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m mm #:¦?¦' -V/ SEMANÁRIO MARANHENSE. ' '* ' , " ¦;.;.:-:.'.i IBfi^w ANNÒ I. SanXuiz, Domingo—1 o de Dezembro—1867! ¦¦¦ 'W~:. ¦¦'.'¦ ¦ ¦'.¦¦/7!;i'<:''"!'"i.YV" ¦ 'íi, ¦ ''¦'• '.-?•/ % •." . * * .,",>Y\'> ¦4a ¦'•:¦¦ ê'' '¦'" ¦ -Yv' --.-¦'¦ ¦'¦ . :¦•/ NUMERO 14. Publica-se aos Domingos. Assigna-se nesta typographia e em mão do Snr. Germarfô MartinsOssiimpção a:Í.M00.por trimestre (13 números) .-;',.-. . '].'- '-¦'.EDicTou—B. Mattos. ¦ Yv*¦ - H ¦:f*:Y**.ffl*SB '¦¦'•-¦xiiSiiii'-'^'' ;.':'.¦.. '•¦V-jSVSffj •*'.Y« '* .'"•"i!*. ,_-¦ -. ¦ ¦¦*-..¦¦ ¦¦—¦ , LI!.¦.._A|„ ã" ¦-; - .. Í-J.M nr * - LITTERATUKA BÍBLICA. * ' LICÇÃO VI. y Tralho, Senhores, de apreciar hoje ao propleta Jeremias e/n sua qualidade de poeta bíblico; e poeta dos mais subidos quilates no gênero elegíaco, como o at- testão as suas tão bellas e conhecidas la- mentações, que ouvimos cantar na se- mana sancta. Foi>s'tè propheta filho de Helcias da classe dos sac^nlob-s, e viver) nos dias de Josias, Joachim, a SeiU-cias, reis de Judá. Começou a prophetisar mui joven no décimo terceiro anno do reinado de Josias; e como se excusasse com a sua tenra.riocidade, o Senhor que opredes- tinára para propheta desde o ventre de sua mãe, como elle próprio nos diz livro de suas prophecias, lhe tocou a bocca, e oommiinkou-lbe sua divina pa- lavra, psra ser iransmitlida' aos reis de Jndá, e ao povo heüreo. Teve uma vida mui atribulada no te na" po do máo rei Joachim que o perseguio, aríDarido-lhe ''ciladas; mas <omoverda: deiro inspirado, é enviado do Altíssimo, cumprio a sua arriscada 'missão, predi- zendo entre outros grandes aconteci- mentos a tomada e destruição de Jerusa- ; lem, a -.dispersão e transmigração do povo hebreo para a Chaldéa em castigo de sua idolatria, e a volta e o restabeleci- V mento deste an cabo de 70 annos de cap- tiveiro em paiz'estrangeiro. A historia confirmou todas as suas }>hoph<jcias;pnr- que Nabucodonosor, rei de Babylonia, veio com grande exercito atacar Jerusa- lem, rendep â depois de dois annos de sitio, destruio o templo construído por Salomão, saqueou:lhe as preciosidades, transplantou para a Chaldéa o melhor do povo hebreo, e levou prisioneiro ao rei Joachim a quem mandou furar os olho^ depois dos Í0 annos de .captiveiro, os hebreos queestavão na Chaldéa,'voltarão còm Esdras para Jerusalém, e o templo foi reedificádov Como poeta chorou Jeremias nas mais sentidas endechas em Jerusalém deserta a dispersão e calamidade do povo hebreQ, a destruição do tetíi-plo e proíanaçâo dos ob|ectos sagrados^ a desolação; e viu- vez priücéza d ás cidades, òut^pra tão pôptilos^, e então coberta ide esqua- lore tuctó. O sentimento da dôr expresso por tamanho abandono e tão completa solidão o eleva hopathetico á cathegoria dos datais eminentes poetas da Escriptura de parte relativo á natureza cios prodnc;? tos do engenho. '¦,."¦ As lamentações deste poeta.- que tomo para objecto de minha analyse no pré- sento discurso, são no gênero elegíaco á mais sublime composição que tem.desde os tempos mais remotos atravessado ate nós; porquanto nada do mesmo gênero ha na poesia profana antiga é moderna, que lhe seja comparável. Quem ao ouvir nos nossos templos os éçc*>s de tão dila ceradôras endeixas não se sente ainda hoje dolorosamente impressionado e com- movido por ellas? Para que uma tal poe- sia produza em nós semellíáiite knpres: são depois de uma tão longa serie de se- culos, que lhe tem passado por cima, é necessário que contenha em si grande belleza.0 distincto litterato e critico Hugo Blair,. fallando das lamentações de Jere- mias, exprime-se nos seguintes termos: «0 pedaço de poesia elegíaca mais re- guiar e perfeito, que se depara na Es- criptora Sancta, e talvez em obra alguma poética, é o livro intitulado Lamentações de Jeremias. Gomo neste livro o propheta chora Sobre a destruição do templo e da cidade sancta, e sobre a queda do impe- rio, nellerennio todas as imagens despe- daçadoras, que podia inspirar um as- sumpto tão triste. A sua composição è toda cheia de arte. 0 propheta e a cida- de de Jerusalém fazem ouvir successiva fnente os acentos de sua dôr, i por fim todo povo em coro dirige ao Omnipoten- te as .preces-"mais fervorosas, as supplicas, mais pungentes. Os ve-sosno originai, vê-se bem pela tradúcção, são mais lon- gos, que os dos outros p elas hebreos; o que torna a sua melodia mais suave e adaptada ao sentimento do gênero ele- secutores ejus apprehenderuhteam iuter angustias.» .<y «Viae Sion lu^ent eo quod non siqt qui veniant ad solemnitaterp: omnes por- tae ejus destrnctae: sacerdotes ejus gé- mentes: virgines ejus squalidafe, et ipsi oppressa amaritudineu I 1 mmÊm ........ ¦¦•»•. .-.•»**.... ••.. ...... mm m i:'M ¦ .;¦¦¦.i>y--C.-!>3 ',';-.:;Y;'' ¦*. 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Eis a bella passagem* a que alludo: | ((Quomodoséd sola civitas plena popu- Io! fada est qiiasi vidua domina génti- um:—princeps provinciarum facta est sub tributo!» «Plorans plorávitio nòcte, et lacrymae ejus in maxillis ejus: non est qui conso- letur eatft ex omnibuS tíharis ejus; omnes amiÉ ejus spreveriiht eam, et facti sunt Bfl^^^::):^^; ¦¦¦¦"m/'--. cMigrMt Judas propter aflictionem, et mültiiudinem servitíitis: habitavit inter Sancta; pois ó mérito artístico é em gran- gentes, nec invenitrèquieim: oniines per «Manum suam misit hostis ad oovnia iesiderabili3 ejus: quia vidit gentes iní- grassas sanctuarium suum, de quibos praeceperas ne intrarent in ecclesiam tuam.»\~'.' «Omnis populus ejus gemens, et quae •, reos panem: dederunt prefiosa qnaeque procibo.ad refocillándam animam: vide Domine et considera, quoniam facta sum VÍlis.»\ ¦;>'- \- ';....Y/->:; «0 vos omnes, quj transitis per yiam^S; atlendiie et videte, si estdolor, sicul do- lor meus: quoniam vindemiavit. me^ ut locutus est Dominus jn diè irae fnroris SU!.» '•.v':',:"' •-'"¦'¦ ll m m li m Wm Y , Y . , r*:-, "**'ia' mi ** »t^ Sm * ".¦*•¦¦ '.-,-. .t-íÍ-í; ¦ mW__m . ..'».. . ¦• ••,•»•*.•» ...e_ . .,.. a». . . . « Eis agora a traducçâo: 'yimM^&B «Como assim se asseirta em soidâo uma cidade cheia de povo: tornpu-sè: uma como viuva a senhora das gemes: sr princeza das^proviociaá ficou sujeita ao tributo.»Y\¦ ' «Chorou sem ceSsâr durante a noite, e suas lagrimas correm por suas fact|s;nàé ha d'entré todos seus amados quem ^al console: todos seus amigos a despresárã^ ¦ese ihe tornarão inimigos.» ^ ^^ «Emigrou a filha de Juda, por cajip da aflicção <i da grandeza da servidão;^ habitou entre as gentes, e não èncqntrop repouso: lançarão mão delia entre suas angustias todos seus perseguidores.» : <rAf ruas de Sião chorão, põr^ quem v^nha ás solemnidadeâ: tolas suas portas estão destrqidas: seus sacerdotisa gemendo: suas v^írgens esquálidas, ç ej||i oppressa de amargura.,» Y mm '-." : 7;'» ,-¦'•¦. -*-.•'* i#a? 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NUMERO 14.

Publica-se aos Domingos. Assigna-se nesta typographia e em mão do Snr. Germarfô MartinsOssiimpção a:Í.M00.por trimestre (13 números).-;',.-. . '].'- '-¦'. EDicTou—B.

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* - LITTERATUKA BÍBLICA. *

• ' LICÇÃO VI. y

Tralho, Senhores, de apreciar hoje aopropleta Jeremias e/n sua qualidade depoeta bíblico; e poeta dos mais subidosquilates no gênero elegíaco, como o at-testão as suas tão bellas e conhecidas la-mentações, que ouvimos cantar na se-mana sancta.

