segu

4
MAS NÃO PRECISA NEM PENSAR or uma questão didática fazemos várias divisões da Ergonomia, uma destas é a divisão entre Ergonomia Cognitiva e Ergonomia Física. No entanto, quando avaliamos um posto de trabalho não encontramos esta divisão, no máximo vamos ter posto de trabalho com maior ênfase na questão física ou maior ênfase na mental. Ahhh Professor tem serviço que nem precisa pensar para fazer! Ok, meu filho, então vamos a um exemplo. Imagine uma trabalhadora de uma linha de produção que insere um determinado componente em uma placa eletrônica, aparentemente bem simples e sem nenhuma carga mental que devesse ser levada em consideração na nossa análise ergonômica. Pois bem esta trabalhadora irá pegar o componente e precisará avaliá-lo rapidamente para verificar se não há falha na peça, ou seja, irá receber uma informação, identificar e interpretar esta informação, elaborar possíveis respostas a esta informação, escolher a ação mais adequada e por fim realizar a ação. Sem esquecer que isto tudo esta sendo realizado com a esteira em movimento. E olha que eu falei em um só componente e apenas uma análise. Em paralelo o ambiente pode ser ruidoso e um pouco quente, o que talvez não vá lhe deixar doente, mas pode lhe tirar a concentração para a sua tarefa. Além disso, ontem esta trabalhadora discutiu com a colega de trabalho que fica bem ao seu lado e o seu chefe vive lhe pressionando em função dela estar tendo dificuldade de alcançar sua meta diária de produção. Para completar, sua cadeira está com o encosto quebrado e almofada do assento está bem gasta. Acho que deve ter ficado claro que todos estes fatores irão influenciar na carga de trabalho. Mas é claro que a capacidade de resposta da nossa trabalhadora a esta situação vai depender de fatores pessoais como idade, grau de saúde, nível de experiência na tarefa e além de outros fatores, de sua própria personalidade. Mas também não podemos esquecer de fatores externos ao trabalho, como doenças não relacionadas ao trabalho e problemas financeiros ou familiares. Concluindo, para qualquer que seja a atividade teremos problemas relacionados a hoje ainda pouco conhecida Ergonomia Cognitiva que cada vez mais precisaremos dar mais atenção. Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho. m livro que não é diretamente sobre Ergonomia, mas todo ergonomista devia ler, o clássico “Estudo de Movimentos e de Tempos: projeto e medida do trabalho” do autor Ralph M. Barnes, e digo mais, depois de ler deveria dar de presente para o gestor da produção. Pois se cada gestor tivesse o conhecimento exposto neste livro teríamos empresas mais produtivas e com menos problemas de Ergonomia. Sua primeira publicação é de 1968, mas continua com temas atualizadíssimos. Um trecho interessante é sobre o treinamento dos trabalhadores, veja abaixo, com alguns comentários meus: c) Durante dez ciclos, o treinador explicou e executou vagarosamente cada um dos “obter” e “colocar” na operação. A explicação consistia em dizer ao operador onde os olhos eram usados, que dedos eram empregados para obterem diversas partes e como as partes eram colocadas juntas (M.S. Lógico que nesta etapa entrar o ergonomista para avaliar se os movimentos passados estão adequados). 4) O operador sentou-se no local de trabalho, e o treinador pediu-lhe que executasse a operação vagarosamente no primeiro e segundo dias. Foi dito a ele que, de início, a produção não era importante – que era mais importante ele aprender o método correto e que a velocidade viria naturalmente, com o tempo (M.S. Este trecho é fundamental, pois se o operador inicia sua atividade com um vício postural, tipo antecipar-se à esteira flexionando o tronco, ou seja, levando o corpo à frente. No futuro pode apresentar algum problema muscular decorrente desta postura inadequada, em função de a empresa não dar a importância adequada para o treinamento inicial do trabalhador). Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho. LIVRO IMPERDÍVEL Boa Leitura! Contatos: www.jornalsegurito.com Jornal Segurito jornalsegurito@bol.com.br O primeiro livro é para quem está começando na área da Ergonomia ou que precisa dar uma revisada na NR 17, e é isto que você deve esperar do livro Ergonomia Interpretando a NR 17 do Prof. Alexandre, uma leitura clara e objetiva desta norma. E o segundo livro, que apesar de ainda não ter lido e estar ansioso esperando, é o lançamento do Prof. Hudson de Araújo Couto que sempre escreve excelentes materiais. Prezados Prevencionistas, Nesta edição a ergonomia tá no ar, mas não apenas nos músculos e nos esforços decorrentes das máquinas, mas também na mente e na organização do trabalho. Então pare um pouco com as horas extras, faça uma breve pausa, ou melhor, estabeleça um tempo de redução de fadiga, desligue o som, ligue as luminárias e relaxe. Prof. Mário Sobral Jr. Mensagem ao Leitor P Ergonomia – Interpretando a NR 17 Ed. LTr - Alexandre Pinto da Silva Manaus, Maio 2014 – Edição 92 – Ano 8 Periódico Para Rir e Aprender U PIADINHAS - Minha senhora eu não posso atender seu filho. Sou pediatra e ele já deve ter uns 17 anos. - Mas doutor, quando eu entrei na fila ele ainda ia completar três anos. - Ontem enlouqueci minha mulher na cama. - O que você fez, uma nova posição? - Não, sem querer, chamei ela com o nome da vizinha. Não importa a distância, chinelo que a mãe taca, sempre acerta. Eu durmo tão cedo e acordo tão cedo que quase estou cruzando comigo no corredor. Ergonomia do Corpo e do Cérebro no Trabalho – Ed. Ergo – Hudson Couto

