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SHOPPING CENTERS E
SUAS PECULIARIDADES CONTRATUAIS
Shopping Centers and their Contractual Peculiarities
Silvana Martinazzo154
RESUMO: Este artigo tem a finalidade de elucidar as dúvidas quan-
to à origem dos Shoppings Centers, trata-se de um cenário extre-
mamente complexo, cercado de indagações e de diferentes posi-
ções doutrinárias e jurisprudenciais, que no decorrer do trabalho se-
rá analisada. Diante disso, o presente trabalho toma como ponto de
partida sua origem, trazendo em sua trajetória o histórico com as-
pectos importantes para o sucesso desse empreendimento. Dentro
desse contexto, serão abordados tópicos explicativos a cerca desse
sinuoso empreendimento chamado Shopping Center, que traz con-
sigo múltiplas peculiaridades como um organismo comercial, e
também seu nascimento no Brasil. O estudo segue abordando pon-
to central deste texto que é questão dos contratos de locação suas
divergências doutrinárias e a complexidade das cláusulas contratu-
ais, bem como abordará a falta de regramento legal específico, que
se escora ao regulamento da lei de locações (Lei 8.245/91).
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Bacharel em Direito pela Instituição Centro de Ensino dos Campos Gerais – CESCAGE. Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade Reunidas de Palmas – FACEPAL Especialista em Direito Imo-biliário aplicado a Gestão Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná -PUC.
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ABSTRACT: This article aims to clarify the doubts regarding the
origin of Shopping Centers, this is a highly complex, surrounded by
questions from different positions and doctrinal and jurisprudential,
which during the work will be reviewed. Thus, the present work
takes as its starting point rise, bringing in its history with the histori-
cal aspects important to the success of this venture. Within this con-
text, explaining topics will be addressed about this winding devel-
opment called Shopping Center, which brings many quirks as a
commercial organization, and also his birth in Brazil. The study pro-
ceeds by addressing the central point of this text that is a matter of
lease their doctrinal differences and complexity of contractual claus-
es, as well as address the lack of specific legal regulation, which
anchors itself to the regulation of the tenancy law (Law 8.245/91).
PALAVRAS-CHAVE: Shopping centers. Aspectos históricos.
Locação. Cláusulas contratuais.
KEY-WORDS: Shopping centers. Historical aspects. Leases. Con-
tractual clauses.
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1. ORIGEM
Há indícios de que o Shopping Center teria nascido em Paris, com
as galerias, embora essa denominação seja americana. Em Paris (MEIRA
apud p.24 PATRUCCO, 1972), por volta do ano de 1852, com pequeno
armazém de nome “Bom Marche”,que introduziu ao mercado, vendas de
produtos de renome e com preços inferiores, acrescentando variedades
de artigos, em um só local com acesso livre ao público e preços fixos e
marcados em cada artigo. Essa inovação introduziu ao mercado daquela
época comodidade para o consumidor.
O resultado da inovação comercial da época foi que, aquele grande
armazém, acabou reunindo a totalidade dos desejos das pessoas que ali
visitavam; era, além de uma exposição de produtos, um lugar de passeio,
de quebrar rotina em francês chama-se dépaysement.
A partir da década de 50 do século passado, os centros de compras
se formaram em muitos países, proporcionando um notável desenvolvi-
mento econômico, social e cultural. DINAH (2001) relata que, os fatores
preponderantes à época que levaram ao surgimento do shopping center fo-
ram: o aumento do poder aquisitivo da população; a descentralização da
população para zonas periféricas, bem como à grande expansão automo-
bilística norte-americana, a qual fez sentir a necessidade de os centros
comerciais disponibilizarem um grande espaço de estacionamento para
automóveis.
