semana de arte moderna apresentação 2
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Manuel Bandeira Enfunando os papos, Saem da penumbra Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: - "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" -- "Foi!" -- "Não foi!". O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinqüenta anos
Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A formas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia Mas há artes poéticas . Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei" - "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!" Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - "A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo." Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe),
Falam pelas tripas: - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Verte a sombra imensa; Lá, fugindo ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo cururu Da beira do rio... 1918
Germinal 1 Nuvens voam pelo ar como bandos de garças, Artista boêmio, o sol, mescla na cordilheira pinceladas esparsas de ouro fosco. Num mastro, apruma-se a bandeira de São João, desfraldando o seu alvo losango. Juca Mulato cisma. A sonolência vence-o Vem, na tarde que expira e na voz de um curiango, o narcótico do ar parado, esse veneno que há no ventre da treva e na alma do silêncio. Um sorriso ilumina o seu rosto moreno. No piquete relincha um poldro; um galo álacre tatala a asa triunfal, ergue a crista de lacre, clarina a recolher entre varas de cerdos e mexem-se ruivos bois processionais e lerdos e, num magote escuro, a manada se abisma na treva. Anoiteceu. Juca Mulato cisma.
MANIFESTOS DE OSWALD DE ANDRADE
Manifesto Antropófago deglutir a cultura
Manifesto Pau – Brasil avesso ao pedantismo
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português
Oswald de Andrade
ANÁLISE LITERÁRIA
Verso livre, ausência de pontuação, o contrataste da
natureza européia (frio, chuva) com a natureza tropical
(marcada pelo sol). O português tenta vestir o índio de
valores repressivos, porém, este despe o português com
uma locução interjetiva:
QUE PENA !
Voltaire Schilling
MONUMENTO ÀS BANDEIRAS
Maquete da obra RECUSADA . A execução da obra foi
realizada somente anos depois.
Villa-Lobos foi um dos mais importantes e atuantes
participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. Ele
apresentou uma série de três espetáculos. Mostrou ao público
paulista as seguintes obras: no dia 13, a "Segunda Sonata", o
"Segundo Trio" e a "Valsa mística" (simples coletânea), o
"Rondante" (simples coletânea), "A Fiandeira" e "Danças
Africanas"; no dia 15, "O Ginete do Pierrozinho", "Festim Pagão",
"Solidão", "Cascavel" e "Terceiro Quarteto"; no dia 17, "Terceiro
Trio", "Historietas: a) Lune de Octobre, b)Voilà la Vie, c)Je Vis
San Retard, Car vite s'écoule la vie", "Segunda Sonata",
"Camponesa cantadeira" (suíte floral), "Num Berço Encantado"
(simples coletânaea),"Dança Infernal" e "Quatuor" (com coro
feminino).
Villa-Lobos não foi o único compositor moderno interpretado
na Semana de Arte Moderna.
MACUNAÍMA – 1928
Romance que reúne lendas e mitos indígenas para
compor a história do ‘herói sem nenhum caráter’ que nasceu
na floresta amazônica, era um sujeito malandro e preguiçoso
em busca dos prazeres da vida.
Ao longo da narrativa o índio negro vira branco, vira
inseto, vira peixe e até mesmo um pato, tudo isso
dependendo das circunstâncias.
Personagem surrealista.
CONTINUIDADE…
Porteriormente responsável por cargos ligados à
CULTURA , criou a Lei que organizou o Serviço de
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN).
Em 1936 Mario de Andrade a Manuel Bandeira
indicaram Rodrigo Melo Franco de Andrade (advogado)
para organizar e dirigir o SPHAN, futuro IPHAN. O
Ministro da Educação e da Saúde na data era Gustavo
Capanema.
CONTINUIDADE…
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Sociedade Pró Arte Moderna
- Nasceu de modo espontâneo, em 1932, seguindo a
trilha aberta pela Semana de Arte Moderna, tem a
finalidade de ampliar os espaços da arte.
- Alberto da Veiga Guignard teve obras de sua autoria
expostas na 1ª e na 2ª exposição da Sociedade.
Da esquerda para a direita: Cândido Portinari, Antônio Bento, Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco de Andrade, 1936.
A IMPORTÂNCIA ESTÉTICA
A semana significa um atestado de óbito da arte
dominante. O academicismo, o romantismo musical e o
parnasianismo literário esboroaram – se por inteiro.
Mario de Andrade diz mais tarde que faltou aos
modernistas de 22 um maior empenho social, uma
maior impregnação com a angústia do tempo. A
renovação estética estava acima de outras
preocupações. O principal inimigo eram as formas
artísticas do passado, e se instaura o império da
experimentação, algo de indispensável para a fundação
de uma arte VERDADEIRAMENTE NACIONAL.
80 ANOS DEPOIS (2002) -Programação tímida para comemoração dos 80 anos da Semana.
- Itaú Cultural celebra a Semana 22 com mostras na internet.
- MAM/SP faz exposições e debates.
- Obras de Anita Malfatti e Tarsila do Amaral vão ao MAC.
- Curtas (cinema) apresentam quem foram os modernistas no centro cultural de SP.
- CCBB/RJ (Centro CulturalBanco do Brasil) revive a programação da Semana de 22.
CONCLUINDO
A semana de arte moderna é o ápice do
individualismo do artista, ponto este que começa a ser
explorado desde o romantismo. Além deste ponto auge é
importante salientar que as estéticas modernas
começam a explorar o questionamento do que é a arte e
de como ela pode ser produzida, resultando nas mais
diversas estéticas que surgiram no século XX.