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Um futuro www.revistarural.com.br R$ 12,00 ANO XVI N O 181 MARÇO/2013 DOURADO Prestes a registrar novo recorde, safra brasileira de grãos confirma alto nível tecnológico dos produtores do país. R$ 12,00 Escolas de samba retratam o poder do agronegócio. SHOW RURAL COOPAVEL: FEIRA MOSTRA SUA FORÇA TRAZENDO NOVIDADES AGRO “ZIRIGUIDUM”

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Page 1: Rural Mar 2013

Um futuro

www.revistarural.com.br

R$ 12,00

ANO XVI NO 181MARÇO/2013

DOURADOPrestes a registrar novo recorde, safra brasileira de grãos confirma alto nível

tecnológico dos produtores do país.

R$ 12,00

Escolas de samba retratam o poder do agronegócio.

SHOW RURAL COOPAVEL: FEIRA MOSTRA SUA FORÇA TRAZENDO NOVIDADES

AGRO “ZIRIGUIDUM”

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4 l Revista Rural l março/2013

ANO XVI - NO 181MARÇO/2013

Revista RURAL é uma publicação mensalda Criação Assessoria Comunicação e Comércio Ltda - Rua Acuruá 547 - São Paulo/SP - 05053-000PABX 11 3023-1355

www.revistarural.com.brFale com a redação:[email protected]

Diretor de Redação:Flávio Albim ([email protected])

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Circulação:Silvana Araújo([email protected])

Assinaturas:[email protected]

Departamento Financeiro:Vitor Albim ([email protected])

Rural Web:www.revistarural.com.br

Para assinar a Revista Rural ligue: 0800 773-4443 (ligação gratuita de qualquer lugar do Brasil). Assinatu-ra anual R$ 96,00, pagas em 3x sem juros no boleto. À vista com desconto especial de 6% = R$ 90,00.

É expressamente proibida a publicação de qual-quer matéria ou artigo dessa revista sem prévia autorização expressa de seus editores. Os artigos assinados não representam, necessariamente, a opinião da revista, sendo de inteira responsabilida-de de seus autores

Revista RURAL e Top of Mind Rural são marcas re-gistradas no INPI pela Criação Assessoria Comunica-ção e Comércio Ltda.

China deve importar mais soja

18dedo

de prosaBate papo

com Narciso Barison Neto da Abrasem.

22 sUper saFra País está perto de registrar mais um novo recorde de produção

pecUáriaEspecialistas sugerem

receita mais econômica e eficiente para a

engorda do rebanho.

caMpo & MoTorDisputa pelo mercado de

pneus agrícolas fica mais acirrada entre fabricantes.

30

A China deve importar 65,5 milhões de toneladas de soja em 2013/14, aumento de 4% ante o ciclo anterior. O crescimento das compras do exterior ocorrerá para complementar a produção doméstica, que está em declínio, a fim de atender à demanda firme da indústria de esmagamento. Em relatório divulgado este mês destaca que a produção chinesa de soja deve diminuir 4% em 2013/14 em relação à temporada anterior, para 12 milhões de toneladas. Sinais de mercado e incentivos do governo afastam a limitada área cultivável do país de oleaginosas em direção a outras culturas como milho e arroz. O crescimento populacional e a demanda por alimentos da China sobrecarregaram as já limitadas ca-pacidades de produção domésticas, deixando o país dependente da oferta estrangeira de oleaginosas, principalmente dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina. A China é o maior importador de soja do mundo. A expectativa é de que o governo leiloe soja de safras passadas dos estoques estatais, o que deve reduzir os estoques finais de 2013/14 em 4,5% ante 2012/13, para 14,7 milhões de toneladas, de-pendendo da procura pela produção doméstica de oleaginosas e dos preços. O rendimento médio da soja chinesa permaneceu constante por vários anos, excluindo 2009/10 por causa de perturbações climáticas anormais no nordeste do país. O tamanho pequeno das propriedades, a falta de técnicas agronômicas e o acesso limitado a matérias-primas melhores seguem sendo os maiores impedimentos ao incremento da produtividade chinesa. E essa situação não deve mudar em um futuro próximo.

36Um futuro

www.revistarural.com.br

R$ 12,00

ANO XVI NO 181

MARÇO/2013

DOURADOPrestes a registrar novo recorde, safra

brasileira de grãos confirma alto nível

tecnológico dos produtores do país.

R$ 12,00

Escolas de samba retratam o poder do agronegócio.

SHOW RURAL COOPAVEL: FEIRA MOSTRA SUA FORÇA TRAZENDO NOVIDADES

AGRO “ZIRIGDUM”

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O SHOW NÃO PODE PARAR.CONTINUE LAVANDO E DEVOLVENDOAS EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS.

INICIATIVA: APOIO:

INSTITUTO NACIONAL DE PROCESSAMENTO DE EMBALAGENS VAZIAS

www. inpev . org.br

Agricultor, continue lavando as embalagens vazias de agrotóxicos no momento da aplicação,

e devolvendo todas no local indicado na nota fiscal. Graças a você, esta campanha é um orgulho para a nação e um exemplo para o mundo.

Ministério daAgricultura, Pecuária

e Abastecimento

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John deere nas redes sociais

A John Deere Company ocupa a 27ª posição na lista das 50 empresas mais ati-vas nas redes sociais divul-gada pela revista Fortune. O ranking “Top 50 Most Social Media Friendly Fortune 500 companies” analisou o de-sempenho e a popularidade do perfil corporativo de 500 empresas nas sete princi-pais redes sociais dos EUA. Para Santiago Larroux, di-retor de marketing América Latina da companhia, estar presente nas redes sociais não é apenas uma obriga-ção, mas uma satisfação para a empresa. “É impres-sionante a participação do público, nos surpreendemos com as histórias e as expe-riências. Nas redes sociais é possível ter ideia da dimen-são disso”, diz. As redes so-ciais que destacaram a em-presa globalmente na lista foram o Facebook, Twitter, YouTube, LinkedIn e Google Plus.

MUdanças na expoGenéTica

O evento da ExpoGenéti-ca sediará este ano a décima edição do Simpósio Brasilei-ro de Melhoramento Animal (SBMA). A decisão foi anun-

ciada pelo presi-dente da SBMA, Paulo Sávio Lopes, no mês de feverei-ro. Ficou definido que o Simpósio será de 18 a 23 de agos-to, com palestras

divididas em quatro módulos: gado de cor-

te; gado de leite; suínos e aves; caprinos e ovinos. Haverá também apresenta-ção de pôsteres de traba-lhos científicos.

pescados GoUrMeT

A Leardini, uma das maiores fornecedoras de pescados do País, com sede em Navegantes (SC), traz ao mercado o lançamento da li-nha gourmet de congelados de peixes e frutos do mar. A linha Cavalo Marinho Gour-met traz quatro variedades de Camarão Rosa (400 gra-mas) – devenados, com ou sem casca -, além de molus-cos como Mexilhões, des-conchado e meia concha, Lulas em anéis ou tubo e tentáculos de Polvo cozido.

Klabin anUncia resUlTados

A Klabin, uma das maio-res produtoras e exporta-doras de papéis do Brasil, atuante no segmento de pro-dução de papéis e cartões para embalagens, embala-gens de papelão ondulado e sacos industriais, além de comercializar madeira em toras, fechou o ano passado com EBITDA (lucro antes de juros, impostos, deprecia-ções e amortizações) de R$ 1.352 milhões, registran-do crescimento de 31% em comparação ao ajustado de 2011. O resultado foi recor-de. O lucro líquido acumu-lou resultado positivo de R$ 752 milhões, contra R$ 183 milhões em 2011.

sUrGe a Fabiani saúde aniMal

Após ser vendida para o grupo holandês DSM, a divi-são de saúde animal da Tor-tuga Companhia Zootécnica Agrária, dá origem à nova empresa, que leva o nome da família, que fundou uma das maiores companhias brasileiras de agronegócio. A Fabiani Saúde Animal, será empresa remanescen-te da Tortuga, fundada em 1954 pela família Fabiani. O nascimento da companhia carregará o espírito empre-endedor de Creuza Rezende Fabiani e os 60 anos de tra-dição, assim como herdará o portfólio de produtos, en-tre eles, o Proverme, Vita-gold, Ferrodex e Tormicina.

Miguel Furtado

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março/2013 l Revista Rural l 7

oUro Verde coMeMora

Uma das maiores empre-sas de locação e terceiriza-ção de frotas do País, o Gru-po Ouro Verde, atingiu um crescimento superior a 30%, com aumento da sua cartei-ra de clientes. Em 2012, a receita operacional líquida consolidada totalizou R$ 510,2 milhões e com Ebitda de R$ 306,6 milhões, cres-cimento de 24,5% em rela-ção aos R$ 246,2 milhões de 2011. “Nossas caracte-rísticas de solidez, visão de longo prazo do negócio e foco na rentabilidade, per-mitiram que atingíssemos a margem de lucro líquido de R$ 24,9 milhões, um cresci-mento de 31,7% com rela-ção a 2011”, afirma Karlis Kruklis, CEO do grupo.

conTroladora da Jbs coMpra

canal rUral

J&F Investimentos, con-troladora do frigorífico JBS, fechou a compra do canal de televisão Canal Rural. A emissora foi vendida pela

RBS, maior grupo de comu-nicação do Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. O valor da negociação não foi informado. “A J&F mantém sua estratégia de investir em empresas com potencial de crescimento, ao mesmo tempo em que estreita sua relação com o setor”, disse a holding, em nota à impren-sa. O canal tem distribuição nacional com programação que vai desde o jornalismo as transmissões de leilões de gado.

naTiV recebe aporTe

A Nativ Pescados, empre-sa que atua no segmento de pescados de aquicultu-ra, recebe o aporte de um Fundo de Investimento em Participações (FIP) voltado ao mercado de aquicultu-ra, administrado pela em-presa Global Equity. O FIP possui um valor total de R$ 200 milhões, com a primei-ra chamada de R$ 44 mi-lhões efetuada em fevereiro. movimentação financeira acontece em um momento

positivo para a aquicultu-ra. De acordo com o estu-do “Aquicultura Brasileira: Uma grande indústria de pescados em gestação”, a produção de pescados em cativeiro alcançará cerca de 960 mil toneladas até 2022, o dobro das produzidas em 2010.

sToller lança FerTilizanTe

Após quatro anos de pes-quisas oficiais e demonstra-ções a campo da eficácia da tecnologia, a Stoller lança o Mover. O novo produto é um complexo de micronutrien-tes que melhora a eficiência das plantas durante a fase de enchimento dos frutos. Ele coopera para que os ali-mentos que estão nas folhas sejam drenados de maneira mais eficaz aos frutos, me-lhorando o peso e a qualida-de da colheita, garantindo melhor produtividade e ren-da para o agricultor.

nUTriplanT eM alTa no preGão

Há cinco anos, o pregão da BM&FBOVESPA iniciou suas negociações após o to-que de campainha dos exe-cutivos da Nutriplant que, na ocasião, celebravam a primeira oferta de ações no Bovespa Mais, o segmento de acesso idealizado para as empresas dispostas a in-gressar no mercado de ca-pitais de forma gradativa, principalmente, as de pe-queno e médio porte. Pionei-ra, a Nutriplant levantou R$ 20,7 milhões em recursos, prometendo aos investido-res a adoção de altos pa-drões de governança.

Guilherm

e Pupo

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carne de qUê?

A Nestlé tirará das pra-teleiras de mercados es-panhóis e italianos produ-tos com carne fornecida pela empresa alemã H.J. Schypke, cujos testes deram positivo para DNA de carne de cavalo. A distribuidora é uma subcontratada da Nestlé JBS Toledo NV, uma subsidiária do grupo belga--brasileiro JBS. Segundo comunicado, os produtos têm mais de 1% de presença de carne equina, limite defi-nido pela Agência de Segu-rança Alimentar para indi-car adulteração provável ou negligência. Os produtos ve-tados são os compostos de massa Buitoni Beef Ravioli e Beef Tortellini.

acordo eM prol do TriGo

Os governos do Brasil e da Rússia definiram os cri-térios fitossanitários que vão garantir a liberação da venda do trigo russo no mer-cado brasileiro. O acordo foi assinado pelas autoridades dos dois países durante a 6ª Reunião da Comissão Brasi-leiro-Russa de Alto Nível de Cooperação. A expectativa do governo brasileiro é que, com a entrada do produto russo, seja possível minimi-zar o risco de desabasteci-mento no mercado domés-tico.

cooperaTiVas anUnciaM Fábrica

As cooperativas Castro-landa e Batavo vão investir R$ 120 milhões para cons-

truir a primeira unidade de beneficiamento de leite das empresas fora do Paraná. Com a marca Colônia Ho-landesa, elas lançaram, no último dia 25 de fevereiro, a pedra fundamental do pro-jeto em Itapetininga (SP), que recebeu assessoria da Investe São Paulo, vincu-lada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econô-mico, Ciência e Tecnologia. Cerca de 60% do investi-mento será feito pela Cas-trolanda, e 40%, da Batavo. A operação deve gerar cer-ca de 250 empregos diretos e outros 1.260 indiretos. A planta produzirá, em sua primeira fase, 500 mil li-tros de leite por dia, mas a ideia é que essa quantidade chegue a um milhão. O fa-turamento anual do negócio leite atingiu cerca de R$ 700 milhões, em 2012.

ciTricUlTUra brasileira Vence

O Brasil e Estados Uni-dos encerraram uma dispu-ta sobre o comércio de suco de laranja. Segundo o Ita-maraty, os dois países fir-maram um acordo na Organização Mun-dial do Comércio (OMC). O entrave é de 2006, quan-do os Estados

Unidos começaram a con-siderar o preço do suco de laranja brasileiro mais ba-rato que o custo de produ-ção. Essa seria uma prática conhecida como dumping para eliminar os concorren-tes locais. Os americanos passaram a exigir uma taxa extra dos brasileiros para proteger seus fabricantes. O Brasil questionou e ganhou a disputa.

eMbrapa recebe prêMio

O analista do Laboratório de Microbiologia dos Solos da Embrapa Tabuleiros Cos-teiros (Aracaju/ SE), José Guedes de Sena Filho, ficou com o 1º lugar na categoria Pôster durante o 2º Congres-so Mundial de Biotecnolo-gia, realizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Guedes divide a autoria com os pesquisadores Jeff Shaw, Dan Spakowicz e Scott Stro-bel, do laboratório Strobel, do departamento de bioquí-mica e biofísica molecular da universidade de Yale, situa-da nos EUA, onde o analis-

ta cumpre programa de pós-doutorado

d e s d e abril de 2012.

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bayer na FrUiT loGísTica

Na edição da feira Fruit Logistica, realizada em Ber-lim, a Bayer CropScience apresentou suas mais re-centes iniciativas de negó-cios em Food Chain Part-nership, com destaque para quatro delas realizadas na América Latina. As parce-rias envolvem o Walmart Chile, líder entre os vare-jistas de alimentos naquele país; o Grupo UNIVEG, um dos principais comerciali-zadores globais de produtos agrícolas frescos; as produ-toras de melão brasileiras Agrícola Famosa e Mata Fresca; a vinícola brasileira Salton, e a Pepsico do Peru. Todos esses projetos têm como principal objetivo unir esforços para oferecer ao consumidor final produtos seguros e com qualidade.

Missão no orienTe Médio

As empresas participan-tes da “Missão Empresa-rial” ao Oriente Médio en-

cerraram a programação com uma expectativa de negócios de US$ 47,189 mi-lhões com compradores da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e outros pa-íses. Foram 636 encontros de negócios, organizados pelo Ministério de Desen-volvimento, Indústria e Co-mércio Exterior (MDIC) e pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Participaram 29 empresas brasileiras dos setores de alimentos e bebidas, casa e construção, e máquinas e equipamentos.

conTraacordo

A Confederação da Agri-cultura e Pecuária do Brasil (CNA) rejeitou os acordos individuais que a Monsan-to está apresentando aos produtores de soja, pois os mesmos não obedecem aos termos da Declaração de Princípios firmada entre as partes. Em nota, a senado-ra e presidente da entidade, Kátia Abreu, reforça que em nenhum momento, da for-

ma de cobrança de royal-ties, apenas ressaltando que o respeito a patentes é um princípio aceito pela CNA e pelas federações signatárias como forma de incentivar a inovação e a tecnologia, tão importantes para o aumen-to da produtividade da agri-cultura brasileira.

seMenTes de alTa qUalidade

Com o objetivo de am-pliar o uso de sementes certificadas e de qualidade, a Fundação Pró-Sementes de Apoio à Pesquisa lança, durante a Expodireto Cotri-jal 2013, em Não-me-Toque (RS), a Bolsa de Sementes. Este novo serviço coloca à disposição dos agricultores os melhores lotes produzi-dos pelas empresas associa-das à Fundação. De acor-do com a entidade, serão comercializadas sementes com qualidade fisiológica superior e com germinação mínima de 85%.