Foi>s'tè propheta filho de Helcias daclasse dos sac^nlob-s, e viver) nos diasde Josias, Joachim, a SeiU-cias, reis deJudá. Começou a prophetisar mui jovenno décimo terceiro anno do reinado deJosias; e como se excusasse com a suatenra.riocidade, o Senhor que opredes-tinára para propheta desde o ventre desua mãe, como elle próprio nos diz nòlivro de suas prophecias, lhe tocou abocca, e oommiinkou-lbe sua divina pa-lavra, psra ser iransmitlida' aos reis deJndá, e ao povo heüreo.

Teve uma vida mui atribulada no te na"po do máo rei Joachim que o perseguio,aríDarido-lhe

''ciladas; mas <omoverda:

deiro inspirado, é enviado do Altíssimo,cumprio a sua arriscada 'missão,

predi-zendo entre outros grandes aconteci-mentos a tomada e destruição de Jerusa-

; lem, a -.dispersão e transmigração dopovo hebreo para a Chaldéa em castigode sua idolatria, e a volta e o restabeleci-

V mento deste an cabo de 70 annos de cap-tiveiro em paiz'estrangeiro. A historiaconfirmou todas as suas }>hoph<jcias;pnr-que Nabucodonosor, rei de Babylonia,veio com grande exercito atacar Jerusa-lem, rendep â depois de dois annos desitio, destruio o templo construído porSalomão, saqueou:lhe as preciosidades,transplantou para a Chaldéa o melhor dopovo hebreo, e levou prisioneiro ao reiJoachim a quem mandou furar os olho^depois dos Í0 annos de .captiveiro, oshebreos queestavão na Chaldéa,'voltarãocòm Esdras para Jerusalém, e o templofoi reedificádov

Como poeta chorou Jeremias nas maissentidas endechas em Jerusalém desertaa dispersão e calamidade do povo hebreQ,a destruição do tetíi-plo e proíanaçâo dosob|ectos sagrados^ a desolação; e viu-vez dã priücéza d ás cidades, òut^pratão pôptilos^, e então coberta ide esqua-lore tuctó. O sentimento da dôr expressopor tamanho abandono e tão completasolidão o eleva hopathetico á cathegoriados datais eminentes poetas da Escriptura

de parte relativo á natureza cios prodnc;?tos do engenho.

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As lamentações deste poeta.- que tomopara objecto de minha analyse no pré-sento discurso, são no gênero elegíaco ámais sublime composição que tem.desdeos tempos mais remotos atravessado atenós; porquanto nada do mesmo gêneroha na poesia profana antiga é moderna,que lhe seja comparável. Quem ao ouvirnos nossos templos os éçc*>s de tão dilaceradôras endeixas não se sente aindahoje dolorosamente impressionado e com-movido por ellas? Para que uma tal poe-sia produza em nós semellíáiite knpres:são depois de uma tão longa serie de se-culos, que lhe tem passado por cima, énecessário que contenha em si grandebelleza. •

0 distincto litterato e critico HugoBlair,. fallando das lamentações de Jere-mias, exprime-se nos seguintes termos:

«0 pedaço de poesia elegíaca mais re-guiar e perfeito, que se depara na Es-criptora Sancta, e talvez em obra algumapoética, é o livro intitulado Lamentaçõesde Jeremias. Gomo neste livro o prophetachora Sobre a destruição do templo e dacidade sancta, e sobre a queda do impe-rio, nellerennio todas as imagens despe-daçadoras, que podia inspirar um as-sumpto tão triste. A sua composição ètoda cheia de arte. 0 propheta e a cida-de de Jerusalém fazem ouvir successivafnente os acentos de sua dôr, i por fimtodo povo em coro dirige ao Omnipoten-te as .preces-"mais fervorosas, as supplicas,mais pungentes. Os ve-sosno originai,vê-se bem pela tradúcção, são mais lon-gos, que os dos outros p elas hebreos; oque torna a sua melodia mais suave eadaptada ao sentimento do gênero ele-

secutores ejus apprehenderuhteam iuterangustias.» .< y

«Viae Sion lu^ent eo quod non siqtqui veniant ad solemnitaterp: omnes por-tae ejus destrnctae: sacerdotes ejus gé-mentes: virgines ejus squalidafe, et ipsioppressa amaritudineu

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leza das Lamentações cie Jeremias, pas-sarei a.citar-vos o melhor do primeirocapitulo dellas, para;qne ajuizeis,vós mes-mos do admirável effeito, que uma talpoesia ainda hoje era nós produz.

Eis a bella passagem* a que alludo:| ((Quomodoséd sola civitas plena popu-Io! fada est qiiasi vidua domina génti-um:—princeps provinciarum facta estsub tributo!»

«Plorans plorávitio nòcte, et lacrymaeejus in maxillis ejus: non est qui conso-letur eatft ex omnibuS tíharis ejus; omnesamiÉ ejus spreveriiht eam, et facti suntBfl^^^::):^^; ¦¦¦¦"m/'--.

cMigrMt Judas propter aflictionem,et mültiiudinem servitíitis: habitavit inter

Sancta; pois ó mérito artístico é em gran- gentes, nec invenitrèquieim: oniines per

«Manum suam misit hostis ad oovniaiesiderabili3 ejus: quia vidit gentes iní-grassas sanctuarium suum, de quibospraeceperas ne intrarent in ecclesiamtuam.» \~'.'

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«Chorou sem ceSsâr durante a noite,e suas lagrimas correm por suas fact|s;nàéha d'entré todos seus amados quem ^alconsole: todos seus amigos a despresárã^¦ese ihe tornarão inimigos.» ^ ^^

«Emigrou a filha de Juda, por cajipda aflicção „ <i da grandeza da servidão;^habitou entre as gentes, e não èncqntroprepouso: lançarão mão delia entre suasangustias todos seus perseguidores.» :

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pastagens, e vão se arrastrande sem vi-gor diante do tangedor.»• ...«,»* ...... ....<•...............

«Jerusalém commettêoum grande pec-çadoy por isso fez-se mudavel: todos osque àglofificavão, á desprezarão, porquevirão sua ignortiinia: ella. voltou pára tráso rosto, gemendo.»'

«Lançou d inimigo sua mão á todas ascousas desejáveis delia: porque viò entrarem seu sanctuario as gentes, acerca dasquaes tinhas preceituado qué não en-trassero em lira ígreja. r"-«Todo seu povo está gemendo, e men-digando pão: dérão tudo quanto tinhãodé precioso á troco de alimento para sus-tentar a vida: vê, Senhor, e considera ovilipendio, a que estou reduzida.»

«0* vós todos que passais pelo cami-iiho, attendei e vede, si ha dor Compara-veí á minha dor: porque me vendimouo Senhor, como fatiou no dia da ira deseü furor.».»......» •

¦, *.

Esta tão notável passagem, era que opoeta prorompendo nas mais tristes eSentidas endeixas, nos pinta o espectacu-lô de desolação/que offerece Jerusalémdeserta, e reduzida á ruínas, com seusanctuario profanado, seu povo dispersopor paiz estrangeiro, seus sacerdotes ge-mendo, suas virgens esquálidas, e o pou-co que lhe resta de habitantes mendi-gando. é do mais bello e poético effeitopara commover-nos. Tudo quanto a dôrencerra de mais acerbo ?•pungente nellase acha expreso em termos os' mais pa-theticos, e posto em admirável relevo. AsMiagens as mais melancólicas e enterne-cedoras, as comparações as mais .ener-gica$ e apropriadas, os tropos os mais ar-rojados e Mizes, a melodia a mais suavee sustentada, tudo n'uuia palavra concor-re para tornal-a sublime,e sem igual noseu gênero.

E' logo bellissimo o primeiro trecho,quê lhe serve como de exordio ex-abru-to:«Como assim se assenta era soidão uma"cidade cheia de povo! tornou se umatomo viúva a senhora dáà gentes: a piin-Seéza das ptovincias ficou sujeita ao trí-buto!» Nella a admiração é cheia de ãrii-íício, porque pinta perfeitamente a subi-jji mudança de estado de uma lal cidade,e a expressão, cheia de nobreza e digni-dade, porque condiz em tudo.còrn a grandeW do objecto descripto. E' um exordiotalhado por mão de mestre pãrá tal as-$timf>tb.

Nâo é menos bello pelas figuras e ima-|ens que contem est'outro sublime W0.Wü: «As ruas de Siãò çbòrao, porquênão W quem venha ás solòmnidádei: tp-dás 'suas portas estão destruídas: s^usístcèrdòteâ, gèfiieíndo: suas Wrgêús èfs-tfuàlidàsi e ella òppféssa de àmârgúráí»S&bérba é a prosopopéá porque cornêçà>às ruas deSião tlwrãó, r|uè rios dá lò£oidéa dâ grandeza da calamidade, e aindal^ais expressiva se torna* rsefí>rçadá peloíactiijoso# das imagens, seus sacerdotes ge-ffièndOt suas virgens: esquálidas, e ella

oppressa de amargura. A. pintura dâ de-solação não podia ser mais completa, doque a traçou o poeta.

Outro 'trecho' mui poético è ainda o se-guinte:

dE desterrou-se da filha de Sião todasua formusura: seus príncipes ficarãosendo como carneiros que não ertcontrãopastagens, e vão §e arrastrando sem vi-gor diante do tangedor.»

Aqui o pittoresco da imagem porquecomeça o tn?cho, acha-se realçado pelabelléza da comparação, seus príncipes fi-càrão sendo como carneiros que não m-conlrão .pastagens, e vão .se arraürandosem vigor diante do tangedor.