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O Shopping Center nasce quando tem início a decadência do cen-
tro comercial. KOTLER & ARMSTRONG (1994) colocam:
Toda grande cidade tinha um centro comercial com lojas de departamentos, lojas de especialidades, bancos e cinemas. Contudo, quando as pessoas começaram a se mover para as periferias das cida-des, esses centros comerciais, com seus problemas de fluxo de automóveis, estacionamento e crimes, começaram a perder negócios. Os negociantes si-tuados nos centros das cidades começaram a abrir filiais em shopping centers regionais, e o declínio dos centros comerciais continuou.
Os Shoppings Centers surgiram, com as profundas altera-
ções na sociedade após a Segunda Guerra Mundial. Destaca-se que eles
vieram com o intuito de ser uma nova maneira de comerciar, a qual busca
conquistar o maior número de clientes e maior espaço no meio comercial.
Desde a Antigüidade, já existiam atividades originárias dos Shop-
pings Centers, pois naquela época, os mercadores, estabeleciam-se em
templos para oferecer “conforto” para quem lá permanecia e buscava al-
guns produtos.
Há uma divergência quanto à data exata de surgimento dos shop-
pings centers. Para (MEIRA p. 28 apud PATRUCO) e 1933, para ENGEL,
BLACKWELL e MINIARD é 1922 e, para outros, ainda é por volta de 1950.
O surgimento oficial do shopping center teria ocorrido com inauguração do
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Coutry Club Plaza, em Kansas City, EUA, como solução para diminuir o
tráfego urbano, e em 1949, conforme relata PETRUCCO, teríamos já 75
centros nos Estados Unidos. A proposição mais aceita na indústria é de
que o primeiro shopping center fechado teria sido o Southdale, inaugurado
em 1956, em Edina, Minnesota, nos Estados Unidos (MICHAELS, 1996;
ICSC155), nos moldes dos shoppings modernos, com sistema climatizado e
lojas de departamentos e lojas-âncora.
2. NO BRASIL
A atividade de Shopping Centers é bem recente no Brasil. Segundo
DINAH SONIA RENAULT PINTO (2001), o primeiro Shopping foi instalado
no Brasil com o nome de Shopping Centers Iguatemi em 1966, na cidade
de São Paulo. Desde a inauguração de tal empreendimento no Brasil, es-
ses centros de compras se espalharam pelo país afora, na maioria nas ca-
pitais dos Estados e nas grandes cidades do interior.
Além disso, “os principais empreendimentos implantados no
País são de grande porte, abrigando, geralmente, cada um, quantidade
superior a 300 (trezentas) lojas” (CERVEIRA FILHO, 1999, p.2). É notório
o crescimento no nesse setor, o cenário nos traz a imensa aceitação do
publico tanto pelas oportunidades de emprego, quanto pelo conforto, segu-
rança e praticidade que os shoppings centers oferecem.
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FAQ About The Shopping Industry (www.org/members/news/misc).
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Além das diferenças de comportamento, pode-se dizer que os
shoppings centers possuem, pelo menos, três características próprias,
a saber:
“Existência de um aluguel percentual, que resulta na participação do empreendedor no faturamento do lojistas; a existência de uma associação dos lojistas – re-presentante da vontade dos associados; o regimen-to interno e as normas complementares – regula-mentadores do comportamento dos lojistas, do uso das lojas e das áreas comuns, bem como questões relacionadas a obras e benfeitorias, responsabilida-des, visitantes, empregados das lojas e prepostos, fornecedores, etc.; a participação direita do empreendedor na adminis-tração do shopping” (BUZAID,1988, p. 564).
Nos estados Unidos, os shoppings centers desenvolverem-se em
três categorias: shopping center vizinhança, shopping center de comunida-
de e shopping center regional, essa terceira modalidade que implantou-se
no Brasil.
3. DEFINIÇÃO DE SHOPPING CENTER
A definição de Shopping Center, que poderia ser traduzida por cen-
tro de compras, mas também tem uma identificação usada por Cerveira Fi-
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lho “Templo de Consumo. Acredita-se que a segunda denominação dá a
verdadeira idéia da grandeza estrutural que é um shopping centers.
