semmais 12 marco 2016

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A CASA DO PEIXE RESTAURANTE SETÚBAL PORTUGAL RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167 Sábado 12 | Março | 2016 Diretor Raul Tavares Semanário | Edição 893 | 9ª série Região de Setúbal Distribuído com o Expresso Venda interdita semmais SOCIEDADE PÁGINA 4 CARTA DO ONCOLOGISTA DEMISSIONÁRIO NO BARREIRO É ARRASADORA O documento que explica as razões pelas quais Jorge Espírito Santo, diretor do serviço de Oncologia do Centro Hospitar do Barreiro, bateu com a porta, fala em falta de apoio da administração e práticas clínicas desajusta- das. O Semmais teve acesso ao documento. SOCIEDADE PÁGINA 5 PEDITÓRIO DA CÁRITAS RENDEU MENOS QUE O DO ANO PASSADO Menos dinheiro angariado, menos paróquias envolvidas e alguma desmotivação dos que normalmente são solidários, são o resultado do peditório deste ano da Cáritas Diocesana de Setúbal. A ação rendeu cerca de 19 mil euros, menos quase 9 mil que o do ano transato. NEGÓCIOS PÁGINA 13 FÁBRICA DA NAVIGATOR EM SETÚBAL VAI TER MEGA CENTRAL SOLAR A unidade da e Navigator Company, na Mi- trena, em Setúbal, antiga Portucel, vai receber a maior central solar fotovoltaica do país. São 8800 painéis solares a instalar em cerca de 13 mil metros quadrados. A central vai produzir cerca de 3 mil e cem kwh por ano. MINISTRA DO MAR ABRE PORTAS DE SINES A PAQUISTANESES Dias antes de Ana Paula Vitorino ter-se deslocado ao porto de Sines para inaugurar o novo entreposto frigorífico da Friopuerto Investment, instalado na Zona de Atividades Logísticas daquela plataforma portuária, e de ter garantido que tudo irá fazer para a expansão do Terminal XXI, ficou a saber-se do interesse paquistanês de investir em Sines. A ministra escancarou as portas. NEGÓCIOS PÁGINA 12 © D.R. PUBLICIDADE

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Edição do Semmais de 12 de Março

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Page 1: Semmais 12 marco 2016

A CASA DO PEIXERESTAURANTE SETÚBAL PORTUGAL

RUA GENERAL GOMES FREIRE 138 | 960331167

Sábado 12 | Março | 2016

Diretor Raul TavaresSemanário | Edição 893 | 9ª série

Região de SetúbalDistribuído com o Expresso

Venda interditasemmais

SOCIEDADE PÁGINA 4CARTA DO ONCOLOGISTA DEMISSIONÁRIO NO BARREIRO É ARRASADORAO documento que explica as razões pelas quais Jorge Espírito Santo, diretor do serviço de Oncologia do Centro Hospitar do Barreiro, bateu com a porta, fala em falta de apoio da administração e práticas clínicas desajusta-das. O Semmais teve acesso ao documento.

SOCIEDADE PÁGINA 5PEDITÓRIO DA CÁRITAS RENDEU MENOS QUE O DO ANO PASSADOMenos dinheiro angariado, menos paróquias envolvidas e alguma desmotivação dos que normalmente são solidários, são o resultado do peditório deste ano da Cáritas Diocesana de Setúbal. A ação rendeu cerca de 19 mil euros, menos quase 9 mil que o do ano transato.

NEGÓCIOS PÁGINA 13FÁBRICA DA NAVIGATOR EM SETÚBAL VAI TER MEGA CENTRAL SOLAR A unidade da The Navigator Company, na Mi-trena, em Setúbal, antiga Portucel, vai receber a maior central solar fotovoltaica do país. São 8800 painéis solares a instalar em cerca de 13 mil metros quadrados. A central vai produzir cerca de 3 mil e cem kwh por ano.

MINISTRA DO MAR ABRE PORTAS DE SINES A PAQUISTANESESDias antes de Ana Paula Vitorino ter-se deslocado ao porto de Sines para inaugurar o novo entreposto frigorífico da Friopuerto Investment, instalado na Zona de Atividades Logísticas daquela plataforma portuária, e de ter garantido que tudo irá fazer para a expansão do Terminal XXI, ficou a saber-se do interesse paquistanês de investir em Sines. A ministra escancarou as portas.

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2 | SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016

SEMANADUAS CRIANÇAS RESGATADAS

DE PEDREIRA ABANDONADA EM SINESDUAS CRIANÇAS, COM 12 E 13 ANOS DE IDADE FORAM

RESGATADAS PELOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SINES NA PASSADA TERÇA-FEIRA, 8 DE MARÇO, NUMA PEDREIRA

ABANDONADA, NO COMPLEXO INDUSTRIAL DE SINES.OS MENORES, ESTUDANTES DA ESCOLA SECUNDÁRIA AL

BERTO, EM SINES, APROVEITARAM O FIM DAS AULAS PARA IREM BRINCAR PARA O LOCAL, QUANDO UM DELES ACABOU

POR CAIR DE UMA ALTURA DE 25 METROS. O AMIGO TENTOU AJUDÁ-LO, MAS NÃO CONSEGUIU.

OS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SINES RECEBERAM O ALERTA POR VOLTA DAS 17H00.

DEPOIS DE RESGATADAS, AS CRIANÇAS FORAM ENTREGUES AOS PAIS, SEM QUE HOUVESSE A NECESSIDADE DE IREM

PARA O HOSPITAL.NO LOCAL ESTIVERAM NOVE ELEMENTOS DOS BOMBEIROS

DE SINES APOIADOS POR TRÊS VIATURAS, APS E GNR.

A PSP deteve um homem de 22 anos, na madrugada da passada quarta-feira, por

posse de uma arma branca. A detenção ocorreu em Corroios, no concelho do Seixal, após o veículo onde o suspeito se en-contrava ter sido intercetado pelos agentes. Junto a um estabelecimento na Cruz de Pau, onde o veículo foi intercetado graças a uma perseguição ao longo de várias artérias, os agentes considera-ram suspeito o comportamento do jovem, que seguia com mais três indivíduos na viatura. Foi nessa altura encontrada uma navalha ponto e mola com o suspeito, o que resultou na sua detenção.

Detido junto a um estabelecimento comercial na Cruz de Pau por posse de arma branca

Dezenas de suinicultores da região manifestaram-se ontem, sexta-feira, em Lis-

boa, contra aquilo que rotulam de situação «insustentável». Dizem que o setor atravessa uma crise sem precedentes e que, dentro de um ano «estare-mos praticamente dependentes do estrangeiro». Em carta aberta ao ministro da Agricultura, Capoulas Santos, os suinicultores queixam-se que em Portugal é produzida a me-lhor carne de porco da Europa, mas as ajudas não existem e os prejuízos diários dos suiniculto-res são «insuportáveis, pelo que a não serem tomadas quaisquer medidas, o desaparecimento do sector é uma realidade, pondo em causa milhares de postos de trabalho e o fim da carne de por-co portuguesa». E recordam que recente-

mente, Bruxelas atribuiu uma ajuda de 500 milhões de euros para o sector do leite e da suini-cultura. A este montante, cada país podia adicionar igual valor. A Portugal coube 4,3 milhões de

Suinicultores da região exigem mais ajudas do Governo

euros e a suinicultura recebeu «zero». E questionam: «Os nos-sos colegas europeus recebe-ram dezenas de milhões de eu-ros. Como podemos competir com eles?».

O Comando Distrital de Setú-bal da PSP informa em co-municado que em Corroios,

pelas 12h00 do passado dia 9 de Março, foi detido um indivíduo do sexo masculino, com 21 anos de idade, por tráfico de droga. Os agentes da esquadra de Investigação Criminal no de-correr de um processo em in-

vestigação, lograram intercetar em flagrante delito o suspeito, o qual detinha na sua posse 1244 doses individuais de haxi-xe, 5310 euros em notas do Banco Central Europeu e uma munição calibre 38 special”. O detido é reincidente neste ilícito criminal e foi , no próprio dia, presente a tribunal.

Detido em Corroios com 1244 doses individuais de haxixe

Jovem de Fátima desaparecido há 15 meses foi encontrado em Palmela

A Polícia Judiciária de Setúbal (PJ) já localizou o jovem de 15 anos que desapareceu há

5 meses de uma instituição de Fá-tima, o seu desaparecimento ocorreu em outubro do ano pas-sado e nunca mais foi visto. Esta sexta-feira a PJ locali-zou o jovem em Palmela que já fugiu das instituições onde fre-quentou pelo menos três vezes, em comunicado a PJ revela que “é já a terceira vez que este de-partamento da Polícia Judiciária localiza a criança, entretanto institucionalizada, após o seu

desaparecimento ou fuga”. O adolescente encontra-se bem e já foi encaminhada para a instituição de onde fugiu.

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SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 3

SOCIEDADE

Serão cerca de cem mil os habitantes da região afetados por enxaque-

ca, sabendo-se que cada doente com este diagnósti-co faltará em média três a quatro dias por ano ao tra-balho ou à escola. A enxaqueca é uma das doenças neurológicas com maior prevalência na região, mas que, segundo os especialistas é, simulta-neamente, das mais sub-diagnosticadas patologias entre os três distritos, tra-tando-se de uma doença onde prevalece a auto--medicação, com recurso a medicamentos de venda livre, nomeadamente na sua fase mais primária, onde a patologia se asse-melha a uma «normal» dor de cabeça, segundo a

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

ESTE TIPO DE DOR DE CABEÇA É UMA DAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS COM MAIOR PREVALÊNCIA ENTRE A POPULAÇÃO DA REGIÃO

Cem mil sofrem de enxaqueca no distrito mas só dez mil vão ao médico

Prémios “Turismo do Alentejo” revelados este domingo em Sines

Cada doente com esta tipologia faltará em média três a quatro dias por ano ao trabalho ou à escola. No distrito apenas 10 por cento das pessoas recorre a ajuda dos profissionais.

SOCRABINE

COOPERATIVA DOS CAMIONISTAS FORNECEDORES DE MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO DE RESPONSABILIDADE, LDA

SEDE: R. Almirante Reis, 294 – Telef. 2121488902830-461 PALHAIS BRR

AREEIRO: Santa Marta de Corroios – Telef. 212538328 POSTO DE COMBUSTÍVEIS: Coina – Telef. 212102662

Assembleia Geral Ordinária

Nos termos do n.º 2 do artigo 45.º do Código Cooperativo e do n.º 2, alínea a), do artigo 20.º dos Estatutos, convoco a Assembleia Geral da SOCRABINE – Coope-rativa dos Camionistas Fornecedores de Materiais de Construção de Responsabili-dade Limitada, para reunir, em sessão ordinária, na nova sede na Estrada Nacional 10 em Coina, (Bombas) no dia 24 de Março de 2016 (Quinta-feira), pelas 19.00 horas, com a seguinte

ORDEM DE TRABALHOS:1.º - Apreciar e votar o relatório de gestão e as contas do exercício de 2015, bem como o parecer do concelho fiscal;2.º - Outros assuntos de interesse.

NOTA: Se, à hora marcada para a reunião, não estiver presente mais de metade dos cooperadores com direito de voto ou seus representantes devidamente credenciados, a assembleia reunirá, às 19.30 horas, com qualquer número de cooperadores, no mes-mo local, em conformidade com o disposto no n.º 3 do artigo 22.º dos Estatutos.

Palhais, 3 de Março de 2016

O Presidente da Mesa da Assembleia GeralFrancisco Simões Mateus

Sociedade Portuguesa de Cefaleias. De acordo com os mé-dicos, o único estudo epi-demiológico realizado em Portugal, mostra que ape-nas dez por cento da po-pulação que sofre de en-xaqueca - ou seja, no caso do distrito são cerca de dez mil pessoas - procura ajuda médica. Sabe-se, en-tretanto, que as mulheres são mais atingidas do que os homens. Em alguns indivíduos a dor de cabeça motivada pela enxaqueca traduz-se em perturbações visuais conhecidas como aura, náuseas e vómitos, sendo a causa da doença ainda des-conhecida, admitindo os especialistas que poderá envolver um funcionamen-to anormal dos componen-tes das células nervosas dentro do cérebro.

O neurologista Jorge Machado descreve que os principais sintomas são as dores intensas de apenas um dos lados da cabeça, podendo também haver náuseas e intolerância à luz e ao ruído. As crises podem durar entre quatro e 72 horas, alertando o es-pecialista que a melhor forma de se distinguir uma enxaqueca de uma dor de cabeça simples, é o facto de a enxaqueca pro-vocar dores mais intensas.