Termina também mui poeticamente oseguinte trecho tão conhecido de todosnós por mui repetido nas procissões dequaresma:

«O' vós todos que passais pelo cami-nho, attendei e vede, si ha dôr compara-vel á minha dor: porque me vindimouo Senhor, como fatiou no dia da ira deseu furor. Neste trecho a idéa da dôrsingular e sem segunda que exprime opoeta por tal abandono e soledade^ écompletada pelo terrível da imagem, porque me vindimou o Senhor, como faltouno dia da ira de séu furor, na qual so-bresahe a bella e expressiva rnetaphora,porque me vindimou, que lhe dá realce.

Toda esta admirável passagem, em queo pathetico proveniente do sentimento dadôr se acha levado ao sen auge, é admi-ravel por sua grande e incontestável b^l-leza, qner se attemla ao conceito, querá expressão que o reveste. Nunca outroalgum poeta elegíaco se mostrou aindaigual a Jeremias, no sublime que dima-na de tal origem.porque nenhum outro,através de tantos séculos, ainda nos com-movêo como elle em idêntico assumpto.Por isso as suas Lamentações que emnada.desdizem na^contestura do todo daparagem.que fica analysada, são repu-tadas pelos etüendedorès como o maisbello pedaço de poesia elegíaca, que seconhece, Uma tal composição é, para di-zer tudo, a mesma imagem da desolaçãoe da dôr, levada ao supremo gráo, e en-riquecida com todos os donaires da anti-ga poesia oriental, tão natural no con-ceifo., como figurada na expressão.

Tendo apreciado os principaes poetasbíblicos, ou da Escriptura Sancta, passa-rei nos seguintes discursos a tratar rlâantiga litteratura profana, começando pelaromana, para depois delia òccupar-mecom a grega; pois estou certo que estaespécie de anarchonismò terá a sua com-pensação na vantagem, que háde résul-tar para os ãlumnos adiantados no estu-4do do Latim, dò perfeito conhecimentoquè podem adquirir das principaes belle-zas dos autores latinos. Por hoje aquifaço ponto. 7

Francisco Soíero dos Reis .

ECONOMIA POLÍTIlCX. >

Senhores.-—Á isciencia^ em sentido ge-

ral,; como complexo de verdades, ouprincipios naturaes, que mutuamente* seencadeião, não podendo ser objectod'um estudo serio e aprofundado, exige,e a razão confirma, tanta divisão em ra-mos onsecções quanto é a diversidade demáferfós que eni si contém.

Não obstante a mutua dependência daspartes dos conhecimentos humanos, épresentemente de absoluta,necessidadeque o homem limite sua actividade sei-entifiea a uma classe de cónhecuíientos—á uma sciencia especial, que consti-tue a serie de verdades, ordens, ou no-ções, que por sua ligação ao m^smo ob-jecto, unem se ffé rhdd<i à apresentar umsó.corpo de doutrina, uma unidade."

Assim, os principios adqueridos- petoestudo do trabalho, \iâo nos seus proces-sos techinicos, porém nas suas relações,e ieis que o dirigem,- fofmão pela unida-de e união, uma sciencia especial, conhe-cida por Economia Polilica, cuja defini-ção, ainda reclama seria attençâo e és-forço dos economistas, para que sejãoharmonisadas as diversas opiniões a res-peito. E' que sendo difficil revestir umpensamento d'uma expressão justa, orjformula conveniente, sobe de ponto adlfficuldade quando procura-se conter,em poucas palavras, o todo de ideas, ede factos que constitne uma parte dosconhecimentos humanos, ou uma scienciaespecial.

Admiitimos porém ser a EconomiaPolítica, a sciencia que conhece e expli-ca as leis que dirigem as relações domundo industrial, isto éf as relações doshomens era actividade com o fim de criarValores, e todos os meios de satisfazersuas necessidades.

O mundo industrial é portanto, o tododos trabalhos de qualquer natureza, con-tribuiudo directa ou indirectamente parasatisfazer as necessidades inherentes ánatureza humana—; éo trabalho hu-mano, sem distineção de espécies, con-siderado na variedade infinita de. suasapplicações; é finalmente a acção dasforças physicas, intellectuaeS, e moraes,do homem, com todas as combinaçõessociaes e ò concurso dos agentes physi-cos que lhes augmèntâo o poder, lhesfavorecem a acção.

Definida e explicada por este modo aEconomia Política, é obvia a razão porquealguns economistas a collbcào na ordem,de sciencia moral, e sciencia natural:moral por existir^ sem duvida, algu-ma moralidade nas acções humanas:natural, por estudar o homem em suaafc-tividade, e conquista, dos meios indis-pensaveis para satisfazer as necessida-des, < :\ \ -.'•

Não menos conhecidos ficão seus íi-tnites, que são os do objecto dé que seoecupa.—O homem em suas relações,e meios empregados para criar e conse-guir objectos que lhe possão servir; len-do por espaço o globo, theatro da activoda.de,, espontânea do homemi ou dós phé--nomenosindustriaes.

E' uma verdade. já revelada, qm m

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SEMANÁRIO MARANHENSE.

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ordem lógica íi sciencia, on o conheci-imento rrflectido das relações, que emanãoda natureza das couzas. precede a arte,,o.u a serie de preceitos e regras á seguir;$a arte deriva-se a. pratica, que ?é umaapplicação mais ou menos exacta dessespreceitos ou regras. Na ordem historie;!porém é -a pratica que precede á arte, eesta á sciencia; por isso não é para ad-pirar que a Economia Poluica, para as-sim dizer, <Je hontem, se resinta, d'essamarcha de todos ..os conhecimentos, hu-«pianos, não achando se ajuda completa-mente disiinçta da arte, d'onde sahio,notando-se, na direcção de seus estudos# trabalhos,nome coram um. a*çousas.quepodem e devem ser destinetas.

Não obstante porém essa pnova de suajuventude, é de esperar que como con-qoistasse, no meado do século passado,cathegoria de sciencid, pelo brilhante ta-lento dé Quesnay, e posteriormeute deSmith o Say, também consiga en) brevetempo de outros gênios a completa sena-ração da arte; corno já tem apparecidoalgumas tentativas nesse sentido.

Não pensarãp, de certo, os povos an-.tigos, que oferecesse o mundo industriai,centro <los phenomenos econonicos, focodo trabalho, então mui pouco considera-do, uma orden), ou serie de relaçõesconstantes, dirigidas por jei immutaveis,e eternas, susceptíveis de demonstraçãoe dignas de a.najyse: parecendo-lhès que.ahi tudo fosse o resultado do embate devontades individuais, sem nexo, semeie-mentos que constituissem um racno desciencia; com o correr dos annos porém,o espirito humano, iufatigaveí em esboçartheorias dos factos complexos, armando*-se do melhodo e da analyse, descubrioa sciencia econômica, que priraeiraáen-te apresentou-se com o systema Mercan-til, l-epois com os Physiocrata, e Indus-trial.

Originou-se o primeiro systema das. idéas da jdáde media; tempo em queVenesa, Pisa e outras cidades da Itália,;eAlemanha prosperavão e florecião cqrjugrande admiração de outros estados, eu-ja fertilidade de terreno era de poucoapreço, por causa da barbara ignorânciaíeudal.

'' . ! V \ ;¦";'¦'Então, pensava-se, não somente serem

as mannfacturas, e o comatercio meiosseguros ,e efficazes de adquirir a moedametálica, considerada essencial e única'j^P^l^lia

nação, como haver na dif-ferença da exportação sobre a importa-ção, um saldo em numerário, que era,verdadeiro lucro em proveito do paiz. Em.conseqüência de lão errôneos princípios,admittindo-se toda faculdade de entradadas matérias primas estrangeiras, restrin-gia-se a importação dos oqtros õbjectos,l^rm^eio j|gdireitos qupsi prohibifivos,fe cairos actos, SS^r^til^ cer^QS i;e-gqla^Oftqs, ^míos e privilégios, queiili^pe 4e^nvolve^rn à exporfa-$$ doj5 qlye^tosnacipáes.

Tendiãò pois tias ideas á tirar fjo os-t^n-gefrp á pantilad.e ide iptaes precio-

niomistas, co,mo se expressa Say—. sero homem, rico por ter muito dinheiro*não corapreheofjendo que tgm elle muitojdinheiro, porque é rico.

Em resumo, era este o celebre syste-|ma da balança do commercio, tão acari-jciado pf-los autores italianos, e geral-!mente adoptado em Inglaterra, França equasi toda a Europa, até que reagindo aphylosophia de XVIII século contra asideas e antigas instituições, prodnzi,p osystema Physiocrata, tendo por autor oiDr. Quesnay, filho d'um lavrador.

Causou a doutrina de Quesnay granderevolução nos espirites esclarecidos dr.Europa. Com o seo principio—laissezfaire, laisez passer—demonstrava que omundo industrial não era corpo semalma, ou, um todo irregular de forçasincoherentes, sem nexo e princípiosde direcção: que a industria marchavapor ordem providencial, oceultando, sobdisordem apparente, leis admiráveis, in-flexíveis com ordem natural/ dignas deserem conhecidas e «apreciadas, nãoconvindo perturbal-as, por comhínaçõesarbitrarias, poreqa conhecel-as, e res-peitai* as. : ,

Em verdade, não tinhão os Pysiocratasperfeita idéa do pheoot-üeno da produc-ção; considerando,como nnica origem deriqueza,o trabalho fortificado pelo poderdivino; tornando se assim, sem o pen.sa-rem, também exclusivos, cm favor da in-dustria agrícola, por p.irtirern do erro-neo principio de ser a materialidade ca-racter fundamental da riqueza; aprecian-do a utilidade, e valor do trabalho pelaquantidade de matéria bruta adquerida;excluindo portanto grande numero dephenomenos industriaes do dominio daEconomia Politica; mostravão ter incom-pleta idéa de todos os ramos da aclivi-dade {lumana.

tinhão porem sólidas noções da raoeda; o contribuindo para elucidar o prin-cipio da liberdade das transações, pro-<lanaavào, que todo obstáculo que o im-pedisse, seria verdadeira violação do di-reito fundamental do trabajbp e dá pro-priedade; eque, todo o entrave a impor-taçao, ou a exportação, dava em resui-tado—variar artificialmente o valor dosproduetos, a renda da tora, ora em puraperda para ps produetores, ora «a custado^ consu:i;n,midQf^s.

