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ESTADO DA PARAÍBA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NÍVEL MÉDIO
SÃO JOSÉ
SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:
DESAFIO DO ENSINO INFANTIL
Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha
São José de Piranhas – PB
Dezembro de 2007
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SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:
DESAFIO DO ENSINO INFANTIL
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Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha
SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:
DESAFIO DO ENSINO INFANTIL
TCC – Trabalho de Conclusão de Curso – apresentado ao Curso de Formação de Professores para o ensino fundamental (1ª fase) da Escola Estadual de Curso Normal em Nível Médio São José, em cumprimento às exigências para a obtenção do título de professor, orientado pela Professora Especialista Márcia Suzette de Sousa França Rolim.
São José de Piranhas – PBDezembro de 2007
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ESTADO DA PARAÍBA
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO E CULTURA
ESCOLA ESTADUAL DE CURSO NORMAL EM NÍVEL MÉDIO
SÃO JOSÉ
Lucimeire Cavalcanti Dias da Cunha
SEMEAR LEITURA PARA COLHER LEITORES:
DESAFIO DO ENSINO INFANTIL
BANCA EXAMINADORA
Prof. Esp. Márcia Suzette de Sousa França Rolim
Examinador (a)
Examinador (a)
São José de Piranhas – PB
Dezembro de 2007
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A Deus
Por iluminar os nossos passos, pela constante presença
em nossas vidas, pelas oportunidades que nos foram
dadas, por colocar ao nosso lado a Professora Márcia
Suzete (Suzy) que nos orientou com responsabilidade e
respeito fazendo com que conseguissemos finalizar este
trabalho, apesar de todas as dificuldades existentes, pois,
aprendemos que, o importante é termos a capacidade de
sacrificar aquilo que somos para sermos aquilo que
podemos ser.
5
Aos que Amamos
Se hoje comemo uma conquista, esta se deve àqueles que
estiveram ao meu lado em todos os momentos; que
fizeram de meus sonhos seus próprios objetivos e de meus
objetivos sua própria luta. Quero compartilhá-la com
vocês... Pessoas tão especiais, que não pouparam
esforços para que o sorriso que hoje trago no rosto fosse
possível. A vocês, que me ofereceram sempre o melhor
que puderam me dar, através de seu olhar de apoio, de
sua palavra de incentivo, de seu gesto de compreensão,
de sua atitude de segurança, mesmo quando me veio o
desânimo. Nos momentos importantes, suportaram a
minha ausência; nos dias de fracasso, respeitaram meus
sentimentos e enxugaram minhas lágrimas. Se hoje estou
aqui é porque vocês acreditaram em meu sucesso e
caminharam ao meu lado! “Muito obrigado”
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“Você tem que ser o espelho da mudança que está
propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que
começar por mim”.
(Gandhi)
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SUMÁRIO
CAPAFOLHA DE ROSTOCONTRA-CAPAFOLHA PARA PARICÊ DA BANCA EXAMINADORADEDICATÓRIAAGRADECIMENTOSEPÍGRAFESUMÁRIORESUMO ________________________________________________________________091. INTRODUÇÃO ________________________________________________________10
1.1 – CONTEXTUALIZAÇÃO ____________________________________________111.2 - JUSTIFICATIVA __________________________________________________131.3 - PROBLEMA/HIPÓTESE/OBJETIVOS DO TRABALHO _________________ 191.4 - ESTRUTURA _____________________________________________________20
2. PROBLEMATIZAÇÃO _________________________________________________ 22 2.1 - ENSINO INFANTIL: O PAPEL DA ESCOLA NA
FORMAÇÃO DE LEITORES COMPETENTES ________________________________ 26
2.2 – O APRENDIZADO INICIAL DA LEITURA E SUAS
CONCEPÇÕES __________________________________________________________ 29
2.3 – LITERATURA INFANTIL: O FANTÁSTICO MUNDO DA REALIDADE _________________________________________________________35 2.4 – O PROFESSOR-LEITOR E SUA IMPLICAÇÃO NA
FORMAÇÃO DO ALUNO-LEITOR __________________________________________38
3. RELATIVIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA ____________________________________43
3.1 – ASPECTOS HISTÓRICOS DA ESCOLA CAMPO_______________________44
3.2 – ASPECTOS FÍSICOS ______________________________________________45
3.3 – ASPECTOS FUNCIONAIS _________________________________________ 47
3.4 – COMO A ESCOLA SE ORGANIZA PEDAGOGICAMENTE ______________50 3.5 – METODOLOGIA: COMO DETECTAMOS O PROBLEMA ______________ 51
3.6 – PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ___________________________________ 53
4. PESQUISA COMO TRABALHO SÓCIO-EDUCATIVO ______________________ 55
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _____________________________________ 56
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RESUMO
A reflexão sobre o ensino da leitura na escola, com um olhar “apurado” para o ensino infantil, é muito importante nos dias de hoje. Nesta reflexão é primordial analisar os fatores que impedem a formação de sujeitos leitores para que se possa apresentar caminhos de renovação e qualificação na prática pedagógica relativa à leitura. Um trabalho de leitura e de formação de leitores precisa abordar tipos diversificados de textos, pois o mundo está em mudança constante e é preciso avançar de acordo com a tecnologia. No âmbito escolar percebemos que os alunos cada vez mais se afastam e desinteressam pela leitura e é aí que se questiona a prática pedagógica, o ensino e o incentivo da leitura em sala de aula e as propostas de ação que podem levar as crianças a se tornarem "Leitores competentes". Investir na formação de leitores é uma tarefa urgente. É preciso apostar que é possível ir muito além da alfabetização e que sujeitos leitores são capazes de olhar reflexivamente a realidade à sua volta, e capazes de fazer a opção de mudá-la de alguma forma.
PALAVRAS –CHAVE: Ensino Infantil – Leitura – Leitores competentes
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INTRODUÇÃO
1.1.Contextualização
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As exigências educativas da sociedade contemporânea são crescentes e estão
relacionadas às diferentes dimensões da vida das pessoas: ao trabalho, à participação
social e política, à vida familiar e comunitária, às oportunidades de lazer e
desenvolvimento cultural.
O mundo passa atualmente por uma revolução tecnológica que está alterando
profundamente as formas de trabalho e de interação, onde, numa economia cada vez
mais globalizada, a competitividade desponta como necessária à subsistência humana.
No afã de auto-superar o homem moderno terminou o século XX em desarmonia
consigo mesmo, sem reflexão crítica sobre as suas reais necessidades, as quais deveriam
permear o próximo milênio.
Sobre este prisma, torna-se oportuna a discussão sobre as formas de lidar com os novos
tempos e, portanto, emergir o discurso sobre a qualidade de ensino nas escolas,
atentando para a ascensão no nível de educação de toda população e detectando os
fatores que possam atender às novas exigências educativas que a própria vida cotidiana
impõe de maneira crescente no meio social.
Neste sentido, um dos instrumentos imprescindíveis para uma formação geral e que
possibilite cidadãos críticos, autônomos e atuantes, nesta sociedade em constante
mutação, seria a prática de leituras variadas que promovam, de maneira direta ou
indireta, uma reflexão sobre o contexto social em que estão inseridas, uma vez que o
movimento dialético da leitura deve inserir o leitor na história deste milênio e o
constituir como agente produtor de seu próprio futuro.
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As fracas experiências com a leitura afastam o leitor do contexto social e cultural, faz
com que desconheça o que de mais profundo o homem pensou e escreveu sobre si,
alienando-se das informações e, conseqüentemente obsta sua participação ativa e efetiva
na sociedade em que está inserido.
Por esta perspectiva, obvia-se a necessidade da formação de leitores, pois se percebe
que sua participação no contexto social depende de sua visão de mundo, de seus valores,
de seus conhecimentos, de sua reflexão e visão crítica, enfim, da leitura como
instrumento do conhecimento.