Um Shopping Center convencional,tem lojas com segmen-
tos diversificados, chamados de mix, bem como praças de alimentação,
áreas de serviços e lazer. Tem como carro chefe, lojas-âncoras que são
estruturas mercadológicas especiais que funcionam como pólo de atração,
localizadas em pontos estratégicos.
Uma área de consumo dessa dimensão, requer, um espa-
ço de estacionamento compatível com a área bruta locável, que garanta a
afluência e o escoamento tranqüilo, do fluxo de automóveis e que também
permita adequada entrada e saída, com distâncias as mais reduzidas pos-
síveis, da vaga de estacionamento ä entrada das lojas.
Quanto à definição de Shopping Centers, O International Council of
Shopping Center (ICSC), nos Estados Unidos da América, destaca que:
“um grupo de estabelecimentos comercias unifica-dos arquitetonicamente e construído em terreno planejado e desenvolvido. O Shopping Centers de-verá ser administrado como uma unidade operacio-nal, sendo o tamanho e tipo de lojas existentes re-lacionados diretamente com a área de influência comercial a que esta unidade serve. O shopping center também deverá oferecer estacionamento
compatível com todas as lojas existentes no proje-to” (www.radiobras.gov.br/sinopse/2000/sinopses_061000.htm).
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Outra definição é a apresentada por LIMA (2002, p. 108), o qual
destaca que; “Shopping Centers, também conhecidos como centros co-
merciais, são prédios e locais especialmente destinados a tipos de negó-
cios em que há um complexo de atividades que centralizam o comércio de
vários ramos, proporcionando certo conforto e facilidades à clientela (esta-
cionamento, diversões, restaurantes, bares, enfim, um misto de lazer e
comércio)”.
De acordo com CERVEIRA FILHO (1999), o Shopping Cen-
ters pode ser identificado como “templo de consumo e movimenta cerca de
17% o comércio nacional, nos dias atuais. Juntamente com este” templo
de consumo”, foram sendo agregadas condições de lazer, entretenimento
e cultural a tal ambiente, o que denota ser um setor de grande relevância
para a sociedade.
Necessário destacar que “templo de consumo” é uma colo-
cação de Cerveira Filho, mas que bem demonstra a importância e a gran-
deza do Shopping Centers, quando então se verifica que é um conjunto de
vários estabelecimentos, com objetivos diferentes e que estão reunidos no
mesmo lugar. Assim, ao se adentrar em um Shopping Centers as pessoas
o fazem tendo o mais variado objetivo e desejo.
Assim, verifica-se que tal empreendimento pode ser consi-
derado como uma organização, uma vez que Shopping Center é o resulta-
do de diversos atos e idéias, os quais redundam em contratos diversifica-
dos, que não se fundem numa idéia unitária.
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4. FINALIDADE
Com relação à finalidade do shopping center, CERVEIRA
FILHO (1999), destaca que é congregar num mesmo local o maior número
possível de atividades empresariais, distribuindo os diferentes ramos do
comércio e serviços, de acordo com a planificação técnica precedida de
apurados estudos sobre o potencial de compras da área de influência a
que ele serve, visando a dar ao consumidor segurança, conforto e o máxi-
mo de estímulo, facilitando-lhe a escolha e a aquisição.
A finalidade de um centro de compras, hoje univer-salmente identificado como „Shopping Center’, é congregar, num mesmo local, o maior número pos-sível de atividades empresariais, distribuindo os di-ferentes ramos de comércios e serviços, segundo uma planificação técnica precedida de acurados es-tudos sobre o potencial de compras da área de in-fluência a que ele serve, visando a dar conforto e o máximo de estímulo ao consumidor, facilitando-lhe a escolha e a aquisição de quaisquer mercadorias e serviços. (REQUIÃO, 1984, p. 120).