Com estas idéas, arruinavlo compla-tamente o antigo systema; não cessandoiie combater á absurda théoria que co>n-siderava a riqueza social nos metaes pre-ciosos: reagiâo cpm demasiada energiacontra os prejuízos exclusivos, era pen-sarem que também incorrião em grandefalta! r

JSo maior enthusiasraoe fervor d'estapav^i doutrips, permane^ep Adam §mitbem Baris, dé lembro $e 4765 ^ôu^rbro do anno seguinte, .xelaciònandQrS^poça .Quesnay. turgot e-pulços. De ^pU-ap^ji-a #gíat;erra, ífoi }re§iíjír na p^enaRp^yoaçlQ tie ^ir}k?tldy, ^and^p; de Fife,naE^co^tó, 'ftfljiç 0$m^$ê M$M§dèl723.

>Ern 1771, principiou -^hi ,^ua im^oy-tal obra—Investigações sobrea natuíe^a,e as cansas da riqueza das nações—, con-olpida eirp I

Sobçe «Q Rh^pmflnr>.^ prqr}ucçàp, túj®adxnittip as i4éas ((le á(nbps os sy&lé^sexistentes. Ngo íe^ con^stir a ;riggjB^nos -malaes pr{ecip^s, nem con^ider^uaterra, -co^o ;sua uniça oí]jgem: ao toj^ilho ea9 (b-^ff, /jújjas /âqqj^adés pi?Q-duetivas, auxUiád-as p %vm^$^^divisão'do trabalho e Jiccuniuí^capit/ies, são podei-osos agente-s de pro^-ducção, atiríbuio a verdadeira origem $$riqueza nacionaí. Proclamou a libefdatdiBde escolha ijte .trabalho. Ide .poivi^ntrfde capitães, (e circulação de productpjS,forman'10, com e;ssa$ poderosas bfis^o terceiro Systema do economia Politjc?,.conhecido ppvr systema Industrial.

Parahyba—1867. •"

JosÈ Ascenço da Costa Ferreira.

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JACY.(LENDA MARANHENSE.)

POR

Saibas Aa Costa.

Continuado do n* 13}.

CAPITULO XIV.

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Ainda najo haviâo dois mezes, que p§matreiros esitayão iia cidarje, játinbão ¦$-lecido mais de cem, atacados de epê-di^ia, .devida a .mudança de comidas, deusos e de costumes. .

íCpncorrera para augmentar o inal 4osindios o jt^r deixado as rédeas da ;pre§i-dencia, o Sr. Monteiro, que os receberaq^mo^raigos.

0 successor rJo Sr- Monteiro n?o dáyaimportanqia a sorte dos infelizes matreii-ros, e os considerava como selvagensindigppfS dp occupár o tempo e o pensa??;meintp, do administrador ilustrado e çer^cado de prestígios naturais!...

Qs infelizes matreiros §p fórpp legoifera-dos pejp^novo administrador, parft^lb§§arranQarem qs moços no caso de poderemservir a lãni^àrJa dò-EstarJo. Mais M «s^ãtsenta ínatrieitiojs forão reqwtaííps eneip^tidos para o Rio de Janeirp, spE^dou^o;dp possas fortunas e dos v nossos-braçps.

|i}3p ei#o mais jpagaosps jtóp%o& m^rtreiros. Forão todos táptízados, so 4^|-

nome S|e|yagem. ^M$4.•;;|* ípinl^^ Jacy continuava ba^ftçjtó

enferma,'! qúaze sem d|r esp^ran^s ^s-?lya*jíípi | ;.^„:,

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I^.jyiriozo vêr mejWiáoentiie ^Sfndi^,qm|ttó^ám, \fa .#,# W^: .e?RWtuozo 1»^-tante, que se aprazif d^s mteirop j^

ÉpWfe ,.,-\-i'':r.1r>.,.-.K;de vocábulos, e esboçaya^0|íi^|^de wstujBes iudigei^s, toando ^iâ»

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mentos importantes, e apanhando o quede mais notável considerava, para seostrabalhos futuros.

Gom os seos cantos sonorozos e cheiosde harmonia, a litteratura pátria se enri-queceria, ficando para sempre illustre onome Antônio Gonçalves Dias!

Já não era mais motivo de reparo os ta-puyos andarem pelas ruas da cidade,que a população se familiarisara com elles,sem os considerar mais objecto de eu-riosidade.

A filhinha de Jacy continuava mal; afebre pertinaz e renitente zombava dasciencia e do medico!

Abaguaçú andava tresnoitado, e com-pletamente desorientado com a moles-tia de sua querida Jacytata; tristonho,chòrozo, não comia nem bebia, entre-gando-se as afflições paternas, levadas aofanatismo!

Jacy mais corajosa, encarava os soffri-mantos de sua filhinha, como mãe extre-moza, esquecendo-se de chorar parave-lar noite e dia a cabeceira do leito de Jacy-tata, que parecia querer eclipsar-se aseos olhos, e ao seo coração!

Á filha de Abaguaçú peioravade dia paradia,e seos paes, como o Dr., bem vião adesgraça, que estava eminente sobre acabeça de Jacytata.

Os indios maldizião o terem abandona-do a taba de seos avôs, e amaldioçavãoAbaguaçú de os haver entregue aos seosinimigos, O cacique sabia das accuza-çõés de seos companheiros, e receava vêrsua filhinha querida, ser a victima esco-lhida para a vingança de Tilpan]

O Dr. estava no quarto ria doentinha;estudando os symptomas com toda a at-terfcâo. Era uma crize perigoza e .Aba-guaçu de joelhos a seos pés dizia:l —Doutor, salve minha filha!.

Um grito agudo partio dos lábios deJacy!..;. Ella vira sua filhinha abrir oslindos olhos, ericarala, sorrir é depois....morrer!a-; A dor partira o coração materno, e desua alma desprendeo-se esse grito de ma-gua, e soffrimento!

Abaguaçú como ao leito da filha, ereconheceo sôali estar um cadáver!

O indio cahio sobre o corpo inanimadodá inndcente creança e cobria-lhe as fa-çes livídas, com beijos ardentes de umàmorextremozo.

r-^E' tua,:disse elle dando a Jacy a filhamorta. Também é minha. . nâo a deixeslevar.

$ Abaguaçú sahio com o Dr. e obtendouma thçzoura cortou seos cabellos emsignal de dôr, e de seos olhos nem mais

$ima lagrima cahio!1Jacy conservava nos braços a sua que-

rida filhinha, como que acalantándo. aoífeblOi em pranto amargurada ia entoandouma canção triste e melancólica, inspi-ração selvagem da pobre mãe.

: í Jaéytata foi preparada no seo caixão-zinho de seda côr tíè roza guarnecido defranja? è galões de ouro, recamario comflores artificiaes,

Estava linda, vestida de Menino Deos,

e dormindo o somno ete"rno no esquifeda morte.

—Jacy, dizia Abaguaçú mostrando afilha, elia nos ensina o caminho que de-vemos seguir..

—Porque me fallas assim?—Porque, Jacy? Porque a maldição de

nossos irmãos, a quem trahi; e a maldi-ção de Seemyra, minha mãe, pesa sobrenossas cabeças e nos deve esmagar dedesgraças... "

Jacy suspirou.consternada, com oespi-rito acabrunhado pelas p.ilavras que seomarido dissera. Veio o pranto mitigartantos soffrimentos cruéis.

Jacy chorou lagrimas de verdadeirador. -..

A tarde, fez o Dr. sahir o enterro deJacytata, sem que Abaguaçú presintisse,mas Jacy qüe observava"tudo, mal vio le-varem o caixão onde sua filha estava,perdera a coragem/e sem forças paraaquella eterna despedida, cahio sem sen-tidos, atrahindo Abaguaçú. Este vendo-acomo morta e não enxergando mais suaquerida filhinha, ficara como louco.

Sahia o enterro, quando Abaguaçú ap-pareceo na janella, que ficava por cimada porta da rua. Olhou para afilha, eumavertigem o accometteo; foi couza passagei-ra; tonara a si mas já ia longe a sua Jacy-tata. Sem cauzar-suspeita foi ao quarto,beijou a Jacy, ainda sem sentidos, e cor-reo rápido como'o relâmpago, galgou oparapeito da janella, pricipitou-se de. ca-beca para baixo, indo esmigalhar o era-neo no lagedo da calçada!!;

Quando Jacy tornou a si, estava só; suafilha, enterrada, seo marido morto ! '

A infeliz tapitya cortou as crespasmadeixas de cabellos nagros e as sepol-tou com Abaguaçú. Todos admiravão acoragem da índia ao despedir-se do ma-rido adorado; sem soltar uma queixa,uma lastima¦, urna lagrima!

A dor petrificara-lhe o coração! as des-graças galvanisarão-na !

