santiago do iguape

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Santiago do Iguape Cachoeira/BA Produzido pela ProfªDrª Zelinda Barros, 2014.

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Page 1: Santiago Do Iguape

Santiago do IguapeCachoeira/BA

Produzido pela Profª Drª Zelinda Barros, 2014.

Page 2: Santiago Do Iguape

FONTE: http://www.mappingbahia.org/project/wp-content/uploads/2010/07/Reconcavo_Map.jpg

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Page 3: Santiago Do Iguape

Santiago do Iguape por

satélite

FONTE: Google Maps

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Page 4: Santiago Do Iguape

� A vila de Santiago do Iguape foi fundada por jesuítas por volta de

1561.

� Localizada na Bacia do Iguape, a 40 Km do município de

Cachoeira, no Recôncavo da Bahia e a 110 Km da cidade de

Salvador.

� O nome Iguape é de origem indígena e significa lugar existente no

seio d’água.

� O principal acesso à vila, até a década de 1960, era pelo rio

Paraguaçu. Depois, foi criada uma estrada de barro.

� A primeira capela foi construída nas terras de Antônio Lopes

Ulhoa, proprietário do Engenho San Domingos da Ponta e

cavaleiro da Ordem de Santiago de Compostela. A mesma obteve

a Sanção Canônica de Matriz de Santiago em 1608, e foi levada à

ruína em 1783, após expulsão dos jesuítas do Brasil.

Origem

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Page 5: Santiago Do Iguape

� No dia 24 de julho é realizada a festa do padroeiro da cidade, São

Tiago.

� Em 2000, a região foi reconhecida como área de Reserva Extrativista

Marinha (RESEX). A reserva do Iguape é composta por 20

comunidades e se estende sobre 8.117,53 hectares, sendo 2.831,24

de manguezal e 5.286,29 de águas internas brasileiras.

� A região é marcada pela profusão de terreiros de candomblé e de

igrejas evangélicas.

� Realizada há mais de duas décadas, no final do mês de junho, a festa

de São Pedro é a principal da localidade.

Curiosidades

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Page 6: Santiago Do Iguape

História

� Junto com a Zona da Mata pernambucana, o RecôncavoRecôncavoRecôncavoRecôncavo destacava-

se como uma das regiões da agriculturaagriculturaagriculturaagricultura dededede plantationplantationplantationplantation mais antigas

e importantes do Brasil.

� No início do séculoséculoséculoséculo XIXXIXXIXXIX, os engenhos da região forneciam,

aproximadamente, a terçaterçaterçaterça parteparteparteparte dededede todotodotodotodo oooo açúcaraçúcaraçúcaraçúcar exportadoexportadoexportadoexportado pelopelopelopelo

BrasilBrasilBrasilBrasil.

� Os primeiros engenhos de açúcar construídos em Santiago do

Iguape foram do século XVI.

� No início do século XIX, a região do Iguape era uma das maiores

produtoras de açúcar da Bahia.

� Era chamado de SantiagoSantiagoSantiagoSantiago MaiorMaiorMaiorMaior dodododo IguapeIguapeIguapeIguape até o século XIX.

� EmEmEmEm 1835183518351835,,,, haviahaviahaviahavia 21212121 engenhosengenhosengenhosengenhos em Santiago, com uma médiamédiamédiamédia dededede 123123123123

escravosescravosescravosescravos cadacadacadacada.

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Page 7: Santiago Do Iguape

História

� Em 1835, moravam na freguesia do Iguape maismaismaismais dededede 80808080 lavradoreslavradoreslavradoreslavradores dededede

canacanacanacana, que possuíam terras próprias ou trabalhavam em terras

arrendadas de fazendas da região.

� Os lavradores produziamproduziamproduziamproduziam aaaa canacanacanacana eeee entregavamentregavamentregavamentregavam aaaa produçãoproduçãoproduçãoprodução aaaa umumumum senhorsenhorsenhorsenhor

dededede engenhoengenhoengenhoengenho, que a processava e transformava em açúcar. Eles ficavam

com metade da cana produzida e a outra metade ficava com o senhor.

� Nos dois primeiros séculos de exploração do açúcar, os lavradores

eram quase sempre brancos e parentes dos senhores de engenho. No

início do século XIX, pretos e pardos livres passaram a compor esse

grupo.