Nesta perspectiva, o exercício da leitura transcende, em muito, a utilização de materiais,
muitas vezes empregados como modismos em sala de aula. A formação do leitor impõe-
se como prioridade a ser seguida, pressupondo a figura do professor como interlocutor
ativo no diálogo da leitura, a fim de instigar e promover leitores que estejam à procura
de respostas às suas próprias indagações e a desconfiar dos sentidos das letras impostas
por textos insignificantes para, desta forma, encontrar nos livros, a fonte de sua
sabedoria e inspiração, resgatando a história do conhecimento, tão necessária nos novos
tempos, em que as mudanças são rápidas e atropelam o próprio “saber humano”.
A Escola insere-se neste contexto como instrumento hábil a implementar a leitura na
Educação Infantil e Séries Iniciais, motivando os jovens leitores através de uma
mudança de concepção, ou seja, transformando a leitura como algo agradável, fonte não
apenas de informação, mas principalmente de lazer.
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É o que se pretende ao longo deste trabalho conclusivo de curso, através da escrita
baseada numa pesquisa bibliográfica atualizada com o tema, demonstrar aos leitores a
relevância do educador na formação de novos leitores, numa concepção de que, sem
rupturas no processo ensino-aprendizagem, a leitura pode ser empregada como
mecanismo de lazer, cultura e formação.
1.2 - Justificativa
A alfabetização, a leitura e a produção textual têm sido alvo de grandes discussões por
parte dos estudiosos da Educação, já que há muitos anos se observam algumas
dificuldades de aprendizagem e altos índices de reprovação e evasão escolar. Dentre as
questões mais focalizadas, destaca-se o ensino da língua materna. A dificuldade, após
anos de escola, de o aluno escrever um texto coeso e coerente culminando na
insegurança lingüística demonstra o fracasso das práticas lingüísticas das aulas.
A voz do professor raras vezes é ouvida no coro daqueles que denunciam a situação.
Não é de surpreender, pois faz parte do processo de diminuição do professor deixá-lo
sem acesso à palavra escrita, seja, como leitor, porque não detém recursos financeiros
suficientes para adquirir o que é instrumento para seu trabalho, seja como escritor,
porque não é um representante social da elite formadora de opiniões, embora tenha que,
representá-la em sala de aula.
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A função primordial da escola seria, para grande parte dos educadores, propiciarem aos
alunos caminhos para que eles aprendam, de forma consciente e consistente, os
mecanismos de apropriação de conhecimentos. Assim como a de possibilitar que os
alunos atuem, criticamente em seu espaço social. Essa também é a nossa perspectiva de
trabalho, pois, uma escola transformadora é a que está consciente de seu papel político
na luta contras as desigualdades sociais e assume a responsabilidade de um ensino
eficiente para capacitar seus alunos na conquista da participação cultural e na
reivindicação social. (Soares, 1995:73)
Entretanto, Foucambert (1994) enfatiza que, faz-se necessário o surgimento de dois
movimentos sociais: um de reinvenção da escola e outro de desescolarização da leitura.
Para que o primeiro se estabeleça, faz-se necessário uma intervenção das instâncias e
movimentos de educação popular; e uma verdadeira mudança de postura política. Já a
concretização do segundo passa pela conscientização dos membros da sociedade em
relação à importância e poder da leitura enquanto ato e aprendizado social possibilitador
de transformação, o qual se caracteriza e se realiza a partir das práticas familiares e
sociais de leitura.
Compartilhando de concepções semelhantes, Kramer (2001) também acredita que o
acesso à alfabetização (enquanto desenvolvimento de uma postura reflexiva sobre a
língua), à leitura e à escrita é um direito do cidadão e que, portanto, exige o
comprometimento com um projeto de sociedade que vise à democratização e à justiça
social. Ela também defende que a escola não deve assumir sozinha o compromisso com
as mudanças que precisam ser efetivadas nesta área. Kramer argumenta que é necessário
tanto o desenvolvimento de um projeto econômico como de um projeto de emancipação
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cultural dentro e fora da escola, que favoreça o contato dos indivíduos com o bem
cultural produzido pela humanidade em todas as áreas do conhecimento. Deste modo,
ela parece propor um acesso às várias leituras, que não apenas a do escrito: a leitura da
escultura, da pintura, do movimento, da dança, da fotografia, da música...
Foucambert (1997) defende que os professores precisam apresentar ações determinantes
tanto dentro como fora da escola, não esperando, de maneira passiva, que este tipo de
mudança seja germinado na sociedade. Deste modo, ele parece também acreditar que o
professor apresenta-se como uma peça fundamental deste processo, postulando que o
mesmo pode engendrar o início desta mudança. Todavia, Foucambert (1997) sustenta
que:
assim como acontece com o leitor-aprendiz,torna-se necessário
que o professor tenha acesso, em processo de formação inicial
ou continuada, ao poder da escrita para que possa colocar-se em
uma posição que lhe permita a construção de um novo ponto de
vista em relação à atividade de leitura e à sua natureza.
Diz Foucambert (1997) que somente a aproximação do professor com a informação
pertinente e, portanto, com o escrito, pode-lhe conceder a liberdade de escolha sobre o
que é possível fazer em sala de aula. É esta informação teórica que permite a esse
profissional a ampliação de sua percepção, via reflexão e distanciamento do real, e
conseqüente ampliação de sua ação. Para ele, formar-se professor é ter acesso aos
instrumentos que possibilitem a formação do leitor, compreende-los, agir sobre eles e
transformá-los.
15
No entanto, não é isso que tem sido evidenciado em nossa realidade educacional. A
formação de professores por si só, hoje, não parece garantir este poder. Pelo contrário, o
que se observa em cursos de formação de professores e em professores em serviço de
formação com a escrita e, portanto, com a leitura é uma relação técnica, mecânica e,
quase sempre, sem motivação e prazer.
Pensa-se, portanto, que a mudança deve partir de uma reestruturação dos cursos de
formação inicial e continuada de professores, em que o aspecto afetivo destes seja
resgatado, vivenciado e trabalhado, a fim de se possibilitar os acontecimentos, o
controle das emoções, o desenvolvimento da sensibilidade e das habilidades de saber
ouvir empaticamente, saber respeitar as diferenças e saber observar.
Ao adquirir essas habilidades o professor perceberá que a linguagem tem como objetivo
principal à comunicação sendo socialmente construída e transmitida culturalmente.
Portanto, o sentido da palavra instaura-se no contexto, aparece no diálogo e altera-se
historicamente produzindo formas lingüísticas e atos sociais. A transmissão racional e
intencional de experiência e pensamento a outros requer um sistema mediador, cujo
protótipo é a fala humana, oriunda da necessidade de intercâmbio durante o trabalho.
(Vygotski, 1998:07)
Mas, freqüentemente o aprendizado fora dos limites da instituição escolar é muito mais
motivador, pois a linguagem da escola nem sempre é a do aluno. Dessa maneira
percebemos a escola que exclui, reduz, limita e expulsa sua clientela: seja pelo aspecto
físico, seja pelas condições de trabalho dos professores, seja pelos altos índices de
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repetência e evasão escolar ou pela inadaptabilidade dos alunos, pois, a norma culta
padrão é a única variante aceita, e os mecanismos de naturalização dessa ordem da
linguagem são apagados. (Soares, 1995: 36)
A análise das questões sobre a leitura e a escrita está fundamentalmente ligada à
concepção que se tem sobre o que é a linguagem e o que é ensinar e aprender. E essas
concepções passam, obrigatoriamente, pelos objetivos que se atribuem à escola e à
escolarização.
Muitas das abordagens escolares derivam de concepções de ensino e aprendizagem da
palavra escrita que reduzem o processo da alfabetização e de leitura a simples
decodificação dos símbolos lingüísticos. A escola transmite uma concepção de que a
escrita é a transcrição da oralidade (Cagliari, 1989: 26). Parte-se do princípio de que o
aprendiz deve unicamente conhecer a estrutura da escrita, sua organização em unidades
e seus princípios fundamentais, que incluiriam basicamente algumas das noções sobre a
relação entre escrita e oralidade, para que possua os pré-requisitos, aprenda e
desenvolva as atividades de leitura e de produção da escrita.