Pequena enxaqueca já é uma doença

«Quando as pessoas têm uma crise até costumam pedir para que não lhes toquem na cabeça e sen-tem agravamentos quan-do se baixa», refere, subli-nhando tratar-se a enxaqueca de uma «dor de

cabeça primária». Quer isto dizer, que, só por si, já é uma doença, pelo que as pessoas não devem ir à procura de alguma outra patologia que justifique essa mesma dor. As investigações reali-zadas mostram ainda que são as mulheres quem mais sofre com a doença, à ordem de três mulheres para um homem, admitin-do os especialistas que os fatores hormonais sejam determinantes. As enxa-quecas aparecem, sobretu-do, no período fértil da vida, entre a primeira e úl-tima menstruação, sendo curioso que nas gravidezes não há enxaquecas a partir dos três meses de gestação. Os especialistas alertam que a forma como cada um

faz o tratamento é também fundamental para analisar a sua eficácia. Por exemplo, um paciente que espere muito tempo para tomar a medicação corre o risco de a vomitar. Aconselha-se, por isso, iniciar o tratamento com antecipação (ou seja, logo que surjam os primei-ros sinais) e na menor dose possível. Os médicos garan-tem que é impossível impe-dir as crises, mas a enxa-queca pode ser adiada, suavizada e o seu impacto pode até ser reduzido. Para as enxaquecas moderadas ou ligeiras, os analgésicos comuns, como por exemplo, o pa-racetamol, o ácido acetil-salicílico e o ibuprofeno poderão ser suficientes. Outros medicamentos uti-

O Auditório do Centro de Artes de Sines vai ser palco, este ano, da

sexta edição dos prémios “Turismo do Alentejo, cujos vencedores vão ser conhe-cidos este domingo durante uma gala organizada pela Entidade Regional de Tu-rismo do Alentejo/Ribatejo. Segundo nota de im-prensa da ERT do Alente-jo/Ribatejo, para além dos galardões, vão ser também entregues algu-mas distinções e várias menções honrosas, assim como conhecidas as enti-

lizados são os antieméti-cos, que evitam os vómi-tos e diminuem as náuseas. Quando os anal-gésicos tradicionais não são suficientes, deve enca-rar-se a possibilidade de tomar medicação específi-ca para a enxaqueca. Ainda segundo os neu-rologistas, tomar medica-mentos regularmente contra a dor, sejam anal-gésicos simples ou medi-camentos para as enxa-quecas, pode causar o efeito contrário. Em vez de impedir as dores de cabe-ça, podem acabar por pro-vocá-las. O organismo habitua-se à medicação e a dor de cabeça acaba por ser causada pelo próprio tratamento: é o chamado “efeito rebound”.

dades e personalidades que a Turismo do Alentejo / Ribatejo e a Agência Re-gional de Promoção Tu-rística decidiram, extra concurso, galardoar pelo trabalho desenvolvido em prol da promoção turísti-ca do território. Este ano, concorreram à iniciativa 102 projetos do Alentejo e 20 do Ribatejo, num total de 122 candida-turas, mais 43 que no ano passado. O júri é presidido por José Manuel Simões (Centro de Estudos Geo-

gráficos/ Universidade de Lisboa), e conta também com António Lacerda (Agência Regional de Pro-moção Turística); José Manuel Santos (Turismo do Alentejo / Ribatejo) Ar-mando Rocha (Neoturis); Carina Monteiro (Publitu-ris); José Luís Elias (Tu-risver); Pedro Chenrin (Ambitur); Joana Emídio (O Mirante); José Miguel Piçarra (Diário do Sul); Jaime Serra (Universida-de de Évora); e Teresa Ferreira (Turismo de Por-tugal).

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SOCIEDADEPOSIÇÃO DE JORGE ESPÍRITO SANTO, DIRETOR DO SERVIÇO DE ONCOLOGIA DO CENTRO HOSPITALAR DO BARREIRO, DESENCADEOU “TEMPESTADE” JUNTO DO SETOR DA SAÚDE NA REGIÃO

Carta de demissão do diretor de oncologia no Barreiro arrasa administração e procedimentos

O documento a que o Semmais teve acesso le-vanta problemas graves que, se-gundo sublinha, comprometem aquele importan-te serviço clíni-co. Jorge Espíri-to Santo afirma que a prática da Oncologia na Instituição, «há muito discutida e aparentemente consensualizada, está cada vez mais longe de ser aplicada».

O diretor do serviço de Oncologia do Cen-tro Hospitalar do

Barreiro-Montijo, Jorge Espírito Santo, bateu com a porta, tendo deixado re-velações sobre o que se passa naquela unidade de referência que se transfor-maram no acontecimento da semana, levando a Or-dem dos Médicos a pedir uma investigação junto do hospital. O pedido de de-missão já foi aceite. Mas, afinal, o que es-

creveu Jorge Espírito San-to de tão relevante na car-ta para ter desencadeado uma espécie de tempesta-de no setor da saúde no distrito? Vamos por par-tes. O médico oncologista, que ocupou o cargo de di-retor do serviço durante 20 anos, garantiu que a sua intenção de se demitir «não é revogável». Fica no cargo até 30 de março, após a realização da visita de auditoria e com a qual afirma estar «comprome-tido». A demissão produzi-rá efeitos no dia 31 de março, regressando nessa

data à vaga de assistente graduado sénior de Medi-cina Interna do mapa de pessoal deste Hospital. «Este meu pedido é fundamentado pela recen-te perda de um especialis-ta de Oncologia Médica, cuja diferenciação e expe-riência era fundamental para reequilibrar e dife-renciar a equipa médica da unidade» começa por explicar, alertando que este especialista foi con-tratado em menos de duas semanas por outro hospi-tal (Setúbal), quando nesta instituição aguardava há

cerca de três meses pela autorização para efetivar o contrato de trabalho. Acrescenta que este episódio contribuiu para «tornar claro o nível de envolvimento do Conse-lho de Administração no apoio e na promoção des-ta valência», sublinha, continuando a justificar a saída com o facto de ape-sar de ter procurado ga-rantir condições mínimas para a prestação de cuida-dos de qualidade aos do-entes, não sentiu apoio dos gestores. «Considero não ser

possível, nas atuais cir-cunstâncias, desenvolver a prática da oncologia no Centro Hospitalar nas suas várias dimensões, quer organizativas quer no que respeita à qualida-de clínica e formativa, acompanhando o estado da arte e em condições que lhe garantam a credi-bilidade e a idoneidade», acrescenta a missiva.

Doentes afastadospara outros hospitais

O documento reconhe-ce que a organização da prática da Oncologia na Instituição, «há muito dis-cutida e aparentemente consensualizada, «está cada vez mais longe de ser aplicada, persistindo a ino-bservância de alguns pre-ceitos e critérios básicos da boa prática oncológica». Depois Jorge Espírito Santo pega na desorgani-zação de procedimentos, desagregação de circuitos e aumento de crispação entre profissionais «pon-do em causa a manuten-ção dos níveis mínimos de qualidade exigíveis. Cada vez mais doentes são tra-tados sem terem sido ava-liados em sede de consulta de decisão terapêutica multidisciplinar». Alega que estas reuniões «têm vindo progressivamente a transformar-se em fóruns

de desencontro de perspe-tivas em vez de espaço privilegiado para a deci-são em equipa». O médico diz mesmo que «cada vez mais doen-tes são afastados da pres-tação de cuidados e reme-tidos a outras instituições sem que sejam avaliados e discutidos em sede de consulta multidisciplinar de decisão terapêutica». O diretor demissioná-rio recorda ainda que ape-sar do parecer favorável da Comissão Oncológica e do interesse manifestado pelos gestores do hospital, “não foram até agora defi-nidas ou implementadas medidas que permitam ao Centro Hospitalar assumir a tipologia pretendida na nova estrutura da Rede de Referenciação de Oncolo-gia. Pelo contrário, o que se tem registado é a perda de competências, de capaci-dades e o aumento dos constrangimentos no acesso a cuidados. O médico diz também que se está a perder a oportunidades de trans-formar o Centro Hospita-lar numa referência para a área da Oncologia, pelo que não quer pôr em cau-sa os seus princípios e as perspetivas sobre a práti-ca da Oncologia. «Para além de que não pretendo contribuir para defraudar os doentes».

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

DIA ABERTO NA INSTITUIÇÃO JUNTOU PERTO DE DUAS CENTENAS DE PESSOAS

Conservatório de Artes sensibiliza público para aprendizagem da música

O Coral Luísa Todi (CLT), de Setúbal, viveu um dia muito

intenso, no dia 5 de mar-ço. O Dia Aberto, organi-zado pelo Conservatório de Artes do CLT, destina-do a todos os que quise-ram ter um primeiro con-tato com um instrumento musical, apresenta um balanço «bastante positi-vo» e contou com a envol-vência de «duas centenas» de pessoas. Luís Filipe Fernandes, o presidente do CLT, reve-lou que a boa adesão de pessoas ao evento é bem demonstrativa da «vitali-dade do coral e do desen-volvimento de atividades em várias áreas».

O Conservatório de Artes do CLT, que possui autorização de funciona-mento concedida pelo Ministério da Educação e Ciência, ministra vários cursos, oficiais e livres, de bateria, canto, clarinete, guitarra portuguesa, pia-no, viola, violino e saxo-fone. Isto sem falar na formação musical e nas classes de conjunto. A funcionar desde 2011/12, o Conservatório reúne maior número de alunos nas classes de bate-ria, canto e guitarra portu-guesa. É seu objetivo dar formação na área da músi-ca, «não só para quem queira fazer um curso ofi-cial ou carreira nessa área,

mas, também, para quem queira aprender música de uma forma lúdica, servin-do igualmente para criar públicos mais conhecedo-res», sublinha Luís Filipe

NOITES DO CORAL LUÍSA TODI DINAMIZAM ESPAÇODurante o Dia Aberto foi apresentada a iniciativa “Noites do Coral” que visa dinamizar a sede social do CLT, na Reboreda. «Queremos que a nossa sede se torne num verdadeiro polo de atividade cultural e, ao mesmo tempo, que seja palco de apresentação de algumas das atividades desenvolvidas no coral, mostrando o seu ecletismo, num ambiente descon-traído, diferente do apresentado nos grandes pal-cos. Poderão ter a periodicidade de dois em dois meses». Vincou o líder da instituição sadina.

Fernandes, que acrescenta que, por outro lado, pre-tende, também, «fomentar a interdisciplinaridade en-tre várias formas de ex-pressão artística».

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SOCIEDADE

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Dois dias de mau tempo, menos paróquias envolvidas e uma das motivação da população, são as causas apontadas para a quebra de donativos.

Peditório da Cáritas de Setúbal rendeu menos cerca de 9 mil euros este ano

O peditório anual da Caritas Diocesana de Setúbal registou

uma diminuição de 32,60 por cento, num total de 19 mil euros, arrecadados, contra 28.000 consegui-dos no ano anterior. Esta angariação de verbas para auxiliar as di-versas ações de solidarie-dade daquela instituição da Igreja, decorreu no âm-bito da Semana Diocesana de Solidariedade e em 37

das 57 paróquias da Dio-cese, quando o ano passa-do participaram 42 paró-quias. «A diminuição do número de paróquias en-volvidas este ano, a par de dois dias de mau tempo, acabou por ser um dos motivos para a redução das verbas angariadas», explicou ao Semmais Eu-génio Fonseca, presidente da Cáritas. Segundo o relatório da instituição, apesar de

tudo, a iniciativa envol-veu 405 pessoas destaca-das pelas diversas paró-quias, tendo as mesmas conseguido donativos junto de 31 mil pessoas, menos 3.800 do ano an-terior. A par do menor núme-ro de paróquias envolvi-das, o líder da Cáritas con-sidera que se notou, este ano, «uma falta de expec-tativas das pessoas por-que, afiançou, «começa a haver uma desconfiança sobre os efeitos das suas ofertas e pela proximida-de de casos que conhe-cem, com situações de ca-rência que continuam». O presidente da Cári-tas não esquece, porém, o trabalho dos voluntários e de quem se prestou a con-tribuir. «Quem aceitou a difícil tarefa de sair à rua para solicitar as dádivas dos seus concidadãos e todos os que contribuí-ram, o nosso penhorado agradecimento», disse Eu-génio Fonseca.

Carlos Beato exorta à resiliência na responsabilidade social

O administrador da As-sociação Mutualista Montepio Geral, Car-

los Beato, ex-presidente da câmara de Grândola, foi um dos principais orado-res da conferência come-morativa dos “20 anos de Intervenção Social em Portugal” da Fundação Montepio. Na ocasião, o dirigente deixou “palavra de enorme apreço” às enti-dades que têm vindo a tra-balhar com a Fundação Montepio e também “uma palavra de agradecimento aos voluntários sem cujo trabalho não era possível ter feito tanto daquilo que foi possível fazer ao longo dos últimos 20 anos”. Com o auditório do Montepio, em Lisboa, re-pleto de convidados, Car-los Beato afirmou ser im-portante “aprofundar, aprender a refletir sobre uma área em que, durante as duas últimas décadas a Fundação tem tido uma grande intervenção”. Dirigindo-se à plateia,

Carlos Beato exortou os participantes a saírem desta importante confe-rência «mais entusiasma-dos e mais resilientes para as tarefas que se colocam à responsabilidade social”. O auditório do Monte-pio acolhe hoje a confe-rência do 20º aniversário da Fundação Montepio, que conta com a partici-pação de intervenientes e especialistas da área da economia social, entre eles, Rogério Roque Ama-ro, professor associado do ISCTE, o primeiro orador da iniciativa.

Na conferência “20 Anos de Intervenção Social em Portugal”, o debate foi promovido através de três painéis: “A Visão dos Prota-gonistas”, “A Visão dos Par-ceiros da Fundação Monte-pio” e “A visão das Entidades que a Fundação Montepio Integra”, dando assim a conhecer as refle-xões dos principais inter-venientes do setor social. O encerramento da ini-ciativa foi da responsabili-dade de António Tomás Correia, Presidente do Con-selho de Administração da Fundação Montepio.