ViGor coMpra 50% da iTaMbé

A Vigor Alimentos infor-mou, no último dia 22, que firmou contrato para aquisi-ção de 50% da empresa de lácteos Itambé Alimentos, cooperativa mineira que fa-tura cerca de dois bilhões de reais. O acordo, porém, ain-da está sujeito à aprovação da operação pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Com a aquisição, a Vigor, contro-lada pela holding J&F, que também possui o frigorífico JBS, pagou o montante de R$ 410 milhões na empresa adquirida

Divulgação

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MonsanTo adia cobrança

A Monsanto anunciou no dia 26 que adiará a co-brança de royalties da soja RR1 em todo o Brasil até que haja decisão final da justiça. De acordo com a multinacional americana, a companhia vai continuar documentando e mantendo as informações comerciais sobre os usuários da soja RR1 durante o período de adiamento da cobrança. A decisão foi comemorada pe-los produtores representa-dos pela Federação da Agri-cultura e Pecuária de Mato Grosso e pela a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso. Para as enti-dades, a postura da multi-nacional foi “acertada”.

JacTo Marca presença na

coopaVel

Durante o Show Rural Coopavel, a Jacto, empresa que atua no segmento de máquinas agrícolas, apre-sentou a Jacto Club No-vidade, loja conceito para a venda de uma linha de produtos com a marca da empresa, como camisetas,

camisas, botinas, chaveiros entre outros itens e o novo design da família Uniport, que promete revolucionar o mercado de pulverização. A empresa estima para 2013 um crescimento de 7% nas vendas, com relação ao ano passado.

70 anos de pesqUisa

A unidade sede do Polo Sudoeste Paulista, da Agên-cia Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), completa 70 anos inin-terruptos de pesquisas. A unidade localizada em Ca-pão Bonito (SP) passou a se chamar Polo Sudoeste Paulista/APTA Regional, em 2002. Até então, era denominada Estação Expe-rimental do Instituto Agro-nômico (IAC), de Campinas. Ao longo desses anos, 50 variedades foram lançadas pelo IAC, como feijão, trigo, feijão e aveia. Hoje, a região de abrangência do Polo é composta por 29 municípios paulistas. Os pesquisadores mantêm trabalhos de me-lhoramento genético sendo um deles o desenvolvimento de aveia preta, usada na ali-mentação animal, na cober-tura do solo e na integração agricultura-pecuária.

sob noVa

direção

A Foton Aumark do Brasil, repre-sentante no País para os Caminhões da marca Foton,

anuncia que o engenheiro Jorge Yano assumiu a res-ponsabilidade por dirigir os processos de pós-venda e satisfação dos clientes da marca no Brasil. Yano é en-genheiro e possui mais de 36 anos de experiência pro-fissional, além de um nome respeitado no setor, tendo atuado em seus últimos 18 anos na Cummins em fun-ções de logística e de pós--venda.

cna deFende Mp dos porTos

A presidente da Confe-deração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), senadora Kátia Abreu, de-fendeu, no mês de fevereiro, durante reunião com a mi-nistra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a Medida Provi-sória (MP)595, que regula-menta a atividade portuária, como forma de melhorar a eficiência do setor no Brasil. Representantes das Con-federações Nacional da In-dústria (CNI), Nacional do Transporte (CNT), Nacional do Comércio (CNC), além do ministro da Secretaria dos Portos, José Leônidas de Menezes Cristino e empre-sários também participaram da reunião, no Palácio do Planalto, em Brasília. “A MP é um marco, regulamenta a

Lei dos Por-tos e revoga um decreto que impediu a moderni-zação dos portos nos últimos anos, afastando in-vestimentos e elevando cus-tos”, afirmou Kátia.

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MaTsUda lança M-line

A Matsuda Pet lançou no último dia 27, em sua uni-dade de produção

localizada, em São Sebas-tião do Paraíso (MG), sua nova linha de alimentos Su-per Premium M-Line, des-tinada para cães e gatos. A nova linha será distribuída em todo o Brasil e deverá ser comercializada em clínicas veterinárias e em diversos pet shops. Com rações para cães pequenos, adultos e fi-lhotes, e também para gatos adultos e filhotes de todas as raças, a M-Line está dis-ponível em embalagens de 1kg, 2,5kg, 10,1kg e, para os adultos, sacos também de 20kg. Leonardo Cerise Junior, diretor da Matsuda Minas, diz que após a em-presa realizar o planejamen-to deste e de outros projetos a médio e longo prazo, a companhia estará consoli-dada no mercado pet. “Com esta nova linha de produtos estaremos também ajudan-do a mudar conceitos na-cionais, buscando enaltecer a matéria-prima brasileira

utilizada em nossas produ-ções”. Segundo ele, M-Line se diferencia da concorrên-cia por trazer modernidade na sua fórmula, além do que há de melhor em tecnologia. “As parcerias com empresas do ramo pet são fundamen-tais, pois servem para am-pliar o nosso conhecimento tecnológico, e assim, poder aplicá-los em nossos pro-dutos”, diz. Cerise Junior acredita que a proximidade da empresa com o cliente é muito importante para que não só no segmento pet, mas para que a empresa te-nha total sucesso no cená-rio nacional e internacional.

banco VolKs baTe recorde

O Banco Volkswagen fe-chou o ano de 2012 cele-brando 284 mil contratos no financiamento de automó-veis, caminhões e ônibus. Com isso, foi movimentado cerca de R$ 10 bilhões em novos negócios e gerado um acúmulo em sua carteira de crédito de R$ 22,4 bilhões. Comparado ao ano anterior, quando o número de con-

tratos fechou em 244 mil, a instituição apresenta um crescimento de 16,4%. Do volume total de contratos, o segmento de automóveis e comerciais leves foi respon-sável por 260 mil novos ne-gócios, enquanto caminhões e ônibus prospectaram 24 mil.

prodUbeeF e prodUMilK

A Produquímica acaba de anunciar a sua entrada no mercado de suplementação bovina tanto pra corte como pra leite, com o lançamen-to das linhas ProduBeef e ProduMilk. Fruto de in-vestimentos em pesquisa e desenvolvimento, as linhas são compostas por produtos versáteis, elaborados para atender às diferentes regio-nalidades de clima, solo, plantel e sistemas de pro-dução. Os produtos, para pronto consumo, são des-tinados para os núcleos de confinamento e para con-centrados, além de especia-lidades para suplementação de alta performance nas pe-cuárias de corte e de leite.

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ls TracTor inaUGUra pedra

FUndaMenTal

O agronegócio brasileiro está no foco das atenções do mundo inteiro, dado o potencial de crescimento da sua produção de grãos e carnes. Não é à toa, que isso tem elevado o apetite de empresas estrangeiras, in-teressadas em investir cada vez mais por aqui. A corea-na LS Tractor, companhia que pertence ao grupo LS Mtron e que tem por origem a gigante de eletroeletrônico LG, inaugurou no último dia 27, em Garuva (SC), a pedra fundamental da fábrica pre-vista para este ano de 2013. O investimento foi de US$ 30 milhões e, inicialmente, a meta é produzir cinco mil tratores por ano.

O modelo que será pro-duzido no Brasil será os tratores com faixa de po-tência entre 25 a 100 cvs. A intenção é focar no mer-cado de pequenas e médias propriedades, além do se-tor cafeeiro. “A importância que a agricultura brasileira adquiriu no mundo, além da confiança do mercado de tratores foram decisivos para a instalação da empre-sa em solo brasileiro”, disse Jae Seol Shim, presidente

mundial da LS Mtron. Para o presidente da LS

Mtron do Brasil, James Yoo, depois da Coreia do Sul e China o Brasil terá a tercei-ra unidade de tratores do grupo. “O produtor brasi-leiro está muito qualificado e com um alto grau de pro-fissionalismo. O País tem no agronegócio uma grande e importante fonte de susten-tação econômica. Por isso, temos a certeza que cons-truir uma fábrica no Brasil era a melhor decisão. Que-remos ser parceiros de to-dos. Queremos fazer parte deste crescimento do mer-cado brasileiro”, diz Yoo.

A escolha do município de Garuva, a 226 quilôme-tros da capital Florianópo-lis, é devido à infraestrutu-ra portuária: a cidade está próxima ao Porto de Itapoá e entre as regiões Sul e o Sudeste do País. Raimun-do Colombo, governador do Estado, enalteceu em seu discurso a oportunidade de aquecer a economia na re-gião e oferecer geração ini-cial de 100 empregos diretos e outros um mil indiretos.

A partir de março, os pri-meiros tratores começaram a ser comercializados e a previsão de que nos próxi-mos oitos meses, esses se-jam fabricados na empre-sa instalada no município. Primeiramente, a empresa

atuará no mercado do Sul e Sudeste, com exceção do Paraná. Segundo o dire-tor comercial da empresa, André Rorato, os equipa-mentos da LS Tractor não atendem a demanda daque-le Estado que necessita de máquinas de alta potência. “Mas, em um segundo mo-mento, ofereceremos nossos produtos a outros Estados brasileiros”, disse.

O projeto da LS Trac-tor no Brasil começou em 2010. A empresa compõe o 13º maior grupo empresa-ria daquele País, com um faturamento de US$ 30 bi-lhões anuais. Após o apetite chinês pelo Brasil é hora da Coreia do Sul também que-rer abocanhar uma fatia do mercado brasileiro. E esse movimento culmina justa-mente, no mês em que ce-lebra 50 anos da migração coreana no Brasil, mês tam-bém que cantor sul-coreano Psy, fenômeno conhecido pela canção “Gangnam Sty-le” esteve no Brasil. Pelo vis-to, não é só ele que desem-barcará por aqui.

REPRESENTANTES DO GRUPO COREANO LS MTRON DURANTE

A CERIMÔNIA DA PEDRA FUNDAMENTAL

Fotos: Nelson M

oreira

março/2013 l Revista Rural l 15

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16 l Revista Rural l março/2013

A Unidade de Proteção de Cultivos da Basf e a Fun-dação Rio Verde inaugura-ram no final de fevereiro, no município de Lucas do Rio Verde (MT), o Centro Expe-rimental Avançado (CEA), credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e

cliMa propicia alTa na saFra da

UVa no rs

A vinícola Don Giovanni, em Pinto Bandeira (RS), por exemplo, já iniciou a colhei-ta de uvas tintas e projeta crescimento de produção superior a 30%. A qualida-de e a quantidade das uvas colhidas durante a vindima 2011 estão garantindo boas projeções de negócios. “Sem sombra de dúvida uma ex-celente safra, superior in-clusive a de 2005”, come-mora o enólogo responsável, Luciano Vian.

Em março é concluída na sede da vinícola a colhei-ta das uvas da variedade Tannat, que apresentaram ótimas condições. De 23 de março até meados de abril, as equipes ficam envolvidas na colheita das variedades Ancelotta e Cabernet Sau-vignon, todas de produção própria da Don Giovanni. Os frutos colhidos em sua grande parte serão destina-

Abastecimento (Mapa). No local serão conduzidos es-tudos de eficácia biológica e fitotoxicidade de agroquí-micos para o controle de doenças, plantas daninhas e pragas (como insetos, ne-matoides e ácaros) nas prin-cipais culturas representa-

tivas do cerrado brasileiro, como, por exemplo, a soja, o algodão, o milho, o feijão, o arroz, dentre outras. A em-presa detém seis estações experimentais no mundo, entre elas, uma que fica em Santo Antônio de Posse, no interior de São Paulo, a única localizada na Améri-ca Latina. Já em termos de centros experiementais o País, este de MT é o sexto. A companhia possui outras seis unidades de pesquisa e tecnologia similares locali-zadas em Uberlândia (MG), Goiânia (GO), Ribeirão Pre-to (SP), Ponta Grossa (PR), Bandeirantes (PR) e Santa Bárbara (RS).

basF inaUGUra cenTro de esTUdoseM MaTo Grosso

dos à fabricação de vinhos tintos.

O clima ajudou bastante a garantia desses resulta-dos. De acordo com Vian, condições de temperatura baixa à noite e chuvas em medida certa influciaram a excelência da safra. “A videi-ra precisa de água para seu processo metabólico de ma-turação dos frutos, porém quando temos chuvas em excesso, ocorre a formação de fungos, dentre eles os da podridão. Os índices de chu-vas nos meses de outubro, novembro e dezembro, ao menos até a 1ª quinzena de dezembro, foram em torno de 30 milímetros (mm) por mês, bem abaixo da média histórica de 140 mm/mês”.

Já em relação a tempe-ratura, ela pode acelerar o processo de maturação, se estiver alta, bem como, di-minuir a acidez do fruto. “Se temos temperaturas muito elevadas, a maturação acon-tece de forma mais rápida, comprometendo o equilíbrio entre a metabolização dos açucares, processados pela

videira e seus níveis de aci-dez. Quando as noites são mais frescas, esse processo de maturação se torna mais lento, e com temperaturas médias mais baixas á uma menor segregação dos áci-dos pela videira”, explica Vian. Ao todo, a produção deve girar em 140 mil quilos de uvas para elaboração de vinho base para espumante.

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Fábio Moitinho

Page 17: Rural Mar 2013

CÓDIGO FLORESTAL: MESMO APROVADO, DISCUSSÕES SOBRE ELE CONTINUAM.

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LAVOURASUSTENTÁVEL

l CONFINAMENTOAfinal, é ou não

é um bom negócio?

l CAsTrAçãONovo método dá

bons resultados semprovocar estresse

ao animal.

ANO XV NO 160 JUNHO/2011

De ações da iniciativaprivada a trabalhos realizadospor ONGs ou pelo poder público...

... É grande a mobilizaçãopara fazer do Brasil um exemplo

de produção e respeito ao meio ambiente

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AndRevista RuralQuem é do campo lê!

Page 18: Rural Mar 2013

O peso de uma boa semente

Narciso Barison Neto

Ao completar 40 anos, Associa-ção Brasileira de Sementes e

Mudas (Abrasem) considera que um dos principais desafios do

setor está no combate à pirataria e a conscientização dos produ-

tores na adoção de sementes certificadas. “Essas ferramentas

são de extrema importância e podem oferecer maior produtivi-

dade e renda ao agricultor”, diz o presidente da entidade Narciso Barison Neto. Em entrevista con-cedida à repórter Fátima Costa, o representante da Abrasem refor-

ça também que novas tecnolo-gias ainda estão por vir.

Div

ulga

ção/

Abr

asem

Revista Rural – Recentemente, a Asso-ciação Brasileira de Sementes e Mu-das (Abrasem) divulgou a 6ª edição dos estudos da Céleres e Céleres Am-biental sobre os impactos econômicos e socioambientais da adoção de bio-tecnologia nas lavouras brasileiras. Os estudos revelaram que o produtor de uma lavoura de 50 hectares de mi-lho resistente a insetos já acumulou retorno adicional de até US$ 100,4 mil, desde que essa tecnologia foi co-mercializada no Brasil. Quais são as projeções que a entidade faz quanto ao uso da biotecnologia nos campos brasileiros?Narciso Barison Neto – De acordo com o estudo, desde que foi implantada no

País, em 1996, a biotecnologia proporcio-nou aos agricultores benefícios econômi-cos de US$ 18,8 bilhões. Sem dúvida, os ganhos de produtividade são os maiores benefícios. Com relação aos custos, hoje as empresas que detém essa tecnologia sabem que não se podem cobrar preços altíssimos aos agricultores, com isso criaram uma competitividade justa. Nos últimos anos, houve um reajuste neste mercado. Além disso, dados deste estu-do apontam ainda para seis resultados relacionados à biotecnologia e os seus benefícios, dentre eles, podemos afirmar que a tecnologia não tem vida longa, em média cada lançamento utilizando no Brasil e no mundo dura apenas 17 anos. Por isso, a cada temporada novos produ-

18 l Revista Rural l março/2013

Page 19: Rural Mar 2013

Há 15 anos tínhamos uma produtividade de 150

sacas por hectares. Hoje são 300, praticamente o dobro.

Resultado do uso de sementes certificadas

e tecnologia.

tos são colocados à disposição do agri-cultor. Outro dado importante é a ca-racterística dessa tecnologia que chega aos campos brasileiros, a exemplo de se-mentes de soja tolerantes à seca, resistentes às doenças e com adição de ômega 3 e de proteínas na com-posição. De certa forma, essas fer-ramentas são de extrema impor-tância e pode oferecer maior produtivida-de e renda ao agricultor. Outro dado é que temos o compromis-so de alimentar cada vez mais pessoas, afinal são 400 mil bebês que nascem todos os dias no mundo. Temos daí, o dever de produzir mais e com melhor qualidade.

