburgo. Zinos prepara refeições pesadas como pizzas congeladas, douradinhos, hambúrgueres e macarrão com queijo. O serviço é abrutalhado e a música barulhenta, mas os clientes saem satisfeitos.

Recheado de personagens ruidosas e bem-humoradas, Soul Kitchen de Fatih Akin conta a história de um jovem alemão de descendência grega que se esforça para manter o sucesso do seu restaurante singular, apesar de uma série de contratempos. O filme venceu o Prémio Especial do Júri no Festival de Veneza de 2008, sendo muito provável que continue a ser distinguido entre os melhores no circuito dos festivais, tal como será bem-vindo nas salas de cinema, em qualquer lugar.

Porém, a inspectora das finanças confisca a aparelhagem do restaurante por irregularidades no pagamento e a namorada de Zinos, Nadine, vai-se embora para a China ao arranjar um novo emprego. Já o irmão, o duvidoso Ílias é libertado da prisão em regime condicional. Com a intenção de ir atrás de Nadine, Zinos contrata o novo Chef Shayn ao vê-lo a ser despedido de um restaurante requintado, depois de este ter rejeitado servir Gaspacho quente. Shayn, no entanto, é um purista da culinária, que rejeita servir a escória habitual do Soul Kitchen.

Saboroso cozinhado sobre a frenética luta de um homem que quer manter o seu excêntrico restaurante em funcionamento.

A CRÍTICA

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De volta à cidade natal de Hamburgo, o realizador Fatih Akin regressa à energia do Short Sharp Shock (1998), temperado com um maturado entusiasmo. Com um conjunto de actores bem seleccionado, o filme está centrado no desesperado e desorganização do dono de Soul Kitchen e numa estranha colecção de pessoas excêntricas. Este filme com entretenimento a um ritmo veloz raramente dá um passo errado.

O filme é descrito por Akin como «um audaz e obsceno Heimatfilm». Mas para ele, um Heimatfilm não é sobre alemãs loiras em dirdnls, é antes uma Alemanha grungy e multicultural, com gregos, turcos, bandas de rock e vagabundos.

Bousdoukos, que co-escreveu o argumento com Akin, tem um certo ar de pateta, quase tonto que assenta bem a Zinos, e conjuga com Bleibtreu, como o seu irmão mais novo. Moehring e Unel são exímios como o agente imobiliário e a prima donna, o Chef Shayn, respectivamente, mas a verdadeira descoberta é Anna Bederke como Lúcia, a empregada-de-mesa de Zinos que gosta de beber, e que entra numa belíssima sequência onde se apaixona por Illias.

Embora existam várias sequências a preparar refeições, Soul Kitchen não é um foodie film. A música, tal como a comida, agita as almas destas personagens, mas é a cidade de Hamburgo – sempre presente – que os une. O filme é uma carta de amor dedicada à cidade e aos seus habitantes.

Derek Elley, Variety

ELENCO

Adam Bousdouks – Zinos Kazantsakis

Moritz Bleibtreu – Illias Kazantsakis

Birol Ünel – Chef Shayn Weiss

Anna Bederke – Empregada-de-mesa Lucia Faust

Pheline Roggan – Nadine Kruger

Lucas Gregorowicz – Empregado Lutz

Dorka Gryllus - Fisioterapeuta Anna Mondstein

Wotan Wilke Möhring – Agente imobiliário Thomas Neumann

Demir Gökgöl – Construtor de barcos Sokrates

Monica Bleibtreu – Avó de Nadine

Marc Hosemann – Ziege, amigo de Illias

Cem Akin – Milli, amigo de Illias

Catrin Striebeck – Ms. Schuster da Inspecção das Finanças

Hendrik von Bültzingslöwen – Assistente de Ms. Schuster

Jan Fedder – Mr. Meyer do Departamento de Saúde Pública

Julia Wachsmann – Tanja, noiva de Neumann

Simon Görts – Tschako

Maverick Quek – Han, o tipo chinês

Markus Imboden – Pai de Nadine

Gudrun Egner – Mãe de Nadine

Arne Benzing, Lucas Gregorowicz, Piotr Gregorowicz, Hans Ludwiczak, Jan Weichsel – Bad Boys

Peter Lohmeyer – Dono do restaurante La Papillon

Gustav Peter Wöhler – Cliente que se queixa no restaurante

Zarah Jane McKenzie – Empregada-de-mesa do Papillon

Peter Jordan – Notário

Wolfgang Schumacher – Médico

Ugur Yücel – Kemal,

Philipp Baltus – Electro-DJ

Lars Rudolph – Juíz

Fritz Renzo Heinze – Padre

Francesco Fiannaca – Guarda Prisional

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EQUIPA

Realização: Fatih Akin

Argumento: Fatih Akin, Adam Bousdoukos

Director de Fotografia: Rainer Klausmann (BVK)

Montagem: Andrew Bird

Som: Kai Lüde (BVFT)

Direcção de Arte: Tamo Kunz

Guarda-Roupa: Katrin Aschendorf

Produtora executiva: Andrea Bockelmann

Produtora: Ann-Kristin Homann

Casting: Monique Akin

Co-produtores: Fabienne Vonier, Alberto Fanni, Flaminio Zadra, Paolo Colombo

Produtores: Fatih Akin, Klaus Maeck

Uma co-produção Pyramide Productions (França) e NDR

Em colaboração com Dorje Film (Itália)

www.soul-kitchen-film.de

2009; Alemanha; 99’; 35mm; Cor

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