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LOCAL

MOITA MUNICÍPIO QUER VALORIZAR ANTIGO ESPAÇO DOS BOMBEIROS O município vai voltar a reunir com o Ministério da Administração Interna para que seja encontrada uma solução para as antigas instalações dos bombeiros.O antigo quartel foi adquirido, em 2009, pelo MAI, com a intenção de ali insta-lar o quartel da GNR, e ao longo dos anos, foram feitos contactos com o MAI perante a degradação do equipamento e a necessidade de criar condições dignas aos profissionais.«No início deste mandato, tentámos junto do MAI resolver o problema, discutindo a permuta do antigo quartel por um terreno cedido pelo município, para que o quartel da GNR fosse construído de raiz. A propos-ta foi bem acolhida, mas o processo ficou parado», refe fonte da autarquia.

SANTIAGO DO CACÉM LAGOA DE SANTO ANDRÉ JÁ ABRIU AO MARA abertura da Lagoa de St.º André ao mar aconteceu na tarde do passado dia 8. Anualmente, a ocasião traz a esta lagoa, centenas de pessoas, que não querem perder um espetáculo de rara beleza.Recorde-se que a abertura da lagoa é feita todos os anos numa altura sempre próxima do equinócio da Primavera, um processo que está a cargo da Agência Portuguesa do Ambiente e que outrora foi da responsabilidade do município e, depois, da Reserva Natural das Lagoas de St.º André da Sancha. A abertura da lagoa ao mar visa a renovação da água da la-goa, a limpeza e lavagem do seu fundo e a entrada de algumas espécies piscícolas.

SINES TERRAS SEM SOMBRA TRAZ ÓPERA AO LITORAL ALENTEJANOO Centro de Artes acolhe este sábado, a partir das 21h30, a “ópera sem vozes” intitulada “Sempre/Ainda”, no âmbito do festival Terras Sem Sombra. Trata-se de um espetáculo singular em que a música para piano solo e as imagens projetadas num ecrã nos vão revelando, pouco a pouco, um texto. A sua matéria-prima re-sulta de umas anotações, tiradas dos seus cadernos de viagem, pelo autor do texto, durante uma transcendental estadia em Damasco antes da tragédia que a assola.Com música de Alfredo Aracil, e realiza-ção multimédia de Simón Escudero, o espetáculo tem entrada gratuita sujeita à capacidade da sala.

SESIMBRA VELHAS EMBARCAÇÕES RETIRADAS DO PORTO DE ABRIGOVárias embarcações em fim de vida que se encontravam na rampa do Instituto de Socorros a Náufragos, no Porto de Abrigo, foram removidas recentemente. Na ação de limpeza esteve envolvida uma escavadora giratória e camiões, que transportaram os destroços para o aterro sanitário da Moita. «Além de estarem a ocupar a rampa há muitos anos, o que causava transtornos a outros pescadores que utilizam aquele espaço, estas embarcações, pelo seu esta-do de degradação, não contribuíam para a imagem do porto e eram um risco para a segurança», referiu João Pólvora, dire-tor da Docapesca, para quem foi «funda-mental a colaboração entre as entidades envolvidas neste processo».

SETÚBAL MUNICÍPIO DESAFIA POPULAÇÃO A EMBELEZAR A CIDADE As inscrições para os cidadãos apre-sentarem propostas de intervenções ou participarem como voluntários na 6.ª “Setúbal Mais Bonita”, já estão a decorrer. A iniciativa, com apoios mecenáticos, desenvolvida no espírito de participação cidadã, que contou com o contributo de mais de 1500 voluntários em 2015, realiza-se de 20 a 22 de maio, com a concretização de dezenas de ações de requalificação do espaço público. Os cidadãos ou entidades que desejem entregar sugestões de intervenções a re-alizar no concelho durante a campanha, como pintura de fachadas, recuperação de mobiliário urbano, arranjo e plantação de espaços verdes e recolha de detritos e lixos, podem fazê-lo até 31 de março.

MONTIJO SEMANA VERDE APELA À PROTEÇÃO DA NATUREZA De 16 a 21, decorre a Semana Verde. Trata-se de uma oportunidade de redes-cobrir as potencialidades da região num programa com atividades, amigas do ambiente, dirigidas à população em geral.Na zona ribeirinha, a 16 e 17, alunos do 1.º ciclo vão plantar árvores e ficar a conhecer as suas características. No dia 18, os alunos de 2.º ciclo, foram convidados para uma visita guiada ao Moinho de Maré e à zona ribeirinha, onde serão abordadas questões sobre o rio, o estuário do Tejo, bem como a fauna e flora típicas.O evento pretende dar as boas vindas à primavera e é uma forma de assinalar a importância do papel das árvores no equilíbrio dos nossos ecossistemas.

PALMELA IAPMEI FAZ NOVO ATENDIMENTO DESCENTRALIZADODevido à forte procura registada e ao sucesso da primeira edição, realizada em fevereiro, o município e o IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação, promovem, dia 16, no Espaço Cidadão, junto ao mercado municipal, mais um Atendimento Descentralizado.Uma equipa técnica do IAPMEI vai estar disponível para responder às dúvidas e apoiar nas melhores soluções de inves-timento e candidaturas, através de um atendimento personalizado, à medida das necessidades dos agentes económicos.Em fevereiro, foram recebidas uma asso-ciação local e sete empresas do concelho, interessadas em diversificar a atividade ou na internacionalização e a conhecer apoios para investimento em moderniza-ção tecnológica.

ALCÁCER DO SAL MÊS DA POESIA NA BIBLIOTECA MUNICIPAL A biblioteca local dedica março à poesia e irá assinalar com poemas as efemérides relativas a este mês, nomeadamente o Dia Internacional da Mulher, Dia do Pai, Dia Mundial da Poesia, Dia Mundial da Árvore e Páscoa. Através da animação das férias da Páscoa, a par de exposi-ções bibliográficas/temáticas, animação de histórias, ateliês de escrita criativa e trabalhos de expressão plástica come-morativos de dias especiais, a biblioteca pretende sensibilizar os alunos e o públi-co em geral para a utilidade do espaço, desenvolver e consolidar o hábito e o prazer da leitura e dar a conhecer novos autores e obras literárias.

ALMADA FÉRIAS DA PÁSCOA PARA JOVENS DO CONCELHO O município vai levar a cabo, à seme-lhança de anos anteriores, o programa “Férias Jovens – Páscoa 2016”, destinado a jovens dos 6 aos 17 anos de idade. A iniciativa decorre entre 21 de março e 1 de abril, entre as 9 e as 17 horas, e proporciona aos jovens que estudem, residam e/ou cujos pais, encarregados de educação ou representantes legais que trabalhem no concelho, um conjunto de atividades, passeios e visitas dentro e fora do concelho. Para esta edição, a Câmara dá prioridade de participação a crianças e jovens de famílias em com-provada situação de carência económica. A participação no programa é gratuita, mediante a inscrição prévia.

BARREIRO SECUNDÁRIA DE CASQUILHOS PARTICIPA EM CONCURSO INTERESCOLAS A Secundária de Casquilhos vai apresen-tar um projeto no IV Concurso Interes-colas, no evento “Canstruction Portugal 2016”, de 29 de março a 2 de abril, em Gondomar. Trata-se do único agrupa-mento do distrito de Setúbal que irá estar representado no evento. Designado de “É Preciso Ter Lata!”, é organizado pela Associação com o mesmo nome. Em foco está a luta contra a fome e, ao mesmo tempo, um concurso, que dá origem a uma exposição. É este desafio à criatividade e à capacidade de trabalho e engenho, que despertou a atenção e a motivação da turma do 12.º E - Artes Vi-suais, para participar com uma escultura construída integralmente com latas de comida.

GRÂNDOLA EXCELÊNCIA DO TURISMO RURAL DISTINGUIDA NA BTLO Sublime Comporta Country House Retreat venceu esta semana os prémios “Publituris Portugal Trade Awards 2016” na categoria “Melhor Turismo em Espaço Rural”. Na edição deste ano dos pré-mios da conceituada revista de turismo Publituris, estiveram em votação mais de 90 nomeados para as 14 categorias, escolhidos pela redação da publicação que teve em consideração o trabalho desenvolvido ao longo de 2015, a capaci-dade de inovação, visibilidade mediática, distinções nacionais e/ou internacionais, dados estatísticos oficiais, entre outros. A cerimónia da entrega de prémios de-correu durante a BTL – Feira Internacio-nal de Turismo de Lisboa.

SEIXAL CAMPANHA DE SENSIBILIZAÇÃO PARA A LIMPEZA EM PAIO PIRES A campanha “Paio Pires Limpa” já está nas ruas com vista a alertar a popu-lação para a importância de colocar o lixo nos locais certos. Para reforçar a capacidade de resposta dos serviços, o município e a União de Freguesias do Seixal, Arrentela e de Paio Pires abriram ao público o novo ecocentro de Paio Pires.Neste local podem ser deposita-dos resíduos de construção, monos e resíduos de jardins.“Paio Pires Limpa” integra a campanha “Seixal Limpo”, que teve início em Cor-roios e irá chegar em 2016 às restantes freguesias. A ideia que nasceu em 2014 durante uma iniciativa semelhante em Fernão Ferro, uma das zonas do con-celho onde este problema se faz sentir com maior intensidade.

ALCOCHETE SEMANA DA LEITURA INCENTIVA À PAZNo Ano Internacional do Entendimen-to Global decretado pela UNESCO, a biblioteca de Alcochete vai às escolas com “Elos de Leitura” para apresentar a obra de Anais Vaugelade “A Guerra”, uma história de coragem, de inteligência e de esperança na luta desarmada pela paz.Esta iniciativa da Semana da Leitura, que se realiza pelo décimo ano consecutivo, vai abranger um total de 1259 crianças do pré--escolar e 1.º ciclo do básico e da Fundação João Gonçalves Júnior, em 53 sessões, que decorrem de 1 de março a 8 de abril.Após a dramatização, em cada sessão segue-se um diálogo entre a técnica da biblioteca e as crianças, com muitas per-guntas e respostas.

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EDUCAÇÃO

O que diferencia o Colégio do Vale de outros projetos educativos?O Colégio do Vale faz uma gran-de aposta no ensino de línguas estrangeiras, desde os primeiros anos de idade, e na atividade desportiva, através de uma grande oferta de atividades ex-tracurriculares. Para além do curriculum pa-dronizado pelo Ministério da Educação e Ciência, existe fre-quência obrigatória de várias áreas escolares complementa-res, a partir dos 3 anos: iniciação à Língua Inglesa e Oficinas de Línguas Estrangeiras; Tecnolo-gias de Informação-TIC; Ténis; Expressão Artística em Língua Inglesa no Jardim-de-Infância, Natação, Geometria Descritiva (no 9.º Ano), para dar alguns exemplos. Apostamos ainda no desenvolvimento da Educação para a Cidadania, com os proje-tos de Educação para o Risco, Educação Financeira, Educação Literária e outros. São várias atividades que consideramos fundamentais para o desenvolvimento das crianças e dos jovens. Para isso, temos parcerias de relevo no Plano Pedagógico, nomeada-mente com a Cambridge Univer-sity e o Instituto Cervantes e, na área desportiva, as nossas insta-lações estão preparadas para as diferentes práticas desportivas.

No próximo dia 15 de março o Co-légio do Vale vai lançar um livro totalmente elaborado pelos alu-nos do 9.º ano com o apoio de vá-rios professores. Como surgiu esta ideia?Ao longo deste ano letivo seis professores, de Português, Es-panhol, Francês, Inglês, Educa-ção Visual e Sistemas de Infor-mação e Multimédia, lançaram um desafio aos alunos do 9.º ano: Fazer um livro (de A a Z, in-cluindo a paginação) em que to-dos participam com textos indi-viduais e coletivos. Os primeiros surgem da ati-

COMANDANTE EDUARDO VENTURA, LÍDER DO COLÉGIO DO VALE, NA CHARNECA DA CAPARICA, FALA DOS ATUAIS E DOS NOVOS DESAFIOS

«Temos uma preocupação constante pela inovação do nosso plano pedagógico»O Colégio do Vale, localizado na Charneca da Caparica, é um Projeto Educativo com mais de duas décadas de existência, com quase 500 alunos e que abrange os concelhos de Almada, Seixal, Sesimbra e Setúbal. Posicionado no ranking de escolas como um dos melhores do distrito de Setúbal e sustentado pelos planos especiais de cada nível de ensino, o Projeto Educativo global do Colégio envolve Creche, Jardim-de-Infância e os três Ciclos do Ensino Básico.

vidade de escrita criativa “O tex-to do mês” numa ação que de-correu a bordo de um cacilheiro entre a Trafaria e Belém e os ou-tros resultam da atividade em sala de aula. Cada aluno conta uma histó-ria e as melhores foram selecio-nadas para publicar neste livro. As ilustrações são coletivas e fei-tas nas aulas de Educação Visual. O livro chama-se “Entre a ter-ra, o céu e o rio” e envolveu 26 alu-nos e 6 professores e realço que alguns dos textos são também em inglês, francês e espanhol.