Conforme ANDRADE (apud MARTINS, 2004) o Shopping
Center não se caracteriza por ser uma simples aglomeração de estabele-
cimentos incumbidos a prestar serviços e a comercializar bens de consu-
mo. Ele se caracteriza, também, por possuir configurações peculiares, uma
vez que no empreendimento em comento o consumidor encontra tudo
aquilo que precisa, ou de que possa necessitar. Em conseqüência disso,
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tem-se uma grande diversidade e variedade de mercadorias e serviços co-
locados à disposição dos consumidores interessados no presente comple-
xo empresarial.
Além disso, como se pode verificar nos inúmeros Shoppings
Centers existentes, há característica marcante existente que é a própria
publicidade mantida pelo empreendimento através de atraentes propagan-
das e promoções, visando à promoção da própria imagem, como também
de manter os atuais freqüentadores e angariar novos.
“Desconsiderar a importância do Shopping Center no cená-
rio urbano, a sua força na atividade comercial, seria ignorar a própria reali-
dade. Os Shoppings Centers não somente vieram para ficar, como a sua
expansão é irreversível” (CERVEIRA FILHO, 1999, p. 1).
Assim, tendo como base o shopping centers é que se inten-
ta analisar como se processam as tomadas de decisões nesse local e qual
é a será abordado tópico a seguir.
5. ASPECTOS JURÍDICOS DOS SHOPPINGS CENTERS
Já foi abordado nos tópicos anteriores a origem, definição e
finalidade desse empreendimento organizacional. No entanto é nesse
campo que surgirá as maiores divergências, pois como já foi explanado, o
shopping center foi a maior alteração do Direito Empresarial moderno, no
entanto a questão não é tão simples assim, não possui um amadurecimen-
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to do assunto no ordenamento brasileiro, ainda necessita de estudos apro-
fundados, tanto na doutrina quanto na jurisprudência há muito o que se
discutir sobre a natureza jurídica do contrato de shopping center.
Junto com todas as peculiaridades do Shopping Center, surgiu, na-
tural e inevitavelmente, a inovação do direito e a necessidade de uma in-
fra-estrutura jurídica, a sustentar tais organizações. Os inevitáveis conflitos
de interesses revelaram relações jurídicas com muitas particularidades.
Assim é que a Escola Superior de Magistratura Nacional, com a co-
laboração da ABRASCE, promoveu, em 1983, um Simpósio (DINAH 2001).
Nesse, os maiores especialistas brasileiros discutiram os pontos controver-
tidos da doutrina e da jurisprudência em torno da natureza jurídica e eco-
nômica dos shoppings centers, bem como sobre sua estrutura, funciona-
mento e projeção na economia brasileira.
Em face das grandes controvérsias, no Simpósio decidiu-se que se-
ria conveniente deixar o problema suspenso, para que a jurisprudência pu-
desse maturá-lo à luz dos casos concretos, numa contribuição de que se
utilizaria o legislador quando, mais tarde, tivesse de definir o regime jurídi-
co do shopping center.
As várias peculiaridades apontadas contêm desafiantes questões
jurídicas; dentre os contratos de locação de shopping centers. Antes de
adentrar ao cerne da questão, é mister destacar a diferença entre contra-
tos típicos e contratos atípicos ou inonimados.
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6. CONTRATOS TÍPICOS E ATÍPICOS A lei nº 8.245/91 Lei do Inquilinato, prevê o contrato do espaço em
shopping center como de locação, submetendo-o ao regime do inquilinato,
locação esta não residencial e sim comercial. Dentro desse liame é conve-
niente lembrar que os contratos podem ser classificados quanto à tipicida-
de, podendo ser atípicos ou típicos.
Álvaro Villaça Azevedo (APUD Márcio Pecego Heide), subdivide os
contratos atípicos em: atípicos propriamente ditos e contratos mistos. Se-
gundo o doutrinador, para entender a natureza jurídica de um contrato, de-
ve-se analisar as prestações que o compõem (dar, fazer e não fazer), já
que estas integram a essência das convenções.