Mas a escrita ultrapassa sua estruturação e a relação entre o que se escreve e como se
escreve demonstra a perspectiva de onde se enuncia e a intencionalidade das formas
escolhidas. (Guimarães, 1995:08) A leitura, por sua vez, ultrapassa a mera
decodificação porque é um processo de (re) atribuição de sentidos.
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Os que se baseiam em uma visão tradicional da leitura e da escrita continuam a ver o
aprendizado dessas práticas como o acesso às primeiras letras, que seria acrescido
linearmente do reconhecimento das sílabas, palavras e frases, que, em conjunto,
formariam os textos, e, após o conhecimento dessas unidades, o aluno estaria apto a ler
e a escrever. (Cagliari,1989: 48) Essa seria uma concepção de leitura e de escrita como
decifração de signos lingüísticos transparentes, e de ensino e aprendizagem como um
processo cumulativo.
Já na visão contemporânea a construção dos sentidos, seja pela fala, pela escrita ou pela
leitura, está diretamente relacionada às atividades discursivas e às práticas sociais as
quais os sujeitos têm acesso ao longo de seu processo histórico de socialização. As
atividades discursivas podem ser compreendidas como as ações de enunciado que
representam o assunto que é objeto da interlocução e orientam a interação. A construção
das atividades discursivas dá-se no espaço das práticas discursivas.
(Matencio,1994:17)
Como dito anteriormente, estamos propondo que enfatizemos as práticas discursivas de
leitura e escrita como fenômenos sociais que ultrapassam os limites da escola. Partimos
do princípio de que o trabalho realizado por meio da leitura e da produção de textos é
muito mais que decodificação de signos lingüísticos, ao contrário, é um processo de
construção de significado e atribuição de sentidos. Pressupomos também que a leitura e
a escrita são atividades dialógicas que ocorrem no meio social através do processo
histórico da humanização.
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Adotar esse ponto de vista requer mudança de postura, pois a diferença lingüística não é
mais vista como deficiência (Ceccon, 1992:62). O trabalho com a leitura e a escrita
adquire o caráter sócio-histórico do diálogo e a linguagem preenche a representação
social: a palavra está sempre carregada de um conteúdo ou de um sentido ideológico
ou vivencial. (Baktin, 1992:95)
Nessa perspectiva, a evolução histórica da linguagem, a própria estrutura do significado
e a sua natureza psicológica mudam de acordo com o contexto vivido. A partir das
generalizações primitivas, o pensamento verbal eleva-se ao nível dos conceitos mais
abstratos. (Vigotski, 1997:30). Não é simplesmente o conteúdo de uma palavra que se
altera, mas o modo pelo qual a realidade é generalizada em uma palavra. O significado
dicionarizado de uma palavra nada mais é do que uma pedra no edifício do sentido;
não passa de uma potencialidade que se realiza de formas diversas na fala. (Vigotski,
1998:156).
1.3 – Problema, hipótese e objetivos do trabalho.
A falta de estímulo à leitura, por parte dos educadores do ensino infantil, na E.E.E.I. F
Santa Maria Gorete, na cidade de São José de Piranhas – PB colabora para que o aluno
conceitue a leitura apenas como objeto de ensino e não de aprendizado, partindo do
problema exposto, levantam-se as seguintes hipóteses: leitura é apenas decodificar
símbolos; a convivência com pessoas letradas é um estímulo à leitura; a leitura é um
instrumento de aprendizagem; a falta de motivação por parte do professor atrapalha a
aprendizagem do aluno.
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Sendo assim, objetivamos com este trabalho científico, provar que é preciso haver
estímulo por parte dos educadores para que seja desenvolvido o gosto pela leitura em
seus alunos; identificar as dificuldades que o professor encontra para estimular o aluno a
praticar o ato de ler; verificar se a falta de estímulo à leitura provoca no aluno um
retardamento em seu aprendizado; especificar métodos que possam ser utilizados no
ensino-aprendizagem no que se refere à leitura para que os alunos desenvolvam suas
habilidades.
1.4 – Estrutura
O trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro é a Introdução: apresenta o
assunto de forma contextualizada divida em contextualização, justificativa, problema,
hipóteses e objetivos do trabalho, além da estrutura; o segundo é a Problematizarão:
representando a base teórica da fundamentação do trabalho. O terceiro é a Relativização
da experiência: são as características históricas, físicas, funcionais levantadas a respeito
da Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete, que são os
métodos utilizados para chegar-se a definição da área de estudo, como por exemplo, sua
localidade, ponto de referencia, a área construída, seu quadro funcional e o número de
alunos matriculados, a metodologia que mostra como detectamos o problema, e as
possíveis deduções encontradas a partir da análise de observação e uma proposta de
intervenção visando contribuir com a melhoria do desempenho da escola campo. O
quarto é a pesquisa como trabalho sócio-educativo: mostrando o nosso ponto de vista
com relação ao tema escolhido e citando as considerações finais do trabalho. O quinto e
20
último capítulo são as Referências Bibliográficas: apresenta as fontes de pesquisa do
nosso TCC – Trabalho de Conclusão de Curso.
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A PROBLEMATIZAÇÃO
Semear leitura para colher leitores: Desafio do Ensino Infantil
2- A PROBLEMATIZAÇÃO:
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Origem e Importância da Leitura
Desde os primórdios da civilização o homem busca habilidades que lhe torne mais útil
a vida em sociedade e que lhe possa tornar mais feliz. A criação de mecanismos que
possibilitassem a disseminação de seu conhecimento tornava-se um imperativo de
saber/poder, que ensejava respeito e admiração pelos companheiros de tribo.
Daí o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente e num estágio
mais avançado das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que denotavam sua
própria e mais nobre conquista: a conquista de ser.
Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes à própria história da
civilização.
Ao longo da história, a leitura foi vista como uma fonte de aprendizagem e de
conhecimento. Foi assim desde a antiguidade, precisamente a partir dos séculos V e VI
a.C, quando a prática da leitura em voz alta foi bastante difundida. Já na Idade Média,
no final do século XI até o século XIV, com o desenvolvimento da alfabetização, as
práticas de escrita e de leitura, antes separadas, aproximaram-se e se tornaram função
uma da outra. A escola passa, então, a ser vista como o principal espaço onde se dará o
ensino de leitura. Posteriormente, na Idade Moderna, entre os séculos XVI e XVIII, as
práticas de leitura estiveram condicionadas à escolarização, às opções religiosas e ao
crescente ritmo de industrialização.
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Já no transcorrer deste século a imprensa escrita desenvolveu mais nitidamente sua
função educativa, penetrando nos vários setores da vida social, agindo intensamente na
formação do imaginário coletivo. Tornou-se, sobretudo, o principal veículo para
difundir visões de mundo, normas e valores de caráter ideológico dominante. Por outro
lado, aguçou a capacidade crítica dos leitores, ainda que num número insuficiente para
uma sociedade que clama por iguais condições de acessibilidade ao conhecimento.
Pode-se afirmar que a imprensa ao longo da história serviu, sobretudo, à classe
dominante que acreditava no papel da leitura como um elemento auxiliar do processo de
inculcação ideológica, colaborando para a reprodução das estruturas sociais
excludentes.
Nas últimas décadas do século XX, a expansão da tecnologia digital e das redes de
comunicação virtual por meio de computador desenvolveu novos suportes de leitura que
se somaram ao formato do livro impresso. Os discos rígidos, disquetes, cd - rom,
multimídia, mostraram-se como novas alternativas para o ato de leitura, pois o texto
eletrônico permite que o leitor interfira em seu conteúdo tornando-se um co-autor.