Já não era Jaoy aquella linda tapuyamatreira que encontramos na taba deIbakeoçú, não; seos olhos encovados ecercados de roxeadas nòdoas, mácera-vão suas faces com vestígios da maisvizivel desgraça! seo rosto descarna-do, ossudo, mal cobertos com pai-,lida pelle, que se enchia de rugas; suacôr escurecida pelo mào trato; seos ca-bellos golpeados, e toscamente corta-dos!.., Magra !.... cadaverica!.... Jánão era mais a Jacy, que encontramosna tába de Ibakeoçú'! ,

Ninguém sabia de que vivia ella! Depouco ;0u nada se. alimentava ! Passa-ya mais'tempo no cemitério, do que, nacasa do Dr. aonde morava !

Era triste vel-a só, alta noite, rio meiodas cruzes negras, que se elevão nos to1-pos das sepulturas! Perdida, entre os cy-prestes verdes negros, que entristecemcom seus lugubres aspectos a sombriamorada dos mortos tinha aquella mu-lher sublime, a verdadeira poezia selva-gem, que rios falia no intimo dòcoração !

* •. • • 9..•*..•..., •....•..i»#

Chegara o tempo marcado para pdésen-terramento dos mortos. Jacy que nãoabandonara as covas do marido e da fi-Ihinha, alta noite os desenterrou ereunioos débeis ossos da creança com a fornidaossada de Abaguaçú.

A caveira de Abaguaçú estava partidae Jacy beijou-a como» havia beijado a deJecytáta. A luz da lua derramava tibiaclaridade naqueiles sitios merencorios etristes !'Jacy

preparara a lenha, que devia quei-mar para reduzir á cinza essa ossada dede tanto valor para ella.

A fogueira atiçou-se, as chammas cal-cinavão os ossos cripitando na commumdestruição, perdião as formas e redu-,zião-se a pó!

Quem visse Jacy alumiadapela luz dafogueira julgaria naqueiles lugares, e ataes horas, tim desses fantasmas medo-nhos, dos quaes muitas lendas contãocomo sobre naturaes!

Concluída a tarefa do fogo,. Jacy deoprincipio a sua. Recolheo toda cinza emum sacco de seda azul, que fizera do seovestido bonito; e carregando aquelle the-zouro precioso, desappareceo da cidade,aonde debalde a procuravão.

Jacy seguio caminho da Estiva, atra-yessou o Mosquito, andou mattase cam-pos, e depois de muito soffrer e de muitocaminhar, chegou a aldeia de seos an-tepassãdos,* reduzida a montões de rui-nas!

Os frutos silvestres, que Jacy comia,não lhe alimenta vão bastante. Seo corpoquasi em completa nudez, a fazia tintarde frio! Seos pés sangravão de feridosqne estavão!

Jacy nâo conheceria a taba. se não re-conhecesse a montanha, que na raiz ti-nha a gruta dos mortos caciques ¦!

Que de pensamentos diversos não vi-rião assaltar a cabeça de Jacy, se ali nãopreocupasse só uma idéa !

Por entre o matagaese cdpós espinho-sos, ella rompeo a marcha até a gruta,aonde tapavão a entrada, Inúmeras tre-padeiras; cobertas de varias flores, des-penhadas das copas das arvores, que pre-cipitando-se pela faldada montanha, for-mavão festões matizados sobre o fundode esmeralda !

Não era a arte capaz de imitar taes ¦-•mar«ivilhas da natureza! Não seria o ho-mem capaz de fazer tanto !

A custo Jacy penetrou na gruta; as avesali refugiadas do ardor do sol, esvoaça-vão espantadas, batendo com a pluma-gem das azas, ás faces de Jacy, que lhes.vinha pertubar o já acostumarão socego.'

Medrosas, com a entrada de um sêrestranho, fugirão todas abandonando agruta, A. ¦,-i.^:/".:..- ..*•;,..-• \

A claridade do dia mal podia penetrarpor entre as ramagens, para aluiniar agruta, cujo chão abandonado ao goivo eao musgo,f estes se estendião e trepavão.pelas paredes, conquistando tudo, queostupys lhes legarão.

Vio Jacy um esqueleto humano estendi-do sobre a relva, que desputava ao mus- í

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X SEMANÁRIO MARANHENSE

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go a posse da gruta, e lembrando-se deSeemyra duas lagrimas lhe correrãopelasfaces seccas e áridas!

Jacy comtemploa aquelles restos deuma tupy, e disse:

—Voltamos, Seemyra; á taba dos tupyspara nunca mais a deixar!

Abrio o sacco qué trouxera e derra-mou a cinza, levantando tal, poeira, quea envolveo em condensada nuvem, que áasfixiou de repente !

Quando os pássaros julgavão tudo si-lencio na gruta ariscos experimenta-rão-na, e pouco a pouco regressarão to-dos ao viver tranquillo, sem receiaremnada do cadáver de Jacy, que ali encon-trarão de mais l ti

Jacy havia dito a Seemira—nós mltare-mos, e cumprira a sua palavra; ella vieramorrer na taba trazendo o esposo e afi-lha, emborafem cinzas, para a moradaeterna de seos maiores -tupys! ¦

Correo por longo tempo, que nas mat-tas do Coroatá, era visto em nt)ite escura,uma sombra vaporosa e errante per-correr os domínios dos indios matreiros,e os que sabiâo do extermínio dessesdecendentes dos túpys, conta vão em-seusserões, a lenda que escrevi, e dizião aquem lhes queria ouvir, que essa sombraperdida a vagar pela terra era a alma déJacv.

FIM.

HISTORIA.

Carta do Dr; Cezar Augusto Marque^ao Sr. Francisco Gaudencio Sab-bas da Costa á propósito da Capel-la da Gamara Municipal.

Amigo e Sr. SabbasdaCosta.—Convi-dado, e até bastantes vezes instado porsua reconhecida bondade, escrevi dousartigos históricos, que já hoje corremmundo impressos nas paginas do presen-te Semanário.

Insiste para que lhe dê notièias d'essaCapella já tão arruinada, que existe atrazdo palaceté da Câmara Municipal.

Vou satisfazer seos desejos, emboraseja mais um motivo para o exercício demuita critica tolla e injusta contra mim.

;â iuita gente crê, e atéé capaz de jurar,sem receio das penas do inferno, que omedico sô deve andar por onde ha do-res, só deve cuidar em cataplásmas eunguentos, só tractar de cáusticos e san-gúisugas, só fallar ern moléstias e mortes,authopstas e feridas, sangrias e sanguederramado,, pus Ák»

Não se lembrão essas creaturas, que omedico, que estiver com o espirito aba-:tido, o corpo cançado* a alma cheia de;desgostos, situação esta originada pela;sua vida tão repleta dé espinhos, por for-ça, que hade soffrçr e. soffrer muito, es-murecer, e cahir em pfostráção.

Para elle. sahir d'esse estado, é ne-cessario procurar utn estimulo diversod^quelle^queo abàteo, e para isto ha-

ide deixar os seus livros médicos, e ir

procurar alivio nas paginas da litteratura,onde ha raios brilhantes dé luz, quefas-cinãó a vista, flores mimosas, que ena-inorão os olhos, aromas esquesitos, queembaísamão o ar, encantos e seducçõestão para amar-se, tão para querer-.se.

Extranhar estes meus estudos é mòs-trar-seinteíramenteignorante do passa-do, e dotado de idéas muito curtas.

Este meu procedimento e- de outroscòllegas, é pautado pelos primeiros medi-cos do mundo.

E se assim não é—vejamos.0 venerando pae da medeçina, o inspi-

rado Hippocrates, era notável em bellasletras.

0 velho Galeno não foi menos ir^igneem taes estudos.

Boerhave foi um grande musico, Celsoaté se metteo em escrever da arte mili-tar, em seu tempo tão atrasada.

Haller e Zimmerman forão poetas;aquelle até foi pelos seus talentos politi -cos escolhido pela Suissa, sua pátria, paraser um dos seos primeiros magistrados,e este apreciando as vantagens da solidãoescreveu um poema sobre o desastre deLisboa. ,

0 insigne medico portuguez AntônioNunes Ribeiro Sanches foi até pelos seustalentos nomeado primeiro medico e con-selheiro d'Estado na Rússia

Quem não conhece o Dr. Lima Leitão?Que medico! que poeta! e que litterato!

Em nossos dias, Sr. Sabbas da Costa,quem não aprecia os escriptos poéticose philosophicos do Dr. Magalhães; asnotáveis obras históricas e os lindos ro-mancès dos Drs. Joaquim Manoel de Ma-cedo e Moreira de Azevedo, as poesiasdos Drs. Bolívar, Cunha Valle Júnior,Cruz Cordeiro, Rodrigues da Costa, emuitos outros médicos mais ou menosnotáveis?

Tudo isto demonstra, tudo isto provamathematicamente, que

«Não fasem damno as musas aos doutores,Antes ajuda a suns letras dão:E eom. ti Ias merecem mais favores. »¦;Que em tudo cabem, para tudo são »

como disse o magistral poeta clássicoDr. Antônio Ferreira.

Estes exemplos dignos são de serem se-guidos: hei de acompanhal-os ainda quede longe, muito de longe, lembrando mesempre do dito que o arcebispo Fenelonpôz ha boca de Telemaço—eu não souHercules, mas é honroso, tentar imita-lo.

Mas.. agora vejo, meu bom amigo,que divaguei muito, como fazem certosdeputados quando querem gastar a horapara que outro não tenha a palavra.

Venha comigo, e se quizer convide osnossos leitores para vermos essa çapel-linha, apeílidada nos papeis antigos oracapella de S. Luiz, rei de Franca, pracapella do Conselho.

