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São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão Autor: EDUARDO CELESTINO CORDEIRO MAIO DE 2014 Nº02 SEPLAN NOTASTECNICAS ´

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São Luís no

Desenvolv imento

Econômico do Maranhão

Auto r : EDUARDO CELESTINO CORDEIRO

M A I O D E 2 0 1 4 – N º 0 2

SEPLAN

NOTAS TECNICAS ´

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO LUÍS

EDIVALDO HOLANDA BRAGA JÚNIOR - PREFEITO

SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO (SEPLAN)

JOSÉ CURSINO RAPOSO MOREIRA - SECRETÁRIO

DEPARTAMENTO DA INFORMAÇÃO E INTELIGÊNCIA ECONÔMICA (DIIE)

LAURA REGINA CARNEIRO – COORDENADORA-GERAL

EDUARDO CELESTINO CORDEIRO – COORDENADOR DA ÁREA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS

ALINE SEREJO ROCHA - COLETORA

DEPARTAMENTO DA INFORMAÇÃO E INTELIGÊNCIA ECONÔMICA (DIIE)

END.: SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO – SEPLAN

RUA DO SOL, Nº 188 – CENTRO - SÃO LUÍS/MA - CEP.: 65.020-590

FONE: (98) 3212-3670 /3671/3674/3675 FAX: (98) 3212-3660

www.diie.com.br

[email protected]

Esta publicação tem por objetivo a divulgação de estudos desenvolvidos por pesquisadores do Departamento da Informação e Inteligência Econômica (DIIE), da Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento (SEPLAN). Seu conteúdo é de inteira responsabilidade do(s) autor(es), não expressando, necessariamente, o posicionamento da Prefeitura Municipal de São Luís (PMSL).

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

RESUMO

Esta nota técnica tem por objetivo apresentar, de forma sintética, uma caracterização do

município de São Luís, destacando sua importância na economia maranhense. Para

tanto, foi resgatado um pouco do histórico de como a capital desempenhou vários papéis

no curso da macroeconomia maranhense, bem como algumas condições atuais que lhe

garante destaque nas transformações econômicas em curso no estado.

1. HISTÓRICO

1.1 ECONOMIA

No decorrer da formação da cidade de São Luís, as atividades econômicas voltadas ao

mercado externo tiveram forte peso. Em grande medida, isso não se explica apenas

devido à função portuária que a capital desempenhou ao longo do tempo, mas também

por condições produzidas socialmente e que fizeram de São Luís a maior cidade do

estado, em termos populacionais e econômicos.

No Maranhão, desde meados de 1755, quando as culturas de algodão, de arroz e

especiarias representavam importantes fontes de divisas econômicas através das trocas

internacionais, São Luís desempenhou uma importante atuação na dinâmica

maranhense. Segundo TROVÃO (2008), o movimento econômico centrado nessa cidade

era algo em torno de 1 milhão de libras e cerca de 100 a 150 navios atracavam no porto

ludovicense, fazendo com que as exportações maranhense representassem um terço do

montante nacional.

Foram tempos economicamente prósperos, mas baseado na exploração de mão de obra

escrava, onde uma grande concentração populacional marcava o espaço da capital

maranhense:

O certo é que a grande lavoura e o trabalho escravo fizeram do Maranhão uma das áreas mais ricas do Brasil, tornando São Luís, com 30.000 habitantes em 1822, a quarta cidade brasileira, atrás apenas do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. No período entre 1820 e 1900 entraram tantos escravos africanos no Maranhão como em Pernambuco e na Bahia. Em 1882 estima-se que a população cativa era de 90.000 pessoas e a população livre de 85.000, menor que a primeira, totalizando 175.000 pessoas. (TROVÃO, 2008, p.12)

Entretanto, nas décadas finais do século XIX, a estagnação econômica se instalou de

forma mais acentuada após a abolição da escravatura. A decadência econômica só não

tomou proporções maiores, porque no mesmo período iniciou-se a instalação do parque

fabril em São Luís, que logrou crescimento expressivo nas primeiras décadas do séc. XX.

Não obstante, a atividade fabril ludovicense sofreu rápida decadência, sobretudo em

função da concorrência das indústrias do Sudeste.