Rural – O que ainda falta para que essa biotecnologia, considerada ain-da cara, chegue às mãos de mais pro-dutores? A agricultura familiar já pode ser beneficiada por ela?Barison Neto – De fato, como você colo-cou, é uma tecnologia ainda cara. Mas, há casos relatados no Rio Grande do Sul em que há propriedades de diferentes tamanhos que já se utiliza desta biotec-nologia. Só naquele Estado, segundo da-dos do governo são mais de 330 mil as-sociados que fazem o uso da tecnologia de sementes. Um número considerado grande. A agricultura familiar pode ser beneficiada e necessita de um incentivo mais apurado de políticas do governo para que o agricultor comece a ter aces-so a essa ferramenta por meio dos sis-temas, como o Programa Troca a Troca. [Ele se refere ao programa desenvolvido, no início de 2012, pela Secretaria de De

senvolvimento Rural do Rio Grande do Sul que criou o sistema troca-troca do Fundo Estadual de Apoio aos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper), que

operava com o limite de R$ 200 por agricultor e com juros

zero, além de disponi-bilizar, por meio tam-

bém do Feaper, 75 mil sacas de mi-lho para a safri-nha, que foram ofertadas para os municípios, sindicatos ru-rais e coopera-tivas no siste-ma troca-troca de sementes. O Governo do

Estado também anistiou as dívi-

das dos agriculto-res que adquiriram

sementes pelo sistema troca-troca, totalizando R$

24 milhões, benefício que aten-de mais de 210 mil agricultores]. Porém, as sementes transgênicas deixaram de fazer parte do programa Troca-Troca de sementes, em abril do mesmo ano.

Rural – Dados relevam que o uso de sementes certificadas na soja é um dos mais altos dos últimos dez anos. Isso demonstra que o agricultor está mais tecnificado?Barison Neto – Sim. Há exatamente 15 anos tínhamos uma produtividade de 150 sacas por hectares. Hoje são 300, praticamente o dobro. Resultado do uso de sementes certificadas, do uso da tec-nologia e da genética – como o germo-plasma – [Elemento dos recursos genéti-cos que maneja a variabilidade genética entre e dentro da espécie, com fins de utilização para a pesquisa em geral, es-pecialmente para o melhoramento gené-tico]. Com a demanda no mercado, cada vez mais há novas pesquisas. Outro pon-to é que quando o produtor de grãos está

março/2013 l Revista Rural l 19

Page 20: Rural Mar 2013

A agricultura familiar pode ser beneficiada e

necessita de um incentivo mais apurado de políticas do

governo para que o agricultor comece a ter acesso a essa

ferramenta.

capitalizado e, sempre que isto ocor-re, eles procuram sementes de melhor qualidade, com biotecnologia envolvida e qualidade de germinação vigorosa, o que gera um ciclo em todas as grandes culturas, a exemplo do milho. O Brasil colheu uma produção recorde em 2012 e exportou a marca histórica de quase 20 milhões de toneladas de milho, o dobro das exportações de 2011, o que conse-quentemente colocou o País na lista de segundo maior exportador do grão, con-sequência da tecnificação.

Rural – A Abrasem espera um ano fa-vorável para o setor, com crescimen-to de 10% no faturamento sobre os R$ 9 bilhões estimados. Quais os fa-tores que podem contribuir para esse aumento? Barison Neto – Tenho a impressão que o marco regulatório internacional [con-junto de normas, leis e diretrizes que regulam o funcionamento dos setores nos quais agentes privados prestam ser-viços de utilidade pública] permitiu que as empresas investissem mais. Junto, com a Lei de patentes, essas ações contribuíram para os investidores olhas-sem para o Brasil como um mercado muito importante de commodities agrícolas. Nes-te ano, acre-ditamos que ultrapasse os o faturamen-to de R$ 9 bi-lhões anuais.

Rural – Em junho do ano passado, foi re-alizado o World Seed Congress 2012 – Congresso Mundial de Sementes, o maior even-to do setor de sementes do mun-do. Mais de 65 países, por meio de

suas associações e empresas de se-mentes, de biotecnologia e máquinas agrícolas, estiveram no Congresso, organizado pela International Seed Federation (ISF) e, no Brasil, pela Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem). Quais foram as contribuições que este evento trouxe para o mercado brasileiro?Barison Neto – O Congresso Mundial de Sementes foi uma oportunidade para debates sobre temas relevantes, princi-palmente em relação ao combate a pira-taria. O evento também marca a ‘maior idade’ do Brasil, em termos de tecnologia de sementes. O congresso reuniu toda a cadeia produtiva. E se o nosso país foi escolhido e porque o mundo reconheceu a sua importância.

Rural – Dados da Abrasem revelam que o mercado mundial de sementes movimenta US$ 37 bilhões por ano. Só aqui o setor é responsável por US$ 2,6 bilhões e as entidades brasileiras representam 55% desse total. Pode-mos dizer que o mundo está de olho

no mercado brasileiro? Barison Neto – Nós cha-

mamos a atenção não só pela área das

principais com-modities, mas também o que chamamos de ‘hortigranjei-ro’ que são as pequenas áre-as que entram sementes dos mais diversos tipos de plan-

tas e flores. São mais de 700 em-

presas multipli-cadoras, além das

gigantes multinacio-nais. Somos o celeiro do

mundo, alimentando o mun-do. A FAO [Food and Agriculture

Organization] determina que em média

20 l Revista Rural l março/2013

Page 21: Rural Mar 2013

Um dado importante é a característica dessa

tecnologia que chega aos campos do País, a exemplo de sementes de soja tolerantes à

seca e resistentesa doenças.

um adulto se alimente com 400 gra-mas/ dia de frutas e verduras, só no Brasil o consumo fica entre 140 a 150 gramas/ dia. Imagine o quanto movi-mentaria esse mercado interno caso esses números fossem obedecidos. Hoje, o mer-cado movimenta R$ 600 milhões/ano e de semente até o consumidor são R$ 20 bi – esse segmento é o mais im-portante no mercado in-ternacional. O mercado mun-dial de semen-tes movimenta US$ 37 bilhões por ano.

Rural – De que for-ma a Abrasem traba-lha para fortalecer o se-tor de sementes e, ao mesmo tempo, incentivar uma agricultura sustentável?Barison Neto – A agricultura susten-tável responde a menos emissão de gás carbono e é uma ferramenta que oferece e uma segurança alimentar – uma vez que inclui um cultivo responsável. A As-sociação Brasileira de Sementes e Mu-das também considera que combater a pirataria e conscientizar os agricultores ainda é os principais desafios do setor para os próximos anos. Digo sempre que o barato sai caro. Gostaria de acrescen-tar também que a Abrasem está inserida no contexto mundial de sementes e, este ano, quer consolidar ainda mais suas atividades junto à Federação Latino--Americana de Associações de Sementes (Felas), Seeds Association of the Ameri-cas (SAA) e International Seed Federa-tion (ISF).

Rural – Quais são as principais neces-sidades do produtor atualmente?

Barison Neto – Atualmente, podemos afirmar que a agricultura ainda e sempre será vulnerável às condições climáticas. Porém, o governo federal criou para os

agricultores o Seguro Agrícola, que no ano passado, bene-

ficiou muitos produto-res da Região Sul do

País, que tiveram perdas de 50% de suas safras. Um problema que foi contornado. Outro dado in-teressante no campo agrário foi a criação de um Marco Regu la tó r i o , cada vez mais

eficiente. Só que há questões que

ainda restam, tais como a política agrí-

cola, o principal gargalo ainda é a questão de logísti-

ca, armazenagens e infraestrutu-ra dos principais portos.

Rural – Quais são as novidades que o agricultor pode aguardar para os próximos anos?Barison Neto – Teremos nos próximos anos dois eventos importantes relacio-nados à biotecnologia. O primeiro se re-fere ao lançamento da Intacta no Bra-sil que está dependendo da aceitação da tecnologia por alguns dos principais mercados importadores, como China e União Europeia, uma tecnologia tole-rante à seca e resistente a herbicidas. Outra é a biotecnologia Soja Cultivance, desenvolvida pela Basf em parceria com a Embrapa, que ainda aguarda liberação para comercialização na União Europeia e China. Aprovada no Brasil desde 2009, a Cultivance é uma modalidade resisten-te a ervas daninhas. Essas novas tecno-logias promoverão cultivares mais re-sistentes e produtivas para o agricultor brasileiro ainda em 2013.

março/2013 l Revista Rural l 21

Page 22: Rural Mar 2013

Um campo de excelência

Prestes a registrar um novo recorde, a safra brasileira de grãos tem representado o nível de tecnologia que os produtores têm investido para alcançar tamanha produção e produtividade. Confira quais são

os últimos preparativos para a manutenção desses resultados.

Texto: Fábio Moitinho • Fotos: Divulgação

22 l Revista Rural l março/2013

Page 23: Rural Mar 2013

estimativa é que o Brasil co-lha 183,58 milhões de tonela-das (t) e o salto pode ser gran-

de – mais de 17,4 milhões de um ano a outro, o que representaria um vo-lume maior de 10,5% sobre a produ-ção obtida em 2011/2012. Acerca de volume, o recorde é fato, no entanto, se confirmado esse resultado da sa-fra 2012/2013, esse seria o segundo maior salto da história da produção brasileira de grãos. Ao longo da série histórica do levantamento da safra, feita pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a partir da temporada de 1976/1977, a ultra-passagem da barreira de 10 milhões de t aconteceu oito vezes.

A mais emblemática de todas, foi a da safra 2002/2003, a qual resul-tou um crescimento de 26,3 milhões em comparação ao total colhido em 2001/2002. Naquele ano, a produ-ção cresceu 27,24%, a produtivida-

de foi de 16,45% superior e a área cultivada 6,31%. Nesta temporada de 2012/2013, segundo o sexto le-vantamento, divulgado no início de março pela Conab, estima-se que a produtividade cresça 6,1% e a área cultivada seja 4,1% maior que a da safra passada.

Os números são mais do que po-sitivos e revelam que o Brasil tem muito a contribuir com a produção de alimentos, ainda mais, diante de cenários adversos em outros países destacadamente fortes produtores de grãos, como os Estados Unidos, que têm aquecido a valorização da safra brasileira. E quando os preços estão bons, os investimentos na agricultu-ra também são mais aparentes, por isso, produtores têm lançado mão de toda tecnologia para resultar em boa prosperidade à lavoura. Apesar disso, muitos devem ser os cuidados para que o produtor não deixe es-

A

março/2013 l Revista Rural l 23

Page 24: Rural Mar 2013

capar o potencial de sua plantação. Algumas dicas básicas poderão fazer a diferença em anos tão dourados à agricultura nacional.

Soja que vale ouro

A cultura da soja é, sem dúvida alguma, a maior entre todas pro-duzidas no País – deve representar mais de 44% do total de 183,5 mi-lhões de t. Muitas regiões estão já em fase final de colheita. Para Alvadi Antonio Balbinot Júnior, pesquisa-

dor em manejo da cultura da soja da Embrapa Soja, em Londrina (PR), os cuidados com a oleaginosa, nesses momentos finais de enchimento dos grãos, estão relacionados ao contro-le de percevejos, doenças de final de ciclo como a mancha parda (Septo-ria glycines) e crestamento foliar de cercóspora e mancha púrpura da semente (Cercospora kikuchii), e, por fim, a ferrugem asiática. “Nesse sentido o produtor ter de se valer do controle fitossanitário em pulveriza-ções para diminuir as perdas. Inclu-

O maior salto da história – 26,3 milhões de toneladas a mais e um ano a outro. A safra de 2002/2003,

a produção cresceu 27,24%, a produtividade foi de 16,45% superior e a área cultivada 6,31%.

24 l Revista Rural l março/2013

Page 25: Rural Mar 2013

sive, o controle dessas doenças de final de ciclo são feitos já as aplica-ções da ferrugem”.

A fase final de enchimento dos grãos é a R-5.4, a qual nível de en-chimento está entre 75% a 100% dos grãos cheios. Logo após essa fase, vem a R-6, a qual se caracteriza pela maturação fisiológica, nesse estádio, segundo Balbinot Júnior, o produtor não corre mais riscos de perdas com pragas e doenças.

Do estádio R-6 até o R-8, o qual é o final, o grão estará pronto a ser colhido. Nessas fases a planta vai perdendo água e folhas – é o seca-mento. É o período no qual os pro-dutores tem lançado mão de herbici-das para uniformizar a dessecagem. “No entanto, é importante salientar que essa prática só tem de ser fei-ta em casos de extrema necessida-

“MUITOS PRODUTORES OPTAM PELA DESSECAGEM PARA QUE TODAS AS PLANTAS CHEGUEM NO ESTÁDIO DE COLHEITA IGUAL. O COMPLICADO É SE HOUVER INCIDÊNCIA DE MUITAS CHUVAS LOGO APÓS TER SIDO FEITA ESSA TÉCNICA. COMO A PLANTA SERÁ BASICAMENTE VAGEM E HASTE, HÁ RISCOS DE A VAGEM ABSORVER MUITA ÁGUA, AUMENTANDO A UMIDADE DO GRÃO. ISSO VAI DEPRECIAR O VALOR DO PRODUTO”, ALERTA ALVADI ANTONIO BALBINOT JÚNIOR, PESQUISADOR DA EMBRAPA SOJA, EM LONDRINA (PR).

Carina R

ufino

de. Muitos produtores optam pela dessecagem para que todas as plan-tas cheguem no estádio de colheita igual. O complicado é se houver in-cidência de muitas chuvas logo após ter sido feita essa técnica. Como a planta será basicamente vagem e haste, há riscos de a vagem absorver muita água, aumentando a umidade do grão. Isso vai depreciar o valor do produto”, alerta o pesquisador.

O cuidado com a dessecagem vem justamente num momento em que há previsões de chuvas na épo-ca de colheita, especialmente, no Es-tado do Paraná. É importante que o produtor avalie muito bem essa situ-ação e só opte por esse procedimen-to quando for realmente necessário.

Entre as causas dessa desuni-formidade de desenvolvimento das plantas está o próprio posiciona-

março/2013 l Revista Rural l 25

Page 26: Rural Mar 2013

mento das sementes quando semea-das. De acordo com Balbinot Júnior, a alocação das sementes em níveis distintos no solo (uma mais baixo que a outra), variações de umidade e fertilidade também podem influen-ciar nisso.

A chegada da hora da colheita tem de ser bem planejada. A melhor estratégia tem de ser baseada no ta-manho de área cultivada, na quan-tidade de maquinários dispostos à operacionalização da colheita, sejam próprios ou alugados, e as previsões climáticas no decorrer das semanas. “O ideal é que quando chegar o pon-to de colheita, que o produtor entre na lavoura o quanto antes para não perder grãos por causa de chuvas. Com a adoção do sistema de plantio direto (SPD), se por exemplo, chover na tarde do dia escolhido para a co-

lheita. No outro dia, com grande par-te da manhã ensolarada, a colhei-ta poderá ser realizada na parte da tarde. O ideal é que o produtor faça sempre a averiguação das condições de solo”, aconselha.

Primeiríssima safra de segunda

Em segundo lugar em termos de volume – 41,44% da produção de grãos nacional –, o milho tem ganhado cada vez mais destaque, especialmente no mercado de ex-portação. E da safra de 2010/2011 para cá, a entressafra, ou a safra de inverno, já ultrapassa o volume da safra de verão do cereal. Na tempo-rada de 2012/2013, são estimados pela Conab 41,2 milhões de t sobre os 34,7 milhões da safra verão. Para José Carlos Cruz, fitotecnista e pes-

26 l Revista Rural l março/2013

Page 27: Rural Mar 2013

quisador sistemas de produção da Embrapa Milho e Sorgo, em Sete La-goas (MG), a dobradinha de sucesso – soja verão e milho inverno – tem dado tão certo ao longo dos anos, que essa tem sido a razão pela qual a área de cultivo do cereal tem enco-lhido cada vez mais.

“Estima-se que entre as cultiva-res de soja semeadas no País, 60% sejam precoces. Nisso a própria soja tem roubado a área do milho verão. Isso significa uma área maior para o milho de inverno”.

O importante é que o produtor não perca o prazo – por isso a neces-sidade de tirar a soja no tempo certo para entrar com o milho de segun-da safra também no momento certo, ainda com solo preparado, e fertili-zado, nitrogenado pela soja, e que consiga receber as últimas chuvas de março a abril. “Qual o segredo? Quando mais cedo mais o produtor entrar com o milho, mais chance de produzir, menor riscos de geadas e menor chance de déficit hídrico”, avalia Cruz.

