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40
1 SEGURANÇA E RISCO Engenharia Civil e Ambiente A. Betâmio de Almeida Professor do IST Dezembro de 2005 2 SEGURANÇA E RISCO – PARTE I Engenharia Civil e Ambiente 3 Importância do tema 4

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1

1

SEGURANÇA E RISCO Engenharia Civil e Ambiente

A. Betâmio de AlmeidaProfessor do IST

Dezembro de 2005

2

SEGURANÇA E RISCO – PARTE I

Engenharia Civil e Ambiente

3

Importância do tema

4

2

5 6

7 8

3

9 10

11 12

4

13 14

15 16

5

17

(In)segurança rodoviária – importância do tema

Existe um risco rodoviário nacional?Algumas evidências (2004)

• Número de acidentes com vítimas – 38 930vítimas mortais – 1 135feridos graves – 4 190feridos ligeiros – 48 819

• Veículos envolvidosveículos ligeiros – 49 017 – (10/1000)veículos pesados – 2 922 – (19/1000)velocípedes – 1 448ciclomotores – 5 601motociclos – 4 346 – (30/1000)

18

19

Report of the Highways Agency Working Group to Review the Standards for the Provision of Nearside Safety Fences on Major Roads – 02/2001

20Smeed, 1949

1938

6

21

Segurança, incerteza e risco na profissão

22

Engenharia (Civil)

Actividade profissional do engenheiro

• Produtos tecnológicos (edifícios, pontes, barragens…)

• Intervem nas condições ambientais – protecção acrescida

• Melhora a qualidade de vida das comunidades

• Infraestruturas básicas

• Edificações

• Comunicações

• Gere recursos (naturais, financeiros, humanos,…)

23

Finalidades

• Melhorar a vida das pessoas

• Proteger as pessoas

• Proteger e melhorar o ambiente

• Facilitar ou incrementar o desenvolvimento económico

24

Segurança

• Manutenção das condições previstas sem efeitos nocivos

7

25

Garantia de segurança

• No momento do projecto

• No futuro – durante o período de vida do produto

26

Garantia de segurança

Não pode ser garantida segurança absoluta

• possibilidade de acidente – previsão das consequências

• CONCEITO DE RISCO

27

Gestão das incertezas

Riscos – acidentes (perdas) Riscos – oportunidades (ganhos)

28

INCERTEZA

Conhecimento incompleto motivado por deficiências inerentes ao conhecimento adquirido ou possível

8

29

INCERTEZA - O que é mais “certo” de existir

• O que vai acontecer (início) – cenários - “futuros presentes”

• Como vai acontecer (processo) – comportamento e resposta do sistema

• O que vai resultar (impacto) – efeitos

30

RISCO – definição comum

Possibilidade de algo correr mal ou de ocorrerem prejuízos, perdas...

Associa, simultaneamente, os seguintes conceitos específicos

• Incerteza

• Futuro contingente e virtual

• Consequências (positivas ou negativas)

e convoca para a acção mediante

• Decisão e responsabilização

31 32

Genealogia

9

33

Rembrandt – Cristo naTempestade no mar da Galileia (1633) Museu de Boston

História Trágico-Marítima“O Mercador de Veneza” – W. Shakespeare

34

Sismo de Lisboa (1755)

35

5 000 000 viaturas

Sistema disciplinar → Sist. Gestão dos Riscos

36

Fase do Sangue – Compreensão por aplacação divina (sacrifícios, rituais…)

Fase das Lágrimas – Salvação pela oração, acção piedosa e moralmente rigorosa

Fase da Razão – Caracterização das contingências pela razão, com bases científicas, decisão racional (épocamoderna…)

Fase da Gestãoe Precaução - Gestão de incertezas, responsabilização e humana,

direito, precaução, comunicação e informação(época pós-moderna…)

Soci

edad

es d

o fu

turo

Soci

edad

es d

o pa

ssad

o

10

37

Conceitos e definições

38

Dimensão social:Percepção social → caracterização não quantitativa dependente de valores e culturas

RISCO Dimensão objectiva:−Definição técnica−Caracterização quantitativa (expressão 1)

Dimensão subjectiva:−Percepção individual → decisão individual

Dimensões do conceito risco.

Dimensão ético-jurídica:Princípios→ legalidade, participação, precaução...

39

A Percepção do Risco ou sensação psicológica de um perigo, é o resultado de características específicas individuais e do contexto histórico, cultural ou social, podendo expressar-se - riscos públicos - como um comportamento colectivo fortemente influenciado pela designada percepção social do risco.

Percepção do risco

40

A percepção, social ou individual do risco, é modulada por dois factores muito relevantes:

• A controlabilidade potencial do processo em situações de perigo ou ameaça

• A confiança em sistemas de protecção externos (sistemas organizados de protecção, do conhecimento técnico-científico, religioso...)

Percepção do risco

11

41

Conceitos de base

Sistema – conjunto de elementos

• Naturais

• Humanos, sociais, culturais

• Técnicos, materiais

• Financeiros, comerciais

em interacção.

Os elementos organizam-se para cumprir uma actividade com condições definidas: temporais, financeiras, ambientais, sanitárias, jurídicas, legais, morais...

42

Perigo ou Ameaça

Causa eficiente de um prejuízo potencial que pode atingir

as pessoas, as empresas, a sociedade, a natureza...

os bens, o ambiente...

Resultando numa Situação de Perigo, de Ameaça, de Risco

Estatuto de um sistema ou de uma actividade em presença de um perigo ou de uma ameaça

43

Face a uma situação perigosa

O RISCO é uma medida composta da

• Probabilidade de um acontecimento perigoso, e receado, com uma determinada magnitude de impacto

• Intensidade das consequências do evento (efeitos, danos, prejuízos...)