Veja que profanação ! desapparecerãoos Santos, os altares, os vasos sagrados,e até,, (que ganância l) os tijolos!

Se fosse possível ressuscitarem ho-je ós seus piedosos fundadores, cofao

não ficarião transidos de horror diante:de tanto indifferentismo,1 e tão crinii-nòso desleixe da parte dos seus succes^sores!- '¦• .'.'¦•7.':''—¦ ':y"^!f^

Ja que não podemos, meu charo ami- ágo, levantar das ruínas esta capellMià,2^menos vamos recordar aos còntempora^neos a sua fundação', como um protesto^não eleitoral que nada valle como já es-tá mil vezes provado, mas perante a his-toria, que no diser de Cícero é um juiztão severo como imparcial, sendo por7.tanto as suas sentenças ou—prêmios dig- :nos de ambição, ou penas muito parareceiar-se.

Emfim vamos a narração.Em 12 de Setèrnbro de 1807 os ve-

readores José Pereira da Silva, JoaquimAntônio de Lemos Velho, e Sebastião Go*mes da Silva Berford dirigirão um re-querimento ao Exm. Sr. D. Luiz dèBritto Homem, então bispo d'esta dioce-se, dizendo, que como «desejavão pra-ticar a observância religiosa, que a pie-dade dos nossos monarchas tem recom-mendado em suas leis, pretendião edifi-car e erigir nos paços do Conselho umOratório, capellOi-publica, para n'ella ce<lebrar-se ò santo sacrifício dá missaipara ouvil-a antes dè.éntrarem para òdespacho e conferência nos dias de vére-?ração »

Lembrarão-se tão bem dos infelizespresos, e por isso desejavão, que ellesahi satisfizessem todos os deveres, pres-criptos pela igreja aos seus filhos. 7?

Terminavão pedindo a «concessão dasfaculdadese licenças necessárias á tàlfimna conformidade das constituições ecele-siasticas e sagrados cânones.»

No dia seguinte proferio o venerandobispo o seguinte despacho-—«A. na nc&sácâmara passe provisão na forma do sti-lo,» o qual foi no dia 15 do mesmo mezcumprido pelo beneficiado João José Bar- *

roso, çoncedendo-se licença para erecçãôd'essa capella de pedra e cal, como de*terminaa Constituição do Bispado n- 692e seguintes no logar, que fosse aprovadopelo Reverendo Parocho.respectivo, j>àrào que o Reverendissimò Bispo «lhe dêpcommissão, e lhe commétteo as suas ye-zes afim de poder benzer a primeirapedra, sendo aífeiçoada por offieial (iepedreiro com as cnízes necessárias.^ •

Acha-se esta Provisão registada a telhas. 87 do Livro 22 da Gamara MuniM-pai em 12 de Outubro de 1087 por Ac-cordão em veneração da mesma de Mde Setembro do mesmo anno.

Em 7 de Outubro do mesmo anno oReverendo José João Bekman eCaldas,parocho da Freguesia de N. S. dá Vi^tôria, fez a vestoria no lugar designadapela câmara, approvou à escolha; ben-zèd a primeira pedra e lançou-á ein lü-gar competente* tudo \) na conformidadedo Ritual Romano. / 7 í 7 " 7 71

tlbnvem dízer^sé, que n?essa ^chahavião sempre de yuietítas a trezentaspessoas, recolhidas na cadea ptttilicai enenhuma sô assistia á qualquer acto ré-ligiòso, «facto este que ainda sé fazijai

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SEMANÁRIO MARANHENSE.

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mais aggravante, não só'por ser prati-cado á vista e face das principaes autho-ridades da cidade, como por não constar,que houvesse outra alguma cidade doReino, em que se tolerasse semelhantefalta.»

Assim o disse a câmara municipal, em13 de Agosto de 180& então compostados mesmos acima ditos, e de EugênioFrasão Gastillins ao Reverendo vigáriogeral o Dr. João de Bastos Oliveira.

Antes destes camaristas já outros, deacordo como juiz presidente da caraara,tinhâo pretendido remediar ou destruiresta falta.

Facilmente se prova isto com uma pro-visão, passada em 11 de Abril de 1807,por ordem da câmara, peloDr. Luizd'01i-veira Figueredo, do desembargo de SuaAltesa Real, juiz de fora, presidente do se-nado da caraara e mais vereadores, pelaqual foi provido 0 padre Antônio JuliannoCorreia de Farias n'esta capellania, «emattenção á notoriedade de sua nobresa,transmitida desde os seos antigos proge-nitores, paternos e maternos, adquiridospelos muitos serviços, que fizerão,» comas obrigações estabelecidas em vários ac-cordãos, «ás quaes erão dizer missa todosos Domingos e dias santos ás 8 horas,assistir no oratório aos padecentes quandohouvesse execução da justiça, desobrigaros presos em tempo de satisfação dos pre-ceitos annuaes, e era suas enfermidades,sendo a mesma eapella por elle conser-vada.»

Este padre estudou no Seminário doPará, obteve letras demissorias, em vir-tude das quaes o Reverendo Bispo doPará lhe conferio ordens sacras, e aindalá estava quando obteve esta nomea-ção.

Ainda se prova isto com o officio, quep ouvidor José Francisco de Abreu Cos-ta Furtado èm 10 de Abril dirigio aosvereadores dizendo, que aceuzava a re-cepçãodo officio d'elles de 7 do mesmopez, e que approvava $ despeza, «quepretendião fazer para remediar a neces-sidade de uma pequena eapella cornoscompetentes paramentos, ura tapete, cor-tinas de damasco^ quatro bancos, e urnabanquinha com a necessária pintura eupi portão de entrada.»

Òecupados porem com outras obras,qu assustados por falta de meios peçu-màrios, e até «receiosos de que ao sobe-rano podesse desagradar a çrecção deuma pequena eapella embora para fimtão justo e .piedoso,» liraitarão^e apenasa pedir a divida licença a Sua AHezaReal.

Apenas empossados das varas dò se-nado da cavjairáuestèsvereadoresolharãopara tal obra com «o maior disvello jul-gando^a, e com muito acerto, nâo so deprimeira necessidade ;corao tambem «quejamais iria de encontro àt vontade de umipripcipe, tão solicito pela observância flospjrèpito$ religiosos.»

pt|tal fim em 9 de Setembro de 1807dirigirão um oíficio ao corregedor (Ja <$-jtôifàa rogando o seu con censo.

O mesmo praticarão com o Juiz Presi-denteV então morando na Ribeira do Itarpecurú.

Ambas estas authoridades responderãoem 10 e 18 do mesmo mez approvando aidéa, e louvando o zello dos mesmoscamaristas.

Assim animados e cheios de esperançasdirigirão-se ao Prelado Diocesano, e ai-cançarão a Provisão, como já disse.

Dados estes primeiros passos, ordena-rão ao procurador, que metesse mãos asobras «apezarde não haver fundos algunsno cofre do Gonselhò,e sim dividas, todaviaconfiavão, que seo zello e actividade fariacom que se concluísse esta importanteobra, sem comtudo impedir o pagamentodos ordenados, e outros artigos, tambemde primeira necessidade.»

Era exigir muito desinteresse e sacri-ficios de um homem qualquer, e muitomais de um pobre procurador.

. Felizmente esse procurador era Sebas-tião Gomes da Silva Berford.

Como homem honrado, activo e traba-lhador, procedeu a varias cobranças, con-cluio a eapella e muitas outras obras, eaté pagou avultadas dividas do Conselho,sem deixar comtudo de satisfaser os orde-nados aos respectivos empregados.

Sempre prevenidos, apenasdeo-se co-meçoa obra da eapella. os vereadores di-rigirão-se ao Principe Regente pedindo aapprpvação de tudo quanto tinhâo feito atal respeito, esupplicando a faculdade ne-cessaria, para poderem applicar certaparte das rendas do conselho como patri-monio da dita eapella, afim de acudir ássuas despezas indespensaveis.'N'essa mesma oceasião proposerão ei-les o ordenado, que julgavão dever ven-cer o capellão e o sachristão, e encom-mendarão logo para Lisboa a remessa dasimagens, dos vasos sagrados, e todos osparamentos necessários para a celebraçãodo incruento sacrifício da missa.

Foi muito demorada a resposta dacoroa, talvez divida ás oceorrencias poli-ticas, que então se derão em Portu-gal.

Achava-se no entanto a eapella promp-ta, era de urgência constituir-se-lhe pa-trimonio afim de se poder requerer li-cença para o seu benziraéntp.

"... ff

(Continua.)

(DISXKTOS ÍNTIMOS.)

Esperar!

Mas eu subo aos meos cumes floridos,Porque dizem íremendo~-espei.ar tSOh deixai-me ir adiante>\ eu tão devoQue eu não posso um instante parar!

Esperar... se amanhece não existo, 'Se estas flores não hão de existir,Se estes céus, esta luz, esta infânciaNão ,terão mais amor a sorrir...

Quando a na ente infl&mmada rebrarnerifa tormpnja do incendiq# çst alar,

¦..X.N.

*VV,.'. '..... . '.

Quando.o mundo nos deixa, e só. vemosDo passado-o.sep.ul.chrp alvejar, , .

Esperar?*-do martírio as grinaldasDe áureas rosas de Guatimozim íEsperar?—a torturarem esperançaDeste inferno imjdacavel, sem fim !

Esperar ?—livro pulso algemado,V<»z sem hymnos de amor a cantar,Dor sem prantos no peito isolado,Surdas queixas dos ventos ao mar!

