setembro | 2013
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Uma Publicação da Muruci Editor | Porto Alegre-RS | Arte, Cultura, Música, Literatura, Fotografia, Cinema.TRANSCRIPT
JORNAL DE
ARTESArtes Plásticas | Artes Cênicas | Cinema | Música | Literatura
Porto Alegre | Setembro | 2013 | R$ 3,00 www.facebook.com/jornaldearteswww.issuu.com/jornaldeartes
Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 2
JORNAL DE
ARTESArtes Plásticas | Artes Cênicas |
Cinema | Musica | Literatua
EXPEDIENTE
Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI EditorEditor | João Clauveci B. MuruciEditora de Literatura | Djine Klein ([email protected])Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci
Email | [email protected] www.issuu.com/jornaldeartesSite |www.facebook.com/jornaldeartesSite |
CNPJ | 107.715.59-0001/79 - 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249Fone |
Colaboradores desta edição
Capa: Ilustração de Carlos Sekko Desenho sob a técnica de nanquim
aguado e colorização digital
Davi Pretto, Giovani Borba, Paola
Wink, Romar Beling, Mário
Rossini, Berenice Sica Lamas,
Mariana Lopes, Djine Klein, Carlos
Sekko
MARTIN FIERROARTIGO
Por de Porto Alegre/RS Mário Rossini
José Hernandez nasceu numa chácara no interior da província de Buenos Aires em 1834.Hernandez teve infância triste pela morte prematura da mãe em 1843.Na estância teve vivência campeira, desde a marcação, lida no campo, trato com o gado, até enfrentamento dos “malones”. Conhece na prá�ca as agruras da vida do gaúcho. Sua formação ocorreu durante o governo deferalista. Em 1853 se engaja nas lutas militares e polí�cas ao lado dos rosistas. Seu pai era filho de comerciante espanhol e sua mãe prima de uma das eminentes figuras polí�cas de seu tempo, Juan Mar�n Pueyrredón. As duas famílias eram diferentes em matéria de opção polí�ca: os Pueyrredón eram “Unitários” e os Hernandez eram “Federalistas”. Os Unitários, mais sofis�cados, com orientação liberal, eram comerciantes e exportadores a favor de um Estado forte e centralizador, sediado em Buenos Aires, subordinando as Províncias. Já os Federalistas (Rosas)defendiam maior autonomia para as províncias e sua força vinha dos caudilhos provinciais, estancieiros e militares.MARTIN FIERRO foi considerado por Leopoldo Lugones o maior clássico da literatura gauchesca de todos os tempos . A primeira parte, El Gaucho Mar�n Fierro , foi publicado em 1872 , e La Vuelta de Mar�n Fierro publicado em 1879. Esta grandiosa obra de José Hernandez se converteu num marco cultural no Sul da América La�na.As edições originais foram feitas em folhetos grampeados (78 páginas a 1ª.Parte e 59 a 2ª.Parte) e não no formato tradicional de livro. Hernandez optou por fazer o lançamento em folhetos para pode ser mais acessível ao homem simples do interior, chegando aos bolichos, galpões e armazéns, como era costume à época. Naquela tempo de pouca alfabe�zação, havia a figura do leitor cole�vo, que lia para uma platéia de analfabetos, além dos cantores populares que passavam a diante trechos enormes do poema. Somente em 1910 surgiu a versão em livro no formato tradicional. As duas partes tem tamanhos e conteúdos diferenciados. A primeira Parte “El Gaucho Mar�n Fierro” é formada por 13 cantos e 2316 versos. Possui um discurso de crí�ca social, polí�ca e ideológica. A segunda parte tem 33 cantos e 4894 versos, mantém a visão crí�ca sobre a condição do gaúcho pobre e destaca a sabedoria do idoso VIZCACHA. Na maior parte a obra está escrita em sex�lhas. José Hernandez faz todo relato na primeira pessoa, na maior parte do livro é Mar�n Fierro quem fala. A exceção é quando surge o sargento Cruz, aliado de Fierro ou como no caso dos seus filhos. Inexiste descrições �sicas de Mar�n Fierro. Em alguns momentos surge uma voz na terceira pessoa. Há registro de ter exis�do um sujeito de nome Mar�n Fierro, um gaúcho pobre, engajado a um batalhão, que Hernandez teria conhecido na fronteira (Livramento-1871).Mar�n Fierro foi escrito para destacar a figura do gaúcho já como uma classe social . Hernandez descreveu todos os valores de uma época, que hoje para muitos pode parecer superado e poli�camente incorreto. Mas eram valores daquela época. Alguns cri�cam o papel secundário da mulher na obra. Outros cri�cam a visão que ele passa sobre o negro e os índios. Mas o próprio Hernandez esclarece na época do lançamento da primeira parte que ele queria ser fiel aquilo que presenciava. Dizia ele : “O Gaúcho é a classe deserdada de nosso país.” Mar�n Fierro “é um pobre gaúcho, com todas as imperfeições...” E mais : “Esforcei-me em apresentar um �po que personificasse o caráter de nossos gaúchos, o modo de ser, de sen�r, de pensar e de se expressar que lhes é peculiar,...com todos os rompantes de al�vez, sem moderação até o crime, e com todos impulsos e arrebatamentos, filhos de uma natureza que a educação não poliu ou suavizou”. Portanto, Mar�n Fierro não é um personagem do século XXI.Destaco como principal na obra de Hernandez o saldo de valores, às vezes impercep�veis , que ele nos apresenta em seu infinitos ma�zes . Um belo poema de protesto social, conceitos morais, polí�cos e ideológicos que influíram na personalidade do escritor durante o processo cria�vo de sua