Definição convencionada (“objectiva” ou técnico-científica)

R = Probabilidade* • Consequências*

(nº de vítimas/ano, valor em euros/ano,...)

44

Probabilidade de ocorrência

Probabilidade de consequências

FrequênciaProbabilidades

Exposição

Valores em “risco”Agressão

(“Hazard”)

Cenário

Vulnerabilidade

Operador de perdas

Risco

Probabilidade condicionada

x

RISCO → CONSEQUÊNCIA EXPECTÁVEL

12

45

SISTEMA

ACTIVIDADE

(Estado de referência ER)

PERIGO

ContactoSituação perigosa

Pode implicar um desvio do ER

Acidente (desvio do ER com consequências negativas e significativas)

Incidente (desvio do ER sem consequências duradouras ou significativas)

Controlo do estado de referência (ER)

46

CENÁRIO DE UM ACIDENTE

Sequência (combinação) de eventos causadora (responsável) de um acidente

Compreende um processo causal desde um evento inicial (detonador) até ao estado final, transformado, mais ou menos profundamente, do estado de referência inicial.

Acidente – Desastre?

47

O RISCO COMPORTA...

• Eventos futuros “caracterizados” no presente (“futuros presentes”) – o risco termina quando se realiza

• Incerteza irredutível

– Quando vai acontecer – início dos eventos

– Como vai acontecer

A detonação da realização das situações de risco

O comportamento e resposta do sistema

– O que vai resultar – efeitos, consequências resultantes

• A proximidade temporal de um acontecimento não é imposta pela probabilidade da ocorrência

O risco não pode ser eliminado totalmente, logo tem de ser gerido.

I. of Civil Engineers, 1996

13

49

Gestão do Risco - Quadro de referência societal

• O risco residual pode ser nulo?

• O que são e quais são os riscos de uma actividade ou estado (situação)?

• São aceitáveis esses riscos?

• Como transformar esses riscos em riscos aceitáveis?

• Como garantir que os riscos residuais se mantêm aceitáveis?

50

Decisão

Sistema de gestão do risco

Mitigação do riscoAvaliação do risco

Análise do risco Apreciação dorisco

Redução decontrolo do risco

Resposta acrises

51

Decisão

Sistema de gestão do risco

Mitigação do riscoAvaliação do risco

Identificação deeventos perigosos

Análise dorisco

Redução decontrolo de risco

Resposta aorisco

Sistema de gestão do risco

Mitigação do riscoAvaliação do risco

Identificação deeventos perigosos

Análise dorisco

Redução decontrolo de risco

Resposta aorisco

Sistema de gestão do risco

Mitigação do riscoAvaliação do risco

Identificação deeventos perigosos

Análise dorisco

Redução decontrolo de risco

Resposta aorisco

Sistema de gestão do risco

Mitigação do riscoAvaliação do risco

Identificação deeventos perigosos

Análise dorisco

Redução decontrolo de risco

Resposta aorisco

Sistema de gestão do risco

Mitigação do riscoAvaliação do risco

Identificação deeventos perigosos

Análise dorisco

Redução decontrolo de risco

Resposta aorisco

Sistema de gestão do risco

Mitigação do riscoAvaliação do risco

Identificação deeventos perigosos

Análise dorisco

Redução decontrolo de risco

Resposta aorisco

Economia / FinançasGanhos e perdas

Projecto

QualidadeErros

Obraempreendimento

SegurançaConcretização de

objectivos

Protecção civil

Catástrofesacidentes

Gestão e planeamento de

recursos

Protecçãoambiental

DesenvolvimentoImpactes sociais

Políticagovernança

Participaçãodestino dasociedade

DecisãoDecisão

Decisão

Decisão

Decisão

52

Apreciação do risco

Critérios de aceitação/tolerabilidade

Legislação

Análise crítica

Orientação de decisões

Gestão do risco

Controlo e mitigação

DecisãoAvaliação do Risco

Ética

Lei

Políticaspúblicas

Comunicação do risco

Percepção pública

Análise do risco

Identificação do perigo

Selecção de cenários

Estimativa de probabilidades

Estimativa de vulnerabilidades

Consequências exp.

Estimativa do risco

Redução do risco

Prevenção

Protecção

Transferência/seguros

Planeamento de emergência

Planos de evacuação

Sistemas de aviso

Exercícios

Resposta a crise(pós acidente)

Acções de emergência

Evacuação

Alívio

Ajuda pós-desastre

14

53

Avaliação e análise do risco

54

“Tudo o que exista, existe em alguma quantidade e, portanto, pode ser medido”..

Lord Kelvin

5556

15

57 58

59 60

16

61 62

63

∑=

•=

iii C )A(P

iasConsequênc)A(PRISCO

i = cenários de acidente

Avaliação e Análise do Risco

Quantificação do Risco

64

Avaliação do Risco

• O que é que pode acontecer? ……………………. CENÁRIO

• Qual é a frequência de acontecer?....................... PROBABILIDADE

• Quais são as consequências?.............................. PERDAS

• É aceitável o risco obtido?

17

65

RISCO SOCIALMENTE ACEITÁVELRecentemente, tem vindo cada vez mais a ser considerado um critérios de aceitabilidade baseado em valores limite para o risco de um acidente, que a Sociedade aceitaria, em função das perdas estimadas em resultados desse acidente: é o conceito de Risco Socialmente Aceitável (RSA).Atendendo à importância que o número de vítimas humanas tem na apreciação do risco, os critérios de RSA são, em geral, baseados na NEV (exemplo: critério de ANCOLD).A analogia e comparação com diferentes situações é muito importante. Exemplo: a probabilidade de morte natural para os indivíduos do Ocidente (10 - 3 por ano para pessoas com idade inferior a 60 anos) é uma referência.

