sem brilho
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porque algumas igrejas morremTRANSCRIPT
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Igrejas Sem Brilho Por: Emilio Conde
Editora: CPAD
Revisado e Digitalizado por: Dimas Silva
Digitalizado exclusivamente para:
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ndice
Prefcio................................................................. 03
Uma palavra ao leitor........................................... 04
1. Brilho da igreja primitiva................................. 05
2. O que Deus espera da Igreja............................. 07
3. Assim ser o seu brilho.................................... 09
4. Igrejas e colmias............................................. 11
5. Luzes sem brilho.............................................. 13
6. Prximo ou longe?........................................... 15
7. Sonolncia espiritual........................................ 17
8. Idolatria dos sermes....................................... 18
9. guas de outras cisternas................................ 20
10. Um culto diferente......................................... 22
11. Prisioneiros da teologia tradicionalista.......... 24
12. Relatrio dos anjos......................................... 26
13. Tochas profticas........................................... 28
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Prefcio
Na pequena ilha de Faros, no Egito, Ptolomeu Philadelfo mandou construir uma
imponente e majestosa torre de alvssimo mrmore, com 35 metros de altura. No cimo do
monumento foram instalados potentes faris a projetar luz abundante a grande distncia, para
orientar os navegantes que por ali passassem.
Esse monumento, dada a sua grandeza e riqueza, passou a ser conhecido por Farol de
Alexandria. De fato, para o tempo em que foi construdo, era uma obra que s o arrojo poderia
conceber e executar, e, por isso mesmo, foi considerada como uma das sete maravilhas do
mundo de ento.
Qualquer pessoa que vivesse naquela poca, ao contemplar a solidez da construo do
notvel monumento, concluiria que estava diante duma obra de eterna durao. Entretanto, um
terremoto, no ano de 1302, destruiu a maravilha que parecia desafiar a ao dos sculos. A
catstrofe teve como resultado a extino da luz do farol mais famoso da terra. Hoje ningum
mais o menciona, e apenas uns poucos lhe conhecem a histria.
O fato aludido serve para demonstrar quo frgeis so as obras do homem, mesmo as
consideradas indestrutveis e maravilhosas; elas no suportam um movimento maior da
natureza; ante a manifestao de um fenmeno, tudo se altera e deixa de brilhar. Assim
aconteceu com o Farol de Alexandria, assim acontece e acontecer a quantas obras o homem
construir, ou onde intervier indevidamente.
A igreja apostlica, no primeiro sculo de nossa era, foi um monumento de luz e
grandeza entre as naes. Aqueles que assistiram organizao e florescimento da igreja dos
primeiros dias, certamente julgaram definitivamente vitorioso o movimento que se erguia e
agigantava.
Em verdade, a Igreja de Cristo um organismo que jamais ser vencido. Entretanto,
ela tem sido prejudicada e impedida de brilhar entre as naes, por causa da interveno
humana, que lhe modifica a estrutura e o funcionamento, substituindo as peas mestras, que
Deus mesmo colocou, por outras que os homens imaginaram.
Como resultado, o que se observa nos dias presentes a falta de vida e a ausncia de
brilho nas igrejas. Todos so unnimes em reconhecer que a igreja atual no o grande e
poderoso organismo que projetou seu fulgor at os confins da terra.
Todos os que possuem alguma parcela de responsabilidade na obra de Deus esto
convictos de que a igreja de nossos dias no o luzeiro dos dias apostlicos, e que algo est
faltando para o seu perfeito funcionamento. A igreja possui o mesmo nome de crist, mas no
tem a mesma vida; entretanto, a vida mais necessria que o nome.
O que se v nas pginas deste livro o contraste notvel entre a igreja florescente dos
dias apostlicos e as igrejas sem brilho dos dias presentes. Desse confronto, pode surgir o
desejo de voltar a praticar os mtodos usados na igreja primitiva, e, conseqentemente, receber
a mesma vida e o mesmo fulgor.
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Uma palavra ao leitor
Atendendo a que o ttulo deste livro: "Igrejas sem Brilho", associa logo a idia
pluralidade de igrejas, damos aqui uma palavra de esclarecimento: A Igreja de Cristo,
composta de todos aqueles que foram salvos pela graa, una, indivisvel. A Igreja de Cristo
um organismo perfeito e est edificada sobre a Rocha dos Sculos - Cristo. A Igreja rene as
multides de salvos de todas as naes que formaro a esposa do Cordeiro. Ela, claro, a
Igreja de todos os sculos, cujo fulgor aumenta como a luz da aurora at alcanar o brilho
mais claro que o sol do meio-dia. Essa no a igreja sem luz e sem brilho de que falamos, nos
vrios captulos deste livro, pois Igreja jamais faltou o fulgor da graa. O termo igreja, que
empregamos aqui, corresponde ao que comumente conhecemos por igreja local, congregao,
comunidade, enfim, ao ajuntamento de pessoas que so membros da igreja, no lugar em que
vivem.
Considerando que os leitores esto esclarecidos quanto d significao do termo
"igreja", podemos ento fazer uso dessa palavra para indicar a igreja local, ou comunidade
(inicial minscula).
Se o assunto do livro tratasse da origem, funo, misso histrica e dos mltiplos
aspectos da Igreja, ento a definio seria mais ampla, pois a Igreja de Cristo entra por
horizontes insondveis para o conhecimento humano. Porm, tratando-se de um tema que
comum a todos os cristos, apresentado sem particularizar esta ou aquela igreja, este ou
aquele ramo do cristianismo, este ou aquele povo.
Os conceitos aqui emitidos aplicam-se com justeza d igreja, d comunidade e ao in-
divduo. Em alguns captulos desta obra, o leitor encontrar certos comentrios um tanto acres
teologia, e, por vezes, da sabedoria humana, ambas mal aplicadas na igreja.
Isso no quer dizer que sejamos inimigos sistemticos dessas cincias. Pelo contrrio,
favorecemos quanto estiver em ns a educao religiosa ou secular. A educao necessria
vida e ao progresso do homem, desde que haja equilbrio na aplicao.
O que temos em vista, ao comentar a matria, combater o abuso e a inverso que se
faz nesse sentido. Na igreja, a grande autoridade o Esprito Santo, porm quando os telogos
e os sbios nela se instalam, o Esprito nada mais tem a fazer, porque os "poderosos" e os
"infalveis" comearam a mandar, a impor, a ditar medidas e a dar ordens. O que sucede,
ento, o afastamento das foras espirituais e o florescimento de mais um sistema religioso,
frio como tantos outros.
A prova das nossas afirmaes o testemunho da histria. Jamais a teologia ou o
intelectualismo contriburam para qualquer despertamento ou avivamento espiritual, mas tm
contribudo para o arrefecimento de quase todos os movimentos. Temos observado que os
despertamentos surgem espontaneamente, quando as comunidades se entregam orao.
Desenvolvem-se maravilhosamente, sem a interveno de auxlio humano. Porm, aps alguns
anos, quando os "grandes" comeam a introduzir inovaes ou interpretaes a seu modo, os
despertamentos desaparecem: fica somente o formalismo.
contra a imposio e a ditadura da falsa cincia e da mal-aplicada teologia na igreja
que nos insurgimos. A sabedoria e a teologia podem existir e ser teis desde que no passem
dos limites traados pelo bom senso. Na igreja, a primazia e a direo suprema pertencem ao
Esprito do Senhor. Usurpar esses poder es ato ilegal e qualquer cincia que aja ilegalmente,
em vez de ajudar, torna-se prejudicial. Combater ilegalidade e inverso de ordens, no ser
derrotista, desejar cada coisa em seu lugar. isso o que desejamos.
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Brilho da igreja primitiva
Se confrontarmos os fatores que iluminavam e davam projeo igreja primitiva com a
mesma classificao de fatores de nossos dias, descobriremos a causa predominante do brilho
inconfundvel da igreja dos primeiros dias do cristianismo.
Na igreja primitiva, os cristos eram cuidadosamente instrudos acerca do caminho, em
contraste com o abandono em que vivem os neo-convertidos nas igrejas de nosso tempo.
Naqueles dias, os nefitos aprendiam como dar razo de sua f; um prncipe ou um
nobre no conhecia melhor a doutrina crist do que o homem do povo ou o martimo que se
convertera numa de suas viagens em um porto qualquer. O conhecimento de uns era o
conhecimento de todos.
Na igreja primitiva, a admisso como membro era mais difcil do que hoje: o candidato
devia ser realmente convertido e tinha de demonstrar seu desejo de pertencer igreja, atravs de
uma srie de fatos que faziam recuar os medrosos e todos os incapazes de fazerem brilhar a luz
de Cristo. A admisso era precedida de exames que exigiam renncia vida passada: requeriam
provas de que a nova vida era vivida no Esprito de Cristo. Enquanto o pretendente no
estivesse desligado dos laos que o prendiam ao mundo e seus aliados, quer dizer, ao Diabo e
carne, no estava apto para o Reino: sua luz no honraria a igreja, no podia ser membro do
corpo de Cristo.
Na igreja primitiva o batismo nas guas s era concedido queles que o mundo
considerava "mortos" para si, por terem sido achados por Cristo, e iluminados pela graa;
enquanto o candidato ao batismo estivesse "vivo" para os homens, no conseguiria descer s
guas. O batismo era o testemunho pblico de renncia e morte ao pecado e significava o desejo
de viver em novidade de vida.
Qualquer que fosse batizado, conhecia o significado desse ato, pois antes de o realizar,
passara pela experincia do novo nascimento; estava pronto a abdicar todas as vantagens, por
amor a Cristo; estava disposto a brilhar por amor ao Evangelho.
Na igreja primitiva a admisso de obreiros no era obra de homens nem da vontade
humana. O escolhido era apontado por Deus. Se algum se apresentasse igreja, a fim de ser
eleito para algum cargo, certamente seria reprovado, seno houvesse provas de ter sido chamado
pelo Esprito Santo (At 13.1).