Upload: mario-sobral-jr

Post on 19-Jan-2016

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

MAS NÃO PRECISA NEM PENSAR

or uma questão didática fazemos várias divisões da Ergonomia, uma destas é a divisão entre Ergonomia Cognitiva e Ergonomia Física. No entanto, quando avaliamos um posto de trabalho não encontramos esta divisão, no máximo vamos ter posto de trabalho com maior ênfase na questão física ou maior ênfase na mental. Ahhh Professor tem serviço que nem precisa pensar para fazer! Ok, meu filho, então vamos a um exemplo. Imagine uma trabalhadora de uma linha de produção que insere um determinado componente em uma placa eletrônica, aparentemente bem simples e sem nenhuma carga mental que devesse ser levada em consideração na nossa análise ergonômica. Pois bem esta trabalhadora irá pegar o componente e precisará avaliá-lo rapidamente para verificar se não há falha na peça, ou seja, irá receber uma informação, identificar e interpretar esta informação, elaborar possíveis respostas a esta informação, escolher a ação mais adequada e por fim realizar a ação. Sem esquecer que isto tudo esta sendo realizado com a esteira em movimento. E olha que eu falei em um só componente e apenas uma análise. Em paralelo o ambiente pode ser ruidoso e um pouco quente, o que talvez não vá lhe deixar doente, mas pode lhe tirar a concentração para a sua tarefa. Além disso, ontem esta trabalhadora discutiu com a colega de trabalho que fica bem ao seu lado e o seu chefe vive lhe pressionando em função dela estar tendo dificuldade de alcançar sua meta diária de produção. Para completar, sua cadeira está com o encosto quebrado e almofada do assento está bem gasta. Acho que deve ter ficado claro que todos estes fatores irão influenciar na carga de trabalho. Mas é claro que a capacidade de resposta da nossa trabalhadora a esta situação vai depender de fatores pessoais como idade, grau de saúde, nível de experiência na tarefa e além de outros fatores, de sua própria personalidade. Mas também não podemos esquecer de fatores externos ao trabalho, como doenças não relacionadas ao trabalho e problemas financeiros ou familiares. Concluindo, para qualquer que seja a atividade teremos problemas relacionados a hoje ainda pouco conhecida Ergonomia Cognitiva que cada vez mais precisaremos dar mais atenção. Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