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

1.2 DINÂMICA POPULACIONAL

A partir da década de 1960, várias alterações na estrutura fundiária do estado

induziram o êxodo rural da porção continental para a Ilha de Upaon-Açu, onde, além de

São Luís, também se encontravam os municípios de São José de Ribamar e Paço do

Lumiar – o município de Raposa viria a ser criado somente em 1994.

As três décadas que se seguiram foram marcadas pelo rápido crescimento populacional

da capital do estado, ao passo que novos investimentos eram dirigidos ao Maranhão,

com o objetivo de propiciar infraestruturas para viabilizar a implantação de grandes

projetos voltados à produção e venda de commodities. Data deste período, o Programa

Grande Carajás, projeto que materializou, dentre outras obras, a Estrada de Ferro

Carajás e o porto Ponta da Madeira, localizado em São Luís.

Conforme Gráfico 1, o total da população de São Luís aumentou 1.7 vezes, ao passar de

159 mil habitantes para 270 mil, portanto, um crescimento bem acima do apresentado

na década anterior.

Gráfico 1. Crescimento Populacional de São Luís entre 1940 a 1980.

Fonte: FSADU (2013).

E, como se pode observar no Gráfico 1, o crescimento populacional de São Luís repetiu o

desempenho de crescimento de 70% na década de 1970 a 1980, pois o número de

habitantes passou de 270 mil, em 1970, para 460 mil, no ano de 1980. Trata-se de um

período economicamente marcante, em função da “instalação de grandes capitais

industriais, como a ALUMAR (Alumínio do Maranhão S/A), consórcio firmado entre as

Empresas Billiton Metais S/A e Alcoa do Brasil S/A; a Companhia Vale do Rio Doce –

CVRD e a CELMAR (Celulose do Maranhão S/A)”, conforme Diniz (2007, p. 169).

Ainda segundo os dados do Gráfico 1, as décadas subsequente à de 1980 também

apresentaram um ritmo de crescimento populacional elevado para a capital

maranhense. Entre os anos de 1991 a 2010, a quantidade de pessoas residindo em São

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

Luís passou da faixa de 695 mil para a de 1 milhão de habitantes, tornando-a 13ª capital

mais populosa do Brasil, em 2010.

Todavia, para uma melhor noção da dinâmica populacional e econômica em questão,

convêm considerar a situação geográfica e a relação de São Luís com outros municípios

vizinhos – e, até mesmo, os distantes, em função de sua área de influência. Isso porque a

capital mantém fluxos diários de pessoas que vivem São José de Ribamar, Paço do

Lumiar e Raposa, todos situados na mesma ilha.

Em 2004, o Observatório das Metrópoles, classificou esse conjunto de município como

sendo um aglomerado com alto grau de integração, em comparação a outros do país. No

referido estudo, também foi mensurado o nível de integração de cada município à

dinâmica da aglomeração considerada. Os resultados para aglomeração de São Luís

foram espacializados no Mapa 1, encontrado nos anexos do referido estudo. É possível

observar que quanto mais próximo está um município de São Luís, classificado como

polo, maior o nível de integração dele com a dinâmica do aglomerado.

Mapa 1. Nível de integração dos municípios da aglomeração urbana de São Luís.

Fonte: Observatório das Metrópoles (2004, p.123).

1.3 REGIÃO METROPOLITANA DA GRANDE SÃO LUÍS – RMGSL

Em 1998, esses quatro municípios passaram a formar a Região Metropolitana da Grande

São Luís – RMGSL, o que pode ser entendido como uma tentativa de operacionalizar uma

integração política-administrativa para o espaço em pleno processo de conurbação.

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

Cinco anos depois, o município de Alcântara, situado na porção continental do estado,

também foi incorporado à RMGSL. A mais recente ampliação da Grande São Luís se deu

em 2013, quando os municípios de Bacabeira, Rosário e Santa Rita foram incluídos na

referida região institucional. O Mapa 2 aponta os municípios que compõem a Grande São

Luís, conforme as leis que os incorporaram à região e o respectivo ano de inclusão.

Mapa 2. Municípios integrantes da RMGSL.

Fonte: CORDEIRO (2014).