É uma iniciativa para repetir?É possível, os alunos gostaram da iniciativa, aderiram bem e atingiu o seu principal objetivo: estimular a escrita e a criatividade. Mas aproveito para referir que o Colégio do Vale, em parce-ria com a editora Grafitexto, participou também no projeto “Pequenos Grandes Escritores” dinamizado com os alunos de 3.º e 4.º anos do 1º Ciclo, com idades entre os 8 e os 10 anos. Através de um atelier minis-trado por Escritores de livros in-fantojuvenis, os alunos apren-deram a criar num prazo pré-definido as suas histórias, com critérios como: a ideia, a li-nha da história, as personagens e o enredo. Este livro foi lançado também este ano, no passado mês de fevereiro.

O Projeto CLIL é outro projeto ino-vador. Em que consiste? O Colégio do Vale incluiu no seu plano pedagógico um projeto para ensino de vários conteúdos do 1.º Ciclo, transmitidos aos alunos em inglês, de acordo com a abordagem CLIL, que significa Content and Language Integra-ted Learning. Investimos primeiro na for-mação dos Professores de In-glês, que fizeram a formação CLIL - Essentials do British Cou-ncil exatamente com o objetivo de dar alguns conteúdos, dos

programas dos 1.º ao 4.º anos, em língua inglesa e sempre em articulação com a professora ti-tular de turma. Na abordagem CLIL a apren-dizagem de uma língua estran-geira é feita a partir do estudo dos diferentes conteúdos pro-gramáticos, focando primor-dialmente o domínio do conteú-do em questão, ao contrário das estruturas linguísticas.

Qual a vantagem desta aborda-gem ao ensino da língua estran-geira?O CLIL constitui uma metodolo-gia bastante implícita de ensino da língua, visto que dá pouco ou nenhum foco explícito ou inten-cional às estruturas da língua--alvo. Podemos afirmar que a lín-gua-alvo funciona como um meio para atingir determinados conteúdos, através do desenvol-vimento de competências cog-

nitivas específicas e de estraté-gias de aprendizagem, conteúdos esses direcionados para as necessidades dos alunos. Acreditamos no sucesso des-te tipo de abordagem e começá-mos progressivamente a intro-duzir o ensino baseado em CLIL nas nossas turmas de 1.º Ciclo. A título de exemplo, têm sido tra-balhados conteúdos das dife-rentes áreas do currículo do 1.º Ciclo nas aulas de Inglês, em conjunto com as professoras ti-tulares das turmas. Tem sido assim possível de-senvolver projetos que envol-vem conteúdos específicos de Estudo do Meio ou de Matemá-tica, tais como o estudo dos ha-bitats dos animais, a árvore ge-nealógica ou as somas e as subtrações.

E o Projeto MiMA, como surgiu esta parceria com a FCT Nova?O Projeto MiMa é uma iniciativa

que o Colégio do Vale integra em parceria com a FCT- NOVA, ini-ciado em dezembro de 2013, e no ano letivo 2014/2015 contou com a participação de alunos portugueses do 1.º Ciclo, com idades compreendidas entre os 8 e os 10 anos e respetivos pro-fessores das 12 escolas nacio-nais. Envolveu cerca de 750 es-tudantes e 40 professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico, que par-ticiparam no curso de formação MiMa. O MiMa centra-se na ideia de que a matemática pode ser ensi-nada aos mais novos de uma forma não-convencional, recor-rendo a novas metodologias, ca-pazes de transformar esta disci-plina em algo atrativo, sedutor e potenciador de autoconfiança. Construções e projetos comple-xos mas divertidos, coloridos e que contribuíram de forma sim-ples e enriquecedora para a aprendizagem da matemática a estas crianças.

Já há resultados alcançados no sentido de incentivar o estudo da Matemática?Globalmente os benefícios fo-ram óbvios para a maioria das escolas participantes e por isso as atividades MiMa estão a ser repetidas neste ano letivo. Os estudantes manifestaram um enorme entusiasmo durante a implementação de todas as atividades. Em algumas escolas, os alunos pediram para passar o recreio dentro da sala de aula para continuar a atividade que estava a ser desenvolvida. Para além de todos os co-mentários positivos, os resulta-dos indicam que as atividades MiMa mudaram a atitude dos alunos relativamente à Mate-mática e melhoraram as suas competências. Efetivamente, cerca de 80% dos professores reportou melhorias ao nível da atenção e concentração dos alunos durante e/ou depois das atividades.

A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e En-sino Superior, Maria Fer-

nanda Rollo, confirmou segun-da-feira, durante a abertura da II Semana da Empregabilidade do Instituto Politécnico de Se-

túbal que “as empresas priva-das que têm até cem trabalha-dores são as que mais contribuem para a taxa de em-pregabilidade de 85% dos di-plomados” daquele Instituto. Trata-se de um estudo que

sublinha também que houve um decréscimo do emprego público, apesar de ainda absor-ver cerca de 30% dos licencia-dos nos cursos de engenharia da Escola de Tecnologia do Barreiro e nos cursos da Escola

Superior de Saúde, em Setúbal. Na ocasião, a membro do governo destacou o papel da instituição na promoção da empregabilidade. E conside-rou a instituição “como uma referência, um exemplo e um

estímulo”. Recorde-se que a II Semana da Empregabilidade do Institu-to Politécnico de Setúbal con-tou com a presença de 70 em-presas e foi visitado por cerca de 3000 pessoas.

Privados são os que mais contribuem na taxa de empregabilidade do Instituto Politécnico de Setúbal

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CULTURA

TEXTO ANTÓNIO LUISIMAGEM SM

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FMM e Flower Power distinguidos no Iberian Festival Awards

O FMM Sines - Festival Músicas do Mundo foi considerado o

festival com o melhor ali-nhamento de artistas (Best Line-Up) realizado na Pe-nínsula Ibérica em 2015. A qualidade do programa do festival de Sines foi reco-nhecida nos Iberian Festi-val Awards, cujos vencedo-res foram anunciados ontem, 3 de março, no au-ditório da FIL, em Lisboa. Além deste prémio a ní-vel ibérico, o FMM Sines foi o vencedor nacional em duas categorias: melhor grande festival (Best Major Festival) e melhor progra-ma cultural (Best Cultural Programme). O festival de Sines as-sumiu desta forma uma posição de destaque na edição inaugural dos Ibe-rian Festival Awards, pré-mio organizado pela Asso-

ciação Portuguesa de Festivais de Música, que pela primeira vez abordou de forma integrada o pano-rama de festivais em Portu-gal e Espanha. Organizado pelo mu-nicípio e programado pelo diretor artístico e de produção, Carlos Seixas, desde a primeira edição, em 1999, o evento tem procurado oferecer, de forma consistente, uma programação de qualida-de, atenta às dinâmicas musicais, culturais e so-ciais do nosso tempo. A 18.ª edição do FMM Sines realiza-se este ano,

de 22 a 30 de julho, em Porto Covo e Sines.

Ambiente woodstock

E o Flower Power Fest esteve em evidência na gala da 1.ª edição dos Iberian Music Awards, ao arrecadar vitórias nas duas catego-rias para as quais estava nomeado: Best New Festi-val (em Portugal) e Best Small Festival (na Penínsu-la Ibérica). A Associação Lus’Alma, entidade organizadora do festival, já está a preparar a edição deste ano do Flower Power Fest (11 a 13 de agos-

Dois festivais do sul do distrito acabam de ser distinguidos na 1.ª edição dos Iberian Festival Awards: o FMM de Sines e o Flower Power Fest. Os concelhos de Sines e de Santiago do Cacém marcam pontos em termos de festivais de música.

to), que pela 3.ª vez conse-cutiva se realizará no par-que central, em Vila Nova de Santo André. O evento convida os seus visitantes a recriar um ambiente a fazer lembrar o marcante woodstock, que celebra este ano 47 anos e desafia pais, filhos e netos a juntarem-se no mesmo es-paço, numa festa “da e para a família”. Música, artesa-nato, artes plásticas e per-formativas, exposições, workshops, jogos tradicio-nais, insufláveis e gastro-nomia foram o mote da úl-tima edição do Flower Power Fest, recheada de intensidade e surpresas no recinto. O regresso a Por-tugal dos lendários Fis-cher-Z, que foram a pri-meira banda a esgotar um estádio de futebol em Por-tugal, foi o principal atrati-vo da 2.ª edição do evento, que se realizou em Santo André, de 13 a 16 de agosto de 2015.

Comédia musical faz rir no Independente

A comédia musical “A coisa aqui tá preta”, uma produção da AC-

TAS, regressa ao Grupo Desportivo Independente, em Setúbal, este domingo, às 16 horas, para divertir o público durante cerca de uma hora. Bruno Frazão, ator e en-cenador, realça que as mú-sicas, «muito giras», são da autoria de Artur Jordão, en-quanto um elenco de dez pessoas, incluindo bailari-

O município alma-dense está a pro-mover a 28.ª edição

do Prémio Literário Ci-dade de Almada, cujas candidaturas decorrem até 31 deste mês. Este ano o género literário a con-curso é o romance. O concurso, cujo pré-mio para o vencedor é de 5 mil euros, é destinado a autores portugueses que queiram submeter a con-curso obras originais, inéditas e em língua por-

Almada lança prémio literário na área do romance

nas, dá corpo a um espetá-culo «muito engraçado» que conta a vida de um bairro de lata, onde só exis-tem estrangeiros subsidia-dos pelo Governo. «É um bairro onde tudo acontece, onde se misturam as línguas, a confusão au-menta e onde o orgulho de ser português está quase esquecido, porque foi man-dado para o estrangeiro tra-balhar», sublinha Bruno Frazão.

tuguesa. Em 2015 estiveram em concurso 114 obras literá-rias, tendo sido vencedor o escritor José Jorge Letria com a obra “É Tudo Uma Questão de Tempo”, obra que reúne 50 poemas origi-nais. O Prémio Literário Ci-dade de Almada, promovi-do pelo município desde 1989, tem como objetivo incentivar e promover a criatividade literária e o gosto pela escrita.

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CULTURA

SESIMBRA12SÁBADO21H30JOÃO PEDRO PAIS PERTO DE ESSÊNCIATEATRO JOÃO MOTA

A segunda edição dos Concertos de Inverno encerra com João Pedro Pais.O cantautor vai estar acompanhado por alguns dos músicos com quem tem trabalhado nos últimos anos e com quem preparou especialmente este espetá-culo intimista, intitulado Improviso. Não perca este espetáculo, onde João Pedro Pais vai abordar as suas canções (os grandes êxitos e as novas músicas) de uma forma simples, perto da essência.

SETÚBAL12SÁBADO21H30TUNAS ACADÉMICAS DÃO ESPETÁCULO FORUM LUÍSA TODI

“Acordes” é a designação da XV edição do Festival de Tunas Femininas da Escola Superior de Educação de Setúbal. Organizado pela Tuna Sadina, trata-se do único e o mais antigo evento dedicado ao universo das tunas femininas. Conta com a presença de quatro tunas de diferentes cantos do País.

MONTIJO12SÁBADO17H00CONCERTO DE PÁSCOA DO CONSERVATÓRIOTEATRO JOAQUIM D́ ALMEIDA Com entrada livre, o Conservatório Regional de Artes do Montijo oferece à população o seu concer-to da Páscoa, onde interpreta temas do “Fantasma da Ópera”, Johan de Meij; do musical “Mamma Mia”, dos, Abba ; o melhor dos Beatles, um tributo a Michael Jackson; o melhor dos Queen e Thank you for the Music.

PALMELA13DOMINGO18H00HISTÓRIA DE UM HOMEM PERDIDO E REVOLTADOAUDITÓRIO MUNICIPAL DE PINHAL NOVO O Teatro Sem Dono apresenta “Refúgio”, uma produ-ção da companhia de teatro pinhalnovense, a partir de um texto de criação coletiva, com encenação e direção de cena de Carla Castro, que nos conta a história de um homem perdido e revoltado, que se exila do mun-do exterior para encontrar proteção dentro de casa, o seu pequeno paraíso, sem pessoas, sem vozes, sem barulho.

SESIMBRA5SÀBADO16H00CONCERTO COMENTADO DA TEMPORADA DE MÚSICA FORTALEZA DE SANTIAGO

A Casa de Ópera do Cabo Espichel inspira, pelo nono ano consecutivo, uma temporada de música, que começou a 21 de fevereiro e termina a 9 de abril. O concerto comentado conta com as participações de Filipa Lopes (soprano), Ana Ferro (meio-sopra-no) e João Paulo Santos (piano e comentários).

SEIXAL13DOMINGO16H00EL REI TADINHOCINEMA S. VICENTE DE PAIO PIRES

“El Rei Tadinho no Reino das Cem Janelas”, basea-do na obra de Alice Vieira, é o nome do espetáculo produzido pela Companhia do Teatro Bocage, de Lisboa, apresentado no Seixal pela Animateatro. A interpretação está a cargo de Pedro Oliveira e convidados.

GANHE CONVITES PARA O TEATRO EM SETÚBAL, BARREIRO E LISBOA Esta semana temos convites para oferecer aos nossos leitores para a revista popular do Parque Mayer, em Lisboa, “Revista quer… é Parque Mayer”, do empresário Hélder Freire Costa, com Mariema, Paulo Vasco, Alice Pires e Flávio Gil. E para a comédia “Hotel da Bela Vista”, da companhia ArteViva, no Barreiro, também temos convites para sextas-feiras e sábados, às 21h30. E também para a comédia musical de Bruno Frazão “A coisa aqui tá preta” temos convites para a sessão deste domingo, às 16 horas, no Grupo Desportivo Independente. Para se habilitar aos convites, basta ligar 918 047 918 ou 969 431 085.