m livro que não é diretamente sobre Ergonomia, mas todo ergonomista devia ler, o clássico “Estudo de Movimentos e de Tempos: projeto e medida do trabalho” do autor Ralph M. Barnes, e digo mais, depois de ler deveria dar de presente para o gestor da produção. Pois se cada gestor tivesse o conhecimento exposto neste livro teríamos empresas mais produtivas e com menos problemas de Ergonomia. Sua primeira publicação é de 1968, mas continua com temas atualizadíssimos. Um trecho interessante é sobre o treinamento dos trabalhadores, veja abaixo, com alguns comentários meus: c) Durante dez ciclos, o treinador explicou e executou vagarosamente cada um dos “obter” e “colocar” na operação. A explicação consistia em dizer ao operador onde os olhos eram usados, que dedos eram empregados para obterem diversas partes e como as partes eram colocadas juntas (M.S. Lógico que nesta etapa entrar o ergonomista para avaliar se os movimentos passados estão adequados). 4) O operador sentou-se no local de trabalho, e o treinador pediu-lhe que executasse a operação vagarosamente no primeiro e segundo dias. Foi dito a ele que, de início, a produção não era importante – que era mais importante ele aprender o método correto e que a velocidade viria naturalmente, com o tempo (M.S. Este trecho é fundamental, pois se o operador inicia sua atividade com um vício postural, tipo antecipar-se à esteira flexionando o tronco, ou seja, levando o corpo à frente. No futuro pode apresentar algum problema muscular decorrente desta postura inadequada, em função de a empresa não dar a importância adequada para o treinamento inicial do trabalhador). Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

LIVRO IMPERDÍVEL

Boa

Leitura!

Contatos: www.jornalsegurito.com Jornal Segurito [email protected]

O primeiro livro é para quem está começando na área da Ergonomia ou que precisa dar uma revisada na NR 17, e é isto que você deve esperar do livro Ergonomia Interpretando a NR 17 do Prof. Alexandre, uma leitura clara e objetiva desta norma. E o segundo livro, que apesar de ainda não ter lido e estar ansioso esperando, é o lançamento do Prof. Hudson de Araújo Couto que sempre escreve excelentes materiais.

Prezados Prevencionistas,

Nesta edição a ergonomia tá no ar, mas não apenas nos músculos e nos esforços decorrentes das máquinas, mas também na mente e na organização do trabalho. Então pare um pouco com as horas extras, faça uma breve pausa, ou melhor, estabeleça um tempo de redução de fadiga, desligue o som, ligue as luminárias e relaxe.

Prof. Mário Sobral Jr.

Mensagem ao Leitor

P

Ergonomia – Interpretando a NR 17

Ed. LTr - Alexandre Pinto da Silva

Manaus, Maio 2014 – Edição 92 – Ano 8

Periódico Para Rir e Aprender

U

PIADINHAS

- Minha senhora eu não posso atender seu filho. Sou pediatra e ele já deve ter uns 17 anos. - Mas doutor, quando eu entrei na fila ele ainda ia completar três anos.

- Ontem enlouqueci minha mulher na cama. - O que você fez, uma nova posição? - Não, sem querer, chamei ela com o nome da vizinha.

Não importa a distância, chinelo que a mãe taca, sempre acerta.

Eu durmo tão cedo e acordo tão cedo que quase estou cruzando comigo no corredor.

Ergonomia do Corpo e do Cérebro no

Trabalho – Ed. Ergo – Hudson Couto

ecentemente o Jornal Segurito publicou um artigo com o título "Escolha suas armas" e ilustrou com uma imagem de armas de fogo o que chamou a atenção pelo apelo agressivo das armas de fogo. A segurança do trabalho e a ergonomia existem para promover a segurança do trabalhador, logo, parece um pouco antagônico falar de armas na promoção da salvaguarda da vida do trabalhador. Mas é comum utilizarmos o mesmo conceito, de guerra, em outras situações. Um dos livros mais importantes sobre estratégia empresarial é um tratado militar: A arte da guerra, de Sun Tzu, que narra como superar seus inimigos em uma situação de batalha. Batalha, guerra, armas, inimigo? Acredito que estamos usando termos equivocados e já obsoletos em uma sociedade tão desamparada socialmente. Precisamos alinhar nosso discurso com nossos objetivos de promover a qualidade de vida e segurança das pessoas. Richard Sennet em "O Artífice" explora as possibilidades humanas relacionadas ao trabalho, e apresenta já no início do livro uma característica do ser humano que deve ser levada em consideração: a capacidade de criar ferramentas. As ferramentas são utilizadas para melhorar a produtividade do ser humano, foi o seu desenvolvimento que promoveram a agricultura e a capacidade do homem permanecer e explorar o espaço sem a necessidade de precisar buscar alimento e abrigo em outras localidades. Em contrapartida não podemos também falar de competição dentro da empresa, em busca de conquista de espaços que projeta o aumento unilateral de poder de um departamento sobre o outro. Precisamos mostrar que temos ferramentas que contribuem, junto com as de outros setores e empresas, não só para a produtividade e conquista de metas, mas também para a manutenção da saúde e vida de seus colaboradores. Fonte: Marcelo Vicente Forestieri Fernandes,