� OsOsOsOs lavradoreslavradoreslavradoreslavradores dodododo IguapeIguapeIguapeIguape dededede 1835183518351835 possuíampossuíampossuíampossuíam umaumaumauma médiamédiamédiamédia dededede 14141414,,,,5555 cativoscativoscativoscativos.

� Em 1850, menos de 50 indivíduos – na maior parte, senhores de

engenho e lavradores de cana ricos – detinham um quase-monopólio

sobre a propriedade fundiária na freguesia.

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Page 8: Santiago Do Iguape

� Em 1835, o Iguape tinha uma população total de 7777....410410410410 moradoresmoradoresmoradoresmoradores. Os

escravos africanos e os nascidos no Brasil constituíam mais da metade

(54%) desse total. Havia apenas 8% de brancos.

� Em 1835, havia 966966966966 fogosfogosfogosfogos (unidades(unidades(unidades(unidades domésticasdomésticasdomésticasdomésticas quequequeque podempodempodempodem incluirincluirincluirincluir

váriosváriosváriosvários domicílios)domicílios)domicílios)domicílios) habitados em Santiago. Desses, mais de 200 fogos

eram chefiados por “lavradores de mandioca”, “roceiros” e outros

pequenos agricultores.

� AAAA grandegrandegrandegrande maioriamaioriamaioriamaioria dosdosdosdos fogosfogosfogosfogos (mais(mais(mais(mais dededede 95959595%%%%)))) pertenciapertenciapertenciapertencia aaaa pequenospequenospequenospequenos

agricultores,agricultores,agricultores,agricultores, pescadores,pescadores,pescadores,pescadores, costureiras,costureiras,costureiras,costureiras, lavradoreslavradoreslavradoreslavradores dededede canacanacanacana dededede poucospoucospoucospoucos

recursosrecursosrecursosrecursos eeee artesãosartesãosartesãosartesãos, geralmente classificados como pardos e pretos

livres no censo.

� 37373737 fogosfogosfogosfogos (unidades(unidades(unidades(unidades domésticas)domésticas)domésticas)domésticas) erameramerameram chefiadoschefiadoschefiadoschefiados porporporpor senhoressenhoressenhoressenhores dededede

engenhoengenhoengenhoengenho eeee porporporpor lavradoreslavradoreslavradoreslavradores dededede canacanacanacana abastadosabastadosabastadosabastados e detinham 15 dos 21212121

engenhosengenhosengenhosengenhos ativosativosativosativos nananana regiãoregiãoregiãoregião. Nos outros engenhos, os chefes eram

falecidos ou foram arrendados e estavam inativos.

História

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Page 9: Santiago Do Iguape

� Alguns engenhos desativados na época: Acutinga, Caimbongo,

Engenho do Desterro, Santa Catarina.

� 8888(oito)(oito)(oito)(oito) engenhosengenhosengenhosengenhos dodododo IguapeIguapeIguapeIguape possuíampossuíampossuíampossuíam 100100100100 ouououou maismaismaismais escravosescravosescravosescravos.

� Dos 37 fogos (unidades domésticas) chefiados por senhores de

engenho e por lavradores de cana abastados, 29 (78,4%) eram

chefiados por homens.

� OsOsOsOs 37373737 fogosfogosfogosfogos maismaismaismais abastadosabastadosabastadosabastados abrigavamabrigavamabrigavamabrigavam 2222....701701701701 pessoaspessoaspessoaspessoas ((((36363636%%%%)))) dadadada

populaçãopopulaçãopopulaçãopopulação total,total,total,total, sendosendosendosendo 2222....511511511511 escravizadosescravizadosescravizadosescravizados ((((93939393%%%%))))....

� 33% de todos os fogos do Iguape tinham mulheres como chefes,

muitas delas mães solteiras.

� As unidades domésticas de estrutura nuclear e solitárias

representavam 84% dos 37 fogos mais ricos da região.

