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Texto integrante dos Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP UNESP-Franca. 06 a 10 de setembro de 2010. Cd-Rom SER DEKASSEGUI NO JAPÃO, A UTOPIA DA CIDADE DE TOKYO NAS PÁGINAS DA MADE IN JAPAN. Rafael de Almeida Serra Dias, mestrando, bolsista CNPq. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. www.pucsp.br Este trabalho é uma parte de um estudo mais amplo sobre a publicação mensal Made in Japan (M.i.J.), produzida pela Editora Japan Brazil Communication (J.B.C.), com circulação e redação no Brasil e no Japão, com o mesmo conteúdo, totalmente escrita em português, iniciada em novembro de 1997. Nas duas últimas décadas do século XX, teve início um o processo de inversão do movimento migratório mundial, que implicou numa inversão de papéis: os países que recebiam imigrantes passaram a fornecê-los. O Brasil passava pelo que os economistas chamaram de a “década perdida” e por inúmeros planos econômicos mal sucedidos foi um desses que exportou imigrantes para várias partes do mundo.(KAWAMURA, 2003.) O Japão por sua vez conquistava os mercados mundiais, se tornando a segunda economia mais poderosa do mundo, dois exemplos simbólicos pontuais desse poder foram à montadora de automóveis Toyota, que alcançou a liderança mundial no setor, e a compra da indústria do cinema norte americano pela Sony. A inversão migratória entre países que, no passado, mantiveram laços de metrópole-colônia é comum, o que não foi o caso Japão-Brasil-Japão, que se particulariza pelo fato de a cifra atingir a casa de dois milhões de pessoas no período entre 1908 e o início de 2007. 1 Esta imigração para o Japão, assim como a realizada há cem anos para o Brasil, não se restringiu à questões puramente econômicas ou técnicas, mas envolveu outra questão; desta vez não era o “branqueamento” 2 , mas algo com um projeto muito semelhante. 1 Dados disponíveis em http://www.editorajbc.com.br. Acessada em janeiro de 2006. 2 Numa adaptação muito própria das teorias raciais européias difundiu-se o ideal do “branqueamento” que constituía na entrada de imigrantes europeus brancos que graças a sua superioridade racial, por meio de vários cruzamentos extinguiria índios, negros e mestiços e assim possibilitaria nosso sucesso enquanto nação. SKIDMORE, Op cit. SCHWARCZ, L.M. O espetáculo das raças cientistas, instituições e questão racial no Brasil. São Paulo, Cia das Letras, 1993. Para ver essa discussão e a participação dos jornais em: LESSER, J. A negociação da identidade nacional. Imigrantes, minorias e a luta pela etnicidade no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2001. p 198.

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Page 1: SER DEKASSEGUI NO JAPÃO, A UTOPIA DA CIDADE DE … XX Encontro/PDF/Autores e... · Rafael de Almeida Serra Dias, mestrando, bolsista CNPq. Pontifícia Universidade Católica de São

Texto integrante dos Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca. 06 a 10 de setembro de 2010. Cd-Rom

SER DEKASSEGUI NO JAPÃO, A UTOPIA DA CIDADE DE TOKYO NAS

PÁGINAS DA MADE IN JAPAN.

Rafael de Almeida Serra Dias, mestrando, bolsista CNPq.

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

www.pucsp.br

Este trabalho é uma parte de um estudo mais amplo sobre a publicação mensal

Made in Japan (M.i.J.), produzida pela Editora Japan Brazil Communication (J.B.C.),

com circulação e redação no Brasil e no Japão, com o mesmo conteúdo, totalmente

escrita em português, iniciada em novembro de 1997.

Nas duas últimas décadas do século XX, teve início um o processo de inversão

do movimento migratório mundial, que implicou numa inversão de papéis: os países

que recebiam imigrantes passaram a fornecê-los. O Brasil passava pelo que os

economistas chamaram de a “década perdida” e por inúmeros planos econômicos mal

sucedidos foi um desses que exportou imigrantes para várias partes do

mundo.(KAWAMURA, 2003.) O Japão por sua vez conquistava os mercados mundiais,

se tornando a segunda economia mais poderosa do mundo, dois exemplos simbólicos

pontuais desse poder foram à montadora de automóveis Toyota, que alcançou a

liderança mundial no setor, e a compra da indústria do cinema norte americano pela

Sony.