A cultura da soja é, sem dúvida alguma, a maior entre todas produzidas no País – deve representar mais de 44% do total de 183,5 milhões de toneladas. Muitas regiões estão já em fase final de colheita.

março/2013 l Revista Rural l 27

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À medida que o produtor vai se atrasando, igual-mente se reduz a probabilidade de uma boa safra de inverno na cultura do milho. Isso, de certa forma, mui-tos produtores já tem traçado esse plano a partir do momento do início da semeadura da soja no mês de ou-tubro. Para melhores ganhos no campo, há tecnologias de todos os custos para a obtenção de resultados na colheita – há desde as mais caras, como uma semente de alto potencial, até as mais baratas, a simples infor-mação de época de plantio adequado. “Para se ter uma ideia, não há custo algum na adoção da semeadura na época recomendada de plantio. O produtor que não o faz, perde dinheiro a toa. Há também cerca de 500 tipos de sementes que podem ser adquiridas no Brasil – o produtor deve usar a mais adequada à região dele, e deve seguir a densidade de plantio recomendada. Essas informações não tem custo. Se a quantidade que vai por hectare é de 50 mil, não se pode semear na mesma área, 60 mil, isso influencia negativamente o resultado”.

Outro quesito, está na correção do solo. Muitos pro-dutores não tem feito a análise de suas respectivas áre-as e por causa disso, estariam corrigindo problemas que

“QUAL O SEGREDO? QUANDO MAIS CEDO

MAIS O PRODUTOR ENTRAR COM O MILHO,

MAIS CHANCE DE PRODUZIR, MENOR

RISCOS DE GEADAS E MENOR CHANCE DE

DÉFICIT HÍDRICO”, AVALIA JOSÉ CARLOS CRUZ, FITOTECNISTA

E PESQUISADOR SISTEMAS DE

PRODUÇÃO DA EMBRAPA MILHO

E SORGO, EM SETE LAGOAS (MG).

Marina Torres/Embrapa Milho e Sorgo

28 l Revista Rural l março/2013

Page 29: Rural Mar 2013

nem existem, ou que estariam exce-dendo em adubação. Outras tecno-logias como sementes adequadas e certificadas, que expressem poten-cial genético, o tratamento de se-mentes, o manejo integrado de pra-gas e doenças, a adubação precisa, a adoção do plantio direto, ou mesmo a integração lavoura-pecuária são consideradas técnicas de grande va-lia para o aumento da produção.

O conselho é que cada produtor busque o que for melhor – rentabili-dade ou melhor custo de produção,

ambas posturas são efetivamente corretas. Produtores maiores optam pela rentabilidade, não se importan-do se o custo chega se maior, nes-se caso. Já um produtor familiar vai procurar desenvolver um trabalho no qual o custo de produção seja mais adequado. “Cada produtor tem de fazer suas contas. Para se ter uma ideia, há sementes de custam desde R$ 50 por hectare a R$ 500, seguramente uma cultivar transgê-nica. Cabe escolher qual pode pro-porcionar o resultado que se deseja”.

Da safra de 2010/2011 para cá, a entressafra do milho já ultrapassa o volume da safra de verão. Este ano são estimados pela Conab 41,2 milhões de toneladas sobre os 34,7 milhões da safra verão.

Guilherme Viana/Embrapa Milho e Sorgo

março/2013 l Revista Rural l 29

Page 30: Rural Mar 2013

30 l Revista Rural l março/2013

Planejamento estratégico

Especialistas apontam alternativas para os pecuaristas que inclui uma receita econômica, devido aos altos custos de produção,

e que sustente os animas, seja no confinamento ou no pasto.Texto: Fátima Costa • Fotos: Divulgação

odo criador gosta de ver a vacada sempre bem nutrida, se alimen-tando no pasto, que segundo es-

pecialistas, ainda é a fonte mais barata de fornecimento de comida aos bovinos na propriedade, principalmente, após a alta valorização dos principais grãos que começa a inviabilizar a terminação dos animais no cocho, obrigando os pe-cuaristas a retomar a produção 100% a pasto, de forma mais profissional.

Porém, neste momento, eis que surgiu a dúvida: o foco tem de ser em pastagens mais produtivas ou tam-bém em ingredientes mais baratos que possam oferecer o que os animais precisam? Qual a saída para sistemas intensivos ou semi-intensivos para a garantia de resultados sem perder de vista a viabilidade econômica do negó-cio? Antes de qualquer coisa, na opi-

T nião do pesquisador Sérgio Raposo de Medeiros, da Embrapa Gado de Corte, apesar dos altos custos de produção, a pecuária é ainda um investimento se-guro é sua liquidez é grande. Entretan-to, a parte nutricional é o aspecto mais caro da produção, como reconhece o pesquisador. Segundo Medeiros, re-presenta 70% dos gastos, com pasto e minerais. “Por isso, é muito importan-te que o pecuarista planeje bem o ma-nejo da pastagem e dos animais para conseguir lucrar mais”, diz. Ele propõe que o pecuarista passe a enxergar a fa-zenda como uma empresa e que tome decisões baseadas em planilhas de custo e previsão de caixa. “Ele precisa se profissionalizar porque cada vez mais ele está perdendo terreno”, afir-ma. Neste caso, o pecuarista precisa prever quais serão os serviços ofere-

Page 31: Rural Mar 2013

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cidos na fazenda naquele ano e qual deve ser a previsão de caixa, ou seja, qual mercado que ele vai vender. Outro fator está no “co-cho”. O que o produtor tem que fazer é oferecer um bom pasto para o ani-mal. Isso depende dele fazer bem a correção do solo, fazer correta-mente a adubação, intensificar a produção intensificando a carga animal, e depois ele deve fazer o manejo de acordo com a exigên-cia de cada categoria. “Nem todo animal tem a mesma exigência alimentar, ele precisa separar os animais em categorias”, afirma. “O gado bem alimentado também reproduz melhor porque o poten-cial reprodutivo está ligado à qua-lidade e quantidade de alimentos que o animal ingere”, diz.

A preocupação principal está no período seco do ano. Para isso, Medeiros sugere que entre as op-

ções que o produtor tem à sua disposição está o tradicional con-sórcio entre a aveia e o azevém; o uso da cana-de-açúcar in-natura, ensilada ou hidrolisada e o culti-vo da brachiaria ruziziensis, uma gramínea que se adaptou bem ao solo arenoso e que além de pro-porcionar o pastoreio direto do gado também contribui para man-ter um bom volume de palha sobre o solo no plantio direto, dentro do esquema de integração entre a pecuária e a agricultura. As-sim, também em época de chuva escassa, o uso de suplementação alimentar é essencial para manter o gado saudável. Cana-de-açúcar e ureia, capim-elefante, legumi-nosas forrageiras, diferimento de pastagens e silagem, são algumas alternativas práticas e economi-camente viáveis para nutrir os animais enquanto o tempo seco permanecer. “O produtor também

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pode fazer uso racional de alimentos regionais, como subprodutos agroin-dustriais. Em geral, eles são de bai-xo custo e de fácil aquisição e trans-porte. Contudo, têm como limitações o desconhecimento de sua composi-ção química e valor nutritivo, além de problemas de armazenamento, de conservação e de disponibilidade ao longo do ano”, reforça.

De acordo com o pesquisador, especialista em nutrição, o produ-tor precisa saber quantos animais alimentará na seca, qual seu peso

aproximado para essa época e por quanto tempo deverá ficar sem chu-vas, lembrando que cada UA (unida-de animal, 450 kg de peso vivo) come cerca de 10 kg de matéria seca por dia. “Com esses dados, o pecuarista poderá avaliar se é melhor reduzir o rebanho ou optar por uma das alter-nativas para produzir alimento”, diz.

Daí, respondendo a questão por qual sistema ser adotado, sistema intensivo, semi-intensivo ou confi-namento para a garantia de bons, ele menciona que o confinamento

Em termos de custos, o manejo nutricional é o aspecto mais caro entre os demais da bovinocultura

de corte. Estatísticas apontam que esse investimento representa 70% dos gastos, com pasto e minerais.

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também pode ser usado como uma boa ferramenta para se ter comida no período da seca, com a produção de silagem de milho no período das águas. O pecuarista que utiliza a re-serva de feno em pé é o perfil ide-al para o confinamento estratégico, pois no confinamento estariam ani-mais em terminação em período de entressafra. “O confinamento possi-bilita melhor distribuição da renda, garantindo a entrada de dinheiro em período que normalmente não en-tra”, diz.

Economia de espaço e tempo

Na opinião do veterinário Leo-nardo Souza, sócio-diretor da Quali-tas Agronegócios, o maior problema da pecuária brasileira ainda se re-fere ao manejo nutricional do gado.

O GADO BEM ALIMENTADO TAMBÉM REPRODUZ MELHOR PORQUE O POTENCIAL REPRODUTIVO ESTÁ LIGADO À QUALIDADE E QUANTIDADE DE ALIMENTOS QUE O ANIMAL INGERE, DIZ O PESQUISADOR SERGIO RAPOSO DE MEDEIROS, DA EMBRAPA GADO DE CORTE.

“No ano passado, o farelo de soja e o milho, principais ingredientes do confinamento, bateram cotações exorbitantes, encarecendo um pou-co mais essa terminação. O custo da engorda no confinamento chegou a R$ 100/@. Sabemos que ele é estra-tégico para a produção, principal-mente, no período das secas, entre-tanto, com os altos custos muitos optaram pelo pasto”, diz.

Ao lado, do zootecnista Émerson Moraes, Souza criou o Sistema Ne-lore Qualitas de Produção. “A nossa intenção não é alcançar as 20@, mas sim, abater os animais com 20 me-ses a pasto. Pois é isto que permite alcançar um desfrute de 35,7% no rebanho. É isto que faz com que a fazenda passe o período da seca [no qual ele se refere entre os meses de junho a novembro] somente com

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matrizes prenhes e animais desma-mados, adequando a lotação à ca-pacidade de suporte dos pastos no período de menor produção de for-ragem”, explica. “Sabemos que au-mentar o peso de abate para 20@ e ao mesmo tempo diminuir a necessi-dade de suplementação para alcan-çar este peso, só ocorrerá para aque-les que melhorarem geneticamente os seus rebanhos”, diz.

Segundo Souza, identificar os animais com maior ganho de peso, mas que necessitam de menos ali-mento para alcançar este ganho já é uma realidade há três anos, quando os sócios do programa implementa-ram em parceria com a Universida-de Federal de Goiás um Centro de Avaliação de Eficiência Alimentar. “Os 120 melhores touros produzi-dos a cada ano são avaliados para ganho de peso e consumo de alimen-tos, para identificar os animais que conseguem produzir uma arroba com o menor custo possível. Ao fi-

nal do teste os 10 melhores animais têm seu sêmen coletado e utilizado nos rebanhos participantes. Com isso multiplicamos a genética para tornar os animais mais eficientes, reduzindo os custos de produção”, afirma. “Concluímos que o sistema é uma opção para modificar drastica-mente a produtividade, eficiência e o resultado financeiro da pecuária. E que o melhoramento genético é um importante fator para consolidar a sustentabilidade de uma das ativi-dades econômicas mais importantes no Brasil”, explica.

O programa propõe trazer um modelo de criação, sem a necessida-de do confinamento. “Pensamos em produzir a pasto, um novilho preco-ce com até dois anos de idade. Cria-mos o desafio para terminá-los com 20 meses e com 20@ [a pasto] com suplementação. Mas, sem o conceito de suplementação tão pesada. A in-tenção é explorar ao máximo a pas-tagem”, diz.

“SABEMOS QUE O CONFINAMENTO

É ESTRATÉGICO PARA A PRODUÇÃO,

PRINCIPALMENTE, NO PERÍODO DAS SECAS,

ENTRETANTO, COM OS ALTOS CUSTOS

MUITOS OPTARAM PELO PASTO”, DIZ

O VETERINÁRIO LEONARDO SOUZA,

SÓCIO-DIRETOR DA QUALITAS

AGRONEGÓCIOS.

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De olho no agronegócio brasileiro, fabricantes de pneus agrícolas apostam em tecnologias e inovações para elevar as

vendas em um mercado que tem se mostrado bastante acirrado

Calibrando o mercado

Texto: Fátima Costa • Fotos: Divulgação

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crescimento da atividade econômica espelhou o incre-mento da demanda interna,

beneficiada pelo aumento do con-sumo das famílias, do emprego e da renda. Se a cidade foi beneficia-da, quem dirá o campo. Por sua vez, vários setores levaram vantagens. A cadeia automotiva – autopeças, tra-tores, máquinas agrícolas e pneus – foi uma das favorecidas pelo cresci-mento da renda da população e pela redução das taxas de juros, que fa-cilitaram os financiamentos e impul-sionaram as vendas internas.

Dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip) revelam que em 2011 foram comer-cializados 981 mil pneus agrícolas. Vale ressaltar que, no ano passado, a entidade totalizou um recuou de 6,4% em relação a 2011, na produ-ção da indústria brasileira de pneus. Entretanto, o mesmo não ocorreu nos pneus destinados aos tratores agrícolas. “A produção dessa catego-ria registrou crescimento, de 1,6%, acompanhando o bom desempenho do setor agronegócio”, diz Alberto Mayer, presidente da Anip.

Não é à toa, que as grandes companhias contam com os planos secundários de investimentos em outros países, sendo que o Brasil ganha no favoristimo. Nos últimos cinco anos, de olho na tentativa de abocanhar uma fatia do mercado bastante acirrado, as fabricantes de

pneus agrícolas investiram pesado na renovação da linha e aumentou consideravelmente a gama de pro-dutos disponíveis por aqui.

A Pirelli, uma das mais tradicio-nais fabricantes de pneus do mun-do, tem se pautado em oferecer equi-pamentos e soluções cada vez mais eficientes tanto como equipamento original como equipamento de re-posição. A empresa fincou raízes no Brasil e por aqui produz toda a sua linha de pneus para o agronegócio. E com os bons resultados gerados nos campos agrícolas brasileiros, a companhia espera por tempos ainda melhores. Quem faz a aposta é o Flá-vio Bettiol Junior, diretor de marke-ting Caminhão e Agro da Pirelli na América Latina. “Essa é a tendência pelos principais indicadores econô-micos, como o do IBGE, que prevê crescimento de 10% da safra em 2013, será um novo recorde”, diz.

De olho no aquecimento do mercado, o executivo explica que a companhia aposta no aumento de potência dos tratores nos campos brasileiros e na expansão de cultu-ras. Por isso, a empresa trouxe, no ano passado, a linha PHP, a sua se-gunda geração de pneus radiais agrí-colas, destinada à agroindústria. Os produtos são destinados para trato-res de alta potência, colheitadeiras e pulverizadores, que são utilizados em atividades como cultivo de grãos e usinas de cana-de-açúcar. “A gama

O

A cadeia automotiva foi uma das favorecidas pelo crescimento da renda da população e pela redução das taxas de juros, que facilitaram os financiamentos e impulsionaram as vendas.

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pioneira foi a Earth Agro PHT, que pode ser considerada como o primei-ro pneu agrícola radial produzido no Brasil”, afirma.

De acordo com ele, no caso de pneus agrícolas, foi necessário de-senvolver os pneus radiais, que transmitisse melhor toda a potên-cia do trator ao solo. “Isso aconte-ceu porque na busca por eficiên-cia cada vez maior, a agroindústria exige veículos mais potentes e com maior capacidade de carga”. O atu-al mercado de pneus agrícolas tem

se mostrado muito competitivo, na opinião do executivo, e com a neces-sidade de aumentar a produtividade no campo, os equipamentos, dentre eles, os tratores, colheitadeiras, en-tre outros, estão se tornando mais potentes e produtivos e os pneus têm que acompanhar esta evolução tecnológica.

“Portanto, todos os fabricantes de pneus têm investido em tecnolo-gia de produto e também em servi-ços, dando o suporte ao cliente final para diferenciar-se no mercado”, diz.

De olho na tentativa de abocanhar uma fatia do mercado bastante acirrado, as fabricantes de pneus agrícolas investiram pesado na renovação da linha e aumentou consideravelmente a gama de produtos.

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Além das Américas

No segmento de pneus agrícolas desde 1993, Titan se mantém firme no mercado da América do Norte. Na América Latina, no final de 2010, a empresa adquiriu a marca e a fábri-ca Goodyear Farm Tires e passou a ser responsável pela produção e co-mercialização de pneus agrícolas e pneus convencionais de caminhões e caminhonetas com a marca Goo-dyear América Latina. “De lá pra cá, a Titan observou neste mercado um crescimento”, conta Luiz Antônio Marthe, diretor de marketing e ven-das da Titan Pneus.