De fato, entre os anos de 1980 a 2010, dos cinco primeiros municípios que faziam parte

da Grande São Luís, apenas Alcântara apresentou um modesto incremento populacional,

em comparação aos demais. Já os municípios de São José de Ribamar, Paço do Lumiar e

Raposa, tiveram taxa de crescimento populacional acima de São Luís, entre os períodos

possíveis de comparação (Tabela 1).

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

Tabela 1. População total e taxa de crescimento dos municípios da RMGSL, 1980 a 20101.

Fonte: Censos do IBGE.

Segundo Oliveira et al. (2012), a maior parte do incremento populacional observado na

Grande São Luís se deu em função de migrações oriundas do próprio Maranhão. Entre os

anos de 1995 a 2000, 74% dos novos moradores da região eram provenientes de outros

municípios do estado, proporção que diminuiu para 69%, entre 2005 a 2010 (OLIVEIRA

et al., 2012). Não obstante, em 2010, o volume populacional concentrado nos quatro

municípios que formavam a RMGSL somava 1.331.181 habitantes (Tabela 1). Tal

número correspondia a cerca de 20% da população maranhense, cujo montante era de

6.574.789, segundo os dados do Censo de 2010 (IBGE, 2010).

Conforme os dados apresentados, São Luís responde pela maior parte daquela

concentração populacional, já que abriga 76% dos residentes da RMGSL. Outrossim, a

concentração econômica é ainda mais acentuada. Afinal, dados de 2011, relativos ao

Produto Interno Bruto (PIB) municipal, mostram que dos 22 bilhões produzidos na

região, São Luís participou com 94,7% do total, enquanto Alcântara 0,4%, Paço do

Lumiar 1,7%, Raposa 0,5% e São José de Ribamar 2,7% (Tabela 2).

Tabela 2. Produto Interno Bruto a preços correntes (Mil Reais), em 2011.

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.

1 Apenas em 2010 a população do município de Alcântara foi considerada para compor o somatório da Grande São Luís, pois sua inclusão formal na região se deu em 2003.

Município População residente Taxa de crescimento geométrico %

1980 1991 2000 2010 1980 - 1991 1991 – 2000 2000 – 2010

Alcântara 18.509 19.587 21.291 21.851 1 0,9 0,3

Paço do Lumiar 17.216 53.195 76.188 105.121 11 4,1 3,3

Raposa -- -- 17.088 26.327 -- -- 4,4

São José de Ribamar

32.309 70.571 107.384 163.045 7 4,8 4,3

São Luís 449.433 696.371 870.028 1.014.837 4 2,5 1,6

Grande São Luís* -- 820.137 1.070.688 1.331.181 -- 3,0 2,2

Unidade da Federação e Município

PIB Participação no PIB da RMGSL

(%)

Maranhão 45.255.942 --

Alcântara 91.169 0,4

Paço do Lumiar 364.895 1,7

Raposa 120.204 0,5

São José de Ribamar 596.770 2,7

São Luís 20.798.001 94,7

Total da RMGSL 21.971.039 100

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

Em relação à composição dos PIBs municipais, na Grande São Luís o setor de serviços foi

responsável por mais de 50% do Valor Adicionado Bruto (VAB) em cada uma das

localidades, tendo, portanto, forte peso na economia da região. Na capital do estado o

valor gerado foi de 12 bilhões de reais, correspondendo a 60% do seu PIB, enquanto em

São José de Ribamar e Paço do Lumiar os valores foram de 429 milhões e 257 milhões,

respectivamente.

Já em Raposa e Alcântara, o setor dos serviços também correspondeu a mais da metade

dos PIBs destes municípios, apesar dos volumes absolutos serem bem menor do que dos

demais municípios da região metropolitana, pois os valores gerados em 2011 foram,

respectivamente, de 49 e 66 milhões (Tabela 3).

Tabela 3. Valor Adicionado Bruto, segundo os setores de atividades e impostos sobre produtos, a preços correntes (valores em R$ 1.000). RMGSL, 2011.

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.

Quanto aos demais setores, a agropecuária teve maior peso econômico em Raposa e

Alcântara, pois gerou cerca de 31% do PIB municipal do primeiro e 25% do segundo

(Tabela 4). Em Paço do Lumiar e São José de Ribamar os valores gerados pela

agropecuária, quais sejam, de 29 milhões de reais no primeiro e de 20 milhões no caso

do segundo, são próximos das cifras totais de Alcântara e Raposa (Tabela 3), apesar de

representar apenas 8% e 3,5% de seus respectivos PIBs (Tabela 4). Este é o único setor

que o VAB de São Luís ficou abaixo dos outros quatro municípios.