Pesadelo de.noite importuna.Noite eterna de afílicto penar,Noite, noite.... Eia ! avante ! eu não possoQue eu não devo um instanle parar!

Corre, corre—é sol posto nos cumes.Ja se obumbram os abysmos do horror...Mortas alvas, e mesmo .esta VésperQue ali vêz, é já morta ao pastor.

E esperar, se amanhan não existo,Se estas flores não hão de existir—Esperar, quando a luz, quando a infânciaNão terão mais amor a sorrir?!

1857*. Rio de Janeiro.

íííoüzà Andrade.

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Como são divinaes o» teus olharesRepassados de mórbido langor !Mas,-como elles senão mais divinosSe no brilho .que tém, brilha.sseamorí

Esseroj^to celeste que enfeitiça,Sempre tineto de mágico pallor,Quansto mais parecera ettòeo e santo,Se de leve o tocasse a luz.de amor!

... *)¦'-... .

Lábios que eu idolatro, que na terraHivaes nunca terão, yirginea flor!Mais realce terião os teos sorrisosSe .«trouxessem .co.in.sigo o mel de amorj ?

Eu que sempre te vejo nos meos sonhos,Como um nume bondoso, um Redemptqr;N'essas horas diyiso em teo semblíuitpA mais viva expressão de ardente ^mor.'

i

Mas, porque não te vejo quando acordoSempre o ^njo ^e pa?, consp|l.aç|pr ?Tu f\]\e inspiras arçor tãp j^ivo efunc|oiDeves tambem sentir, um dia, amord

.;7;t ;00i- i'í--\"y^^'v.ç^U

Que se opere o milagre n'este instante!Dé minha almA à tuaalma;o$eo calor 1...

,PjO afl^ctp^ue .^^s^.eja(p.premipOesia louca paixão, tão louco. tam,or |

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CHRONICAD0 EXTERIOR.i -¦¦¦-, ¦. ' -"

São agradáveis as noticias, quo tivemosem relação á guerra contra o diçtadordo Paraguay.

Em um só dia foi o inimigo batidopelos.alliados em vários pontos fora dastrincheiras de fíumaitâ. A occupação eforlificaçâo do lugar denominado Tayi,onde na refrega, quehouve- perdeu oinimigo três vapores empregados no trans-porte de provisões, proporciona aos ai-,liados a vantagem de* interceptarem ascommunicações por água para a fortale-za de Humaitá, e bem assim a do potreí-ro Obela, que era uma espécie de bar-reira pela qual recebia o inimigo provi-soes por terra. A villa do Pilar foi oc-copada pelos alliados, extendendo-sed'elle para aquelles outros pontos maisestreita a linha do assedio.

íinha-se internado por umas trintaslegoas no território p»raguayo uma co-lumna de tropa argentina em obediênciaa ordens dadas pelo general Mitre, parao fim de descobrir terrenos e posiçõesdo inimigo e causar-lhe todo o mal, quepodesse.

As linhas fortificadas de Tuiuty fo-ram de surpresa atacadas por-um cor-po de oito mil paraguayos, que no pri-meiro momento obtiveram vantagenssobre as tropas brazileiras ao mando dogeneral visconde de.Porto Alegre, ven-cendo os postos avançados e as trinchei-ras. Travou-se a lucta na cidadella enlreos atacantes e os atacados,, que sobreaquelles carregaram até os porem foradas linhas em derrota. A acção foi san-guinoleota; o inimigo deixou o terrenojuncado de cadáveres, perdendo grandenumero de officiaes entre elles o coronelCastilha. commandante, que foi mortopelo próprio visconde de Porto-Alegre.Este general ficou .ferido, e bem assimalguns outros officiaes brazileiros. 0 ini-migo conseguiu largar fogo ao quarteirãodo commercio ou das provisões, cons-tando, porem, que os paraguayos incum-bidos d'este trabalho não poderam junc-tar-se aos outros, que fugiam, por lheshaver sido cortada a retaguarda, fasen-do-se n'elles geral destroço. Duas peçasligeiras de campanha foram levadas peloinimigo. Variam os boletins sobre o nu

isemanário Maranhense.

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estavam tropas alliadas fortificadas e pre-vônidas para qualquer ataque que o ini-migo quisesse faser sobre ellas.

Em conseqüência d'estes últimos tri-u.mphos e da posição, desesperada emque se acham os paraguayos, geralmentese considera próximo o fim da guerra.Que venha e que não tarde a completaderrota do bárbaro diçtador, pára desag-gravo da honra nacional edescanso nàosó dos bravos, que lia tantos annos sup-portam os terríveis inales da guerra,como da população do império.

Na republica do Uruguay houve alte-ração no pessoal do ministério, sendonomeados Sr. Bustamanté, chefe políticode .Montevidéu, ministro da guerra, einterinamente dos nego.cios estrangeiros.Disem os jornaes que esta ultima pastaestava reservada para o Sr. Heitor Varei-la, que ainda não regressara da Europa.Não se tinham realisado os boatos propa-lados de invasão de blancos, vindos deEntré-rios, ao mando do caudilho /Ap •paricio, que tàhto celébrisou-se em 1864coino instrumento do presidente Aguirre.Corria que, era este um meio de queusava o partido blanco para perturbar opleito eleitoral que se aproximava.

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As noticias da Confederação Argentinanada adiantam, continuando o rebeldeVarella a assolar o interior do pai^ como facho da guerra civil. Tinha chegadoa Buenos-Ayres o general Coneza.

Na republica do Peru o presidente Pra-do achava-se a braços com a dissençãointestina. Relatam os jornaes que o pre-sidente havia mandado marchar um corpode três mil homens para suffocar á rebel-lião, resolvendo elle em pessoa seguirpara as províncias ou logares sublevados.

Dos outros estados do Pacifico nadase noticia, e bem assim do México edosEstados-Unidos da America do Norte.

As noticias européas são de grandeinteresse no. tocante a questão romana,que estava oõerecendo melindroso .as-pecto. O general Garibaldi. acompanha-do de dous filhos seus e á frente de gran-de numero de voluntários, havia pene-trado no território pontifício e á mão ar-mada procurava resolver a questão dopoder temp<ral do Papa. Os feitos d'ar-mas por ora não tinham,sido de grandeimportância, constando que Garibaldi tri

mero de inimigos perdidos n'esta refre-lHumphou em Monte-redondo, mas que-

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ga,. calculando uns em ti|i!, outros emdois mil homens. Das nossas tropasconsta que a perda subiu a setecentoshomens.A A esquadra brazileira continua a bom-bordeiar a fô-rtalesa de Humaitá* ondetem causado grandes estragos, segundorelatam os desertores paraguayos. An-òunciaVà-se que a esquadra ia bomèar*-dear coiíi mais energia e. actividade asfòrtificaçõés inimigas, õ almirante barãode Inhaúma tinha mandado incendiar asmaltas dos pontos deCpr.uzú eCurupaitvpafã descobrir iotéiraffiénle o terrenoinimigo. Entre as duas divisões da es-quadra brazileira continuavam a ser livresas communicações para o Chaco, onde

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parte das suas tropas havia sido derro-tada nas proximidades de Roma.

Assegurava-sé que a tentativa Gari-baldina foi feita de acordo com o gover-no de Victor Manuel, pois que as tropasitalianas nas fronteiras não se opposeramá entrada dos voluntários, os quaes, alemdé sé alistarem publicamente em alga-mas cidades da Itaíia,recebiam para os fe-ridos auxílios de Florença, Gênova, Na-poles è Milão.

Era conseqüência do movimento gari-baldino o ministério Ratazzi pediu e ob-teve a sua demissão, ou por accordo como agitador ou por se reputar fraco parase oppor ao movimento. 0 segundo mo-tivó parece mais acceitavel por isso qwe

o general Cialdini, chamado pelo Rei paraorganisar novo ministério, não o ôrgar>i-sou pela razão de só o poder comporcom o*» representantes das idéias faro- yraveis ao movimento.5 A' ultima hora. dauva-so como certo que o general Ménabréáconseguiu organisar um gabinete, assi.licomo que Victor Manuel havia publicadouma proclamação em que desapprova àtentativa garibaldina, assegurando queestá disposto a cumprir a convenção de15 de setembro.

Corria que o embaixador hespanhol emFlqrenÇa bavia pedido õs seus passápor-tes, conjéclurahdo-sé qfúe o governo hé&*panhol interviria á mão armada para sus-tentar o poder íéráporal.

O governo france. ém ordens e contra-ordens perdia o tempo, mòstrando-se pOirultimo disposto a intervir tambem á mãoarmada, para ò que havia mandado áp- .parelhar a esquadra de Toulon e remet-ter tropas para Civitta-Vechia.

Dar-se-ha desacordo éfitre ã França ea Itália? Poderá esta, caso se interessepelo bon(i exilo da tentativa garibaldina,encontrar na Prússia a mesma alliança,que as uniu o anno passado, hoje que aPrússia espera a lucta coma França? Sea questão romana tomar incremento, aÁustria interviiá em favor do poder tein-poral. vendo-se assim de um lado Napo-leão lll e Francisco José, e de OutroVictor Manoel é Frederico Guilherme?Se o governo italiano desapprovâr corasinceridade a tentativa do general Gari-baldi, è muito natural que nenhuma dis-sensão haja. Entretanto, parece vacilantep poder temporal, que,nos estreitos limi-tes eni que se acha actualmante. é ináissombra que realidade de poder.

Na Inglaterra estava convocado o par-lamento pai;à a decretação de fundos né-cessariosá expedição da Abyssinia. Esteera o objecto único da reunião dos re-presentantes do Paiz.