Recentemente, a empresa que participou, pela segunda vez do Show Rural – Coopavel depois que adquiriu uma planta da Goodye-ar, em 2010, trouxe a nova linha de

“OS FABRICANTES DE PNEUS TÊM INVESTIDO EM TECNOLOGIA DE PRODUTO E TAMBÉM EM SERVIÇOS, DANDO SUPORTE AO CLIENTE FINAL PARA DIFERENCIAR-SE NO MERCADO”, DIZ FLÁVIO BETTIOL JR, DIRETOR DE MARKETING CAMINHÃO E AGRO DA PIRELLI NA AMÉRICA LATINA.

produtos, principalmente, de pneus agrícolas, destinada para pulveriza-dores, colhedoras e tratores de gran-de potência. Dentre as novidades: a família DT824, que foi ampliada com a medida 600/65R28, e a nova linha DT924 que chega com duas medi-das, a 710/70R42 e a 480/70R34. “A linha APR, que terá, inicialmen-te, a medida 520/85R42, completa a lista de produtos, cujas caracte-rísticas principais são maior dura-bilidade, economia de combustível e tração extra”, explica o engenheiro Leandro Pavarin, gerente de vendas Brasil da Titan Pneus. “Apostar e in-vestir no Brasil e na América Latina, esse é o objetivo. Por isso, até o final do ano a ideia é incrementar ainda mais a linha agrícola e também a fora de estrada, trazendo até medi-das de pneus que não são fabricadas

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ainda hoje no País”, diz Pavarin. As-sim como as demais companhias, a aposta é nos pneus radiais. “Hoje, ao testar um pneu radial e um diagonal, no mesmo implemento e na mesma área, o consumo de combustível e o tempo são perceptíveis. Há uma eco-nomia de combustível em torno de 7% utilizando pneus radiais e o ga-nho de velocidade em torno de uns 12%. Benefícios palpáveis”, afirma. Ofertando uma linha completa de pneus agrícolas da marca Goodye-ar, a expectativa é elevar as vendas. “Aguardamos com isso um cresci-mento em vendas entre 10 a 15%, no segmento agrícola”.

Só em 2012, segundo Marthe, houve um crescimento de 40% em comparação ao ano anterior. Os mercados brasileiro, paraguaio, uru-guaio, boliviano e mexicano repre-

sentou um faturamento na ordem de US$ 400 milhões por ano, sendo que o Brasil foi o grande responsável por esse total. “O que torna claro o nosso foco”, diz Marthe.

Reconhecimento

Neste novo leque de produtos, a fabricante vai prezar principalmente a gama de medidas e desenhos, ade-quando às necessidades dos produ-tores rurais e das montadoras, além de fornecer sempre uma qualidade elevada que é “Top of Mind” no se-tor agrícola. E o caso da Bridgesto-ne. Com sede em Tóquio (Japão), a companhia é uma das maiores fabri-cante mundial de pneus e detento-ra das marcas Bridgestone, Bandag, BTS e Firestone. No Brasil, produz pneus para todos os segmentos em

APOSTAR E INVESTIR NO BRASIL E NA

AMÉRICA LATINA, ESSE É O NOSSO OBJETIVO.

POR ISSO, ATÉ O FINAL DO ANO A PROPOSTA

É INCREMENTAR AINDA MAIS A LINHA

AGRÍCOLA, DIZ LEANDRO PAVARIN,

GERENTE DE VENDAS BRASIL DA TITAN

PNEUS.

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suas fábricas de Santo André (SP) e de Camaçari (BA), que juntas atin-gem capacidade de produção de 42 mil pneus por dia. Recentemente, a empresa apresentou o seu radial All Traction DT, um pneu agrícola com construção radial, antes importado dos Estados Unidos e agora produzi-do no Brasil. “A expectativa é elevar em 4% as vendas neste ano e manter o posicionamento da marca. Entre os Estados promissores São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso, se destacam”,

diz Marcos Aoki, gerente geral de Vendas Comercial da empresa.

De acordo com Aoki, para atrair cada vez mais o mercado, a com-panhia oferece oito anos de garan-tia em seus pneus, além de possuir um campo de provas exclusivo para testes. Além disso, possui aproxima-damente 130 revendedores oficiais. Estes diferenciais permitiram que na categoria Pneus Agrícolas, a marca Firestone da Bridgestone do Brasil ganhar por dez vezes consecutivas o prêmio “Top of Mind” da Revista Ru-

Dados da Anip revelam que em 2011 foram comercializados 981 mil pneus agrícolas. No ano passado, a entidade totalizou um recuou de 6,4% em relação a 2011, na produção da indústria brasileira.

OS MERCADOS BRASILEIROS, PARAGUAIO, URUGUAIO, BOLIVIANO E MEXICANO REPRESENTOU UM FATURAMENTO NA ORDEM DE US$ 400 MILHÕES POR ANO. O QUE TORNA CLARO O NOSSO FOCO, AFIRMA LUIZ ANTÔNIO MARTHE, DIRETOR DE MARKETING E VENDAS DA TITAN PNEUS.

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ral (2003 a 2012) e por oito vezes o prêmio “Top of List” da mesma revista, como reconhecimento por sua tradi-ção, qualidade, performance superior, confiança e força no agronegócio brasileiro.

Outra estrada

Após se especializar no mercado brasileiro de pro-dutos para reparo e reforma de pneus e câmaras de ar, a Fate Pneus do Brasil, empresa associada a Borrachas Vipal, lança novos produtos. No ano de 2010, a Vipal e a argentina Fate assinaram protocolo de intenções com o governo do Rio Grande do Sul, para a instalação de uma fábrica no distrito industrial no município de Guaíba, e após isso deram o pontapé para o mercado de pneus novos. Neste ano, por exemplo, a companhia trouxe o GD-800, de tração “R1” para máquinas agrícolas, com alto desempenho e produtividade nos mais diversos ti-pos de solos. “Ainda este ano serão lançados o GD-900, para o segmento R4, que apesar de ser utilizada em grande parte na construção civil, atenderá uma parte das colheitadeiras em uso no Brasil, e o GD-700, para

NO CASO DA BRIDGESTONE, QUE OFERTA UMA LINHA

COMPLETA DE PNEUS AGRÍCOLAS DA

MARCA FIRESTONE, A EXPECTATIVA É ELEVAR EM 4% AS

VENDAS NESTE ANO, DIZ MARCOS AOKI,

GERENTE GERAL DE VENDAS COMERCIAL

DA BRIDGESTONE DO BRASIL.

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o segmento R2, um pneu diagonal com sulcos extraprofundos e gran-de poder tração em solos alagados, especialmente desenvolvido para a cultura de arroz”, diz Ricardo Dry-galla, gerente de Vendas EO/Gran-des Contas da Fate.

De acordo com ele, apesar de ter significativa participação no merca-do argentino, em todos os segmentos de transporte de que participa, no Brasil a companhia ainda é pouco conhecida devido ao pouco tempo de atuação por aqui. “Temos, portanto, um grande desafio pela frente, mas também uma excelente oportunida-de de negócio, especialmente nos mercados agrícola e de carga rodovi-ária com o apoio da Rede Vipal”.

Na opinião de Drygalla, os volu-mes de pneus agrícolas comercia-lizados nos últimos quatros anos

é cerca de 10% menor que o volu-me vendido em 2008. Segundo ele, isso ocorre porque observa-se uma oscilação muito grande na venda de pneus agrícolas de um ano para o outro e também porque o ciclo de troca deste tipo de pneu costu-ma ser muito longo, de cinco a sete anos. “Sendo assim, o aquecimen-to das vendas de máquinas deverá impactar positivamente o mercado de pneus nestes próximos anos”, diz. “Todos os prognósticos atuais indicam que 2013 será um ano de grande demanda por pneus, espe-cialmente no segmento de pesados, fazendo com que a oferta seja muito próxima da demanda, e os níveis de estoque reduzidos, situação esta que exigirá melhor planejamento de to-dos os agentes deste mercado, seja o fabricante, seja o consumidor”.

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Feira das novidades

Embrapa lança nova cultivar de soja, e empresas apresentam seus mais novos produtos no combate às pragas e

doenças existentes nas lavouras durante a Coopavel 2013.

Texto: Bruno Zanholo • Fotos: Lucas Drobina

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A boa para quem pensa em milho sa-frinha. “Devido ao alto potencial de rendimento, a BRS3060RR é uma vantagem para o produto que quer aproveitar ao máximo a lavoura e es-paço físico”, declara Borges.

Outro ponto importante da cul-tivar se deve pela reação resistente que ela possui a três doenças espe-cíficas que não são comuns de ou-tras cultivares resistirem. São elas, a podridão radicular de fitóftora, nematoide de galha (Meloidogyne in-cógnita) e nematoide reniforme (Ro-tylenchulus reniformis). Borges diz que a variedade tem bom arranque inicial na plantação, o que a difere de outros tipos da soja, sendo um fa-tor positivo ao produtor rural e sua plantação. Entre as características médias desta variedade nota-se que a altura da planta pode variar entre 85 cm a 105 cm, o ciclo atinge entre 105 e 120 dias, o peso de 100 se-mentes equivale a 15,8 g, seu teor de proteína é de 39,02% e o teor de óleo é de 21,38%.

s variedades de cultivares de soja e milho e seus respecti-vos defensivos lançados na

Coopavel são o pontapé inicial para a produção de uma safra diferencia-da. De olho nos rendimentos da la-voura, estes conjuntos apresentam o que tem de melhor para alcançar o sucesso e possuem sistemas ideais de plantio para expressar o máximo da produção. A Embrapa soja, por exemplo, lançou oficialmente na fei-ra sua mais nova cultivar que tem como principais destinos a região norte, noroeste e oeste do Paraná. Trata-se da BRS360RR. A variedade é transgênica com resistência a gli-fosato (RR) e tem maturação precoce no nível 6.2. Além disso, tem seme-adura antecipada, ou seja, é plan-tada cedo e cresce de maneira mais rápida. É indicado que este tipo de soja seja plantada ao solo no dia 1º de outubro em áreas abaixo de 600 metros de altitude. Segundo o enge-nheiro agrônomo da Embrapa, Ro-gério de Sá Borges, esta variedade é

“DEVIDO AO ALTO POTENCILA DE RENDIMENTO, A BRS3060RR É UMA VANTAGEM PARA O PRODUTO QUE QUER APROVEITAR AO MÁXIMO A LAVOURA E ESPAÇO FÍSICO”, DIZ O ENGENHEIRO AGRÔNOMO DA EMBRAPA PRODUÇÃO DE MERCADO, ROGÉRIO DE SÁ BORGES.

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Para ajudar os produtores no controle de importantes plantas da-ninhas de folhas largas como a buva, uma das principais ervas resistentes e que está presente em grande parte do Brasil, principalmente na região sul, a Unidade de Proteção de Cul-tivos da Basf apresentou aos visi-tantes do Show Rural seu mais novo herbicida, Heat. O produto é um multicultural utilizado na desseca-ção para plantio das principais cul-turas como soja, milho, arroz, trigo e algodão, além do manejo das plantas daninhas em pós-emergência nas culturas do arroz e cana-de-açúcar, e na dessecação pré-colheita para as culturas da batata e do feijão.

Um diferencial do Heat apontado pelo gerente regional de vendas da Basf, Helio Cabral, é a velocidade de controle do mesmo. Ele promove um

“O AGRICULTOR PODE VER OS EFEITOS

DO HERBICIDA NOS PRIMEIROS DIAS APÓS

A SUA APLICAÇÃO, O CONTROLE DA BUVA É

ANTECIPADO FAZENDO COM QUE O PRODUTOR

GANHE DE QUATRO A CINCO DIAS PARA O

PLANTIO DA CULTURA”, DECLARA HÉLIO

CABRAL, GERENTE REGIONAL DE VENDAS

DA BASF.

ganho operacional ao maquinário já que na maioria das situações permi-te que o agricultor plante sua lavou-ra logo após a aplicação, adequan-do-se ao sistema aplique e plante. “O agricultor pode ver os efeitos do herbicida nos primeiros dias após a sua aplicação, o controle da buva é antecipado fazendo com que o pro-dutor ganhe de quatro a cinco dias para o plantio da cultura”, declara Cabral.

Ele diz que a Basf tem como focos a inovação e estar sempre ao lado do agricultor, identificando suas neces-sidades e desafios, oferecendo so-luções em tecnologias que atendam sua demanda. “Utilizamos tecnologia brasileira no produto, porque hoje o nosso nível tecnológico está igual ou até superior do que no exterior”. Ca-bral diz que a companhia está muito

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satisfeita por mais este lançamento, pois se trata do segmento de herbici-das, que nos últimos anos não vinha sendo contemplado com nenhuma nova molécula para auxiliar no ma-nejo de plantas daninhas.

Mostrando portfólio

A Syngenta apresentou na Co-opavel 2013 todos os destaques de seu portfólio de soluções para au-mentar a produtividade em pro-priedades rurais de todos os portes.

SEGUNDO O GERENTE REGIONAL DE VENDAS DA SYNGENTA, JEFFERSON

CAPRIOLI, É ATRAVÉS DE FEIRAS COMO A COOPAVEL QUE A EMPRESA BUSCA CADA VEZ MAIS SER PARCEIRA DO PRODUTOR.

As variedades de cultivares de soja e milho e seus respectivos defensivos, lançados na Coopavel deste ano, destacam-se como o pontapé inicial para a produção de uma safra diferenciada.

Para a soja, por exemplo, a empresa mostrou as variedades Vtop RR, Syn 1163, Syn 1257 e Syn 1258. Além disso, houve o lançamento do fun-gicida ScoreFlexi, que se junta ao Priori Xtra no controle de doenças e fungicidas, além dos inseticidas Curyom e Engeo Pleno. O gerente re-gional de vendas da marca, Jefferson Caprioli diz que através desta feira a empresa demonstra que busca ser cada vez mais parceira do produtor. “Procuramos trazer soluções inte-gradas para nossos clientes. Além

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do mais, a utilização que fazemos da biotecnologia contra todas as pragas e doenças que existem na lavoura é muito importante nos dias de hoje”.

Na cultura de milho, o destaque é o lançamento do Agrisure Viptera 3. Além disso, a Syngenta levou a feira híbridos de alto desempenho, como Formula e Status, além do lançamento de Velox, híbrido de ci-clo hiperprecoce com adaptação ex-celente para a Região Sul.

Já quem visitou o estande da Monsanto, pôde conhecer os cin-co lançamentos de soja da Monsoy, marca da companhia que licencia variedades com a tecnologia Intacta RR2 Pro aos multiplicadores. Desen-volvida pela ao longo dos últimos 11 anos, a tecnologia é a única no mer-cado que alia tecnologias avançadas no mapeamento, na seleção e na in-

serção de genes em regiões do DNA com potencial aumento na produti-vidade; proteção às principais lagar-tas que atacam a cultura da soja e tolerância ao glifosato, proporciona-da pela tecnologia Roundup Ready (RR).

As cinco variedades de soja da Monsoy apresentadas no Show Ru-ral Coopavel forasm a M 5917 IPRO, M 5970 IPRO, M 5410 IPRO, M 6210 IPRO e M 6410 IPRO. A variedade M 5917 IPRO, por exemplo, possui ampla adaptação, boa sanidade e re-sistência ao acamamento, enquanto a M 5970 IPRO possui resistência ao acamamento e boa arquitetu-ra de plantas. Estas características são também compartilha da pela M 5410 IPRO. Já a variedade M 6210 IPRO destaca-se pela estabilidade e engalhamento, e, a M 6410 IPRO se

“ESTA FOI A PRIMEIRA VEZ EM QUE ANTES

DE LANÇARMOS O PRODUTO,

MOSTRAMOS AOS CONSUMIDORES COMO

UTILIZ´-LO E PEDIMOS AS OPINIÕES PARA QUE

ASSIM PUDÉSSEMOS AJUSTÁ-LO E ATINGIR

EXCELÊNCIA EM EFICIÊNCIA”, DIZ

O GERENTE DA MONSANTO EM

BIOTECNOLOGIA DE SOJA DA REGIÃO SUL, GUILHERME LOBATO.

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Quem visitou o estande da Monsanto, pôde conhecer os cinco lançamentos de soja da Monsoy, marca da companhia que licencia variedades com a tecnologia Intacta RR2 Pro aos multiplicadores.

destaca por sua ampla adaptação. Após seis meses de testes realizados na safra 2011/2012 por 500 agri-cultores em 275 municípios de todo o País, a Monsanto anunciou que o benefício proporcionado por Intacta RR2 Pro é de R$ 346,91 por hectare aos agricultores no Brasil. A média é um somatório da economia pro-porcionada pela redução do uso de inseticidas nas lavouras (R$ 70,13/ha) e pelos ganhos com produtivida-de proporcionados pelas 6,59 sacas/hectare (R$ 276,78) colhidas a mais em relação às variedades existentes no mercado.