Quando olhamos para o passado e deparamos com esse claro inextinguvel que foi o
testemunho da Igreja de Cristo, sentimos desejo de clamar, clamar, clamar at conseguir
despertar as igrejas de nossos dias e dizer-lhes que voltem a viver nos passos de Jesus, que
voltem a buscar o brilho e o testemunho inconfundvel de povo adquirido.
Entre outros motivos que congregavam os cristos da igreja primitiva, um havia que
exercia grande influncia na vida da comunidade: eles reuniam-se com o fim de partirem o po,
na celebrao da Ceia do Senhor. Era esse um ato de alta reverncia e um motivo de amor
fraternal que envolvia a esperana da volta de Cristo. Na celebrao da Ceia, no faltava a
exortao mtua, em que era mencionada a vinda de Jesus. A promessa dos anjos, quando Jesus
subiu ao Cu, de que Ele voltaria para os seus, era tato recente: era um elo de esperana que
unia todos os coraes.
Uma igreja cujo alvo tenha uma definio e um motivo to elevado como o propsito
de honrar a Deus, uma igreja cujo brilho os inimigos no conseguem apagar, porque o
testemunho da f no se extingue com calnias ou perseguies.
A igreja existiu e viveu nos dias distantes do primeiro sculo, porque a vida social de
ento reclamava esse organismo vivo, para manifestar sua gratido a Deus e ao mesmo tempo
receber o Po do Cu; seus membros, como elementos vivos, requeriam ambiente fraterno no
qual pudessem cultivar a comunho uns com os outros e participar da mesma revelao divina.
A igreja era o lugar desejado pela alma sequiosa; ali podiam sentir com toda a in-
tensidade a proclamao da revelao divina, e dos assuntos concernentes salvao; ali a alma
recebia o conforto e a inspirao das verdades eternas reveladas na Palavra de Deus.
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Quem dava relevo e brilho igreja no era a inteligncia ou a cultura dos homens que
Deus usava para anunciarem suas verdades; a capacidade intelectual desses homens era quase
nula; suas palavras no tinham o verbo fascinante dos oradores gregos. O fulgor da igreja
brotava das verdades recebidas de Deus e fielmente anunciadas aos homens, como sendo obra
do Cu, e no trabalho humano. A nica luz que brilhava na igreja era a luz do Esprito Santo,
porque o combustvel que ardia era to-somente a revelao da graa a orientar todas as
vontades.
Em nossos dias h maior nmero de igrejas do que nos dias dos apstolos; h igrejas
maiores, templos mais vistosos e mais amplos. Entretanto, a grande questo saber se h, hoje,
igrejas com o mesmo reflexo da verdade e da revelao de Deus, como havia ento.
J demonstramos qual era o brilho da igreja primitiva; a luz que lhe deu tanto fulgor a
mesma luz prometida Igreja e aos cristos de todas as idades. Se as igrejas e as comunidades
crists de nossos dias vibrarem dos mesmos desejos e sentimentos que operavam na igreja e nos
coraes dos santos de ento, lgico que o mesmo claro de f despertar os homens do sculo
vinte a aceitarem a salvao.
Se as igrejas, hoje, orarem com o mesmo fervor do Pentecoste, a mesma revelao que
atraiu as multides a ouvirem a mensagem do Evangelho, atrair tambm os famintos espirituais
que vagueiam sem rumo. .
Se a igreja e os cristos do tempo presente aceitam o mesmo nome que distinguiu a
igreja e os cristos primitivos, claro que esto na obrigao de crer nas mesmas verdades,
observar os mesmos princpios e deixar que a mesma luz as ilumine e lhes d vida.
O brilho da igreja primitiva pode e deve ser a luz das igrejas atuais.
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O que Deus espera da Igreja
A Igreja de Cristo, atravs de seus membros, que compem o corpo do Senhor, tm
diante de si a responsabilidade de um papel relevante a desempenhar na sociedade e na histria
do mundo. No h organismo na terra do qual Deus espere tanto, como da Igreja, porque
tambm no existe entidade no mundo que tanto haja recebido de Deus.
O Senhor entregou, por emprstimo, Igreja o capital mais elevado que se pode
calcular. Esse capital representa os talentos: a f, o testemunho e a graa. Do ponto de vista
humano, esses valores esto alm de qualquer clculo, to elevado o seu preo. Esse capital
est debitado conta da igreja local e de seus membros, na base do grau de conhecimento e
revelao da verdade que cada um recebeu.
A contabilidade infalvel do Cu credita em conta corrente todos os movimentos feitos
com o capital que Deus emprestou, anotando todos os dbitos e todos os crditos, inclusive os
juros. No dia do acerto de contas, aparecero todas as transaes. Que espera Deus de cada
igreja? Espera que empregue de tal forma o capital que lhe foi entregue que, ao se fazer o acerto
de contas, esse capital seja devolvido com juros elevados.
Os favores que Deus concedeu igreja so de tal ordem, as promessas so to reais e a
proteo to eficiente, que nem mesmo as portas do Inferno prevalecero contra ela.
No foi para rastejar na negligncia que Cristo comissionou a igreja e os cristos; uns e
outros devem destacar-se como as montanhas cujos picos se erguem majestosos no conjunto da
sinfonia da natureza, alheios pequenez dos acidentes que tentam enfeiar e obscurecer o
trabalho do Criador.
Na ordem moral e espiritual, Deus espera que a igreja seja um luzeiro de primeira
grandeza no contexto da vida. A igreja deve absorver de tal modo a graa revelada, que, ao
receber os raios do Sol da Justia, nela resplandea toda a beleza de um poente matizado de
ouro, beijado pelo sol, no ocaso.
Deus espera que da igreja se desprendam as fragrncias vivas do amor e da santidade,
tal como das flores se esparze o odor nas asas da brisa.
A igreja deve ser um caudal de vibrao e entusiasmo espiritual manifesto nas suas
atividades evangelizadoras. Na igreja no deve faltar o fator altamente poderoso que impulsiona
para o xito todos os empreendimentos; no deve faltar esse fator poderoso que forma o quadro
annimo dos homens e mulheres de orao. Deus espera encontrar no crepsculo sagrado do
silncio, onde tudo convida a subir para o Cu, os heris que se consagraram orao por todos
os trabalhos da igreja, e cuja identidade e atividade permanecem em secreto, pois a misso de
orar pelos obreiros, pelas almas e pela vitria da igreja to sublime, que no deve ser
interrompida pelos movimentos comuns. Os intercessores so o exrcito que mantm acesa a
chama da f; alimentam, com as oraes, o fogo do altar que no deve extinguir-se de dia nem
de noite. Se faltar igreja esse exrcito de intercessores, os inimigos prevalecero e imporo
derrotas.
Assim aconteceu com o povo de Israel: Enquanto os braos de Moiss eram sustentados
no ar por Abrao e Hur, o povo avanava e derrotava os inimigos. Essa lio muito sugestiva
para a igreja, pois se os homens e mulheres exercerem o ministrio da orao em secreto, Deus
far proezas e a igreja florescer como a palmeira, e brilhar como o sol.
Essas e outras coisas Deus espera da igreja, mas que se faam num esprito voluntrio,
sem suspirar, sem tocar a trombeta para que todos o saibam, e sem esperar que o Senhor permita
uma perseguio, para que todos se dediquem orao.
Deus espera que a igreja cumpra suas finalidades dentro do esprito voluntrio de amor:
no deve ser como a pedra, que para dar uma lasca, para ser til, tem de ser martelada, pois s
assim se obtm dela algo de til.
A igreja est no mundo para brilhar, para mostrar as virtudes de Cristo. Deus no espera
que a igreja faa menos que brilhar por Cristo. A igreja deve ser como um favo de mel que, ao
ser suspenso ou colocado num prato, voluntariamente, sem esforo algum, deixa correr o
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precioso nctar para alegrar o corao e dar prazer ao paladar.
- Entretanto, estaro as igrejas ou os cristos de nossos dias na medida de graa o nvel
de f que Deus espera que haja cada um? Se h responsabilidade, h tambm uma resposta. -
Que responderemos?
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Assim ser o seu brilho
A vida, a influncia, o testemunho e o brilho da igreja sero poderosos ou frgeis, de
acordo com as doutrinas que ela ensina e vive, tanto nas suas relaes externas como na vida
ntima com seus membros.
A igreja que no estiver apoiada numa fora superior fora de organizaes, planos,
programas, sabedoria e dinheiro, ser uma igreja frgil aos olhos de Deus; esses poderes que
enumeramos, apenas do brilho superficial e, quando entram a funcionar, mencionam seus
prprios problemas, em lugar de colocarem em primeiro plano a salvao dos pecadores. Igrejas
h muitas; porm as igrejas que falam mais de Cristo do que de si prprias, no so muito
numerosas.
Quando acontece a igreja ou os seus membros enveredarem pelo caminho da "apologia
prpria", mau sinal: esse estado significa perigo imediato e determina a extino da pouca luz
que ainda resta.
O problema primordial, o ponto vital que resolve todas as dificuldades e determina o
florescimento da igreja, a salvao dos pecadores; se a igreja tiver a mensagem poderosa do
Evangelho, que atraia os homens para serem salvos e transformados, todos os seus demais
problemas sero automaticamente solucionados.
Tanto no livro de Atos dos Apstolos como nos demais livros do Novo Testamento, a
doutrina apostlica que d toda a autoridade ao Esprito Santo, e condena a intromisso do
elemento humano onde s a graa de Deus deve operar, persistentemente pregada com grande
clareza. Ali h cristianismo: no h religio. Cristianismo sem poder, sem inspirao, sem
dependncia de Deus, sem milagres e sem rendio completa, no cristianismo:
simplesmente religio, e religio no luz para uma igreja de Deus!
A igreja que possui a Bblia e no descobre os recursos espirituais que Deus pe sua
disposio: os mesmos recursos e os mesmos dons sobrenaturais que iluminaram a vida dos
santos primitivos, no cumprir sua misso de ser luz entre os gentios.
Se as igrejas e os cristos de nossos dias adotarem doutrinas e experincias estranhas
aos princpios do Novo Testamento, claro que no podem receber o brilho da revelao que
engrandeceu a igreja crist na idade apostlica.