Ergonomista, Proprietário da Tersso Design &

Ergonomia.

ocê já deve ter lido que não se deve elevar o braço acima da altura dos ombros, pois isto pode prejudicar o trabalhador. Mas você sabe o porquê? Com a leitura deste texto do professor Hudson Couto, do livro: Como Implantar Ergonomia na Empresa – A Prática dos Comitês de Ergonomia de 2002, você irá entender os motivos.

Acrômio Supraespinhoso

O ombro é uma das articulações mais complexas do organismo (talvez a mais complexa). Seus movimentos permitem ao indivíduo uma gama enorme de

FICA SÓ ENTRE NÓS

ue ninguém esteja me ouvindo, mas uma prática que esta ficando frequente nas empresas é a contratação de um fisioterapeuta para realizar um exame pré admissional para barrar a entrada de potenciais “futuros doentes”. O candidato a trabalhador faz um monte de movimentos, as famosas manobras, e é reprovado na entrada. Professor, mas isto é proibido, é discriminação! Sabe nada o inocente! Na verdade, esta avaliação é feita em conjunto com alguma prova, por exemplo, uma redação, e caso você não passe na análise física a empresa terá como dizer que o problema foi a sua redação. Mas porque as empresas fazem isso? Bem, algumas atividades são realmente mais exigentes até mesmo para trabalhadores 100% saudáveis, agora imagine para um trabalhador que tenha algum tipo de restrição física. Sim professor, mas eu entendo as empresas. Se elas não fizerem isto podem ter um futuro processo trabalhista. Entendo o argumento, mas se passarmos a utilizar esta análise militar, dos mais fortes, em breve vamos criar uma legião de desempregados. Imagine a situação daquele trabalhador que foi reprovado na “redação”, ele tem trinta anos, apenas o ensino médio e bem verdade é um analfabeto funcional. E agora, como tem um problema no ombro não tem como trabalhar em atividades que exijam

JORNAL SEGURITO

R

Q

PIADINHAS

V

carregamento de cargas e por não ter uma boa formação acadêmica não consegue outro tipo de trabalho. Mas lógico, como você lembrou, tem o lado da empresa também, se ela contratar o cara para carregar saca de cimento, em breve ele estará doente e em poucos meses, com razão, estará processando a empresa. Professor, já sei! A solução é investir em mecanismos que atenuem o esforço físico para que todos possam realizar o serviço. É meu filho, isto seria o ideal, mas por uma gestão deficiente e um elevado custo Brasil as empresas não veem com bons olhos este tipo de investimento. Ah, mas elas já ganham muito! Ok, acredito que sempre ganham menos do que a maioria pensa, pois há diversos encargos embutidos, mas é claro que ganham bem. O que muitos não percebem é que é este o objetivo da empresa (independente de concordarmos ou não, vivemos em um regime CAPITALISTA), ou seja, caso seja para ganhar pouco é melhor deixar o dinheiro investido em um banco. Agora complicou professor, o que a gente faz então? Não sei, vamos continuar tentando demonstrar para a empresa o retorno do investimento em segurança, mas temo que uma hora isto não será mais possível e realmente não sei o que faremos. Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de Segurança do Trabalho.

OTIMIZANDO NOSSA COMUNICAÇÃO

mudanças posturais e de ações técnicas. No entanto, todos os movimentos extremos do ombro somente podem ser feitos poucas vezes e contra pequena resistência. Caso contrário, poderão vir a sofrer por sobrecarga. Uma das estruturas mais sobrecarregadas é o músculo supraespinhoso, cuja função é especialmente delicada, ficando entre dois ossos (entre a cabeça do úmero e a extremidade do omoplata, denominada acrômio). Todas as vezes que um indivíduo faz um movimento de abertura dos braços (denominado abdução – reconhecido na linguagem leiga ou coloquial como asas abertas), acima de 60 graus, ou de flexão (deslocamento do braço para a frente do corpo), também acima de 60 graus, o músculo supraespinhoso fica preso entre os dois ossos, podendo sofrer compressão. Essa compressão é aliviada pela presença de uma bolsa articular – denominada bolsa subacromial – e também pela pouca duração do movimento – pois quando o ombro volta à posição neutra, o músculo deixa de ser comprimido. No entanto, conforme a repetitividade e duração desses movimentos, podem ocorrer compressões indevidas, com distúrbios biomecânicos significativos.