AGENDA

O Barreiro recebe, a 10 e 11 de junho, na Quinta Braamcamp, mais

uma edição do Festival da Liberdade, promovido pela Associação de Municípios da Região de Setúbal. Carlão, Gabriel o Pen-sador, Kumpania Algazar-ra, Dengaz, Richie Camp-bell e Dead Combo são os artistas convidados deste ano do festival que tem entrada livre. «Um Cartaz que é, tam-bém, fruto dos contributos recolhidos nas diversas reuniões realizadas até agora, construído com as opiniões da juventude e que certamente vai atrair muitos e muitos milhares de jovens ao Barreiro», re-fere fonte da AMRS relati-vamente ao festival. «O Festival Liberdade está em construção com o envolvimento e partici-pação ativa do movimen-to associativo juvenil. Este será o espaço de co-memoração do que a Re-volução de Abril de 1974 representou para a juven-tude portuguesa, espaço de festa, de convívio, de discussão, de proposta e de luta, que comemorará os valores da Paz, da Li-berdade e os 40 anos da Constituição da Repúbli-ca Portuguesa», refere a mesma fonte.

Carlão é cabeça de cartaz no Festival da Liberdade

Maria Rueff leva “António e Maria” ao palco de Almada

António e Maria”, a par-tir das crónicas e dos romances de António

Lobo Antunes, com Maria Rueff e encenação de Mi-guel Seabra, está em cena, este sábado, às 21h30, no Teatro Joaquim Benite, em Almada, numa co-produ-ção do Teatro Meridional e da Fundação Centro Cultu-ral de Belém. António é o primeiro nome de um dos principais vultos da Literatura Portu-guesa Contemporânea; Ma-ria o da actriz que, neste es-

petáculo, dá vida às personagens femininas que povoam as suas crónicas e os seus romances. No en-tanto, António e Maria são também os nomes de ou-tros tantos portugueses e portuguesas que agora po-

dem descobrir pedaços das suas vidas retratados em palco. Para Maria Rueff, prin-cipal impulsionadora des-te projeto, esta é a oportu-nidade de agradecer as “frases extraordinárias” com que Lobo Antunes descreveu, «não tanto a Guerra Colonial, mas os heróis do quotidiano, os simples, os normais, nos quais tantas vezes se inspi-rou para construir as dife-rentes personagens que marcaram a sua poética».

Bocage nos lábios de uma mulher” é o mu-sical de Florbela de

Oliveira, com músicas ori-ginais de Sandro Morgado, que sobe ao palco do cine--teatro S. João, em Palmela, este sábado, às 21h30. Trata-se de um espetá-culo onde «as mulheres é que vestem o fato e assu-mem o protagonismo». “Bocage nos lábios de uma mulher” presta tributo à

O musical “O Principe-zinho”, do Grupo de Animação e Teatro -

Espelho Mágico, de Setú-bal, está nomeado para quatro categorias do XII Edição do Concurso Na-cional de Teatro de Póvoa de Lanhoso (CONTE), que são anunciados este sába-

do, às 21 horas, no Theatro Club de Póvoa de Lanhoso. “O Principezinho” está nomeado para os prémios de Melhor Cenografia, Me-lhor Guarda-Roupa, Me-lhor Interpretação Princi-pal Masculina (Diogo Leiria) e Melhor Interpre-tação Secundária Femini-

na (Céu Campos). O espetáculo “Mulhe-res”, do Grupo Dramático e Recreativo da Retorta, do concelho de Valongo, lidera o número de nome-ações com um total de 8, incluindo Prémio de Me-lhor Espetáculo “Ruy de Carvalho”.

Musical “O Principezinho” está nomeado para quatro categorias de concurso de teatro nacional de Póvoa de Lanhoso

Musical “Bocage nos lábios de uma mulher” passa por Palmela

vida e obra literária do poe-ta sadino. A par do texto e dos poemas bocagianos, também a música e a dança têm lugar de destaque no espetáculo, apresentado pela encenadora e atriz Florbela de Oliveira, com um elenco constituído por Miguel Assis, Rute Moreira, João Albuquerque, Andreia Trindade, Margarida Serra, e os bailarinos David Silva e Ivanoel Tavares.

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POLITICA

Com uma vitória tão expressiva, o partido no distrito não corre o risco de um certo “unanimismo”, ou vai apostar numa gestão aberta a todos? A vitória expressiva que alcançámos constitui uma opção clara por par-te do PS em trabalhar unido.

Mas, em termos orgânicos, o que vai fazer com essa vitória tão robusta. É espectável um rejuvenes-cimento dos quadros? Vou fazer aquilo com que me comprometi: tra-balhar com os militantes e com as estruturas do PS, procurando ser útil à ação política do partido no dis-trito de Setúbal. O PS tem quadros muito jovens que já hoje ocupam cargos partidários de grande res-ponsabilidade e eu sou muito avesso a fazer qual-quer “discurso de geração”. Todos são necessários à afirmação do nosso proje-

to, dos mais jovens aos menos jovens.

Quais são os principais objetivos do mandato, nomeadamente no que se refere às próximas eleições autárquicas? A Moção de Orientação Política que apresentamos ao Congresso coloca, em primeiro lugar, o objetivo de manutenção e reforço das maiorias em Montijo e Sines. Em segundo lugar, e em paralelo, o objetivo de termos mais votos, maior percentagem de votos e mais mandatos.

Não lhe parece pouco ambi-ciosa a estratégia autár-quica. Não tem a ambição de ganhar outros municí-pios? Não. Tenho a ambição de posicionar o PS nos 13 Concelhos como o motor de uma estratégia que afirme o conjunto do dis-trito de Setúbal como um distrito líder, moderno, cosmopolita e com quali-dade de vida. E estou mui-to confiante na qualidade dos projetos e das candi-daturas que o PS vai gerar para as Autárquicas de 2017.

E não sente a responsabili-dade de consolidar o capital eleitoral obtido nas últimas legislativas, onde foram eleitos sete deputa-dos? Sinto a responsabilida-de de toda a história do partido socialista no dis-trito. Nas últimas legislati-vas o PS afirmou-se, de forma clara, como a força política mais votada em cada um dos concelhos do distrito. Isso confere-nos uma responsabilidade adicional de corresponder no Governo à expetativa que os eleitores deposita-ram em nós. E eu estou convencido que tal será decisivo para a afirmação dos projetos autárquicos do PS em cada um dos concelhos.

Uma vez estando o seu partido no Governo, como tem sido feita a articulação no que se refere à defesa dos interesses da região? Nós consagramos, pela primeira vez, na Moção de Orientação Política o papel do grupo de deputados (são 7 os eleitos pelo distri-

NOVO PRESIDENTE DA DISTRITAL DE SETÚBAL DO PS, ANTÓNIO MENDES, E OS DESAFIOS DO SEU MANDATO

«Queremos afirmar um distrito líder, moderno, cosmopolita e com qualidade de vida»António Mendes foi eleito no último fim-de-semana, com uma larga margem de votantes. Recusa «discursos de geração», manter Montijo e Sines sob a alçada socialista nas autárquicas e tem a ambição de tornar o distrito líder, moderno, cosmopolita e com qualidade de vida. Alude ao peso que os socialistas do distrito ganharam a nível nacional e quer fazer dessa força um trunfo para o desenvolvimento da região.

TEXTO RAUL TAVARESIMAGEM SM

to de Setúbal), deixando claro o objetivo de articu-lação do seu trabalho com as estruturas do partido, valorizando de forma mui-to significativa e, se quiser, orgânica, o papel do grupo de deputados. Mas existem também 5 destacados mili-tantes do PS do distrito a ocupar pastas, e pastas im-portantes, no Governo. Acresce que o cargo de Se-cretária-Geral adjunta do PS é também ocupado por uma destacada militante do PS de Setúbal. Tenho fa-lado com todos e estamos todos muito empenhados em utilizar esta força ao serviço do desenvolvi-mento do distrito, porque todos concordamos no po-tencial do distrito como motor do desenvolvimen-to do país, como aliás afir-mámos no documento “A Década para Setúbal” que enquadrou o nosso Mani-festo Eleitoral Distrital às últimas eleições legislati-vas. Em suma. vamos arti-cular partido, deputados e membros do Governo, to-dos a trabalhar pelo nosso distrito.

A agenda para a década, aprovada durante a gestão da sua antecessora, é para cumprir? Quer destacar os pontos mais centrais da mesma... Obviamente que sim. Estamos a falar de um docu-mento que enquadra a es-tratégia política para o dis-trito nos próximos 10 anos, e que resultou de um trabalho muito sério desenvolvido pelo Gabinete de Estudos e que envolveu largas dezenas de militantes e simpatizan-tes. “A Década para Setúbal” é o reflexo da nossa ambição para o desenvolvimento só-cio-económico para o dis-trito, apostando na econo-mia do mar, na consolidação da Península de Setúbal como o motor de desenvol-vimento da Grande Lisboa - como base de fixação de empresas inovadoras, in-dústrias limpas e de ligação de Portugal à Europa por via aérea, ferroviária e marítima - apostando ainda no poten-cial do Alentejo Litoral para desenvolvimento económi-co nos planos portuário, tu-rístico, agro-florestal e in-dustrial.

DEPUTADO E LIDER DISTRITAL

Bruno Vitorino reeleito líder da concelhia do PSD do Barreiro

O deputado e presiden-te da distrital do PSD, Bruno Vitorino, foi

reeleito, sábado passado, líder da concelhia social--democrata do Barreiro, eleição a que concorreu com lista única. O candida-to foi eleito com 98 por cento dos votos e vai agora ter que enfrentar a estraté-gica para as próximas elei-ções autárquicas. Segundo, o seu plano de ação, o social-demo-crata pretende apostar ainda mais no contato com a população, com o tecido empresarial e com as instituições sociais, procurando contributos e soluções para desenvolver um concelho que tem es-tado estagnado e cada vez

mais empobrecido. «O Barreiro tem vindo a per-der ao longo dos últimos tempos população, princi-palmente a mais jovem, atividade económica e emprego. Não tem havido capacidade da CDU de in-verter esta tendência. O PSD quer continuar a ter um papel ativo na cidade pois temos que dar futuro ao Barreiro», disse ao Semmais Bruno Vitorino. A Comissão Política do PSD Barreiro tem ainda como vice-presidentes, a atual vereadora social--democrata na autarquia, Teresa Costa, e o autarca Álvaro Ferreira. A presidir a Mesa da Assembleia de Secção, está o deputado municipal, Hugo Cruz.

OPOSIÇÃO CHUMBA ORÇAMENTO DA UNIÃO DE FREGUESIAS DE SETÚBAL E FALA DE VERBAS EXCESSIVAS PARA FESTAS E PUBLICIDADE

PCP acusa eleitos do PS e PSD de boicotar gestão e obras da Junta

O PCP está a acusar a oposição de boicotar a gestão da União de

Freguesias de Setúbal ao chumbar o Orçamento para 2016, mas PS e PSD/CDS-PP argumentam que o documento tinha erros e verbas excessivas para fes-tas e publicidade. «PS e PSD/CDS, nas de-clarações de voto que apresentaram, referem `er-ros técnicos crassos´, que nunca explicam quais, o empolamento da receita - que já foi explicado não existir, mas sim aumentos fundamentados -, ou até a falta de investimento na área social», disse, em con-ferência de imprensa, o presidente da União de Freguesias de Setúbal, Rui Canas. O autarca da CDU, que tem apenas maioria rela-

tiva na União de Fregue-sias de Setúbal, argumen-tou, ainda, que a atitude dos partidos da oposição põe em causa obras e projetos, como a requali-ficação do mercado da lota e a construção de um parque lúdico na zona do Casal das Figueiras. O PS e a coligação PSD/CDS-PP justificam o voto contra com alegados «er-ros técnicos crassos» no orçamento, mas também com as despesas excessi-vas em determinadas ru-bricas, designadamente no que respeita a festas e pu-blicidade, e deixam claro que não irão aprovar o do-cumento tal como está. «Na primeira apresen-tação do orçamento, a maioria CDU tomou a ini-ciativa de retirar o docu-mento devido a falhas

graves», disse à Lusa Ana Pereira, eleita do PS na assembleia da União de Freguesias de Setúbal.

“Guerra” dura desde as eleições autárquicas

A proposta que apre-sentaram «não previa se-quer a atualização do sa-lário mínimo na rubrica de despesas», acrescen-tou a autarca socialista, acrescentando que «algu-mas receitas também es-tavam empoladas», por-que eram contabilizadas verbas dos primeiros me-ses deste ano que, entre-tanto, já foram realizadas, acrescentou Ana Pereira. O coordenador do PSD na União de Freguesias de Setúbal, Ricardo Pereira, acusa o presidente da Jun-ta de Freguesia de seguir

uma estratégia de «vitimi-zação» e lembra que, além dos erros técnicos que en-tretanto já terão sido corri-gidos, no Orçamento para 2016 há também questões políticas que não foram ainda resolvidas. «O orçamento para 2016 que nos foi propos-to previa um total de 80 mil euros para festas e publicidade, que consi-deramos excessivo, quando tem apenas cerca de 15 mil euros para apoios sociais. Conside-ramos que se trata de um orçamento eleitoralista», disse Ricardo Pereira, de-fendendo que o executi-vo da Junta de Freguesia faria melhor se encami-nhasse parte destas ver-bas para apoios sociais e para o movimento asso-ciativo.