Já o setor industrial produziu, em 2011, 4 bilhões de reais na capital maranhense, ou

seja, em torno de 25% do total gerado pelos três setores econômicos no município e

apenas 19,9% do PIB de São Luís. Em São José de Ribamar e Paço do Lumiar, o setor teve

pouco peso econômico, com participação de 16% nos PIBs desses municípios, o que

corresponde a cerca de 100 milhões de reais no primeiro e 61 milhões no segundo. Com

participação de 11,3% do PIB de Raposa e 13,5% do de Alcântara, a indústria também

teve pouca importância econômica nesses dois casos (Tabela 4).

Municípios

Impostos, líquidos de subsídios,

sobre produtos.

Total Agropecuária Indústria Serviços

Alcântara 5.790 85.379 23.400 12.343 49.636

Paço do Lumiar 16.997 347.897 29.138 61.462 257.297

Raposa 3.111 117.093 37.258 13.625 66.211

São José de Ribamar 45.922 550.848 20.649 100.482 429.717

São Luís 4.028.077 16.769.925 17.807 4.143.756 12.608.362

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

Tabela 4. Participação dos Impostos, Agropecuária, Industrial e Serviços na composição dos PIBs municipais da RMGSL, em porcentagem.

Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus – SUFRAMA.

Esses dados ilustram a alta disparidade e concentração econômica existentes na RMGSL,

além de indicar o papel desempenhado pela capital do estado no conjunto das

atividades. A espacialização da dinâmica de integração daí resultante foi apresentada no

REGIC 2007, ao se traçar a região de influência da Área de Concentração Populacional

(ACP)2 de São Luís (Mapa 3).

Mapa 3. Região de influência de São Luís, segundo o REGIC 2007.

Fonte: IBGE (2008)

Esta concentração econômica e a abrangência da região de influência de São Luís é um

resultado de vários processos históricos, mas alguns condicionantes espaciais também 2 Acerca desta denominação, o referido estudo traz a seguinte nota: “Para as cidades que constituem grandes aglomerações urbanas, a unidade de observação foi o conjunto da Área de Concentração de População - ACP ou de suas sub-áreas. As ACPs são definidas como grandes manchas urbanas de ocupação contínua, caracterizadas pelo tamanho e densidade da população, pelo grau de urbanização e pela coesão interna da área, dada pelos deslocamentos da população para trabalho ou estudo. As ACPs se desenvolvem ao redor de um ou mais núcleos urbanos, em caso de centros conurbados, assumindo o nome do município da capital, ou do município de maior população.” (IBGE, 2008, p.11).

Municípios Impostos

(%) Agropecuária

(%) Indústria

(%) Serviços

(%)

Alcântara 6,4 25,7 13,5 54,4

Paço do Lumiar 4,7 8,0 16,8 70,5

Raposa 2,6 31,0 11,3 55,1

São José de Ribamar 7,7 3,5 16,8 72,0

São Luís 19,4 0,1 19,9 60,6

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

ajudam a entendê-la. Uma condição importante é a localização privilegiada do porto

ludovicense para o mercado internacional, a qual tem sido aproveitada pelos setores de

exportação agrícola e mineral situado no Maranhão.

Composto pelo porto do Itaqui e dos terminais de uso privado Ponta da Madeira e

Alumar, o Complexo Portuário de São Luís é, conforme a Empresa Maranhense de

Administração Portuária (EMAP), o segundo maior do país em movimentação de carga.

De acordo com dados da EMAP, em 2012, mais de 133,5 milhões de toneladas foram

operadas nesse complexo. Em relação à movimentação de carga entre os anos de 2001 a

2012, nota-se o aumento expressivo do volume de cargas comercializadas no Complexo

Portuário de São Luís (Tabela 5).

Tabela 5. Movimentação total de cargas nos Portos organizados e Terminais de uso Privativo (TUP), por sentido, por tipo de navegação e por natureza de mercadoria. São

Luís – MA, 2001 e 2012.