obra. Este é o aspecto interessante e revelador. MARTIN FIERRO é uma obra de sensibilidade, de alto poder de síntese, deixa transparecer uma experiência madura, amarga, resultado de uma longa e intensa luta por sua paixão polí�ca vivida com fervor pelo poeta.O primeiro escritor a defender abertamente a figura do “GAUCHO”, que era uma classe subes�mada, menosprezada, perseguida implacavelmente, em um determinado momento da história pampeana.A luta pela liberdade, o direito de viver em sua pátria, sua terra na�va e o respeito à condição humana do gaúcho, significou o ideal na trajetória de vida do poeta Hernandez, porque essa classe social – o gaúcho – levava o seu sangue, sua própria raça e seu drama mais ín�mo.Hernandez foi o líder mais autên�co de sua causa. Foi excepcional espectador e protagonista desse drama. Em sua aguda sensibilidade de poeta, alcançou sua máxima expressão. Hernadez percebe que o homem trabalhador, habitante das planuras, está fadado a desaparecer ou transformar radicalmente seu modo de vida e seu caráter racial. Os estadistas porteños davam toda a atenção aos imigrantes europeus, desalojando os na�vos de sua terra natal. Predominava um “espírito europeizante”, intransigente e urbano.Hernandez, poeta de grande sensibilidade, compreendeu o drama do gaúcho que levava o seu sangue. Com sua pena
valente, foi o primeiro escritor a defender com fervor a figura do “gaúcho”. Uma obra de espírito moderno, repleta de aguda observação social e polí�ca, realizada com uma plas�cidade de imagens original e vocabulário próprio do homem do pampa.O ambiente urbano e literário da época olhou com desdém a obra. No entanto teve alguém que compreendeu, sen�u e a valorizou desde o primeiro momento e a guardou no seu humilde coração. Foi o povo gaúcho, sua gente, que pressen�u que aqueles maravilhosos versos era a transfiguração de seu drama e da sua voz em forma de protesto projetada no tempo e na história.Para Hernandez a raça gaúcha era também parte do povo argen�no e merecia por esta razão, o respeito e a compreensão dos governantes ,os Unitários porteños que eram a elite urbana e intelectual do país. O es�lo “gauchesco” tem seu primeiro registro em 1777 com o poema “Canta um guaso em es�lo Campestre los triunfos del Señor Don Pedro de Cevallos” de autoria do padre Juan Baltasar Maziel. O Poema inicia assim : “Aqui me pongo a cantar...abajo de aquestas talas...”. O leitor que conhece os versos de Hernandez constata que ele usou a mesma frase no primeiro verso de Mar�n Fierro: “Aqui me pongo a cantar”. Na realidade a origem deste verso vem das “payadas”, do improviso, da tradição oral de uma época, assim como “Era uma vez...”Hernandez coloca seu discurso na primeira pessoa, na voz de um homem do campo, simples, iletrado aproxima a escrita a fala inculta.No Brasil temos a primeira edição em português de J.O.Nogueira Leiria(1972). Mais recentes as traduções de Walmir Ayala e Paulo Betencur. Mar�n Fierro é daqueles livros que todos conhecem, mesmo sem jamais o terem lido. É um clássico por que retrata a realidade de um povo, existe uma iden�ficação com um determinado modo de vida e cultura.
Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 3
Um dos méritos indiscu�veis da poesia (talvez de toda a boa literatura, e certamente de toda a melhor arte) é a capacidade de síntese.
Dizer muito com poucas palavras, ou concentrar ao máximo a significação, ampliando seu alcance, é sinal de evolução efe�va no uso da
linguagem. Quando consegue a�ngir o equilíbrio extremo entre imagem, ritmo e enunciação, a poesia nos enleva, abre nossos olhos
para o que até então ninguém havia enxergado.Deste quilate, ar�sta de condensação e de criação até sazonal, é o gaúcho Élvio Vargas (foto acima). Nascido no Alegrete, em outubro de
1951, reside em Porto Alegre. É membro da Academia Rio-grandense de Letras, conduz diversos projetos culturais e colabora em várias
inicia�vas, numa combinação entre as artes. Na poesia, estreou com o volume O almanaque das estações, em 1993. Levou mais de uma
década para animar-se, ou sen�r-se impelido, a um segundo �tulo, Água do sonho, em 2006. Enquanto o primeiro havia saído pelo
Ins�tuto Estadual do Livro (IEL), o segundo apareceu em edição do autor. E outros seis anos foram necessários para que um terceiro
conjunto de inéditos fosse apresentado ao leitor, reunidos sob o nome de Penhascos de vigília, em 2012.Na verdade, além da publicação esparsa, sobrepassando anos, as �ragens costumam ser mais enxutas, de forma que Élvio entrega seus
poemas a um seleto grupo de amigos. Numa prova de que seus livros são disputadíssimos, e que deles não se abre mão, é pra�camente
impossível que exemplar dos seus dois primeiros livros apareça em alguma livraria ou sebo. Quem tem, não larga. Logo, quem não
pegou, que se arranje de algum modo para ler.Outra constatação disso é que, ao contrário do impulso capitalista e comercial segundo o qual quanto mais se imprimir ou mais se
alardear a existência, mais se vende, Élvio não quer saber de nada disso. Ele é poeta, e como poeta se preocupa com o que tem a dizer, o
que quer dizer, e quando quer dizer. No seu caso, importante é a poesia, e a sua obra, e não o fato de que alguém quer porque quer lê-lo.