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DESPORTO

TEXTO ANTÓNIO LUISIMAGEM SM

AUTARCA DE SESIMBRA CONSIDERADA UMA DAS GRANDES REFERÊNCIAS DA INTERVENÇÃO CÍVICA PELO DESPORTO

Odete Graça distinguida pelo Comité Olímpico de Portugal com o “Prémio Carreira”

Odete Graça, presi-dente da assembleia municipal de Sesim-

bra, ex-vereadora durante vários mandatos sob a li-derança do antigo presi-dente Ezequiel Lino, foi distinguida com o “Prémio Carreira”, pelo Comité Olímpico de Portugal, por ocasião do “Dia Interna-cional da Mulher”. O Comité considerou a intervenção cívica e po-lítica pela valorização do papel da mulher no des-porto “encontra em Odete Graça uma das suas maiores referências” pois, refere o Comité, tratou-se

de um tema recorrente que conduziu “o seu per-curso profissional e polí-tico que datam ao inicio dos anos 70”. À ação pioneira en-quanto autarca de Odete Graça, com o pelouro do desporto em Sesimbra, até chegar a presidente da assembleia municipal, juntou funções dirigentes na Confederação do Des-porto de Portugal e na As-sociação “A Mulher e o Desporto” onde assumiu um papel preponderante em mobilizar, de forma sagaz e competente, di-versas sensibilidades

Momento histórico para a natação do GD Sesimbra, com Susana Narciso a arrecadar 4 medalhas de prata

Momento histórico para a natação do Grupo Desportivo

de Sesimbra, com a atleta SUSANA NARCISO, a con-quistar 4 medalhas de prata - Vice Campeã Regional em 4 estilos, uma vez que subiu ao pódio por quatro vezes, no total das cinco provas em que brilhantemente participou, no âmbito do Campeonato Regional de

INICIATIVA COMEÇA A GANHAR GRANDE DIMENSÃO EM TERMOS INTERNACIONAIS E ESTÁ CADA VEZ MAIS ABERTA AO GRANDE PÚBLICO

Caparica primavera surf fest promete mais provas e demostraçõesSão doze iniciativas que decorrem de 17 a 26 de Março na praia do Paraíso, na Costa da Caparica. O evento vai envolver cerca de 700 atletas de várias modalidades. E vai ainda contemplar provas e demonstrações.

A praia do Paraíso, na Costa de Caparica, volta a acolher o Ca-

parica Primavera Surf Fest, de 17 a 26 de março. O evento inclui 12 iniciativas de modalidades e envolve cerca de 700 atletas. Body-board, surf, longboard, SUP, kitesurf, windsurf, bodysurf e kayaksurf são as propostas da organiza-ção para esta edição, que garante mais provas e de-monstrações. Miguel Inácio, da orga-nização, realça que este

ano existe um «leque mui-to maior de provas e acon-tecimentos e destaca, por exemplo, a sessão de ‘tow--out’ promovida por Hugo Pinheiro & Friends, que está agendada para os dias 19 e 20 de março, entre ou-tras iniciativas.

Os melhores surfistas juniores do mundo

Dentro do plano com-petitivo, além do nacional de bodyboard, decorrerá ainda a 4.ª etapa do regional de surf esperanças da Gran-de Lisboa, as etapas inaugu-rais dos nacionais de long-

board e SUP (variante ondas) e a etapa do Junior Qualifying Series da World Surfing League, que traz à Caparica, entre 23 e 26 de março, os melhores surfis-tas juniores do Mundo. «Não que as pessoas venham cá só ver, mas que participem. Temos aulas de windsurf, surf, bodysurf. Podem experimentar pran-chas», diz, relembrando os «dias primaveris» que se fizeram sentir em 2015 e que deixaram «o pontão ao rubro». «Esperamos que esteja bom tempo, porque o resto já está preparado», sublinha.

para as questões da igual-dade de género. Mestre em Gestão do Desporto, teve na partici-pação das mulheres na

Infantis de Natação. Para além da Susana Narciso ter conquistado para si, para o clube e para Sesimbra as 4 medalhas de prata, ainda conseguiu apurar-se em todas as provas para o Campeona-to Zonal, que irá realizar--se em Tomar daqui a duas semanas. Sem medalhas mas de Parabéns, também estão a

Alice Amigo que não dei-xou escapar o seu apura-

Kayak-polo traz a ‘nata das natas’ à piscina das Manteigadas

A 1.ª fase do Campeo-nato Nacional de Kayak-Polo realiza-

-se a 19 e 20, na piscina das Manteigadas, em Se-túbal, competição na qual é esperada a participação de mais de dez equipas. Equipas de vários pontos do país marcam presença na competição com início às 8h30, sendo que no primeiro dia, a 19, os jogos prolongam-se até às 20h30, enquanto no se-guinte os desafios decor-rem previsivelmente até às 18 horas. O Campeonato Nacio-nal de Kayak-Polo é com-posto por quatro fases e duas ligas, com um total de 13 equipas a competir em simultâneo. No final da quarta fase, o último classificado da 1.ª divisão desce à 2.ª e o vencedor do 2.º escalão sobe ao 1.º. Na divisão principal

competem as cinco equi-pas com a melhor classifi-cação obtida na época an-terior, enquanto os restantes conjuntos dispu-tam a segunda liga. Este campeonato conta ainda com uma categoria especí-fica, no escalão de sub-16, com competição à parte. O campeonato Kayak--Polo é composto por qua-tro fases, autónomas, que se realizam entre março e abril e entre julho e julho. Depois de Setúbal, a com-petição segue para Coim-bra, nos dias 16 e 17 de abril, Fronteira, a 25 e 26 de junho, e Arcos de Valde-vez, a 23 e 24 de julho. Em maio, as equipas disputam a Taça de Portu-gal da modalidade, compe-tição que junta as forma-ções de ambas as divisões em sorteios aleatórios. Este ano a prova decorre nos dias 21 e 22, em Oeiras.

dinâmica desportiva local um objeto de estudo per-manente no seu trabalho enquanto autarca, diri-gente e investigadora.

mento para os Zonais nos 200 e 100 metros costas, e a Carolina Luz que, já apura-da para os 200 metros esti-los, ficou a uma décima de conseguir o apuramento na prova dos 200 metros bru-ços, sendo no entanto de enaltecer o espírito de de-ver e de responsabilidade que estas briosas atletas demonstram todos os dias nos seus treinos.

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NEGÓCIOS

“Casa Ermelinda Freitas” é Prémio Excelência pelo quarto ano consecutivo

TEXTO ROBERTO DORESIMAGEM SM

MINISTRA DO MAR, ANA PAULA VITORINO, GARANTIU DESBLOQUEAR INVESTIMENTOS NECESSÁRIOS NO TERMINAL XXI

O que leva o Paquistão a estar interessado em investir no porto de Sines?

Ana Paula Vitorino reuniu esta semana com congénere paquistanês e a porta ficou escancarada. Esta quarta-feira, a ministra inaugurou uma unidade de frio no porto de Sines e visitou o Terminal XXI.

O interesse paquistanês no porto de Sines foi conheci-do esta semana, após uma

reunião entre a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, com Kamran Michael, senador e ministro fede-ral dos portos de navegação do Paquistão. Garantia dada à gover-nante: há empresários paquista-neses dispostos a investir no por-to de águas profundas alentejano, mas, para já, não são revelados os montantes em «jogo», segundo fontes ligadas ao processo. Mas a que se deve agora este entusiasmo daquele país asiático em Sines? A explicação é fácil. Desde logo porque o Paquistão tem uma posição geográfica coincidente com a passagem da rota marítima que se inicia no Japão (Extremo Oriente) e que atravessa grandes potências eco-nómicas mundiais, como são os casos da Índia, Coreia do Sul, China, Taiwan ou Singapura. De-pois a rota avança pelo Canal do Suez, rumo aos mercados euro-peus. Na origem do interesse pa-quistanês está ainda a vantagem geoestratégica desta rota em sentido inverso.

Outra característica relevan-te no interesse que chega do Pa-quistão prende-se com o facto de Sines ter o porto de águas profundas, o que viabiliza a re-cessão de navios porta-conten-tores de última geração, tendo a infraestrutura ainda espaço para alargar as áreas de terminais de contentores. O interesse dos investidores paquistaneses incidirá nas infra-estruturas de terminais para car-ga contentorizada, um segmento de mercadorias que segue uma curva ascendente há vários anos, perspetivando-se que mantenha a tendência para o futuro. A notícia da prioridade dada pelos investidores paquistaneses a Sines foi conhecida durante uma visita de Ana Paula Vitorino ao porto do Litoral Alentejano, estando a ser preparado um me-morando de entendimento, com vista a fomentar as relações e ex-plorar novas oportunidades en-tre os dois países. A governante garantiu, por seu lado, que tenciona desblo-quear os investimentos necessá-rios para a expansão do terminal de contentores do porto de Si-nes, que poderá ocorrer não só através da ampliação do atual Terminal XXI, que está conces-

sionado à PSA (empresa estatal de Singapura) mas também com a possibilidade paralela de se lançar um concurso público in-ternacional para a concessão de um novo terminal de contento-res no porto alentejano. Inauguração de entreposto frigorífico da Friopuerto

Na mesma visita a Sines, Ana Paula Vitorino inaugurou o novo entreposto frigorífico do Porto de Sines, instalações que pertencem à FP Sines Lda, empresa do grupo espanhol Friopuerto Investment. Um investimento da ordem dos dois milhões de euros, que se lo-caliza na ZALSINES – Zona de Atividades Logísticas de Sines – e que permite alargar a oferta para a movimentação de produtos pe-recíveis, permitindo ao entrepos-to manter a cadeia de frio e a ras-treabilidade do produto. A operação do novo armazém vai ser suportada por processos e tecnologia de última geração em gestão de câmaras frigoríficas, segundo os responsáveis da em-presa, permitindo disponibilizar todo o tipo de serviços de trans-bordos, cross-docking e serviços de valor acrescentado, como ar-mazenamento e temperatura

Pelo quarto ano consecutivo a gestão da empresa vitiviníco-la de Palmela “Casa Ermelin-

da Freitas” foi distinguida com o prémio de PME Excelência, revela-dor da sustentabilidade, consolida-ção e crescimento da unidade ins-talada em Fernando Pó, concelho de Palmela. «Este trabalho vem re-validar o trabalho que temos leva-do a cabo durante todos estes ano», disse ao Semmais Leonor Freitas, a gerente da empresa.

controlada, serviços logísticos de transporte e soluções empresa-riais, entre outros. A primeira fase de desenvol-vimento deste projeto envolveu a construção de um armazém de 3100 metros quadrados com duas câmaras refrigeradas, prin-cipalmente para fruta fresca (en-tre 0ºC e 18ºC), um cais de movi-mentação de 750 metros quadrados e um total de oito cais de carga e descarga, tendo capa-cidade para mais de mil paletes. No arranque são criados cerca de 10 postos de trabalho diretos. A segunda fase do projeto, que deverá ser concretizada dentro de alguns meses, duplicará a ca-pacidade das instalações, in-cluindo também câmaras bi--temperatura para produtos congelados. Manuel Cabrera, diretor-ge-ral da empresa, considerou ter culminado «uma fase de mais de dois anos de projeto», que se junta aos projetos de Valência, Tânger e Veracruz. O responsá-vel avançou que, em Junho, jun-ta-se a Friopuerto Montevideu e, no próximo ano, a Friopuerto

Leixões. «O crescimento susten-tado da carga contentorizada, a oferta de serviços regulares dire-tos a todos os continentes, asso-ciados a elevados índices de pro-dutividade portuária e à existência de espaço disponível» determinaram a escolha do por-to de Sines para a localização deste investimento. Ana Paula Vitorino reforçou a «importância estratégica» do porto, apontando melhoria das condições de negócios para bre-ve à boleia da conclusão das obras de expansão do terminal de contentores prevista para maio. Sublinhou a ministra que «este novo incremento aumenta-rá a capacidade do terminal em pelo menos 30%, podendo este valor ainda ser aumentado em função da sua taxa de ocupa-ção». O investimento de 35 mi-lhões de euros é totalmente su-portado pela PSA, acrescentando ainda a governantes que neste novo cais, «serão movimentados navios de menor porte, libertan-do-se o cais principal para a operação dos grandes navios que escalam o terminal».

SETÚBAL, SESIMBRA E LISBOA COM DUAS ADMINISTRAÇÕESAna Paula Vitorino recusou-se a prestar esclarecimento sobre a futura mudança das administrações portuárias. Relativamente ao diploma que estipula que o porto de Lisboa e os portos de Setúbal e Sesimbra passam a ter um Conselho de Administração comum, a governante salienta que «vamos continuar a ter duas administrações portuárias. Não se trata de uma fusão, mas de uma gestão estratégica conjunta, isto é, o planeamento estraté-gico e instrumentos de gestão têm de ser feitos de forma conjun-ta, e existirá um representante na administração nomeado na Área Metropolitana de Lisboa que inclui toda a região de Lisboa e Vale do Tejo». Ana Paula Vitorino destacou a importância da realização de reuniões semanais do Conselho de Administração, alternadas entre Lisboa e Setúbal, considerando ser «condição fundamental para que no início seja feita uma boa gestão parti-lhada dos recursos», acrescentando que «não pode haver uma supremacia de um porto relativamente a outro».