O leitor diante da tela pode intervir nos textos, modificá-los, reescrevê-los, fazê-los
seus; ele torna-se “um dos autores de uma escrita de várias vozes ou, pelo menos,
encontra-se em posição de construir um texto novo a partir de fragmentos recortados e
reunidos”. (CHARTIER, 1994, p. 103). Ainda assim, o progresso não possibilita iguais
oportunidades de leitura e escritura à maioria da população brasileira.
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A criação dessa disponibilidade, que chamamos escrita e leitura, criam outras
disponibilidades, pois ela é a básica, dela provém as demais. Através da leitura e da
escrita o homem conseguiu estreitar os laços de afetividade com seus semelhantes,
harmonizar os interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estágio atual da
civilização, com a abstração a que nomeamos “Estado”. O homem se organizou
politicamente.
Mas voltando-nos ao campo do conhecimento humano, que é o que por ora nos
interessa, o mito poético que sempre embalou o homem, a fantasia dos deuses,
descortinaram as portas do saber, originando a busca da informação, do saber humano,
do seu prazer.
Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas aperfeiçoou-se
a tal ponto de ser imprescindível à sua própria existência. A busca do conhecimento
tornou-se imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como
ser social, como centro de convergência de todos os outros interesses.
Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da história da civilização,
percebe-se que quanto mais cedo o homem iniciar, mais cedo germinará bons
resultados. Ou seja, a infância como uma fase especial de evolução e formação do ser,
deve despertar-lhe para este mundo, o mundo da simbologia, o mundo da leitura.
Podemos dizer que a imaginação humana é imperiosa para a construção do
conhecimento, e conhecimento também é arte, daí a importância da Educação Infantil
para enriquecer essa imaginação da criança, oferecendo-lhe condições de liberação
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saudável, ensinando-lhe a libertar-se no plano metafísico, pelo espírito, levando-a a usar
o raciocínio e a cultivar a liberdade e o hábito da leitura.
2.1- Ensino Infantil: O papel da escola na formação de leitores competentes
Numerosos estudos nos fazem supor que os livros preparados para a infância remontam
ao final do século XVII. Antes disso, as crianças, vistas como adultos em miniatura,
participavam desde a mais tenra idade, da vida adulta.
Naqueles tempos não havia histórias dirigidas especificamente ao público infantil, pois
a infância, enquanto período de desenvolvimento humano, com particularidades que
deveriam ser respeitadas, inexistia.
As profundas transformações ocorridas no âmbito social e econômico, principalmente
com o advento do Capitalismo e da Supremacia burguesa, fizeram com que surgisse
uma nova organização familiar e educacional, na qual a criança passou a ocupar um
espaço privilegiado. Com intuito de capacitar cidadãos a fim de enfrentar um mercado
de trabalho tão competitivo já naquela época, tornava-se imperioso o preparo eficiente
das crianças para o trabalho e, consequentemente, para um desenvolvimento social
sustentável.
Nesse sentido, reorganiza-se a Escola para que atenda às novas exigências, repensando-
se todos os produtos culturais destinados a infância e, dentre eles, especialmente o livro.
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Surge assim a Literatura Infantil, criada com uma concepção ideológica comprometida
com um destinatário específico: a criança, embora persistissem resquícios ideológicos
amalgamados à transmissão de valores da sociedade então vigente.
Com o passar dos tempos e com o surgimento de novos autores, os livro infantis vão
gradativamente sofrendo transformações e promovendo, através da disseminação de
uma leitura prazerosa e ao mesmo tempo vinculada à construção do conhecimento, um
alargamento vivencial para as crianças.
Nesta direção, a Escola, como espaço socializador do conhecimento, fica com a tarefa
primordial de assegurar aos seus alunos o aprendizado da leitura, devendo fazer circular
em seu meio uma diversidade de materiais, com conteúdos ricos e variados, que
promovam a formação de leitores livres. Concebe-se assim, a prática da leitura, não
como habilidades lingüísticas, mas como um processo de descoberta e de atribuição de
sentidos que venha possibilitar a interação leitor-mundo. Conforme FREIRE (1996):
“(...) O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita (...) A leitura
do mundo precede a leitura da palavra.”
Sob este prisma, o professor precisa estar capacitado e preparado para provocar em sala
de aula, a partir de leituras diversificadas, discussões que conduzam os alunos ao
estabelecimento de elos com outras realidades, permitindo assim, a efetivação do real
sentido do que está sendo lido, em consonância com o discurso de SOARES (1995): “A
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leitura na escola, tem a função de desacomodar o aluno, despertar-lhe o senso crítico,
romper com a alienação(...) já que ler não é apenas decodificar signos gráficos.”
Por esta perspectiva, é oportuno reforçar a assertiva de que o professor deve selecionar
diferentes tipos de textos, literários ou não, que projetem a vida contemporânea do local
onde os alunos estão inseridos, bem como de outros lugares e tempos, os diversos
pontos de vistas, estimulando discussões, reflexões e confrontos entre os alunos. Com a
virada do milênio a escola, visando incentivar o hábito da leitura, busca construir
mecanismos eficientes a fim de competir com o advento dos recursos visuais, auditivos
e multimídia, a que alguns poucos alunos já têm acesso.
O desenvolvimento intelectual da população representa um fator político-social básico
para o alcance do progresso e aspiração de toda a sociedade. O Brasil intitula-se como
Estado Democrático de Direito e que tem como um dos seus fundamentos
constitucionais básicos a educação como “direito de todos e dever do Estado e da
família (...)”. A amplitude que enseja a formação desses agentes se inicia na Educação
Infantil e Séries Iniciais, e esta não pode estar à margem da modernidade.
Nesta ótica, não há como negar os avanços tecnológicos, no entanto, a Escola deve estar
atenta ao uso que se faz dos recursos eletrônicos e definir com clareza quais objetivos a
serem atingidos com o seu uso.
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A utilização inadequada dos meios eletrônicos como mecanismo básico do ensino e
leitura induzem a formatação do conhecimento, ao contrário do que ocorre na leitura do
livro, quando o tempo da reflexão assegura um diálogo em que as experiências de vida
são compartilhadas, como diz Bárbara Vasconcelos :
“(...) O livro desempenha um papel importante na vida
e na formação do ser humano, pois através dele nos
tornamos mais sensíveis ao mundo e capazes de
entender nossas próprias reações. O livro incrementa a
missão de educar, pois fornece as crianças
informações, lazer, cultura, propiciando ao leitor
elaborar seu próprio conhecimento, enriquecer seu
vocabulário, facilitar a escrita, agilizar o raciocínio e
aguçar a imaginação. Assim, ao incentivarmos a
leitura, estamos deflagrando um movimento para
desenvolver pessoas críticas, participativas, criativas e
preparadas para construir a nação do futuro.”
A Escola, incumbida então da função de promover a formação do leitor, terá que rever
as condições, muitas vezes restrita, a que impõe a leitura aos seus alunos.
2.2 - O aprendizado inicial da leitura e suas concepções
É preciso superar algumas concepções sobre o aprendizado inicial da leitura. A
principal delas é a de que ler é simplesmente decodificar, converter letras em sons,
sendo a compreensão conseqüência natural dessa ação. Por conta desta concepção
equivocada a escola vem produzindo grande quantidade de “leitores” capazes de
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decodificar qualquer texto, mas com enormes dificuldades para compreender o que
tentem ler.
O conhecimento atualmente disponível a respeito do processo de leitura indica que não
se deve ensinar a ler por meio de práticas concentradas na decodificação. Ao contrário é
preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de aprenderem a ler usando os
procedimentos que os bons leitores utilizam. É preciso que antecipem, que façam
inferências a partir do contexto ou do conhecimento prévio que possuem, que
verifiquem suas suposições. É disso que se está falando quando se diz que é preciso
“aprender a ler, lendo”.