Por outro lado, em tempos de mídias sociais ou de exposições constrangedoras para chamar a atenção e “vender-se”, Élvio muito pouco
se importa com publicidade ou divulgação. Quem quer lê-lo encontrará uma forma. Quem não quer, não tem nada com a história
mesmo.No instante em que lançou, em 2012, o terceiro volume de inéditos, o fez com uma oportuna e simultânea reedição dos seus dois livros
anteriores, tudo num único lote. O volume Estações de vigília e sonho: poesia reunida, com inéditos, saiu sob o selo daEditora Gazeta
Santa Cruz, em 213 páginas, e agrega ainda a sua fortuna crí�ca, com inúmeras manifestações, depoimentos e ensaios de ar�stas e
crí�cos literários, de Armindo Trevisan a José Édil de Lima Alves e José Eduardo Degrazia.Tem-se, assim, num único livro, em edição caprichada, o conjunto dos poemas de Élvio, selecionados e revisados por ele próprio. É uma
pequena Bíblia da melhor poesia e da melhor reflexão sobre a vida, que se deve ter sempre à mão. Até porque, uma vez mais, por
decisão do autor, a �ragem é limitada. E isso significa que quando menos se esperar, novamente terá esgotado, e os desavisados que se
virem para encontrar exemplar.Na poesia de Élvio, não há sequer necessidade de apontar direcionamentos ou derivações. É apenas e tão somente palavra escrita
alçada à mais alta qualidade, e quanto a isso não há por que fazer julgamentos ou juízos. Entre seus temas, a saudade, as nostálgicas
reflexões sobre a terra natal, as amizades, a passagem do tempo, as perdas, a dificuldade e a necessidade de lidar com a idade que
chega; temas essencialmente humanos, que são os que, afinal, importam.O silêncio infiltrado entre as palavras, entre os versos, entre longos suspiros não necessariamente carregados de pesar, e sim de
consolo, é uma de suas marcas. Silêncio, quietude, sintonia, parceria, a silenciosa concordância entre pessoas que se respeitam e se
admiram, a silenciosa concordância que nasce da condição humana. Ler, ficar quieto, olhar a paisagem de uma tarde de sol, e entender a
vida. É isso que Élvio nos propicia. E poderia haver algo melhor? Poderia haver algo mais nobre e vital?
AS ESTAÇÕES DE ÉLVIO VARGASPOESIA
Por de Porto Alegre/RS Romar Beling *
Elvio Vargas na Estação Trensurb/foto Cloveci Muruci
*Romar Beling é Poeta, jornalista e editor.Publicou vários livros de poesias e têm participações em muitos outros.
Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 4
Apoio Cultural :
JORNAL DE
ARTESArtes Plásticas | Artes Cênicas |
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CRÔNICA DE AMOR E LOBOPor de Porto Alegre/VimãoRS Djine Klein
POESIA EM PROSA
I.
Poesia germinando antes em mundo grande de dentro. Era bem di�cil extrair as palavras para escrever Mariana. Os sen�dos só aguçavam um denso
silêncio. E a memória insis�a em distrair-se com floriinhas à margem.
Então aconteceu de um rio longo cruzando as dimensões Norte. O Sul logo fez a escolha de ela nascer meio passarinho e louca. O inverno era intenso.
Infância e barquinho �veram-se um ao outro. Também tempestades.
Mariana criança era uma fuga pra sonho. E porque caminhar paisagem a deixava contente voava aqueles campos com pés ligeiros. Seus cabelos harpa
colhiam melodias, as próprias e do mundo contorno. As canções do vento com convite para valsar ele se oferecia, ela bailava a seu contento.
Mas um dia a casa sempre cai: a causa de espingarda e um menino rude em lição de caçador, o sonhar com pássaros às vezes o vôo era tão impossível que ela
mesma, Mariana teceu asas e se voou.
Outro dia fugiram-lhe os olhos de entre as covas e as pálpebras. Na antepressa da fuga foi espiar pra estrada e esta se espichando abriu-se em leque. Cada
trilha com muita extensão de convites. Na visão já se via caminhando em pedregulhos. A menina teve lampejos de cotovia e pela primeira vez cantou-se
toda. Em bem-te-vi.
Muitas vezes Mariana chorava escondidas lágrimas. Desconsolavam-se as águas o rio do corpo, alguma mágoa! Um soluço pra acordar o riso, já enluarada
que rindo de si o riso era para dar dó na tristeza. A cara rubra enrugada assustar fantasmas...
Depois Mariana aprendeu artes. Confundia o caçador desenhando na terra úmida: as pegadas o rastro, pezinhos ao contrário como um saci uma caipora,
visitar auroras. E desenhar a própria estrada com pensamentos acolchoados de nuvem. Depois do temporal é quando o mundo determina-se a ser mais
azul.
Uma ensolarada manhã de primavera, Mariana linda leve correndo livre. Os campos faziam mais paisagem que de costume, isso foi visão de agoniar
insultados velhos lobos:
- Que menina teimosa!
- Cul�va cisnes em seu quintal?
- Depois brinca perigos com leopardo-selva!...
E porque de lobo já se ia pra�cando seus próprios uivos, ouvindo os dele o lobo daquela tarde foi ele quem mais se assustou.
Mariana visou por úl�ma vez um raio de horror se apagando nos olhos de um velho caçador.
II.
- Pés miúdos precisam ter juízo quando a seara é longa.
- Mas dona Fada eu tenho presa. Respondeu a Mariana.
- As farpas ardem é pra distrair conteúdos líricos - Menina teimosa! - Insis�u a insultada Fada e por desgosto se calou.
Todavia a voz que Mariana escutava não era a da Fada que lhe vinha nas palavras do vento, como ela pensava qual nos Contos de Fadas.