E o ano não podia ter começado da melhor maneira, já que Leonor Freitas foi eleita personalidade do ano pelos prémios W, da responsa-bilidade do famoso crítico de vi-nhos Aníbal Coutinho. A atual res-ponsável da Casa Ermelinda Freitas, a grande impulsionadora das trans-formações operadas desde há uma década, recebeu assim mais uma importante distinção, de entre as muitas outras distinções no âmbito da sua atividade empresarial.

Chuva de prémios em mais um ano em cheio

De referir que o inicio do ano de 2016 para a Casa Ermelinda Frei-tas tem sido igualmente rico em prémios alcançados em impor-tantes concursos nacionais e in-ternacionais. Nos primeiros três meses do ano, a “Casa Ermelinda Freitas” já recebeu seis medalhas de Ouro, na “Mundus Vini - Edi-ção Primavera”, 6 medalhas de

ouro na “China Wine & Spirits Awards 2016”, sendo que o vi-nho Quinta da Mimosa obteve a Medalha de Ouro no “Vinalies Internationales- 2016” em Paris. O vinho Touriga Franca recebeu uma pontuação de 90 em 100 na prova Tasted 100% Blind. Na Prodexpo 2016, a “Casa” recebeu oito medalhas de Ouro, com grande destaque para a Estrela Prodexpo que distingiu o vinho Syrah Reserva 2013 e na Wein-

messe Berlin obteve um total de quatro medalhas de ouro. Em Portugal a Casa Ermelin-da Freitas foi distinguida com o prémio da Revista de Vinhos a distinção de “Melhores de Portu-gal” para o seu Leo D’Honor de 2009.

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NEGÓCIOS

The Navigator Company instala em Setúbal maior central solar fotovoltaica em Portugal

A convite da AISET, o economista e ex-ministro da Economia, do Governo de António Guterres, diz que a região de Setúbal tem de continuar a crescer e a afirmar-se como um polo de criação de valor. Os empresários têm de ser criativos e unidos, pois só assim a região será competitiva e internacional.

São 8800 painéis solares a instalar em cerca de 13 mil metros quadrados. Estima-se que a produção de energia eléctrica por ano atinja cerca de 3 mil e cem kwh. Será a maior central fotovoltaica do país.

TEXTO ANTÓNIO LUÍSIMAGEM SM

TEXTO ANTÓNIO LUÍSIMAGEM SM

AUGUSTO MATEUS DEIXOU O ALERTA AOS EMPRESÀRIOS EM JANTAR- DEBATE DA ASSOCIAÇÃO INDUSTRIAL DE SETÚBAL

«Região de Setúbal ainda tem um longo caminho a percorrer»

The Navigator Company vai instalar 8 800 painéis sola-res fotovoltaicos na cober-

tura da máquina de papel que está instalada em Setúbal, e que é uma das duas maiores e mais

A região de Setúbal é, no nosso País, a única que ainda não é uma região.

Fez um longo caminho mas ain-da tem muito que andar. Isto é, esta região nasceu para a in-dústria como dormitório. Não tinha empresas mas sim estabe-lecimentos. As decisões eram tomadas fora da região e a mão--de-obra vinha de fora», argu-mentou o ex-ministro da Eco-nomia, Augusto Mateus, que falava no jantar-debate promo-vido pela AISET (Associação da Indústria da Península de Setúbal),que decorreu no dia 10, no Novotel, em Setúbal, alusivo

eficientes máquinas do género existentes em todo o mundo, de forma a produzir uma parte da energia elétrica necessária ao seu funcionamento. A viabilidade do projeto em termos técnicos e económicos, aliada às condições solares fa-voráveis da região de Setúbal

onde está instalada a ATF, levou a Companhia a inovar na forma como produz a sua energia, aprofundando assim a sua es-tratégia corporativa de promo-ção da eficiência energética. Frederico Pisco, responsável pela avaliação do projeto, con-sidera que «é essencial que a

empresa analise todas as opor-tunidades de desenvolver pro-jetos na área de produção de energia renovável e de eficiên-cia energética, sempre que exis-ta um racional técnico-econó-mico subjacente». «A energia solar fotovoltaica é hoje uma tecnologia relativa-mente madura, que registou nos últimos anos uma redução significativa de custo de inves-timento associado a um au-mento de eficiência, e que está presentemente apta a dar res-posta às preocupações de natu-reza técnica, económica e de sustentabilidade da Compa-nhia».

Central teria capacidade para energia de 850 casas

Os 8 800 painéis solares a ins-talar em cerca de 13 mil metros quadrados, vão permitir produ-zir por ano, cerca de 3 mil e cem

kWh. Tendo em conta que uma habitação em Portugal conso-me em média 3 700 kWh/ano, é possível concluir que a central solar fotovoltaica da ATF teria capacidade para fornecer anu-almente energia elétrica a cerca de 850 casas. Claramente enquadrado nos valores da Companhia, nomea-damente: Excelência, Inovação e Sustentabilidade, o projeto vai permitir a produção de energia elétrica renovável com emis-sões de Dióxido de Carbono nu-las, para alimentar parcialmen-te a máquina de papel 4 da ATF, evitando desta forma a aquisi-ção dessa mesma quantidade à rede elétrica. O projeto no terreno já ar-rancou, com a montagem do estaleiro de apoio à instalação dos painéis solares fotovoltai-cos e equipamento associados, devendo entrar em produção no decurso do mês de Junho.

ao tema da indústria na Penín-sula de Setúbal. Nesse jantar, que antecedeu a assembleia-geral anual da as-sociação, onde participaram os seus associados, Augusto Ma-teus afirmou que a região tem de ser «criativa, à maneira das pes-soas que aqui vivem. Tem que haver jovens que crescem a pen-sar na indústria, com capacida-de de satisfazer eficientemente a procura. E perceberem como é que se cria valor, com escolas que se centrem nisto». O ex-governante reconheceu que a região tem capacidade para resolver problemas e para crescer ainda mais. «Temos uma especialização que pode ser de-senvolvida, temos um porto e uma cidade de Setúbal que po-

dem ser melhorados e temos ainda a possibilidade de ser um polo dinâmico na Europa. Mas para que tudo isto seja realida-de, é preciso que os empresários se unam e sejam parceiros mui-to relevantes neste processo». A região, a seu ver, tem «im-portantes recursos endógenos e um nível de vida superior à média da União Europeia», sublinhado que «a maior dos europeus vive pior do que quem vive na região de Setúbal». Nós temos, segundo Augusto Mateus, de ter capacida-de para «criar mais valor e de nos internacionalizarmos». «Indústria de referência»

Já António Velge, presidente da AI-SET, realça que o papel da associa-

AISET JÁ TEM 52 EMPRESAS ASSOCIADASA AISET é uma associação com um ano e poucos meses de vida, tem neste momento 52 sócios, pelo que já começa a ser uma as-sociação com «um certo peso», onde se incluem as grandes em-presas da região, como a Autoeuropa, Portucel e Lisnave, entre outras. Com um orçamento anual de cerca de «60 mil euros», a AISET tem unido esforços para que as «várias empresas da re-gião se conheçam, foram feitas visitas a uns e a outros associa-dos e temos vindo a desenvolver a divulgação das melhores prá-ticas de cada associado», argumenta António Velge.

ção visa tornar a zona industrial da Península de Setúbal, «uma zona de referência». E, para isso, «não basta trazer investimento, mas te-mos, primeiro, que criar condições para atrair o investimento. Nesse sentido, realizámos visitas e workshops com as empresas». E, para o presente ano, a AI-SET tenciona prosseguir com ini-ciativas semelhantes e, também, divulgar a associação junto dos municípios e entidades. «Os em-presários da região, com as in-dústrias já instaladas, lutam com algumas dificuldades a nível lo-gístico e do custo da energia. Mas a AISET também luta pela atra-ção de novos investimentos e, para isso, temos de ser competi-tivos, ter boas escolas de forma-ção e entidades públicas disponí-veis e abertas ao investimento estrangeiro para que as empre-sas se possam instalar», vinca.

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OPINIÃO

TURISMO SEMMAIS

JORGE HUMBERTO SILVACOLABORADOR

Raul TavaresDiretorED

ITORIA

L

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Parece ser intenção do pró-ximo Presidente da República de Portugal dar

a primazia à política em relação às finanças, a qual tem domina-do a vida da nação e dos portugueses. Julgo que, em boa hora, mas talvez já tarde para recuperar dos danos causados, esta intenção possa tornar-se uma realidade e contribuir para uma melhoria da vida de todos nós, que temos vivido intoxica-dos por uma linguagem e por uma prática, que tem desmate-rializado as nossas relações individuais e coletivas, como se mais nada houvesse e tudo convergisse nos mercados financeiros, na dívida e nas agências de notação, que a seu belo prazer e com interesses diversos, nos infernizam a vida. As expectativas no mandato de Marcelo Rebelo de Sousa são elevadas. E tanto mais positivas quanto de negativo tiveram estes últimos anos de exercício de Cavaco Silva. Em consonân-cia com as suas múltiplas vivências e experiência política, pode, na verdade, arejar o ambiente geral do país, que tem vivido sob o jugo das finanças. E pode contribuir para um discurso e uma prática mais focados na emergência da política e menos nos partidos e no exercício dos jogos partidá-rios. Antes de mais fazer compreender que a política deve ser vista como necessária, sendo a arte de governar, e os partidos devem estar ao serviço

da política, emprestando-lhe a vontade das pessoas que se revêm numa determinada ideologia, capaz de oferecer soluções diferentes para a governação da coisa pública.Se é verdade que, muitos dos políticos têm facilitado esta ideia que se tem da política, sem dúvida que um dos máximos contributos veio de quem se dizia um economista que não era político. Isto, quando se sabe, ter sido o cidadão Aníbal Cavaco Silva, um dos políticos há mais tempo em funções e com maiores responsabilidades na governação do país. Responsa-bilidades que, têm sido aligeira-das no que respeita às dificulda-des atidas na sustentabilidade da Segurança Social, que em muito radicam nos desmandos da sua governação em princípios dos anos 90 em que se permitiram “truques” e se incentivaram reformas antecipadas a pessoas na casa dos quarenta e tal anos de idade. Cavalgando a onda e a moda, foi Cavaco Silva um dos grandes alimentadores da proscrição da política e dos políticos, em parte pelas suas limitações, refugiando-se na sua pretensa idoneidade em matéria de finanças, e em parte por se querer afirmar como o mais honesto e rigoroso, imune aos malefícios dos corredores partidários e da maldade da política.Ao folhear as páginas do Caderno de Economia dum jornal sema-

nário de grande dimensão, tenho a amarga sensação de que mais nada existe para além da dívida pública, tanto mais agravada pelo endividamento das famílias e das empresas. E outrossim, antever--se da impossibilidade de vir a ser paga por mais que se cresça e se imponha austeridade. (O problema da dívida não é exclusivo dos países periféricos e recomenda-se que se encontrem soluções que vão muito além da clássica e intempestiva austeri-dade). Discorre-se também sobre a inflação, que já não se quer baixa mas que suba para animar a economia e evitar taxas de juros baixas ou mesmo negativas. (Coisa esta que, não antevejo como explicar a quem na sua simplicidade de vida foi tentando amealhar uns dinheiros e que, agora, tem que pagar para os emprestar ou colocar à guarda num banco.) Exibe-se a fortuna dos mais ricos, cada vez menos e mais ricos, em contraponto com os pobres cada vez mais pobres. Fala-se de falências astronómi-cas de bancos, que todos temos que pagar, de produtos financei-ros derivados e de off shores, etc.. Mas não se fala das pessoas, do que fazem, dos que não têm emprego, dos que vêm os filhos

partir, das regiões do interior cada vez mais empobrecidas, do médico que não existe, da escola, dos correios, do posto da GNR que fecharam, enfim deste círculo vicioso que vive da sua própria contradição. E muito menos se fala na urgência em se encontrarem políticas adequadas mais viradas para a resolução de problemas económicos e menos centradas nos instrumentos e mecanismos financeiros que deviam ser postos ao serviço da economia, polo centralizador de todos os esforços para a satisfa-ção de necessidades individuais e coletivas das pessoas.Esperemos que se inaugure um tempo novo em que a política seja reconhecida como necessá-ria e na sua bondade. Só valori-zando a política se poderá exigir mais aos políticos. E decerto poderemos constatar que, bem pior que todos os males que possam advir da política, são os que tomaram conta das nossas vidas, numa linguagem comple-xa, hermética e enviesada, dos tais financeiros sem alma, que tudo sabem mas que em primei-ro lugar fazem prevalecer os seus próprios interesses.