Fonte: Adaptado de Mapa Socioeconômico de São Luís.

Ainda segundo a Tabela 5, percebe-se que a navegação de Longo Curso, isto é, a

realizada entre portos situados em diferentes países, representou, nos dois anos de

referência, a maioria absoluta do volume comercializado no Complexo Portuário de São

Luís. A fim de dimensionar a importância desse complexo portuário, vale a constatação

da 3ª edição da Pesquisa CNT do Transporte Marítimo, realizada pela Confederação

Nacional do Transporte:

Em 2011, o porto [do Itaqui] movimentou 13,9 milhões de toneladas (6,7 milhões de toneladas de granéis sólidos, 7,0 milhões de toneladas de granéis líquidos e 200 mil toneladas de carga geral), o que representa 4,5% de toda a movimentação dos portos organizados no Brasil, alcançando, além disso, a segunda maior movimentação de granéis líquidos entre os portos organizados, ficando atrás apenas do porto de Santos. (CNT, 2012, p.2)

Porto do

Itaqui

TUP Ponta

da Madeira

TUP

Alumar

Complexo

Itaqui

Porto do

Itaqui

TUP Ponta

da Madeira

TUP

Alumar

Complexo

Itaqui

Desembarque 3.904.902 0 3.877.457 7.782.359 8.015.457 0 10.172.037 18.187.494

Embarque 8.687.979 54.926.197 5.561.657 69.175.833 7.684.642 105.033.621 2.602.195 115.320.458

Longo Curso 9.823.460 54.150.357 5.733.884 69.707.701 12.770.456 104.861.266 3.883.714 121.515.436

Cabotagem 2.769.421 776.097 3.704.973 7.250.491 2.929.643 172.355 8.890.518 11.992.516

Granel Sólido 7.935.429 54.708.343 9.439.114 72.082.886 7.896.585 105.033.621 11.996.074 124.926.280

Granel Liquido 4.415.266 217.854 - 4.633.120 7.554.711 0 778.158 8.332.869

Carga Geral 242.186 - - 242.186 248.803 0 0 248.803

Embarcações 380 - - - 777 533 326 1.636

Total 12.592.881 54.926.454 9.438.857 76.958.192 15.700.099 105.033.621 12.774.232 133.507.952

Porto

2001 2012

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

Quando se observa a movimentação das principais mercadorias, nota-se que o setor

agropecuário e o de extração mineral respondem pela maior parte do volume

comercializado através da navegação de Longo Curso no referido complexo portuário.

Em 2012, por exemplo, o TUP Ponta da Madeira exportou 103.821.884 de toneladas de

minério de ferro para o exterior, enquanto o fluxo via navegação de cabotagem, isto é,

entre portos do Brasil, foi de apenas de 1.530.417 toneladas de manganês. O volume de

ferro gusa e de soja exportados via o porto de Itaqui foi de 4.659.048 toneladas, e o TUP

da Alumar exportou 2.493.588 toneladas de alumina e 34.860 de bauxita (Tabela 6).

Tabela 6. Movimentação das principais mercadorias nos Portos organizados e Terminais de uso Privativo, por tipo de navegação, em São Luís – MA, 2012.

Fonte: ANTAQ, disponibilizado em www.antaq.gov.br/ .

2. SÃO LUÍS E OS NOVOS INVESTIMENTOS NO MARANHÃO

Nos últimos dez anos, grandes investimentos têm sido planejados para serem instalados

no Maranhão, tanto pelo setor público, como privado. A Secretaria de Desenvolvimento

da Indústria e Comércio do Governo do Maranhão (SEDINC) identificou 68 grandes

projetos a serem implementados ou em execução no estado, entre os anos de 2010 a

2016, totalizando cerca de 120 bilhões de reais previstos (HOLANDA, 2013).