66

A Análise do Risco para quem está em exposição (potencial vítima)?

Ou para um decisor, “potencial vítima” do ónus da decisão?

Ou para ambos?

• Condutor• Cidadão / utente• Sociedade• Estado

A estrutura do modelo dependerá dos objectivos

67

E4

Sistema

Actividade

Perigo

Cenários de perigo

E1Situação perigosa

E2

E3

Controlo

Evento Detonador

S

FP

SP

ED

ER

Sequência de Eventos “Processo

Causal”

PC

AcidenteFactores de vulnerabilidade

FV

UM MODELO DO RISCO

68

S

Noite

P0

P1

P’1

SPiso molhado

P’0N

V**>v>v*

S

N

N

P2

P’2

Controlo

S

N

P3

P’3

ok

ColisãoC barreira

P4

P’4

S

N

Incidência crítica

S

N

P5

P’5

Trajectória sobre guarda

S P6

P’6N

Seq. 1

Colisão na guarda

S

N

P7

P’7

P8

P’8

S

N

Guarda resiste

S

N

Salta a guarda

P10

P’10

Seq. 2

ok

cai

S

N

P11

P’11

Seq. 3

Ameaça de queda

S

N

Seq. 4

P12

P’12 ok

okok

S

Colisão com outro veículo

N

P13

P’13S

P14

P’14

N

Colisão na guarda

P8

P’8

S

N

Guarda resiste

S

N

Salta a guarda

P16

P’16

Seq.5

ok

cai

S

N

P17

P’17

Seq. 6

Ameaça de queda

S

N

Seq. 7

P18

P’18 ok

P15

P’15

PS1 PS2

PS3

PS4

PS5

PS6

PS7

ok

PS1 = P0 x P1 x P2 x P’3 x P4 x P5 x P6..............Risco de queda da ponte ≥ PS1+ PS2+ PS3+ PS4+ PS5+ PS6+ PS7

Árvore de eventos – Exemplo (queda de viatura de uma ponte a seguir a curva)desagregação de probabilidades

Velocidade

18

69

Avgoustis, Alexis - Quantifying the Safety Impacts of Intelligent Transportation Systems, 1999

Modelo de KUZNETSOV (1996)

Risco = S.A.K.E.

S = factor função de características independentes de velocidadeA = probabilidade de acidente (instantânea)K = factor de vulnerabilidade (velocidade)E = Exposição

[ ] [ ][ ][ ]vd1)30

vexp(1)vd.(cc.vunid.percR 2 +−−−+≈

A K E

70

Ventosfortes

Danificação de postes eléctricos

Corte de E. eléctrica

Máquinasparadas

Refrigeraçãoinop.

Corte de bombagens

Suspensão do abast. de água

Caixas registadorasinoperacionais

Mercadoriasesgotadas

Danos emcasas

Maréalta

Cheia

Danos na produçãopiscícola

Danos emautomóveis

Engarrafamentono trânsito

71 72

19

7374

CatástrofeCríticaSériaMarginal

“Aceitável“DesprezávelNão acção“

Improvável1 / 100 unid. tempo

Indesejável“Aceitável“DesprezávelRemota1 / 10 unid. tempo

“Indesejável“Aceitável“Ocasional 1 / unid. tempo

““Indesejável“Aceitávelse controlado

Provável10 / unid. de tempo

InaceitavelEliminado

TransferidoInaceitavelInaceitavel

IndesejávelDeve ser evitado

Controlo necessário

IndesejávelFrequente100 ocorrências / unid. tempo

Quase NulaProbabilidade

Consequência

Análise qualitativa – matriz do risco

75

Análise do

RISCO

- Quantitativa

- Qualitativa

Percepção social do risco

– Subjectiva

– Opinião pública

(domínio da psicologia social)

Confronto entre Análise do Risco Probabilístico e Percepção do Risco - desajustamento

76

Comportamento humano e percepção do risco

20

77

Modelo de controlador psicológico de Riscos

Propensão para aceitar os riscos Compensações

Balanceadorcomportamental

“Acidentes”Percepção de

perigo

Filtros culturais

Adaptado de J. Adams, 2003 78Sartre 3

79Sartre 3

80

Factores que podem induzir a situações de perigo

Aba, 2005

21

81Aba, 2005

82Aba, 2005

83Aba, 2005 84Aba, 2005

22

85

SEGURANÇA E RISCO - PARTE II

Engenharia Civil e Ambiente

86

Apreciação e decisão

87 88

23

89 90

91

Rcal > RSA → Tomada de decisão↓

Testes↓

NE3

N - NecessidadeE - EficáciaE - EficiênciaE - Equidade

Barragem existente / Barragem com projecto → diferenças

Envolvem valores

92

AS CLS – Adjusted cost per statistical life saved

24

93

As Low As Reasonably Practicable - ALARP

(Adaptado de UK HSE, 1999)

?94

Adaptado de A. Desroches

Tolerável (ALARP)

Tolerável Tolerável

dos danos

95

10-9

10-8

10-7

10-6

10-5

10-4

10-3

Riscos inaceitáveis

Limite

Objectivo

Riscos aceitáveis

Zona onde os riscos devem ser tão baixos quanto o possível

Prob

abilid

aded

e ru

ptur

a po

r bar

rage

m e

por

an

o co

m n

úmer

o ex

pect

ável

de

vítim

as

N≥

N, número expectável de vítimas resultantesda ruptura da barragem

1 10 102 103 104

(ALARP)

Comunicação sobre o principio da precaução da Comissão (EC, 2000) –“PP – versão mais fraca”

“O recurso ao PP pressupõe que efeitos potencialmente perigosos resultantes de um fenómeno, produto ou processo foram identificados, e que a avaliação científica não permite que o risco seja determinado com o rigor suficiente. A implementação do princípio da precaução deveria começar com uma avaliação científica, tão completa quanto possível e quando possível, identificando em cada etapa o grau de incerteza científica”.