SOBRE OS OMBROS

Lista dos cinco motivos porque eu tenho preguiça: 1..........

Um homem bebendo sentado com a esposa diz: “Eu te amo”. A mulher pergunta: “ Isto é você ou já é o efeito da cerveja”. - Sou eu mesmo, mas não te mete na conversa que eu estou falando com a cerveja.

eletromiografia é uma técnica capaz de captar e quantificar os impulsos elétricos gerados pela contração muscular. Pode inclusive detectar o momento de início da fadiga muscular, sendo útil na ergonomia quando usado adequadamente. O que tem acontecido é que muitos profissionais que atuam com saúde ocupacional e que usam a eletromiografia, tem associado a fadiga muscular com a possibilidade de aparecimento de uma tendinite ou uma tenossinovite, o que a meu ver é equivocado, afinal, não existe (ou eu desconheço) estudos que evidenciem essa relação. Músculos e tendões, apesar de estarem ligados intimamente, são estruturas muito diferentes, por exemplo: o músculo tem a capacidade de contrair-se, o tendão não; o tipo de célula predominante em um é totalmente diferente do outro; o músculo possui uma irrigação muito maior que o tendão - o que em tese, poderia indicar que se o músculo entrou em fadiga, o tendão também já entrou, o que poderia favorecer uma inflamação - mas isso seria só “achismo”, pois existem outras variáveis a considerar; entre outras diferenças fisiológicas e funcionais. É comum associarmos a fadiga muscular à “fadiga tendínea”, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra, por exemplo, se você usar a eletromiografia para se determinar quantos componentes um operador de produção pode montar antes de seu músculo supraespinhoso entrar em fadiga, em nada isso vai ajudar se pensarmos em prevenção de LER/DORT, pois o principal problema o qual ele está propenso é uma tendinite ou uma tenossinovite do tendão do supraespinhoso, ou mesmo uma bursite e o grau de contração muscular, ou a força aplicada estimada pelo eletromiógrafo, está mais relacionada com a fadiga muscular - que também pode ser verificada pelo eletromiógrafo - do que com a “fadiga tendínea” ou com uma tendinite propriamente dita, uma vez que já entendemos que um é diferente do outro; e se fosse assim, pessoas que praticam academia, levantamento de peso, frequentemente apresentariam quadros de tendinite ou tenossinovite e isso não é tão comum. No caso do supraespinhoso, é mais interessante considerarmos fatores como o grau de amplitude de movimento, a frequência de realização de uma abdução do ombro, que pode estar ocasionando uma impactação desse tendão nos ossos do ombro, do que a força de contração propriamente dita, entretanto, não se pode esquecer que o tipo de contração, se estática ou dinâmica, essa sim pode interferir, e muito, em uma tendinite, mas isso são cenas para um próximo capítulo. Autor: Diego Pontes Nascimento -

Fisioterapeuta Especialista em Ergonomia e

Técnico em Segurança do Trabalho

Email: [email protected]

ógico que não é bem assim, mas as reclamações realizadas no ambulatório, que dependendo da empresa é um muro de lamentações, pode ser uma excelente ferramenta para ajudar o SESMT sobre os postos que devem ser priorizados quanto aos diversos problemas de saúde, dentre eles os ergonômicos.

Para utilizar bem esta ferramenta, basta mensalmente o setor de saúde realizar

As mensurações in vivo da pressão medidas a partir do núcleo pulposo na região lombar ajudaram a aumentar a compreensão das maneiras para reduzir a lesão do disco. As pressões discais maiores ocorrem a partir de atividades que combinam flexão para a frente e a necessidade de contração vigorosa da musculatura do tronco. Os dados produzidos por dois estudos separados são comparados na figura abaixo. Cada estudo mediu pressões in vivo de um núcleo pulposo lombar em um indivíduo de 70 kg durante posturas e atividades comuns. Ambos os estudos reforçam três pontos: (1) as pressões sobre o disco são grandes quando seguramos um peso em frente, especialmente com flexão do tronco; (2) levantar um peso com o joelho fletido exerce menor pressão ao disco lombar do que com o joelho estendido e (3) sentar-se em uma posição relaxada inclinada

o texto acima falamos da importância de utilizar as queixas como uma demanda para as análises ergonômicas. No entanto, é importante, essencial, necessário e inadiável, depois de ter identificado o setor da queixa, ir novamente ao posto de trabalho.