Do montante de investimentos previstos: 31% (R$ 37 bilhões) correspondem a

atividades petroquímicas; 29% ao segmento de logística (rodovias, duplicação da

Estrada de Ferro Carajás e ampliação das instalações portuárias); 13,7% com a geração

Porto/TUP de Origem Tipo de Navegação Grupo de MercadoriaQuantidade

(t)

Cabotagem  Manganes  1.530.417

Longo Curso  Minério de Ferro  103.821.884

Combustíveis e óleos minerais e produtos 5.168.264

Contêineres 13.255

Alumina 20.000

Coque de petróleo 189

Plasticos e suas obras  3

Produtos químicos orgânicos  12.965

Combustíveis e óleos minerais e produtos 17.454

Plasticos e suas obras  1

Alcool etilico  27.559

Alumínio e suas obras  54.603

Cobre, níquel, estanho, outros metais e suas obras  447.207

Contêineres  30.645

Ferro gusa  1.914.361

Manganes  44.888

Milho  526.471

Reatores, caldeiras, máquinas  236

Soja  2.744.687

Cabotagem  Alumina  73.747

Alumina  2.493.588

Bauxita  34.860

118.977.284

TUP AlumarLongo Curso 

Total

TUP Ponta da Madeira

Itaqui  

Cabotagem 

Interior

Longo Curso 

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

e distribuição de energia (Usina Hidrelétrica de Estreito, usinas termelétricas do Itaqui,

Energia Eólica, entre outros); 5,7% com a atividade de reflorestamento, papel e celulose;

0,8% em atividades do ramo de mineração e metalúrgica (Gráfico 2).

Gráfico 2. Investimentos em Andamento e Planejados no Estado do Maranhão (2010-2017), em % do Total.

Fonte: SEDINC-MA (apud HOLANDA, 2013).

Percebe-se, também, uma participação expressiva de investimentos do Governo Federal,

Estadual e Municipal, totalizando quase 16% do volume contabilizado. Segundo

relatório do próprio Governo Federal, entre os anos de 2011 a 2014, um montante de

17,71 bilhões de reais foi destinado ao Maranhão através da segunda etapa do Programa

de Aceleração do Crescimento, conhecida como PAC 2 (BRASIL, 2013). O relatório ainda

informa que outros 45,85 bilhões de reais estão previstos para serem aplicados depois

de 2014.

A distribuição geográfica destes investimentos abrange todas as regiões do Maranhão

(Mapa 4), no entanto, em relação ao porte financeiro, os maiores e em fase de

implantação situam-se na região Norte do Estado, sobretudo em São Luís e Bacabeira,

município que fica a 60 km do primeiro.

31,1

29,0

13,7

0,85,7

15,93,8

Petroquímica Logística

Geração e Distribuição de Energia Mínero Metalúrgica

Reflorestamento, Papel e Celulose Governo Federal, Estadual e Municipal

Outros

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Petroquímica Logística

Geração e Distribuição de Energia Mínero Metalúrgica

Reflorestamento, Papel e Celulose Governo Federal, Estadual e Municipal

Outros

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Mapa 4. Localização dos investimentos previstos e em andamento no Estado do Maranhão, de 2010 a 2016.

Fonte: Elaborado por Yata Anderson M., com base nos dados disponibilizados pela SEDINC-MA.

3. CONCLUSÃO

O relevante peso que São Luís apresentou na dinâmica econômica do Maranhão advém

do século XVIII e XIX, sobretudo quando as atividades de exportação agrícola foi

transformada em um grande negócio nesse território. Findado o primeiro auge da

produção agrícola voltada ao mercado externo, especialmente a de algodão, a capital

maranhense viveu o primórdio de sua história industrial, com a produção têxtil, que

entrou em decadência ainda no século XIX. Destes processos históricos, uma cidade

populosa foi se consolidando, inclusive emancipando-se em mais três municípios.

Situada em uma ilha compartilhada com São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa,

a cidade de São Luís mantém alta integração com estes municípios vizinhos. Os quatro

municípios foram os primeiro a compor a RMGSL, que, na verdade, trata-se de um

recorte territorial criado para “integrar a organização, o planejamento e a execução de

funções públicas de interesse comum” a este espaço urbano, tal como prevê o parágrafo

3º do Artigo 25 da Constituição Federal. Alcântara viria a ser incorporada à Grande São

Luís em 2003, mesmo tendo a baía de São Marcos como divisa da ilha onde se encontra

os demais municípios da região.

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A recente anexação de Bacabeira, Rosário e Santa Rita à RMGSL, em abril de 2013, torna

necessária a inclusão dos mesmos em análises futuras sobre a região. Contudo, no

presente estudo, optou-se por um exercício comparativo considerando a constituição

deste território instituído antes desta anexação.