(EC, 2000, p.4)

25

Princípio da precaução

Defesa: A mera possibilidade de dano relevante é suficiente para evitar a aplicação de uma tecnologia – contra argumento: a não iutilização da tecnologia pode conduzir, também, a danos relevantes

PP: equivalente ao critério de Pascal para acreditar em Deus - quando o efeito é infinito, não interessa ser a probabilidade diminuta.

O PP é desnecessário: existe legislação que já prevê a intervenção se háperigo iminente:

- a compensação por responsabilização é eficaz

- a regulação existe para certos casos

Não se aceitam ou rejeitam riscos, no dia-a-dia.

Decidem-se acções alternativas

• Aceitável para cada indivíduo – aceitável socialmente

• Tecnologia aceitável

• se os benefícios tiverem vantagem sobre os riscos para todos os membros da sociedade

• Utilitarismo – “overall balance” custo-benefício (a distribuição não interessa)

• “Risk-benefit” “trade offs” – para cada membro da sociedade

• Objectivo – tecnologia – produzir conjuntos aceitáveis de consequênciaspara indivíduos tendo “valores razoáveis”

Princípios de decisão

Princípios éticos– Filosofias utilitárias (ignoram os efeitos distribuicionais)

– Filosofias de só risco

– Filosofia de benefício-risco

PERCEPÇÃO DO RISCO

Cada pessoa (indivíduo), ou uma comunidade no seu conjunto, tem uma noção subjectiva de risco, que envolve as noções de receito e de perigo, o grau de possibilidade de ocorrência do evento desfavorável e a avaliação de perdas ou prejuízos. Esta apreciação é o resultado de diversos factores de tipo cultural, e psicológico e envolve valores sociais que influenciam a postura de cada membro da comunidade perante a segurança e a incerteza da mesma no futuro.

26

A percepção do risco depende, a nível individual, da experiência vivida e da postura perante a vida e, ainda de factores tais como a idade, o sexo, a educação e a condição física e psicológica.

Risco e participação pública

Um risco pode ser considerado como inaceitável pela população pelo facto da decisão ter sido tomada sem uma consulta adequada às autoridades locais ao público ou pela não aceitação do risco futuro ou pela rejeição da proposta tenha como origem a ideia que as propostas do público tenham sido ignoradas durante o processo de decisão.

Uma outra razão pode ser a sensação de o processo de decisão não ter sido claro, justo ou transparente.

103ETSC, 2003 104

Mitigação do risco

Reduzir para metade o número de mortos em acidentes de viação no horizonte 2010

27

105

Caso de estudo – vale com barragem

EUCLIDES DA CUNHA DAM (1977)

28

ANÁLISE ESTATÍSTICA MUNDIAL DE ACIDENTES (1930-1992)

Taxas deRotura/(bar.)

(ano)

Número deBarragens em

Portugal( CNGB, 1992 )

IntervaloExpectável

entre Roturas(anos)

Gravidade 1,6 10-5 32 1953Arco 4,5 10-5 19 1169

Contrafortes 6,8 10-5 6 2450Terra 4,9 10-6 28 7288

Enrocamento 3,9 10-5 6 4273

Factores incidentesEventos inicializadores

Cenários

BarragemResposta do sistema

Ruptura de BarragemResultado crítico

Propagação e inundação do valeResposta do sistema vale

Cheia induzida

Vítimas humanasFactores de exposição e de vulnerabilidade

Danos materiais, ambientais e outros

Risco de ruptura de uma barragem.

Cadeia de causas-efeitos.

(Probabilidades condicionadas)

Quadro de Avaliação (do Risco)

Albufeira – Barragem Vale

R = Prob(1) . Prob(2) . Prob(3) . Prob (4) . D

DanosPerdas

Prob (4)Prob (3)Prob (2)Prob (1)Avaliação

T. de EvacuaçãoProcedimentos operacionais

Fundação

T. de AvisoInterno

Perdas Económicas Sociais Ambientais

Hora do diaS. de Aviso

Não roturaFissuração Instabilidade de taludes

Acidente a montante

Rotura (Brecha)

DeformaçãoOnda (deslizamento)

Identificação

Perda de vidasÉpoca do anoCheia

GalgamentoSismo

Externo

ConsequênciasExposição e Vulnerabilidade

ResultadoResposta do Sistema

Acontecimento Iniciador

Acção/CargaProb(1)

RespostaProb(2)

ResultadoProb(3)

ExposiçãoVulnerabilidade

Prob(4)Danos

Medidas

ZonamentoRestriçõesOcupação

Risco Tolerável

Sim

Não

Controlo e Mitigação

Apreciação

ReforçoEstrutural

ModificaçõesEstruturaisInspecções

NormasMonitorizaçãoInstrumentos

Monitorização Sistema de AvisoPlanos de Emergência

Risco R

29

Barragem rompe?

S

N

Barragem galgada

S

N

0,9999

0,1

0,1

0,01

0,99

Ocorre sismo

S

N

0,0001

0,9999

Análise do risco – exemplo (árvore de eventos) – Resposta da barragem

Probabilidade de rotura (por ano) de uma barragem

Caudal afluente?

>

Q cheia projecto

N>NMC?

S

N

N>Cota do coroamento?

S

N 0,99

Barragem rompe?

S

N

0,9

0,1

9 x 10-7

9,9 x 10-6

Erosões internas

S

N

0,0001

Ocorre deslizamento de

encosta

S

N

Barragem rompe?

S

N

8,9 x 10-6

Barragem rompe?