O gerente da Monsanto em bio-tecnologia de soja da região Sul, Guilherme Lobato, diz que estes be-nefícios só foram possíveis porque o

produtor ajudou a empresa a criar o RR2. “Esta foi a primeira vez em que antes de lançarmos o produto, mostramos aos consumidores como utilizá-lo e pedimos as opiniões para que assim pudéssemos ajustá-lo e atingir excelência em eficiência”. E foi com esta preocupação em relação ao produtor, que a empresa ao lon-go dos anos foi mudando a manei-ra de utilizar as novas tecnologias, buscando sanar as necessidades de seus clientes. “O Brasil cresceu mui-to em biotecnologia ao longo dos úl-timos cinco anos, e isso nos fez ser-mos melhores produtores de soja, nos deixando com o objetivo de um dia passarmos os Estados Unidos em produtividade da cultivar”, fina-liza Lobato.

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Vitrine tecnológica

Marcas apresentam na 25ª edição do Show Rural Coopavel, lançamentos e novidades de máquinas

que tem tudo para fazer a cabeça do produtor rural neste ano.Texto: Bruno Zanholo • Fotos: Lucas Drobina

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D ça aos operadores. As máquinas da série possuem condições comerciais facilitadas pelo Fianeme (linha de crédito do BNDES), além da disponi-bilidade do financiamento por meio do Banco CNH Capital. Estas facili-dades se dão pelo fato das máquinas serem produzidas nacionalmente.

“Para a New Holland é muito im-portante oferecer um produto nacio-nal, principalmente esse modelo de trator, que tem maior tecnologia em-barcada e muitas facilidades para o operador. Ele foi feito para pegar pe-sado no campo e enfrentar qualquer tipo de serviço, sem comprometer o desempenho e a produtividade”, de-clara o especialista em tratores da empresa, Marco Cazarim. Ele res-salta que a série é composta pelos modelos T7.240 (potência máxima de 234cv) e T7.245 (potência máxi-ma de 242cv).

Outra novidade da companhia na Coopavel é o trator TS6 que é im-portado do México. O trator possui potência versátil para diversas apli-

ando início ao calendário dos maiores eventos agrícolas do Brasil, durante a primeira se-

mana de fevereiro, aconteceu em Cascavel, no Paraná, a 25ª edição do Show Rural Coopavel. Com isso, as grandes empresas fabricantes e comercializadoras do setor de ma-quinários, mostraram seus produtos novos, chamando a atenção dos vi-sitantes da feira. Um exemplo disto é a New Holland, que aproveitou o evento para fazer um triplo lança-mento e começar o ano a todo vapor. A companhia apresentou ao público a colheitadeira CR9090, considera-da a maior do País e o trator T7, com versões de 200 e 220 cavalo-vapor (cv). Este trator que tem fabricação nacional destaca-se por oferecer ao produtor um conjunto automático de motor, transmissão eletrônica e direção. A linha T7 tem baixo cus-to operacional e consumo de com-bustível que permite o aumento de potência com economia. O trator é robusto, versátil e passa seguran-

“ESTÁ MÁQUINA FOI FEITA PARA PEGAR PESADO NO CAMPO E ENFRENTAR QUALQUER TIPO DE SERVIÇO, SEM COMPROMETER O DESEMPENHO E A PRODUTIVIDADE”, DECLARA MARCO CAZARIM, ESPECIALISTA DE TRATORES DA NEW HOLLAND.

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cações, além disso, é tem cambio totalmente sintonizado e vem para completar a linha de potência-cha-ve (120cv). A máquina possui ain-da transmissão sincronizada, opera com reversor hidráulico e tem eixo passante, o que permite a regulagem de bitola, além de poder trabalhar com pneu duplado. Segundo Caza-rim, o carro-chefe da marca na feira é a colheitadeira CR9090, que é pro-duzida na Europa. “Esta máquina é equipada com um motor de 13 litros, o qual possui um novo sistema de controle de emissões e utiliza ureia no processo, garantindo mais força e menos consumo.

Tem a potência de 530cv, com capacidade suficiente para platafor-mas de até 45 pés, além de supor-tar cargas de 15,500 litros de grãos”, declara o especialista. Com área en-

“TEMOS CERCA DE 21% DE MARKET SHARE NO PARANÁ E CHEGAMOS

A CASCAVEL COM NOSSO PORTIFÓLIO COMPLETO EM UM

MOMENTO EM QUE A AGRICULTURA

NACIONAL PASSA POR UMA DE SUAS

MELHORES FASES, COM TAXAS FAVORÁVEIS

DE FINANCIAMENTO E BONS PREÇOS NO

MERCADO”, DIZ O GERENTE DE VENDA

DA VALTRA, LUIZ CAMBUHY.

vidraçada de 5,8m², o operador tem facilidade em acompanhar o sistema totalmente automatizado de piloto Intellisteer e de controle de carga Intellicruise. Dentro da cabine há controle automático de temperatura e frigobar integrado. “Há dois anos estamos nos reformulando para se adaptar ao cenário nacional de mer-cado. Acreditamos que o país segui-rá a linha da CR9090, pois, só es-tamos oferecendo-a, porque houve a demanda dos produtores”, finaliza.

Pensando no futuro

Com um estande de mais de dois mil metros quadrados, a Valtra le-vou para a Coopavel o inédito protó-tipo do conceito ANTS, que antecipa a agricultura do futuro. O gerente de vendas da marca, Luiz Cambuhy

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explica que isto é a junção das sé-ries de tratores da empresa, e que se é pensado no mercado de daqui a 25 anos. “A máquina é baseada nos pensamentos de como serão os operadores do futuro. Hoje em dia, o custo destes operadores esta cada vez mais caro”, declara. Com isso, os maquinários deste tipo serão as op-ções que os produtores terão de ma-ximização do seu negócio, pois, além de ser mais barato, utilizará de uma tecnologia de alto nível. Outra novi-dade que a companhia trouxe a feira

“ESSE TIPO DE OPERAÇÃO DE ENFARDAMENTO DE CAPIM PARA POSTERIOR ALIMENTAÇÃO DO REBANHO É UMA PRÁTICA DIFUNDIDA EM ALGUMAS REGIÕES DO BRASIL, PORÉM, ESTÁ EM FRANCO CRESCIMENTO, PRINCIPALMENTE EM PERÍODOS QUE OS GRÃOS SÃO MAIS VALORIZADOS, COMO ATUALMENTE”, DIZ DOUGLAS VICENSI, GERENTE DE PRODUTO COLHEITADEIRA E EQUIPAMENTOS FORRAGEIROS DA AGCO AMÉRICA DO SUL.

Grandes empresas fabricantes e comercializadoras do setor de maquinários, mostraram seus lançamentos e novidades, chamando a atenção dos visitantes da Coopavel 2013.

foram duas enfardadoras que pela primeira vez foram expostas.

Com robustez e alto desempe-nho, o modelo Challenger SB34 pro-duz fardos nas medidas 3x4, com comprimento variado de 30,5 cm a 1,32 metros. Além disso, possui flu-xo de alimentação direta e sistema de recolhimento diferenciado, com recolhedor de grande capacidade e câmaras que comprimem e distri-buem de forma igual o material nas fatias. Após isto, o produto é recolhi-do e o equipamento encaminha para

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a câmara de fardo para que o êmbolo finalize o trabalho, produzindo far-dos homogêneos e com alta densida-de. Já o modelo Challenger RB452 é um máquina versátil, de alta dura-bilidade e de simples operação. Ela pode ser utilizada para silagem, bio-massa e outros tipos de capim. Tem sistema de recolhimento que foi de-senhado com dedos mais espessos, semelhantes aos utilizados nas en-fardadoras de fardos retangulares de grande porte, para efetuar trabalhos mais pesados e recolher diversos ti-pos de materiais.

“Esta de longe é uma das nossas mais expressivas participações na feira. Temos cerca de 21% de market share no Paraná e chegamos a Cas-cavel com nosso portfólio completo em um momento em que a agricul-tura nacional passa por uma de suas

melhores fases, com taxas favoráveis de financiamento e bons preços no mercado”, completa Cambuhy.

Pra não ficar de fora

Seguindo a linha das enfardado-ras, a Massey Ferguson aproveitou o grande número de visitantes da Coopavel para apresentar duas má-quinas que completam o portfólio da empresa neste segmento. Uma delas é a MF 1837, enfardadora de fardos retangulares que tem dimensões 3x4. Ela foi configurada para ofe-recer alta produtividade em tonela-da/hora e segurança operacional. O equipamento é direcionado às áreas de pastagens e forragens, com fluxo de alimentação direta e um sistema de recolhimento diferenciado, que possui recolhedor de perfil baixo e

SEGUNDO LAURO REZENDE, ESPECIALISTA

DE MARKETING DE PRODUTO CASE IH,

JÁ FORAM VENDIDAS APROXIMADAMENTE

500 UNIDADES DO PUMA VERSÃO

NACIONAL E QUE A FILA DE ESPERA PODE

PASSAR DE CINCO MESES.

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câmaras que prensam e distribuem de forma igual o material nas fatias.

Seguindo a mesma linha, a outra novidade fica por conta de MF 1745, enfardadora de fardos cilíndricos que é referência nos Estados Unidos. O equipamento versátil trabalha com a proporção 4x5, utilizado principal-mente para silagem, biomassa e ou-tros tipos de capins. Possui câmara de fardo variável que permite a pro-dução de diferentes tamanhos, de 762 a 1,521 mm de diâmetro. Para isso, rolos e cintas de borracha, ao mesmo tempo em que compactam e enrolam o material, se ajustam para acomodar a quantidade recebida. O equipamento disponibiliza ainda sis-tema de amarração automático com acionamento elétrico.

“Esse tipo de operação de enfar-damento de capim para posterior ali-

mentação do rebanho é uma práti-ca difundida em algumas regiões do Brasil, porém, está em franco cresci-mento, principalmente em períodos que os grãos são mais valorizados, como atualmente. A fenação para trato animal é uma maneira do pro-dutor manter a reserva de alimento para o rebanho por meio do arma-zenamento destes fardos”, explica Douglas Vincensi, gerente de produ-to colheitadeira e equipamentos for-rageiros da AGCO América do Sul.

Versão nacional

A novidade da Case IH durante a Coopavel, foi a versão nacional da família de tratores Puma, que pas-sou a ser fabricada na planta da marca, em Curtiba (PR). Até o meio de 2012, a produção do Puma 205 e 225 era importada, porém, a partir de agosto começou a ser produzida no Brasil mantendo todas as carac-terísticas do equipamento anterior. De acordo com Lauro Rezende, es-pecialista de marketing de produto Case IH, o lançamento da versão na-cional é parte da estratégia da marca para oferecer um sistema completo de mecanização agrícola. “A ideia é oferecer uma ampla gama de trato-res, em diversas faixas de potência, atendendo a todas as necessidades e perfis de produção do agricultor bra-sileiro”, diz.

Com potência nominal de 197cv e 213cv, respectivamente, os novos tratores Puma são equipados com motores Case IH de certificação Tier III, com capacidade para 6,75l. O sistema de injeção eletrônica Com-mom Rail da série permite que as máquinas trabalhem em aplicações pesadas, como plantio e preparo

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de solo com gradeamento e subso-lagem, sem perder rendimento, ga-rantindo um baixo consumo de com-bustível. Os tratores são equipados ainda com Power Boost, responsável por um aumento de potência de até 35hp nas operações TDF, no trans-porte, em condições de alta exigên-cia de fluxo hidráulico ou em terre-nos íngremes.

Rezende revela que foram vendi-das aproximadamente 500 unidades da versão brasileira do trator, e que a fila de espera por um, pode pas-sar os cinco meses. “Existe bastante demanda do Puma, e um dos fato-res a que devemos isto é por ele ter uma boa relação peso-potência, o que possibilita o uso em aplicações pesadas, sem perder rendimento ou aumentar o consumo de combustí-vel”. Outro fato que diferencia o pro-

duto, segundo o especialista, é o sis-tema hidráulico ter um fluxo de 150 l/min e quatro válvulas de comando remoto, garantindo performance em todas as condições de trabalho. A transmissão é powershift 18x6 com AutoShift presente também em ou-tros equipamentos da marca e am-plamente testada no campo. O eixo dianteiro reforçado é ideal para as mais diversas aplicações, tanto na parte de grãos quanto em aplicações relacionadas ao setor canavieiro.

Renovação de portifólio

A Jumil levou para Cascavel sua nova geração de plantadora de hor-taliças, concebida com foca na pre-cisão de palntio, a JM2490 Exacta Perfecta. O novo equipamento traz como principais avanços o plantio

“O GRANDE DIFERENCIAL É SER

UMA NOVA GERAÇÃO DE PLANTADORAS

DE HORTALIÇAS, CONCEBIDA COM

FOCO NA PRECISÃO DE PLANTIO, POR

ISSO UTILIZA A TECNOLOGIA EXACTA, DESENVOLVIDA PELA

JUMIL”, DECLARA FLAVIO TREZZA,

DIRETOR DE VENDAS DA JUMIL.

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em linhas duplas com distribuidores de sementes individuais para cada linha e um novo distribuidor de se-mentes, feito especialmente para o plantio de hortaliças. A JM2490 con-ta ainda com um inédito conjunto de seletores de sementes primários e secundários que, aliados à preci-são na construção do disco e demais componentes, conferem grande pre-cisão na distribuição, minimizando a ocorrência de sementes duplas ou falhas e permitindo até mesmo a eli-minação do raleio (operação manual de eliminação de plantas duplas ou muito próximas) em plantio de ce-noura dependendo da uniformidade, o que implica em grande economia de sementes e mão de obra. A má-quina conta também com um novo sistema de compressor e filtros de ar para realizar a limpeza dos furos do

disco após a liberação da semente. A plantadora pode ser montada de três a sete unidades semeadoras para o plantio de linhas duplas com espa-çamento de 80 a 125 mm entre as linhas e no mínimo 230 mm entre unidades semeadoras.

Segundo o diretor de vendas da Jumil, Flavio Trezza a JM2490 Exac-ta é indicada para pequenas, médias ou grandes áreas, podendo plantar até quatro hectares por dia na confi-guração de sete linhas. “O grande di-ferencial é ser uma nova geração de plantadoras de hortaliças, concebi-da com foco na precisão de plantio, por isso utiliza a tecnologia Exacta, desenvolvida pela Jumil”, declara. Trezza conclui ao dizer que hoje o Brasil é uma das grandes referên-cias mundiais no que se diz respeito a tecnologia de precisão.

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O agro dá samba!

Este ano, duas escolas de sambas do Rio de Janeiro e uma de São Paulo levaram a temática da agropecuária à Sapucaí e ao Anhembi, respectivamente. O resultado foi a consagração de destaque numa

das maiores festas populares do mundo, com a vantagem de tornar mais visível o trabalho e a cultura do homem do campo.

Texto: Fábio Moitinho e Fátima Costa • Fotos: Diogo Mendes

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egunda-feira, 11 de fevereiro, mais de 72 mil pessoas acompa-nhavam in loco a apresentação

de uma das festas mais populares do planeta – os desfiles das escolas de samba no carnaval do Rio de Ja-neiro. Pela tevê e internet, o acon-tecimento era irradiado aos quatro cantos do mundo, potencializando a festa como uma oportuna vitrine da cultura popular do País e do mun-do. Nesse últi mo dia de desfiles, por volta das 23h30, eis que surge o cavalo manga-larga marchador, um vencedor, o qual o limite é o céu, que veio brilhar com a Beija-Flor, valente guerreiro e amigo fiel. Para encerrar, às 4h10, a figura do homem do cam-po era exaltada em plena avenida. Personagem responsável por tornar o Brasil o celeiro do mundo, ele faz o caminho da roça e semeia o grão, sa-cia a fome com a plantação. Em seu trabalho, aração e cultivo do solo, vê brotar o velho sonho, de alimentar o

S mundo e de bem viver, simbolizando que a emoção venha florescer.

Parafraseando alguns trechos dos dois sambas-enredo de destaque no carnaval carioca deste ano, fica claro descobrir porque as escolas de samba Unidos de Vila Isabel e Beija--Flor de Nilópolis consagraram, res-pectivamente, os primeiro e segundo lugares. Para a festa em si, muita cor, beleza e tradição em pista. Já para a agropecuária brasileira, foi o momento no qual todo o planeta se fixava na mensagem das raízes da cultura do País, seja pela figura do manga-larga ou pela própria vida e história do homem do campo.

Se a intensão era conseguir transmitir a ideia de que a vida rural tem de ser valorizada e que o papel da agricultura é de extrema impor-tância para a manutenção da rique-za no País, pode-se dizer que foi pos-sível captar essa mensagem durante o espetáculo.

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Celeiro do mundo campeão

Unidos de Vila Isabel, detinha várias opções de temas para traba-lhar ao longo de 2012 para enfim apresentar o eleito em 2013, “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo, água no feijão que chegou mais um”. De acordo com o presidente execu-tivo do Grêmio Recreativo Escola de Samba Unidos de Vila Isabel, Wilson Alves, entre os temas apresentados à carnavalesca Rosa Magalhães, o que tratava da figura do homem do campo foi o que mais havia chama-do a atenção dela. “Pela a avaliação da carnavalesca, o tema do homem do campo foi o que mais a atraiu, pois ia se sentir mais confortável em desenvolver, tanto na parte es-tética como no conteúdo cultural. O trabalho levou um bom tempo até fi-car tudo pronto. De abril de 2012 às vésperas do carnaval deste ano, foi o tempo necessário para a finalização

de tudo, incluindo aí desde o período de pesquisa necessário ao desenvol-vimento da apresentação”.