A inversão migratória entre países que, no passado, mantiveram laços de

metrópole-colônia é comum, o que não foi o caso Japão-Brasil-Japão, que se

particulariza pelo fato de a cifra atingir a casa de dois milhões de pessoas no período

entre 1908 e o início de 2007.1 Esta imigração para o Japão, assim como a realizada há

cem anos para o Brasil, não se restringiu à questões puramente econômicas ou técnicas,

mas envolveu outra questão; desta vez não era o “branqueamento”2, mas algo com um

projeto muito semelhante.

1Dados disponíveis em http://www.editorajbc.com.br. Acessada em janeiro de 2006.

2 Numa adaptação muito própria das teorias raciais européias difundiu-se o ideal do “branqueamento” que

constituía na entrada de imigrantes europeus brancos que graças a sua superioridade racial, por meio de

vários cruzamentos extinguiria índios, negros e mestiços e assim possibilitaria nosso sucesso enquanto

nação. SKIDMORE, Op cit. SCHWARCZ, L.M. O espetáculo das raças – cientistas, instituições e

questão racial no Brasil. São Paulo, Cia das Letras, 1993. Para ver essa discussão e a participação dos

jornais em: LESSER, J. – A negociação da identidade nacional. Imigrantes, minorias e a luta pela

etnicidade no Brasil. São Paulo: Editora UNESP, 2001. p 198.

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De acordo com SASAKI a presença de grupos étnicos diferenciados, constituí

um sério incômodo ao governo japonês, pois feriam os padrões de homogeneidade

racial, elementos, fundamentalmente valorizados na cultura japonesa. Por essa razão,

governo e empresários optaram pela imigração seletiva de uma mão-de-obra pertencente

ao mesmo grupo étnico, mas nascida, no entanto, nos países em crise da América

Latina, dentre os quais o Brasil possui a maior colônia. (1998)

Em 1990, a rota Brasil-Japão deixou de ser ilegal3 e, com isso, inaugurou-se uma

nova etapa na relação entre os dois países. Na sociedade japonesa a palavra dekassegui

significa ir trabalhar longe. Primeiro se usava tal expressão para os imigrantes que iam

fazer a colheita no Havaí ou Canadá no século XVIII e voltavam para o arquipélago

nipônico, após o trabalho. Vale à pena ressaltar que ao nomear os brasileiros de

dekasseguis existe uma condição de sazonalidade imposta, ou desejada.

Esta população de brasileiros que chega ao Japão, lá encontra grande dificuldade

de comunicação e de adaptação ao trabalho e à cultura do país, num processo muito

semelhante ao enfrentado pelos seus ancestrais, que aqui aportaram4. As dificuldades

enfrentadas pelos dekasseguis em relação ao trabalho nas fábricas, são acentuadas

devido à falta de familiaridade com esse tipo de ocupação, que os próprios japoneses

designam de 3K Kitanai (sujo), Kiken (perigoso) e Kitsui (pesado) e de acordo com

Ocada: brasileiros erradicados no Japão, acrescentaram outros dois Ks: Kibishii (severo)

e Kirai (detestável).5

Imigração e imprensa têm, relações muito profundas6. Jornais e revistas, além de

informar e entreter seus leitores, exercem importante papel na vida social, pois formam

opiniões, denunciam e vigiam os poderes instituídos, a ponto de a imprensa ser

considerada por alguns, como um quarto poder. Essas funções ganham outros sentidos

quando consideramos que essa imprensa destinava-se a uma parcela específica da

população - os imigrantes - que se encontravam em ambiente hostil e necessitavam de

apoio e encorajamento.

3NINOMYA, M., Op. cit. Desde a década de 1980 percebe-se alteração em relação aos padrões dos anos

anteriores. Foi somente em 1990, porém que o governo Japonês facilitou a entrada dos nipo-brasileiros no

país. 4LESSER, Op cit, p.163 Um exemplo desta insatisfação fica claro em uma canção popular “Foi uma

mentira quando disseram que o Brasil era bom”. Para maiores informações ver, HANDA, T., Op.cit

p.123. SAKURAI. Op. cit, p.215 e NOGUEIRA. Op.cit. 5OCADA, F, K. A tecelagem da vida com fios partidos: As motivações invisíveis da emigração

dekassegui ao Japão em quatro estações. Tese (Dissertação de Doutorado em Sociologia) Araraquara,

SP: FCL – UNESP, 2006. 6Para saber mais DREHER, M.N., RAMBO, A.B. e TRAMONTINI, M.J.(orgs) Imigração & Imprensa.