“Os contratos podem ser classificados em contratos típicos e atípicos, podendo ser os últimos nomina-dos ou inominados. O contrato típico é aquele que tem nomem iuris próprio e previsão legal específica a seu respeito, prevendo maiores detalhes sobre sua forma e con-teúdo. Exemplos clássicos são o contrato de loca-ção, de compra e venda, de depósito e etc. Já o contrato atípico decorre de situações em que devem ser estabelecidas obrigações e direito mú-tuos que difiram de forma anteriormente prevista em Lei, e que poderá, como acima dito, ser nomi-nado ou não” (AZEVEDO, 1991, p. 53).
À vista disso, depreende-se que os contrato típicos são aqueles a
que a lei confere denominação própria e sujeita-se a regras que ela deter-
mina. Já os contratos atípicos são aqueles que a lei não disciplina de
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forma expressa, carecem de disciplina particular não podendo a regula-
mentação dos interesses dos contratantes contrariar a lei, a ordem pública,
os bons costumes e os princípios gerais do direito. Contudo são lícitos, em
conformidade com o principio da autonomia das vontades.
Após tecidas as preliminares, cumpre agora mencionar que não
existe um entendimento unânime.
Tal convergência de entendimento surge uma vez que há doutrina-
dores que defendem a tipicidade do presente contrato – considerando-o
simplesmente como de locação – mesmo, muitas vezes admitindo cláusu-
las atípicas em seu teor. De outra banda, há outros que sustentam a atipi-
cidade do contrato, tendo em vista as peculiaridades que o instrumento
possui, advindas, principalmente, dos aspectos específicos e complexos
que o centro comercial detém.
Quanto aos adeptos da tipicidade, melhor dizendo, do contrato de
locação, observa-se que:
“Não ouso asseverar seja atípico o contrato cele-brado entre o incorporador e os lojistas ou presta-dores de serviços. Esse contrato é, desenganada-mente, o de locação, embora com algumas peculia-ridades que, todavia, não chegam a descaracteriza-lo”. (MONTEIRO, 1984, p. 166).
Outros entendimentos acerca do assunto são:
“(...) se trata de um vero e próprio „contrato de loca-ção‟, e que o fato desse contrato, com toda a para-fernália de dependências e acessórios, de tipo físi-co ou intelectual, exigir modelação específica às
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contingências mercadológicas do empreendimento não retira a natureza de „contrato de locação‟” (PE-REIRA, 1984, p. 77).
(...) Do que se infere do exame da situação de shopping center conclui-se que não existe um con-trato específico, abrangente de todas as situações que possa ela envolver, e que exibisse o rótulo de contrato de shopping center” (PEREIRA, 1984, p. 86).
Ainda, nessa linha de pensamento, acerca de que é contrato de lo-
cação:
“Uma das facetas que os shopping centers ofere-cem de modo constante à observação dos juristas deriva dos vínculos locatícios que se estabelecem normalmente entre a pessoa que detém, organiza e administra o centro comercial e as empresas que nele se instalam, exercendo o comércio” (ANDRA-DE, 1984, p. 169).
Outrossim:
“Nos contratos com cláusula de aluguel calculado sobre a receita ou faturamento estão presentes to-dos os elementos que caracterizam a figura jurídica da locação, tal como resulta do conceito legal, ex-presso no art. 1.188 do CC156. A circunstância, já tantas vezes assinaladas, de ajustarem as partes o pagamento do aluguel – ou seja, a retribuição – em
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Vide art. 565, Código Civil de 2002. “Art. 565. Na locação de coisas, uma das partes se obriga a ceder à outra, por tempo determinado ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante certa retribuição”.
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percentual sobre o rendimento periódico obtido não desnatura a relação locatícia, nem configura qual-quer espécie de sociedade, ainda que em conta de participação” (ANDRADE, 1984, p. 177).