A lei natural esta: Se fizermos tudo segundo o modelo, a glria de Deus encher o
templo e a luz de Cristo ser o brilho da igreja. Esta ser a sua prpria luz.
O que est em evidncia hoje em dia nas igrejas a doena de mandar e governar: todos
querem possuir autoridade, quando a necessidade maior possuir o poder de Deus. Quanto
maior for o domnio humano na igreja, tanto menor ser a autoridade de Deus, isto , tanto
menor ser o poder do Esprito Santo, e, conseqentemente, mais fraca ser a luz que a igreja ir-
radia. Quanto mais forte se mostrar a organizao eclesistica, mais dbil ser o poder do Alto a
manifestar-se na igreja, porque a autoridade humana expulsa a autoridade ao poder de Deus e
extingue a luz espiritual.
Parece-nos que os homens de nossos dias no fixaram bem os ensinos de Cristo ao
enviar os discpulos a anunciar as Boas-Novas. Se o houvessem feito, notariam que o Mestre
no lhes deu autoridade, mas revestiu-os de poder. O poder do Esprito Santo era a luz que
inspirava as pregaes dos humildes pescadores, os quais anunciavam Cristo e suas virtudes,
sem a preocupao de quererem acorrentar o rebanho do Senhor a leis e mandamentos humanos.
A igreja que se preocupar mais com o poder de Deus do que com a tentao da
"autoridade", conseguir ser respeitada, e Deus mesmo a honrar com a verdadeira autoridade
da ordem espiritual.
Onde no houver poder de Deus, no podem desabrochar as virtudes, nem a graa
andar livremente entre os castiais. A autoridade que a igreja necessita para resplandecer, no
a autoridade decorrente de resolues humanas, mas a que se recebe ao aceitar o jugo de Jesus.
A nica autoridade que serve para edificao a autoridade que Deus d aos homens
consagrados e espirituais, mas uma autoridade que no forma "autoritrios", uma autoridade
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que d humildade, que se impe pelo amor, sem decretos e sem leis escritas.
O poder de Deus em ao na igreja a garantia de vida espiritual: uma fonte perene de
salvao, a certeza de conservar a luz do Evangelho resplandecendo.
A igreja como corpo de Cristo e os crentes como membros no foram postos no mundo
para reinar; a ordem que receberam foi servir, amar e brilhar para o seu Senhor. Se a igreja e os
cristos empunharem o cetro em lugar da lmpada, a sua vida no ter luz, nem autoridade, nem
poder. E se na vida individual e coletiva do povo de Deus faltarem esses elementos essenciais,
ficar apenas o elemento humano, frio e inoperante, apesar de muito bem organizado.
Da atitude que a igreja e seus membros tomarem, exibindo "autoridade" ou mostrando
amor; sufocando a graa ou transbordando em louvor; dessa atitude nascer o brilho, ou
despontar o fracasso. Assim como a igreja viver, assim ser o seu brilho.
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Igrejas e colmias
H nas obras de Deus, principalmente no reino animal, alguns fatos nos quais os
homens tm lies altamente objetivas, se quiserem observ-los e estud-los. As formigas so
mencionadas pelo autor do livro de Provrbios como smbolo de constncia e labor. A vida em
comum das abelhas tem causado admirao aos estudiosos da entomologia pelo funcionamento
perfeito do trabalho nas colmias, onde vivem os pequenos insetos.
Numa colmia, entre os muitos aspectos dignos de observao, h os aspectos atividade
e perfeio, porque existe somente uma vontade coletiva: orientar o trabalho comum. A meno
do nome "colmia" j por si indica e sugere atividade; a vida numa colmia no tolera seres
inativos e improdutivos a sugarem as reservas de alimentao e a mudarem a orientao e o
ritmo da vida comum. Quando acontece aparecer na colmia algum elemento preguioso
conhecido por "zango", o exrcito apcola mobiliza-se contra o intruso que morto e posto fora
da colmia.
Nas colmias h vida, vibrao, atividade, edificao, multiplicao; quer interna quer
externamente, o que se observa o trabalho constante e paciente das abelhas: umas voando,
rpidas, procura de flores; outras chegando menos apressadas, j carregadas de plen, outras
ainda movimentam-se, sem parar, armazenando e pondo em ordem os depsitos dos favos, ou
cuidando das que esto para nascer. Tudo funciona com tanta perfeio, que custa crer na
habilidade demonstrada no cumprimento da tarefa que cada abelha realiza. Sim, as abelhas
parecem mais conservadoras dos princpios da vida, da espcie do que os homens; as abelhas
conservam perfeita a vida da colmia, enquanto os homens sucumbem na dissoluo dos costu-
mes.
A vida das colmias sugere-nos a viso da vida ativa e prspera da igreja primitiva. Um
olhar pela histria da igreja suficiente para revelar na comunidade apostlica uma colmia de
zelo, vida e fervor espirituais; a atividade de seus membros bem a misso das abelhas, no s a
trazer igreja o plen dos coraes, mas a levar s almas cansadas e tristes, o mel do Evangelho
que o Esprito Santo distribui sem medida.
A propagao do cristianismo por todas as cidades e naes conhecidas, uma prova de
que a igreja apostlica foi uma verdadeira colmia de onde saam os exrcitos do Senhor a
depositar nos coraes a fecundidade da luz da salvao. certo que a igreja tambm teve de
enfrentar e expulsar "zanges", como Alexandre o latoeiro e outros, porm essa circunstncia
no impedia que o enxame de testemunhas se locomovesse com o facho do fogo divino a
iluminar os coraes.
O exemplo das abelhas altamente instrutivo, e dele os cristos deviam tirar lies
prticas a serem aplicadas vida espiritual. As abelhas no servem somente de modelo de
atividade. H tambm a ordem racional da qualidade. Das mimosas e perfumadas flores, as
abelhas libam o alimento integral e nico para atender subsistncia da famlia apcola. das
flores que retiram a substncia padro da doura e nutrio.
Se algum tentasse induzir as abelhas a se alimentarem de algo que no fosse o mel,
receberia uma lio exemplar com a recusa terminante dos pequenos insetos.
Entretanto, a igreja e os cristos, nas suas relaes e problemas espirituais, agem de
modo diferente. Deus cuida dos cristos e da sua igreja, como cuida das abelhas; para as
abelhas, o Senhor prove as flores; para o seu povo, Ele tem a sua Palavra, na qual h man, leite
e mel.
As abelhas no se rebelam contra a natureza: gerao aps gerao, sculo aps sculo,
conservam fidelidade aos princpios criadores, amando e beijando as flores, nas quais tm uma
fonte permanente de bnos.
A igreja e os cristos, porm, no possuem o tino espiritual capaz de selecionar o
alimento que convm alma: aceitam qualquer panacia como se fosse manjar celeste:
intoxicam-se com todas as drogas pecaminosas que Satans expe no jardim da vaidade. O
resultado desse desvio a igreja e seus membros viverem em contnuo estado de carncia, por
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falta do nico alimento que lhe pode dar sade e vida. Essa carncia leva a enfermidades
espirituais permanentes.
O que as flores so para as abelhas, Cristo deve ser para a igreja e para os cristos. Na
igreja, como na colmia, o trabalho de visitar as flores (falar com Deus em orao) deve ser
incessante. As abelhas, como notrio, desincumbem-se com brilho da sua misso. - Quanto
igreja em geral, porm, e aos cristos em particular, quem poder e como poder responder?
Outro aspecto da vida da famlia apcola a generosidade sem desperdcio: numa
colmia jamais falta o favo dourado do precioso nctar. As abelhas alimentam-se, mas
conservam sempre um bom depsito para as horas de necessidade: jamais algum ficou
desapontado ao visitar uma colmia, por no encontrar um favo cheio de mel. Ali h sempre
alimento para todas as horas.
Uma igreja, uma comunidade, um corao crente, devia possuir melhor organizao e
mais perfeita e racional distribuio da Palavra de Deus, do que feito no servio de uma
colmia.
- Acaso as igrejas, as comunidades, os coraes crentes possuem um depsito da
Palavra que possa alimentar os famintos e os sedentos que batem porta procurando a salvao?
A igreja tem a mensagem completa da graa para oferecer queles que a procuram? A
comunidade est apta a ofertar o conforto espiritual da sua experincia alma que procura o mel
nas suas aes?
- Os crentes refletem a abundncia da alegria do Esprito e de tal maneira a no
decepcionarem aqueles que esperam encontrar frutos em suas vidas?
Se a resposta for negativa, sinal de que a luz do Evangelho que a igreja tem no
alumia, no d brilho, no d doura, no d mel!
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Luzes sem brilho
A grande perplexidade dos homens de responsabilidade na igreja decorre do fato
estranho e aparentemente inexplicvel da falta de brilho na vida, na luz, na misso, no
testemunho, em tudo, enfim, em que a luz devia alumiar e refletir o poder da salvao.
A igreja sente necessidade de aviva-mento, clama por despertamento, mas a luz no tem
poder para atrair as multides, como nos dias dos apstolos; no tem o fulgor capaz de penetrar
nos coraes e convert-los.
H muitas necessidades e muitos problemas que a igreja e o cristo possuem e no
podem resolver: falta algo para transformar as circunstncias: h luz, mas a luz no brilha.
- Que fora havia na igreja primitiva para dar brilho luz? A luz daqueles dias seria
diferente da luz do tempo presente?
- No, a luz da Idade Apostlica era a mesma luz prometida igreja da atualidade. A
atitude dos homens para com Deus que determina o reflexo da graa, o brilho da salvao. As
aes e a nobreza dessa atitude constituem um claro permanente a arder e iluminar.
Para haver um grande claro, deve haver um facho correspondente a projetar claridade
nos coraes. Uma grande luz consome energia e, s vezes, requer o sacrifcio de alguma vida.