Porto Alegre: Est/São Leopoldo: Instituto Histórico de São Leopoldo, 2004.

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Em 1992, apenas dois anos depois da migração tornar-se legal, foi criado um

meio de comunicação comercial para os brasileiros que estavam no Japão. Observe-se,

de saída, a diferença em relação ao início da imprensa japonesa no Brasil das primeiras

décadas do século XX. Nesse momento, os impressos eram produzidos de forma

precária, do ponto de vista gráfico, e sem a preocupação em aferir lucros. Durante o

Estado Novo, publicações em língua estrangeira foram proibidas de circular, restrição

que desapareceu apenas depois da Segunda Guerra Mundial. A imprensa japonesa

ressurgiu no Brasil, ainda que em outros moldes, agora mais comerciais.

O próprio fundador da Japan Brazil Communication (J.B.C.) o empresário

Masakasu Shoji teve a oportunidade de perceber a importância dessa imprensa. Depois

de viver trinta anos no Brasil, ele vendeu seus negócios aqui, e foi para o Japão

exclusivamente para criar um jornal voltado inteiramente aos dekasseguis. Ele mesmo

assume que devido ao seu antigo contato com a imprensa japonesa no Brasil, quando

ainda não dominava o português, que percebeu as potencialidades do mercado formado

pelos imigrantes e fundou seu negócio em moldes capitalistas. Assim surgiu à editora

J.B.C., cujo primeiro produto foi o matutino Jornal Tudo Bem, que circula até hoje com

periodicidade semanal.(ARAI, 2004.)

Totalmente escrito em português, o jornal tem como slogan a enfática frase: “um

guia de sobrevivência para os brasileiros no Japão”. À primeira vista, o seu título e

slogan parecem contraditórios, uma vez que se tudo está bem, não há necessidade de um

guia de sobrevivência. Porém, uma leitura mais criteriosa, revela que a idéia do jornal é

exatamente essa: sem recorrer a ele, o individuo estaria, como que perdido numa selva,

mas, com a ajuda do matutino, tudo se resolve de forma satisfatória.

Após cinco anos do seu lançamento, em 1997, a J.B.C colocou no mercado seu

projeto mais audacioso, a revista mensal Made in Japan (M.i.J.). E assim a editora

passou a atuar nos dois países, isto porque a publicação era – e segue sendo - escrita

inteiramente em português e circula, com o mesmo conteúdo, no Brasil e no Japão. Por

meio da revista, a editora promove discussões, ídolos nippo-descendentes e imagens

sobre o Brasil e o Japão, sem deixar de lado seus próprios produtos editoriais.

Na primeira vez que escreveu na M.i.J., seu fundador definiu-a como: “uma

revista especializada em assuntos do Japão.”7 Precisar o campo de atuação de uma

7 SHOJI, M.M.I.J. n 60 p 4 set 2002.

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revista é sempre um assunto complexo,8 ainda mais no caso dela, que possui a

singularidade de circular em dois países, dirigir-se a dois públicos distintos, com

necessidades e expectativas, nem sempre idênticas. Poderíamos facilmente classificá-la

como uma revista de variedades, porém isto por si só não basta.

A segmentação das revistas no mercado mundial e brasileiro, vêm acontecendo a

muito tempo e mais rapidamente no último quarto do século passado, como afirma

Maria Celeste Mira: o mercado de revistas vive, nos anos 90, uma aceleração desse processo. Uma

verdadeira avalanche de publicações superlota as bancas. No mercado brasileiro falava-se, em 1997, em

pelo menos 1.130 títulos diferentes. (2003. p.213.) Porém no fim da década de 1990 o mercado

brasileiro foi surpreendido com a revista Raça Brasil, que em 1996 se apresentou como

uma revista voltada para o público de origem africana, e fez um enorme sucesso, que

pode ser dimensionado nas palavras do seu primeiro editor Aroldo Macedo:

O primeiro número vendeu 300 mil exemplares, uma coisa absurda, um

fenômeno que colocou o Brasil no mapa. Em seis anos que eu tinha morado

nos EUA, nunca vi uma boa notícia do Brasil, a única boa notícia que teve foi

essa, seis colunas no NY Times falando sobre a revista, no Washington Post,

Atlanta, BBC de Londres,CNN. A gente passou uns dois meses, quase três

meses, sem trabalhar direito, só dando entrevista para o Brasil inteiro, para

todos os correspondentes do mundo inteito, Portugal, Holanda, um clipping

gigantesco. (BONFIGLI. 2002.)