Tais doutrinadores consideram que entre o lojista e o empreende-
dor há um contrato de locação, ou seja: de dupla natureza, embora reves-
tido de cláusulas especiais com o objetivo de atender às características
exclusivas do centro empresarial em questionamento.
Diante dos entendimentos acima expostos, pode se entender que
embora os doutrinadores admitam características específicas – por exem-
plo, a existência de aluguel fixo e, outro, variável; contribuição mensal ao
fundo de promoção, ao relacionamento entre empreendedor de shopping e
lojista, isto é, permitam cláusulas atípicas contratuais, defendem a existên-
cia de um contrato de locação típico, visto que tais características não são
suficientes para desconfigurar a natureza locatícia do contrato. Deste mo-
do, não existe motivo para a origem de um novo tipo de contrato.
Tal entendimento de que a natureza locatícia dos contratos, que
envolvem espaços situados em shopping center é prestigiada pela própria
lei, segundo COELHO (2003, p. 114), que prevê as condições livremente
pactuadas nos respectivos contratos.
Como opositores de tal entendimento ao juízo acima sustentado,
tem-se, primeiramente, o Professor Orlando Gomes, o qual considera a
existência de um novo negócio jurídico, um contrato atípico misto. Tal
compreensão é seguida por Alfredo Buzaid, o qual reviu anterior entendi-
mento sobre o assunto; Fernando Albino; João Nascimento Franco; Álvaro
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Villaça Azevedo; Wilson Renault Pinto, Maria Elisa Gualandi Verri e De-
sembargador Joaquim Penalva Santos.
Dessa forma, nota-se que até o presente momento não há unani-
midade de entendimento acerca da natureza jurídica do contrato de loca-
ção. Contudo, cumpre destacar que há tendências: a maioria da doutrina
considera-o como sendo contrato atípico misto. Divergência essa, não
ocorre, quando das cláusulas específicas desse tipo de contrato, sobre as
quais há de entendimentos de que é livre a negociação pactuadas entre
as partes, desde que não firam os princípios gerais de Direito. As demais
cláusulas, assim, submeter-se-iam aos ditames da Lei de locação.
7. CARACTERÍSTICAS CONTRATUAIS
Os contratos de shopping center possuem características próprias,
que os fazem fugir à rotina dos demais instrumentos celebrados para fins
de comércio. Partindo da posição doutrina onde o trata como contrato atí-
pico misto, destacam-se algumas cláusulas contratuais que despertam
maior polêmicas a cerca desse negócio jurídico complexo, são elas:
7.1. ALUGUEL PERCENTUAL
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Os contratos de Shopping Center prevêem o aluguel de forma fixa
que é corrigida anual, e, outra forma variável chamada de aluguel percen-
tual, onde essa nomenclatura permite ao empreendedor a participação das
vendas do lojista.
Para esclarecer melhor está variável de aluguel, em primeira plana,
esse valor é apurado através de informações que o próprio lojista fornece a
administradora do shopping através de boletins informativos. Esse informa-
tivo relata a venda semanal da loja que no decorrer do mês apura-se o to-
tal bruto das vendas, que a administradora aplicará o percentual acordado
em contrato cujo qual varia de 5 (cinco) a 12(doze) %.
Decisão da segunda Câmara do Segundo Tribunal de ALÇADA
Civil do estado de São Paulo, relator Luiz Moreno Gonzalez,
“O direito não veda que em contrato de locação se fi-xe o aluguel em porcentagem sobre os resultados do negócio instalado na loja arrendada, nem que se es-tabeleça um mínimo a ser corrigido anualmente, con-forme os índices fornecidos pelo Conselho Nacional de Economia”.