História

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Page 10: Santiago Do Iguape

Fogo (unidade doméstica censitária) e famíliaFogo (unidade doméstica censitária) e famíliaFogo (unidade doméstica censitária) e famíliaFogo (unidade doméstica censitária) e família

� Se considerarmos o fogo integrando apenas a família nuclear, a ideiade família extensa (esposa, filhos, genro, noras, irmãos, sobrinhos,tios) predominando nos engenhos é errônea.

� Se incluirmos na noção de família extensa os escravos, agregados e afamília (rede de parentesco), esta ideia se confirma.

� Família patriarcal não é sinônimo de família extensa.

� Fogo não é sinônimo de família (rede de parentesco), pois havia fogosonde o senhor morava com sua esposa e os filhos moravam em outracidade.

PatriarcalismoPatriarcalismoPatriarcalismoPatriarcalismo = conceito que “...pouco ou nada tem a ver com apresença de noras, genros, netos, filhos casados, sobrinhos e outrosparentes como moradores da unidade doméstica. Antes, é um conceitoque remete sobretudo ao poder pátrio, à autoridade dada aos pais e aosmaridos, como pais e maridos, sobre seus filhos e esposas” (BARICKMAN,2003, p. 120-121).

História

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Page 11: Santiago Do Iguape

FONTE: BARRICKMAN, 2003.

Page 12: Santiago Do Iguape

FONTE: BARRICKMAN, 2003.

Page 13: Santiago Do Iguape

FONTE: BARRICKMAN, 2003.

Page 14: Santiago Do Iguape

FONTE: BARRICKMAN, 2003.

Page 15: Santiago Do Iguape

(Continuação)

FONTE: BARRICKMAN, 2003.

Page 16: Santiago Do Iguape

FONTE: BARRICKMAN, 2003.

Page 17: Santiago Do Iguape

RebeliõesRebeliõesRebeliõesRebeliões escravasescravasescravasescravas::::

� De 1810 a 1830 houve, pelo menos, 3(três) rebeliões escravas no

Iguape: 1814, 1827 e 1828.

� Em 1828, os escravos atacaram o Engenho Novo, o Engenho

Campina, o Engenho da Cruz e uma propriedade vizinha ao

Calembá.

LutaLutaLutaLuta pelapelapelapela terraterraterraterra::::

� As terras do antigo Engenho Brandão foram ocupadas em 2006,

como parte das lutas pela terra na região.

� São Francisco da Paraguaçu também foi palco de lutas recentes pela

terra.

História

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Page 18: Santiago Do Iguape

� Outras comunidades de remanescentes de quilombos da Bacia do

Iguape: do Engenho da Ponte, Engenho Novo, Engenho da Praia,

Engenho da Vitória, Calolé, Caimbongo, Opalma, Campinas,

Caonge, Calembá, Cabonha, Dendê, Imbiara, São Francisco do

Paraguaçu e Tombo.

� Até meados do século XX, mercadorias produzidas na região

(mandioca, feijão, milho, fumo, quiabo etc.) eram transportadas

para a feira de São Joaquim, na capital, e para as feiras das cidades

circunvizinhas.

� A região, bastante rica até o século XIX, começou a entrar em

decadência econômica no final dos 1800.

� Com o declínio da produção açucareira, a pesca e a mariscagem

tornaram-se as principais ocupações para a maioria da população

local.

História

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Page 19: Santiago Do Iguape

1. Engenho Campina

2. Engenho Calembá

3. Engenho dos Patos

4. Engenho Brandão

5. Engenho do Desterro

6. Engenho da Cruz

7. Engenho (San Domingos)

da Ponta

8. Engenho Santa Catarina

9. Engenho da Acutinga

(onde foi instalada,

posteriormente, a fábrica

Opalma)

Engenhos do Iguape

15. Engenho do Caimbongo

16. Engenho Vitória

17. Engenho Buraco

18. Engenho do Meio

19. Engenho da Praia

20. Engenho Novo

21. Engenho Maroim

22. Engenho Central de

Santiago do Iguape

23. Engenho Cabonha

24. Engenho Embiara

25. Engenho da Má Vida

26. Engenho Velho da Guaíba

27. Engenho da Ponte

(Fazenda Opalma)

Page 20: Santiago Do Iguape

FONTE: Núcleo de Estudos Afro-brasileiros do Recôncavo da Bahia

Page 21: Santiago Do Iguape

EstruturaEstruturaEstruturaEstrutura dosdosdosdos engenhosengenhosengenhosengenhos