Devido à proximidade entre os lançamentos das revistas, não se pode negar que

existem semelhanças entre a Raça Brasil (RB) e a Made in Japan. A igualdade de

tratamento da mídia em relação às etnias, diferentes da européia branca, vai claramente

unir as duas publicações, mas não só isso, a segmentação do mercado das revistas já era

um fenômeno consolidado nos resto do mundo, como confirma Roberto Civita em

1991:

Não há ainda revista para a mulher que trabalha, a mulher executiva. Eu li

uma revista para executivos negros nos EUA, e você vai dizer: qual a

diferença do executivo negro e do executivo branco? É que ele tem certos

problemas que o executivo branco não tem... Uma das maiores revistas nos

8MARTINS, Ana Luiza. Revistas em revista. Imprensa e práticas culturais em tempos de República, São

Paulo (1890-1922). São Paulo: EDUSP: FAPESP: Imprensa Oficial do Estado, 2001.

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EUA em circulação é a revista para gente aposentada. Nós temos centenas de

categorias, que precisamos é ter mercado – de leitores e de anunciantes.9

No depoimento do maior empresário do ramo de revistas do Brasil, percebemos

que para a circulação das mesmas é necessário ter leitores sim, mas também é muito

importante ter anunciantes dispostos a financiar tal projeto editorial. Essa última

questão nem sempre tem seu valor reconhecido nos estudos sobre a imprensa no país.

Com isso, não negamos a importância do estudo dos conteúdos da revista, mas para se

fazer um estudo de qualidade, o conteúdo e forma devem ser igualmente valorizados e

investigados, para se entender, totalmente, qualquer projeto editorial.

Com isso não se quer dizer que as revistas são só fruto dos anunciantes, mas

como ressaltou Civita, uma publicação necessita dos dois, só com eles é que se alcança

êxito num projeto editorial. Levanto a hipótese, que a grande contribuição da RB, foi

justamente a demonstração de que havia um público que estava à margem das

publicações brasileiras, em relação à identificação e que a procura desse público em

uma revista que o retrata, permitiu a propaganda de muitos produtos, até então sem

espaço para atingir seu consumidor, um fortaleceu o outro e pavimentou a possibilidade

de publicações étnicas de um novo formato.

A M.i.J. como já foi dito, tem a particularidade de ser distribuída em dois países,

o que, por mais que ela negue, ou não afirme, atrai dois públicos distintos, com

realidades diferentes, por mais que em alguns momentos a revista afirme que escreve

para descendentes de japoneses, não importando onde eles estão, no Brasil (nikkeis) ou

no Japão (dekasseguis).

Para os que vivem no Brasil, produtos de beleza, tratamentos estéticos,

cabeleireiros, restaurantes, artes marciais, comidas típicas e bebidas, são produtos que

claramente se encaixam na categoria que escrevemos acima; um mercado de anúncios e

leitores preteridos em outras publicações, que conseguiram um canal de encontro.

Além desses anunciantes, a Made in Japan tem outro grande grupo que está

diretamente voltado para o negócio criado pela lei que permite a imigração legal para o

Japão, desde as empreiteiras que levam os brasileiros para as empresas no Japão, às

companhias aéreas, os bancos que transferem e convertem o yen ganho no arquipélago,

para as famílias que ficaram no Brasil, ou para um grande investimento na volta ao país.

9 “Abril faz plano de vôo para dobrar faturamento em cinco anos” , Meio & Mensagem, 15/7/91

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Estes anunciantes têm o interesse direto em manter esse movimento de

populações entre os dois países, pois deste deslocamento, que seus negócios

sobrevivem, ou no mínimo lhe concede grande lucro. Isso dentro da análise da revista, é

extremamente importante, pois ao considerar estes dois grupos de anunciantes, podemos

ressaltar a diferença brutal entre eles, afinal, um produto para cabelo, e se tornar um

imigrante, tem um abismo de diferenças entre si.