Nota-se a forma atípica do contrato neste tópico, que extrapola os
moldes comuns de um contrato de locação, onde permite a participação
dos lucros ao empreendedor. Esta figura atípica chamada de aluguel per-
centual, é fonte de ferrenhos ataques da parte dos lojistas, que além de
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proporcionar a participação de suas vendas ao empreendedor, ficam a
mercê de fiscalizações no estabelecimento comercial, que verificam a ve-
racidade das informações apresentadas. Essa possibilidade de fiscalização
do faturamento do lojista, decorre de uma cláusula contratual que permite
o empreendedor ter aceso ao livros de registros, que é de caráter confi-
dencial, geralmente é feita por um departamento do próprio empreendedor
que chama-se auditoria.
7.2. O ALUGUEL E DOBRO
Aqui reside um ponto nevrálgico do contrato, este aluguel em dobro
é aplicado todo mês de dezembro de cada ano. Argumenta-se que são de-
vidos em função dos investimentos em promoções da época natalina. No
mês de dezembro é normal que as vendas dobrem, no entanto este 13º
(décimo terceiro) aluguel visa a compensação de “valores”, para crédito do
empreendedor que poderá sofrer possíveis sonegações por parte do lojis-
ta.
Justifica-se a aplicação do dobro do aluguel nesta data devido as
verbas destinadas, a publicidade, promoções, mas questiona-se tais ver-
bas não são oriundas do fundo de promoção? Que é um fundo específico
para esses fins. No entanto o 13º tem destino certo ao empreendedor que
neste caso não desembolsa verbas publicitárias.
Noutra direção, segundo Maria Elisa Gualandi Verri, a “referida
cláusula se devidamente convencionada pelas partes é válida”, O pensa-
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mento da doutrinadora leva-se ao encontro da relação pactual entre em-
preendedor e lojista, que tem respaldo do artigo 54 da lei do Inquilinato, cu-
jo teor é o seguinte:
“Art. 54. nas relações entre lojistas e empreendedo-res de shopping centers,prevalecerão as condições
livremente pactuada nos contratos e locação respec-tivos e as disposições procedimentais previstas nes-ta lei”.
Nestes moldes, segundo o julgado da Sexta Câmara do Segundo
Tribunal de ALÇADA Civil do Estado de São Paulo, reconhece a validade
às Normas Gerais regedoras das Locações em shopping centers, admitin-
do: “validade de cláusula de Contrato Geral que prevê o pagamento em
dobro do aluguel do mês de dezembro”. (Relator Juiz Macedo Cerquei-
ra”157. E - (AZEVEDO –2004), assegura: “ Cláusula bem peculiar é tam-
bém a que obriga o utilizador a pagar 13º salário aos empregados e ao
pessoal da administração do shopping center. Também, se convenciona-
da, é válida essa clausulação, em que se objetiva pagamento sem anda ter
a ver com o aluguel ou eventuais encargos.
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Boletim da Associação dos Advogados de São Paulo, nº 1.496/195, de 19/08/1987.
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7.3. FUNDO DE PROMOÇÃO
Inserida neste permissivo legal, uma cláusula específica para co-
brança de Fundo de Promoção, no qual estipula-se uma percentagem so-
bre o aluguel pago. Esta taxa relativo ao fundo de promoção destina-se a
campanhas, em todos os meios de divulgação, que visam ao desenvolvi-
mento geral de vendas do shopping center, com a finalidade de incentivar
as vendas, decorações e atividades publicitárias.
Consta ainda, nessa espécie de contrato, uma obrigação do loca-
tário, quanto ao pagamento das despesas inerentes ao condomínio relativo
ao seu espaço locado. As despesas ordinárias de condomínio são ratea-
das proporcionalmente à área útil ocupada, em forma de CRD`S (Coefici-
ente de rateio e despesas). Há ainda os encargos específicos que são
despesas com ar condicionado, gás, água, IPTU, imunização e taxa de in-
cêndio.