A escola, espaço que convencionamos como sendo específico e privilegiado do saber,
no que concerne à leitura, precisa rever suas práticas, mormente diante de leituras
impostas em salas de aulas onde faz imperar um dualismo: de um lado algumas escolas
que, ao pretenderem uma rápida atualização com o presente, assimilam o novo sem a
devida reflexão utilizando inadequadamente instrumentos modernos de ensino e
tornando seus leitores passivos diante de imagens efêmeras. Em contraposição, outras
escolas utilizam textos fragmentados de manuais didáticos como único meio auxiliar
para a leitura, objetivando o trabalho de unidades curriculares como mera fixação e
memorização de conteúdos, quase sempre aleatórias à realidade dos alunos.
Neste sentido, esta ambigüidade da prática educativa tornam os alunos alheios a
realidade que os circundam, tornando-os vulneráveis a dominação de uma minoria que
pensa e se mantêm bem informados. Parte-se então do pressuposto que a prática da
30
leitura significa a possibilidade de domínio através de um instrumento de poder,
chamado linguagem formal, pois é desta forma que estão escritas as leis que regem
nosso país, e assim perceber os direitos que se tem, o direito das elites que, com um
discurso ideológico em prol da liberdade e da justiça, os mantêm na condição de
detentores do Poder.
Práticas de leitura para as crianças têm um grande valor em si mesmas, não sendo
sempre necessárias atividades subseqüentes, como o desenho dos personagens, a
resposta de perguntas sobre a leitura, dramatização das histórias etc. Tais atividades só
devem se realizar quando fizerem sentido e como parte de um projeto mais amplo. Caso
contrário, pudesse oferecer uma idéia distorcida do que é ler.
A criança que ainda não sabe ler convencionalmente pode fazê-lo por meio da escuta da
leitura do professor, ainda que não possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir
um texto já é uma forma de leitura.
É de grande importância o acesso, por meio da leitura pelo professor, a diversos tipos de
materiais escritos, uma vez que isso possibilita às crianças o contato com práticas
culturais mediadas pela escrita. Comunicar práticas de leitura permite colocar as
crianças no papel de “leitoras”, que podem relacionar a linguagem com os textos, os
gêneros e os portadores sobre os quais eles se apresentam: livros, bilhetes, revistas,
cartas, jornais etc.
As poesias, parlendas, trava-línguas, os jogos de palavras, memorizados e repetidos,
possibilitam às crianças atentarem não só aos conteúdos, mas também à forma, aos
31
aspectos sonoros da linguagem, como ritmo e rimas, além das questões culturais e
afetivas envolvidas.
Manter grande parte da população escolar perto do alcance desta linguagem formal, este
é o grande desafio, a fim de que, com uma visão crítica e reflexiva e através do
discernimento, não se permita a perpetuação de sua condição de dominados.
Neste sentido torna-se oportuno citar FOUCAMBERT (1994, p. 121):
“(...) a leitura aparece também como um instrumento
de conquista de poder por outros atores, antes de ser
meio de lazer ou evasão. O “acesso a leitura” de novas
camadas sociais implica que leitura e produção de
texto se tornem ferramentas de pensamento de uma
experiência social renovada; ela supõe a busca de
novos pontos de vista sobre uma realidade mais ampla,
que a escrita ajuda a conceber e a mudar, a invenção
simultânea e recíproca de novas relações, novos
escritos e novos leitores. Nesse sentido torna-se leitor
pela transformação da situação que faz que não se o
seja.”
Assim, a leitura como prática social faz a diferença para aqueles que dominam,
tornando-os distintos cultural e socialmente.
Faz-se necessário que as escolas revejam as condições restritas impostas ao ensino da
leitura. Entretanto mudar as condições de produção da leitura na escola não significa
apenas alterar os instrumentos de sua codificação e decodificação, vai muito mais além:
32
Conforme Paulo Freire (2003, p. 11):
“(...) o ato de ler não se esgota da decodificação pura
da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se
antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A
leitura do mundo precede a leitura da palavra (...)
linguagem e realidade se prendem dinamicamente.”
Exige-se da escola, principalmente, o redimensionamento de todo o trabalho educativo
que engloba: ousadia, seleção de materiais variados, espaço para socialização, respeito a
opiniões divergentes, enfim novas propostas de trabalhos pedagógicos com leituras
críticas e variadas.
Reafirmamos que o exercício e prática da leitura transcendem ao uso de materiais como
meios auxiliares de ensino, empregados como modismos em sala de aula ou como
atividade ligada a lição e a intenção didática instrucional.
Além da leitura como informação e, conseqüentemente, como fonte de acesso ao
conhecimento e ao poder, o mais importante é a capacidade de se aliar isso ao prazer e
entretenimento, pois é de se deduzir, por essa linha de pensamento que, a contrário
senso, o prazer na prática da leitura levará automaticamente o leitor ao conhecimento.
Assim, a leitura singular dos livros didáticos deve ceder espaço aos livros de literatura
infantil, jornais, revistas, gibis, bulas de remédios, receitas caseiras, etc., que fazem
parte dos objetos de uso cotidiano, articulado a uma leitura significativa e, portanto,
compreensiva e mais agradável como processo pedagógico.
33
Leitura é conhecimento, e o conhecimento é um processo de construção em que o
protagonista é o aluno, e respaldando tal assertiva é oportuno citar Paulo Freire:
“Uma educação que procura desenvolver a tomada de
consciências e a atitude crítica, graças à qual o homem
escolhe e decide, liberta-o em lugar de submetê-lo, de
domesticá-lo, de adaptá-lo, como faz com muita
freqüência a educação em vigor num grande número
de países do mundo, educação que tende a ajustar o
indivíduo à sociedade em lugar de promovê-lo em sua
própria linha.”
Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira
efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, se faz mister uma mudança
na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos nos
capítulos iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo.
Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor
ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de
sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler,
não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer!
34
2.3- Literatura infantil: O fantástico mundo da realidade
“Um livro infantil, para o quarto de uma criança, é um
objeto tão importante e mais indispensável do que o
berço”
Foucambert
Uma das formas de recreação mais importante para a criança, principalmente no que se
refere ao seu desenvolvimento e crescimento intelectual, psicológico, afetivo e espiritual
é a leitura.
A literatura infantil, como meio de comunicação e modalidade da leitura, também é um
dos mais eficientes mecanismos de recreação e lazer, servindo como um método prático
de terapia educacional.
Os condicionamentos impingidos pela vida moderna, tais como a massificação da
informação pela televisão, os programas televisivos inadequados, a comunicação via
ciberespaço, os filmes infantis instigando à violência, dentre outros aspectos, despejam
sobre a criança informações que cercam a sua capacidade imaginativa, culminando num
alheamento de perspectiva crítica.
A literatura desempenha papel fundamental na vida da criança, não apenas pelo seu
conteúdo recreativo que desempenha, mas também pela riqueza de motivações,
sugestões e de recursos que oferece ao seu desenvolvimento.
35
Em seu descobrimento da vida, a criança está ávida por descobrir e entender a realidade
circundante, deslumbrando os mistérios que a aproximam do mundo exterior através
dos símbolos, da leitura infantil. Nessa curiosidade e deslumbramento deverá encontrar
estímulos sadios e enriquecedores que serão a tônica de sua motivação e crescimento
como pessoa humana.
Portanto, deve-se estimular e propiciar ao alcance das crianças os livros infantis, dos
Contos de Fadas, poesias, os mitos, folclore, fábulas, teatro, permitindo-lhe penetrar em
seu universo mágico dos sonhos. É o caminho não apenas de sua descoberta, mas
também um dos mais completos meios de enriquecimento e desenvolvimento de sua
personalidade.
Com a leitura e os livros a criança e o jovem encontrarão caminhos, crescerão e se
desenvolverão na busca de soluções para as suas inquietações e problemas de ordem
intelectual, social, afetiva, ética e moral.