Para melhor compreender estas diferenças, uma breve análise de alguns anúncios

pode ser muito interessante:

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As mensagens contidas nestes anúncios são claras e diretas, como se pode

perceber ao pensar nos seus slogans: “moeda forte”, “Dê a volta por cima” ou “Com um

pouquinho todo mês, você pode transformar seus sonhos em realidade”, só coisas

positivas são veiculadas para produzir uma relação de sucesso entre a o ser imigrante, e

realização financeira. Além do produto, existe a produção de sentimentos.

A Made in Japan, não fica a parte disto, pelo contrário, age diretamente neste

sentido de construir e vender sonhos em suas páginas, que ligam a imigração à

realização e as questões identitárias, tão importantes no nosso mundo globalizado, em

que existe um “mal estar” em relação à identidade, antes singular, agora cada vez mais

múltipla e posicional, segundo o autor inglês Stuart Hall:

globalização tem de fato o efeito de contestar e deslocar as identidades

centradas e “fechadas” de uma cultura nacional. Ela tem o impacto

pluralizante sobre as identidades, produzindo uma variedade de

possibilidades e de novas posições de identificação, e tornando as identidades

mais posicionais, políticas, plurais e diversas; menos fixas, unificadas ou

trans-históricas. (2005. p.67.)

Ao tentar construir uma identidade fixa e una, a M.i.J. busca reconfortar esses

descendentes, suprindo este dito “mal estar” da pós modernidade, deixando de lado

dúvidas e lhes apresentando um porto seguro, que é a valorização do sentimento de ser

descendente de japonês. Isso se dá, por meio da construção de discursos que

exemplificam o que é ser japonês e o que é o atual Japão. Entender esta questão é

importante, pois a singularidade do movimento dekassegui, engloba esta volta às

origens, além da questão econômica, como destaca OCADA:

Existem, além dos fatores econômicos e estruturais, elementos invisíveis que

imprimem outros significados a esta migração. O desejo de conhecer a terra

dos antepassados, viver novas experiências e aprender a língua japonesa, são

outras justificativas dadas pelos trabalhadores, que não excluem a pretensão

de ganhos financeiros, mas são indicativas de uma outra busca, de natureza

existencial e identitária.(2007. p.51)

Nas páginas da Made in Japan existe a construção de um local, onde todas as

qualidades estão reunidas; é a representação da utopia da cidade, onde tudo funciona, e

é harmônico; onde não existem conflitos e tudo é perfeito. Este lugar, segundo a revista,

é Tóquio. Nela se encontra: segurança, as melhores lojas, os grandes eventos, a moda

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mais moderna do mundo, a diversão, a cultura, o moderno e a tradição. Tudo se

condensa na capital japonesa.

Esta representação de Tóquio como utopia, feita nas páginas da revista M.i.J. é

extremamente bem construída e consegue unir diversos dos seus interesses, ao criar algo

que serve para a alimentação do sentimento da valorização, do que é ser japonês. Isto

atinge tanto aos dekasseguis, como aos nikkeis, e aos anunciantes relacionados ao

negócio da imigração para o Japão.

Este discurso ufanista da perfeição de Tóquio, tem significado e sentido nas três

categorias citadas acima, porque: os dekasseguis vivem nas áeras industrializadas do

Japão, que são distantes da capital; os nikkeis estão no Brasil, por isso não tem contato

algum com a cidade, e os anunciantes que se aproveitam da expectativa de se conhecer

Tóquio, para motivar ainda mais a imigração para o arquipélago nipônico.

Porém, não podemos ficar só com a leitura da revista sobre a cidade de Tóquio,

uma vez que não a entendo como reprodutora imparcial de fatos, pelo contrário, nego

esta afirmação e compactuo com a historiografia que percebe a imprensa “como instrumento

de manipulação de interesses, concebendo-a como agente da história que ela também registra e comenta.”

(CAPELATO e PRADO, 1980, p.XIX).