O sacrifcio duma vida s se alcana na abundncia da graa, e a graa abundante, que gera o
amor, est em Deus.
em vo pensar que as nossas realizaes, o nosso dinheiro, os nossos ensinamentos,
os nossos livros, e toda a nossa atividade se transformam em claridade ou que podem substituir
a luz. A graa, que faz brilhar prpria luz, est na aceitao incondicional da obra de Cristo,
tal como o fez Zaqueu, ao receber Jesus Cristo em sua casa e em seus negcios e,
particularmente, no seu corao, sem se importar com o que aconteceria sua riqueza. Zaqueu
foi iluminado pela luz da salvao que transformou para sempre a sua conduta.
A luz que entrou na casa e no corao de Zaqueu, e que brilhou de cima para baixo, tem
sua origem no trono do Senhor. Pretender iluminar as coisas elevadas com a luz do saber
humano fracassar no empreendimento, porque essa luz no tem brilho. Quanto mais o homem
descer, mais facilmente ser iluminado. muito significativo o fato de Zaqueu ter de "descer"
da rvore para ser iluminado pelo resplendor do poder do Evangelho.
Se a igreja ou alguns de seus membros se considerarem to elevados, que no possam
"descer" para receber a luz do Esprito Santo, pouca probabilidade tero de ver a luz da vida. Se
algum subiu at onde no devia subir, lembre-se de que, sobre a figueira, qual Zaqueu, no o
melhor lugar de permanecer aps um encontro com Cristo.
A luz que iluminou Zaqueu a luz que a igreja necessita para ser atrada para mais
perto de Cristo. Essa luz provou ser poderosa e fulgurante; poderosa, porque Zaqueu tomou a
resoluo de pr sua vida em ordem, restituindo com juros elevados tudo quanto defraudara;
fulgurante, porque Zaqueu viu nas riquezas espirituais um valor mais elevado do que o ouro
acumulado. Jesus Cristo no deu qualquer ordem a Zaqueu no sentido de reparar os males
cometidos; no o acusou de desonesto; no inquiriu como alcanou as riquezas que possua.
Entretanto, em tudo isso estava o fulgor da graa de Deus a impulsionar Zaqueu para viver na
justia de Deus, e a inspir-lo a restituir o que conseguira acumular ilicitamente.
Uma luz que tinha brilho revelou a Zaqueu um caminho mais excelente, levou-o
profunda convico de uma experincia que tambm uma revelao. dessa luz que a igreja e
o cristo necessitam para entrarem no campo das experincias e das vitrias divinas.
A igreja que espera alcanar de Deus a luz que tem brilho, ter sempre presente a
revelao da chamada para o trabalho de mostrar Cristo aos homens.
Foi na plenitude do claro dessa luz que viveram os santos, e os profetas e a igreja de h
vinte sculos. A igreja que fizer sua a luz da revelao que fez de Zaqueu um homem de Deus,
essa igreja pode alu-miar e encaminhar as almas para Cristo, a fim de serem transformadas.
O fator de progresso espiritual numa igreja no a prosperidade material; no a
lembrana do passado; no o orgulho de ser uma grande denominao; no possuir muitos
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valores intelectuais. Todas essas luzes so luzes sem brilho, luzes que no alumiam, fumegam
mas no iluminam.
- Qual a luz que permanece na igreja dos dias presentes? Ser a luz da Estrela da
Alva? ou a luz sem brilho?
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Prximo ou longe?
- Estaro as igrejas, as comunidades e os cristos de nossos dias, vivendo, pregando e
mostrando as doutrinas que outrora eram os nicos esteios e o nico ensino da igreja primitiva?
Vivem as igrejas e seus membros perto ou longe das verdades crists que fizeram prosperar e
luzir a igreja dos primeiros dias da Dispensao da Graa? A igreja atual tem mais poder que
religio? ou possui mais religio que poder? As igrejas crists so testemunhas de Cristo, tal
como o foi a igreja do passado? ou so apenas apologistas de um sistema religioso?
Antes de mais nada, para responder s questes aqui levantadas, ser bom aferir o
acervo espiritual das igrejas atuais com a bagagem espiritual da igreja apostlica. S ento ser
possvel reconhecer a diferena existente entre o passado e o presente.
Infelizmente, o cristianismo de nossos dias no preservou os recursos e as reservas dos
fatores espirituais que permitiram igreja primitiva passar vitoriosa pelo mundo. Hoje se vive
muito longe do padro apostlico: h muita religiosidade, mas pouco poder do Cu; muitos
planos humanos, mas pouco da revelao da vontade de Deus; muita propaganda humana, mas
pouca graa em ao.
A viso estrbica de alguns homens, arrastou a igreja para longe da viso esplendorosa
de continuar a ser uma testemunha de Cristo aqui na terra. Em alguns casos essa viso fica to
prejudicada e to obscura que homens e organizaes confundem sua misso de testemunhas
com a de salvar. Desse engano resulta um afastamento total. A igreja e os crentes tm sua
misso especfica de testemunhas que refletem o brilho de quem os enviou a testificar. A misso
de salvar exclusivamente de Jesus Cristo. S Ele possui esse poder e somente Ele foi enviado
com essa misso; esse privilgio intransfervel. Nem mesmo no Cu, os anjos sero capazes de
substituir Jesus! Como ento os homens tentam faz-lo?
A igreja primitiva era zelosa de sua misso de testemunha de Cristo: jamais se arrogou
o direito de salvar o mundo, nem de ser tutora das naes. Quando as igrejas ou os indivduos
entram pelo caminho acidentado da suficincia prpria, transformam-se em cegos guiando
outros cegos: no conseguiro mais que apagar at o prprio morro que fumega.
' A igreja que no deseja afastar-se da revelao e do modelo do Novo Testamento, deve
ter sempre presente que o poder de salvar no foi transferido a nenhum homem nem a qualquer
igreja ou religio: Cristo quem salva.
A fraqueza e a falta de iluminao do Esprito decorrem deste fato tristssimo notado em
toda a parte: A substituio da doutrina da salvao por doutrinas em que sobressaem a
filosofia, e a teologia. Os apstolos clamaram e condenaram essa ameaa, mas os homens
insistiram sempre em introduzi-la na igreja. 0 resultado que, com isso, a igreja se afasta de
Cristo.
A igreja que no tem em seu programa a doutrina de salvao pelo sangue de Cristo,
no merece o nome que tem. "O Cordeiro de "Deus que tira o pecado do mundo" era o tema dos
primeiros cristos. Salvao e redeno o tema permanente e imutvel do cristianismo;
qualquer alterao introduzida no plano de Deus afasta a igreja do seu fundador, e invalida o
sacrifcio de Cristo.
Se a igreja de nossos dias quiser honrar a Deus com sua conduta, e ser um farol a
projetar luz e bnos no mundo em que vivemos, deve usar a linguagem clara da sinceridade e
anunciar da parte de Deus todo o conselho do Senhor e todas as virtudes do Evangelho, tal como
Pedro e Joo o fizeram ante as autoridades em Jerusalm.
Se os apstolos houvessem trado sua misso de testificar de Cristo, falando de algum
tema que agradasse aos judeus, teriam, dessa forma, conquistado as simpatias gerais dos homens
de seu tempo, receberiam honra e considerao, mas a igreja teria perdido a grande batalha e as
palavras dos humildes paladinos no se transformariam em luzes permanentes de todos os
sculos, a refulgir na grandeza da sua expresso e a brilhar pela sinceridade com que
defenderam a causa de Cristo.
Vale a pena insistir na pergunta inicial deste captulo: - Estaro as igrejas, as
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comunidades e os cristos de nossos dias, vivendo, pregando e ensinando os ensinos da igreja
primitiva?
O que se nota na vida das igrejas da atualidade uma atividade diferente e, em muitos
casos, em contraste com os princpios fundamentais do cristianismo.
Se certo que algumas igrejas no tempo presente alcanaram fama e ganharam
prestgio por suas atividades educativas e por movimentos de carter social, tambm certo que,
espiritualmente, no subiram um centmetro: trocaram o fulgor da f pelo sucesso de planos
sociais: a espiritualidade diluiu-se entre a glria passageira da fama: afastaram-se ainda mais
dos princpios vitais do cristianismo.
- Qual a misso da Igreja luz da Palavra de Deus? Ser a de formar intelectuais e dar
ao mundo homens com preparo e ttulos universitrios? - No, essa no a misso da Igreja.
Jesus mesmo definiu a verdadeira misso da Igreja, dizendo: "Ide, portanto, fazei discpulos de
todas as naes... ensinando-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado..." (Mt 28.
18,19 - Verso Atualizada). A est o programa da Igreja. E os discpulos o cumpriram. lgico
que algum deve cuidar da instruo, mas isso no a misso fundamental da igreja: um
elemento acessrio.
No se julgue que somos contrrios a qualquer forma de educao. No. Insistimos
apenas em conservar a vida espiritual dependente dum poder mais elevado que a instruo
humana no pode dar. Julgamos que na igreja vale mais um homem convertido e salvo,
dedicado a testificar de Cristo, embora indouto, do que cem intelectuais agnsticos que julgam a
perfeio distante e inatingvel.
Substituir o programa e a misso da igreja crist afast-la de seus princpios, e esse
fato no concorrer para lhe dar brilho no concerto das coisas espirituais.
Nenhum mal haveria em que a igreja fosse um centro de cultura e beneficncia, se no
tivesse presente o perigo de relegar a um plano secundrio a sua misso essencial. Se algum
puder harmonizar esses dois programas, ter alcanado estado ideal. Entretanto, o que a
experincia tem mostrado que a vida espiritual da igreja decresce cada vez que a envolvem em
planos alheios sua funo.
Ningum tem o direito de inverter a ordem de Jesus acerca da misso da igreja: aqueles
que o fazem afastam-na da sua grande misso de evangelizar e brilhar por Cristo.
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Sonolncia Espiritual
Antes de censurarmos a insistncia dos apelos em favor do retorno f e prtica crist
dos dias apostlicos, seria muito til que lssemos a Epstola de Paulo aos Glatas, e, como
complemento, para maior clareza, olhssemos tambm cuidadosamente os captulos segundo e
terceiro do livro do Apocalipse. Ali esto descritas as causas determinantes das advertncias que
Deus fez s igrejas que comearam a coxear.