Quem dizia conselhos a Mariana, pra ela ter juízo era aquela a de cabelos brancos que morava no bosque ali bem per�nho. Naquele mesmo bosque onde
ela �nha sido Mariana-menina. E que aflita assis�a sua criança inventando seus próprios caminhos, olvidando brinquedos. A velha senhora �nha tantos
medos:
- Descansa mais um pouco e escuta meu canto, pequena viajante? ...
Essa outra voz vinha rouca de tempo e espera. E acreditava Mariana ser a voz vinda do velho arvoredo. Ou talvez um pássaro em jornada, repousar um
pouco e colher laranjas...
Então a menina respondia:
- Tenho pressa de fábulas para o meu próprio contentamento! Dindinha.
E depois desse dia ninguém, não mais se ouviu falar dela por lá, que do bosque das laranjeiras com visão pra estrada ficou de Mariana o melhor silêncio.
Dizem ainda hoje:
- Aquela sem juízo deve andar pelo mundo brincando liberdades...
- Flertando com o filho do velho lobo?...
Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 5
BANDAS QUE VOCÊ PRECISA CONHECER
JAZZ CONTEMPORÂNEOMÚSICA
Esperanza Spaldin | Se, realmente, podemos falar, nos dias de hoje, sobre uma musicista de jazz aos moldes e com talento igual ao das
grandes personalidades do jazz do início da segunda metade do século XX, como E�a James, Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Aretha Franklin,
Nina Simone, John Coltrane, Dave Brubeck e TheloniousMonk [sim, estamos falando das lendas mesmo!] o nome dela é Esperanza
Spalding. Como sugere seu primeiro nome, ela representa um norte para quem busca uma nova lenda no jazz contemporâneo. Não
somente a qualidade de sua música impressiona. A sua carreira é também algo notável. Criada somente pela mãe, após nascer em 1984,
Esperanza teve seu primeiro contato com a música aos 4 anos de idade ao assis�r um concerto de violoncelo [aí estaria determinado o
des�no daquela menininha que pouco mais tarde se tornaria uma das mais cria�vas e influentes contrabaixistas e cantoras de jazz da
atualidade]. Com total apoio da mãe, Esperanza começou estudar violino ao qual ela se dedicou até aos 15 anos de idade [já estava na hora
de expandir as suas fronteiras musicais, não é mesmo?]. Sua dedicação à musica e ao instrumento a conduziu a ocupar um cargo de
professora na Berklee College Of Music em Boston, sendo considerada uma das mais jovens a lecionar na ins�tuição. Porém Esperanza
conquistou revelação maior ao conquistar o Grammy na categoria de Ar�sta Revelação em 2011 [neste ponto da carreira é interessante
destacar que ela desbancou Jus�n Bieber que disputava o mesmo prêmio, e que, por causa disto, foi alvo de comentários agressivos e
preconceituosos dos fãs do rapaz]. Este �tulo teve um duplo toque de vitória. Além de a�ngir notoriedade mundial abriu caminho para a
par�cipação em fes�vais de jazz do mundo inteiro como o Blue Note Fes�val, Europa Jazz Fes�val, Musiques de Jazz et d'ailleurs, Jazzy
Spring Fes�val Bucharest, Warsaw Summer Jazz Days, Montreal Interna�onal Jazz Fes�val, London Jazz Fes�val e muitos outros. No mesmo
ano de 2011 cantou no Rio de Janeiro acompanhada do cantor Milton Nascimento com um set list priorizando musicas brasileiras.
O repertório de Esperanza Spaldin, tanto em estúdio quanto ao vivo, demonstra um grande fluxo cria�vo que vai muito além da simples
improvisação. O clima amigável e vívido das sonoridades torna o trabalho de Esperanza mais recep�vel ao público nos fes�vais. Cria-se um
clima de descontração em meio a um forte e intenso fluxo cria�vo e de improvisação [realmente uma experiência reveladora]. Este clima de
descontração, por sua vez, não é regra dos grandes jazzistas. John Coltrane, por exemplo, as vezes se mostrava demasiado in�mista nas sua
improvisações de maneira a deixar as apresentações com um clima pouco amigável, até mesmo tenso. Mas isto não ocorre com Esperanza.
Fazendo jus ao seu primeiro nome, suas apresentações são vívidas, cheias de cores e cria�vidade, deixando o público descontraído,
admirando suas sonoridades pouco comuns entre o tom grave do contrabaixo e o tom agudo e um pouco rouco da voz de Esperanza [o qual
lembra vagamente o es�lo de Elza Soares]. Esperanza tem uma discografia enxuta, mas intensa e cria�va, e, dado o recém inicio de sua
carreira internacional [apenas três anos] já conta com quatro trabalhos de estúdio: Junjo de 2006, Esperanza de 2008, Chamber Music
Society de 2010 e Radio Music Society de 2012.
Fredrika Stahl | Nascida em Estocolmo, na Suécia, Fredrica Stahl mescla o jazz com o pop em canções entre o inglês e o francês. "Game is
Over" é uma composição do primeiro disco da cantora "A Frac�on of You" de 2006 que deu origem ao primeiro vídeo clip da carreira. Depois
deste, vieram mais três, "Tributaries" de 2008 "Sweep Me Away" de 2010 e "Off to Dance" de 2013. Os dois primeiros discos carregam uma
vertente mais tradicional do jazz, mais requintada e, até mesmo, um pouco aristocrá�ca [fruto do cenário europeu jazzís�co pré-crise de
2007/08]. Neste contexto a influência deste tom mais tradicional do jazz europeu acabava até mesmo limitando a cria�vidade do trabalho
de Fredrika Stahl. O apego excessivo á formula mais tradicional possível do jazz é refle�da até mesmo no referido primeiro clip da cantora,
com o tom fortemente burguês e aristocrá�co dos cenários. A par�r de "Sweep Me Away" de 2010 Fredrika mostra uma forte mudança em
seu es�lo que acaba parecendo mais auten�co às suas escolhas pessoais como compositora. Neste momento da carreira [o mais atual] as
composições já completaram a migração do jazz tradicional para um crossover entre jazz contemporâneo e o pop. Neste sen�do, suas
composições ficam mais oxigenadas e cria�vas, com novos cenários e sonoridades amplamente exploradas. A desvinculação de sua linha
de composição do jazz tradicional europeu e sua aproximação com o pop [ainda mantendo o foco no jazz] fez com que suas composições
apresentassem um elevado nível de cria�vidade e ousadia não visto no início da carreira.