Os dados quantitativos demonstram o grande peso demográfico e econômico que os

municípios da Ilha de Upaon-Açu exercem sobre o Maranhão. Todavia, quando a análise

se restringe apenas aos municípios da ilha e Alcântara – isto é, a composição da RMGSL

até o início de 2013 –, fica evidente a enorme concentração demográfica e, sobretudo,

econômica de São Luís sobre os demais municípios da região. Afinal, com 76% da

população residente na RMGSL em 2010, a capital maranhense também respondeu por

quase 95% de todo PIB produzido na região durante o ano de 2011.

Convém observar que, conforme os dados relacionados às movimentações portuárias

realizadas, São Luís é um grande exportador de soja, apesar de sua ínfima produção

agrícola. Isto é apenas um indicativo de sua ligação com as atividades econômicas

desenvolvidas fora de seu território – no caso, a produção de soja situada em vários

municípios do Maranhão, sobretudo os da Região Sul.

Esses dados ajudam a dimensionar a importância de São Luís no conjunto da economia

maranhense e explicar, mesmo que em parte, a abrangência estadual de sua região de

influência. E, com os novos blocos de grandes investimentos que recentemente têm sido

dirigidos ao Maranhão, esta importância estratégica tende a se acentuar, em vista da

concentração das atividades de serviços em São Luís e de sua posição e função portuária,

que lhe garante um papel estratégico no desenvolvimento da economia do estado.

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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DINIZ, Juarez Soares. As condições e contradições no espaço urbano de São Luís (MA): traços periféricos. In: Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007. Disponível em: http://www.nucleohumanidades.ufma.br/pastas/CHR/2007_1/juarez_diniz_v5_n1.pdf . Acesso em: abr. 2014.

Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da UFMA (FSADU). Relatório com dados socioeconômicos de São Luís – MA. Produto 1 do Acordo de Empréstimo nº 7578 – BR: “Implementação do Departamento da Informação e Inteligência Econômica com o desenho e instalação de portal socioeconômico, mediante a criação de mecanismos e instrumentos capazes de atualização, aperfeiçoamento e ampliação do ‘Mapa socioeconômico de São Luís’”. São Luís: FSADU, 2013. 114 p.

HOLANDA, Felipe de. Dinâmica da economia maranhense no período de 2000 a 2013. In: Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômico e Cartográfico – IMESC. Estudos Sobre a Economia Maranhense Contemporânea. Disponível em: www.imesc.ma.gov.br/docs/Livro_Conjuntura_Economica.pdf. Acesso em: abr. 2014.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Regiões de influência das cidades 2007. Rio de Janeiro, 2008.

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OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES. Análise das regiões Metropolitanas do Brasil. Relatório de atividade 1. Identificação dos espaços metropolitanos e construção de tipologias. 2004. Disponível em: http://www.observatoriodasmetropoles.ufrj.br/produtos/produto_mc_1.pdf. Acesso em: abr. 2014.

OLIVEIRA, Kleber Fernandes de; FUSCO, Wilson; LYRA, Maria Rejane; CUNHA, José Marcos Pinto da. As metrópoles nordestinas no processo migratório nacional: tendências e articulações espaciais. In: Anais do XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais:transformações na população brasileira: complexidades, incertezas e perspectivas,19 a 23 de novembro de 2012. Águas de Lindóia, SP: ABEP, 2012. Disponível em: http://www.abep.nepo.unicamp.br/xviii/anais/files/ST32[588]ABEP2012.pdf. Acesso em: abr. 2014.

Prefeitura Municipal de São Luís (PMSL). Mapa Socioeconômico de São Luís. Disponível em: www.mapasocieconomicoslz.com.br . Acesso em: 18 de abr. 2014.

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NOTA TÉCNICA Nº 02/ Maio. 2014 - São Luís no Desenvolvimento Econômico do Maranhão

TROVÃO, José Ribamar. O processo de ocupação do território maranhense. São Luís: IMESC, 2008. Disponível em: www.imesc.ma.gov.br/docs/CadernosIMESC5Trovao.pdf. Acesso em: 4 out. 2012.