Integra ao contrato, as normas gerais, trata-se de normas Gerais
Regedoras das locações e regulamento interno do condomínio do Shop-
ping Center. Destaca-se que nesta escritura declaratória são fixadas nor-
mas a que aderem os contratantes locatários, nos chamados contratos de
locação.
Como explica Rubens Requião:
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Essas Normas nada mais são do que desdobra-mentos do contrato de locação, que é, no caso, um instrumento locônico, de poucas cláusulas, natural-mente contendo as essenciais. Com o instrumento principal de locação, integrando-o, essas normas gerais compõem um contrato bilateral e sinalagmá-tico entre o empreendedor e o comerciante. Mas como o contrato de locação e suas “Normas Gerais” constituem um contra-tipo, um contrato-standard, igual pata todas as partes, com suas cláusulas e condições impressas, a não ser aquelas que identi-ficam e qualificam o personalismo do contrato, al-guns juristas nele têm visto um contrato de adesão”.
Dentro destas normas menciona-se, por exemplo: tratativas a res-
peito de funcionamento interno de determinadas categorias de shopping,
letreiros, decoração, vitrine, projetos referente a instalações comerciais,
onde os locatários devem apresentar á administração do shopping para
exame e posterior aprovação.Ainda, destaca-se uma cláusula específica
onde o locatário não poderá destinar sua atividade para outros fins diver-
sos do que foi mencionado em contrato e outras várias restrições.
Desse modo, declara Rubens Requião158 como válida as Normas
Gerais Complementares dos Contratos de Locação, pois quem quiser con-
tratar em centros comerciais, shopping centers, como lojista, deverá aderir
a essas Normas gerais, para que fique unificada a forma de participação
dos interessados, sob um mesmo regramento.Ressaltando que o contra-
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Considerações jurídicas. In PINTO, Roberto Wilson Renault; OLIVEIRA, Fernando ª Albino. Shop-ping Centers: aspectos jurídicos RT 571/28
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tante tem condições de procurar outras opções caso seja a sua vontade,
ou realizar com outro locador em outro lugar, enfatiza-se que o contratante
tem a opção de não realizar o negócio com co centro comercial.Inexistindo,
assim, o contrato de adesão.
Acerca de tal empreendimento pode ser considerado como uma organiza-
ção, uma vez que shopping center é o resultado de diversos atos e idéias,
os quais redundam em contratos atípicos, que não se fundem numa idéia
unitária. Ë um verdadeiro complexo estrutural, normativo, integrado a soci-
edade, como já foi citado, e que, tem-se por meta realização do empreen-
dimento e a garantia de seu sucesso.
CONCLUSÃO
O Shopping Center, não só constitui, como já dito, importante revo-
lução tecnológica, no que diz respeito comercialização.Trás consigo uma
fonte de irradiação de direitos e deveres.É um verdadeiro complexo estru-
tural, gerador de novos empregos, envolvendo grande quantidade de pro-
fissionais para o sucesso desse empreendimento, que é um aspecto soci-
al, de relevante importância, o qual não se pode deixar de assinalar.
No aspecto legal, formaliza-se através de contrato atípico misto,
uma vez que representa um complexo obrigacional regulamentado pela Lei
do Inquilinato e pelas cláusulas livremente pactuadas entre as partes.Cada
uma delas, formam o complexo contrato, que tem lucratividade de inova-
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ção mercadológica (tenant mix) e no fim a que se destina, ou seja, o pró-
prio shopping center a atrair consumidores e otimizar a concorrência.
Conclui-se que a relativa novidade desse negócio jurídico perma-
nece sendo geratriz de controversas, doutrinária e jurisprudencial, forman-
do-se posicionamentos nos mais diversos rumos. Nas linhas de estudo
abordadas no texto, intentou-se delimitar os aspectos centrais e as princi-
pais controvérsias havidas em torno dos contratos de shopping center,
procurando-se aclarar as incertezas inerentes a uma falta de regulamenta-
ção legal específica.
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