S

N

9,9 x 10-6

0,009

0,09

0,001

0,01

S

N

0,001

0,999

0,1

0,9

PR= 2,96 x 10-5

Ni

Nível na albufeira

S.Aviso

PR19x10-7 0,4

Época húmida

Fim de semana

Noite2/7

12/24Dia de semana

Época seca

0,6

5/7

12/24

NEV1iFV1

S

Vulnerabilidade

NPR = Nº de pessoas expostas ao risco

FV = Factor de vulnerabilidade(cidade, sáude, informação, evacuação, p. emergência...)

[ ] [ ] i11V3E2E1E1Ri xNPR...xFxxPxPPxPR =

ÁRVORE DE EXPOSIÇÃO E VULNERABILIDADES (VALE A JUSANTE)

Dia

Não

Sim

NEV = FV . NPR

Barragem Vale/exposição

Caracterização das zonas inundáveis

Estudo hidrodinâmico da cheia (onda de inundação)

CENÁRIOS DE RUPTURACONDIÇÕES INICIAIS

RESULTADOS

ÁREA INUNDADA (ESCALA)

ALTURA MÁXIMA (H)

VELOCIDADE MÁXIMA (V)

TEMPO DE CHEGADA DA ONDA

TEMPO DE OCORRÊNCIA DA ALTURA MÁXIMA

TEMPO DE PERMANÊNCIA DE ALTURAS ELEVADAS

PERIGOSIDADE HIDRÁULICA (H X V)

(VOLUME DE SEDIMENTOS / EROSÃO-DEPOSIÇÃO)

30

117

0 1 2 3 4 5 6 70,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Risco grave

Risco moderado

Velocidade (m/s)

Altura h(m)

Área indefinida

uh = 1 m/s2

b)

0 1 2 3 4 5 6 70,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Risco grave

Área indefinida

Risco moderado

Velocidade (m/s)

Altura h(m)uh = 1 m/s2

a)

0 1 2 3 4 5 6 70,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Risco grave

Risco moderado

Velocidade (m/s)

Altura h(m)

Área indefinida

uh = 1 m/s2

b)

0 1 2 3 4 5 6 70,0

0,5

1,0

1,5

2,0

Risco grave

Área indefinida

Risco moderado

Velocidade (m/s)

Altura h(m)uh = 1 m/s2

a)

SIG – ARC/INFO

DamInfoDamInfo -- GISGIS

DamAid: Interface for the GIS Component

31

121

Modelo numModelo numééricoricoÍÍndice de ndice de perigosidadeperigosidade dinâmicadinâmica

Low danger (0.1-0.5)m2/s

H. life danger (0.5-1.0)Building danger (1-5)High danger (>5)

122

Loss of life – low warning and zero warning (from US Bureau of Reclamation, 1989)

123

NPR – Número total de pessoas potencialmente em risco

• População residente + população flutuante ponderada nas áreas correspondentes às zonas inundáveis (mapas de inundação e cenários)

NEV – Número expectável de vítimas mortais

NEV < NPR NEV = α NPR α < 1

- Factores de exposição- Factores de vulnerabilidade

124

FUNNEMARK (1998)

[ ]'1)(1()1(NPRNEV α−β−+α−β=

α– factor de exposição e vulnerabilidade

β – Pessoas avisadas formalmente (%)

α’’– pessoas avisadas por vizinhos e que conseguiram sobreviver (%)

Aviso formal aviso informal

AT α Factores de Ajustamento da S. Ideal (min) (S. ideal) Inverno Noite Caminhos de

fuga difíceis Desc. ou Inexist.

de p. de evac.

5 0,6 0,8 0 0,1 0,3

10 0,8 0,82 0,4 0,3 0,4

15 0,9 0,84 0,6 0,4 0,5

20 0,95 0,85 0,8 0,5 0,6

30 0,96 0,89 1 0,53 0,7

40 0,97 0,93 1 0,56 0,8

50 0,97 0,96 1 0,59 0,85

60 0,98 1 1 0,62 0,9

Valores de para uma situação de referência(adaptado de FUNNEMARK et al., 1998)

32

125

Bureau of Reclamation (1989)

Tempo de actuação útil TA = TC – TAV

TA < 15 min → NEV = 0,5 NPR

15 min < TA < 90 min → NEV = (NPR) 0,6

TA > 90 min → NEV = 0,0002 NPR

Recommended Fatality Rate for Estimating Loss of Life Resulting from Dam Failure with no Warning (W. Graham)

0 to 0.020.01LOW

0.03 to 0.350.15MEDIUM

0.30 to 1.000.75HIGH

Suggested RangeSuggested

Fatality RateFlood Severity

Effect of early warning on fatalities after a dam-break(in Plate, 1997, adapted from Von Thun, 1987)

The warning initiation time is probably the most important factor of the estimation of the loss of life.The availability of emergency action plans also influences when a dam failure warning would be initiated.Based on BROWN and GRAHAM, 1988, the following empirical equations are proposed for estimating the loss of life (LOL) when there is a warning system:- warning time is less than 15 minutes LOL = 0.5 (PAR);- warning time is between 15 and 20 minutes LOL = PAR0.6;- warning time is more than 90 minutes LOL = 0.0002 (PAR).Warning time used in the equations is defined as the elapsed time between the initiation of an official evacuation warning to the public and the arrival of the flood wave at PAR. In Figure 2.19 it is shown the positive effect of early warning on fatalities after a dam failure.

Presente

Risco Trajectórias de Mitigação do Risco

R1

R3

R2

Custo (euros)

Tempo (anos)

Um sistema de aviso contra um perigo reconhecido deverá possuir as seguintes características e potencialidades:

• obter informação sobre uma emergência iminente;• comunicar a informação aos que dela necessitam;• proporcionar decisões correctas e respostas ou reacções em

tempo oportuno.