Estou falando isso, por que como já conhecemos os postos da empresa, supomos que já conhecemos o problema e acabamos não dando atenção para alguns

ELETROMIOGRAFIA E A LER

L

JORNAL SEGURITO

N

QUANTO MAIS RECLAMAM MELHOR!

A

casos. No entanto, devemos lembrar que as empresas são extremamente dinâmicas e pode ter sido instalado um novo dispositivo para o posto que teoricamente já conhecíamos ou na verdade o problema é por falta de manutenção ou quem sabe houve mudança da chefia, com perfil de chefe do chicote que está deixando todo mundo estressado e possibilitando maior incidência de problema ergonômico. Ou seja, não dá para fazer análise à distância, por mais que em algumas vezes, talvez você só vá rever um velho problema. Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de

Segurança do Trabalho.

uma planilha com o número de queixas por setor e por posto de trabalho, para que a partir desta demanda fique mais fácil iniciar as análises. Mas professor, tem uma galera que fica de “migué”!!! Pode ser até verdade que alguns colaboradores simulem o problema, mas não é a maioria. E a partir da formalização da queixa, será realizada uma investigação dos postos para verificar se realmente há nexo. Além disso, dependendo do tamanho da empresa e do número de queixas, nem sempre teremos profissionais suficientes no SESMT para realizar tantas análises ergonômicas. Utilizando a referida planilha, temos como priorizar os setores e os postos de trabalho com maior incidência e, pode ter certeza, dificilmente serão apenas de simulações. Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de

Segurança do Trabalho.

VAI OLHAR

para frente produz pressões discais maiores do que sentar-se ereto.

Fonte:Cinesiologia do Aparelho

Musculoesquelético Ed. Guanabara Koogan -

Donald Neumann

A FORÇA DO DISCO

FATIANDO O PEPINO

lha como é difícil esta história de trabalhar com Ergonomia. Como sabemos, medicina não é matemática e, algumas vezes, conseguir um diagnóstico sem que haja a possibilidade de discordância é uma missão quase impossível. Como assim professor, o senhor discorda do diagnóstico dos médicos? Não meu filho, nem posso, mas o que acontece é uma discordância entre eles mesmos. Isto ocorre, pois em alguns casos é bem complicado para o profissional de saúde saber realmente se o trabalhador está com uma lesão, ou está simulando ou se desenvolveu sintomas psicossomáticos sem lesão envolvida ou se a dor é apenas decorrente da fadiga do trabalho. E o pior é que em geral, com exceção daquele que está simulando, o trabalhador sente realmente dores. Além disso, até o momento eu estava falando da dificuldade do diagnóstico realizado por excelentes médicos, agora imagina o realizado por profissionais desqualificados, que também estão no mercado de trabalho. Sabe qual a consequência? Tratamentos inadequados, diagnósticos absurdos e no meio desta discordância, que por vezes ocorre entre o médico do trabalho, o perito do INSS e o médico assistencialista estão as empresas e os trabalhadores.

á empresas com tantos problemas biomecânicos que acabamos nos esquecendo de que a Ergonomia, além da parte física, de esforço estático, compressão mecânica, vibração e tantos outros problemas, tem de ser vista sobre as questões organizacionais e cognitivas. Lógico que, em geral, o primeiro passo acaba ficando na parte biomecânica mesmo, que apesar de depender de investimentos é a “mais fácil” de detectar e de resolver. No entanto, se não tivermos uma visão mais ampla, com o objetivo de avaliar a origem do problema, eles irão acabar retornando em nova versão ou talvez nem cheguem a nos abandonar, pois sua origem em boa parte das vezes é decorrente de um problema organizacional.