Por de Porto Alegre/RS Mauricio Muruci
Esperanza Spaldin | Divulgação
ARTE E AMIZADE
Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 6
ARTIGO
Por de Porto Alegre/RS* Wagner Patta
Às vezes percorremos um caminho muito distante em busca daquilo que
acreditamos ser certo, mais como podemos definir o correto? Aquele que
pode ser considerado modelo a ser seguido?
Podemos nos encontrar perdidos por diversas vezes, seguir caminhos que
achamos corretos ou simplesmente seguir caminhos para nós vangloriar do
resultado final após um longo desafio. O que faz do ar�sta se destacar entre
tantos mostrando apenas a pureza e angus�as de sua personalidade?
Como posso não falar de amor quando o universo persiste em mostrar que
as únicas razões que podem guiar o homem a glória estão entrelaçadas com
sen�mentos tão puros como a amizade.
A alma quando encontra conforto na expressão surge o ar�sta glorioso
reconstruindo e retratando aquilo que ele sente, mas nessas perturbações
humanas não podemos esquecer as pessoas aos quais são mudadas com
tais criações.
Às vezes sinto falta de um an�go amigo dos meus tempos de colégio, pois
almoçávamos juntos numa escadaria em ruínas e me lembro de que o
tempo passava de forma diferente, era como se não importasse os valores
do mundo, pois somos felizes por ter pessoas especiais em nossa volta.
Mas hoje me encontro como curador de uma grande exposição e valores
como amizade são valores que vão decidir o rumo ao qual a exposição vai
tomar, muitos dos quadros foram escolhidos dando foco na convivência e
nas influencias de Danúbio Gonçalves, um ar�sta renomado.
Nesta exposição busco a glória de um ar�sta em seu principal instrumento
de trabalho o pincel. Este instrumento fez parte de sua trajetória e mesmo
que muitos quadros já estejam em coleções par�culares ou na reserva
técnica dos grandes museus do Brasil, o pincel con�nua na mão do ar�sta
trabalhando vitorioso a cada dia pintando e produzindo mais.
Danúbio passou por todos os estágios, todas as fases, produziu e cri�cou,
escrevendo sua historia com a ponta do pincel.
*Wagner Pa�a é curador da Galeria Espaço Cultural Duque, em Porto Alegre.
Danúbio Gonçalves; Balonismo. Foto: Mariana Lopes/Mari Lopes Foto & Imagem
DANÚBIO GONÇALVES
EXPÕE NA CAPITAL GAÚCHA
Aos 88 anos, Danúbio Gonçalves, natural de Bagé, um dos maiores ícones vivos e em a�vidade nas
artes plás�cas do Rio Grande do Sul irá realizar uma grande exposição na Galeria Espaço Cultural
Duque, onde mostrará seus desenhos, pinturas, gravuras e colagens demonstrando que o ar�sta
con�nua produzindo provocado por sua cria�vidade e ousadia na liberdade de es�los.
Danúbio – A Glória do pincel tem a curadoria de Wagner Pa�a, que selecionou obras das mais
diversas fases do ar�sta, reconhecido como mestre da gravura, um “artesão paciencioso”, como
afirmava Érico Veríssimo. Diversas pinturas foram selecionadas, como algumas da reconhecida
série Balonismo, muitos desenhos e outras técnicas que tem como tema o ero�smo, frequente em
sua obra, assim como os desenhos e gravuras que registram as úl�mas charqueadas.
Danúbio também é reconhecido por sua obra pública como murais pintados e seus mosaicos, como
o que se encontra em frente ao Mercado Público de Porto Alegre in�tulado “Memorial da Epopeia
Rio-Grandense Missioneira e Farroupilha”, de 31X3m, e o da Igreja São Sebas�ão, também na
capital gaúcha. É um mestre da gravura, um “artesão paciencioso”, como afirmava Érico Veríssimo.
A exposição
A exposição está dividida em três segmentos aos quais mostram diversas caracterís�cas dis�ntas
possibilitando novas interpretações.
No primeiro andar da exposição é possível encontrar obras de Danúbio em diálogo com ar�stas que
marcaram sua trajetória ar�s�ca e influenciaram sua produção.
No segundo andar con�nuam as obras que influenciaram e dialogam com as obras de Danúbio e
podemos apreciar, também, um conjunto de obras que foram trazidas do atelier do ar�sta
mostrando as principais caracterís�cas ao qual o ar�sta conquistou sua glória e esplendor.
O visitante poderá encontrar no terceiro andar um conjunto de obras inéditas e mais ousadas, com
materiais dis�ntos, mostrando a produção recente, assim como teremos, pela 1ª vez, a cedência de
duas obras de Danúbio, que foram adquiridas recentemente pelo MARGS. Este termo de
emprés�mo demonstra a importância da exposição na retrospec�va do ar�sta e o grau de
confiança que a Galeria conquistou no cenário do Estado do Rio Grande do Sul.