Sistema de aviso

33

Sistema de aviso

• EFICAZ (nº de pessoas potencialmente protegidas- grau de protecção)

• ROBUSTO (grau de operacionalidade)

• CREDÍVEL (funcionar quando deve, sem falsos alarmes- grau de credibilidade)

Factores da mensagem de aviso - tendentes a melhorar a eficácia do sistema de aviso:

• A origem da mensagem deve ser bem identificada.• O perigo em causa deve ser bem identificado sem ambiguidade.• A mensagem deve incluir indicações sobre o que fazer para

incrementar a segurança ou diminuir a probabilidade de ocorrência de vítimas.

• A mensagem deverá identificar a localização do perigo e as zonas em perigo.

• Os avisos ao público deverão incluir o tempo disponível para a população se pôr a salvo.

• As mensagens repetitivas devem evitar inconsistências.• A mensagem deve ser elaborada com clareza, rigor e firmeza.

Sistemas de aviso

Factores do receptor da mensagem - tendentes a contribuir para uma adequada resposta à mensagem por parte do destinatário:

• Atributos físicos (distância, capacidade de audição, etc)• Atributos sociais

– Família e comunidade– Recursos económicos– Cultura– Actividade profissional– Estatuto social

• Atributos psicológicos– Conhecimento (dos perigos, dos planos de acção, etc)– Cognição ( optimismo, fatalismo, stress, etc)– Experiência

• Atributos fisiológicos– Deficiências físicas ou mentais

Sistema de aviso

B. Alqueva

Plano de emergência

(EDIA – LNEC)

34

11,5

22,5

3

3,54

4,55

Rur

al 1

City

of

Silv

es

Rur

al 2

City

of

Porti

mão

Dam break

Earthquake

Housing f ire

Floods

Big construct. f ailures (i.e. bridges)

Florest f ire

37,1

42,3

19,5

25,841

40,7

12,310,3

41,5

24,7

6,4

28,8

31,7

23,7

6,87,3

0 20 40 60 80 100

Rural 1

City of Silves

Rural 2

City of Portimão

not possible to occur very unlikely possible to occur

possible to occur very likely possible to occur

PROJECTO NATO PO-FLOODRISK (1994-2002)(IST, LNEC, EDP, INAG, SNBPC)

Primeiro trabalho de campo de percepção social do risco (barragens) alguma vez realizado em Portugal (L. Lima e D. Silva)

Rio Arade

134

Legislação - exemplos

A Directiva-Quadro da Água estabelece um sistema para coordenar as iniciativas a tomar pelos Estados-membros com vista a melhorar a protecção dos meios hídricos da Comunidade, de modo a promover o uso sustentável da água, proteger os ecossistemas aquáticos e os ecossistemas terrestres e zonas húmidas directamente associados e salvaguardar as futuras utilizações da água.A presente comunicação tem como objectivo analisar a legislação comunitária relativa àpoluição química das águas de superfície, em particular, os princípios, a estratégia de controlo da poluição e a forma de implementação desta estratégia estabelecidos nas Directivas pertinentes, nomeadamente as Directivas 76/464/CEE e suas Directivas-filhas e a Directiva 96/61/CE (IPPC). É analisada a forma como as normas estipuladas nestas Directivas são integradas na Directiva-Quadro da Água e na proposta de Decisão do Conselho e do Parlamento Europeu que estabelece a lista de substâncias prioritárias no domínio da Política da Água, que constituirá o Anexo X da referida Directiva-Quadro da Água. Analisa-se também a forma como os mecanismos estabelecidos pela Directiva-Quadro da Água irão contribuir para a protecção das águas marinhas.

35

CIVIL PROTECTION

Flood risk managementGiven the risks to health, economic assets and the environment, the Commission analyses the measures already taken and proposes an action programme on flood prevention, protection and mitigation.

ACTCommission Communication of 12 July 2004 "Flood risk management - flood prevention, protection and mitigation" [COM(2004) 472 - Not published in the Official Journal].

This action plan would include in particular:• improving cooperation and coordination between Member States through the

development and implementation of flood risk management plans for each adversely affected river basin and coastal zone;

• development and implementation of flood risk maps by the Member States; • improving information exchange, sharing of experiences, and the coordinated

development and promotion of best practices; these measures would in particular fall within the area of responsibility of the Commission;

• developing stronger linkages between the research community and the authorities responsible for flood management;

• improving coordination between the relevant Community policies; • increasing awareness of flood risks through wider stakeholder participation and more

effective communication.

Directiva 82/501/CEE do Conselho, de 24 de Junho de 1982, relativa aos riscos de acidentes graves de certas actividades industriais

Jornal Oficial nº L 230 de 05/08/1982 p. 0001 - 0018Edição especial finlandesa: Capítulo 15 Fascículo 4 p. 0023 Edição especial espanhola: Capítulo 15 Fascículo 3 p. 0228 Edição especial sueca: Capítulo 15 Fascículo 4 p. 0023 Edição especial portuguesa: Capítulo 15 Fascículo 3 p. 0228

PLANO NACIONAL DA POLÍTICA DE AMBIENTE,

Cheias, secas ou sismos são os exemplos mais tradicionais de desastres naturais que afectam o nosso território. Acidentes industriais radiações ionizantes ou ruptura de barragens são exemplos de desastres directa ou indirectamente induzidos pelo homem.Naturalmente, as fronteiras entre estes tipos de ocorrências nem sempre são bem definidas. Uma cheia de amplitude excepcional pode ocasionar a ruptura de uma barragem insuficientemente dimensionada, não sendo possível destrinçar de forma inequívoca o desastre natural do induzido pelo homem.

A) Catástrofes Naturais

Embora com vulnerabilidades diferentes, todas as regiões, estão sujeitas, em maior ou menor grau, à ocorrência de desastres naturais que constituem, ainda hoje, uma séria ameaça para todas as sociedades humanas com as perdas de vidas, as alterações ambientais e os prejuízos materiais avultados que lhes estão associados.

