roda dos enjeitados
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No período colonial e imperial, existia um objeto que acabou se transformando no símbolo do modo como se tratava a criança desprotegida. A “roda dos enjeitados” trata-se de uma invenção francesa do século XVII, parecida com as portas giratórias dos bancos atuais. A roda era usada para receber meninos e meninas abandonados, desde bebês até cerca de quatro anos. Eles eram colocados sentados em uma cadeira e, em seguida, depois que a roda era acionada, eles entravam nos orfanatos e assim seus pais não eram mais vistos pelos funcionários da entidade, mantendo o anonimato exigido por uma era marcada pelo preconceito e discriminação.
A “roda dos enjeitados”, criada na França em 1188 pelo papa Inocêncio III, funcionava como forma de diminuir o índice de recém-nascidos que eram encontrados mortos às margens do rio Tibre. Instalados nas portas de igrejas e conventos, cilindros de madeira giratórios serviam para que mães deixassem seus filhos em mãos seguras, sem ser identificadas.
Ao colocar os bebês no cilindro, elas tocavam uma campainha que avisava freiras e padres de que ali estava uma criança abandonada. Naquele país, o mecanismo teve usuários ilustres, como o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), que entregou à igreja os cinco filhos que teve com a serviçal Thérèse le Vasseur.
A Itália foi uma das primeiras a seguir o exemplo. No fim do século XIX, o Hospital Santo Spirito, próximo ao Vaticano, um dos primeiros a dispor da “roda”, chegou a receber cerca de três mil bebês abandonados por ano. Sobrenomes comuns de famílias italianas teriam origem na "roda dos enjeitados".
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