Podemos citar como problemas relacionados a organização o excesso de horas extras, o ritmo de trabalho sem a possibilidade de pausas para evitar a fadiga, número de trabalhadores insuficientes, premiação por produtividade, falta de material com posterior exigência de aumento do ritmo, não haver trabalhadores reservas para pausas ou para os casos de faltas ou de afastados e muito mais. Ou seja, para todas as situações citadas, ainda que tenhamos melhorado o posto de trabalho em relação às questões físicas, iremos aumentar a exigência do trabalhador por falhas organizacionais. E todas estas com soluções mais difíceis de serem implantadas, pois dependem do gestor ser convencido que seu atual planejamento pode estar equivocado. Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de

Segurança do Trabalho.

ocê já deve ter ouvido este comentário. No entanto, ainda que seja verdade, isto não significa que a trabalhadora grávida deixe de merecer uma atenção especial. A seguir vários argumentos para você ter uma atenção com a ergonomia dos postos de trabalho das futuras mamães. 1) Quando a trabalhadora está grávida há um aumento da frequência cardíaca e do consumo de oxigênio, diminuindo a capacidade do coração de adaptar-se ao esforço físico (DOCEP, 2002; MORRISEY, 1998); 2) Diminui o retorno venoso das pernas para o coração, devido à pressão do útero sobre as veias pélvicas, originando um aumento da pressão venosa sobre os membros inferiores (DOCEP, 2002; NESBITT, 1998; ACOG, 1977). Como consequência as pernas incham e aparecem as varizes, diminuindo a tolerância de pé prolongada, principalmente parada; 3) O tromboembolismo é mais frequente em mulheres grávidas, pois o estancamento do sangue, citado anteriormente, é um fator predisponente importante. Fatores como postura parada prolongada e áreas localizadas de compressão das pernas aumentam o risco de desenvolver coágulos sanguíneos (NESBITT, 1998); 4) O ganho de peso soma-se à carga de

FILOSOFANDO

“ELA ESTÁ GRÁVIDA, NÃO ESTÁ DOENTE!”

JORNAL SEGURITO

V

O

trabalho habitual podendo aumentar a sensação de fadiga (DOCEP, 2002); 5) Há o aumento do hormônio relaxina que permite a expansão do tecido conectivo e diminui a rigidez dos ligamentos nas articulações, para possibilitar a acomodação do tamanho crescente do feto. Consequentemente, as articulações tornam-se menos estáveis e mais suscetíveis a lesões, diminuindo a capacidade musculoesquelética de tolerar cargas (CHAVKIN, 1986; COVWC, 2000; MORRISSEY, 1998; OHCOW, 1998; PAUL ET AL, 1994; TAPP, 2000); 6) Aumento da lordose lombar que implica no aumento do trabalho dos músculos das costas para manter a postura equilibrada com consequente dor nas costas na postura de pé prolongada (COVWC, 2000; LOSH,1998; OHCOW, 1998; Tapp, 2000); 7) O aumento do abdômen reduz o alcance dos braços, podendo originar posturas inadequadas. 8) Por fim, a síndrome do túnel do carpo é um transtorno que aparece em 28% das mulheres grávidas (COVWC, 2000; Hagberg, 2002; Tapp,2000). Fonte: Texto baseado no livro: Requisitos ergonómicos para la protección de la maternidad en tareas con carga física - Lourdes Tortosa Latonda e Carlos García Molina - Instituto de Biomecánica de Valencia

Não basta ser pobre. Tem que falar: “Entra, só não repara na bagunça.

Dica de beleza: ande sempre com alguém mais feio.

Sua opinião é que nem comercial no Youtube, ignoro em cinco segundos.

Estes ouvem diversas versões, mas de forma bem humana, pegam para si aquelas que convergem com os seus interesses. Ou seja, é um “pepino” que não deveria ficar apenas na mão do médico. Mas professor, quem faz o diagnóstico não é o médico?

Com certeza, mas precisamos auxiliar o médico do trabalho com informações dos esforços do posto, do histórico do trabalhador, das mudanças no processo, etc. Ou seja, o pepino precisa ser fatiado entre o SESMT, o fisioterapeuta, o psicólogo, o profissional do RH e demais profissionais para realizar a tão conhecida multidisciplinariedade da ERGONOMIA. Autor: Mário Sobral Jr – Engenheiro de

Segurança do Trabalho.

MUDANÇA DE PARADIGMA

H