A razo da chamada f era o desejo da parte do Senhor, de que essas igrejas voltassem
a viver, a florescer e a crescer na ordem espiritual, e no somente na abundncia e grandeza
materiais. Para tanto, era necessrio voltar ao lugar da queda, e ali iniciar nova jornada. - Acaso
persistem, hoje, as mesmas circunstncias e os mesmos perigos para a igreja, como nos fins do
primeiro sculo? - Existem, sim, e agravados de outros males no mencionados nas advertncias
aos cristos daquele tempo, mas expressos nos fatos e na conduta da igreja ou das igrejas na
atualidade.
H foras ocultas interessadas em negar a realidade dos acontecimentos; h o
comodismo criminoso a justificar os desvios e a aceitar todas as facilidades inquas do caminho
largo. Contrariar essas foras expor-se a sofrer perseguies e desprezo; porm, o estado de
alarme deve ser proclamado, antes que seja demasiado tarde.
A verdade inegvel que nem tudo corre placidamente na vida das igrejas. Se certo
que nem todas as igrejas apostataram da f. tambm certo que muitas servem a dois senhores,
e outras j esto acorrentadas pelo formalismo e pelo mundanismo.
Em alguns pases h igrejas cuja luz so trevas: aceitaram e adotaram todos os hbitos
do mundo, inclusive jogos, diverses e linguagem mundana. A nica diferena que tais coisas
so praticadas por seus membros, sombra da prpria igreja, no seu patrimnio, o que agrava
ainda mais o pecado diante de Deus: so a vergonha da Cruz.
No Brasil, j vo despontando tambm essas idias malficas de agregar s igrejas esse
apndice apodrecido que infecciona a vida dos membros do corpo de Cristo.
Se as igrejas no despertarem e no se conservarem orando e vigiando, fatalmente sero
arrastadas para o bratro.
As advertncias do livro do Apocalipse tinham por finalidade despertar as igrejas que
entraram em estado de sonolncia espiritual. As advertncias que aqui ficam tm idntica
misso. Ainda h tempo de consertar as relaes com Deus. As igrejas que conservam elevado o
seu padro espiritual, que cuidem em no descer! Que prossigam para o alvo soberano! As que
j esto beira da falncia, que voltem fonte de Luz, e sua vida renovar-se-: seu testemunho
passar a ser luz no Senhor!
Seria um crime contra a santidade de Deus, agora que o modernismo e o mundanismo
ameaam a vida, as atividades e o brilho da igreja (Seria um crime, repetimos!) no denunciar a
aproximao da nuvem de males que tenta ofuscar a misso da igreja.
Da atitude que os homens tomarem em relao orientao da igreja, depender
tambm o xito de seu brilho e sua misso na terra.
- Por que insistimos no apelo luta pelos princpios verdadeiros do cristianismo?
- Pela mesma razo com que, no passado, o Esprito Santo, por intermdio dos homens
de Deus, insistia para que a Igreja conservasse limpas as suas vestes, resplandecente o seu
testemunho e honrada a sua misso na terra..
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Idolatria dos Sermes
No alimentamos qualquer iluso quanto reao que alguns esboaro contra o
assunto de que trata este captulo; sabemos convictamente que nem todos aplaudiro as
verdades aqui enunciadas. Ningum deseja ser considerado idolatra, principalmente tratando-se
de pregadores, porm os fatos pesam mais que o desejo e os fatos a esto a testificar que h
muitos pregadores que, sem se aperceberem, tornaram-se idolatras de sermes.
Desejamos fique bem claro que o sermo ou pregao pode ser uma fonte de bnos
para o pregador, para os ouvintes no-salvos e para os remidos que j pertencem igreja. Ao
mesmo tempo, frisamos, pode transformar-se numa forma de idolatria. Tudo depende da atitude
que o pregador tomar ao entregar a mensagem ao povo.
A pregao pode ser uma luz a iluminar o caminho para o Calvrio, como pode ser uma
nuvem de obscuridade a evitar que as almas vejam Cristo e o sigam. Se o pregador estimar mais
a mensagem que prega do que a Pessoa de Cristo, tal pregador idolatra. Se a pregao for feita
com o propsito de mostrar a capacidade do orador, ningum negar que no corao h idolatria
ligada ao sermo.
Inegavelmente, o que h em abundncia na igreja dos nossos dias so pregadores
idolatras de seu prprio trabalho, que feito sem a preocupao de elevar Cristo, mas com o
cuidado preconcebido de mostrar sapincia humana.
O sermo ser um ornamento a fazer brilhar a luz do Evangelho, se anunciado no
propsito que tornou grande a misso de Joo Batista, ao declarar que convinha que Cristo
crescesse, e que ele, Joo, diminusse. O sermo concorrer para o brilho da igreja, se Cristo for
o centro e a periferia do assunto que se anuncia. De outra forma, se a pregao for vazia de
sentido e da uno do Esprito, ser um dolo para o pregador, com o evidente perigo de o ser
tambm para os seus ouvintes.
Se algum deseja conhecer o carter dos sermes ou pregaes dos apstolos e dos
homens de seu tempo, s recorrer aos livros do Novo Testamento, pois ali est o espelho, o
modelo e o caracterstico da mensagem que no transforma coraes livres em idolatras de
sermes. A primeira verdade revelada na pregao apostlica que a mensagem era feita para
ganhar almas. O nico tema que os inspirava e lhes dava fulgor era unicamente Jesus Cristo, o
Filho de Deus.
O contraste entre os pregadores dos tempos apostlicos e muitos pregadores de nossos
dias flagrante. O que h em abundncia nos dias presentes so ganhadores de elogios, em
virtude de carregarem seus sermes de sabedoria, deixando-os vazios de Cristo.
H pregadores que seriam bons novelistas, se abraassem a profisso de escritor, que,
porm, nada tem que ver com a pregao do Evangelho. No se pense que essa classe de
pregadores diminuta. Ao contrrio, bem numerosa. Aqueles que falam para impressionar o
auditrio, afastaram-se demasiado da estrada da vida. O que Cristo pede e deseja do pregador
que fale do que recebeu do Pai; que exprima sua gratido, alegria e o poder da salvao. Se o
pregador no possuir essas verdades arraigadas no corao, ter de substitu-las por frases muito
sugestivas, artificiosas e eloqentes, que rescendam a cultura. Mas a que est o perigo da
idolatria dos sermes.
Os homens de responsabilidade integrados na vida da igreja devem saber que religio e
salvao no so assuntos sujeitos s exigncias da arte de falar, nem melhoram com os
retoques estticos do buril lingstico. Se tal sucedesse, isso seria subordinar um tema divino e
espiritual ao capricho da retrica. A obra de levar almas a Cristo mais simples, mas mais
elevada que o trabalho de colecionar termos para dar realce quele que prega.
Pregar o Evangelho no atrair o intelecto para o brilho da inteligncia: , antes de
tudo, expor ao mundo atribulado o caminho da vida eterna e da paz.
Deus no chamou, nem chama, para pregarem nas igrejas ou nas praas, preletores de
filosofia nem apologistas das vrias cincias. O lugar de prelecionar retrica ou eloqncia no
a igreja. H as ctedras onde mais prprio faz-lo. Se o pregador introduzir elementos
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estranhos na pregao, prova que est inclinado para um lado perigoso, que pode transformar-se
em idolatria dos sermes.
Envernizar o sermo com as tintas do saber terreno ofuscar o brilho da espiritualidade
que deve fulgurar na mensagem do evangelista que fala s almas sem Cristo.
Fazer um sermo saturado de frases e expresses engenhosamente dispostas para
impressionar o auditrio, pode ser mais fcil que pregar dentro das linhas bblicas em que s a
graa ressalta e d vibrao, porm tal sermo pouco valor ter para converter almas a Cristo,
porque um sermo arquitetado e idolatrado por quem o fez.
Jamais ouvi um testemunho de algum que declarasse haver sido salvo pela cincia,
pela cultura, pela eloqncia ou pelo pregador. Entretanto o que se ouve de todos quantos
alcanaram ser iluminados pela graa de Deus, que Cristo os salvou, que o poder do
Evangelho os levantou, que a graa os redimiu.
O pregador que viver o Evangelho ter na sua mensagem a chama da uno a dar realce
ao que fala, porque uma fora que sai do corao e vai direto ao objetivo. Foi assim na igreja
primitiva, e ser assim na igreja, em todos os tempos. Pregar o Evangelho colocar os homens
face a face com Cristo, ilumin-los com a luz do prprio Cu. Pregar somente sabedoria
intelectual colocar os homens face a face com a cultura e erudio, o caminho mais curto
para o pregador alcanar o altar da idolatria dos seus sermes.Pregar para ser admirado fundir
bezerros de ouro que os ouvintes, mais cedo ou mais tarde, adoraro. Pregar a Palavra
sacrifcio que leva at ao holocausto, mas que impede chegar-se idolatria.
Ningum se engane com as aparncias! A letra no ser o brilho da igreja crist. A
capacidade humana no facho de luz capaz de atrair as almas para serem salvas. A habilidade
dos homens no converter um s corao. Na igreja somente uma luz deve aparecer - Cristo,
que a Luz do mundo. Se faltar essa luz, haver certamente idolatria, pelo menos a idolatria de
sermes.
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guas de outras cisternas
A no ser nos perodos de avivamento, as igrejas experimentam, geralmente, acentuadas
transformaes at chegarem ao perodo de estagnao no qual permanecem indefinidamente,
alheias ao que se passa em redor, satisfeitas com tudo e com todos, aceitando todas as frmulas
e mtodos humanos, oficializando prticas e organizaes muito teis para companhias e firmas
comerciais, porm atrofiadoras da vida espiritual, imprprias para a igreja crist. Faltando-lhe a
gua da inspirao, a igreja lana-se procura de sucedneos, e vai buscar gua em cisternas,
desprezando a gua viva.
Antes de ir buscar em cisternas, a igreja passou por perodos e tempos festivos em que
bebeu gua da sua fonte, isto , da sua doutrina, da sua revelao, e inspirao, do seu zelo pelas
almas sem Cristo, tendo desejo de santificao e dedicando-se ao servio com sacrifcio
voluntrio, ideais puros, e fidelidade revelao divina. Tinha como fonte a Palavra de Deus.