No barracão, o trabalho de con-fecção envolveu 400 pessoas, entre aderecistas, escultores, costureiros, ferreiros, mecânicos, entre outros. No desfile, foram 3.800 integrantes e oito carros alegóricos. A intenção, de acordo com Alves, era apresentar um agricultor que, apesar de enfren-tar um trabalho duro no dia a dia, possui um lado carismático, festeiro e religioso.

“Quisemos expor esse lado hu-mano do produtor rural, uma figura aprazível, carinhosa, apesar de todo trabalho e responsabilidade dele em produzir alimentos para o mundo. Sob esse aspecto ainda foi necessá-rio apresentar essa ideia de forma lúdica, pois se trata de um espetácu-lo artístico”. Ao final, escola fechou com 299,7 pontos, sagrando-se a campeã do carnaval carioca.

“EM 2012, COM O LANÇAMENTO DA CAMPANHA MULTIMÍDIA ‘O PLANETA FAMINTO 2, UM NOVO CAPÍTULO’, PENSAMOS EM UMA ABORDAGEM MAIS ABRANGENTE E, ENTÃO, LEVAMOS A IDEIA À VILA ISABEL, QUE TRANSFORMOU ESSA TEMÁTICA EM HOMENAGEM AO AGRICULTOR NA AVENIDA”, DIZ OSWALDO MARQUES, DIRETOR DE MARKETING DA UNIDADE DE PROTEÇÃO DE CULTIVOS DA BASF PARA O BRASIL.

Arquivo B

asf

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“PELA A AVALIAÇÃO DA CARNAVALESCA, O TEMA DO HOMEM DO

CAMPO FOI O QUE MAIS A ATRAIU, POIS IA SE SENTIR

MAIS CONFORTÁVEL EM DESENVOLVER, TANTO

NA PARTE ESTÉTICA COMO NO CONTEÚDO

CULTURAL”, WILSON ALVES, PRESIDENTE

EXECUTIVO DO GRÊMIO RECREATIVO ESCOLA DE

SAMBA UNIDOS DE VILA ISABEL.

As mãos de uma especialista no mercado agrícola mundial também foi o destaque. A empresa quími-ca alemã, Basf, foi uma das fontes que patrocinaram a escola de sam-ba, mediante a escolha do samba--enredo. Segundo Oswaldo Marques, diretor de Marketing da Unidade de Proteção de Cultivos da Basf para o Brasil, a ideia de promover a agricul-tura numa escala planetária nascia com a divulgação de um vídeo “O planeta faminto e a agricultura bra-sileira” no final de 2009. A repercus-são do material foi tamanha que até resultou em manifestações positivas de muitas personalidades do mun-do do agronegócio, além de entida-des do setor e universidades. “Em 2012, com o lançamento da campa-nha multimídia ‘O planeta faminto 2, um novo capítulo’, pensamos em uma abordagem mais abrangente e, então, levamos a ideia à Vila Isabel, que transformou essa temática em

homenagem ao agricultor na aveni-da. A escolha dessa escola de samba se deu, especialmente, por sua tra-dição, representatividade e criativi-dade. Vale lembrar que, nos últimos dez anos, ela esteve no desfile das campeãs em nove oportunidades”, diz Marques.

Sem revelar exatamente quanto a empresa efetivamente investiu na Vila Isabel, Marques faz uma esti-mativa de aporte total, entre todas as fontes de patrocínio, de R$ 10 a R$ 15 milhões, a partir do que diz a Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Lierj), a respeito dos investi-mentos feitos para se fazer um desfi-le de carnaval do grupo especial.

Com o sucesso da apresentação dos diversos temas da vida cotidiana do campo, aliado ao destaque de pri-meira colocada, a imagem do homem do campo foi a que prevaleceu. Para a Basf, o objetivo foi primeiramente fazer uma justa homenagem ao pro-

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Para a agropecuária brasileira, foi o momento no qual todo o planeta se fixava na mensagem das raízes da cultura do País, seja pela figura do manga-larga ou pela própria vida e história do homem do campo.

dutor rural, no reconhecimento que ele tem tanto no lado cultural como pelo trabalho que desenvolve, dia após dia, na lida com a terra para produção de alimentos.

“Outros setores da sociedade também avaliaram positivamente a ideia, traduzida com grande habi-lidade pela Vila Isabel. Creio que o grande público também tenha apro-vado nossa ideia. Pelo menos o pú-blico na Marquês de Sapucaí e as pessoas que acompanharam o des-file pela tevê puderam comprovar a importância do setor agrícola e dos próprios agricultores. E isso já valeu todo o nosso esforço”.

Cavalo guerreiro e fiel

Outro personagem cantado e enaltecido na Sapucaí neste ano foi o manga-larga marchador, igual-mente representante do meio rural brasileiro. A Associação Brasileira de Criadores do Cavalo Mangalar-ga Marchador (ABCCMM) levou o tema ao Grêmio Recreativo Esco-la de Samba Beija-Flor de Nilópolis que aceitou usar a temática no des-file deste ano. A ideia começou meio que embrionária há cerca de qua-tro anos e oficialmente firmada em 2011. O investimento da associação no carnaval foi de R$ 6 milhões e o

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Em 1950, a associação fazia os primeiros registros de animais no Serviço de Registro Genealógico, número

que, na época chega a mais de 390 mil. Atualmente são cerca de 620 mil efetivamente registrados.

resultado na avenida foi a sagração da escola como vice-campeã, com 299,4 pontos, com o samba-enredo “Amigo fiel, do cavalo do amanhecer ao manga-larga marchador”. A ini-ciativa reafirmaria como o peso da temática da agropecuária brasileira teria de ser a grande merecedora dos destaques no carnaval 2013.

“Escolhemos o carnaval por ser um evento que possui um peso ex-traordinário tanto na mídia interna-cional quanto na nacional”, avalia o presidente da ABCCMM, Magdi Ab-del Raouf Gabr Shaat. “A iniciativa da parceria entre a Beija-Flor e o manga-larga marchador surgiu em

função de termos inúmeros criado-res e associados do Rio de Janeiro – Estado que, por sinal, é o segun-do no País em número de plantel de animais e associados da raça. A oportunidade surgiu intermediada por criadores cariocas, que promo-veram um encontro entre a diretoria de nossa associação e dirigentes da Beija-Flor. Participamos do Carnaval 2012 como observadores e ao ver-mos de perto todo aquele espetáculo e esplendor, não tivemos dúvida que seria uma excelente oportunidade para a raça”.

Levar toda a representatividade da raça à avenida demandou bas-

Humberto Souza

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A OPORTUNIDADE SURGIU INTERMEDIADA POR CRIADORES CARIOCAS, QUE PROMOVERAM UM ENCONTRO ENTRE A DIRETORIA DE NOSSA ASSOCIAÇÃO E ALGUNS DIRIGENTES DA BEIJA-FLOR. PARTICIPAMOS DO CARNAVAL 2012 COMO OBSERVADORES E AO VERMOS DE PERTO TODO AQUELE ESPETÁCULO E ESPLENDOR, NÃO TIVEMOS DÚVIDA QUE SERIA UMA EXCELENTE OPORTUNIDADE PARA A RAÇA”, AFIRMA MAGDI ABDEL RAOUF GABR SHAAT [À DIREITA], PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DO CAVALO MANGALARGA MARCHADOR (ABCCMM).

tante pesquisa por parte da equipe da Beija-Flor. De acordo com o carnavalesco da escola, Fran Sérgio, inte-grantes viajaram para Minas Gerais, berço do manga--larga marchador, para estudar melhor o cavalo e o pa-pel que ele representou ao longo de sua criação. A raça é tipicamente brasileira e surgiu há cerca de 200 anos em Rio das Mortes, na porção sul mineira, através do cruzamento de cavalos da raça Alter, trazidos da Cou-delaria de Alter do Chão, em Portugal, com outros cava-los selecionados pelos criadores daquela região mineira.

Em 1950, a associação fazia os primeiros registros de animais no Serviço de Registro Genealógico, número que, na época chega a mais de 390 mil. Atualmente são cerca de 620 mil efetivamente registrados. “Creio que conseguimos representar bem o significado do cavalo na avenida”, ressalta o carnavalesco. “Pelo que perce-bemos nos estudos que fizemos, foi uma história muito bonita e que resultou numa boa parceria entre a asso-ciação e a nossa escola de samba”.

A expectativa foi tanta que até a escolha do sam-ba-enredo foi bem disputada. Ao todo foram feitas 40 composições. Ao final prevaleceu o enredo de autoria de J. Veloso, Ribeirinho, Marquinho Beija-Flor, Gilberto, Silvio Romai e Dilson Marimba. A próxima cartada da ABCCMM é levar o destaque do carnaval à Alemanha,

Humberto Souza

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na cidade de Essen, a qual sedia a Equitana 2013, de 16 a 24 de março, tradicional e maior evento equestre do mundo. “Queremos explorar essa imagem positiva que tivemos no carnaval carioca e mostrar cada vez mais a raça ao mundo”, enfatiza Shaat.

A São Paulo do vinho

Já na passarela do samba de São Paulo, no sambó-dromo do Anhembi, o aroma dos desfiles contaram com o sabor do vinho gaúcho neste ano. O Grêmio Recreativo Cultural Social Escola de Samba Vai-Vai, fundado por um grupo de sambistas do bairro do Bixiga, foi o res-ponsável por mostrar o porquê de a bebida de “Baco”, o deus do vinho, harmonizava perfeitamente com o ritmo do samba. Com o enredo “Sangue da terra, videira da vida, um brinde de amor, em plena avenida! – vinhos do Brasil”, a Vai-Vai trouxe a saga da bebida tradicio-nalmente gaúcha, para os paulistanos verem, beberem e sentirem. Porém, não foi a primeira vez que o tema sacudiu a avenida. Em 2012, ele embalou o carnaval de Porto Alegre (RS) e garantiu o bicampeonato à escola de samba daquela cidade, Estado Maior da Restinga. Foi o primeiro ensaio rumo à intenção do setor em se vincular à maior festa popular brasileira e mostrar os benefícios,

“A GRANDE MAIORIA DO APORTE FOI OBTIDA POR

MEIO DA LEI ROUANET, PELAS EMPRESAS COMO

TETRA PAK, CERESES, BELESSO, GOES &

VENTURINI, ENTRE OUTRAS”, DIZ CARLOS

RAIMUNDO PAVIANI, DIRETOR-EXECUTIVO DO

INSTITUTO BRASILEIRO DO VINHO (IBRAVIN).

Divulgação

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para além do setor do agronegócio. Para Carlos Raimundo Paviani, dire-tor-executivo do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), a ação fez par-te de uma estratégia promocional da instituição. “Fizemos chegar aos consumidores a mensagem, apa-rentemente simples, de que o Brasil produz vinhos de qualidade. E ela foi transmitida de forma alegre, lúdica, por meio das alegorias criadas pelos carnavalescos da Vai-Vai, que fez um excelente trabalho”.

E que rendeu bons resultados. Dados do Ibravin apontam que já pela exposição na mídia, pela mobi-lização das equipes de vendas, a ca-deia da vitivinicultura já obteve uma ampla visibilidade e motivação para gerar novos negócios. A vitivinicul-tura enxergou na folia uma estraté-gia para popularizar o consumo de vinhos e espumantes no Brasil, além de provar que o carnaval não combi-na apenas com cerveja e caipirinha.

“Outra vantagem foi o aprendi-zado que fizemos, com perspectivas futuras, de utilizar recursos de in-centivos das leis de apoio à cultura, para promover outras ações e even-tos que possam unir a cultura do vi-nho a outras manifestações artísti-cas e culturais”, diz.

Em contrapartida, para desfilar, a Vai-Vai contou com a parceria fi-nanceira do Ibravin. A instituição não revelou o quanto foi investido, mas Paviani disse que o instituto aportou uma pequena parte dos re-cursos. “A grande maioria foi obtida por meio da Lei Rouanet, pelas em-presas Tetra Pak, Cereser, Belesso, Góes & Venturini, entre outras”.

Além do suporte financeiro, o Ibravin levou informações junto às equipes de criação da Vai-Vai, que visitou a região produtora para co-nhecer o setor, identificar suas rela-ções e assim construir o texto que deu suporte à concepção artística e

Divulgação

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do samba-enredo. Para Paviani, te-mas relacionados à agricultura estão ganhando cada vez mais espaço pela importância socioeconômica que o agronegócio está tomando. “Nossa balança comercial tem nos produtos agrícolas uma importância absoluta, que faz com que o Brasil, dê valor cada vez mais ao agronegócio”, diz.

Na opinião de Ciro Antonio Roso-lem, membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesqui-ta Filho” (FCA/Unesp Botucatu), o agronegócio abriu novas frentes de

manifestações para se promover – neste caso, o carnaval. “O que nos desperta mais a atenção neste mo-mento é que neste ano o tema foi enredo para diversas agremiações carnavalescas”, afirma. Segundo Ro-solem, por diversas razões o agro-negócio acabou ficando esquecido, durante anos. “Historicamente, essa conduta iniciou ainda no governo de JK [Juscelino Kubitschek], quando houve uma mobilização para o de-senvolvimento das indústrias, con-sequentemente, a cidade se reer-gueu e a agricultura se afugentou no campo esquecido, virou sinônimo de algo sujo e pobre”, diz o professor

“APESAR DE ALGUMAS ESCOLAS DURANTE ESSES

ANOS MOSTRAREM A FIGURA DO JECA TATU,

APESAR DE MOSTRAREM UMA QUADRILHA

DANÇANDO EM FRENTE A UMA IGREJA, ELES ESTÃO

LEVANDO DE ALGUMA FORMA O AGRONEGOCIO, PARA A CIDADE”, DIZ CIRO

ROSOLEM, MEMBRO DO CONSELHO CIENTIFICO

PARA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E

PROFESSOR TITULARDA FCA/UNESP.

Dados do Ibravin apontam que já pela exposição na mídia, pela mobilização das equipes de vendas,

a cadeia da vitivinicultura já obteve uma ampla visibilidade e motivação para gerar novos negócios.

Div

ulga

ção

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responsável pelo artigo “O agro che-gou na avenida”.

Ainda de acordo com ele, essas características ganharam mais ên-fase após ser retratado nas teleno-velas, sempre mostrando o papel do coronel, dono dos cafezais, ou do nordestino e, por fim, elas não retra-tam o empresário rural, como ele é hoje. “Quando uma escola de sam-ba aceita o patrocínio é um grande passo para mostrar a evolução do setor, mostrar as tecnologias, além da produção do arroz e do feijão. Apesar de algumas escolas durante esses anos [se referindo aos enredos desde 1956] mostrarem a figura do ‘Jeca Tatu’, de mostrarem uma qua-drilha dançando na frente de uma igreja, eles estão levando de alguma forma o agronegócio à cidade. Há te-mas ricos e de diferentes maneiras que podem despertar o interesse da mídia. No entanto, vivemos uma si-tuação contrária. Há uma queda de

interesse dos filhos dos produtores em permanecer na terra”, conclui.

O gado também já sambou

Em 2006, a raça nelore chegou ao Anhembi com o tema “Do boi mí-tico ao boi real, de Garcia D’Ávila na Bahia ao nelore, o boi que come capim, a saga da pecuária no Brasil para o mundo”, levado pelo Grêmio Recreativo Cultural Social Escola de Samba Império de Casa Verde, para o carnaval de São Paulo.

Na época, Junior Marques, di-retor de carnaval e responsável pela escola, comentou que o feito era por-que no ano anterior, o tema já havia sido discutido, falaram um pouco da crise da vaca louca, no ano de 2005, e, na época, era a vez de falar do gado saudável. Outra justificativa foi que em 2006 comemoravam-se os 100 anos da importação do primeiro casal da raça nelore diretamente da

“O CARNAVAL É O LOCAL PROPÍCIO PARA ISSO, POR CONTA DO POTENCIAL DE MÍDIA E A OPORTUNIDADE NO SENTIDO EMOCIONAL. RESPONDE POSITIVAMENTE AO HOMEM DO CAMPO E OS VALORES DO BRASIL”, AFIRMA CORIOLANO XAVIER, MEMBRO DO CONSELHO CIENTÍFICO PARA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL (CCAS) E PROFESSOR DO NÚCLEO DE ESTUDOS DO AGRONEGÓCIO DA ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING (ESPM).