A leitura infantil é um dos fatores básicos para a criança buscar a sua realização como
pessoa humana, incumbindo às novas gerações uma grande responsabilidade quanto à
mudança de concepção ideológica, de maneira a que o hábito da leitura seja propugnado
desde a mais tenra idade, contribuindo em sua formação sob todos os aspectos.
Por razões evidentes, não poderíamos deixar de fazer alusão a um dos maiores nomes da
literatura infantil: Monteiro Lobato.
36
Monteiro Lobato tornou-se o maior clássico da literatura brasileira; Não escreveu
apenas livros para crianças, mas sim criou um novo universo para elas. Foi original em
seus escritos, embora utilizasse o rico acervo da literatura clássica infantil de todo o
mundo. Sua maior fonte de inspiração foi a própria criança: os ingredientes de sua
vivência, suas fantasias, suas aventuras, seus jogos e brinquedos, e tudo que povoasse
sua imaginação.
Bárbara Vasconcelos, em sua obra “A literatura Infantil”, retrata bem a importância da
obra de Monteiro Lobato:
“É importante que a criança viva em seu mundo, sem
ser perturbada, para que ela seja criança enquanto for
criança. Lobato realizou uma obra onde a criança,
desinibida e autêntica, é livre para ser criança. E é isso
que é importante. Ele não mente à criança, mas não
lhe impõe os problemas. A criança merece beleza e
respeito, sem precocidade vulgares, sem
permissividades, porque o nosso objetivo é dar-lhes
condições de crescer. É isso que faz a obra de Lobato.”
A criação literária de Monteiro Lobato contribuiu sobremaneira para a educação,
inspirando as novas gerações para o hábito da leitura, num mundo cheio de fantasia e
beleza, fazendo com que sua presença fique viva nos lares, nas escolas e,
principalmente, nos corações das crianças.
Sua obra infantil tem servido de inspiração para educadores e homens de teatro no
Brasil e no exterior, motivo de orgulho nacional.
37
2.4 – O professor-leitor e sua implicação na formação do aluno-leitor
O trabalho direto com crianças pequenas exige que o “professor do ensino infantil"1
tenha uma competência polivalente. Ser polivalente significa que ao professor cabe
trabalhar com conteúdos de naturezas diversas que abrangem desde cuidados básicos
essenciais até conhecimentos específicos provenientes das diversas áreas do
conhecimento. Este caráter polivalente demanda, por sua vez, uma formação bastante
ampla do profissional que deve tornar-se, ele também, um aprendiz, refletindo
constantemente sobre sua prática, debatendo com seus pares, dialogando com as
famílias e a comunidade e buscando informações necessárias para o trabalho que
desenvolve. São instrumentos essenciais para a reflexão sobre a prática direta com as
crianças a observação, o registro, o planejamento e a avaliação.
A implementação e/ou implantação de uma proposta curricular de qualidade depende,
principalmente dos professores que trabalham nas instituições. Por meio de suas ações,
que devem ser planejadas e compartilhadas com seus pares e outros profissionais da
instituição, podem-se construir projetos educativos de qualidade junto aos familiares e
1 O corpo profissional de grande parte das instituições de educação infantil de todo o país, hoje, é ainda formado, em sua grande maioria, por mulheres. Este Referencial dirige-se ao professor de educação infantil como categoria genérica.
38
às crianças. A idéia que preside a construção de um projeto educativo é a de que se trata
de um processo sempre inacabado, provisório e historicamente contextualizado que
demanda reflexão e debates constantes com todas as pessoas envolvidas e interessadas.
Para que os projetos educativos das instituições possam, de fato, representar esse
diálogo e debate constante, é preciso ter professores que estejam comprometidos com a
prática educacional, capazes de responder às demandas familiares e das crianças, assim
como às questões específicas relativas aos cuidados e aprendizagens infantis.
É de suma importância, que o professor incentive o gosto pela leitura, para que a
sociedade tenha seus indivíduos como sujeitos da sua história, homens e mulheres que
façam cultura e que impulsionem a transformação, fundamentados em princípios
humanos de liberdade e solidariedade.
A leitura, nas escolas, tem caráter secundário ao da escrita, apesar de ambas
caminharem juntas; a escrita toma todo tempo, enquanto a leitura é vista como uma
atividade extra na aula que, normalmente, acontece, quando os alunos terminam a lição,
ou quando sobra tempo. A leitura precisa ocupar horário “nobre” da aula. A escola
precisa viabilizar tempo para a leitura.
Nem sempre os professores estabelecem boas relações com os livros e com a leitura; há
alguns que afirmam que não gostam de ler; outros que não vêem a leitura como lazer;
outros que as poucas leituras que fazem são quase que, exclusivamente, para a
preparação das aulas.
39
Se o professor formador de leitores não tem o gosto pela leitura, como irá despertar o
interesse dos alunos pelo prazer de ler?
Talvez, esse professor não tenha tido oportunidades de se tornar um bom leitor na sua
fase de escolarização ou profissionalização. Outros fatores, como, condições salariais ou
de trabalho, falta de infra-estrutura, pouco ou nenhum tempo para ler, contribuem
negativamente para a má formação do professor-leitor.
Mas se os professores não forem leitores, dificilmente poderão compartilhar com seus
alunos os mistérios, encantos e alegrias que se podem alcançar pela leitura.
Primeiramente, compete ao professor leitor fazer a “leitura” da sala de aula, como se
fosse um texto a ser compreendido. Se, na leitura de textos, necessitamos de estratégias
ou instrumentos auxiliares de trabalho, também para a leitura da classe precisamos
observar, intuir, imaginar a realidade de cada aluno, suas condições sociais, culturais e
econômicas para, então, o educador ser capaz de interagir, intervir e construir
criticamente o conhecimento.
Assim, o educador é um elemento impulsionador, mediador da leitura, criando em sua
sala de aula condições para que seus alunos possam ler. Dessa forma, ao conquistar o
ato de ler, dentro das condições propícias, o professor e o aluno estarão ampliando seus
conhecimentos, participando ativamente da vida social, alargando a visão de mundo, do
outro e de si mesmo, o que poderá ser revertido em incremento do trabalho pedagógico.
40
É a partir desta perspectiva que Foucambert (1994), em sintonia com Smith (1999) e
Solé (1998), defende um ensino de leitura no qual se aprende a ler lendo, onde o
aprendiz pode estar em contato com os mais diversos tipos de textos sociais dos quais
precisa e se utiliza no cotidiano, e no qual o único pré-requisito para este aprendizado é
a capacidade de questionar sobre as coisas do mundo. Por outro lado, Foucambert
(1994; 1997) e Smith (1999) vão mais longe ao afirmarem que a leitura não pode ser
ensinada e que a responsabilidade do professor é facilitar o aprendizado desta atividade
através do acesso da criança a uma variedade de textos. Para estes autores, as
habilidades de leitura são desenvolvidas por meio da imersão na escrita e na prática da
leitura, não podendo ser ensinadas de maneira isolada e descontextualizada das práticas
sociais. Deste modo, entende-se que os referidos autores diferenciam a atividade de
orientação, na qual o professor-leitor experiente tem a função de tornar possível a
aprendizagem desta atividade.
Segundo esta proposta, o professo-leitor, para facilitar a entrada da criança no mundo da
leitura e escrita, deve ler pra ela, mostrando-lhe como os escritos que circulam no
cotidiano podem ser usados a fim de que a mesma compreenda os sentidos. Segundo
Smith (1999), a criança só é capaz de compartilhar deste mundo, quando compreende o
seu significado, sendo este o descobrimento da diferença entre a fala e escrita os dois
insights necessários para o aprendizado inicial da leitura.
É preciso, então, um professor-leitor, que compartilhe com os alunos o passaporte
imprevisível e maravilhoso da leitura. É preciso que os professores conheçam a natureza
da literatura, as obras, os autores, que saibam selecionar textos e tenham se apropriado
do conhecimento para estabelecer, com os alunos, as relações possíveis. Quando uma
41
criança não encontra utilidade na leitura, o professor deve fornecer-lhe outros exemplos.