No era o concilio quem determinava o que devia fazer. No era o presbitrio que impunha suas
inovaes. No era uma conveno que ditava leis. A Palavra de Deus, fonte das guas vivas,
quando praticada, tem em si todas as vantagens que as cisternas no podem dar.
O primeiro perodo da igreja geralmente o perodo dos idealistas, o perodo do
sacrifcio, em que o corpo, cansado pelo labor, alegra a alma pelo trabalho realizado; o
perodo em que nem mesmo a carteira reclama quando esvaziada para atender s necessidades
de outrem; o perodo de dar, mas tambm o perodo de receber, de beber das guas da fonte,
de beber diretamente da Palavra, numa consagrao, sem limites, a Deus.
O tempo de sacrifcios para a igreja tambm o perodo mais rico da graa; quando a
gua da vida jorra nela mais abundante, mais clara e mais refrescante. Todos aqueles que
provaram as bnos desse perodo, reconhecem com gratido quanto bem lhes fez a gua, a
satisfao, o gozo, a experincia e a comunho que beberam e desfrutaram nesse primeiro pero-
do da igreja.
Antes de a igreja chegar fase de decadncia estabilizada, passa por um perodo de
transio em que a gua da vida no mais corre, em que h somente lembrana dos dias em que
as bnos transbordavam at alcanar os lares e os membros da famlia. Os pais crentes que
serviam a Deus fielmente na igreja bebiam da gua da vida que ali havia e recolhiam bnos
to abundantes, que o lar sentia seu reflexo. Os filhos talvez no bebessem diretamente dessa
gua, mas a gua que os pais bebiam corria neles como um caudal refrescando e regando.
O incio da decadncia o incio das trevas: no h mais o interesse vivo pela obra do
Senhor; rareiam os abnegados que tudo sacrificaram para servir causa de Cristo; no h mais
ningum disposto a sofrer pela causa do Evangelho: ningum mais enfrenta a mofa e o desprezo
por amor a Cristo; no existe a f dos heris que escolhem ser perseguidos com o povo de Deus
a ter o gozo passageiro do mundo. Este o perodo dos poos secos por falta de serem
conservados. o caminho aberto para chegar a beber guas de cisternas imundas.
A igreja que chega fase da vida artificial e formalista, j perdeu o privilgio de beber a
gua viva. S tem a aparncia de que vive. Vai beber em cisternas. O culto pleno de vida e
bnos no existe. O desejo de aprender mais e mais de Deus desapareceu dos coraes. Os
testemunhos vibrantes e inspirados nem ao menos so conhecidos. As converses de almas so
coisa rara. pois no se pensa mais nisso. Os princpios rgidos de doutrina e moral des-
moronaram. Ningum mais honra a palavra empenhada: o tempo do descrdito na igreja.
H igrejas que possuem maior e mais complicada burocracia do que algumas re-
parties pblicas. Possuem cruzadas para construes, movimentos para congressos de
homens, de senhoras, de jovens e crianas. Tm juntas de educao, de ao social, de misses;
federaes de todos os tipos; institutos que tratam de tudo. menos de evangelizar as almas. Ante
uma mquina to complicada a funcionar numa igreja, seria de esperar que o rendimento espi-
ritual fosse aprecivel, e que no faltasse a gua viva.
Mas, querido leitor, todo esse mecanismo artificial e estranho igreja de Cristo:
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gua de cisternas que entorpecem a vida do povo do Senhor.
A igreja tem a Bblia, a Palavra de Deus, para dar gua viva a todos os sedentos. A gua
viva da igreja e do cristo o Evangelho, e s nele h a verdadeira gua da vida.
Quando a igreja perde a viso da revelao e bebe em cisternas, sua vida se altera e
pode chegar a deixar de ser testemunha de Cristo, para ser pedra de escndalo.
A igreja crist, tendo a revelao do Evangelho, basta-se a si mesma, porque bebe da
fonte da gua viva. O poder da graa a sua vida e o seu xito; no necessita transportar para
dentro de suas portas inovaes ou cisternas: ela tem a gua viva.
A tentao de imitar os vizinhos ou de querer superar os demais, leva a igreja a
desprezar a fonte da revelao, para aceitar, em seu lugar, as cisternas que muitas vezes contm
guas ptridas e mortferas. A fonte da graa tem guas vivas que continuamente se renovam,
enquanto que as cisternas semeiam a morte espiritual.
Todos quantos lerem estas linhas tm responsabilidade diante de Deus no que concerne
vida espiritual. H para todos uma parcela de culpa se beberem ou se concorrem para que
outros bebam em cisternas. Ns, como membros do corpo, formamos a igreja. Portanto,
voltemos f dos antigos, voltamos a beber da gua da vida, que Cristo mesmo.
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Um culto diferente
Transportemo-nos, por alguns momentos, ao tempo da igreja primitiva e observemos,
com calma, um culto diferente dos cultos realizados nas igrejas de nossos dias.
Qualquer pessoa que se extasiou ante o relato do esplendor de um culto na igreja
primitiva, tal qual descrito na histria dos primeiros sculos, notar que tudo se transformou.
Hoje, nos cultos de nossos dias, no h a vida e a vibrao intensa de outrora; falta-nos a
liberdade ao Esprito de Deus para usar os vasos que esto cheios de graa e poder.
Alguns dirigentes de cultos esto esquecidos da recomendao do apstolo quando diz
que ao se reunirem cada um tenha salmo, hino, louvor ou cano espiritual para apresentar ao
Senhor. Se o dirigente no tiver os olhos da f ungidos com colrio do Cu, sua mente ficar
ofuscada pelo esplendor do cargo e julgar-se- o nico capaz, naquele momento, de apresentar
algo que alimente a congregao, quando ali pode haver valores que Deus possa e queira usar.
Onde o formalismo estabeleceu uma ordem mecnica, no h liberdade para o Esprito: no
pode haver inspirao.
No era assim na igreja primitiva; a graa no era substituda pelo intelecto; o dirigente
ocasional da reunio tinha a viso de Joo Batista: ocultava-se aos olhos dos homens, a fim de
que Cristo fosse visto em todos os atos e em todas as obras, por intermdio de quem Ele
quisesse usar. Se havia algum corao inflamado pela graa e transbordante do gozo da
salvao, podia levantar-se e transmitir congregao a vibrao da mensagem de Deus, e de tal
forma o fazia, que todos reconheciam estar o tal vivendo no brilho e na santificao do Senhor.
- Mas onde est hoje a liberdade que transforma um culto num encontro inesquecvel
com Deus, quando a alma sente a atmosfera do Cu perpassar num enlevo sublime que faz
esquecer que estamos na Terra? Onde esto os salmos de adorao?
Onde os hinos espirituais? Onde os testemunhos simples mas convincentes, pelos quais
Deus transtornou tanta sapincia e confundiu a arrogncia?
Um culto na igreja primitiva possua encantos que ningum podia antecipar. Os que se
propunham a assistir a eles, faziam-no unicamente confiados na graa que Deus revelaria
medida que o culto se realizasse. Nada ali era automtico: o culto duma noite diferia do culto da
noite seguinte. A pregao da Palavra, as oraes, os hinos, os testemunhos, tudo, enfim, estava
na dependncia do Esprito Santo, o que transformava em motivos de louvor e fatores de
salvao, o que acontecia.
A variedade da forma do culto dava igreja um brilho que no podia ser imitado, e
transmitia aos coraes convices to profundas e reais que nenhuma dvida as podia abalar.
Com a convico, nascia o desejo ardente de viver uma vida mais profunda e mais ativa no
amor de Deus.
Antes de terminar este captulo, desejaramos conhecesse o leitor alguns fatos histricos
que descrevem a forma e a vida dum culto numa igreja apostlica, no tempo de Paulo. O brilho
da igreja de ento no se relacionava com a grandeza exterior, como acontece em nossos dias. A
atrao que a igreja exercia no consistia em templos vistosos como os h hoje, por toda a parte.
Os locais onde se reuniam eram bem modestos; talvez uma sala numa casa particular ou um
salo que tivesse servido de depsito de mercadorias, porm ali refletia, num deslumbramento
espiritual, o fulgor da graa salvadora, transbordando dos coraes remidos do pecado.
A assistncia que acorria s reunies da igreja no tinha as mesmas caractersticas da
assistncia dos cultos de nossos dias. Hoje, cada igreja ou congregao, composta de pessoas
que moram na mesma regio, tm os mesmos costumes, usam os mesmos trajes.
Na igreja primitiva, principalmente nas cidades comerciais servidas de porto de mar, a
assistncia era composta de livres e de escravos. Judeus de feies e traos distintos
contrastavam com gentios que o Evangelho iluminara e salvara. Gregos de vestes custosas
confundiam-se com homens rsticos, cuja vida fora gasta e enrijecida em viagens martimas,
mas agora, alcanados pela Luz do Mundo, estavam transformados e ali esto todos a arder de
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gozo, pela salvao que receberam.
Havia ainda na assistncia, embora no muito numerosa, pessoas nobres s quais a
salvao dera mais nobreza. Elas tambm estavam unidas ao conjunto da massa heterognea que
a graa arrancara do lamaal.
Entremos em um desses lugares de cultos e vejamos qual a diferena entre os servios
divinos que eles realizavam e os que se efetuam em nossos dias. Vamos fazer abaixo a descrio
dum culto na igreja primitiva, visto pelo historiador Stalker, conhecido e respeitado por todos:
"Em vez de uma s pessoa a dirigi-los nas oraes, pregaes e salmos, todos os
presentes tinham a liberdade de contribuir com a sua parte. Talvez houvesse um presidente ou
diretor; mas um membro podia ler uma poro das Escrituras, outro podia fazer uma orao; um
terceiro podia proferir uma alocuo; um quarto, principiar um hino, e assim por diante...