Divulgação

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Índia para a Bahia. Diga-se de pas-sagem, a primeira importação oficial com fins técnicos e comerciais.

A Império de Casa Verde apre-sentou um enredo dividido em cin-co partes. O destaque foi justa-mente para a penúltima parte, que apresentava a realidade atual, na qual o Brasil, além de detentor do maior rebanho comercial do mun-do, era comprovadamente a última fronteira agrícola do planeta, capaz de responder geometricamente em incrementos de produção pecuária. O resultado, naquele ano, foi o títu-lo de campeã paulista, com a figura do boi valorizada nas alegorias. Em nota, a Associação dos Criadores de Nelore do Brasil (ACNB) comentou que a entidade apenas participou artisticamente, com a contribuição de pesquisas, sem aporte financeiro.

Para Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico para Agricul-tura Sustentável (CCAS) e professor

do Núcleo de Estudos do Agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), neste momento há um interesse maior de grandes grupos em levar o agronegócio fora para setor. “Há uma tendência no mercado que aponta para o desen-volvimento de grandes campanhas das marcas e não de produtos”. Ain-da segundo Xavier, o carnaval é o lo-cal propício para isso, por conta do potencial de mídia e a oportunidade no sentido emocional. Responde po-sitivamente ao homem do campo e aos valores do Brasil. Com tudo isso, a marca sai fortalecida. “Em contra-partida, durante o evento há uma movimentação das escolas de samba em serem patrocinadas. Uma fórmu-la que deu certo e pode ser repetida. Hoje, com a força do agronegócio, di-ria que esse tipo de marketing não deverá ser restrito apenas às conota-ções de telenovelas ou teatros, pode-rá haver outras ações neste sentido”.

AO LONGO DOS CARNAVAIS DO PAÍS, A TEMÁTICA RURAL TAMBÉM ESTEVE PRESENTE. VEJA UMA LISTA CRONOLÓGICA DOS DESTAQUES DO AGRONEGÓCIO EM SAMBAS-ENREDOS CARIOCAS, SEGUNDO A LIERJ.

1956. PORTELA VEIO COM O ENREDO “RIQUEZAS DO BRASIL”, DE AUTORIA DE CANDEIA E WALDIR 59. FICOU COM A SEGUNDA COLOCAÇÃO DO GRUPO 1;

1964. BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS TROUXE O ENREDO “CAFÉ, RIQUEZA DO BRASIL”; MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL VEM COM “O CACHO DA BANANA”, DE AUTORIA DE ARI DE LIMA;

1971. VILA ISABEL APRESENTA “OURO MASCAVO”, DE AUTORIA DE ARROZ, DJALMA FERNANDES DA SILVEIRA E JONAS RODRIGUES;

1973. UNIDOS DA TIJUCA CANTA “BOM DIA, CAFÉ!”, DE JORGE MACHADO;

1990. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE FALA DE “O QUE SE

PLANTOU, DEU”, DE TERRA BRASILIS;

1991. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE NOVAMENTE, AGORA COM “O QUE É QUE A BAIANA TEM?”;

2001. SALGUEIRO EXALTA “SALGUEIRO NO MAR DE XARÁYÉS, É PANTANAL, É CARNAVAL”, DE AUTORIA DE AUGUSTO, JOSÉ CARLOS DA S.A.A.R.A, NÊGO E ROCCO FILHO; IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE VEIO COM “CANA-CAIANA, CANA ROXA, CANA FITA, CANA PRETA, AMARELA, PERNAMBUCO... QUERO VÊ DESCÊ O SUCO, NA PANCADA DO GANZÁ”, E FOI CAMPEÃ;

2004. SALGUEIRO E O MERCADO SUCROENERGÉTICO CANTAM “A CANA QUE AQUI SE PLANTA TUDO DÁ, ATÉ ENERGIA... ÁLCOOL, O COMBUSTÍVEL DO FUTURO”;

2005. A GRANDE RIO FALA DE “ALIMENTAR O CORPO E A ALMA FAZ BEM”, DE ROBERTO SZANIECKI;

2011. MOCIDADE INDEPENDENTE DE PADRE MIGUEL TRATOU DA “PARÁBOLA DOS DIVINOS SEMEADORES”.

Mestre sala, o samba e porta-bandeira:a agropecuária brasileira...

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O plano sustentável para daqui a dez anos

Por: José Luiz Tejon Megido* • Foto: Divulgação

ob a inspiração de dois admirá-veis líderes do setor no Brasil,

os ex-ministros Alysson Paolinelli e Roberto Ro-drigues, participamos do Centro-Oeste Tem-po 3, em Brasília no ano passado. O evento teve como foco o plane-jamento estratégico do desenvolvimento sus-tentável do agronegócio para os próximos dez anos.

Entre os estudos apresentados, o que mais surpreendeu foi o do economista, Antônio Licio, o qual mostra-va que não temos nos cerrados mais do que sete ou oito milhões de hectares (ha) disponíveis para grãos, e, como nas demais regiões, já esgotamos áreas virgens. O trabalho também escla-receu que não conseguiría-mos ultrapassar 20% do to-tal da área brasileira, para o plantio e a criação. Plantar e criar fora do que a sabe-doria natural já determina, seria inviável, e conduziria essas tentativas ao prejuízo inexorável.

A produção de alimentos deve solicitar o equivalente a 50 milhões de ha adicio-nais, o que será impossível de ser feito, neste espaço de tempo. A notícia para produtores rurais é que os preços continuarão consis-tentes e demanda superior a oferta. O estudo está las-

treado na tendência da ren-da mundial, e do efeito de elasticidade de renda. Para os consumidores, a luta an-tidesperdício será essencial, mas não há cenário de pro-dutos baratos nessa cesta básica do grosso do agrone-gócio global.

Será na pecuária que o avanço tecnológico precisa-rá galgar em alta velocida-de. Pesquisas revelam que se passarmos para uma produtividade de 1,5 cabe-ça por ha, podemos liberar 20 milhões de ha adicionais para a agricultura. Quer di-zer, fazer duas ou três safras por ano será fundamental.

Na concentração da produção, os dados re-velam a necessidade de acesso de tecnologia aos pequenos e médios, e a carência de uma re-visão da extensão rural e da força ao cooperati-vismo. Das cerca de 4,5 milhões de proprieda-des rurais no País, ape-nas 500 mil produzem 87% de toda produção nacional e são as com os maiores índices de baixa produção, e fora da renda e acesso à tec-nologia.

A notícia boa é que temos conhecimento, tecnologia e pessoal para reverter isso. Res-

ta promovermos um debate produtivo fora de desejos ideológicos. O fato é que a sociedade urbana brasileira mudou muito nos últimos 30 anos, e, da mesma forma a agrícola. Precisamos apre-sentar uma para a outra. Temos de fazer a propagan-da do agronegócio brasilei-ro, sim, mas de uma forma que nem soe como propa-ganda. A necessidade é a de elevar o valor estimativo pelos ativos do campo e pelo agricultor como categoria profissional na sociedade. Sem comunicação compe-tente não se joga o jogo de-mocrático.

*Publicitário, jornalista, diretor vice-presidente de Comunicação do Conselho Científico para a Agricultura Sustentável (CCAS) e

professor de MBA da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

S

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Muita estabilidade marcou o merca-do brasileiro de soja ao longo do mês de fevereiro deste ano. De acordo com o le-vantamento do Centro de Estudos Avan-çados em Economia Aplicada, da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Quei-roz” (Cepea/Esalq), vinculado à Univer-sidade de São Paulo (USP), a média de preços no do Estado do Paraná girou de R$ 59 a R$ 62 a saca de 60 quilos (kg), ao passo que no porto de Paranaguá (PR), a média averiguada girou entre R$ 65 a R$ 62 a saca. Mesmo em plena sa-fra recorde, o mercado ainda se mantém mais forte em relação a 2012, apesar de algumas perdas averiguadas em regiões produtoras mato-grossenses, em função do excesso de chuvas já na colheita.

Os preços do boi gordo têm se man-tido praticamente estáveis no merca-do brasileiro. Entre 20 e 27 de feve-reiro, o Indicador do boi gordo Esalq/BM&FBovespa passou de R$ 98,10 para R$ 97,95, o que representou uma ligei-ra queda de 0,16%. Segundo o Cepea, essa estabilidade persiste há muitas se-manas ao longo de janeiro e fevereiro. Desde o início do ano, por exemplo, o indicador oscilou entre a mínima de R$ 97,02 (08/01) e a máxima de R$ 98,40 (08/02). Em fevereiro, o indicador acu-mulou pequena alta de 0,23%. No geral, o ritmo de negócios esteve ainda mais lento no início da última semana do mês. Muitos operadores ligados à compra e à venda de animais para abate recuaram.

soJa

boi

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Em pleno período de colheita da safra de verão no Brasil e de menores volu-mes registrados para exportação no cur-to prazo, os preços do milho nos portos brasileiros têm subido de forma expres-siva, segundo informações do Cepea. A demanda externa sinalizando aque-cimento, as preocupações envolvendo os baixos estoques norte-americanos e os ajustes em dados da Argentina dão o tom altista. De modo geral, apesar de as recentes altas externas terem in-fluenciado ligeiras elevações em regi-ões consumidoras no Brasil e, de forma mais acentuada, nos portos nacionais, a liquidez não aumentou. Compradores consultados pelo Cepea estão à espera de um avanço na colheita.

Em fevereiro, o comportamento ave-riguado dos preços do açúcar cristal no mercado spot paulista foi novamen-te de queda. Mesmo que ainda que em pequena proporção, de acordo com le-vantamentos do Cepea. No acumulado do mês de fevereiro, o Indicador Cepea/Esalq registrou uma baixa de 0,81% e, desde o início do ano de 2013, o índi-ce apresenta um recuo de 5,03%. Entre as explicações para esse movimento de queda de preços tem a ver com o início tardio da safra 2012/2013. Segundo o Cepea, algumas usinas paulistas fina-lizaram a moagem da cana-de-açúcar somente em dezembro de 2012 e, dessa forma, a oferta de açúcar tem sido sufi-ciente para atender à demanda.

cana

Milho

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alGodão

leiTeA liquidez no mercado de algodão em

pluma registrou queda nos últimos dias de fevereiro. As negociações, no entanto, seguiram a preços firmes, segundo pes-quisadores do Cepea. Boa parte das efe-tivações envolveu apenas volumes para consumo imediato, e algumas indús-trias estiveram interessadas em contra-tos antecipados com base no Indicador Cepea/Esalq do dia do faturamento, na expectativa de que os preços baixassem nos próximos meses. Para se ter uma ideia, entre o dia 26 de fevereiro e 5 de março, o Indicador Cepea/Esalq com pagamento em oito dias subiu 3,34%, fechando a R$ 1,9505 por libra-peso (lp). No mês de fevereiro, o indicador acumulou alta de 3,43%.

O preço do leite recebido pelo produ-tor em fevereiro (referente à produção de janeiro) aumentou 1,35% em rela-ção ao mês anterior, com o litro cotado na média de R$ 0,8219 (preço líquido), segundo levantamentos do Centro de Estudos Avançados em Economia Apli-cada (Cepea), da Esalq/USP. Esse valor refere-se à média ponderada pelos volu-mes captados nos Estados de GO, MG, PR, RS, SC, SP e BA. O preço bruto, ou seja, quando se consideram frete e im-postos, subiu para R$ 0,8941 por litro. Este valor, se comparado ao do mesmo período do ano passado, significou uma leve alta, especificamente 0,6%, em ter-mos reais – considerando-se a inflação (IPCA) do período.

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caFé

TriGoO mercado de café arábica esteve

mais movimentado na última semana de fevereiro, especialmente no dia 27, segundo pesquisadores do Cepea. A maior liquidez esteve atrelada à proxi-midade da nova safra e ao aumento nos preços internos. A aproximação da data do pagamento de financiamentos de produtores também influenciou o maior ritmo de negócios. De modo geral, as co-tações mais baixas dos últimos meses fizeram com que cafeicultores limitas-sem as vendas de arábica de qualidade. Agora, a demanda é maior para cafés mais finos, mas os valores pedidos por vendedores estão acima dos ofertados por compradores, o que tem limitado os fechamentos envolvendo esses grãos.

Produtores de trigo do Paraná ainda têm incertezas quanto ao que plantar na safra de inverno, segundo o Cepea. Isso porque, apesar de o plantio de milho de segunda safra já ter sido iniciado, as intensas chuvas das últimas semanas têm atrapalhado o cultivo desse cere-al. Assim, produtores que “perderem” o período ideal de plantio de milho ainda podem ter a opção de cultivar o trigo, o qual deve começar apenas no final de março, como observado nos últimos anos. Com a área ainda indefinida e com receios sobre o impacto da chegada do cereal importado de fora do Mercosul, pela isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), as negociações no mercado spot tem seguido lentas.

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sUíno

FranGoAs cotações do pintainho de corte

subiram no acumulado deste primeiro bimestre do ano de 2013, o que pode ser considerado um comportamento de mercado um tanto que atípico, de acor-do com pesquisadores do Cepea. De modo geral, os preços dos pintainhos subiram com mais força em janeiro e se mantiveram firmes em fevereiro. Dados da Apinco mostraram que, em outros anos, o alojamento de pintainhos costu-mava recuar entre dezembro e fevereiro, visto que a procura pela carne de frango tende a ser um pouco menor no início de ano. Neste ano, no entanto, a valoriza-ção esteve atrelada justamente à maior demanda por parte de indústrias inte-gradoras no País.

Em fevereiro, o volume de carne su-ína in natura exportado seguiu estável comparado a janeiro, em 34,6 mil tone-ladas. Mas, diferente do primeiro mês do ano, os embarques não foram suficien-tes para sustentar os preços do suíno vivo e da carne no mercado interno, que cederam à pressão da demanda interna mais fraca, de acordo com o Cepea. A entrada do período de Quaresma ainda influencia negativamente o nível de con-sumo em algumas regiões brasileiras. Além disso, a temperatura mais eleva-da diminui a disposição do consumidor a adquirir carne. Do lado da oferta, co-laboradores do Cepea comentaram que ainda é relativamente pequeno o volume de animais com peso ideal de abate.

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arroz

A colheita de arroz no Rio Grande do Sul tem avançado e, consequentemen-te, pressionado as cotações do produ-to, conforme apontam dados do Cepea. Apesar das incertezas quanto ao tama-nho da safra, por conta do excesso de chuvas e às baixas temperaturas duran-te o desenvolvimento das plantações no Rio Grande do Sul, as primeiras lavou-ras colhidas têm apresentado boa pro-dutividade. Porém, agentes consultados pelo Cepea sinalizam que as áreas ainda por colher é que podem registrar menor produtividade, já que estavam em fases mais críticas quando ocorreu o clima adverso. A Emater aponta que, até o dia 21, 10% da área de arroz gaúcha havia sido colhida.

Na última semana de fevereiro, no atacado paulista ocorreu um gradativo aumento na quantidade de mercadorias ofertadas, com poucas negociações, o que acabou influindo, negativamente, nos preços, segundo a Companhia Na-cional de Abastecimento (Conab). Os comerciantes alegaram que a motivação deveu-se pela falta de interesse do setor varejista na compra. Com isso, obser-vou-se que o mercado continuou traba-lhando com baixos estoques na espera de melhor negociação quanto à qualida-de e preços, tendo em vista as dificulda-des encontradas nos últimos repasses. Em São Paulo, na zona cerealista, o pro-duto extranovo nota 9,5 foi cotado a R$ 241,50 (queda de 5,3%).

FeiJão

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ciTros

A demanda teve aumento significativo no mercado de frutas de mesa. Segun-do colaboradores do Cepea, o volume de laranja de qualidade continua baixo e produtores que ainda detêm esta fruta conseguem escoá-la rapidamente. Além disso, o retorno das aulas também au-menta a demanda pela fruta, que é bas-tante servida na merenda. Para a lima ácida tahiti, mesmo com o processa-mento industrial da fruta, a oferta segue elevada no mercado de mesa e a deman-da, firme. Colaboradores comentam que supermercados tem aproveitado o mo-mento de baixos preços para fazer pro-moções, elevando as vendas. Na parcial, a tahiti teve média de R$ 4,10 a caixa de 27,2 kg, colhida.

Um pouco de fôlego ainda continuou em fevereiro, ainda com estímulo a in-vestimentos na aquisição de produtos novos no mercado doméstico brasileiro de máquinas agrícolas, em especial o segmento de trator de rodas. De acor-do com o levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), em comparação com janeiro, houve alta nas vendas em 12,41% e, sobre o mesmo período do ano passado, crescimento de 24,77%. Aos poucos, as exportações também dão sinais de melhoras. Na comparação de fevereiro e janeiro deste ano, uma sur-presa - alta de 62,44%, nos embarques de tratores de rodas e de 3,33% em co-lheitadeiras.

MáqUinas

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