� CasaCasaCasaCasa grandegrandegrandegrande, residência do senhor do engenho;

� capelacapelacapelacapela;

� senzalasenzalasenzalasenzala;

� oficinasoficinasoficinasoficinas dededede transformaçãotransformaçãotransformaçãotransformação dadadada canacanacanacana emememem açúcaraçúcaraçúcaraçúcar (casa da moenda –

área do esmagamento da cana e da extração da garapa; fornalhas

– onde o caldo era fervido nos grandes tachos até chegar ao ponto

desejado; casa de purga – onde o melado era despejado nas

fôrmas de pão de açúcar, nas quais esfriava, cristalizava e

descansava)

No caso de engenhosengenhosengenhosengenhos hidráulicoshidráulicoshidráulicoshidráulicos:

� barragembarragembarragembarragem ouououou represarepresarepresarepresa

� aquedutoaquedutoaquedutoaqueduto;

� rodarodarodaroda d’águad’águad’águad’água, usada para mover a moenda, esmagar a cana,

extraindo a garapa

Page 22: Santiago Do Iguape

Ruínas do Engenho da Ponta. Fonte: FERNANDES, 2008.

Capela Engenho da Ponte.

Fonte: FERNANDES, 2008.

Page 23: Santiago Do Iguape

Ruínas do Engenho Calembá.

Fonte: FERNANDES, 2008.

Page 24: Santiago Do Iguape

Ruínas do Engenho Central, inaugurado sem condições técnicas de funcionamento em

02/08/1886 e dirigido pela empresa inglesa Bahia Central Sugar Factories.

Fonte: FERNANDES, 2008.

Page 25: Santiago Do Iguape

Capela de São João Batista, no Engenho Acutinga (Opalma).

Fonte: FERNANDES, 2008.

Page 26: Santiago Do Iguape

Igreja Igreja Igreja Igreja matriz de Santiago do matriz de Santiago do matriz de Santiago do matriz de Santiago do

IguapeIguapeIguapeIguape, em estilo barroco,

construída em 1853. A primeira

foi construída em 1608, sendo a

primeira igreja matriz do interior

da Bahia.

FONTE: http://3.bp.blogspot.com/-_qi7QQt38f4/UB6gCqsLKrI/AAAAAAAABcI/xRv8ZkiEQJc/s320/Igreja+Matriz_Iguape.jpg

Page 27: Santiago Do Iguape

ConventoConventoConventoConvento dededede SantoSantoSantoSanto AntônioAntônioAntônioAntônio dodododo ParaguaçuParaguaçuParaguaçuParaguaçu, localizado em São Francisco do

Paraguaçu, cuja construção foi iniciada em 1649 e finalizada em 1686. No

convento funcionou um noviciado e o Hospital Nossa Senhora de Belém. Em

1729, o hospital foi transferido para Cachoeira, a atual Santa Casa de

misericórdia.

Page 28: Santiago Do Iguape

Referências bibliográficas:

BARICKMAN, B. J. E se a casa grande não fosse tão grande? Uma freguesia

açucareira do Recôncavo baiano em 1835. Afro-Ásia, n. 29-30, 2003. p. 79-132.

CRUZ, Ana Paula Batista da silva. Costurando os retalhos: um estudo sobre a

comunidade de Santiago do Iguape. III Encontro Baiano de Estudos em Cultura.

Disponível em: http://www.ufrb.edu.br/ebecult/wp-

content/uploads/2012/05/Costurando-os-retalhos-um-estudo-sobre-a-

comunidade-Santiago-do-Iguape-.pdf

FERNANDES, Luydy Abraham. Mapeamento arqueológico – Recôncavo Baiano.

Disponível em:

<http://www.bahiarqueologica.com/mural/caderno_site_cor.pdf >

PROST, Catherine. Reserva marinha versus polo naval na Baía do Iguape.

Disponível em:

http://www.uff.br/vsinga/trabalhos/Trabalhos%20Completos/Catherine%20Pro

st.pdf

Fotos das canoas e da cidadã iguapense de Léo Ornelas.

Produzido pela Profª Drª Zelinda Barros