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Simbolismo

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Simbolismo

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Contexto cultural

• Os ismos – Doutrinas ideológicas do século XIX:

– Determinismo

– Positivismo

– Socialismo

– Darwinismo social

• São essas pseudociências suficientes para explicar o humano?

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Contexto filosófico

• Henri Bergson: Intuicionismo• “eu profundo” não cabe no nível da palavra

• Schopenhauer:

– a vontade é cega e inconsciente;

– a existência é dolorosa: “viver é sofrer”

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O que fazer?

• Para coisas novas, “palavras” novas!

• Busca de uma nova linguagem

• Assimilação da existência do “eu”

• Busca de expressar esse eu por vias indiretas

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Teoria das correspondências

• Criada por Charles Baudelaire

• Aproximação das realidades físicas e metafísicas:

– SINESTESIA: a mistura dos sentidos como gatilho para a evocação do eu profundo

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Charles Baudelaire: o inventor damodernidade

“A Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável.

[...]

Ele [Constantin Guy] buscou por toda a parte a beleza passageira e fugaz da vida presente, o caráter daquilo que o leitor nos permitiu chamar de Modernidade. Freqüentemente estranho, violento e excessivo, mas sempre poético, ele soube concentrar em seus desenhos o sabor amargo ou capitoso do vinho da vida.”

Charles Baudelaire

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Constantin Guys, o “pintor da vida moderna”, para Baudelaire

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Constantin Guys, o “pintor da vida moderna”, para Baudelaire

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Constantin Guys, o “pintor da vida moderna”, para Baudelaire

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Constantin Guys, o “pintor da vida moderna”, para Baudelaire

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CORRESPONDÊNCIAS

A natureza é um templo onde vivos pilaresDeixam filtrar não raro insólitos enredos;O homem o cruza em meio a um bosque de segredosQue ali o espreitam com seus olhos familiares.

Como ecos longos que à distância se matizamNuma vertiginosa e lúgubre unidade,Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.

Há aromas frescos como a carne dos infantes,Doces como o oboé, verdes como a campina,E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,

Com a fluidez daquilo que jamais termina,Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.

Charles Baudelaire (trad. Ivan Junqueia)

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O Albatroz (Baudelaire, trad. Delfim Guimarães)

Às vezes no alto mar, distrai-se a marinhagem

Na caça do albatroz, ave enorme e voraz,

Que segue pelo azul a embarcação em viagem,

Num vôo triunfal, numa carreira audaz.

Mas quando o albatroz se vê preso, estendido

Nas tábuas do convés, — pobre rei destronado!

Que pena que ele faz, humilde e constrangido,

As asas imperiais caídas para o lado!

Dominador do espaço, eis perdido o seu nimbo!

Era grande e gentil, ei-lo o grotesco verme!...

Chega-lhe um ao bico o fogo do cachimbo,

Mutila um outro a pata ao voador inerme.

O Poeta é semelhante a essa águia marinha

Que desdenha da seta, e afronta os vendavais;

Exilado na terra, entre a plebe escarninha,

Não o deixam andar as asas colossais!

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AEIOU – As vogais de Arthur Rimbaud

A – Órgão – Negro – Glória, Tumulto

E – Harpa – Branco - Serenidade

I – Violino – Azul – Paixão – Súplica agúda

O – Metais – Vermelho – Soberania

U – Flauta – Amarelo – Ingenuidade, sorriso

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A E I O U (Alphonsus de Guimaraens)

Manhã de primavera. Quem não pensa

Em doce amor, e quem não amará?

Começo a vida. A luz do céu é imensa...

A adolescência é toda sonhos. A.

O luar erra nas almas. Continua

O mesmo sonho de oiro, a mesma fé.

Olhos que vemos sob a luz da lua...

A mocidade é toda lírios. E.

Descamba o sol nas púrpuras do ocaso

As rosas morrem. Como é triste aqui!

O fado incerto, os vendavais do acaso...

Marulha o pranto pelas faces. I.

A noite tomba. O outono chega. As flores

Penderam murchas. Tudo, tudo é pó.

Não mais beijos de amor, não mais amores...

Ó sons de sinos a finados! O.

Abre-se a cova. Lutelenta e lenta,

A morte vem. Consoladora és tu!

Sudários rotos na mansão poeirenta...

Crânios e tíbias de defunto. U.

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Características

• Negação do positivismo

• Caráter anti-moderno

• Busca do “eu profundo” e inconsciente

• Misticismo, espiritualismo, subjetivismo intenso, ocultismo...

• Aproximação com a música (poema = partitura)

• Teoria das correspondências (sinestesia)

• Experimentação da palavra (neologismos)

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• Sinestesia:

“Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma

Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã nasce...

Oh sonora audição colorida do aroma!”

A.G.

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• Musicalidade

Aliteração e assonâncias:

“Vozes veladas, veludosas vozes

Volúpias dos violões, vozes veladas”

C.S.

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• As maiúsculas alegorizantes:

Tu és o louco da imortal loucura,

O louco da loucura mais suprema.

A Terra é sempre a tua negra algema,

Prende-te nela a extrema Desventura.

C.S.

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Em comum com o parnasianismo:

• preocupação formal

• alheamento da vida

(torre de marfim)

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Autores no BrasilCruz e Souza (1861-1898)

• Filho de escravos, seus pais foram alforriados e foi adotado pelo senhor.

• Teve a melhor disponível no Brasil colônia (foi aluno do naturalista alemão Fritz Muller na disciplina de ciências da natureza.

• Foi recusado para o cargo de Promotor nacidade de Laguna, devido à cor de sua pele.

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Características

• Poesia de influência parnasiana e baudelairiana

• Concepção trágica da vida

• Alta concepção acerca do “ser” poeta (Poeta = Assinalado)

• Cosmovisão: aproxima-se do Barroco:

– homem: ser oprimido entre o mundano e o cósmico

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Características

• Temas:

– A negritude

– A obsessão do branco

– A concepção da vida como tragédia

– O fazer poético

– O ser poeta

– O sensualismo

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O Assinalado

Tu és o louco da imortal loucura,

O louco da loucura mais suprema.

A Terra é sempre a tua negra algema,

Prende-te nela a extrema Desventura.

Mas essa mesma algema de amargura,

Mas essa mesma Desventura extrema

Faz que tu'alma suplicando gema

E rebente em estrelas de ternura.

Tu és o Poeta, o grande Assinalado

Que povoas o mundo despovoado,

De belezas etrenas, pouco a pouco...

Na Natureza prodigiosa e rica

Toda a audácia dos nervos justifica

Os teus espasmos imortais de louco!

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Acrobata da Dor

Gargalha, ri, num riso de tormenta,

como um palhaço, que desengonçado,

nervoso, ri, num riso absurdo, inflado

de uma ironia e de uma dor violenta.

Da gargalhada atroz, sanguinolenta,

agita os guizos, e convulsionado

salta, gavroche, salta clown, varado

pelo estertor dessa agonia lenta ...

Pedem-se bis e um bis não se despreza!

Vamos! retesa os músculos, retesa

nessas macabras piruetas d'aço...

E embora caias sobre o chão, fremente,

afogado em teu sangue estuoso e quente,

ri! Coração, tristíssimo palhaço.