36

B) Desertificação

A desertificação, processo de degradação pela qual as terras produtivas perdem, total ou parcialmente, o seu potencial produtivo, é um problema que preocupa um grande número de países e de instituições sociais e científicas dado o seu impacte e efeito catastrófico em muitas regiões do Globo.

C) Radioactividade

No âmbito da protecção contra radiações a caracterização da radioactividade ambiente em Portugal e a avaliação das doses para a população portuguesa terão de ser preocupações dominantes.No que se refere à radioactividade ambiente, dever-se-ão ter em atenção os aspectos relacionados com a poluição radioactiva, por um lado, e com a radioactividade natural, por outro.A poluição radioactiva pode ter origem no estrangeiro ou no País.

Quanto à radioactividade natural a caracterização da situação nacional, nomeadamente no que se refere ao radão, à radiação gama e àradioactividade das águas reveste-se de particular acuidade, o seu estudo e, eventualmente, propor-se a adopção de medidas correctivas.

D) Acidentes Graves

Consideram-se acidentes graves os desastres ambientais induzidos pelo homem, com especial destaque para os acidentes industriais graves, para os derrames de hidrocarbonetos e para a ruptura de barragens. Os acidentes relativos a resíduos perigosos são abordados no capítulo 3.4.

O órgão técnico nacional competente para a aplicação do normativo europeu nesta matéria é a Autoridade Técnica de Riscos Industriais Graves (ATRIG), presidida pelo Director Geral do Ambiente e que integra representantes de diversos organismos. A ATRIG delibera em reunião plenária, funcionando por grupos de trabalho internos, para apreciação de Notificações da Segurança submetidas pelos industriais nos termos da legislação em vigor, para análise de acidentes, para elaboração de propostas de legislação e para outras tarefas especificas que a lei lhe comete.

Finalmente, a ruptura de barragens deve ser considerada como um dos acidentes graves induzidos pelo homem.

As características acentuadamente mediterrânicas do nosso clima tornam necessária a existência de numerosas barragens de forma a regularizar as afluências e aumentar assim as disponibilidades hídricas. A existência destas barragens constitui, naturalmente, um factor de risco que deve ser tomado em conta, sobretudo quando existem populações a jusante que possam ser afectadas por um acidente.

37

A) Catástrofes Naturais

Prevenção e Controlo ou Mitigação de Sismos e de outras Catástrofes Naturais

– Desenvolvimento e sistematização de estudos relativos à ocorrência de sismos e de outras catástrofes naturais;

– Identificação das zonas vulneráveis à ocorrência de sismos;

– Preparação e implementação, em articulação com o Sistema Nacional de Protecção Civil, de medidas para fazer face à ocorrência de sismos;

– Identificação das zonas sujeitas à ocorrência de outras catástrofes naturais, designadamente valores externos de agitação marítima, tsunamis e ocorrência de ventos ciclónicos;

– Preparação e implementação, em articulação com o Sistema Nacional de Protecção Civil, de medidas para fazer face à ocorrência dessas catástrofes naturais e de planos de actuação em situação de desastre, incluindo informação e formação da população;

– Reforço da participação portuguesa nas iniciativas no Decénio Internacional de Prevenção de Catástrofes Naturais.

A) Catástrofes Naturais

Caracterização de zonas vulneráveis à desertificação

– Desenvolvimento de estudos que permitam um melhor conhecimento dos mecanismos que contribuem para os processos de desertificação em Portugal;

– Identificação de zonas vulneráveis à desertificação mas ainda não degradadas, de zonas que iniciaram o processo de desertificação e de zonas claramente desertificadas;

– Análise das componentes pedológicas bióticas e antropogénicas dos processos de desertificação em Portugal e dos contextos sócio-económicos que os propiciam.

SITUAÇÕES DE RISCO E PROTECÇÃO CIVIL

O Ciclo dos Desastres e a Protecção Civil

Em sociedades ainda não totalmente estruturadas o ciclo dos desastres aparece invertido, surgindo o planeamento não como etapa prévia determinante na mitigação dos acidentes ou calamidades, mas como uma fase pós-desastre, como reforço da sociedade, numa tentativa de evitar a repetição das situações catastróficas.

A preparação da sociedade, para a qual o Plano Nacional da Água pode contribuir significativamente, reduz as vulnerabilidades (elementos em risco) e assim os impactos negativos, ou a gravidade das consequências das catástrofes.

Os riscos relevantes para o Plano Nacional da Água relacionam-se com o excesso e com a escassez de água para abastecimento público, e sua contaminação, e inerentes impactos na sociedade, ou seja, as cheias, secas e acidentes de poluição, entendidos estes últimos como acidentes de contaminação dos recursos hídricos que ponham em causa a vida de pessoas e do ecossistema, quer por ingestão directa ou por contaminação da cadeia alimentar, quer por contacto directo com a água.

38

Riscos e Vulnerabilidades de Secas, Cheias e Acidentes de Poluição em PortugalContinental na Óptica da ProtecçãoDos Riscos às Vulnerabilidades

As funções dos novos espaços urbanos foram determinadas essencialmente por lógicas de interesses nem sempre sustentáveis.Esta “evolução” do ordenamento do território teve como consequência que os efeitos produzidos pelas situações e fenómenos meteorológicos extremos se alteraram e modificaram o conhecimento dos riscos e vulnerabilidades existentes. A dependência da água aumentou muito e distribuiu-se diferentemente pelo território. Culturas agrícolas, pecuária e, sobretudo, o abastecimento público de água em quantidade e qualidade ficam extremamente vulneráveis.