"Membros tambm havia que tinham o dom de profecia, dom em extremo valioso. No
era a faculdade somente de predizer futuros eventos, mas um dom de apaixonada eloqncia,
cujos efeitos eram por vezes assombrosos: entrando na assemblia um incrdulo e escutando os
profetas, era arrebatado por uma emoo irresistvel: os pecados de sua vida passada se lhe
assomavam mente, e ele confessava que Deus verdadeiramente estava no meio deles. Outros
exerciam dons mais semelhantes aos que nos so familiares, tais como o dom de ensinar e de
administrar. Mas em todos estes casos parece ter havido uma espcie de inspirao imediata,
no o efeito de clculo ou de preparao, mas da presena de um influxo ntimo.
"Estes fenmenos so de tal modo extraordinrios, que, se fossem narrados em uma
simples histria descritiva, suscitariam srias dvidas f. Porm, a evidncia deles
irrefutvel, porque ningum, escrevendo a um povo a respeito das suas prprias condies, iria
inventar circunstncias que no existem e, alm disso, Paulo escrevia-lhes antes para restringir
do que para acorooar semelhantes manifestaes. Revelam elas, entretanto, a vigorosa fora
com que ao entrar no mundo, o cristianismo se apoderou dos espritos sob a sua influncia.
"Cada crente recebia, em geral, por ocasio do batismo, quando sobre ele se impunham
as mos do batizante o seu dom especial, cujo exerccio podia ser tempo indefinido, dependendo
apenas da fidelidade do recipiente.
"Era o Esprito Santo, derramado sobre eles sem medida, e penetrava os espritos dos
homens e repartia estes dons entre eles diversamente, segundo lhe apra-zia. Cumpria a cada
membro fazer uso do seu dom particular em proveito de toda a corporao.
"Terminados os servios aqui descritos, os membros assentavam-se para uma festa de
amor, que culminava na Ceia do Senhor. E ento, com o sculo fraternal, eles se despediam e
saam para seus respectivos lares. Era uma cena memorvel, radiante de amor fraternal e
aureolada por manifestaes estupendas de energia espiritual. Ao voltarem aos seus lares,
passando por grupos descuidosos de pagos, eles tinham a conscincia de haver experimentado
aquilo que o olho no viu nem o ouvido jamais ouviu".
Uma igreja onde os servios divinos se identificam com os da igreja primitiva, como
acima foi descrito, brilhar, sejam quais forem as circunstncias, porque dentro de suas portas
h coraes que intercedem dia e noite pelos dons do Alto.
Na igreja primitiva os cultos eram assim.
- Como so os cultos em nossos dias? So cultos com as mesmas caractersticas ou so
cultos diferentes?
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Prisioneiros da teologia tradicionalista
Imaginemos o que aconteceria numa sala em que se reunissem vrios grupos de pessoas
com o objetivo de discutirem teologia! Em geral, os homens dados a disputas teolgicas,
insensivelmente, transformam-se em autoritrios e dogmticos, e no admitem que seus pontos
de vista sofram exame ou censura. Esse aspecto do assunto consideramo-lo como fruto da
teologia exacerbada e partidria, portanto prejudicial: m teologia.
A verdadeira teologia honesta em si mesma e, se usada com critrio e at onde chega a
revelao do Esprito, no um mal: pode at mesmo enriquecer o conhecimento e ajudar a
penetrar nas verdades da Palavra de Deus.
Entretanto, a teologia adulterada e perigosa tem sido a grande inimiga da espiri-
tualidade. Quando grupos se renem para discutir idias e interpretaes apresentadas por este
ou aquele telogo, ningum espere receber edificao, porque de tais tertlias nascem as
separaes e as questes loucas e interminveis das quais o apstolo Paulo falou.
Os homens que se embaraam com idias teolgicas por simples questes de
especulao, deixam de ser livres: tornam-se escravos dum conceito que, quanto mais explicado
mais complicado se torna, tomando, por fim, a forma dum novelo de fio emaranhado e cheio de
ns, impossvel de ser reconstrudo.
A igreja que trocar a Bblia por compndios de teologia, fatalmente se transformar em
prisioneira dum sistema de dogmas do qual pouca vida pode esperar. Se a Bblia a Palavra de
Deus, poderosa e inspirada, evidente que no h necessidade dum cdigo civil (neste caso a
teologia), nem de textos legislativos para explic-la. A revelao dada aos homens inspirados
que escreveram a Bblia, no pode ser aplicada ao sabor de qualquer telogo; as escolas
teolgicas so tantas e to contraditrias que, custa a crer, se arroguem todas o direito de
interpretar a Bblia. A Bblia est alheia a todos os males espirituais que a m teologia provoca.
A Bblia esprito e vida: a teologia letra.
Como conseqncia do abandono das verdades bblicas por princpios filosficos e
sistemas teolgicos, que muitas igrejas esto hoje sem a luz da revelao, escravas do
formalismo, acorrentadas por tradies, despojadas da graa e do poder que brilhava na igreja
apostlica.
A Bblia o livro da revelao de Deus para salvao das almas, e no para ser motivo
de especulaes e interpretaes humanas. As leis so mutveis, transformam-se, ajustam-se,
modificam-se e revogam-se, porque so humanas, mas a Palavra de Deus permanece para
sempre.
Quando Paulo afirmou que a letra mata, mas o esprito vivifica, estava, ainda que
indiretamente, com essas palavras, combatendo o movimento incipiente de dogmatismo na
igreja, que tinha por objetivo sobrepor-se revelao do Esprito do Senhor.
A Palavra do Senhor no est sujeita a flutuaes, transformaes, e interpretaes
vrias, como as escolas teolgicas, que surgem e desaparecem, sempre discordantes,
condenando-se mutuamente.
A Bblia a terra da promisso e da liberdade. Quanto maior for o conhecimento das
Escrituras, tanto mais ser o conceito de liberdade, porque a verdade revelada traz liberdade, ao
passo que a m teologia escraviza e absorve a vida daqueles que a defendem.
As Escrituras so imutveis: resistem a todos os ataques; possuem as mesmas ca-
ractersticas e o mesmo poder em todos os tempos: conservam intactas as mensagens de
esperana; nelas se destaca sempre com o mesmo fulgor e com a mesma vibrao a luz do
Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
As experincias nossas e de outrem afirmam que a Bblia liberta as almas que vivem
acorrentadas pela dvida, dando-lhes a viso dum horizonte sem fim, enquanto que a m
teologia embaraa-as e as ofusca num crculo de complicaes cada vez menos claras.
Prefervel e mais honesto confessar ignorncia em algum ponto obscuro que Deus
ainda no quis revelar a forar uma interpretao capaz de desencadear discrdias e aprisionar
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os seus defensores. Deus mais liberal e age com mais acerto e com mais amor para com seus
filhos do que ns uns para com os outros. O falso zelo, a exegese apressada e o dogmatismo
teolgico formam uma aliana para aprisionar todos quantos no esto na liberdade de Cristo,
isto , na verdade revelada.
Esse trio nefasto tem arruinado igrejas e comunidades ao impor seu jogo de idias e
suposies. Um dos dogmas que a igreja aceita e recomenda "Amai-vos uns aos outros, assim
como eu vos amei!" Regras, ordens, interpretaes, seja o que for, se ultrapassarem as regras do
amor, so jugos que no o de Jesus: so laos que subjugam a alma.
O perigo para a igreja a conduta de homens que se dizem iluminados pelo saber, que
se consideram anjos de luz, mas cujos crebros esto exacerbados pelas questes e somente
vem no cristianismo um sistema de doutrinas. O cristianismo tem uma misso positiva; mais
que um sistema de doutrinas: uma ddiva de liberdade e de amor que Deus legou igreja para
faz-la brilhar entre os homens.
A igreja que tem a revelao de Cristo e conserva os princpios da Palavra de Deus,
conhece a verdade, e a verdade a conserva em liberdade: no escrava da m teologia.
A igreja deve continuar a ser igreja, desempenhando a misso que lhe foi confiada por
Cristo, conservando a liberdade espiritual que a graa outorga. A teologia que se contente com o
lugar que lhe compete desempenhar, sem se intrometer onde no lhe compete, impondo uma
autoridade que s a Bblia possui; assim poder viver e ser til sem criar embaraos e sem fazer
prisioneiros.
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Relatrio dos anjos
So muitos e vrios os fatos que a Bblia registra acerca de visitas e misses
desempenhadas pelos anjos aqui na Terra. Alguns acontecimentos esto ligados a fatos
sumamente agradveis, outros prendem-se a incidentes tristes e desagradveis provocados pela
conduta dos visitados.
Os anjos so mensageiros de Deus. Abrao conhecia esse fato, de modo que, quando foi
visitado pelos anjos, hospedou-os como convm aos servos de Deus.
Sendo os anjos mensageiros de Deus, lgico que so eles enviados ao povo salvo, e,
de forma especial, igreja, onde se centralizam as atividades espirituais do povo do Senhor.
A misso especfica dos anjos que visitam a igreja, pode ter duas faces distintas: trazer
da parte de Deus a mensagem da graa e a proteo divina, ou levar ao Cu o relatrio do que
observam na igreja: o grau de brilho e at onde se projeta a sua luz, bem assim o que constatam
nos cultos que a igreja realiza normalmente.
Certamente no podemos antecipar com exatido o contedo dos relatrios que os anjos
levam ao Cu, cada vez que so enviados em misso junto igreja. Entretanto, pode-se fazer
uma idia aproximada de alguns relatrios apresentados pelos anjos. Se interrogssemos um dos
mensageiros do Senhor, sobre o que viu nas igrejas dos dias atuais, ficaramos perplexos ante a
descrio duma testemunha veraz, relatando a decadncia dos costumes salutares usados na
igreja primitiva. Entre outras coisas o anjo diria:
- "Assisti a um culto em que no havia a luz plena do Evangelho; tambm no vi
qualquer manifestao do poder de nosso Deus, talvez porque os homens se tenham esquecido
dos tempos dos milagres. Como conseqncia dessa falta, notei ausncia do temor de Deus:
parecia que em muitos a luz da graa ainda no havia penetrado no corao. Ouvi o coro cantar,
porm a harmonia no chegou ao Cu; a razo clara: cantou sem entusiasmo, sem inspirao;
alguns componentes cantaram para mostrar a voz que possuam, e sua capacidade artstica, e
essa circunstncia desajustou de tal forma o conjunto, que no era possvel entender o que
cantavam. O coro apenas era ouvido dentro da igreja, mas o canto no exerceu qualquer ao
benfica duradoura nos coraes que a ele assistiam, porque no havia o propsito nico de lou-
var a Deus.