Quando uma criança não se interessa pela leitura, é o professor quem deve criar
situações mais envolventes. O próprio interesse e envolvimento do professor-leitor com
a leitura servem como modelo indispensável: ninguém ensina bem uma criança a ler
bem se não se interessa pela leitura.
Lendo diversos gêneros e portadores textuais, ouvindo contos, notícias, poemas, textos
informativos, histórias em quadrinhos é que oportunizaremos o acesso a tudo o que a
escrita e a leitura representa, dentro e fora da escola. Ou seja, os alunos precisam saber
que lemos por diferentes razões e que não lemos todos os textos da mesma forma.
Portanto, na formação de leitores, é necessário dominar as diferentes estratégias de
leitura (antecipação – inferência – decodificação – verificação), pra adequá-las aos
diferentes objetivos e situações presentes no mundo letrado. O domínio das estratégias
de leitura decorre de uma prática viva do ato de ler de um lado, vivenciando os
diferentes modos de ler existentes nas práticas sociais de outro, respondendo aos
diferentes propósitos de quem lê.
42
RELATIVIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Fonte: Arquivo pessoal
43
3.1 - Aspectos históricos da escola campo
A Escola Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete está
localizada a rua Inácio Lira, centro, ao lado da Igreja Matriz São José.
A escola foi construída pela paróquia com a colaboração voluntária da comunidade no
dia 10 de março de 1962 com o objetivo de suprir as necessidades algumas famílias
pobres, tendo como mentor o Padre José Gálea, que por alguns anos supriu todas as
despesas da escola.
No início de sua fundação, a escola não possuía prédio próprio, funcionava em um salão
que era dividido ao meio pelas cadeiras dos alunos onde as professoras fundadoras junto
com o padre ensinavam há mais ou menos 36 alunos da periferia. Raimunda Mendes
Cavalcanti e Judite Inácio foram as primeiras professoras a lecionarem na Escola Santa
Maria Gorete que até então não era estadual. No dia 19 de maio de 1983 com o grande
apoio e esforço do Padre Antônio de Sousa a escola passou a ser realmente do estado. A
partir de então, foram contratados professores, ampliação do prédio e todas as despesas
eram custeadas pelo Governo do Estado.
O nome Escola Santa Maria Gorete foi uma homenagem a uma santa a qual o padre
José Gálea, seu fundador tinha devoção religiosa. No início de seus trabalhos
educacionais a escola funcionava apenas com a primeira fase do Ensino Infantil, em
virtude de sua trajetória e da grande procura por vagas, os administradores responsáveis
pela mesma, solicitaram ao Governo do Estado junto a Secretaria da Educação e Cultura
44
a ampliação do Ensino Fundamental no ano de 2000, para possibilitar todas as séries em
uma só escola.
A lei estadual que regimenta a escola é a LDB (Lei de Diretrizes e Bases). Ainda hoje a
escola mantém um vinculo muito grande com a Igreja católica, pois o prédio onde
funciona a mesma é patrimônio da igreja e todos os meses o Governo do Estado paga o
aluguel ao sacerdote representante maior da igreja na cidade local.
3.2 - Aspectos físicos
Sala de aula: dimensão, arejamento e iluminação.
Cada sala mede aproximadamente 7x8 metros. Sistema de ventilação e iluminação é
precário, pois quando se escreve na lousa faz-se necessário fechar todas as janelas,
ficando a sala de aula escura e sem nenhuma ventilação, a iluminação das lâmpadas não
são suficientes devido algumas estarem queimadas. As salas não dispõem de
ventiladores.
Salas especiais, leitura e vídeo: como são utilizadas.
Por não disponibilizar de muito espaço físico a escola não possui sala de vídeo e de
leitura. Quando os professores precisam utilizar algum outro recurso (vídeo, tv, etc), o
material é deslocado para as salas de aula.
45
Pátio para recreação, educação física, auditório e outros.
A escola não possui um pátio para recreação. A recreação é feita em uma quadra de
esporte com dimensões favoráveis e em boas condições de uso. Não dispõe também de
auditório, qualquer evento da escola é feito na quadra de esportes.
Salas para o setor de administração
A sala de administração não é apropriada, dividindo em uma mesma sala: secretaria,
administração e biblioteca.
Biblioteca
A biblioteca funciona na secretaria da escola, é consultada de forma lenta, pois não
dispõe de livros que atendam as necessidades dos alunos.
46
3.3 – Aspectos funcionais
Corpo técnico-administrativo
O corpo técnico-administrativo é formado por sete pessoas. Uma diretora formada em
Letras e concursada; um secretário com Ensino Médio completo e concursado; um
técnico de nível médio com Curso Superior e concursado readaptado com Curso
Superior e concursado e três auxiliares de secretaria: um com Curso Superior e dois
com Ensino Médio, sendo todos contratados.
Quadro demonstrativo Nome
CargoSituação
Maria da Silva Lima Inácio Diretora EfetivoJosé Lira Neto Secretário Efetivo
Edna Pereira Faustino Técnico Nível Médio EfetivoFrancisca Batista de Araújo
Vicente
Professora readaptada
(secretaria)
Contrato
Maria Edileuda de S.
Cavalcanti
Auxiliar de secretária Contrato
Edilene Alves Roberto Auxiliar de secretária ContratoJaci Bento de Lira Auxiliar de secretária Contrato
Corpo docente e técnico-pedagógico
O corpo docente é formado por 21 professores, sendo 6 da primeira fase e 15 da
segunda fase. Irá interessar-nos apenas os professores da primeira fase do Ensino
Fundamental.
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Quadro demonstrativo Série Nome Formação Número
de alunosSituaçã
oPré I Alecsandra Moreira Cavalcanti Superior incompleto 18 Contrato
1ª E “F” Valdenisa Pereira de Freitas
Tavares
Magistério 23 Contrato
1ª A Tereza Cristina Gonçalves
Ferreira
Magistério 19 Efetivo
2ª A Maria do Céu Moreira
Cavalcanti
Magistério 28 Efetivo
3ª A Maria Pereira Lima de Assis Superior completo 32 Efetivo4ª A Maria Aparecida de Sousa
Cavalcanti
Superior completo 26 Efetivo
Corpo de funcionários
O corpo de funcionário de apoio é formado por sete funcionários: cinco auxiliares de
limpeza/merenda e dois vigilantes, sendo todos contratados.
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Quadro demonstrativo de funcionários de apoio
NomeCargo Situação
Maria do Socorro da Silva
Alcântara
Auxiliar de limpeza e
merendeira
Contrato
Maria Eliana de S. Lins Auxiliar de limpeza e
merendeira
Contrato
Maria Elma G. da Silva Auxiliar de limpeza e
merendeira
Contrato
Maria Juraci A. Amorim Auxiliar de limpeza e
merendeira
Contrato
Eurique Cavalcanti de
Sousa
Auxiliar de limpeza Contrato
Antônio Bazílio Braga Vigilante ContratoJosé Petrônio do
Nascimento
Vigilante Contrato
3.4 - Como a escola se organiza pedagogicamente
Com a implantação da Lei complementar 11.274 de 06 de fevereiro de 2006 a Escola
Estadual de Ensino Infantil e Fundamental Santa Maria Gorete passa a ter a 9ª série do
Ensino Fundamental, ficando as séries divididas em 9 anos.
Para ter um maior desenvolvimento educacional a escola desenvolve o Projeto Político
Pedagógico (PPP) que abrange o lado pedagógico, administrativo e social da escola.
Esse projeto tem como principal objetivo destacar a real situação de sua escola,
buscando soluções para os problemas apresentados.
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A escola não possui um orientador pedagógico, mas cada final de bimestre os
professores reúnem-se para fazer o planejamento bimestral das atividades. Os
professores são orientados por uma pessoa da 9ª Regional de Ensino, que nem sempre
vem aos planejamentos. A maior necessidade docente na parte pedagógica é justamente
essa falta de orientação, os professores desejariam ter um maior acompanhamento em
suas atividades escolares.