Em um banquate offerecido ao minis^terio Derby em Manchester, assegurouillustre conde chefe do gabinete que estádisposto á continuar na gerencia dos ne-gocios públicos. O ministro dos negóciosestrangeiros, iord Stauiy, declarándoquea Inglaterra não receia a guerra contioental para si pois que mantém as melhoresrelações com todas as potências, deixa en-tre ver a possibilidade da guerra conthnental na parte final do seu discurso.

O clero anglicano reuniu-se em synodóno palácio Lambeth do arcebispo dé Can-;terbury, primaz da Inglaterra, e sob apresidência do mesmo arcebispo. O sy-nodo durou quatro dias, tendo sidofeito o convite para a primeira sessãoa 2-ír de Setembro próximo passado.Reuniram-se setenta e sete bispos daInglaterra, das posses-sõesinglezas e dosEstados-Unidos da America do NorteDísentiram pontos de disciplina e resol-veram â deposição do bispo de Colenzqpor haver pregado e escripto «contra adivindade dé Jesus Chrislo. .Depois doschisnía protestante está é * maior reu-

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nião, que tem havido de diocesanos daigreja ingleza.

Na Hespanha dava-se pof extincta a in-surreicção ultima, havendo, porem, re-ceios de, que nova e talvez não mui lar-dia revolução apparecesse no paiz. O ge-neral Pezuelo, conde de Cheslo, foi no-meado capitão-general. e como chefe dopartido ultra-reaccionario indicavam-nopara substituir em caso de necessidade ogabinete Narvaez.

A rainha-mãe Christina. achava-se emMadrid.

Reinava no paiz grande compressãoexercida pela administração publica.Aba-fada a Imprensa, nem sequer dava-se per-missão para a entrada livre de jornaes ex-trangeiros, O governo tinha realisado umempréstimo no próprio paiz para o fim desaldar empréstimos estrangeiros.

F. Remar.

CHRONICA INTERNA.• As rosas de natal e as rosas de maiome obri^ãó a saudar com um sorriso os.mezes de maio e de desembrò.

Prefiro o ultimo ao primeiro porque,alem de mais festivo, elle traz em si aultima palavra do anno, e, sendo mez derosas, uão é ao mesmo tempo, do favascomo o seu companheiro.

Ora, o m<5z das favas é o mez da to-lice, segundo o rifão que diz: cum fabaflorescit, slullorum copia crescit.

Avsim como a .myrra, o cynamomo, onardo e a ambrosia (que jLinêo diz ser oresedá) sâo perfumes inspiradores degrandes lyrismos e de olorosos concei?tos;, assim, o desgraçado poeta que, emprocura de rosas de maio, respirarn'esse mez o perfumo das favas em flor,pode temperar a cythara,, para grandesodes á estullicia. •

Saü.lo, portanto, o mez de dezembro,que .poe-me resguardado de tão damni-nhos vegeta.es, e quero ver se me inspirocom as rosas de natal, para escrevermelhor estas linhas, que não me parecemmuito bem principiadas.

Quasi que pertenço á classe dos abys-sinios, que apecirejão os annos moribun-' dos; mas, com certeza, não sou çortezãodos novos annos.'. A espectativá sympathiça, com que osvejo surgir, vae aos poucos degenerandoem indifferentismo.e, ao chegar o S Sil-vestre, estou incapaz de acreditar emqualquer anno-fcom.

To :avia, como já disse, p mez de dezembro, quando desponta, é sempre pormim saudado com emoção.

Recordações da infância e da adoles-cencia. Saudades das festas do Menino-Deus, que enlhusiasmavão o rapaz; e dasfestas de Santa Luzia que reconciliavãoo menino com a palmatória.

Hoje apenas v<-jo no mez de dezem-bro o mez das rosas de natal e dassaudades dos nataes passados.

«Dorese flores» como escreveoZaluarna capa de um'livro,

Mas, é inquestionável que, ao aproximar-se a festa do Divino Menino, todoaquelle, que pena saudades d'essa sasaode innocencia, que se chama a—infan-cia—, sente o delicioso pungir, de quefalia Garrelt. ..-,,.

Não mais se compara a festa do íuwo,com a mesma festa, que foi applaudidaannos atraz!

Annos atraz, quando olhava se commais candidez para esses pastorinhos debarro; para essa Belém de tabatinga; es-ses reis magos de papelão sarapintado, epara esse presepe de sarrafos.

Hoje, quando lá vamos, vingamos-nosdo quanto nos falta na alma, censurandoo gothico demasiado das torres de Na-sareth; segredando uma chalaça sobre orei caboclo, sem tamgapema e de meiasde seda. Duvidamos da sinceridade doanil, que tão carregadamente tingio o ceude algodão: e vamos espiar, atraz da ara,quem è o Tritão que faz jorrar os chã-farizes!

Scepíieismo da idade ! Nâo se acreditanem na boa fé dos pastores e zag-ilas !Quer-se descutir aquelles bonecos, quese acceitavao sem glosas e como artigosde fé, leva-se. o racionalismo á ponto denotar que a pobre lapa è forrada de da-masco e de galões j

Tudo porque os olhos estão descridos,e a alma sem o puríssimo aveludado, queo bom Deus deu ás flores e aos infan-tes!

Aquelle vago indifinivel; aquellas abs-trações imponderáveis; aquelle saber tãocheio de ignorância, tudo isso deliciavaa mente do inexperto menino; que nâodiscutia inverosinilhanças e nem sabiaanparelhar syllogismos á Vnltaire e áPrudhpo ! .v

Hoje o vago não se coaduna mais comaquelles, que já fizerào (felle o sou oásis;hoj.- a cabeça, assim como o estômago,'tem horror ao vácuo !

Para esses, o Natal é uma data ape-nas; uma quadra de desfructar-se sublegmni fagi, as doçuras do chapéu doChili e do paletot de verão. 0 canto dogallo não resôa melodioso ao bater demeia noute, e a própria meia-noute só éapreciada pelos bolos da opipara con-.soada! *

¦ * -

».... ». -•'.*'.*•••.¦..•.•.«...».

Este anno, com- as rosas de natal, flo-wrecerão lambera os loureiros da victoria!

O Paraná, qu<* quasi veio voando, fezesta patriótica cidade estrondear de vi-vas e foguetes; de passeatas e Te-Deum,que era um gosto ensurdecer com a ba-rulhada!

Porem havia rasào para p barulho, mo-tivo de sobra para a ruidosa manifesta-ção dos maranhenses:

Mais um dia de gloria para o orgulhonacional; mais um boletim triumphal noschegava do grande exercito! 0 viscondede Porto-Alegre teve a sua ceifa de lou-ros; a valente espada do general brasi-leiroengrinaldou-se bizàrramente.e Iam-pejou sinistra aos olhos dos soldadosparaguayos.

Ainda bem: S. Exc. precisava de, umajornada como esta, que compensasse oslances infelizes em que se tem empe-nhado ultimamente. A desforra foi de

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mestre, e todos reconhecerão o antigohe-oe de Monti1 Castros.

0 regosijo por semelhante feito de ar-mas quasi que eneheo elle só a semanaque acabamos de atravessar; nâo haven-do club no qual se nào co.nme.ntasse eapplaudisse os combates do dia 2 e 3; ese voltassem coroas civicas aos valentesque se distiriguirâo. em Tahy, ObHla eTuvuti.

—A Snr.a D. Maria Velluti, que é tãodestincta actriz como intelligente cwltoradas boas lettras, fez beneficio no dia 28,legando a scena a interessante comediaLueta matrimonial.

A beneficiada satisfez completamentea espectativá publica, e apresentou-semiiiíó apropriadamente nas trez differen-tes epochas da comedia.

Joaquim Augusto, em um papel iutei-ramente fora do gênero em que trabalha,soube entretanto chamar para si a aí-tenção publica, e não disse uma phrase,sem grande sciencia e consciência dascena.

Um volto de louvor ao Sr Bahia, queesteve magistral, e ao Sr. Júlio oue re-presentou com muita arte.

Farta de lances cômicos e de diios es-pintuosos; a Luta Matrimonial sabe damonotonia habitual das comédias de pa-cotilha; abandona asfieelles communs, játão gastas no theatro. Se ella tem algunsdefeitos, esses,assim como as muitas belezas que. encerra, são originaes e forada.pragmática costumeira. '¦"¦".

Ouve-s--, com muito interesse a engra-cada anedocta dialogada; e applande-seo trabalho artístico dos principaes per-sonagens da espirituosa peça—A¦¦••anhãsobe a scena o Anjo do mal,drama brasileiro, producção do talentosomaranhense o Sr. Sabbas d» Gosta. '

Estou certo que os leitores do Sema-nario, não deixarão de ir ao espectaculo.Assim pois, até lá.

—Mais uma noticia e está a chronicaterminada. /¦

Acha-se prompta a impressão do Alma-nak administrativo, mercantil e indus-trial para o anno de 1868, de queè edic-tor e proprietário o Sr.. B. de Mattos.Livro indispensável pelas muitas noticiaslocáes que encerra, e pela relação minu-ciosa de todos os funecionarios públicos,negociantes e artistas da capital; a. boaacceitaçâo que tem gosado esse vade-mecum é a mais justificada possivel.

0.livro está muito bem impresso, e oedictor, emt janeiro, destribuirá aos assig-nantes e mais compradores do Almanakum supplemento com as alterações havi-das no pessoal da província, depois daimpressão da obra. «

• PlETRO DE CASTELLAMARE.

Typ. de B. de Mattos--=lmp. por Manoel F.Pires, rua da Paz .7. V

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