O ar�sta:
Danúbio Gonçalves estudou com Candido Por�nari e frequentou em Paris a Academia Julian e fez
contatos com Vasco Prado e Iberê Camargo. Foi um dos fundadores dos Clubes de Gravura em Bagé
e em Porto Alegre. No Atelier Livre da Prefeitura, por mais de três décadas, contribuiu para a
formação de gerações de jovens ar�stas ensinando, acima de tudo, sua paixão pelo o�cio.
O curador
A Galeria, propôs uma curadoria ousada a Wagner Pa�a, que também atua na curadoria do
MARGS, auxiliando os curadores em suas exposições. Ele recebeu a contribuição da modelo vivo
Ledir Carvalho Krieger e da filha do ar�sta, Sandra Gonçalves, para ter acesso às obras no atelier de
Danúbio.Ele recebeu a contribuição da modelo vivo Ledir Carvalho Krieger e da filha do ar�sta,
Sandra Gonçalves para ter acesso às obras no Atelier de Danúbio.
“As obras estão distribuídas em justaposição criando diálogos que conduzem o visitante a conhecer
aspectos da vida de Danúbio”, afirma Wagner Pa�a.
A Galeria
A Galeria Espaço Cultural Duque, localizada na Rua Duque de Caxias, 649 no Centro Histórico de
Porto Alegre, com quatro andares e um acervo fantás�co, com grandes nomes locais, nacionais e
internacionais à disposição do público. Para que esta exposição acontecesse foi necessário
restaurar diversas obras que estavam no Atelier do ar�sta.
A prédio da galeria recentemente passou, também, por um restauro de sua estrutura externa e
possui três andares exposi�vos e um café ao qual o público pode apreciar a arte com o maior
conforto possível. A galeria também é totalmente clima�zada, com acessibilidade universal e
possui total segurança para acomodar as obras de Danúbio Gonçalves.
Por de Porto Alegre/RS Alexandre Boer
Exposição Danúbio - "A Glória do Pincel" De 8 de outubro a 14 de dezembroNa Galeria Espaço Cultural Duque (rua Duque de Caxias, 649)De segunda a sexta, das 10h às 19h e aos sábados das 10h às 17hEntrada FrancaFotos anexadas: Crédito Alexandre Böer1. Minotauro na Charqueada, de 2000. Técnica acrílica e óleo medidno 0,70 X 0,70;2. Da série Balonismo, de 2007.3. A modelo Ledir Krieger pintada por Danúbio Gonçalves
Danúbio GonçalvesRetrospec�va
Visitação e funcionamento: Seg. - Sex. 10:00 às 19:00 hrs | Sáb. - 10:00 às 17:00 hrs | (51) 3228 6900 | [email protected]
|www.galeriaespacoculturalduque.com,.brRua Duque de Caxias, 649 - Centro Histórico |Porto Alegre RS./
A obra do mais importante gravador bagense e vanguardista da esté�ca do realismo socialista nos anos 50, estará reunida na retrospec�va da
Galeria Espaço Cultural Duque, entre os dias 08 de outubro a 14 de dezembro de 2013. Curador: Wagner Pa�a
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AGENDAMENTO PARA GRUPOS E ESCOLAS CURSOS DE ARTE E HISTÓRIA DA ARTE
Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 8
O DO TEMPO MISTÉRIOPor de Porto Alegre/RS Berenice Sica Lamas
A quase obsessão pelo tema do tempo é uma caracterís�ca da contemporaneidade. A finitude
humana: por isto talvez esta necessidade imperiosa de fragmentar o tempo, fa�á-lo e servi-lo em porções –
minutos, horas, dias, semanas, meses, estações, anos, décadas, eras, datas – vamos nos enganando,
dispersando, ou nos tornando verdadeiros – e assim ocupando-o - deixando que de quando em vez escape
aquele mais inquietante: será que morro hoje? Por isto a sempre surpresa da morte, acidente, doença,
abandono, inanição, fome, fatalidade – fado, sina, des�no, fortuna, enfim, é o que nos sacode de uma letargia
– nos acorda/adormece para a vida ou nos adormece/acorda para a morte – não sei bem. “A vida é tão
inevitável quanto a morte”, já sublinhava Calvero, a personagem de Charles Chaplin em Luzes da Ribalta.
Estamos espremidos no tempo entre uma e outra. Fa�ando, controlando, dominando, à espera. Devir.
Precisamos destes recortes temporais como de ar, água e alimento, dividimos o dia na agenda, em
horas, preenchemos cada dia subdividido em compromissos que vão disfarçando a vida tão comprida como
ela é assim nós a cumprimos também lenta inexorável – começamos a morrer no dia de nosso nascimento, no
entanto I think to myself what a wonderful world. O tema do tempo sempre me foi muito atraente. Talvez
porque meu tempo interno, o tempo dentro, anda muito descompassado com o tempo externo e o tempo dos
outros. Os textos mais ins�gantes e clássicos sobre o assunto são o de Santo Agos�nho – em Confissões – de
Henri Bérgson, de Mar�n Heidegger e dos �sicos Ilya Prigogine e Stephen W. Hawking, fora Albert Einsten que
revolucionou de modo cien�fico o conceito. Afinal o passado e o futuro existem ou não? São três os tempos
que existem ou somente o presente? Que tal o presente do passado (a memória), o presente do presente (a
vivência direta) – por exemplo, neste exato momento o leitor lê este texto - e o presente do futuro (a espera).
Tempo em rede. Tempo em relação. Filmes de ficção cien�fica que abordam esta problemá�ca são meus
preferidos, máquinas do tempo ins�gantes. Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa também trata o tema
de forma deliciosa. Ainda Aristóteles reflete sobre isto, afinal em que os gregos não pensaram? Ele afirma em
sua �sica, que o tempo seria o movimento rela�vo ao antes e ao depois. Entretempo, fora do tempo, corte,
fragmento, rasura.