Apesar de não ter todo um acompanhamento pedagógico o plano de ensino passado
durante os planejamentos é seguido ao máximo pelos professores e estes
conseqüentemente tentam passar o máximo de conhecimento para seus alunos não
somente o que tem nos livros didáticos, mas conhecimentos que eles levam para vida
como cidadãos conscientes e críticos. Todos os dias em sala de aula os alunos estão
sendo avaliados, não somente por provas escritas, mas principalmente pela assiduidade,
comportamento e participação nas aulas. Assim, o tipo de avaliação adotada pela escola
é qualitativa, ou seja, o alvo principal não é a nota e sim o aprendizado dos alunos.
3.5 - Metodologia: como detectamos o problema?
A partir de estágio feito em todas as etapas na E.E.E.I.E.F. Santa Maria Gorete,
detectamos um grave problema que permeia a educação atual e conseqüentemente, as
salas de aula pelas quais passamos: o trabalho com a leitura. Porém, foi o Ensino
Infantil que mais nos chamou a atenção por ser este o início de toda a formação
educacional.
50
Desde o estágio de participação até o de regência percebemos a grande dificuldade que
os alunos têm em relação à leitura. Os professores pelos quais passamos não têm o
habito de ler em sala de aula, “ler por prazer”, quando fazem uma leitura já querem algo
em troca dos seus alunos. Com isso, as crianças no início de sua vida de verdadeiros
leitores, não conseguem ler por prazer. Durante os nossos estágios tentamos fazer
diferente, todos os dias no início da aula fazíamos uma roda de leitura, cada dia da
semana ficavam três alunos faziam a leitura para os colegas e todos comentavam o
texto. No começo estranharam, mas logo se acostumaram e amaram a idéia e até
falavam que “ler é melhor que escrever”.
Diante desta grande problemática onde os alunos não estão abertos à leitura, vimos a
grande necessidade de tentarmos amenizar este problema. Desde cedo os alunos não se
sentem motivados a ler. Onde estará o problema? Em casa, na escola, no professor ou
no próprio aluno?
Aprendizagem, motivação e interesse tem que vir por parte de todos (família, escola,
professor e aluno) para que juntos possam buscar reais soluções para tal situação.
Um dos maiores impasses para que os alunos não gostem de ler desde as séries iniciais é
a não importância que os professores dão a leitura, preocupando-se apenas com a
escrita. Falam que é primordial aprender a escrever, claro que é, mas, se a criança
apenas escreve sem saber ler, ela está apenas reproduzindo o que se está vendo. Na
verdade será a partir da habilidade da leitura que o aluno irá desenvolver seu
pensamento crítico e conseqüentemente aprenderá a escrever, com uma diferença,
porque se o aluno sabe ler, ele sabe o que escreve.
51
Os professores por estarem sobre carregados, não buscam melhorias para a
aprendizagem dos seus alunos e também não são verdadeiros leitores, as leituras que
fazem são por “obrigações” impostas pela profissão, não lêem por prazer. Os alunos
vêem tudo isso e sentem-se desmotivados, ficando cada vez mais alheios a leitura.
As pessoas têm uma visão errônea do professor do pré-escolar, achando que a função
destes é única e exclusiva para brincar com os alunos, mas é nesta fase da escola que o
professor despertará o prazer dos alunos pela leitura. Eles ainda não sabem ler, mas
sabem ouvir; através da audição, a criança passa a apreender conhecimentos com a
leitura compartilhada pelo professor, roda de conversa entre colegas, desenvolvendo
assim suas verdadeiras habilidades de leitores que lêem por prazer e não por pura
obrigação.
3.6 – Proposta de intervenção
Com a ideologia na prática pedagógica de que: a sala de aula é o ambiente ideal para
que os alunos construam conhecimentos e consequentemente sejam bons leitores,
estamos lançando à E.E.E.I.F Santa Maria Gorete alternativas de promoção de leitura,
objetivando despertar o interesse e a vontade de ler por parte dos alunos através das
seguintes ações:
a) Utilização de textos literários somados ao trabalho com livros didáticos;
b) Dramatizações com a participação dos alunos;
c) Atividades com ORIGAMI, arte japonesa que constitui na dobradura artística
de papéis, criando personagens das histórias;
d) Feira de leitura:
52
e) Manipulação de argila e construção de maquetes, fundamentados na releitura
das histórias;
f) Realização de atividades com os diversos gêneros textuais como, por
exemplo, com bulas de remédios, para troca de informações, experiências e
conselhos;
g) Criação de caixinhas de remédios e elaboração de bulas com base em algum
medicamento natural conhecido;
h) Exploração de receitas culinárias;
i) Trabalho com jornais;
j) Leitura de histórias em quadrinhos:
As histórias em quadrinhos têm um efeito surpreendente como mecanismo de incentivo
à leitura. Tais histórias atraem os alunos pela identificação que estes fazem com alguns
personagens, semelhante ao mundo fático. A fantasia transforma a leitura em
modalidade de ensino e de prazer.
A realização destas propostas pedagógicas, como alternativas e complementares, poderá
estimular nos alunos à vontade e o prazer da leitura.
53
Há muito a se discutir, refletir e pesquisar para que se consiga concretizar de maneira
efetiva, nas salas de aula, esta audaciosa proposta. Para isso, faz-se necessário uma
mudança na postura dos educadores e também da consciência de que, como enfatizamos
nos capítulos iniciais, exigirá a quebra de alguns paradigmas no processo educativo.
Trata-se de um primeiro passo e de um grande desafio: romper barreiras para melhor
ensinar, visando, sobretudo, uma educação que permita ao aluno o exercício pleno de
sua cidadania e o seu desenvolvimento como pessoa humana através do hábito de ler,
não apenas como fonte de conhecimento, mas também como informação e prazer!
4 – Pesquisa como trabalho sócio-educativo
Ao longo dessas linhas buscou-se inspiração, sobretudo, na crença e firme convicção
como educadoras, de que o futuro está na educação, principalmente na Educação
Infantil e Séries Iniciais.
O desfio do novo educador, daquele adequado ao mundo contemporâneo, está
justamente em fazer frente às ideologias dominantes que insistem em práticas
educativas tradicionais e descomprometidas com o objetivo máximo da educação,
centro para onde deveriam convergir todos os interesses: o aluno.
54
Nesse desiderato, comprometidos com o amanhã e com o futuro de nossos filhos, de
nossa história, e porque não dizer de nossa própria existência, incumbe-nos, através de
um discurso pragmático e não meramente dogmático, persuadir o público que tem
compromisso com a educação, na realidade da família ao professor, da Escola ao
próprio Estado, a implementar ações voltadas para a formação do futuro cidadão, sendo
o incentivo ao hábito da leitura o mais ideal dos instrumentos para essa conquista.
O nosso intuito com este trabalho de conclusão de curso é que este não seja apenas um
documento obrigatório para obtenção do título de professor, mais que seja um ponto de
referência na busca por soluções no processo de leitura e escrita. Nos realizaremos ainda
mais se este tema fomentar em outros educadores o desejo de continuar este nosso
trabalho, fazendo dele fonte de pesquisa e inquietação.
Que as vicissitudes do cotidiano nos permita avançar através da leitura, rumo a
uma Sociedade Livre, Justa e Igualitária, valores supremos de qualquer nação!
5 – Referências Bibliográficas
BAKTIN, Mikail. Maxismo e filosofia da linguagem. 6ed. São Paulo: Hucitec, 1992.
CAGLIAI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. São Paulo: Scipione, 1989.
CARVALHO, Bárbara Vasconcelos de. A Literatura Infantil: Visão Histórica e Crítica.
4ª ed. Global. São Paulo. 1985.
CECCON, Claudius (org). A vida na escola e a escola da vida. 24.ed. Rio de Janeiro:
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