Existem estudos que mostram que nem tudo é perfeito no Japão para os

dekasseguis, como a representação de Tóquio nas páginas da Made in Japan sugere. Por

exemplo, a vida do imigrante na fábrica, como mencionamos anteriormente bastante

dura, porque além das longas horas de trabalho no Japão, existe hoje um sistema de

administração empresarial chamado de “toyotismo” ou “modelo japonês”,

extremamente cruel com o trabalhador, como o livro Japão a outra face do milagre de

Kamata Satoshi, esclarece tão bem como isso afeta a vida dos operários. Podemos

constatar neste trecho de Ocada:

Esta mesma precisão controla a vida de todos os trabalhadores dentro e fora

da fábrica, aprisionando-os em uma rotina de trabalho desumanizaste, que

acaba por conduzir o indivíduo a uma vivência depressiva. A vida de cada

trabalhador é integralmente dominada pelo processo produtivo. A regulação

do tempo na esfera do trabalho determina, também, o tempo no espaço

privado, representado pelos alojamentos, formando um continuum

indissociável, no interior do qual todos os dias tornam-se iguais. (p.17)

Os relatos de seu presidente Masakazu Shoji em relação à fábrica são

significativos: “Muitos trabalhavam em um sistema de semi-escravidão, tinham dificuldades de se

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adaptar ao país por causa da diferença do idioma e da cultura, da mesma maneira como aconteceu com os

primeiros imigrantes que vieram ao Brasil” (Arai, 2004 p-261)

Como se percebe, o dono da JBC sabe muito bem quais são as verdadeiras

condições de trabalho dos dekasseguis, porém em sua revista, o tom em relação a estas

dificuldades é bem diferente, existem distorções e omissões e todas são construídas para

a valorização do Japão, como no trecho abaixo, pertencente a seção Eu e o Japão na

edição:

Faltavam apenas dez minutos para eu ir embora. De repente, a prensa onde eu

trabalhava baixou sobre a minha mão direita. Nem senti dor, mas quando

olhei, percebi que estava cheia de sangue. Nessa fábrica, não se costuma ligar

o sensor de segurança de prensa porque dizem que o trabalho rende mais...

Nunca tive apoio para recorrer a Justiça. Mas agora pretendo processar a

empresa. Muitos brasileiros dizem que eu vou ganhar a maior grana com a

indenização, mas eu só quero o que é justo. Mesmo assim, não reclamo do

Japão. (Ano 3 número 31, p.51)

Apesar do dedo amputado, e a falta de assistência, e o processo que ele pretende

mover, sua fala termina com um elogio do Japão. Claramente isto não acontece por

acaso; a escolha dos depoimentos tem a intencionalidade de passar uma mensagem de,

apesar de tudo, até mesmo perder um dedo, não se pode reclamar do Japão.

Por meio dessas representações, que buscam a todo custo construir uma imagem

bela da vida dos dekasseguis no arquipélago nipônico, mesmo com todas as dificuldades

que existem, entendemos que a eleição de Tóquio como uma utopia, é realizada

justamente para contrapor a vida nas fábricas, tão duras, como acabamos de ver.

As matérias que construem essa visão utópica da capital nipônica, tem uma

relação direta com a vida diferente da levada na fábrica. Dentre os temas, temos grandes

eventos de lançamento de carros e video-games modernos, que muitas vezes tem peças

construídas pelos dekasseguis, mas nunca são consumidos por eles. Existem vários

temas em que Tóquio apareceu nos últimos doze anos na Made in Japan.

Na edição número 1, a primeira capa da revista tem o título: Tóquio, a metrópole

mais segura do mundo, com dez páginas de muito texto, fotos e a comparação entre São

Paulo e a capital nipônica, constante a todo o momento, sempre apontando as grandes

disparidades entre as cidades, como por exemplo:

A maior cidade do planeta, com 24 milhões de habitantes, teve

apenas 501 assaltos e 117 assassinatos em 1996. Esses números, por si só, já

causam espanto. Quando comparados aos de outras metrópoles, tornam-se

ainda mais impressionantes. Na maior cidade brasileira, São Paulo, onde

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moram 15 milhões de pessoas, ocorreram no mesmo período 54.518 assaltos

e 4.891 assassinatos. Mas é nas estatísticas dos assaltos a banco e dos

seqüestros que se tem a real dimensão de como é possível viver sem

sobressaltos a cada minuto. Estas ocorrências são tão raras que nem constam

das estatísticas divulgadas pela polícia. (Ano 1, número 1, p.23)