Cheias e InundaçõesCheias, Inundações e Protecção CivilAs cheias são fenómenos naturais extremos e temporários, provocados por precipitações moderadas e permanentes ou por precipitações repentinas e de elevada intensidade. Este excesso de precipitação faz aumentar o caudal dos cursos de água, originando o extravase do leito normal e a inundação das margens e áreas circunvizinhas.

Factor essencial para o alerta das autoridades, aviso das populações e preparação das acções de socorro é o tempo que medeia a previsão de uma inundação e a sua concretização.

Vulnerabilidade às CheiasPara um correcto planeamento torna-se indispensável identificar quais as principais vulnerabilidadesexistentes em cada bacia hidrográfica face ao risco de cheia. Efectuou-se recentemente um levantamento no continente dessas vulnerabilidades com base nos efeitos de cheias anteriores, que incluem já as do ano hidrológico de 2000/2001. Este levantamento destingue os diversos elementos em risco, desde as povoações afectadas, por isolamento ou inundação, com indicação do tipo de edifícios afectados neste último caso (habitações, estabelecimentos comerciais e industriais), às zonas agrícolas e agro-pecuárias, infra-estruturas e equipamentos diversos.

Autoridade e Serviços de Protecção Civil

Os Serviços de Protecção Civil orientam e coordenam, aos diversos níveis (Nacional, Regional/Distrital e Municipal), as actividades de protecção civil.O Serviço Nacional de Protecção Civil (SNPC) integra 18 delegações distritais (os Serviços Regionais são autónomos). Os Serviços Municipais de Protecção Civil são dependentes das Câmaras Municipais.

Proposta alterada de DECISÃO DO CONSELHO que cria um programa de acção comunitário no domínio da protecção civil

Considerando que as acções empreendidas pela Comunidade em aplicação do programa irão contribuir para a protecção das pessoas, do ambiente e dos bens no caso de catástrofes naturais ou tecnológicas e para uma relação mais racional com a natureza, que permitirá, de futuro, evitar muitas catástrofes, entre as quais as inundações;

Proposta deDECISÃO DO CONSELHO

que estabelece um mecanismo comunitário para a coordenação da intervenção da protecção civil em casos de emergência

39

COMUNICAÇÃO DA COMISSÃO AO CONSELHO,AO PARLAMENTO EUROPEU, AO COMITÉ ECONÓMICO E

SOCIAL EUROPEU E AO COMITÉ DAS REGIÕES

Gestão dos riscos de inundaçãoProtecção contra as cheias e inundações, sua prevenção e mitigação

INTRODUÇÃOEntre 1998 e 2002, mais de 100 cheias provocaram na Europa grandes prejuízos, nelas se incluindo as cheias catastróficas dos rios Elba e Danúbio em 2002. Desde 1998, as cheias causaram cerca de 700 vítimas, o desalojamento de cerca de meio milhão de pessoas e prejuízos económicos cobertos por seguros que ascenderam, pelo menos, a 25 mil milhões de euros.Os activos expostos aos riscos de inundações podem ser enormes. Por exemplo, mais de 10 milhões de pessoas vivem nas zonas de risco de inundações extremas ao longo do Reno, ascendendo os danos potenciais delas decorrentes a 165 mil milhões de euros. As zonas costeiras estão também expostas aos riscos de inundações. Na Europa, o valor total dosactivos económicos localizados a 500 metros da costa, incluindo praias, terras agrícolas e instalações industriais, está actualmente estimado entre 500 e 1000 milhares de milhões de euros.

154

Considerações finais

155

1

0

RSARS1

RS2

RS3Domínio de gestão do risco

Prevenção, precaução, mitigação

Domínio de gestão segurança

Prevenção, precaução

Consequências (NEV, €, ...)

Pro

babi

lidad

e

Ignorância

Repulsa

Impotência

Zona interdita

Potenciais grandes catástrofes

“Azares ou sortes da vida”

RSA – risco socialmente aceitável

Catástrofes voluntárias?

156

Risco no futuro

Risco no futuro

Risco no futuro

Risco no futuro

Melhoria das medidas de prevenção

Melhoria do sistema de aviso e da informação

Mudança climáticaDeterioração da barragemDeterioração dos planos de emergência

Desenvolvimento dos valesMais poplulação em risco

Risco no presente

Futuro incerto Probabilidade

Con

sequ

ênci

as

40

157

Estado de saúde• Estado de referência em que as funções orgânicas, física e mentais do

indivíduo decorrem com normalidade – Condição do que está são (Dic. A. das C., p. 3 349)

Estado de segurança• Situação em que não há qualquer perigo a temer (Dic. A. das C.,

p. 3 367)

Estado do risco• Situação de perigo possível ou previsível ou possibilidade de

inconveniente (Dic. A. das C., p. 3 264)

Segurança ↔ Risco

158

Gestão da

SEGURANÇA

Acções para a diminuição de probabilidades de ocorrência de situações perigosas

PRINCIPIO DA PRECAUÇÃO

Pressão da opinião publica

Gestão do

RISCO

Avaliação, controlo e mitigação -diminuição de probabilidades e consequências para manter o risco socialmente “aceitável ou tolerável”

159

• O controlo de factores de vulnerabilidade (pessoal) dominantes é um dos objectivos das entidades reguladoras e que devem orientar as decisões e opções incidindo nas fases do antes, durante e depois e após desastres.

• Disciplina e flexibilidade ao erro (humano) devem ser conciliadas na óptica do cidadão.

• Muitos acidentes/desastres poderão e deverão ser evitados. O conhecimento, investigação, inquérito minucioso de casos reais é um caminho a desenvolver mais e melhor.

• A gestão do risco envolve decisões e atitudes, políticas institucionais e individuais (quotidiano), o que nem sempre é positivo.

160

Fim de viagem

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