O universo está em expansão, eu estou em expansão, mas às vezes me contraio, imagine se o
universo inventa de se contrair... O caos nas galáxias e no sistema solar... A natureza do tempo, tempo
absoluto, imaginário, real, rela�vo, em qualquer direção, tempo enlouquecido, selvagem, surto do tempo.
Tempo interno, de elaboração, de transformação, de resolução interior. O tempo é uma dimensão enigmá�ca
da qual não se tem certeza alguma. Tempo real, tempo ilusão, tempo imaginação. O paradoxo do tempo. Para
Bérgson o fluxo de consciência é a caracterís�ca peculiar de nossa consciência, associada à memoria, tempo
que escorre, tempo do mundo, universal e impessoal. Duração. O filme pode passar ao contrário? Meu pai
gostava de fazer brincadeiras com o tempo em seus filmes caseiros: o líquido na jarra retornava ao
liquidificador ou eu e meus irmãos voltávamos a andar no escorregador do final ao começo, subindo de
costas, nos diver�amos vendo aquilo na tela, o tempo e as ações reiniciando ao contrário. E Ilya Prigogine
ensina que o tempo possui um papel cria�vo em todas as áreas e ninguém pode negar a presença das noções
antagonistas de ordens e desordens, equilíbrios e desequilíbrios, mas que, sobretudo o tempo precede a
existência. O tempo conduz o homem e não ao contrário, o homem nada nesta corrente de irreversibilidade,
elemento primordial do universo. Enquanto chronos é sequencial, linear, kairós é dimensão ver�cal e
profunda, intercruzando o plano horizontal da vida, conforme palavras de James Hollis. E aion o tempo do
acontecimento. É o tempo de indagar: quem sou (que modos de ser?), para onde estou indo (isso existe?)? E
não serão o relógio ou o sol ou os ciclos cronológicos que dirão, antes a reinvenção do conceito de tempo na
subje�vidade de cada um, plano ontológico.
Contudo, o bolero de Armando Manzanero pode dizer mais do que todos os teóricos e estudos da �sica:
“con�go aprendi ... que la semana �ene màs de siete dias...” Ou talvez o conceito de tempo na voz do poeta
Drummond: “o poeta conta o tempo pelo amadurecer dos poemas, pelo sen�do das coisas imersas de
poesia”. Ou Fernando Pessoa: “Hoje já não faço anos. Duro.”
Costumo achar tudo um tanto lento, porque meu giro é rápido – às vezes veloz turbilhonante - no ler, no
escrever, no pensar, no falar, no caminhar, no comer, no dirigir, no perceber, fazer as coisas em geral. Minha
mente em demasia. Caos e ordem. Sucessão e bagunça. Nada é fixo, tudo pulsa. Não tem remédio, acostumei-
me, estou mais adaptada e tolerante. Às vezes interrompo os outros quando falam, porque meu pensamento
já está no porvir, sei que isto pode ser danoso às relações interpessoais. O tempo jorra, o tempo nos jorra, nós
jorramos tempo, estamos todos dentro dele. Necessitamos, sim, tempos de encontro, dobras, amassados,
tempo que dura: de potências e acontecimentos.
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Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 9
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Divulgação
SESSÃO DE CINEMAPLATAFORMACINEMA
Por de Porto Alegre/RS Davi Pretto, Giovani Borba, Paola Wink
Uma base para se estar mais próximo aos filmes, pensando os filmes e pensando o cinema.
Foi com esse desejo que concebemos a Plataforma; imaginando uma estrutura horizontal, pra�camente suspensa, onde se pode ir além. Um espaço para compar�lhar a experiência cinematográfica da sala, e que além dela, na descoberta de novos filmes, de novos realizadores. Lugar que nos aproxima do horizonte e nos convida à contemplar, nos convida à refle�r.A Plataforma carrega um conjunto de idéias e ações que venham a encontrar novos caminhos para a situação paradigmá�ca que nos encontramos atualmente na cinematografia brasileira. Vemos uma quan�dade grande, ainda que desigual, de ações e inves�mentos governamentais, aliado com a facilidade trazida pela transformação para os equipamentos digitais (câmeras, projetores, etc). Vemos uma quan�dade bastante significa�va, e que cresce exponencialmente, de filmes nacionais lançados, inúmeros novos realizadores de lugares que antes eram desprovidos da possibilidade de produzir. Vemos a formação e crescimento de movimentos e realizadores que buscam uma produção mais horizontal e igualitária de criação cole�va, que corre em paralelo e independente de um modelo industrial. Porém há ainda um abismo que distancia a possibilidade de diálogo e inclusão desses filmes e cineastas com produções de grande orçamento e o circuito comercial “de shopping”. Nessa inclusão, quando ocorre, essas obras são forçadas a se enquadrar em um modelo industrial, que se propuseram a contrapor. A democra�zação das salas de cinema não legi�maria esse novo cinema, afinal essas obras já percorrem um circuito completo por si só. Fes�vais, mostras, cineclubes e exibições online que já somam números de público para essas obras, maiores que filmes de grande orçamento que pairam apenas em uma rede convencional de exibição. É imprescindível pensarmos como esses dois modelos de fazer cinema podem interagir sem a necessidade de nenhum deles perder sua personalidade. Essa questão da afirmação e preservação do âmago desse novo cinema também é indiretamente abalada quando ações do estado de financiamento fazem realizadores submeter seus projetos em modelos clássicos, onde são exigidos documentos dignos de uma proposta industrial. Roteiros, metas