Em outro momento de exaltação das qualidades de Tóquio, onde se compara a

realidade brasileira: “morar em cidade grande, viver como no interior”, dizendo que se

tem todas as qualidades de uma metrópole; - redes de transportes, serviços, opções

culturais, lazer - e não existe as preocupações com segurança, tendo qualidades de

cidade do interior elencadas pela M.i.J como viver de porta aberta, crianças andando

sozinhas na rua, carros destrancados. Para exemplificar podemos selecionar um trecho

que sintetiza bem o teor da reportagem toda:

Em metrôs lotados, as mulheres carregam a bolsa aberta com a carteira à

vista. Os homens jogam as pastas executivas no bagageiro e dormem

tranquilamente. Nem mesmo os bêbados correm risco. Largam as carteiras

soltas e caem no chão. Ninguém, sóbrio ou não, parece achar que possa

acontecer qualquer tipo de violência. (Ano 1, número 1, p.24)

De acordo com a revista, até os bêbados tem uma vida melhor em Tóquio, pois

estão mais seguros lá, do que em qualquer outro lugar do mundo. Depois de toda essa

argumentação em favor da segurança que lá existe, temos as fotos onde essa

tranqüilidade é apresentada para o público, com legendas que resumem os textos

anteriores.

Depois de tudo isso, chega um momento em que as razões para o sucesso da

cidade são elencadas de acordo com a M.i.J.: país rico, povo classe média, emprego,

educação para todos, defesa da honra, polícia eficiente e rigor nas punições. A

construção dos motivos, é um anuncio fantástico para a migração para o Japão,

independente de qualquer coisa.

Ao comparar com a situação do Brasil em 1997, isso se torna ainda mais latente,

pois, a segurança era um tema fartamente retratado nos outros meios da imprensa

nacional, como por exemplo, na revista Veja da editora Abril, que em 26 revistas teve o

tema da segurança em 11 edições. 10

10

Informação disponível em www.veja.abril.com.br/arquivo-1997-2001.shtml em 20/05/2010.

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Texto integrante dos Anais do XX Encontro Regional de História: História e Liberdade. ANPUH/SP – UNESP-Franca. 06 a 10 de setembro de 2010. Cd-Rom

Na edição 113 da M.i.J. a matéria de capa teve o seguinte título Harajuku, o

lugar mais moderno do Japão - Aqui nasce a moda de rua mais criativa do mundo.

Temos só está breve apresentação nas duas primeiras páginas seguidas de muitas fotos:

“Prepare-se para um giro pela região em que a ousadia não tem limites. Aqui nasce a mais criativa moda

de rua, fonte de inspiração para estilistas do mundo todo. Veja, nas ruas, o que ainda nem chegou às

passarelas das Fashion Weeks”. Nota-se pela construção do texto, a exaltação ao bairro que,

segundo a revista, ditaria a moda das passarelas, mais do que as cidades

tradicionalmente ligadas a moda, como Milão ou Paris.

O infográfico apresentado

aqui na imagem, é recorrente nas

matérias das páginas da M.i.J.,

com um estilo leve e uma

linguagem bem próxima de um

guia turístico, ele aponta lugares

a serem visitados, com lojas e

outras coisas a serem vistas,

Permitindo ao leitor ter a

impressão de facilidade e

familiaridade em relação ao

local.

O lado cruel de tudo isso é que não existe espaço para o dekassegui na cidade de

Tóquio, lá não há empregos disponíveis para eles, e sua vida de trabalho nas fábricas

nos alojamentos ou próximos das indústrias, são muito diferente da elaborada pela

Made in Japan sobre a capital japonesa.

Por isso, a importância dentro do discurso da revista em construir um lugar

inalcançável dentro do Japão, onde a utopia é possível, a segurança, o emprego fixo sem

longas jornadas, as lojas chiques, os caríssimos mini-apartamentos, os eventos

mundiais, o paraíso dos eletrônicos, tudo isso foi bem pavimentado pela M.i.J..

Para conseguir se manter enquanto projeto editorial, sustentado pelo público e

pelos anunciantes, a Made in Japan elaborou uma série de estratégias, dentre elas a

eleição do lugar sem conflito, devido a longevidade, - mais de dez anos - dessa

construção. Podemos considerar que o consumo dessa utopia teve significação para os

seus receptores e também satisfez os anunciantes. Como este processo se deu, é um

desafio a ser enfrentado, pois, na nossa sociedade massamidiática existe um

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esvaziamento de sentidos e discursos, ir na contramão deles e estudá-los, se torna

candente.

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