"Ouvi pregadores apresentarem sermes diferentes da exposio da Palavra de Deus,
que deveria ser vivificada pelo Esprito do Senhor. A preocupao deles era agradar o auditrio:
esqueceram-se, naquele momento, de que os pregadores do Evangelho so apenas instrumentos
de Deus; por isso mesmo, suas palavras eram frias. Deus no podia us-los, pois eles
transformaram-se em donos do plpito e em senhores da pregao.
"Em dado momento, alguns cantores levantaram-se, viraram-se para os assistentes
como se eles fossem a atrao e a razo nica da reunio. Os cantores, imitando os pregadores,
tambm se esqueceram de Cristo: cantaram como se estivessem exibindo seus dotes artsticos, e
no para louvar a Deus. O cntico, a exemplo do que aconteceu com o coro, ficou circunscrito
ao templo, no subiu ao Cu nem foi ouvido na Glria; faltava-lhe a inspirao e motivo maior
de adorao: cantaram mas no foram ouvidos.
"Assisti tambm a certas festas de mocidade, mais concorridas que os cultos
devocionais e de adorao. O que presenciei foi simplesmente de entristecer: msicas profanas,
chocarrices, termos tomados do mundo, humorismo de sargeta, enfim, tudo tal qual usam os
mundanos: falta absoluta de espiritualidade e vida de Deus.
"Entretanto, o que reputei muito grave foi o que vi em reunies extra-oficiais: lutas
polticas dentro da igreja, oficiais murmurando contra os pastores, faces opostas em
desarmonia, sendo essas as causas de no haver manifestaes do poder de Deus, como nos dias
antigos.
"Tambm'vi, e no me esqueci, at onde a acepo de pessoas pode arrastar a Igreja de
Cristo, e como lhe rouba o brilho que devia possuir. Vi a recepo ao irmo F., membro
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influente na igreja, por motivo de seu aniversrio. Foram tantos os elogios de uns e os
agradecimentos de outros, que o Esprito Santo entristeceu-se por haverem esquecido o nico
nome digno de honra e louvor.
"Havia presentes outros membros que tambm aniversariavam, porm eram pessoas
simples, sem prestgio social, por isso ningum tomou conhecimento do fato: ningum os
cumprimentou.
"Apesar de no ocuparem os primeiros lugares, pois fazem questo de no aparecerem
aos olhos dos homens, vi o pequeno exrcito annimo que mantm aceso o fogo no altar, isto ,
aqueles que se dedicam a orao pela igreja, e os que trabalham e evangelizam nos locais mais
humildes alguns deles so quase desconhecidos da massa, mas Deus os conhece.
"So eles os fachos de luz que ainda alumiam a igreja. Se eles faltarem, Deus no tem a
quem confiar a misso de luzir, pois os outros se preocupam em mostrar sua capacidade, em
lugar de se esconderem para que Cristo resplandea."
Amigo leitor, possvel que tudo isso e algo mais acontea na sua igreja e anjos a ela
assistam, sem que os homens de tal coisa se apercebam. Quantas e quantas vezes um anjo do
Senhor no se afasta da igreja, envergonhado e entristecido por no ser acolhido como um
mensageiro de Deus.
Se tal coisa acontecer, a igreja no ter de que se orgulhar, ter somente de lamentar a
falta de uno para ver os mensageiros do Senhor. - Estaro essas coisas acontecendo na sua
igreja?! No ser uma situao perigosa viver diferentemente da igreja dos dias primitivos? Por
que no voltar simplicidade da f? Todos ns temos de responder, se no quisermos ver a
nossa igreja sem brilho no relatrio dos anjos.
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Tochas Profticas
A fraqueza da igreja reside na falta de viso para mirar todos os aspectos da obra de
Cristo. O que rareia na igreja de nossos dias o ministrio proftico, que brilhou no Antigo
Testamento, e que foi o ponto alto das mensagens que implantaram avivamentos e conservaram
no esprito do povo a esperana da vinda do Messias.
O cristianismo possui o aspecto soteriolgico que nenhum cristo deve desconhecer,
pois esse o aspecto essencial da obra de Cristo; esse ponto no o homem nem a igreja que
podem realiz-lo, mas somente Cristo. Ele o Salvador: aos homens cabe anunci-lo. Se faltar
ao cristianismo a idia de salvao e a mensagem direta a cada criatura, a obra da Cruz estar
prejudicada.
Portanto, fixemos bem essa face da questo, a fim de que ela no venha a prejudicar
outros aspectos de carter proftico, que tambm devem brilhar.
Em quase todos os captulos deste livro, toda a nfase tem recado sobre a soteriologia,
a fim de contrabalanar as idias que correm mundo com o nome de crists, pondo de lado o
problema fundamental, que a salvao e apresentando, em seu lugar, o cristianismo social,
coisa muito diferente do verdadeiro cristianismo, que espiritual.
Nada teramos e nada temos a argumentar contra a igreja que capaz de enfrentar os
problemas sociais, sem, no entanto, prejudicar os problemas espirituais. Se alguma comunidade
puder conservar em primeiro plano suas atividades de carter espiritual, e, ao mesmo tempo,
cuidar, com elevao, dos problemas sociais, faa-o. Porm descurar os problemas do Esprito
para atender s questes econmicas, significa no crer nestas palavras de Cristo: "Nem s de
po vive o homem".
As obras sociais, educacionais e beneficentes, claro, so boas, so teis: representam
um papel relevante na sua esfera de ao na sociedade enferma; entretanto elas no podem
sobrepor-se aos interesses vitais da igreja, transformando-a numa sociedade humana; no podem
substituir a f, nem ocupar o lugar da esperana. A cultura no o luminar espiritual da igreja,
nem forma tochas profticas.
Quando afirmamos e insistimos em que a salvao vale mais que todos os
conhecimentos filosficos em que se baseiam aqueles que, no cristianismo, s divisam "o
cristianismo-social", porque a experincia de milhes ensina que a salvao resolve todos os
problemas, mas no sabem e no conseguem resolv-los.
Entretanto, a igreja e os cristos tm diante de si um campo mais vasto para completar a
sua misso de arautos do Senhor. Crentes e igrejas devem ser tochas profticas, ao mesmo
tempo que pregam a mensagem da hora atual.
O aspecto escatolgico do cristianismo um ponto ignorado por uns e abandonado por
outros. - Onde esto as mensagens arrebatadoras acerca da segunda vinda de Cristo, mensagens
essas to abundantes na vida e nas atividades da igreja primitiva? No um assunto que esteve
sempre em evidncia nos vrios avivamentos, a vinda de Cristo? Por que ento silenciar sobre
uma verdade que uma promessa fundamental? Como podero os cristos estar informados
sobre o grande dia do encontro de Cristo e a Igreja, se no houver vozes profticas que possam
ser usadas por Deus para anunciar esse acontecimento? Como podero os salvos desejar que. tal
acontecimento se realize, se no conhecerem o fausto, a glria e a felicidade que vero e de que
participaro, se as tochas profticas no sarem a proclam-lo?
A igreja e os cristos parecem atacados de amnsia: nem a mais leve aluso se faz ao
grande acontecimento do Milnio. -Acaso no est o Milnio ligado a Cristo no plano de Deus?
Ser que as igrejas e os cristos no esperam que a Palavra de Deus se cumpra em toda a sua
plenitude? Dar-se- o caso que algum suponha que o Milnio j passou? Se o Milnio um
acontecimento transcendental ligado obra de redeno, por que no divulg-lo com o destaque
que merece?
A fase positivo-definitiva do trmino das lutas, atividades, perseguies, testemunho e
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perigos da Igreja de Cristo, somente se realizar quando ela se estabelecer na nova Jerusalm,
onde habita a justia, onde os salvos comearo a viver a vida de gozo e louvor a Deus e ao
Cordeiro. No h acontecimento que supere o esplendor e a magnificncia que haver no novo
Cu e na nova Terra. O ouro, no pas de Beul, serve, apenas, para calar as ruas por onde
passam os santos e o Rei de toda a Terra: as prolas mais preciosas adornaro as portas dos
muros e dos palcios.
O que ser a riqueza incrustada no interior dos magnficos palcios, o que ainda no foi
revelado ao mortal, nem a mente humana pode descrev-lo.
Essas riquezas espirituais esto intimamente relacionadas com a obra de Cristo. -Se
pertencem ao povo de Deus, por que no anunci-las por toda a parte?
A responsabilidade de anunciar verdades e acontecimentos futuros pertence igreja e
aos cristos; eles que devem ser as tochas profticas a projetar o claro da graa e a reviver as
verdades e as promessas que aguardam seu cumprimento.
s tochas profticas cabe a misso de despertar os dormentes; as tochas profticas tm
de arder, e, antes que tudo, iluminar os coraes com a mensagem de esperana de dias plenos
de graa e bem-aventuranas na ptria dos salvos.
A igreja deve ser um Sinai fumegante, ardente, tonitruante e iluminador. A segunda
vinda de Cristo, o encontro da Noiva com o Esposo, o Milnio e seu governo, os novos cus e a
nova Terra, e a vida perene dos salvos com Deus, so temas fascinantes que a igreja no deve
ocultar, que devem ser postos em relevo para conhecimento e benefcio dos homens.
Se o mundo continua desconhecendo o aspecto escatolgico do cristianismo, porque
as tochas profticas rarearam ou extinguiram-se nas igrejas, quando a viso dos problemas
espirituais foi ofuscada pelo falso brilho da interveno humana.
A igreja alcanar o esplendor e o respeito de todos, se ela mesma se transformar numa
tocha proftica, isto , se anunciar ao mundo todas as verdades constantes da mensagem do
cristianismo, tanto as de objetivo imediato como as relacionadas com o futuro. Se a mensagem
no for completa, sua vida no ter brilho.