e jus�fica�vas. Projetos de realizadores internacionais renomados que trabalham com propostas fluídas e híbridas de encontro e acaso, dificilmente seriam aprovados em editais no modelo encontrado no Brasil. Ainda parece que esbarramos em um pensamento de criação de um produto óbvio, como uma linha de montagem. Mais uma vez, vemos uma tenta�va inadequada de controlar e definir o descontrole.A diversidade cinematográfica atravessa as fronteiras entre gêneros, bitolas, formatos, meios de exibição, de linguagem e metragem. Desta mesma maneira, pensamos que uma janela para este outro cinema pode se apresentar de maneiras também diversas, onde o formato com que se apresentam os filmes, é parte de uma proposta ar�s�ca que busca novas direções.Foi deste pensar os filmes que queremos mostrar, e como mostrá-los, que surge a SessãoPlataforma. Com o entendimento de que a Plataforma não está para uma mostra, tampouco um fes�val de filmes. Nossa proposta é oferecer uma sessão única, e mesmo exibindo regularmente, essa premissa da sessão única, faz de cada uma das sessões uma nova edição, para um pequeno universo específico de cinema. Onde cada filme traz uma reflexão, imprime uma idéia, aponta novos caminhos, proporciona um outro olhar. Uma experiência cinematográfica periódica e extensiva; um formato horizontal, ao invés do formato ver�cal, intensivo e anual de eventos do gênero.A Sessão Plataforma é apenas uma das vertentes desta rede maior que propomos para refle�r, exibir, escrever e produzir junto com esse novo cinema. Desta Plataforma, nosso olhar se lança neste horizonte, em busca da produção contemporânea ao redor do mundo que explora nas possibilidades narra�vas e esté�cas, sem ar��cios mirabolantes, que atritam, provocam e ins�gam; que possam reinventar um certo fazer cinematográfico, sob a ó�ca das mais diferentes culturas, de onde volta e meia, nos surpreendem aquelas cinematografias pouco conhecidas.A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria da Cultura de Porto Alegre, em parceria com as produtoras Tokyo Filmes e Livre Associação, dá início no dia 27 de agosto próximo ao projeto Sessão Plataforma. Realizada mensalmente na Sala P. F. Gastal da Usina do Gasômetro (3º andar), a Sessão Plataforma irá exibir filmes de produção recente, de diferentes nacionalidades, com caráter predominantemente independente e sem distribuição comercial garan�da no Brasil. Com curadoria de Davi Pre�o e Giovani Borba, e produção de Paola Wink, a Sessão Plataforma já tem confirmada para os próximos meses a exibição de importantes filmes que circularam nos principais fes�vais do mundo todo e no Brasil passaram apenas pela Mostra de Cinema de São Paulo ou pelo Fes�val do Rio, como Room 237, de Rodney Ascher, Bes�aire, de Denis Cotê, The Invader, de Nicolas Provost, e Leviathan, de Lucien Castaing-Taylor e Verena Paravel. A cada sessão, a Plataforma vai anunciar o filme seguinte da programação, em um trabalho que procura difundir um novo cinema e uma busca de realizadores com outros olhares, aproximando Porto Alegre do circuito de exibição do centro do país, do qual atualmente a capital gaúcha se vê ainda muito distante. A Sessão vai produzir conteúdo sobre os filmes e os realizadores, par�lhando nas redes e no seu site, entre eles, vídeos com os realizadores, ar�gos e entrevistas.
Porto Alegre | | 2013 | ARTES | Setembro 11
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Localizado na Cidade Baixa e especializado em cocktails e drinks especiais, Dirty Old Man Cocktail Pub possui uma temá�ca inspirada na obra literária do mais boêmio dos escritores: Charles Bukowski.
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A Boêmia cabe mais no ParangoléAgora cabe mais boêmios no Parangolé (Lima e Silva, 240) Claudio pôs a disposição dos seus clientes um novo e aconchegante ambiente no tradicional ponto da boêmia da Cidade Baixa.
IN sano PubEcle�smo é a palavra que melhor define o IN Sano Pub, com a presença de publico de vários es�los. Não há como não gostar da vasta e eclé�ca programação com noites de Pop Rock, Rock, MPB,Black Music, além da Big Band a The Brothers Orquestra, às segunda, e tem mais, muito mais.
512 Bar Espaço Cultural
Os codimentos do cardápio são colhidos na horta da própria casa. A noite servem cervejas portoalegrenses e drinkes ao som de bandas que transitam entre samba e jazz. João Alfrefo, 512 – Cidade Baixa
AGENDA OUTUBRO
01 (ter) Vinícius Todeschini - MPB02 (qua) Boteco 51203 (qui) Bumble Bee - Surfrock 04 (sex) Karen Wolkmann e Banda - Jazz Brasil05 (sáb) Clave de Fá - Groove Reggae Rock
08 (ter) Marcela Sosa Trio - MPB/Blues09 (qua) Mila Pulita - Acús�co Jazz 10 (qui) Los 4 amigos - Jazz/MPB 11 (sex) Musical Boca de Cadela - MPB/Samba12 (sáb) Kaiowá Reggae Music - Especial Bob Marley
15 (ter) Paulo Mineiro - Rock/MPB16 (qua) Boteco 51217 (qui) Música em Preto e Branco 18 (sex) Trem Imperial - Reggae/Rock19 (sáb) Ale Ravanello Blues Combo
Foto: Mariana Lopes Mari Lopes Foto & Imagem
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O prazer de viver a noiteRua da Republica, N°30
Apoio Cultural :
Barão do Gravataí, 577Rua Lopo Gonçalves, 444 Rua João Alfredo, 512
Sons que ouço na
Foto: Mariana Lopes Mari Lopes Foto & Imagem
Rua da República, frente ao Tapas Bar
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Lima e Silva, 240
Cidade Baixa