Sines, 7 de Março de 2016

Três enganos e uma certeza. O turismo tem destas

coisas. O que parece nem sempre é. O primeiro engano é o império da imagem. A ideia de que uma boa foto, por si só, faz alguém viajar. A ideia de que uma feira de vaidades enche um (um que seja) quarto de hotel. Os hotéis ficam vazios. Mas os egos cheios. Cheios de ilusões. Normalmente pagas com os seus impostos. Por isso o primeiro engano é achar que pode existir imagem sem conteúdo. E pode. Mas por um dia. Sem consequência nem amanhã.O segundo engano é a agitação do momento. Festas, festinhas e festarolas. Eventos a toda a hora e a qualquer momento. Um país remediado a fingir que é rico. Milhares de pessoas que passam. Nenhuma que fica. Nem um hotel programa estas festas. Nenhuma empresa de animação vende programas

Três Enganos e Uma Certezapara lá ir. E ainda assim, no meio de tanta agitação que não sobrevive à circunstância do momento, existem exceções. Exceções que vale a pena mencionar. Exceções porque são manifestações de identida-de. Eventos que são mais do que a espuma dos dias. E nesses casos, tantas vezes, o turismo não o percebe. E perde uma oportunidade. Por turismo, e para que fique claro, entenda-se aqui as empresas do setor. Precisamente aquelas que deve-riam estar atentas a tudo o que é único. Porque o único é o mais turístico. Mesmo que seja no outro lado da rua.O terceiro engano é a promoção do nada. Afirmar que temos o céu mais azul e o mar mais verde. Mas não sabemos o horário dos transportes, o preço dos hotéis ou a que horas começa o tour pela cidade. Promoção sem empresas, pelo menos no turismo, é uma meia

promoção. Informa pela metade. Representa um serviço mínimo de divulgação. E deixa o poten-cial cliente (turista) entregue a si próprio. Pronto a escolher outro destino. A ir para outro lugar.Finalmente a certeza. A certeza é que temos de trabalhar em conjunto. Tudo no turismo é público. As praias, os monu-mentos, as ruas e as praças, as paisagens e a natureza. A cultura dos lugares. E a cultura das pessoas. Mas (tem sempre um mas) para ser turismo apenas e só se uma empresa aparecer do nada e construir um produto. E depois comercia-lizar. E depois, ainda, vender. Só aí surge esse tal de turista. O tal

que comprou um voo, uma noite num alojamento, uma refeição ou, como agora se diz, uma experiência. Logo enquanto não inventarem o turismo sem turistas esque-çam a promoção e os eventos. Concentrem-se no produto. Simples? Não, complexo!O futuro nunca foi construído com o que é fácil. E o turismo não será exceção, antes regra. Por isso turismo será sempre mais verdade do que comédia de enganos.Ah, é verdade, de 2 a 6 de março decorreu a BTL. Bolsa de Turismo de Lisboa. Onde, precisamente, o melhor e o pior do turismo se encontram.

O primado à política

A VERDADE DAS COISAS SIMPLES

JOSÉ ANTÓNIO CONTRADANÇAS ECONOMISTA

Já temos Presidente da República. O eleito, o mais escolhido e

provavelmente o mais doce dos candidatos nas últimas presidenciais. Marcelo Rebelo de Sousa gera confiança nos afetos, muita proximidade junto de grande parte dos portugueses e acalenta algum optimismo.Percebo agora melhor a sua eleição. Ainda pensei que do ponto de vista político, a agregação de esquerdas pudesse ter vincado no eleitorado a ideia de que seria mais adequado – como aconteceu em várias outras eleições presiden-ciais – um presidente contra-ponto, sendo ele um homem de direita. Parece mais notório, porém, o sentimento de que este povo cansado de tanto desprezo pela sua dignidade e fustigado pela política austeritária da anterior coligação e dos senhores da Europa, quisesse um líder que pudesse perceber as suas dores.Apesar da sua veia ideoló-gica, percebe-se que Marcelo lutou muito para chegar à cadeira presiden-cial e, por via dessa meta, mudou. Sendo um homem de confiança, pode fazer a diferença e anichar a esperança que tanto tem faltado aos portugueses. Sou, convém dizer, suspei-to. Não votei Marcelo Rebelo de Sousa e continuo a ter algumas incertezas sobre o que fará em determinados planos da nossa vida política. Mas, nesta fase, estou a ofertar ao seu mandato um largo período de graças.No essencial, desejo, profundamente, que Marcelo rompa com o plasticismo de Cavaco e ganhe um certo lugar na história.

Já temos Presidente

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SEMMAIS | SÁBADO | 12 DE MARÇO | 2016 | 15

OPINIÃO

CIDADANIAS

ELISABETE CAVALEIROCOORDENADORA PEDAGÓGICA

Caros leitores, todos concordarão que a semana ficará indelevel-

mente marcada por 3 nomes: Marcelo Rebelo de Sousa, Rui Vitória e Mitroglou.Claro que podia sempre voltar a falar do Centeno e as pro-messas que anda a fazer no Eurogrupo de mais austerida-de, mas a Centeno já lá vamos. Temos tempo. Centeno vai ser queimado em lume brando pela Sra. Merkel, pela Sra. Catarina e pelo Sr. Jerónimo e vai ser o bode expiatório de António Costa.Mas esta foi a semana da vingança (que se serve fria), tal

e qual Rui Vitória, Mitroglou e, vá lá, LFV serviram a Jorge Jesus e Bruno de Carvalho, ainda por cima com um jogador que ambos queriam e depois vieram publicamente dizer que só não ficaram com ele porque tinham melhor. Se foi por opção deles (e alguém acredita nisso?) então foi uma péssima opção.A juntar ao balde de água fria que foi a derrota com o eterno rival, num Estádio a bater o recorde de assistência num só jogo, ainda assistiram a meio da semana ao triunfo desses mesmos rivais sobre os milionários Russos do Zenit. Há semanas perfeitas.

Quanto a MRS ainda há muito para dizer, mas que ele chega ao mais alto cargo da nação em estado de completa graça com o seu bom e obediente povo, lá isso chega.Perspectivo tempos bem diferentes daqui a uns meses e o espírito irreverente do Professor, a somar à sua ideologia política e necessidade de intervir, fará dele o árbitro da nossa política. Será um árbitro mega-pressionado por uma direita que nele votou e não se revê na “geringonça” e que cobrará ao “seu” presidente esse frete, enquanto que do outro lado tem uma esquerda

que com ele andou de mãos dadas na campanha e que não se resignará se for arredada do poder por um Marcelo presi-dencialista.Estão a ver como os árbitros este ano entram num jogo deci-sivo, completamente condicio-nados? Pois bem, é assim que Marcelo se sentirá. Só que tem

mais poder. Muito mais.Mas votei nele, acredito nele e desejo-lhe um excelente mandato, apesar de saber que Marcelo adora pregar uma boa partida e não esquece os seus adversários. É caso para perguntar: A vingança serve-se fria como o vichyssoise? Vitória acha que sim.

A vingança serve-se fria como o “vichyssoise?

UM CAFÉ E DOIS DEDOS DE CONVERSA

PAULO EDSON CUNHA VEREADOR PSD CÂMARA DO SEIXAL

Comemorou-se recente-mente o Dia Internacional da Mulher, e eu enquanto

indivíduo do sexo feminino pergunto-me se ainda faz sentido este dia? Reza a história que se deve assinar o dia 8 de março em memória do grupo de mulheres operárias americanas que, heroicamente perderam a vida num episódio criminoso, em prol da igualdade de trata-mento entre homens e mulhe-res. A questão do género condicionará o nosso percurso de vida? A desigualdade intensi-fica-se devido a critérios geográficos? Sem dúvida que nascer mulher na Europa, não é o mesmo que nascer mulher na Arábia Saudita. Mas será só isso? Serão as mulheres euro-peias umas privilegiadas, ou esta ideia é ela própria uma forma camuflada de ocultar a violên-cia sobre as mulheres? Ultima-

mente, somos inundados pelos media, com o velho e sempre atual, problema da violência doméstica, que e apesar dos números dizerem que não é um crime exclusivo contra a mulher, estas continuam a representar em 85% dos casos (APAV; 2014) a vitima predominante. Em 2009, demos um passo de gigante, ao passar o crime de violência doméstica para crime público, no entanto do ponto de vista funcional e das medidas imediatas pouco mais se fez. Ousem fazer o percurso de uma vitima de violência doméstica e facilmente se aperceberão, que se a vitima não tiver condições socioeconómicas e ou suporte familiar, poucas alternativas lhe restam. Vejamos, após a ida ou internamento na unidade hospitalar, seguindo da queixa ao balção do serviço policial, resta à vitima regressar a casa

onde terá que saber lidar com o agressor. Pior é, nos casos onde existem vitimas das vitimas, isto é as crianças. Os pequenos seres, são então encurralados para o cenário familiar de agressões de todos os tipos, onde para além das sequelas psicológicas e físicas têm em muitos dos casos, que salvar as suas pequenas vidas. A mãe que se entrega a si e aos seus filhos, às águas do Tejo num último gesto de desespero, a mulher que é levada para casa abrigo deixando para traz as suas raízes e pertences, aquelas que vezes sem conta, dormem no medo, na angústia de um possível acordar, até às compa-nheiras que num dia fartas de tanta violência acabam elas próprias por matar o agressor. O país fica chocado, colocam-se fotos nos murais das redes socias, deitam-se flores ao mar e

depois? Depois, voltamos às nossas vidinhas até um novo caso e lá recomeça o dito debate publico. E as instituições e entidades como agem? Fazem discursos, daqueles do politica-mente correto, apontam as culpas e responsabilidades umas para as outras, usando o obsoleto discurso dos meios, e há outras ainda, que instrumen-talizam a questão da violência doméstica como arma política, como meio para a percussão de interesse pessoais, numa espécie de carreirismos ou ainda ao serviço do poder

politico. Estarão os meios prontos e serão eficientes para evitar e poupar essas vidas? Está de facto toda a sociedade envolvida neste combate e empenhada em salvar as vítimas ? Em 2014 só 16% dos casos sinalizados pela APAV é que tiveram a cooperação da segurança social, enquanto que na maioria dos casos (30,4%) recorreu-se à intervenção e participação das entidades polícias. Pois é, se nos cair uma vítima de violência doméstica no colo, lá vamos nós à Polícia…. e depois?

Caiu-me uma mulher em risco no colo

Esta noite apresentamos no Teatro Municipal Joaquim Benite “António

e Maria”: o resultado do encontro, no palco, da actriz Maria Rueff com o escritor António Lobo Antunes (drama-turgia de Rui Cardoso Martins), com encenação de Miguel Seabra. Se a sessão (única) não esgotar, andará lá perto. Maria Rueff tem consolidado, no teatro e na televisão, uma assinalável carreira no registo cómico, que neste espectáculo aflora a amargura de se ser português, tão querida a Lobo Antunes. E Lobo Antunes é, do meu ponto de vista, o mais interessante escritor português da segunda metade do século XX – passando ao lado das discussões de capela literária sobre quem é o maior escritor português vivo, querelas essas mais próprias de um concurso

de misses, como uma vez ouvi o Carlos Reis num colóquio sobre Lobo Antunes em que se falou (imagine-se…) de Saramago. Cometi a imprudência de, no início deste século, ter lido de seguida tudo o que Lobo Antunes publicara – mais de dez romances, de “Memória de Elefante” até “Não entres tão depressa nessa noite escura”, que não é bem um romance mas uma catedral em cujas naves se cruzam vozes filtradas por vitrais coloridos. Para quem, como eu, nasceu no início da década de 80 – a quem a História da ditadura, da guerra colonial, e do período pós-revo-lucionário tinha sido contada por meias-palavras –, a desco-berta de António Lobo Antunes significou a revelação de um País triste, suburbano, a preto e branco, no qual as diferenças sociais teimavam em impor-se,

apesar de estarmos todos mais ou menos falidos. Era este o esplendor de Portugal que Lobo Antunes me contou: das dores do divórcio, de uma Hburguesia que reclama de novo o direito de existir, na literatura e não só (“Memória de Elefante”, 1979); dos horrores da guerra colonial (“Os cus de Judas”, 1979) e da psiquiatria (“Conhecimento do inferno”, 1981); da vergonha da descolonização (“As naus”, 1988); por aí fora até à descrição do Portugal dos que regressa-vam do Brasil para enriquece-rem com os fundos da Europa (“Exortação dos crocodilos”, 1999), e ao romance cujo título rouba a Dylan Thomas (“Don’t go so gentle into that good night”), que não é mais do que a história de uma menina que está sozinha no sótão de uma casa fechada a falar consigo mesma - e é porventura o livro em que o

autor mais se expõe, tirando as crónicas que foi publicando no “Público” e na “Visão”.A Lobo Antunes alguns não perdoaram a “origem burguesa”, outros a antipatia, outros a arrogância, outros a megaloma-nia – e tudo o mais que, não constituindo benefícios para a sã convivência social, não são impeditivos para o génio literário. A Lobo Antunes (eu e vários da minha geração) idolatrei-o, imitei-o, coleccionei--o – e gostei dele como quem gosta do Eusébio. Quando adoeceu a primeira vez escrevi-

BOCA DE CENA

RODRIGO FRANCISCODIRETOR DA CTA

-lhe isso tudo, e que se “aguen-tasse nas canetas”. Agradeceu uma vez, numa entrevista, a “um miúdo de Almada” que lhe tinha enviado uma mensagem. Vi-o ao vivo duas vezes – e foi tudo. Nunca falámos: a importância que ele teve para mim é demasiado íntima para que lho diga. No Sábado, a Maria Rueff poderá talvez exprimir melhor, no espectáculo, aquilo que às vezes temos tanta dificuldade em dizer. Quanto a “António e Maria” propriamente dito, consta que não o viu, o escritor.

António Lobo Antunes

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